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AV1 DIREITOS FUNDAMENTAIS - GEOVANE

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Salvador-Ba 
2020 
 
 
FACULDADE BAIANA DE DIREITO 
(CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO) 
 
 
 
 
 
 
ISIELE BATISTA DE SOUZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
1º Avaliação - Direitos Fundamentais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Salvador-Ba 
2020 
 
 
 
FACULDADE BAIANA DE DIREITO 
(CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ISIELE BATISTA DE SOUZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Salvador-Ba 
2020 
 
Produção textual 
 
Temática central: Direito à vida 
 
 Os Direitos fundamentais podem ser concebidos como aqueles direitos essenciais, 
indispensáveis ao bem estar dos cidadãos, devidamente positivados no texto constitucional de 
cada Estado. São imprescritíveis (não se é possível cair em desuso, ou seja, seus titulares 
podem usufruí-los sem que haja quaisquer limites de tempo, ou algum prazo legal); são 
inalienáveis (não podem ser desprezados por seus titulares); e apresentam eficácia horizontal, 
já que nenhum direito fundamental pode ser considerado absoluto (nem mesmo o direito à 
vida). 
 Assim conclui-se que os direitos fundamentais não gozam de uma estrutura hierárquica, 
todos eles se encontram no mesmo patamar. No entanto algumas técnicas são utilizadas pelo o 
judiciário para que um direito fundamental não se sobreponha a outro em caso de choque de 
interesses. Como por exemplo, em casos envolvendo a liberdade religiosa e o direito à vida. 
Em suma, não há hierarquia normativa entre os direitos fundamentais, mas sim axiológica. 
 De acordo com Dirley da cunha : “O Direito à vida é o direito legitimo de defender a 
própria existência e de existir com dignidade, a salvo de qualquer violação, tortura ou 
tratamento desumano ou degradante. Envolve o direito a preservação dos atributos físicos-
psíquicos (elementos materiais) e espirituais-morais (elementos imateriais) da pessoa 
humana, sendo, por isso mesmo, o mais fundamental de todos os direitos, condição sine qua 
non para o exercício dos demais.
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 CUNHA, Dirley. Curso de Direito Constitucional. Editora JusPODIV; 6ª edição; 2012. 
 
 
 
Salvador-Ba 
2020 
 Estão inseridos no seu conteúdo: o direito à existência o direito à integridade físico-
corporal o direito à integridade moral o direito à privacidade. É um direito subjetivo 
fundamental, oponível ao Estado ou a qualquer outra pessoa. Podendo ser analisado por dois 
prismas: O prisma individual, que é titularizado por qualquer pessoa natural, considerada 
isoladamente. E o prisma coletivo que é titularizado por coletividades, que devem ser 
protegidas contra o genocídio e a destruição de sua existência coletiva. 
 O direito à vida está previsto na Constituição Federal Brasileira de 1988 que se dispõe 
nos seguintes artigos: “Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel 
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e 
tem como fundamentos: (...) III - a dignidade da pessoa humana;” “Art. 5º Todos são iguais 
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade (...)”. 
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 O Direito à existência é tácito no direito à vida é direito a continuar existindo, a lutar 
pela sobrevivência, o de manter-se vivo. É o direito que fundamenta: a legítima defesa e o 
estado de necessidade (CP, art. 23, I e II) ademais há a vedação da pena de morte salvo em 
situação de guerra declarada (art. 5º, XLVII, „a‟) A proibição da eutanásia (apenada como 
crime no Código Penal, arts. 121 e 122) E a criminalização do aborto (CP, arts. 124 a 127), 
salvo exceções legais (CP, art. 128).
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 Nosso texto constitucional não possui norma expressa a respeito, referindo-se de maneira 
genérica à inviolabilidade da “vida”. Dada a grande abrangência do termo, existem 
conflituosas discussões doutrinárias e jurisprudenciais acerca da interpretação desse direito, 
visto que há inúmeras acepções, do ponto de vista científico, moral, religioso e filosófico. 
 Dentre as pautas polêmicas podemos citar: as pesquisas com células tronco-
embrionárias; o STF, no julgamento da ADI 3.510, entendeu que o zigoto (embrião em 
estágio inicial) não merece proteção idêntica à pessoa, possibilitando-se assim as pesquisas 
com tal material genético. O primeiro argumento a favor estaria fundamentado no Código 
Civil, que diz que a personalidade jurídica da pessoa tem início com o nascimento. Segundo 
 
2
 BRASIL. Constituição (1988) Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal. 
3
 BRASIL. Decreto-Lei 2.848, Código Penal de 07 de dezembro de 1940. 
 
 
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Dias Tófolli, a Constituição Federal não tem como proteger o direito dos embriões porque 
eles ainda não são pessoas. 
 "Se for considerar os embriões como tendo direito à vida, como o Estado garantirá que 
eles venham a exercer esse direito? O Estado teria que obrigar alguma mulher a recebê-los e 
gerá-los. O Estado tem o poder de obrigar alguma mulher a fecundar esses embriões e gerá-
los? A resposta é não". Indaga Tófolli. A Constituição estabelece o direito à vida, no seu 
artigo 5º, e é esta a tese utilizada pelo ex- procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, 
para declarar que os embriões têm que ser protegidos e não podem ser objeto de pesquisa. 
 O segundo argumento que Tóffoli utilizará será baseado na Lei dos Transplantes , que 
permite a retirada e doação de órgãos de uma pessoa que esteja biologicamente viva, com o 
coração batendo, mas sem atividade cerebral, critério utilizado pela medicina para definir a 
morte. Em paralelo, a ciência declara que o embrião só começa a formar o sistema 
neurológico (cérebro e coluna vertebral) a partir do 14° dia de "Se a morte cerebral permite o 
transplante, evidentemente que do ponto de vista jurídico poderia então se dizer que aqueles 
embriões não têm como ser protegidos juridicamente porque eles também não têm ainda 
nenhum nível de consciência sequer, porque ainda não se desenvolveu o seu cérebro", explica. 
 "No caso do risco de vida para a mulher, você tem uma ponderação entre duas vidas, 
então não seria inconstitucional. Caso o Supremo entenda que é inconstitucional o uso dessas 
células em pesquisas, então o aborto em razão de estupro com certeza já não poderia mais 
existir na lei". 
Em contrariedade com estes argumentos o professor associado da Universidade de São Paulo 
(USP), Dalton Luiz de Paula Ramos enuncia que: 
 (...) O dado incontestável da genética é que, desde o momento da fecundação, ou 
seja, da penetração do espermatozóide no óvulo, os dois gametas dos genitores 
formam nova entidade biológica, o zigoto, que carrega em si um novo projeto-
programa individualizado, uma nova vida individual (...). A construção de uma casa 
requer o envolvimento do arquiteto que faz o desenho, do empreiteiro que 
administra a construção, dos pedreiros que executam a obra e do material necessário. 
No zigoto, essas diferentes funções (o desenho, a coordenação, a construção e o 
material de construção) se encontram e se ativam por dentro; ele é o arquiteto, o 
empreiteiro, o pedreiro e o próprio material. Não se trata, então, de um simples 
amontoado de células.Aceitando que isso é um dado científico, e não uma opinião, 
entendemos que o zigoto/embrião precisa ser tutelado. Se o cientista deve trabalhar 
pelo bem de todos, e se a dignidade da vida humana deve ser respeitada qualquer 
que seja a situação em que se encontre - zigoto, embrião, feto, criança, adulto, idoso: 
 
 
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sadios ou doentes -, não se aceita eticamente o sacrifício de "alguns" pelobem de 
"outros". (RAMOS, Dalton) 
 
 E no que se refere à interrupção gestação de feto anencefálico: o STF, na ADPF nº 54 
considerou juridicamente lícita, desde que comprovada a ausência de cérebro e a inviabilidade 
do nascituro. Nesse sentido o Ministro Cezar Peluso manifesta seu voto contrário ao 
abortamento de fetos anencefálos por meio da ADPF nº 54: 
Os males de que padece a mãe, no entanto, não lhe foram provocados injustamente 
por terceiro, como se dá no caso de gravidez oriunda de estupro, nem lhe ameaçam 
de modo algum à vida, nem tampouco lhe degradam ou aviltam, sob nenhum 
aspecto, a dignidade pessoal. A causa de seu sofrimento natural e compreensível é o 
acaso genético, enquanto falha da própria natureza humana, donde lhe não ficar 
título jurídico válido para obstar à dor mediante sacrifício de vida alheia inocente. 
(...). O argumento de que a gestação de anencéfalo seria perigosa para a mãe não 
vem ao caso, porque todas as hipóteses de risco de vida à genitora já estão sob o 
pálio do chamado aborto terapêutico, previsto noart. 128, inc. I, do Código Penal, 
que, elegendo um entre dois valores jurídicos de igual grandeza sob certos aspectos, 
autoriza, em vistosa regra de exceção, como tal desde logo insuscetível de 
alargamento por via hermenêutica, o sacrifício do feto como medida extrema para 
preservar a vida da mãe. Noutras palavras, eventual gravidez de anencéfalo que 
represente, em caso concreto, por outra razão médica, associada ou não à 
anencefalia, risco grave e comprovado à vida materna, nada tem com a espécie, onde 
apenas se discute se o mero evento psíquico do sofrimento da mãe ou vaga 
possibilidade de complicações da gravidez (...). (ADPF nº 54. Min. Cezar Peluso) 
 
Para Cinthia Macedo Specian, o feto anencéfalo , ao contrário do que considera o Conselho Federal 
de Medicina (CFM), não deve ser considerado um natimorto cerebral, nesse viés enfatiza que: 
Ele tem um comprometimento severo de um órgão muito importante, mas não posso 
classificá-lo como um indivíduo que está em morte encefálica. Estudos mostram que 
todos eles têm respiração espontânea, mais de 50% conseguem mamar, sugar e 
deglutir o leite. Pacientes com morte encefálica não deglutem nem a saliva e não têm 
movimento ocular. (MACEDO. Cinthia) 
 
 E por fim outra problemática bastante discutida e juntamente com as outras repudiadas 
pelos mais religiosos seria: A eutanásia, que não há um tratamento legislativo e é rara de 
seencontrar jurisprudência a respeito. O Conselho Federal de Medicina, por suas resoluções, 
vem admitindo a prática da ortotanásia, que consiste em suspender procedimentos que 
prolonguem o sofrimento do paciente terminal. A Resolução 1.995/2012 do CFM previu a 
“diretiva antecipada de vontade” também conhecida como “testamento vital”, em que o 
 
 
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paciente esclarece quais tratamentos deseja receber. Dentre os argumentos mais comumentes 
em favor da prática de Eutanásia podemos citar: I- O principio da qualidade de vida 
(extinção da dor e do sofrimento de pessoas com doenças em fase terminal); II- Princípio da 
autonomia pessoal. E os desfavoráveis derivariam de preceitos moralísticos a partir do 
principio da sacralidade da vida. 
 O Direito à integridade pessoal é também se deriva do direito à vida, este encontra 
garantias especiais na CF/88, abrangendo os aspectos físicos, psíquicos e morais do indivíduo. 
Como por exemplo, o direito à integridade física e moral dos presos (art. 5º, XLIX); A 
vedação da tortura ou de tratamento desumano ou degradante (inc. III e XLIII); A vedação de 
penas cruéis (art. 5º, XLVII, „e‟) E o direito à indenização pelo dano moral (art. 5º, V e X).
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 Como garantias desses direitos, a CF/88 estabelece vários deveres aos agentes públicos 
dentre eles: I- Comunicar a prisão ao Juiz competente e à família ou a pessoa indicada (art. 
5º, LXII); II- informar o preso de seus direitos e assegurar- lhe assistência familiar e do 
advogado (art. 5º. LXIII); III- promover a identificação dos responsáveis pela prisão (art. 5º, 
LXIV).
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 Outra questão é a da alienação de órgãos e tecidos, o que é vedado pela Lei de 
Transplantes (Lei 9.434/97), que somente permite a doação gratuita de órgãos em vida, desde 
que não haja sacrifício da vitalidade do doador. 
 A Covid-19, Com certeza vem deixando seus resquícios amargos por nosso pais, seja 
pelas inúmeras mortes, seja pelas sequelas deixadas para aqueles que foram acometidos pela 
a patologia, ou até mesmo o desolador cenário econômico. Sem dúvida alguma, revolucionou 
a rotina do brasileiro de um modo geral. Porém não há como prever quando esta irá realmente 
terminar. O papel dos entes federados repercutiu conforme esses trataram o assunto dentro de 
seus limites territoriais. 
 Principalmente nos Estados e municípios que demoraram para aderir as restrições. No 
Estado da Bahia, creio que a pandemia vem sendo bem administrada, graças aos nossos 
gestores, no âmbito estadual o governador Rui Costa e no municipal ACM neto, estes uniram 
 
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 BRASIL. Constituição (1988) Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal. 
 
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 BRASIL. Constituição (1988) Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal. 
 
 
 
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forças, apesar das divergências políticas em prol da saúde pública e a preservação da vida do 
povo Baiano. O cenário nas primeiras semanas no Estado do Rio de Janeiro e no Amazonas 
era desalentador, havendo até critérios médicos para atender os pacientes de acordo com 
prioridades por somatório de pontos, que seriam distribuídos por: funcionamento de órgãos, 
doenças preexistentes; idade e ordem de solicitação de vaga. A grande indagação seria que 
os pacientes que somarem menos pontos, também não teriam a vida á perigo do mesmo jeito? 
O direito a vida e a saúde estão explicitamente no texto constitucional de 1988, sendo direitos 
que atingem a todos indistintamente. 
 Portanto, é possível se concluir que a temática acerca do Direito à vida é 
extremamente delicada, no que diz respeito aos entendimentos da doutrina, dos religiosos, 
conservadores, liberais contemporâneos, dentre os demais grupos sociais. Mas até que ponto 
tolerar argumentos extremistas? Como dizer a uma mulher que ela deverá ser obrigada a ter 
uma criança que morrerá poucos dias do seu nascimento, apenas para validar um possível 
direito de um feto que moralistas afirmam ser vida? Como não conceder eutanásia aquele 
senhor que fora abandonado em um lar de idosos por seus filhos, por possuir uma doença 
incurável, que só lhe causa dor e tristeza e este vem a pedir que findem seu sofrimento? 
Quanto às pesquisas com células-tronco advindas de embriões, não concordo totalmente com 
os argumentos favoráveis a sua realização. Por fim, diante de todos os fatos enunciados 
anteriormente termino como a seguinte frase: “Só engrandecemos o nosso direito à vida 
cumprindo o nosso dever de cidadãos no mundo”. (Mahatma Gandhi)

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