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Acne ★ Doença inflamatória crônica da pele ★ É um problema mundial ★ Decorrente da desordem da unidade pilossebácea (parte que envolve o pelo + glândula sebácea que está em volta) ★ Causa impacto psicológico e econômico Epidemiologia ➢ 40 a 50 milhões de pessoas por ano (EUA) ➢ 85% das pessoas de 12 a 24 anos (ocorrência fisiológica) ➢ 12% das mulheres e 3% dos homens manterão até os 44 anos → há uma regressão espontânea ➢ Em geral, observa-se que a acne acomete 95% dos meninos e 83% das meninas com 16 anos de idade ➢ Mais grave em adolescentes masculinos brancos ➢ Risco aumentado: distúrbios hormonais (ovários policísticos, hiperandrogenismo, hipercortisolismo), genótipo XYY ➢ Usualmente sua resolução é espontânea, no final da adolescência ou da segunda década de vida Patogênese ● hiperprodução de sebo pela glândula sebácea ● hiperqueratinização folicular (levando à comedogênese) ○ comedo = cravo ● aumento da colonização por Propionibacterium acnes ● inflamação dérmicas periglandular Produção de sebo ❖ Predisposição genética: ➢ número, tamanho das glândulas sebáceas e taxa de atividade ❖ Existem indícios de que a ocorrência da acne vulgar seja dada por tendência hereditária. A influência genética ocorre sobre o controle hormonal, a hiperqueratinização folicular e a secreção sebácea, mas não sobre a infecção bacteriana. ❖ Controle hormonal Regulação hormonal ➔ Glândulas sebáceas são controladas por estímulo hormonal: pelos hormônios andrógenos ➔ Andrógenos ◆ das gônadas ◆ das supra-renais ◆ eles entram nas glândulas sebáceas, são metabolizados nelas ➔ Receptores androgênicos presentes nas células da camada basal das glândulas sebáceas e bainha do folículo piloso ➔ Testosterona e di-hidrotestosterona (DHT) ◆ DHT: 5 a 10x mais afinidade pelo receptor das glândulas sebáceas ➔ A unidade pilossebácea e a pele representam as estruturas-alvo dos andrógenos ➔ Hiperandrogenismo: aumento de hormônios masculinos, gerando hirsutismo, acne, seborréia e alopecia Fatores ambientais e acne O sebo seria o componente mais influenciado. A alimentação colabora com a produção de sebo, sendo que qualquer dieta hipercalórica estimula a produção de sebo Comedogênese Fator mais importante ★ Hiperqueratinização folicular (decorrente da hiperproliferação de queratinócitos e/ou separação inadequada dos conerócitos ductais) ★ Produção da glândula sebácea retenção de sebo formando uma rolha de queratina que passa a obstruir a saída para epiderme. Esse substrato gorduroso e de queratina favorece a proliferação de microrganismos, estafilococos, leveduras, difteróide anaeróbio (P. acnes). ★ Chega um momento que o epitélio de revestimento se rompe e há um processo inflamatório perifolicular ★ O cravo pode estar mais escuro se o seu material foi exposto e sofreu oxidação ★ Toda acne um dia foi um comedão, mas nem todo comedão um dia será acne Apresentação clínica ➢ Acne não inflamatória ○ comedões abertos (preto) e fechado (branco) ➢ Acne inflamatória ○ pápulas eritematosas ○ pústulas ○ nódulos ○ cistos Acne comedoniana: não inflamatória Acne grau I Comedões abertos, pouca inflamação. Acne inflamatória Papulopustulosa (grau II) Pápulas, pústulas Acne grau III Nodulocística Acne Conglobata ● Acne grave, eruptiva, sem manifestações sistêmicas ● Podem coalescer, formando abscessos ● Algumas vezes acompanhada por hidradenite supurativa, foliculite em couro cabeludo e cisto pilonidal (tétrade de oclusão folicular) Acne fulminans Grau 5 ❖ Forma mais grave, início súbito ❖ Manifestações sistêmicas: febre, artralgia, leucocitose, mialgia, mal-estar, elevação de VHS, hepatoesplenomegalia ❖ Lesões predominam no tronco, grande quantidade de crostas ❖ Grupo mais suscetível: sexo masculino, dos 13 aos 16 anos ❖ Isotretinoína oral é hoje o principal fator desencadeante (não é tão frequente) ❖ Tratamento: se houver alteração de transaminases deve-se suspender a isotretinoína para normalizar os valores e depois conclui o tratamento. Se não houver alteração laboratorial faz-se antibiótico sistêmico (bactrim) e corticoide por 6 dias (devido a ação antiinflamatória) Diagnóstico ➔ Clínico ➔ Anormalidades endócrinas: avaliação hormonal ◆ Sinais de hiperandrogenismo em meninos e meninas pré-púberes e meninas pós-puberdade devem ser investigados: ● Voz, pelos, alopecia, massa muscular desproporcional ● Cortisol basal: sinais de hipercortisolismo ● Testosterona livre e total: androgenismo ovariano ● DHEA-S, 17-OH progesterona: androgenismo suprarrenal Tratamento tópico Os retinóides tópicos normalizam a diferenciação e proliferação do epitélio folicular (a queratinização folicular) nos pacientes com acne. É O MELHOR AGENTE COMEDOLÍTICO Tratamento sistêmico ★ Antibióticos orais: 12 semanas ○ acne moderada a grave (a partir da de grau III) ○ tetraciclinas (tetraciclina, minociclina e doxiciclina) ○ macrolídeos (azitromicina e eritromicina) ○ sulfametoxazol-trimetoprim (bactrim) ★ Terapia hormonal: mulheres adultas → antiandrógenos ○ Anticoncepcional oral ■ etinilestradiol 35 a 50µg + progesterona ○ Espironolactona (diurético poupador de potássio, agindo na aldosterona). Possui efeito adverso antiandrogênico, porque bloqueia a ação da enzima 5-alfa-redutase e, consequentemente não há a formação da diidrotestosterona (principal andrógeno que age nas glândulas sebáceas) ■ risco de feminilização do feto masculino. Uso de ACO obrigatório ■ 25 a 100 mg ao dia ★ Isotretinoína oral: ácido 13-cis-retinoico ○ é o padrão-ouro ○ ações: em vários pontos da patogênese da acne ■ normalização da queratinização (não deixa formar comedão) ■ atrofia temporária das glândulas sebáceas (diminui muito a oleosidade) ■ diminuição da quimiotaxia de neutrófilos (ação anti-inflamatória) ○ dose: 0,5 a 1 mg/kg/dia. Mínimo de 6 meses (pode ser feito um tratamento com dose mais baixa, por 3 vezes por semana, por um tempo mais prolongado) ○ Efeitos adversos: existem receptores em quase todos os órgãos do corpo humano ■ teratogenicidade (deve associar 2 métodos contraceptivos) ● Os pacientes em uso de isotretinoína devem manter um mês de contracepção pós-terapêutica para garantir margem de segurança adequada. ■ risco de acne fulminans ■ xerose generalizada (pele e olhos) ■ náuseas, vômitos ■ mialgia ■ alterações ósseas: hiperostose, fechamento prematuro de placas epifisárias (uso só após os 17 anos) ■ cefaleia, fadiga, letargia ● Sd pseudotumor cerebral (não associar tetraciclina!) ■ Alterações laboratoriais: elevação TG, colesterol, VSH, transaminases. Redução de plaquetas, leucócitos ■ pancreatite ○ monitoramento: antes e a cada 3 meses; reavaliar apenas alterados ■ hemograma ■ lipidograma ■ glicemia ■ ácido úrico ■ função hepática ■ função renal ■ DHL ■ CPK ■ BHCG (mulheres, faz mensalmente)