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Atividade_ temas centrais da PEB entre 1990-2020

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Nomes: Beatriz Guilherme Carvalho, Michele Borges de Oliveira, Rebecca Peres Barreto 
Obs.: Com base no levantamento de temas realizado, pesquisem notícias que demonstrem a permanência ou as mudanças de orientação da PEB. As seguintes questões podem guiar sua reflexão.
1. Qual o tema de análise do grupo? Esforços pela integração na América do Sul e pelo Mercosul: comparação dos projetos de política externa dos anos de 1990 a 2020
2. Coloque aqui as referências (inclusive os endereços das páginas) das notícias, análises ou artigos utilizadas nessa atividade.
ALMEIDA, P.R. Uma política externa engajada: a diplomacia do governo Lula. Rev. bras. polít. int. vol.47 no.1 Brasília Jan./Jun. 2004.
BELLONI, J. El impacto de la política exterior de Jair Bolsonaro sobre Unasur y Mercosur. Universitat Autònoma de Barcelona. Facultat de Ciències Polítiques i de Sociologia, 2020.
BERNAL-MEZA, Raúl. A política exterior do Brasil: 1990-2002. Rev. bras. polít. int., Brasília , v. 45, n. 1, p. 36-71, June 2002.
BOITO JUNIOR, Armando; BERRINGER, Tatiana. Brasil: Classes Sociais, Neodesenvolvimentismo e Política Externa nos governos Lula e Dilma. Revista de Sociologia e Política, [S.I.], v. 21, n. 47, p. 31-38, out. 2013. 31.
COVARRUBIAS, A. Latin American Integration: Circunstantial Regionalism. Unfulfilled Promisses: Latin America today. The Dialog: Washington, 2019.
NATALINO, E.C. Do pensamento à práxis: Fernando Henrique Cardoso, diplomata. REVISTA ESTUDOS POLÍTICOS Vol. 6, N.2, 2016.
NETO, Walter Antonio Desiderá. O Brasil e o Mercosul no Governo Dilma (2011-2016). Anuário de Integración 14. Coordinadora Regional de Investigaciones Económicas y Sociales. 2017.
SARAIVA, M. G. Balanço da política externa de Dilma Rousseff: perspectivas futuras? Relações Internacionais, n.44, p. 25-35. Lisboa, dezembro de 2014.
SARAIVA, Miriam Gomes. Continuidade e mudança na política externa brasileira: As especificidades do comportamento externo brasileiro de 2003 a 2010. Relações Internacionais, Lisboa , n. 37, p. 63-78, mar. 2013.
SILVA, Álvaro Vicente Costa. A política externa do governo Michel Temer (2016-2018): mudanças para a legitimidade? um teste da teoria de Charles Hermann. Conjuntura Austral, [S.L.], v. 10, n. 49, p. 23-41. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 4 abr. 2019. 
SPEKTOR, M. Diplomacia da Ruptura. In: Democracia em risco? 22 ensaios sobre o Brasil hoje. São Paulo: Companhia das Letras, p. 228-254, 2019.
VIGEVANI, T; OLIVEIRA, M.F. e CINTRA, R.Política externa no período FHC: a busca de autonomia pela integração. Tempo Social (USP), novembro de 2003.
3. Descreva as características da política externa para o tema, procurando ressaltar os elementos que permaneceram e os elementos que se modificaram ao longo do período (1990-2020)
(Perguntas para auxiliar sua descrição: Quem são os atores e instituições envolvidas na discussão desse tema? Quais ideias e ideologias estão presentes nas discussões? É possível identificar grupos de interesse internos que participam ou têm interesse no tema? Como esses grupos interagem com o Itamaraty? Quais são as características do sistema internacional que facilitam ou dificultam a discussão desse tema? Qual o papel das lideranças políticas para esse tema?)
Dentro do período de tempo delimitado para análise (1990-2020) o país passou por sete presidentes: Fernando Collor de Mello, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro, cada qual com suas especificidades. Logo, há traços de continuidade e mudanças dos rumos da política externa, sobretudo no âmbito do Mercosul. Explicitamos aqui os motivos que levaram a tais especificidades, o que foi feito e o que mudou de fato em relação à organização intergovernamental e os processos de integração regional.
No período do governo de Itamar Franco (1992-1995), o Mercosul não passou por grandes mudanças em relação ao governo Collor de Mello (1990-1992). Pelo contrário, houve continuidade da agenda adotada anteriormente pelo caráter de transição em que se encontrava o organismo. Ainda que tenha sido proposta a criação da Área de Livre Comércio Sul-Americana (ALCSA) com objetivo de expandir a influência regional brasileira, esta não obteve êxito (NETO, 2017). Segundo Bernal-Meza (2002), Itamar possuía dois focos principais em sua política externa: a ONU, devido às ambições brasileiras de se tornar membro permanente e ser reconhecido como “potência média”; e a proposta de criação da ALCSA, a qual incluía os países do Pacto Andino e como já visto, não prosperou.
Enquanto Ministro das Relações Exteriores no governo de Itamar Franco, o pensamento e a prática diplomáticas de Fernando Henrique Cardoso foram fortemente carregadas de suas ideias e suas análises sobre a relação entre globalização e desenvolvimento. Ele observava a necessidade de serem buscadas alternativas em termos econômicos para a América Latina. E, diante disso, mesmo tendo o modelo ocidental como ideal para o contexto brasileiro, ele defendia o estabelecimento de parcerias estratégicas, sobretudo na região e no continente, de modo a ampliar a base de inserção internacional do país (NATALINO, 2016).
Enquanto presidente da República, ao longo de dois mandatos (1995-2003), a política externa de FHC foi marcada por uma diplomacia presidencial. Tendo em vista a sua imagem no cenário internacional como líder do Plano Real, suas ideias e sua figura ainda estiveram presentes no âmbito diplomático. Dessa forma, a política externa manteve prioridade sobre o Mercosul e nos processos e projetos de integração regional. Este objetivo estava ligado e adequado ao objetivo nacional de ajustamento e manutenção da autonomia frente à realidade global (NATALINO, 2016; VIGEVANI, OLIVEIRA e CINTRA, 2003).
Crítico em relação às crises internacionais que a globalização não foi capaz de reter ou evitar, FHC era também relativamente cético quanto à gestão de instituições multilaterais. Desta perspectiva, surgia o desejo de participação mais construtiva na elaboração da nova agenda internacional mais favorável à inserção de países como o Brasil. Logo, não pode se dizer que ele era contrário ao multilateralismo, mas sim que o defendia como uma plataforma para aumento de poder por meio de ações conjuntas. Plataforma esta que buscou usar para alavancar seu posicionamento global e preservar seu papel no comércio internacional (VIGEVANI, OLIVEIRA e CINTRA, 2003).
Esse objetivo de melhor inserção global era almejado por meio da estratégia de ampliação das relações regionais e, principalmente, de atuação mais proeminente na América Latina e do Sul. Dessa forma, FHC reconhecia a importância do Mercosul para a incorporação dos países do bloco ao âmbito de discussão da Política Internacional. Tendo em vista as semelhanças histórico-geográficas que constituíam a América do Sul, o então presidente via no bloco uma possibilidade para reunir objetivos comuns e otimizar o poder de barganha frente às negociações a nível global. Contudo, sua visão era não-institucionalista e puramente pragmática, buscando um regime de regionalismo aberto que contemplasse objetivos comuns e que não interrompesse os objetivos nacionais (VIGEVANI, OLIVEIRA e CINTRA, 2003).
FHC, por outro lado, também mudou os rumos da política externa brasileira, se voltando ao neoliberalismo, que caracterizou a agenda governamental da década de 90. Em consonância com essa tendência o país embarcou na onda da liberalização unilateral tendo como objetivo se tornar o principal mediador e interlocutor da América Latina com os Estado Unidos (EUA). Essa aproximação aos Estados Unidos se deu principalmente porque o país se transformou em nosso maior importador de manufaturados. O que fez com que o Mercosul ficasse em segundo lugar no ranking destes serviços (BERNAL-MEZA, 2002). Apesar disso, Brasil e EUA discordavam quanto ao protecionismo e ao comércio multilateral. O estado norte-americano tinha seu foco no Acordo de Livre Comércio das Américas (ALCA), enquanto o Brasil focava em atrasar sua conclusão ao mesmo tempo emque dava ênfase ao Mercosul, pois este era visto como uma ferramenta para aumentar os ganhos financeiros do país, além de reduzir o impacto da abertura causada pelo regionalismo aberto de FHC (SARAIVA, 2013).
A relação do Brasil com a União Europeia (UE) neste período se deu excepcionalmente no âmbito do Mercosul. Após tentativas falhas brasileiras de uma relação bilateral fora deste âmbito com vistas ao multilateralismo, a UE preferiu manter as negociações dentro do organismo (SARAIVA, 2013).
Na transição para o governo Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011), o entendimento da relação entre uma posição mais relevante no continente e, consequentemente, no Sistema Internacional, foi ideia convergente. Lula manteve a preferência por parceiros na América do Sul e a prioridade sobre o Mercosul, dando maior ênfase à defesa da soberania nacional e à sustentabilidade social (em comparação com e econômica, uma vez da aversão explícita ao Consenso de Washington). Ademais, sua política externa foi carregada de um viés mais político-diplomático, visando a liderança regional e o posicionamento dentro do Mercosul de frente e em oposição ao imperialismo do Norte Global (ALMEIDA, 2004).
Olhando agora para os dois mandatos de Lula, pode-se identificar, em relação ao Mercosul, que o governo desde o início se mostrou predisposto a estreitar a integração e cooperação regional nos âmbitos político, social e cultural. Como reflexo do Programa de Governo do PT que orientava a política brasileira não mais, primeiramente, para nossas questões internas, mas que buscava a maior integração regional justamente por acreditar que era um fator essencial para o desenvolvimento (SARAIVA, 2013).
Lula enfrentou divergências com os autonomistas de dentro do Itamaraty, devido ao novo caráter cooperativista do comércio exterior e regionalismo aberto da política externa brasileira. Entretanto conseguiu articular as duas visões. Seu papel como mediador proporcionou uma nova maneira de se fazer política externa em comparação ao governo anterior. Um dos objetivos principais com o Mercosul era de instaurar uma área de livre comércio na região. Buscando atender às demandas do grupo atrelado ao PT com vistas a superar o déficit institucional foi criado o Parlamento do Mercosul que desenvolveu novas áreas de atuação como o Programa do Trabalho do Mercosul e o Instituto Social do Mercosul (SARAIVA,2013).
No governo de Dilma Rousseff, assim como no mandato de Lula, houveram novas políticas econômicas e sociais, tais como: políticas de recuperação do salário mínimo e de transferência de renda, financiamento da taxa de juro subsidiada das grandes empresas nacionais, política externa de apoio às grandes empresas brasileiras, além de medidas para manter a demanda agregada nos momentos de crise econômica. Tais fatores são vistos como medidas neo desenvolvimentistas, pois não romperam com o modelo neoliberal da década de 90 (BOITO JUNIOR, BERRINGER, 2013).
Em relação à América do Sul, Dilma manteve a estrutura de governança regional criada durante o governo Lula, aproximando-se de países cuja afinidade progressista permitia a sustentação de um projeto geopolítico separado da América Latina. No entanto, pode-se dizer que houve um esvaziamento político das relações regionais, o que reduziu os esforços para tornar o Brasil uma liderança regional, tendo em vista os custos para alcançar essa posição. Logo, a política externa brasileira do governo Dilma foi marcada por um comportamento regional autônomo (SARAIVA, 2014).
Apesar da criação da CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), em 2010, ela foi sobreposta pela UNASUL. Havia uma dificuldade em conciliar as diferenças entre os países da América Latina, além da lealdade brasileira convergir para a América do Sul. Dessa forma, as questões políticas a nível regional foram tratadas no âmbito da UNASUL. Em relação ao Mercosul, sua importância estratégica e geopolítica foi reconhecida como instrumento para administração das relações com os países vizinhos, acompanhada de uma perspectiva de ampliação, incluindo e associando-se a novos países (SARAIVA, 2014). 
Temer, ao assumir a presidência, baseou seus discursos na busca de investimentos, apoiada na construção de uma imagem do Brasil como um país defensor da ordem internacional vigente. Porém, apesar do discurso de mudanças profundas na política externa do país, pouco foi realizado e essa passou a ficar em segundo plano durante o seu mandato. O presidente procurou dar mais atenção ao lado econômico e a abertura de negociações para a entrada na OCDE, tornou-se um ponto elementar na política externa. Em relação aos governos anteriores, a política externa do governo de Michel Temer, pouco diferenciou-se, e foi vista como um ponto de piora, pelo fato do país não ter a figura de um líder disposto a bancar as ideias força da diplomacia brasileira (SILVA, 2019).
No que tange a integração regional, o governo de Michel Temer foi na contramão das relações estabelecidas pelo governo Dilma com países considerados esquerdistas. De modo geral, na América do Sul iniciou-se uma tendência para a direita política. Essa ruptura estava baseada em um posicionamento mais objetivo sobre o Mercosul, de modo que os processos de ampliação do bloco e a política em relação à Venezuela foram revertidas (SILVA, 2019).
O governo de Bolsonaro coincidiu com uma onda nacionalista e não-cooperativista, a qual enfraquece o papel das instituições internacionais. Até então, apesar das divergências em política externa, é possível notar semelhanças entre Lula e FHC na questão da integração regional. O Mercosul serviu como um instrumento para fortalecimento da região e do país diante da hegemonia norte-americana, evitando o Consenso de Washington. Já Bolsonaro reverte toda essa estrutura, inaugurando um período de ruptura na política externa brasileira. De modo geral, essa orientação sofre influência de três grupos: o círculo íntimo do presidente, os militares no governo e a equipe do ministério da Economia (SPEKTOR, 2019). 
Em relação ao Mercosul, o governo de Bolsonaro prioriza o eixo comercial, buscando acordos com outros blocos, principalmente a União Europeia. Além disso, o pensamento de um “antiamericanismo infantil” esvazia as pretensões sobre a região de seu caráter político característico dos governos FHC e Lula. Dessa forma, o novo governo avança uma política externa de desvinculação da integração regional a nível político e aprofundamento da flexibilização do bloco, garantindo maior autonomia e possibilidade de concentrar em outros mercados mundiais (BELLONI, 2020).
4. Analise os motivos para as principais mudanças ocorridas com relação a esse tema no período de 1990 a 2020, observando os elementos de Análise de Política Externa que tratamos durante a aula.
O final do século XX representou uma recuperação nos esforços para promover a integração regional na América do Sul, nos âmbitos político e econômico, devido à criação do Mercosul. No entanto, apesar das grandes ambições dos governos do período entre 1990 e 2020, pouco se avançou em relação a essa questão, muito em razão da sobreposição dos objetivos e interesses de cada governo e a falta de coordenação entre eles.
Dentre as razões que enfraqueceram os esforços pela integração regional, pode-se citar a incapacidade das instituições de evitar a crise democrática Venezuelana. Além disso, tanto no Brasil e em outros países da região, os discursos dos líderes não iam de encontro às suas disposições em se comprometer pela institucionalização da integração e cooperação no continente. Houve preferência pelas relações com países além da região, bem como afinidade com o princípio de não-interferência, o que dificultou o processo de institucionalização das relações regionais. E, mais especificamente em relação ao Brasil, a falta de uma liderança dentre os maiores países da região comprometeu o processo (COVARRUBIAS, 2019).
De modo geral, ao longo do período de 1990 a 2020, observa-se uma ruptura acerca da política externaa nível regional. A análise da questão anterior esteve focada nas ideias e nos interesses de cada governo dentro dessa época dá ênfase ao papel dos chefes de Estado brasileiros, tendo em vista a (potencial) capacidade de liderança do país. Diante disso, e de acordo com Saraiva (2014), o governo de Dilma Rousseff foi o primeiro a se distanciar do caráter político da integração regional. Apesar dos esforços para ampliação e da inclinação em prol do caso venezuelano, o impeachment que culminou na ascensão de Temer foi prejudicial à continuidade dessas iniciativas. De acordo com Silva (2019), este buscou uma maior objetividade em relação ao Mercosul, esvaziando os esforços de institucionalização do bloco. Em cima disso e sob influência da conjuntura internacional de ascensão da direita, conforme Belloni (2020), a política externa do governo de Bolsonaro se baseia em um ideário conservador e americanista que converge entre as pessoas que ele mantém em seu círculo íntimo.

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