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1 Referência: aula da prof. Liane 1. Cardiopatias congênitas Epidemiologia • A malformação cardíaca é a anomalia congênita isolada mais comum no recém-nascido (0,8 – 1,2%). • 25% necessitam de intervenção no primeiro ano de vida. • 3-5% dos óbitos do período neonatal. • 20-30% morrem no primeiro mês de vida. • Incidência maior nos RN prematuros Etiologia • Genética: mutações genéticas, herança mendeliana ou alterações cromossomiais (ex.: trissomia do 21- síndrome de Down, toda criança deve fazer ECO, pois é a síndrome mais associada à cardiopatia congênita) • Ambiental: doenças adquiridas ou drogas utilizadas na gestação ou infecção do tipo TORCHE o Síndrome da rubéola congênita = PCA (persistência do canal ou conduto arterial; é o canal entre a aorta e a pulmonar), estenose pulmonar, CIV (comunicação interventricular), CIA (comunicação interatrial). o Síndrome alcoólica fetal: defeito do septo atrial e ventricular (29 a 50%). o Diabetes materno o Uso de drogas: crack, cocaína. Clínica Algumas manifestações podem surgir logo após o nascimento – mudança dos padrões circulatórios fetais para o padrão pós-natal. Sendo mais complexa, os sintomas são mais precoces. No feto, a pressão pulmonar está maior, porque as arteríolas pulmonares estão contraídas e o fluxo de sangue para o pulmão é desviado pelo forame oval (AE → AD) e pelo canal arterial (pulmonar → aorta). O fluxo é direito-esquerda porque a pressão do pulmão é maior que a sistêmica. Quando a criança nasce, os pulmões vão ventilar, as arteríolas pulmonares dilatam, a pressão pulmonar cai e a sistêmica aumenta, após clampeamento do cordão umbilical. Algumas malformações cardíacas, como a CIA, às vezes só se tornam evidentes quando adolescente ou adulto. Por exemplo, adolescente recrutado para equipe de futebol, quando faz exame antes, quando faz ECO, aparece CIA nunca diagnosticada. Um outro exemplo é o canal arterial pequeno, mas é mais difícil. Sinais e sintomas A clínica do recém-nascido se parece com a do lactente no que se refere à taquidispneia, sopro e cianose. Contudo, há algumas diferenças. • Recém-nascido: pode ter já um quadro de ICC ou choque cardiogênico por baixo débito, arritmia, hepatomegalia em casos graves de ICC. • Lactente (a partir de 29 dias): dificuldade de ganho de peso, irritabilidade, sudorese, interrupção das mamadas (durante a mamada, apresenta sudorese, pelo esforço), dispneia (aumenta na mamada), infecções respiratórias de repetição (pneumonias de repetição, chama atenção que possa existir cardiopatia que esteja levando a um alto fluxo para o pulmão, esse hiperfluxo pulmonar predispõe infecções). Exame físico • Inspeção: coloração da pele e mucosa (palidez, cianose) – chama atenção para baixo débito; padrão respiratório (procurar taquidispneia); estigma de alguma síndrome (causas genéticas são as principais, síndrome de Down, de Edwards); precórdio (verificar se tem impulsões visíveis). • Palpação: pulsos (pulso femoral ausente → suspeita de coartação da aorta); precórdio hiperpulsátil; avaliar PA. • Ausculta: sopros; alterações de bulhas; ruídos acessórios (estalidos e clicks); arritmia; atrito pericárdico. Exames complementares 2 • Radiografia de tórax: aumento de câmaras cardíacas, se fluxo pulmonar está aumentado ou diminuído. • Gasometria arterial • ECG • Ecodradiograma Doppler: é o padrão ouro Diagnóstico diferencial • Hipotermia • Sepse • Problemas respiratórios • Hipertensão arterial pulmonar persistente: não se enquadra dentro de cardiopatia congênita, porque é algo transitório, como por aspiração meconial. Esse quadro cursa com persistência do padrão circulatório fetal, com arteríolas pulmonares contraídas. • Asfixia: padrão de circulação pulmonar com contração de arteríolas pulmonares, só que é algo transitório, por isso não está dentro das cardiopatias congênitas. Classificação 1. Cianóticas • Diminuição do fluxo pulmonar: atrésia de pulmonar (AP) ou de tricúspide (AT) gera obstruções na saída de ventrículo direito e átrio direito, respectivamente. O fluxo para o cordão estará diminuído, o que leva à cianose. A tetralogia de Fallot (T4F) cursa com estenose de artéria pulmonar e dextroposição de aorta. Seriam as três principais cardiopatias congênitas que diminuem fluxo pulmonar, tem que obstruir saída de ventrículo direito ou átrio direito. • Mistura arteriovenosa: Truncus arteriosus – o normal é artéria pulmonar sair de VD e aorta de VE. Nesse caso, é um tronco só e, a partir dele, há a saída de pulmonar e aorta, então o sangue entra na pulmonar e aorta misturado, parte de VE e parte de VD. 2. Acianóticas • Sobrecarga de volume: comunicação interventricular (CIV), intratrial (CIA) e persistência de canal arterial (PCA). Como a pressão sistêmica é maior que a pulmonar, o fluxo através da CIA em átrio vai ser esquerda-direita e, através de CIV em ventrículo, vai ser VE-VD. Já no caso de canal arterial, vai ser aorta-pulmonar. Não é cianótica, porque o sangue vem de uma área oxigenada para uma não oxigenada. • Sobrecarga de resistência: EAo (estenose de aorta), CoAo (coarctação de aorta). São resistências do lado esquerdo do coração. Se houver obstrução em via de saída direita, temos cianose, se for na via de saída esquerda, não há cianose, mas sim sobrecarga de resistência, porque o ventrículo esquerdo tem resistência para vencer. Cardiopatias congênitas acianóticas • Comunicação interventricular (CIV) • Comunicação interatrial (CIA) • Persistência do canal arterial (PCA) • Coarctação de aorta (CoAo) Comunicação interventricular (CIV) É a cardiopatia acianótica mais frequente, havendo comunicação entre os ventrículos através de um ou mais orifícios. O shunt é VE → VD. Comunicação interatrial (CIA) Comunicação entre os dois átrios. Corresponde a 6 a 10% dos defeitos cardíacos e é a lesão congênita mais comum em adultos. Quando ao sexo, é mais comum no feminino. Persistência do canal arterial (PCA) O fechamento funcional do canal arterial ocorre com 12h de vida, enquanto o anatômico ocorre por volta do 7º/21º dia de vida, através do aumento da pressão de 3 oxigênio e queda de prostaglandina E2. Esse canal arterial, agora, pela ventilação dos pulmões e maior passagem de sangue oxigenado, vai fechar. É mais comum falhar fechamento em casos de prematuridade ou hipóxia. Uma vez aberto, o fluxo será de aorta para pulmonar. • 10% das causas congênitas Exames complementares PCA • Clínica: depende do tamanho do canal e shunt da esquerda para a direita (taquipneia, aumento de parâmetros de VM, sopro sistólico, precórdio hiperdinâmico). • Raio X de tórax: aumento da trama vascular e da área cardíaca. • Ecocardiograma com Doppler: diagnóstico definitivo (diâmetro, fluxo, repercussão hemodinâmica e cardiopatia canal dependente). Tratamento PCA • Suporte ventilatório • Diurético • Restrição hídrica • Tratar ICC • Indometacina • Ibuprofeno • Paracetamol • Cirúrgico Pode ou não haver indicação para fechar o canal, ou seja, ele está aberto, mas a criança não tem cardiopatia congênita que dependa dele, trazendo repercussão hemodinâmica, então fecha. Por exemplo, prematuro em ventilação mecânica que, se tentar fazer desmame não consegue (porque o canal arterial manda maior fluxo pulmonar), tem que fechar o canal. Pode fazer isso com AINEs, como indometacina ou ibuprofeno, como também paracetamol, os quais diminuem prostaglandina, que é o que mantém o canal aberto. Se não houver resposta farmacológica, faz ligação cirúrgica. Coarctação de aorta • Estreitamento em qualquer ponto da aorta • Hipoplasia tubular da aorta • Pode ser isolada ou associada a outras cardiopatias (ex.: VAo bicúspide). • É mais presenteno sexo masculino ou meninas com síndrome de Turner. • Fisiopatologia: depende do grau de obstrução e do número de colaterais que se desenvolvem pré e pós coarctação. A coarctação de aorta leva a uma hipertrofia do ventrículo esquerdo, então o sangue, que era para sair de VE para aorta, reflui para o átrio. Daí, reflui para o pulmão, levando a uma congestão pulmonar e ICC esquerda. Cardiopatias congênitas cianóticas • Transposição das grandes artérias (TGA): 5-7% • Tetralogia de Fallot (T4F): 10% Transposição de grandes artérias 4 • Malformação dos grandes vasos da base: VE → TP e VD → Ao. • É a cardiopatia mais frequente no período neonatal. • Ocorre circulação em paralelo. • Obrigatoriamente: CIA ou PCA ou CIV. A aorta sai de VD e a pulmonar sai de VE. Os dois fluxos estão completamente isolados. O sangue que vai oxigenar o corpo (vindo da aorta) está vindo do ventrículo direito, ou seja, não passou pelo pulmão para ser oxigenado. Já o sangue que vem do pulmão e passa para o átrio e ventrículo esquerdo volta para o mesmo órgão, através do tronco da pulmonar. Esse paciente só sobrevive, até que se faça a correção cirúrgica, se o canal arterial estiver aberto e se, associadamente, ela tiver CIV ou CIA que possa permitir que ela receba sangue oxigenado. Portanto, a criança só sobrevive até a cirurgia cardíaca se o canal arterial for mantido aberto, senão ela fica com circulações em paralelo e morre. Tem que fazer prostaglandina contínua em bomba de infusão, para manter o canal aberto. Se a criança tiver CIA ou CIV, vai ajudar, pois ela recebe sangue oxigenado através desses desvios de sangue. É por isso que o ECO é de grande importância. Tetralogia de Fallot • Estenose de artéria pulmonar • Dextroposição da aorta: aorta ligeiramente desviada para o ventrículo direito. Ela não sai totalmente de VE, sai um pouco de VD também. • Comunicação interventricular • Hipertrofia do ventrículo direito: por causa da estenose de pulmonar, que gera uma obstrução de saída, além da aorta dextroposta, a qual tem pressão maior do que a pulmonar. Como o sangue venoso está entrando na aorta, através de CIV, dextroposição de aorta e de uma pressão pulmonar mais elevada, porque tem uma obstrução, então a cardiopatia é cianótica. A correção cirúrgica pode aguardar até mais de 1 ano. Só a transposição, atrésia de tricúspide e de pulmonar que não dá para esperar. Cardiopatias críticas que dependem do canal arterial • Para manter fluxo pulmonar • Para manter fluxo sistêmico • Para mistura de sangue de um fluxo em paralelo, como é o caso da transposição das grandes artérias. No caso dessas cardiopatias congênitas, a manifestação clínica vai ser ainda na maternidade, às vezes ainda no pré-natal, se a mulher fizer bem feito. Se for cardiopatia complexa, essa criança já deveria nascer em um centro hospitalar que tenha uma equipe de cirurgia cardíaca pronta para essa correção. No diagnóstico pré-natal, já faz um preparo e indica cesariana eletiva. 2. Distúrbios respiratórios do recém-nascido Próximo ao termo (36-37 semanas) o pulmão completa seu desenvolvimento, já com surfactante para diminuir a tensão superficial dos alvéolos, então a criança fica pronta para respirar fora do útero. A prematuridade interrompe o desenvolvimento pulmonar. Os pulmões do prematuro não estão completamente desenvolvidos ao nascimento. Embora os alvéolos estejam presentes em alguns bebês de 32 semanas, eles não estão uniformemente distribuídos até 36 semanas de IG. Os pulmões e a circulação Quando a criança nasce, os pulmões estão cheios de líquido. Ela respira, o ar entra e isso faz com que o 5 líquido dos alvéolos seja absorvido. A chegada de oxigênio nos alvéolos, através da ventilação, permite dilatação das arteríolas pulmonares. A maior oxigenação do sangue passando pelo canal arterial, bem como a queda das prostaglandinas, faz com que ele se feche. Há aumento do fluxo sanguíneo para o pulmão, que passa a ter sua função ventilatória. Observar que as causas de desconforto respiratório do RN não estão relacionadas apenas com o pulmão, mas também com outros órgãos e sistemas. Investigação • História da mãe: a cardiopatia congênita é um diagnóstico de pré-natal. • Clínica do bebê: FR > 60 ipm, tiragem subesternal, subcostal, batimento de asas do nariz, gemência, cianose. • Exames complementares Síndrome adaptativa neonatal: é a transição do período fetal para o neonatal. • Desconforto respiratório transitório (< 6h) • Início em sala de parto • RNT/RNPT: 34 a 36 semanas ou a termo. • Asfixia perinatal leve • Sem necessidade de oxigênio Conduta: aquecer bebê em berço aquecido, coloca oxímetro de pulso (acima dos 93-95%), sem oxigênio à princípio, observa. Muitas vezes nem se faz raio x de tórax e, se fizer, vai ser normal. Taquipneia transitória do RN (TTRN) Fisiopatologia No desenvolvimento do pulmão, por volta das 28 semanas, os pneumócitos tipo I começam a secretar líquido para o interior dos alvéolos, a fim de nutri-los. A partir de 32 semanas, essa secreção para, no intuito de preparar os pneumócitos tipo II para produzir surfactante. O líquido que ficou no pulmão vai lentamente sendo absorvido. Com o trabalho de parto, ativa-se canais de sódio e o líquido é mobilizado para fora dos alvéolos. É o que a criança precisa para respirar, quando ocorrer o nascimento. Fatores de risco • RNT ou RNPT tardio (> 34 semanas) • Parto cesáreo sem trabalho de parto • Asfixia na hora do nascimento • Diabetes materno: geralmente cursa com polidrâmnio. Clínica • Desconforto respiratório precoce • Choro débil • À ausculta pode apresentar estertores (pelo líquido presente dentro dos alvéolos) ou ser normal. Radiografia de tórax A presença de líquido dentro dos alvéolos leva a uma diminuição da transparência pulmonar. Também pode haver derrame cisural (abaixo, no hemitórax direito), estrias em hilo e hiperinsuflação com achatamento de diafragma. Essa situação tende a se resolver completamente em até 72h, geralmente em 48h. A criança fica em UCIN, porque ela precisa de baixas concentrações de oxigênio (30, 40 ou 50%). Ela recebe através do capacete HALO ou HOOD. A inspiração é espontânea. 6 Doença da membrana hialina (DMH) Tem como causa a deficiência de surfactante. Fatores de risco • Prematuridade: é o principal fator de risco. Quanto menor a IG, maior o risco. o < 28 semanas: 60-80% o 32 a 36 semanas: 15 a 30% • Asfixia perinatal • Gemelaridade • Diabetes materno • Sexo masculino e raça branca • Parto cesáreo O que pode diminuir a chance de a criança ter membrana hialina é, se tiver gestante em ameaça de trabalho de parto prematuro, o obstetra fazer corticoide na mãe. Essa medicação induz à maturidade pulmonar fetal. É importante também tentar inibir o trabalho de parto prematuro, ao mesmo tempo em que se faz o corticoide. Um outro fator protetor é o retardo do crescimento intrauterino (DCIU). Por exemplo, mãe que tinha DHEG (doença pulmonar específica da gestação) e, por isso, a criança intraútero ficou com retardo de crescimento. A DHEG funciona como fator estressante intraútero que amadurece o pulmão da criança. Por fim, há a ruptura prematura de membrana amniótica (RUPREMA), que também é fator protetor. A bolsa rompe antes da dilatação realmente próxima do parto. O normal é que primeiro entre em trabalho de parto, o colo dilata e depois a bolsa se rompe. Também é uma situação de estresse que, embora aumente a chance de infecção neonatal, diminui o risco de membrana hialina. Fisiopatologia O surfactante é sintetizado a partir da 24ª semana gestacional. A síntese e reciclagem efetivas dessa substância, no entanto, só ocorre com 34 semanas. O diabetesmaterno prejudica a quantidade e a qualidade do surfactante. Sua deficiência leva a aumento da tensão superficial e colapso alveolar. • Composição: fosfatidilcolina (65%), fosfatidilglicerol, colesterol, apoproteínas (A, B, C, D). Esse é o surfactante exógeno, feito a partir de pulmão de porco ou de vaca, que é o usado no tratamento da membrana hialina grave. O surfactante impede que o alvéolo colabe na expiração. A pouca produção dessa substância leva à atelectasia. O sangue está passando para pulmão, porque as arteríolas pulmonares foram dilatadas, por causa do O2 que é respirado (nem todos os alvéolos sofrem atelectasia). O sangue passa no pulmão, mas não é ventilado. A criança não ventila adequadamente, entra em hipóxia e retenção de CO2, gerando acidose metabólica e respiratória. São situações que levam à vasoconstrição pulmonar. Há áreas de atelectasia e áreas sem perfusão. Há um ponto de gravidade que causa uma lesão epitelial do alvéolo, o que gera exsudato proteico (daí o nome membrana hialina), passando plasma do vaso para o interior do alvéolo. Antigamente, na era pré-surfactante, os prematuros iam à óbito, porque não tinha como, mesmo no respirador, garantir suporte adequado à criança. Clínica • FR > 60 ipm • Retração torácica • BAN • Gemência • Cianose • Apneia • Complicações: barotrauma, infecção, PCA (persistência do canal arterial), DBP (displasia broncopulmonar; advém de processo inflamatório causado por barotraumar, infecções e etc., por persistência prolongada na UTI). Classificação radiológica • Grau I: broncogramas perihilares • Grau II: brongocagrama após mediastino • Grau III: broncograma periférico • Grau IV: opacidade pulmonar difusa 7 O broncograma aéreo seria um alvéolo colabado, mas com os canalículos de entrada do alvéolo pérvios. Isso ocorre porque há uma rarefação da transparência pulmonar (está ficando hipotransparente, por causa das microatelectasias) e os canalículos pulmonares estão patentes. Tratamento • Geral: aquecer, hidratar, corrigir distúrbios metabólicos, infecções. • Oxigenioterapia o Manter: PaO2 > 50 mmHg, PaCO2 < 50 mmHg o VNI ou CPAP ou VMI o Surfactante: uso precoce endotraqueal Síndrome de aspiração meconial (SAM) Pode estar presente no líquido amniótico em torno de 10 a 20% dos nascimentos, mas apenas 3% desenvolve SAM. Fatores de risco • Pré-termo • RCIU: retardo de crescimento intrauterino, com situação de hipóxia intraútero. • Pélvico • Macrossômico Fisiopatologia O mecônio é uma rolha que obstrui o brônquio. Quando as vias aéreas se expandem, na inspiração, o ar entra, mas na expiração, a rolha fecha a saída do ar. Então é uma obstrução que aprisiona o ar, podendo levar a rupturas alveolares e pneumotórax. Clínica • Pós-termo, LA meconial + RN deprimido: não é uma história de prematuridade. • Impregnação de mecônio em pele e cordão umbilical • ESC em ambos HTX, expiração prolongada • Complicações: pneumotórax, pneumomediastino, hipertensão pulmonar. Radiografia de tórax Apresenta-se com infiltrado grosseiro difuso, áreas de hipotransparência / hiperinsuflação e áreas de extravasamento de ar. É um raio X de pneumonia aspirativa. 8 Tratamento • Geral: é o mesmo para todos os casos (aquecer, hidratar, corrigir DM, infecções). • Ventilação: CPAP, VMNI, VMI. Se for um grau de desconforto menor, faz CPAP (não invasiva). A indicação é através de gasometria e clínica. Se estiver com CPAP e começar a cair saturação, entrando em apneia, intuba a criança. Tem que deixá-la ventilando adequadamente. • Antibioticoterapia: ampicilina + gentamicina. O mecônio é estéril, mas vira meio de cultura para bactérias. Pneumonia neonatal Situações: mãe com história de cultura positiva para estreptococo do grupo B, que teve RUPREMA com líquido amniótico infectado por ela, ou é uma infecção transplacentária (infecções TORCHS). • Corioamnionite: mãe que teve RUPREMA. • Bolsa rota mais de 18 horas • ITU • Febre materna • TORCH • Parto prematuro sem causa aparente: pode ser uma infecção que a mãe tenha. • Cardiopatia: algumas cursam com hiperfluxo pulmonar, como CIV, CIA. • Refluxo gastroesofágico: broncoaspiração do leito materno • Neuropatia: dificuldade respiratória. Etiologia • Antes do nascimento: SGB (Streptococcus do grupo B), Listeria, TORCHS, HIV • Durante o nascimento: E. coli, Listeria, SGB, Chlamydia • Após 48h de vida: gram negativos, vírus sincicial respiratório (tem sazonalidade; em prematuros, pode levar à morte), fungos, estafilococos. Quadro clínico • Anamnese: chama atenção quadros de bolsa rota de mais de 48h, mãe com ITU, cultura positiva para estreptococo grupo B etc. • Clínica: DR, má sucção, letargia, não melhora com surfactante, não melhora com CPAP, apneia, choque. A clínica é de desconforto respiratório. De repente, um prematuro em que foi feito surfactante, pois o raio X mostrava membrana hialina indicativa de surfactante, e a criança não melhora. Se o problema fosse só deficiência de surfactante, deveria melhorar. Se não melhora e, na verdade, piora, a criança pode ter infecção associada. Ou seja, o raio x não é só de membrana hialina, é de pneumonia por estreptococo do grupo B, que confunde padrão reticulonodular com broncograma com membrana hialina. Não queremos que chegue na fase de apneia e choque. Para infecção, rastreia hemograma, PCR e hemocultura. Radiografia de tórax: infiltrado lobar com broncograma de permeio. Tratamento • Suporte: nutrição, estabilidade térmica, tratar apneia, ventiloterapia, tratar distúrbios hidroeletrolíticos ou da glicose. • Penicilina cristalina ou ampicilina + AG o Oxacilina o Cefalosporina Diagnóstico diferencial de DR neonatal • SDR, SAM, TTRN, pneumonia • Cardiopatias congênitas • Malformações • Hipoglicemia intracraniana • Meningite 9 A imagem anterior, do lado esquerdo mostra membrana hialina, com broncogramas; a criança está intubada e com gases normais. Do lado direito, a criança apresenta pneumonia, então não há aeração difusa, a imagem é de condensação mesmo, que também dá broncograma, porém o pulmão está ventilado. Malformação Caso clínico: criança nasceu, foi para o apartamento junto com a mãe, mamou no peito e, quando mamou, teve crise de sufocação, botando leite para fora até pelo nariz. Não tinha vaga na UCIM, veio para a UTI. Quando chegou na UTI, já não estava cianótica, mas com desconforto respiratório – dispneia, tiragem, batimento de asa nasal. Ausculta cardiovascular e respiratória normal. Não conseguiu passar sonda, ela não progrediu. Foi tirado esse raio x, em que foi mostrado atrésia esofágica. Por que ela consegue ter ar no estômago? Ela tinha uma fístula com a traqueia na parte distal do estômago. A correção é cirúrgica. Hérnia diafragmática: é mais comum à esquerda. O diagnóstico foi no pré-natal. 100% vai para a UTI É preciso intubar, porque, se ventilar com máscara, a criança deglute ar e entra mais ar nas alças intestinais que estão em cavidade torácica, dificultando mais ainda a ventilação da criança e empurrando a área cardíaca para o outro lado. A hérnia diafragmática já leva, intraútero, a uma hipoplasia pulmonar, dificultando o desenvolvimento do pulmão fetal.
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