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Caderno de Aula 1 - Direitos Fundamentais -1

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AULAS DE DIREITOS FUNDAMENTAIS - 4º PERÍODO 
 
Registro das aulas de Direitos Fundamentais do quarto período 
 
 
 
 	 
 
 	
 
 
 
 
 
 
· Teoria da Constituição:
· Princípio da Supremacia Constitucional.
· Poder Constituinte Originário: poder que cria a Constituição.
· Poder Constituinte Derivado: papel de adaptar a Constituição ao contexto/condição atual/real.
· Cláusulas Pétreas: limites materiais. 
· Constituição Material: são os Direitos Fundamentais!
· Organização do Estado e dos Poderes:
· Artigos 21º a 24º da Constituição: Competências: podem ser: concorrente; privativa; comum; exclusiva: pode ser competência Administrativa (EC) ou Legislativa (PC). 
· Quando a Lei Infraconstitucional afronta a Constituição: é uma Lei inconstitucional. Pode ser inconstitucional, também, quando viola os Direitos Fundamentais.
· Tribunais de Superposição: STJ e STF: Cuidam de causas constitucionais.
· Processos Constitucionais: 
· Remédios Constitucionais: HC, HD, MS, MI > Controle Concentrado de Constitucionalidade.
· Ações Constitucionais: ações cujo objetivo é declarar a constitucionalidade ou não da norma. São essas: ADI, ADPF, ADC, ADO, RE. As três primeiras constituem controle concentrado de constitucionalidade; ADO = ação direta de constitucionalidade por omissão; A última representa um controle difuso de constitucionalidade. 
· O que são Direitos Fundamentais?
· São restringíveis: podem ser limitados.
· Incidem nas relações privadas.
· A dimensão depende do contexto.
· Tem titularidade universal. 
· São princípios: ou seja, essa é uma posição permanente de colisão/conflito.
· São dotados de igual hierarquia formal. 
· Podem ser explícitos ou implícitos.
· São cláusulas pétreas.
· Compõem a Constituição material.
· A princípio só estão presentes na Constituição, mas também podem ser encontrados fora dela.
· O que são direitos fundamentais? 
· Características: 
· Nunca tivemos tantos direitos fundamentais escritos como na Constituição de 88. 
· Os direitos fundamentais são princípios; são restringíveis (os direitos fundamentais, as vezes, precisam ser diminuídos, enxugados, reduzidos); os direitos fundamentais tem uma dimensão que depende do contexto; os direitos fundamentais incidem nas relações privadas. 
· Quem possui direitos fundamentais? São direitos universais!
· Os direitos fundamentais possuem a mesma hierarquia. 
· Os direitos universais se colidem. 
· São cláusulas pétreas: estão dentro da constituição material. 
· Todo conflito relacionado aos direitos fundamentais é resolvido observando o caso concreto, nunca serão resolvidos a priori, ou seja, sem ser observado o contexto. Toda resolução de conflitos só será feita levando-se em consideração o caso concreto, o contexto.
· Direitos fundamentais, quando colidem, demandam métodos específicos para resolução do caso.
· Características dos Direitos Fundamentais (doutrina):
1º Historicidade: os direitos fundamentais são categorias historicamente construídas: há um processo de reconhecimento de direitos fundamentais feito de forma histórica. Os direitos fundamentais passam a ser reconhecidos historicamente e isso decorre de um processo. Ocorre um processo histórico de reconhecimento de determinado direito fundamental. Nós somos tábulas rasas em relação ao direito: só possuímos o direito se o Estado atribuir o direito como tal.
2º Essencialidade: direitos fundamentais são essenciais ao ser humano, a condição humana. Direitos fundamentais são inatos, a nossa condição humana nos atribui direitos fundamentais: o fato de sermos seres humanos nos coloca como titulares de direitos fundamentais. 
Observação: A Historicidade e a Essencialidade estão em conflito, porque ou digo que digo que são direitos inatos ou que são construídos historicamente. Essas duas categorias só não são antinomias quando optarmos por um ou outro. Quem é adepto a historicidade, concorda com os direitos fundamentais em relação a percepção juspositivista, são direitos que não são anteriores a norma: o Estado cria as normas e as normas atribuem direitos (só temos direitos se estes forem positivados pelo Estado). Se adotarmos a lógica jusnaturalista, os nosso direitos antecedem o Estado e a ordem jurídica: a Constituição não nos dá direitos fundamentais, mas reconhecem esses direitos por conta da nossa condição humana. Essas duas categorias estão relacionadas a linhas interpretativas do direito diferentes.
3º Universalidade: é uma característica atrelada a titularidade, ou seja, todos são atrelados aos direitos fundamentais, todos possuem direitos fundamentais.
4º Imprescritibilidade: O não exercício de um direito fundamental não faz com que ele se perca, ou seja, não resulta na perda desse direito. Ninguém deixa de ter liberdade de expressão porque não exerce esse direito, por exemplo: o direito a liberdade de expressão é imprescritível. Observação: o não alistamento faz com que haja a perda do direito: mas não há a perda do direito pra sempre, somente naquela ocasião (enquanto não tiver sua situação regulamentada 
5º Inalienáveis: se todos possuem direitos fundamentais, não há a necessidade de transferência desses direitos de uma pessoa para outra. São inalienáveis porque são universais. 
6º Irrenunciáveis: não se pode abrir mão dos direitos fundamentais em caráter permanente. Abrir mão permanentemente é equivalente a renúncia. Uma coisa é renunciar e outra coisa é não exercer um direito: a renuncia é permanente, se abre mão pra sempre do direito; o não exercício é a opção de não exercer um direito ocasionalmente. Em regra, todos os direitos fundamentais são irrenunciáveis: em relação a todos eles não se pode abrir mão em caráter definitivo. Porém, tosos os direitos fundamentais são passiveis de não serem exercidos. Direito a vida: o não exercício do direito a vida nunca será temporário, sempre será uma renúncia ao direito a vida: se o direito a vida for irrenunciável, há um dever fundamental e não um direito fundamental, porque estaríamos obrigados a exercê-lo. 
· Direitos Fundamentais na Constituição de 88:
· Do artigo 5º ao 17º: catálogo de direitos fundamentais da CF/88. 
· O artigo 5º prevê os direitos de liberdade, que são chamados de direitos individuais.
· No artigo 6º são encontrados os direitos sociais, que são chamados também de direitos coletivos. 
· Do artigo 7º ao 11º temos direitos relacionados ao trabalho e todos eles são direitos sociais ou coletivos. 
· Nos artigos 12º e 13º temos os direitos de nacionalidade. 
· No artigo 14º ao 17º temos os direitos políticos. 
· Além desses dispositivos, há 4 parágrafos no artigo 5º. Esses parágrafos (1º, 2º, 3º) são normas que estabelecem o regime jurídico dos direitos fundamentais. Apesar dessas normas serem parágrafos, tudo o que está nelas se aplica não só ao artigo 5º e aos direitos que estão nele, mas a todos os direitos fundamentais. 
§1º do artigo 5º: As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. Diz o tipo de norma que prevê um direito fundamental. Direitos fundamentais possuem eficácia direta e imediata. Todos os direitos fundamentais possuem eficácia direta e imediata. 
§2º do artigo 5º: O conjunto de direitos desse artigo não é exaustivo, ou seja, é possível encontrar direitos fundamentais fora desse catálogo. O catálogo é aberto (não exaustivo) e podemos encontrar direitos fundamentais decorrentes do regime, dos princípios ou dos tratados dos quais o Brasil seja parte. O regime é democrático; princípios remete aos artigos 1º ao 4º da Constituição de 88; tratados internacionais nos remete ao parágrafo 3º, que diz que tratados internacionais de direitos humanos podem equivaler a normas constitucionais. 
§3º do artigo 5º: Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. 
*** Juntando os parágrafos 2º e 3º: é possível que o tratado do parágrafo 2º seja um rito incorporado do parágrafo3º ou pode ser incorporado por rito ordinário.
Tratados internacionais podem ou não versar sobre direitos humanos. Se o tratado é de direitos humanos, pode ser incorporado pelo rito da PEC (assim, o tratado ganha status de norma constitucional). Se o tratado de direitos humanos for aprovado pelo rito ordinário, o rito simples, o tratado tem status supralegal. Observação: Rito ordinário é o rito dos decretos legislativos!
*** Além disso, direitos fundamentais ainda podem ser encontrados em outros lugares da Constituição: podem estar implícitos (não estão escritos em lugar nenhum) e podem ser encontrados nas leis infraconstitucionais. 
§2º, art. 5: Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. 
Observação: O parágrafo segundo é chamado de cláusula de abertura ou cláusula de não exaustão: o que tá dentro do catálogo não exclui direitos fundamentais que podem estar em outros lugares. A natureza jurídica da cláusula de abertura é formal, porque não nos diz quais direitos fundamentais não estão catalogados (por exemplo, o parágrafo segundo não nos fala diretamente de direitos que não estão escritos. A cláusula só nos diz que é possível identificar esses direitos e não diz substancialmente quais são esses direitos, ou seja, a cláusula não tem caráter material.
· Tipologia dos Direitos Fundamentais:
· Direitos fundamentais são decorrentes de tratados, regimes e princípios e podem ser explícitos ou implícitos: havendo enunciado normativo, o tratado (sempre são marcados pela formalidade, porque são escritos – havendo texto de lei e qualquer que seja essa lei – sendo sempre explícitos) é caracterizado como explícito; os decorrentes dos regimes e princípios podem ser explícitos ou implícitos.
· Localidade dos Direitos Fundamentais:
· Regimes e princípios são fundamentos para o entendimento do Direito, fundamentos para identificação de direitos, mas não são propriamente locais, porque não sabemos onde estão ao certo: então, caso o direito tenha relação com o Estado Democrático de Direito ou tenha relação com os princípios da República, tais direitos serão fundamentais, mesmo que não sejam propriamente locais, já que não sabemos com certeza onde estão localizados.
· Os direitos fundamentais locais são: tratados internacionais (textos normativos onde podemos encontrar DF), em qualquer local que não seja o rol do 5º ao 17º (é possível que existam direitos fundamentais fora do catálogo, mas dentro da CF/88: estão no mesmo nível hierárquico que os direitos que estão no catálogo do 5º ao 17º) e nas leis infraconstitucionais. 
· O direito ao nome (Art. 16, CC/02) está relacionado aos direitos de privacidade e intimidade, mais propriamente ao direito de privacidade: o direito ao nome é fundamental porque é uma condição para concretizar o direito de privacidade (o nome está dentro da esfera privada de cada um de nós). Esse direito ao nome é um meio e o fim é a privacidade, que é um direito fundamental: para que haja a privacidade, é preciso que o nome esteja entre os dados privados. O meio está fora do catálogo e o fim está dentro do catálogo. Conclusão: não existem direitos fundamentais na legislação infraconstitucional e essa é uma posição MAJORITÁRIA: o legislador não cria o direito fundamental, esse direito ao nome é um direito de fundo constitucional, mas não é totalmente novo (já que tem origem nos incisos do artigo 5º da Constituição). O mesmo ocorre com direitos fundamentais que não estão no catálogo, mas estão na Constituição: para que liberdade artística seja concretizada, é preciso haver direito a cultura, por exemplo (art. 215º da CF). 
Conclusão Final: Isso tudo é chamado de Argumentação Jusfundamental: essa argumentação, ou seja, esse processo/empreendimento é um processo de atribuição de fundamentalidade a direitos que originalmente não ostentam a qualidade de direitos fundamentais. Direitos não catalogados são direitos fundamentais referidos, ou seja, são decorrentes de um processo argumentativo: infere-se o direito da argumentação: o direito não é per si e originalmente fundamental, ele se torna fundamental, é o interprete que atribui essa qualidade ao direito. Observação: Se já são direitos, porque elenca-los como fundamentais? Resposta: se um direito fundamental conflita com um direito não fundamental, o não fundamental perde. Mas se o direito é fundamental, concorre em igualdade com outro direito fundamental, podendo haver um conflito real, um conflito entre direitos fundamentais. Não interessa se o direito é originalmente fundamental ou se o direito é atribuído por argumentação (direito referido): todos gozam da mesma importância em abstrato, ou seja, todos possuem a mesma importância!!!
· Três Categorias de Direitos Fundamentais (tipos de Direitos Fundamentais):
· Direitos formal e materialmente fundamentais: são formalmente fundamentais porque possuem forma de direito fundamental em decorrência do desejo do poder constituinte originário ou derivado, que resolveu atribuir condição de fundamentalidade ao direito, ou seja, estão presentes no catálogo. Todo direito que é formalmente fundamental, é formalmente constitucional, ou seja, está dentro do catálogo e o catálogo está dentro da Constituição. Esse direito fundamental, além de estar no catálogo, tem teor fundamental: a matéria sobre a qual o direito versa é tão importante que merece ter reconhecido o seu teor de direito fundamental. Exemplo: direito à liberdade de expressão é formal e materialmente constitucional.
· Direitos Materialmente fundamentais: podem estar na Constituição ou fora dela, mas não estão no rol/catálogo. Os materiais são os DF não catalogados. Estão na CF, mas fora do rol/catálogo. 
· Apenas Formalmente Fundamentais: estão dentro do catálogo e dentro da Constituição, mas falta a eles a importância que o DF tem, ou seja, se falta a ele a importância de DF, o poder constituinte originário errou, porque deu a um direito a importância de DF que não tem no final das contas. Alguns direitos que estão no catálogo não são Direitos Fundamentais, já que não possuem teor de DF. Exemplo: art. 14º, §6º: Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito. Essa é uma norma de obrigação ou procedimento de um direito fundamental, sem prever direitos fundamentais: essas normas em si mesmas não são direitos fundamentais. Observação: há quem entenda que esse tipo de norma não é verdadeiramente fundamental, mas há quem diga que são fundamentais porque a fundamentalidade é originária, ou seja, se o PCO diz que é fundamental, então ela é. 
· Protocolo Nacional dos Direitos Civis e Políticos: protocolados por rito ordinário (status de norma supralegal). Qual é a relação entre direitos humanos e direitos fundamentais a partir da análise desse protocolo? Segundo o protocolo todos tem o direito de não ser submetido a pena de morte e esse é um direito humano (já que foi aprovado um tratado de direitos humanos). 
· 1ª diferença entre direitos humanos e fundamentais: os direitos humanos sempre são direitos do homem no plano internacional e se estão em tratados são direitos humanos (tratados, convenções, pactos, cartas). Quando o direito humano é reconhecido dentro de uma ordem jurídica interna por uma ordem estatal soberana, de pronto serão direitos fundamentais. Direitos fundamentais são direitos humanos internalizados: direitos fundamentais são direitos humanos incorporados por ordens internas: direitos fundamentais são incorporações de direitos humanos. 
· Exceções: Quando direitos fundamentais não serão direitos humanos internalizados: Primeira exceção: quando um bem jurídico é assegurado no plano internacional (sendo um direito humano) e ele não é assegurado ou não é assegurado na mesma extensão no plano interno. Direitos fundamentais equivalema direitos humanos, mas no caso da pena de morte há um direito fundamental que não é exatamente na mesma extensão de um direito humano (exceção de internalização). Segunda exceção: há direitos fundamentais que não serão direitos humanos. 
· §1º do artigo 5º: As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. 
· Direitos Fundamentais possuem aplicação imediata: 
· Na Teoria da Constituição, as normas constitucionais (dentre as quais estão os direitos fundamentais) podem ser normas de eficácia plena, contida e limitada. Essas três categorias consideram duas variáveis, que são a eficácia e a aplicabilidade.
· Aplicabilidade e Eficácia:
1º Aplicabilidade: É a possibilidade de uma norma incidir no plano concreto e toda norma válida tem aplicabilidade, basta que tenha passado por um rito legislativo. A aplicabilidade pode ser mediata ou imediata. 
2º Eficácia: A eficácia é a possibilidade da norma de produzir efeitos jurídicos. Pode ser direta ou indireta.
· Uma norma jurídica incide no plano fático (concreto) e essa incidência é a aplicabilidade. Quando a CF prevê que todos tem direito a saúde, isso ocorre no plano concreto.
· Ao incidir no plano fático, gera efeitos, o que é chamado de eficácia (ativação do resultado previsto na norma). A eficácia é a capacidade da norma jurídica gerar efeitos jurídicos. Quando alguém acessa o serviço público de saúde, gera a eficácia, o efeito jurídico da norma se concretiza. 
· Nas normas de eficácia plena, possuem eficácia direta e a aplicabilidade imediata. Portanto, nas normas de eficácia plena, para a norma incidir no plano fático, para surtir efeitos e ter eficácia, o legislador não precisa fazer nada, ou seja, a Constituição incide diretamente no plano concreto, a matéria da ordem constitucional não precisa incidir em lei para se aplicar a realidade. Entre a Constituição e o plano concreto não existe nada: o legislador não precisa estar no meio para concretizar a Constituição, não há intermediação do legislador. Assim: incidem no plano concreto diretamente e geram efeitos imediatos. Não precisam da atuação do legislador, porque a norma por si já gera efeitos jurídicos.
· Nas normas de eficácia contida, a eficácia é direta e a aplicabilidade imediata. Aqui, o legislador pode, tem a faculdade, de atuar criando uma lei infraconstitucional que disponha sobre a matéria constitucional, mesmo que a norma seja bastante em si. 
· Nas normas de eficácia limitada, a eficácia é indireta e a aplicabilidade mediata. A norma precisa de algo para intermediar sua ação no plano concreto. Há a necessidade de atuação do legislador infraconstitucional, o qual tem o papel de criar uma norma que regulamente o conteúdo constitucional. A norma infraconstitucional dá condições para a atuação da norma constitucional no plano concreto. 
· Normas de Eficácia Plena: são aquelas que dispensam intermediação legislativa para incidirem no plano concreto. São bastante em si, não precisam do legislador: basta a matéria estar disposta na Constituição que irá surtir efeitos. 
· Normas de Eficácia Contida: também dispensam a atuação do legislador. Elas incidem no plano fático dispensando intermediação legislativa. Ao contrário das plenas, embora dispensem a atuação do legislador, nestas o legislador (de forma facultativa) pode legislar sobre a matéria constitucional (não tem que legislar, ele apenas faz um juízo de conveniência). É por isso que encontramos matéria constitucional em normas infraconstitucionais. Caso o legislador julgue conveniente legislar, o fará e essa norma que criar será infraconstitucional, possuindo natureza jurídica de norma restritiva (o legislador encolhe o direito constitucional por meio de uma lei infraconstitucional: Restrição: a legislação infraconstitucional relativa a uma norma de eficácia contida é sempre restritiva). Exemplo: artigo 5º, inciso 13: É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. Explicação: todos tem liberdade profissional, mas pode ser que o legislador encolha ou não o direito: nem todo mundo pode exercer determinada profissão, há a necessidade de obediência a determinados critérios. Essas normas são passíveis de encolhimento pela legislação infraconstitucional.
· Na eficácia plena: o legislador infraconstitucional não versa sobre essa matéria, essa matéria é completamente constitucional, não há a possibilidade encolhimento pelo legislador infraconstitucional. 
· A Constituição assegura o direito de reunião: é uma norma de eficácia contida: o legislador infraconstitucional cria uma lei regulamentado essa norma constitucional e cria uma série de requisitos para que seja possível a realização das reuniões. 
· Eficácia Limitada: Eficácia indireta e Aplicabilidade mediata: quando a eficácia é indireta e a aplicabilidade é mediata, entre o a realidade e a constituição há algo no meio: só indiretamente a constituição atinge a realidade: o legislador e as leis que cria estão no meio. A Constituição não é bastante para incidir no plano concreto e gerar efeitos; enquanto o legislador não criar a lei infraconstitucional, a Constituição não valerá, não surtirá efeitos (a constituição está sob a reserva de vontade do legislador): o legislador está obrigado a criar a lei. A natureza jurídica dessa lei: a lei não vai restringir, mas sim regulamentar a norma constitucional. Regulamentar é dispor sobre o direito sem alterar a dimensão desse direito. O legislador cria essa norma para tornar o direito operacionalizável, ou seja, com a finalidade de operacionalizar o gozo do direito.
· Artigo 6º, CF/88: São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade, e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. Explicação: há um conjunto de normas de eficácia limitada: ou seja, o constituinte diz muito pouco sobre esses direitos e precisa de uma lei posterior para operacionalizar esses direitos. 
· IMPORTANTE: Normas infraconstitucionais servem para concretizar o direito, não para limitá-lo ou restringi-lo!!!
· Normas de eficácia limitada programáticas: normas programáticas são o mesmo que dirigentes: normas que estabelecem metas sociais para o Estado: toda norma programática é de eficácia limitada, ou seja, toda norma que estabelece metas sociais precisa ser regulamentada por legislação infraconstitucional.
· Normas limitadas de princípio institutivo: artigo 5º, inciso 32: o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor. Explicação: são normas constitucionais que dependem de regulamentação infraconstitucional sem depender de metas sociais. É preciso uma lei infraconstitucional para tornar esses direitos acessíveis. São normas constitucionais que traçam esquemas gerais de organização e estruturação de órgãos, entidades ou instituições do Estado. Vai depender do legislador infraconstitucional a complementação desses esquemas gerais.
· Direitos fundamentais podem ser normas de eficácia plena ou contida ou limitada: direitos fundamentais não possuem eficácia plena (porque há a atuação da legislação infraconstitucional), não são normas de eficácia limitada (porque não obrigatoriamente os direitos fundamentais precisam sem regulamentados por normas infraconstitucionais), então sobra eficácia contida, mas nem todos os direitos fundamentais são normas de eficácia contida: direitos sociais não são normas de eficácia contida, mas sim normas de eficácia limitada.
· Normas de Eficácia Limitada: Uma norma constitucional que prevê um direito social estabelece um comando ao legislador: o legislador cria a norma para o direito incidir no plano fático. 
· Os direitos de liberdade são aplicados de forma imediata e são normas de eficácia contida.
· O legislador infraconstitucional está vinculado (obrigado a legislar) aos direitos sociais (normas programáticas) diretamente. Os direitos sociais sempre foram enquadrados como normas deeficácia limitada, mas a Constituição não permite, literalmente, essa interpretação: portanto, a natureza dos direitos sociais com o teor do §1º do artigo 5º é considerar que essas normas de direitos sociais possuem aplicabilidade imediata e eficácia direta, mas não sobre todos os titulares desses direitos, mas sobre o legislador (incide diretamente sobre o legislador que, por sua vez, regulamenta esse direito para que os titulares possam usufruir desse direito). 
· Aplicabilidade prima face e imediata: de início, prima face, a norma constitucional de eficácia limitada vincula diretamente só o legislador. Depois que o legislador cria norma infraconstitucional, a norma constitucional incide no plano concreto. Uma vez criada a lei infraconstitucional, a norma constitucional incide diretamente no plano concreto. 
· Teorias das Gerações/Dimensões dos Direitos Fundamentais:
· Tem uma finalidade principal: agrupar direitos fundamentais a considerar espécies diferentes de direitos. 
· Agrupa direitos em virtude de suas semelhanças. Liberdade profissional, liberdade de reunião, liberdade autoral, por exemplo, são espécies de direitos que protegem bens jurídicos diferentes, mas possuem pontos em comum que permitem que sejam agrupados em um mesmo grupo de direitos de liberdade.
· Essa teoria nos leva a entender que grupos de direitos fundamentais surgiram sequencialmente, ou seja, o termo “gerações” remete a ideia de que direitos são composições historicamente construídas. Porém, Dimensões/Gerações não atuam de acordo com uma sequencialidade, como se tivessem surgido em Estados Constitucionais diferentes, ou seja, como se primeiro tivessem surgido as liberdades e depois os direitos sociais, não, esses grupos não foram formados e consolidados em tempos diferentes, mas sim há uma concomitância no surgimento desses grupos de direitos. Essas gerações não surgiram uma após a outra. Por isso surge a ideia de dimensões de direitos, porque não há essa ideia de separação sequencial, ou seja, usando o termo dimensões não se tem a ideia de que os grupos surgiram de uma forma sequencialmente histórica. 
· São três grupos de direitos fundamentais ou três gerações. Cada um dos três grupos se forma porque cada grupo de direito fundamental tem uma dimensão principal, cada direito fundamental tem uma característica principal. Por isso, direitos fundamentais de liberdade fazem parte de um mesmo grupo porque todos possuem uma mesma dimensão/característica principal. 
· 1ª Geração ou Dimensão: 
· Agrupam os direitos principalmente decorrentes do constitucionalismo moderno. A base histórico teórico é o constitucionalismo moderno e este, por sua vez, é liberal, ou seja, esses direitos da primeira geração são os direitos de liberdade. 
· Os direitos de liberdade também ganham o nome de direitos individuais, de forma que até hoje consideramos que direitos de liberdade são direitos individuais. 
· Na Constituição, a primeira geração de direitos está no artigo 5º, mas não só nele, porque nosso catálogo é aberto (não há liberdades apenas no artigo 5º, mas esse artigo é o principal). 
· Exemplo: Os direitos de liberdade ou individuais possuem uma característica principal: os direitos de liberdade de locomoção e de liberdade de reunião, por exemplo, demandam do Estado que este se abstenha para que esses direitos possam ser usufruídos pelos seus titulares: o Estado não deve intervir no direito de ir e vir. O Estado pode condicionar o ir e vir, o que difere de dizer que vai sempre interferir no direito de ir e vir. Quando em uma rodovia federal é estipulado pedágio, há uma limitação do direito de ir vir. O Estado pode limitar direitos, mas em regra deve se abster. 
· Expectativa primeira: o Estado não deve nos impedir de gozar desses direitos de liberdade. O Estado tem o dever de se abster e nós temos a expectativa de não sermos impedidos de exercer o direito fundamental. O Estado tem um dever fundamental de abstenção, se é de abstenção então é negativo, ou seja, é o que não deve fazer. 
· 2ª Geração ou Dimensão: 
· A segunda geração decorre do constitucionalismo contemporâneo, cujos marcos principais sãos as constituições alemã e mexicana. 
· Aqui estão os direitos que surgem, em sua origem, como em uma relação parasitária em relação aos direito de primeira geração. Na origem da teoria dos direitos sociais, esses direitos surgem para garantir os direitos de liberdade. 
· Essa segunda geração de direitos surge para garantir os direitos de primeira geração, porque o acesso aos direitos de segunda geração se dá para o gozo dos direitos de liberdade, ou seja, os direitos sociais não são autônomos, eles dependem dos direitos de primeira geração. Os direitos sociais surgem como meios asseguradores dos direitos de liberdade. 
· Os direitos sociais são fundamentais quando promovem liberdade.
· No entanto, essa relação parasitária não é aceita hodiernamente: direitos sociais hoje são autônomos em relação aos direitos de liberdade e a sua tutela se justifica por si. A Constituição tutela direitos sociais porque são importantes em si mesmos, mesmo que a ideia de que são essenciais para a concretização de direitos de liberdade ainda seja verdadeira. Direitos sociais são fundamentais por si mesmos e não na medida em que garantem direitos de liberdade. 
· Direitos sociais ou coletivos estão do artigo 6º ao 11º da CF/88. 
· A dimensão principal desses direitos é oposta aos direitos de liberdade: o Estado aqui deve fazer algo e não se abster, o Estado deve promover o Direito. A atuação do Estado é comissiva. Se o Estado se abster em relação aos diretos sociais, essa abstenção, em regra, é uma violação ao direito, porque o dever do Estado é de fazer e não se abster. A abstenção, nesse caso, é uma violação ao direito. Nos direitos de liberdade, se o Estado atua comissivamente, em regra, viola os direito fundamental de liberdade. 
· O Estado tem que fazer e esse fazer é a condição para que gozemos do direito: temos competência para exigir do Estado o cumprimento dessa ação de fazer, temos competência para exigir essa atuação estatal porque temos expectativa de que o Estado faça. 
· Exemplo: transporte e educação.
· 3ª Geração ou Dimensão: 
· Aqui estão os direitos transindividuais, que são direitos de dois tipos: direitos difusos e direitos coletivos (em sentido estrito). 
· A titularidade dos direitos transindividuais é indeterminada, diferentemente dos direitos individuais. Ou seja, os direitos transindividuais pertencem a uma coletividade. 
· A titularidade dos direitos difusos é indeterminada. A titularidade específica do direito ao meio ambiente, que é um direito difuso, nunca poderá ser constatada, uma vez que toda a coletividade pode ser e é titular desse direito.
· Para os direitos coletivos em sentido estrito, a titularidade é a princípio indeterminada, mas posteriormente é determinável. Em determinadas situações, os direitos coletivos em sentido estrito tem a sua titularidade restringida, ou seja, se um grupo específico tem seu direito lesado, a titularidade do direito passa a ser específica e não indeterminada. Será indeterminada quando, a princípio, considerarmos que esse grupo específico é titular desse direito juntamente com todo o restante sem, no entanto, terem esse direito lesado. Assim que o direito é lesado, conseguimos ver “os rostos” dos titulares desse direito e tanto titulares em sentido estrito como titulares indeterminados serão ligados por uma relação jurídica de base, agrupando o mesmo polo ativo da demanda no sentido de terem o direito/capacidade de exigir do Estado o cumprimento de garantias fundamentais. 
· Diferença entre direitos difusos e coletivos (stricto senso): 
· Direitos coletivos: Os titulares (titularidade determinada) são unidos por uma relação jurídica de base: todos possuem uma mesma relação jurídica, todos demandam o direito a educação, o direito a saúde, dentre outros, possuindo portanto a capacidade/direito de exigir do Estado que promova esses direitos de modo igualitário, justo e eficaz. 
· Direitosdifusos: Aqui, nada une os indivíduos para que sejam todos titulares do direito à saúde, educação, transporte, dentre outros direitos fundamentais. Há o direito a essas garantias fundamentais sem que haja a necessidade de uma relação jurídica de base prévia, sem que haja a necessidade, portanto, da lesividade de algum desses direitos e a consequente exigência dos titulares. Assim, a titularidade existe aqui por si mesma. 
· Conclusão: Temos uma expectativa dúplice em relação a esses direitos: por hora temos a expectativa que o Estado se abstenha e por hora que ele faça. Nós titulares gozamos do não impedimento (direitos difusos) e da satisfação/ação dos direitos (direitos coletivos em sentido estrito) quando queremos que o Estado faça. 
· Os direitos transindividuais podem ser exigidos no âmbito do processo coletivo: a satisfação dos direitos se dá no âmbito do processo coletivo, que consegue juntar num polo só da demanda (sujeito ativo) todos os sujeitos indeterminados do direito difuso e os a princípio indetermináveis (depois determináveis) do direito coletivo em sentido estrito. Quando não há a possibilidade de estimar quantos são os lesados em relação a determinado direito, o processo coletivo tem o papel de abarcar todos os titulares do direito através de uma representação que, por sua vez, se dá no âmbito do processo coletivo. 
· No Brasil, Paulo Bonavides alargou essa teoria das dimensões e identificou outras duas gerações, a 4ª e a 5ª (acréscimo a teoria das gerações, é uma extensão brasileira):
· 4ª Geração ou Dimensão: Bonavides diz que aqui estão os direitos decorrentes da globalização. Sociedade muito conectada e com fluxo corrente de informações. Aqui há o direito à informação, a democracia, as liberdades comunicacionais (todas as liberdades de expressão), direito a tolerância (direito a ser tolerado e dever de tolerar em uma sociedade plural). 
· 5ª Geração ou Dimensão: direitos de paz. Direito a supressão de qualquer autorização para guerras, direito a não guerra, direito a regulação de situações de crise (estado de defesa): regulamentação dessas situações para que não provoquem a falta de paz. 
· Críticas às teorias das Gerações/Dimensões:
· Não há dicotomia entre essas críticas e as teorias apresentadas na legislação. As críticas servem como contrapontos às teorias, mas aquelas não invalidam estas. 
· 1ª crítica: há direitos de liberdade que não são direitos individuais, mas sim coletivos. O direito de liberdade de reunião, por exemplo, sempre é um direito coletivo, porque para que uma pessoa exerça esse direito é necessário que se reúna com outra(s) pessoa(s), ou seja, sempre irá dizer respeito a uma coletividade. Há também direitos que são coletivos facultativos, ou seja, ora podem ser entendidos sobre o viés coletivo e ora não. 
· 4ª crítica: Há direitos sociais que não tem expressão coletiva, mas que por vezes possuem expressão individual. O Estado às vezes deve promover o direito social de apenas um indivíduo em particular. Nem sempre a expressão do direito social será coletiva, por vezes pode ser individual. 
· 3ª crítica: nem todo direito de primeira dimensão demanda uma abstenção do Estado e o inverso também é valido, ou seja, nem todo direito de segunda dimensão demanda uma ação do Estado.
· Proibição de retrocesso social: Proibição de retrocesso é quando um direito fundamental foi elencado e, uma vez elencado, não pode ser suprimido absolutamente (eliminado), o que nos remete a uma proibição material de supressão, assim como há a proibição de supressão das cláusulas pétreas. Outra circunstância de retrocesso é quando o Estado assegura um direito fundamental em uma extensão e em outro momento assegura esse direito em uma extensão menor. Proibição de retrocesso é quando o Estado se auto vincula a uma decisão que tomou e não pode voltar atrás, porque uma vez o Estado tendo decidido nos ofertar o direito em uma medida, pro futuro é preciso assegurar o mesmo direito e ainda mais e mais, assegurar cada vez mais em uma dimensão maior e não fazer isso seria retroceder. O retrocesso é uma espécie de restrição do direito, o direito não alcança a mesma proporção que antes, o direito é encurtado. Mas deve ocorre justamente o contrário: o titular do direito fundamental tem segurança em relação aquilo que o Estado prometeu. O Estado, no entanto, pode prestar o serviço social de forma diferente, alternativa e isso não significaria retrocesso, medidas alternativas não significam retrocessos. 
· Dever do Estado às vezes de se omitir: 
· Todos os direitos sociais precisam ser satisfeitos progressivamente, então o Estado não pode voltar atrás e deve sempre andar pra frente (estagnar também é um retrocesso: as demandas são infinitas em relação ais direitos sociais e só crescem, as nossas expectativas são sempre ascendentes, então o Estado sempre deve promover de forma ascendente) e isso é uma ideia absoluta de proibição de retrocesso (em uma ideia absoluta, jamais é possível retroceder).
· A ideia relativa dessa proibição de retrocesso social: há omissões do Estado em relação aos direitos sociais que não são inconstitucionais e que precisam ser feitas para que o retrocesso seja impedido, não ocorra. Seria desconstituir o que o Estado já promoveu (ação normativa desconstitutiva de direito social): a omissão é plausível quando o Estado é omisso quanto a desconstituição, quando o Estado não cria um decreto que faça com que haja o retrocesso de direitos sociais. O que ganhamos não pode ser objeto de uma ação que o desconstitua, nos tornamos sempre titulares daquilo que conquistamos através do Estado. Essa omissão é no sentindo de se omitir de criar a norma, mas isso não é ruim, porque a omissão nesse caso não é apenas permitida, ela é devida. O Estado tem apenas a ação de se omitir quando for criar uma norma que retroceda em direitos sociais.
· Temporariamente, a limitação de direitos sociais é plausível, o que ocorre em cenários de crise, por exemplo, justificando a omissão do Estado para que o retrocesso em direitos sociais não seja ainda maior. O retrocesso é tolerável se formos ver a proibição de retrocesso de forma relativa. 
· Conclusões em relação às criticas: 
· Teoria da multifuncionalidade: é uma releitura da teoria das gerações. A teoria das gerações tem a finalidade de juntar em grupos direitos de acordo com a dimensão/característica principal de cada geração/grupo/dimensão. Todos os direitos fundamentais, quer sejam de liberdade ou sociais, todos eles tanto impelem o Estado a uma ação quanto impelem o estado a uma omissão. O Estado deve fazer e não fazer em relação aos direitos sociais e de liberdade. Essa tentativa de agrupamento de direitos em relação as suas características é falha porque direitos sociais e de liberdade vão ser sempre equivalentes (são todos direitos fundamentais) e não se pode criar duas categorias, mas somente a categoria de direitos fundamentais. Esses direitos são todos a mesma coisa, fazem parte de um mesmo grande grupo.
· Todo direito fundamental tem uma parte que impele o Estado a uma ação e uma omissão: um direito fundamental sempre tem face dúplice, sempre irá se omitir ou agir em prol da sociedade. 
· Se for um direito de liberdade, a dimensão preponderante é omissiva e se é um direito social a dimensão preponderante é a comissiva. O direito de liberdade, preponderantemente, impele uma omissão, mas por conta de seu caráter multifacetário, também impele uma ação. 
· Dimensão preponderante/principal quer dizer que a marca principal do direito é essa, mas não é a única, há as duas facetas. A dimensão exclusiva é aquela adotada pelas teorias das gerações, o que em parte está errado, porque direitos sociais e de liberdade não terão apenas uma dimensão exclusiva, mas uma dimensão preponderante.
· Direito fundamental como um todo é a mesma coisa que entender o Direito Fundamental como um todo de forma multifuncional, ou seja, entendido em suas múltiplas facetas. 
· Teoria dos Deveres Fundamentais:
· Dever Fundamental aqui deve ser entendido como obrigaçõesfáticas ou normativas que o Estado tem em virtude de um direito fundamental. 
· A existência de deveres é o que garante ou visa assegurar os direitos. 
· Deveres fundamentais são deveres que surgem de direitos fundamentais, então aos normas que originam esse deveres são normas de direitos fundamentais. O fundamento último de um dever fundamental é um direito fundamental. 
· Aqueles que tem deveres fundamentais cumprem esses deveres criando normas ou agindo: obrigações fáticas são obrigações relacionadas ao agir e obrigações normativas são obrigações relacionadas a criação de normas, que são criadas sempre com o objetivo de efetivar um direito fundamental. 
· Quem tem deveres fundamentais? 
· Existe um titular do direito fundamental e um destinatário desse direito. 
· Nós somos titulares de direitos fundamentais: o direito não se destina a nós, mas sim ao Estado, o Estado é destinatário dos direitos fundamentais. 
· Ser destinatário do direito (Estado) é ter obrigações quanto a concretização desse direito fundamental, ou seja, o Estado tem deveres fundamentais. 
· Estado: É destinatário dos direitos e titular dos deveres fundamentais (papel do Estado, dever de concretizar direitos através de deveres). 
· Sujeito: É titular dos direitos e titular de deveres fundamentais (também tem o papel de concretizar direitos através de deveres). Por isso o sujeito é constituído de direitos e deveres.
· Por hora, iremos considerar que o Estado é titular apenas de deveres fundamentais e não de direitos fundamentais. 
· As obrigações de concretização dos direitos são destinadas ao Estado e por isso ele se torna destinatário. 
· Os deveres fundamentais podem ser classificados quanto a perspectiva, expectativa e tipo de ação: 
· Os deveres podem ser positivos ou negativos. Deveres positivos são obrigações de fazer algo (criar uma norma ou atuar no plano fático). Deveres negativos são deveres de omissão, deveres de não fazer. Direitos de liberdade geram aos destinatários (Estado) deveres negativos de omissão. Direitos sociais geram especialmente deveres positivos aos destinatários (Estado). 
· Os deveres podem ser explícitos ou implícitos quanto a provisão normativa: explícitos são deveres expressos em textos normativos e implícitos são deveres sem previsão normativa. 
· Quanto a correlação com direitos fundamentais, existem deveres autônomos e deveres correlatos. Autônomos são deveres sem correlação direta com um direito fundamental específico (deveres fundamentais decorrem de direitos fundamentais e nessa fundamentação ocorre ao contrário e essa correlação não é direta). O dever de votar, por exemplo, não é relacionado a nenhum direito fundamental específico, esse dever concretiza um conjunto de direitos indefinidos, nossos direitos serão satisfeitos através do dever de votar. Deveres correlatos tem uma correlação direta com a satisfação de um direito especifico. 
· Art. 196, CF/88: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Explicação: dever positivo, explícito e correlato. 
· Art. 5º, inciso XLIX, CF/88: É assegurado aos presos o respeito a integridade física e moral. Explicação: dever implícito, correlato e positivo.
· Titularidade dos direitos fundamentais:
· Relação no âmbito público: Os destinatários dos direitos fundamentais possuem obrigações jurídicas em virtude da existência de direitos, a existência de direitos fundamentais obriga o Estado a determinadas condutas: o papel do Estado é estabelecer condutas de ação ou omissão (critério da multifuncionalidade). Quando há o Estado como destinatário do direito e o indivíduo como titular do direito fundamental, os direitos fundamentais tem eficácia pública, eficácia perante um ente público (que é o Estado). A relação se firma entre um titular e um destinatário, que é um ente público (o Estado). Essa relação também é chamada de relação vertical de incidência dos direitos fundamentais, ou seja, essa relação não é linear (não é plenamente horizontal), mas sim uma relação de subordinação do titular, estamos em uma relação de subordinação ao Estado. Trocamos relações verticais com o destinatário Estado. 
· O Estado é juiz, legislador e poder executivo: os titulares do direito fundamental trocam relações públicas com cada um desses poderes exercidos pelo Estado e cada um desses poderes se obriga a satisfação de direitos fundamentais, porque existem direito fundamentais na Constituição. 
· Quando a relação se trava entre um titular de direito e um ente privado: Há uma relação entre dois titulares de direitos fundamentais, isto é, os sujeitos dessa relação também são destinatários de direitos fundamentais (temos obrigações em virtude desses direitos). Não só o Estado é destinatário, os privados também o são. Essa relação se dá no âmbito privado, ou seja, é uma relação horizontal. Em uma relação horizontal, a relação se dá no mesmo patamar, não existindo nenhuma hierarquia que desiguale os titulares de direitos fundamentais. O privado também é titular de direitos fundamentais, é uma relação entre dois titulares. Ao mesmo tempo que somos titulares dos direitos fundamentais, temos deveres, ou seja, somos titulares de deveres fundamentais. Essa relação é uma relação horizontal, ou seja, ao contrário da relação vertical, quando os polos são ocupados por dois privados, as relações se dão no mesmo patamar. Quando são dois privados, há dois titulares de direitos e obrigações. Aqui, o Estado não é o único responsável pela concretização/efetivação de direitos fundamentais. 
· Teorias da Eficácia Privada dos Direitos Fundamentais: quando a relação se trava entre dois privados, há uma explicação para as particularidades dessa relação e em que se diferencia da relação entre titular e Estado. São 4 teorias principais que explicam a Eficácia Privada dos Direitos Fundamentais: Direta, Indireta, Deveres de Proteção e State Action). Quando a relação se trava entre dois privados: ambos são titulares de direitos e deveres fundamentais, isto é, são destinatários e titulares do direito fundamental ao mesmo tempo. Essas teorias tem o objetivo de verificar de que forma os direitos fundamentais incidem e com qual intensidade incidem. Direitos fundamentais incidem nas relações privadas e isso é um entendimento consolidado. 
1. Teoria Direta: 
· A Constituição, para incidir na relação entre dois privados, deve incidir diretamente, sem qualquer necessidade de intermediação legislativa. O Estado Legislador não precisa regulamentar direitos fundamentais, não é necessário qualquer intermediação pública para que os direitos fundamentais sejam concretizados, ou seja, a figura do Estado é dispensada, bastando que os direitos fundamentais estejam dispostos na Constituição para que o direito fundamental seja garantido. Essa teoria permite o acesso direto do indivíduo a Constituição, mesmo que o direito fundamental não esteja disposto em lei infraconstitucional. Ainda que não exista uma lei infraconstitucional tutelando um direito fundamental, teremos o direito fundamental por este estar disposto na Constituição.
· Crítica à teoria: Dispensa da lei: Se direitos fundamentais incidissem diretamente no âmbito privado, isso traria o problema de competência, esvaziaremos o poder de competência do poder legislativo. Problema material: a teoria direta esvaziaria totalmente a autonomia privada, não havendo regras próprias nas instituições privadas. Se todos são titulares de direitos fundamentais e podem acessar buscando na própria Constituição, não haveria uma distinção quanto a aplicação de direitos fundamentais em casos concretos/fáticos.
· Crítica à teoria: Há um sufoco da teoria privada, porque a todos deverão ser dirigidos direitos fundamentais em igual proporção, não importando o caso concreto. 
· No Brasil, a teoria direta é a majoritária (doutrina constitucional). 
2. Teoria Indireta: 
·Para acessar direitos fundamentais que estão dentro da Constituição, os indivíduos deverão acessar primeiro a lei infraconstitucional para ter direitos fundamentais aplicáveis ao plano fático.
· É preciso que o Estado tenha criado uma lei para regulamentar o direito fundamental, não bastando apenas que a Constituição disponha acerca desses direitos fundamentais. Portanto, só haverá a incidência dos direitos fundamentais no âmbito concreto se a lei infraconstitucional regulamentar o direito fundamental. Enquanto não há a lei, não é possível acessar a Constituição.
· Crítica à teoria: Fragilidade da força normativa constitucional: a Constituição passa a depender do legislador. Enquanto este não regulamenta uma matéria, não há incidência de direitos fundamentais. 
3. Teoria dos Deveres de Proteção: 
· Os direitos fundamentais contidos na Constituição vinculam diretamente o Estado e o Estado, por sua vez, tem dois deveres quanto a regulação das relações interprivadas (o Estado é responsável por tutelar as relações interprivadas). 
· Proibição/Coibição de Excesso: o Estado tem o dever de proibir restrições excessivas a direitos fundamentais em virtude do exercício da autonomia privada, tem dever de coibir que no uso da autonomia privada um particular restrinja excessivamente o direito fundamental de outro privado.
· Proibição da Insuficiência: O outro dever é o dever de proibir a insuficiência ou proibir a prestação ou a concretização insuficiente de um direito fundamental. 
· Crítica à Teoria: Nessa teoria, os privados não tem vinculação direta aos direitos fundamentais, ou seja, essa teoria redunda em uma contradição, porque na relação entre privados deve haver a obediência aos direitos fundamentais, ou seja, em uma relação entre privados, ambos são titulares de direitos e deveres fundamentais e, portanto, os direitos fundamentais também se destinam aos privados (os privados também são destinatários dos direitos fundamentais) que, por sua vez, possuem o dever de zelar pelo cumprimento desses direitos. 
4. State Action ou Teoria da Ação do Estado:
· É a primeira teoria a surgir. Surge na jurisprudência da suprema corte norte americana, ou seja, um conjunto de decisões foram tomadas nessa corte doas anos 40 até os 60, formando a Teoria da Ação do Estado. 
· A primeira circunstância de aplicação foi em um precedente e nessa ocasião ainda não havia surgido a teoria, mas a teoria começou a surgir a partir desse precedente (Marsh vs. Alabama).
· Esse precedente envolveu uma relação entre dois privados: do lado da empregada demitida, há os direitos a liberdade religiosa e a liberdade de expressão; do lado do empregador, há o direito de autonomia da vontade, à propriedade, à empregabilidade (no sentido de determinar quem irá ocupar o cargo na empresa).
· Toda vez que uma conduta receber o amparo de mais de um direito fundamental, o indivíduo sofrerá a proteção em múltiplas camadas. Ou seja, há uma concorrência entre direitos fundamentais (os direitos fundamentais se somam para amparar uma mesma conduta), havendo uma proteção qualificada. Relações de concorrência se resolvem, havendo uma técnica que decide qual desses direitos que realmente irá proteger o indivíduo. Entre o direito geral e o específico, sempre irá prevalecer o ESPECÍFICO que, nesse caso, será o direito à liberdade religiosa (o direito à liberdade de expressão é mais amplo, já que abrange mais de uma liberdade de expressão do que tão somente a religiosa). 
· Para essa teoria, os direitos fundamentais incidem no âmbito privado todas as vezes em que, de um dos polos, emanar uma ação tipicamente estatal ou que seja imputável ao Estado (a ação não é do Estado, mas é típica de uma ação Estatal, é como se fosse uma ação estatal). Há o reconhecimento da incidência (ponto positivo) mas condiciona a incidência à condição de que um dos polos deve emanar ações tipicamente estatais.
· Crítica à teoria: na maioria dessas relações entre privados, ninguém exerce funções típicas estatais (a maioria dessas funções não são imputáveis ao Estado). 
· Titular de direitos fundamentais: É o sujeito ativo da relação jurídico subjetiva de direitos fundamentais. O titular é sujeito ativo entre sujeitos que se formam em virtude da existência de direitos fundamentais (relação entre titular e destinatário). Se os titulares são ativos, os destinatários são os passivos da relação jurídico subjetiva de direitos fundamentais. Ser sujeito ativo e passivo são conceitos diferentes: o sujeito ativo tem a capacidade de exigir a satisfação do direito, ou seja, é o titular dessa relação; sujeito passivo ou destinatário é quem tem obrigações de satisfação relacionadas a direitos fundamentais, ou seja, quem é exigido. 
· Regra básica acerca da titularidade (quem são os titulares de direitos fundamentais): Artigo 5º, caput: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes. Explicação: O caput contém a regra geral a respeito da titularidade dos direitos fundamentais: esse dispositivo contém uma contradição, porque todos abarca mais gente do que vem depois no caput. Brasileiros e estrangeiros residentes: quando não há diferença entre brasileiros natos e naturalizados, devemos entender que ambos devem ser tratados da mesma forma. Em regra, quando se diz que brasileiros são titulares de direitos fundamentais, quer dizer que são brasileiros natos e naturalizados (o constituinte não os diferencia). Exceções à regra: é possível que brasileiros natos e naturalizados não possam exercer os mesmos direitos fundamentais. 
· Estrangeiros: residentes e não residentes: há direitos fundamentais que só são de titulares de estrangeiros, então não faz sentido atribuir a brasileiros natos e naturalizados, como diz no artigo 4º, inciso 10, CF/88 (a concessão de asilo é atribuída a estrangeiros exclusivamente, não faz sentido dizer que pode pertencer a brasileiros natos e naturalizados). 
· Estrangeiros não residentes: Duas possibilidades de interpretação. Interpretação literal do artigo 5º caput: Os não residentes não são titulares de direitos fundamentais, o constituinte resolveu afastar a titulares de direitos fundamentais de estrangeiros não residentes por razões, por exemplo, de altos custos (a titularidade dos direitos sociais é especialmente custosa para o Estado, por exemplo). Interpretação não literal: Estrangeiros em situação irregular ou estrangeiros em situação regular são sujeitos titulares de direitos humanos, portanto todos os direitos fundamentais, inclusive os direitos sociais, são titularizados por estrangeiros não residentes e isso tem fundamento no Caráter Universal dos Direitos Humanos [e direitos fundamentais são direitos humanos internalizados pela Constituição de 1988]. As limitações orçamentarias do Estado não deixarão e existir, sempre existirão prioridades orçamentárias.
· Universalidade dos Direitos Humanos: Artigo 4º, inciso II, CF/88: A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: prevalência dos direitos humanos. Explicação: Todos são titulares de direitos fundamentais onde quer que estejam, independentemente do que esteja expresso no texto constitucional, de acordo com os tratados de direitos humanos que internalizam direitos humanos como fundamentais. Na dúvida, os direitos humanos irão prevalecer. Conclusão: Direitos Fundamentais são cogentes em qualquer lugar em que o sujeito esteja, ou seja, há o dever de prevalência dos direitos humanos (Art. 4º, inc. II, CF/88). Essa é a posição majoritária no Brasil. No entanto, a satisfação dos direitos pode depender do orçamento do Estado, mas não que isso seja um argumento que impeça a garantia de direitos fundamentais a estrangeiros não residentes. 
· Embriões são titulares de direitos fundamentais? 
· ADI 35/10: Dispositivo da Lei de Biossegurança, artigo 5º (objeto de controlede constitucionalidade): o STF decidiu que é possível a utilização de celular tronco embrionárias para fim de pesquisas caso estejam em condição de descarte (o que ocorre após 3 anos). A decisão disse que os embriões não possuem potencialidade de vida (o tribunal ainda não demarca o início da vida), ou seja, o embrião jamais terá vida efetivamente, jamais será titular de direitos fundamentais ou de qualquer outro direito. Aqui nesse caso, o embrião jamais será implantado, então não haverá jamais o nascimento. 
· ADPF 54: Possibilidade de interrupção da gestação de feto anencefálico: o Supremo ainda não demarca o início da vida, entendendo que esse tipo de embrião também não possui potencialidade de vida, mas ainda existe probabilidade de nascimento com vida, ainda que essa possibilidade seja muito pequena e, ainda que exista, redundaria em um sujeito com sobrevida muito curta: a morte seria certa, mais ou menos 10 dias após o nascimento. Então, o STF entendeu que a pouca vida é a ausência de potencialidade de vida e embriões anencefálicos não são titulares de direitos fundamentais, porque não há direito a vida, não havendo titularidade de direitos fundamentais. Aqui, portanto, não há um aborto, porque só há aborto com a potencialidade de vida. O que há aqui é uma interrupção da gestação de feto anencefálico. Aqui o embrião já está implantado e há a possiblidade de nascimento com vida. 
· Pessoas jurídicas: não há nenhuma discussão sobre isso, mas um consenso, ou seja, pessoas jurídicas são titulares de direitos fundamentais. Essa titularidade depende da Cláusula de Compatibilidade: é um dever de ajustamento do direito a condição de pessoa jurídica, ou seja, a pessoa jurídica será titular se esses direitos forem compatíveis com a sua condição de pessoa jurídica. Exemplo: o artigo 17 da CF/88 fala dos partidos políticos (pessoa jurídica de direito privado) e fala que possuem autonomia para defender seu estatuto, ou seja, possuem direito de liberdade, que é compatível a sua condição de pessoa jurídica. O direito à vida é incompatível com a condição da pessoa jurídica ou o direito de locomoção, mas direitos a imagem, privacidade, liberdade de expressão, liberdade contratual ou a livre iniciativa são todos compatíveis com a condição de pessoa jurídica. Pessoa jurídica de direito público: o Estado pode ser titular de direitos fundamentais? Originalmente se entendeu que não, porque só ocupa a posição de destinatário, mas na CF/88 há um contraponto no artigo 207º, que comprova que o Estado também pode ser titular de direitos fundamentais (a universidade tem direito de determinar sua organização, gestão financeira e pedagógica, por exemplo) e se há autonomia, há direito fundamental, mas a dimensão do direito de privacidade, por exemplo, em órgãos públicos e privados é diferente: órgãos públicos possuem um direito de privacidade mais encolhido do que órgãos privados.
· Direitos Sociais: são titularizados por todos ou por uma parcela da população? Os direitos sociais são custosos, então devem ser atribuídos a todos? Resposta: Podem possuir titularidade universal, independente das condições econômicas, ou seja, quem tem condição econômica tem a mesma titularidade de quem não tem qualquer capacidade econômica; uma segunda possibilidade é que há uma ordem de preferência por aquele que não tem nenhuma capacidade econômica e, após isso, os que possuem condições econômicas serão atendidos por esses direitos e, por fim, há a possiblidade do entendimento de que a titularidade é exclusivamente de quem não tem capacidade econômica própria. Se entendeu orginalmente que os direitos sociais são exclusivamente destinados aqueles que não possuem condição de manutenção própria, mas hoje é majoritário no Brasil que os direitos sociais são de todos, mesmo de quem não precisa (mesma coisa dos direitos de liberdade). Todos são todos independentemente da capacidade de autopromoção econômica. 
· Titularidade de direitos fundamentais dos animais: saber se é possível a utilização de sacrifícios de animais em rituais de religiões de matriz africana. Decisão do Ministro: é possível a utilização de sacrifícios de animais em rituais religiosos: se animais servem como alimentação, também pode servir como objeto de sacrifício em rituais religiosos, ou seja, a alimentação humana serve como instrumento de justificação para que o ministro considere o sacrifício de animais em rituais religiosos como algo plausível, porque de qualquer forma servirão como abate, não sendo portanto sujeitos de direitos e, se não são sujeitos de direitos, não possuem direitos fundamentais (argumento da instrumentalidade). Se há maus tratos a animais, isso não pode prevalecer diante do argumento da prevalência da cultura, ou seja, não é possível maltratar animais em decorrência da cultura ou da religião. Conclusão: Os animais são reconhecidos como objeto de proteção do Estado, mas não são sujeitos de direitos: em nenhum momento o supremo entendeu que animais são titulares de direitos ou de direitos fundamentais. Nunca negou, mas também nunca afirmou. Mas, boa parte da doutrina ambientalista afirma o contrário, afirmando que animais são titulares de direitos fundamentais e essa titularidade se pauta no princípio da senciência: animais sentem dor como seres humanos, então deve haver uma compatibilidade da condição do animal ao direito fundamental e entre a condição humana a condição do animal. O animal sofre diretamente uma ação promovida pelo ordenamento e o ambiente só atingido por essa violência indiretamente. 
· Direitos fundamentais após a morte: abarcam os direito a imagem, a honra, direitos ajustáveis a situação pós morte, sendo aplicado o princípio da compatibilidade, ou seja, há direitos fundamentais que se adequam a situação pós morte e direitos que não são adequados a situação pós morte. 
· Direitos Fundamentais em Espécie: 
· 1º Direito à Vida:
· O direito à vida não é um direito absoluto, visto que outros direitos fundamentais merecem atenção/importância, como os direitos a liberdade ao próprio corpo, direito a dignidade, a autonomia, etc. 
· A colisão envolve o direito à vida e a liberdade da mulher sobre o próprio corpo: A liberdade da mulher sobre o próprio o corpo não está catalogado na Constituição e não tem catalogação em nenhuma outra espécie normativa e por isso é implícito, ele é um meio para concretizar um fim, e o fim que seriam os direitos a liberdade, a privacidade, entre outros. O direito à vida é catalogado, diferentemente do direito à liberdade ao próprio corpo. Mas nenhum desses direitos é absoluto: não é possível argumentar que o direito à vida é mais importante do que o direito à liberdade ao próprio corpo porque o segundo não está catalogado ou porque esse segundo não está previsto em qualquer outra norma, ou seja, não existe hierarquia ou maior importância entre esses direitos (não há direitos fundamentais absolutos e esses direitos possuem a mesma importância).
· Art. 5º, caput – Normas do tipo Regras e Normas do tipo Princípios: 
· Art. 5º, caput x art. 21, inc. 7 (ambos da Constituição Federal): 
· A diferença estrutural entre eles pode ser que um dispositivo é organizacional (dever da União – competência) e o outro dispositivo tutela sobre um bem jurídico, a vida (art. 5º, caput – reconhece um direito). Há uma distinção normativa, porque um é uma regra e outro é um princípio.
· O art. 5º é um princípio e o Art. 21, inc. 7 é uma regra. 
· Nossa margem interpretativa na observação de um princípio é muito maior do que a margem interpretativa que gera uma norma, mas não é que esta última não gere uma margem interpretativa (essa distinção é pautada na abstração: regras são normas com menos abstração do que princípios). 
· A abstração deve ser compreendida como abertura hermenêutica/interpretava e nas normas o texto é menos aberto a interpretações diversas, enquanto que princípios são normas com grau de abstração mais elevado. Mas todo texto normativo gera margem de interpretação ou dúvida. Quando há baixo grau de abstração há umamaior probabilidade de consenso, ocorrendo o contrário nos princípios (como possuem alto grau de abstração, sua probabilidade de consenso é baixa). 
· Estrutura normativa: regras e princípios possuem estruturas diferentes, ou seja, isso gera uma dicotomia: as normas serão princípios ou regras e os princípios, nesse caso, serão chamados de mandados de otimização e as regras serão chamadas de mandados de determinação. 
· Mandados de determinação: toda norma que tem estrutura de regra ordena que algo aconteça definitivamente e, além disso, determina que algo aconteça integralmente. Uma norma do tipo regra ordena que se faça definitiva e integralmente e, se não for assim, a competência é de outro ente, não há graus de cumprimento. Esses mandados podem conflitar com outras regras, devendo haver estratégias para resolver esses conflitos: se a Constituição é superior, ela irá prevalecer sobre normas inferiores a ela. No entanto, quando há normas de mesmo patamar, uma norma emenda invalida uma norma anterior, porque vem depois e é mais atual. Quando estão no mesmo patamar cronológico e de importância, a norma mais especifica irá prevalecer (método para resolução de antinomias aparentes).
· Os princípios se concretizam em graus, são Mandados de Otimização: essas normas concretizam direitos de forma parcial, ou seja, concretizam o direito apenas em um grau, porque demandam muito mais do que apenas uma faceta, um grau. Há um grau de concretização do direito, mas pode se ampliar, pode crescer mais e mais. Esse tipo de norma se concretiza aos poucos, em graus, os graus são progressivos e esperamos que atinjam o grau máximo [cabe a nós interpretes considerar que esses graus devem ser sempre progressivamente satisfeitos a fim que atinjamos um Estado reitor, um Estado ótimo, ou seja, esse Estado ótimo é utópico, porque é apenas uma ideia reitora, serve para interpretar o direito de forma que entendamos esse direito como algo que deve se concretizar cada vez mais, até porque todo direito fundamental possui um déficit de concretização, sua concretização nunca será efetiva]. 
· [A colisão entre princípios é um caso de antinomia real, porque nenhum critério de resolução “normal” de antinomias (critério de resolução de antinomias aparentes) serve para resolver a colisão entre princípios, diferentemente do que ocorre com as regras que, por sua vez, havendo colisões entre elas, poderão ser aplicados os critérios habituais de resolução de antinomias.]
· Entre princípios, não haverá invalidação de um dos princípios, quando houver um conflito os dois princípios de manterão incólumes no ordenamento jurídico, ou seja, não será considerado um determinado princípio porque ele é mais importante do que outro. Resolvendo esse tipo de conflito, não mexeremos em nada no texto normativo da norma princípio, diferentemente do que ocorre nas normas do tipo regras, nas quais o texto normativo é alterado, um texto é levado em consideração e outro não. 
· Os princípios são essencialmente diferentes, porque as metodologias aplicadas para um princípio de diferem das metodologias aplicadas para outro princípio. 
· Todos os direitos fundamentais, portanto, são princípios, já que todos possuem um alto grau de abstração e um baixo grau de consenso entre eles. 
· Formas de resolução de conflitos entre princípios: 
1. Proporcionalidade: 
2. Hierarquização de Direitos ou Categorização de Direitos: 
3. Razoabilidade: 
4. Método de Identificação de Limites Imanentes à Norma: 
5. Concordância Prática: 
· Art. 5º, inciso XLVII: Há direito a vida, mas excepcionalmente há pena de morte. O direito à vida é apresentado de forma reduzida, afinal de contas a pena de morte é possível em caso de guerra declarada. Esse processo é chamado de restrição de direito fundamental, que é um encolhimento do direito fundamental. 
· O inciso 47 diminui a extensão do direito, ou seja, há um processo externo de encolhimento e diminuição no âmbito do direito. 
· As restrições podem ser de dois tipos: constitucionais (ou diretas) ou infraconstitucionais (ou indiretas). 
· Serão constitucionais quando forem realizadas pela própria Constituição. As infraconstitucionais são restrições que não estão na Constituição (poder constituinte originário ou derivado) (então estão na lei) mas são autorizadas pela Constituição (essa autorização pode ser expressa ou implícita). 
· Essa restrição ao direito à vida é Constitucional e Expressa. Essa restrição é Constitucional porque foi elencada pelo poder constituinte originário. Pode ser que o constituinte opte por restringir o enunciado no próprio texto normativo ou pode ser que em outro lugar da Constituição a restrição apreça, como é o caso da pena de morte. 
· Quando a lei infraconstitucional restringe o direito: 
· Uma restrição cabe no âmbito infraconstitucional se há uma autorização do poder constituinte, já que haveria uma inversão de importância caso não houvesse essa autorização, visto que o legislador infraconstitucional teria mais poderes de alteração de leis Constitucionais do que o próprio constituinte originário. 
· O constituinte deve entregar os direitos ao legislador infraconstitucional para que este possa fazer a restrição. O legislador infraconstitucional não pode restringir o direito fundamental constitucional sem autorização do constituinte. O fundamento da restrição é indireto porque só pode ser feita caso haja essa autorização.
· Essa autorização, via de regra, é expressa, até porque o constituinte deve manifestar de forma inequívoca a sua vontade de restringir o direito. Reserva de Lei ou Reserva legal: autorizações expressas dadas pelo constituinte para que o legislador infraconstitucional disponha sobre uma norma constitucional. A Reserva de Lei é uma comunicação do constituinte com o legislador e nem sempre será uma autorização do constituinte de restrição do direito fundamental por parte do legislador, mas pode ser que essa autorização quanto a restrição aconteça. Essa restrição não é obrigatória, mas sim facultativa, porque todas as vezes em que o legislador infraconstitucional restringe um direito fundamental, ele o faz de modo opcional e não obrigatório, porque as normas de direitos fundamentais são normas de eficácia contida, ou seja, normas nas quais o legislador infraconstitucional pode ou não escolher restringir/legislar sobre, ou seja, o constituinte autoriza a restrição infraconstitucional por meio de reserva de lei e se o legislador infraconstitucional achar pertinente fazer a restrição, ele o faz. 
· As Reservas de Lei que autorizam o legislador a restringir os direitos fundamentais são de dois tipos:
1. Reservas de Lei Simples: são aquelas que o constituinte se limita a especificar a matéria objeto de possível restrição (restrição futura). Direito fundamental + reserva de lei que estabelece a matéria objeto que o legislador poderá restringir. Exemplo: art. 5º, inciso VII. 
· Se o constituinte responde a pergunta para quê, a reserva de lei será qualificada. Se não responder, será simples. 
2. Reservas de Lei Qualificadas: o constituinte determina a matéria que pode ser objeto de restrição, mas também estabelece o fim/objetivo almejado com a restrição infraconstitucional. Direito fundamental + objeto + objetivo que o legislador deve perseguir no processo legislativo (há a restrição para alcançar algo, um determinado objetivo que o constituinte julga relevante). Exemplo: geralmente vem com um “para fins de ...” (art. 5º, incisos XII e XIII). 
· A primeira configuração que não sofre restrição é chamada de âmbito de proteção do direito fundamental. Esse âmbito equivale ao conteúdo protegido pela norma de direito fundamental, ou seja, é a mesma coisa de dizer que é o conteúdo protegido pela norma.
· O caput do artigo 5º sofre um processo externo no de restrição e esse mesmo caput é um conteúdo protegido. O que sobra depois da restrição também é âmbito de proteção, ou seja, também é um conteúdo protegido por uma norma de direito fundamental. Mas o resultado do processo restritivo é diferente do conteúdoprotegido original, porque o resultado do processo restritivo é menor. O âmbito de proteção prima face é o âmbito de proteção do direito em sua configuração inicial, antes que sofra qualquer interferência restritiva. O âmbito de proteção posterior ao processo restritivo é chamado de âmbito de proteção a posteriori.
· Essas duas configurações (a posteriori e prima face) de direitos só fazem sentido se esses direitos podem sofrer restrições, o que equivale a dizer que não são absolutos, porque se fossem não seriam passiveis de restrições. 
· Nem todo direito fundamental possui reserva de lei, mas nem por isso será absoluto, porque a grande maioria dos direitos não possuem reserva de lei e não são absolutos. Há duas circunstancias nas quais os dispositivos não terão Reserva de Lei e serão restringíveis:
1. Pode ser que haja o direito já seja restringido pela Constituição (pelo constituinte) sem que haja reserva de lei. Exemplo: Art. 5º, inciso XLVII, CF/88.
2. Há também direitos que não possuem reserva de lei e não foram restringidos pela Constituição.
· Todavia, um terceiro tipo de autorização de restrição (e reserva) é a autorização de restrição implícita, ou seja, não há reserva de lei expressa, a concessão a restrição é implícita, a autorização a restrição é implícita. Nesse caso, não há reserva de lei, mas mesmo assim a restrição pode ocorrer, ou seja, não é expressa, não é feita por reserva de lei, mas mesmo assim pode ocorrer: se não há uma reserva de lei, há hipóteses de restrição do direito à vida que não são expressas, que são as antecipações de vontade. 
· Quais são os fundamentos/características de uma restrição implícita? Como sabemos que houve a autorização por parte do constituinte para que a restrição implícita ocorra? Daqui decorrem os direitos de antecipação de vontade: 
· Antecipação de vontade:
· Diretiva antecipada de vontade é uma predefinição de alguém sobre que rumos quer que seja dada a sua própria vida em uma possível situação futura limite.
· Quem regulamenta é o Conselho Federal de Medicina, uma autarquia, por meio de resoluções. Ou seja, essa regulamentação tem natureza infralegal. 
· Essas regulamentações podem estabelecer restrições ao direito a vida, ou seja, o direito a vida também implica a condicionantes da vontade de morrer ou de condicionantes em relação a se submeter a procedimentos de risco. 
· Essa autorização da disponibilidade a própria a vida não é dada na forma de lei, no âmbito executivo, mas sim é dada em caráter de resolução. 
· Esse ato infralegal pode ou não ser uma restrição: 
· Entendimento majoritário: Não será uma restrição quando esse ato regulamentar só explicita uma restrição ao direito já contido em uma norma em sentido estrito (contida em documento normativo jurídico), ou seja, em uma lei propriamente dita. Não é a própria resolução que permite a restrição, essas restrição já estaria contida em um outro documento legal em sentido estrito, ou seja, a resolução só deixaria essa restrição ainda mais explícito. Atos regulamentares da administração pública não tem caráter de restrição originária, ou seja, não restringem direitos, só deixam claras restrições que já existem em normas em sentido estrito.
· Restrição Implícita: São restrições que não são autorizadas por reserva de lei. As chamadas de restrições implícitas são restrições cuja justificativa para ocorrência não são reservas de lei, mas a coexistência de direitos fundamentais. O fundamento para uma restrição implícita não é uma reserva de lei, mas o seu fundamento é a coexistência com outros direitos fundamentais. Ou seja, o direito à vida não tem reserva de lei e é uma coexistência com outros direitos fundamentais que podem encolher o direito à vida em proveito de outros direitos fundamentais como a autonomia, liberdade, entre outros. Não são expressamente autorizadas, mas possuem uma autorização, ainda que não expressa: a autorização não vem de uma reserva de lei, que autoriza implicitamente o legislador a restringir o direito a vida. Reserva geral de restrição: uma restrição pode ocorrer mesmo não sendo autorizada e a lei que restringe o direito nesse aspecto não é inconstitucional. Em relação a alguns direitos, o constituinte prevê o bem jurídico e a reserva de lei, mas quando não ocorrer isso o direito fundamental terá uma reserva de lei mas essa será implícita e todos os direitos terão essa reserva de lei implícita. Isso ocorre porque todos os direitos fundamentais são princípios, é essa natureza que fará com que qualquer direito seja restringido, porque princípios não podem ser aplicados integralmente. A natureza de principio é uma autorização permanente para restrições. Como princípios possuem um alto grau de abstração, o conteúdo protegido pelo principio possui sempre uma interpretação muito ampla e a coexistência de vários princípios faz com que devam se amoldar a determinadas situações e, por conta disso, um direito ou outro deverá se submeter a outro, conforme cada caso. Além disso, todos os diretos fundamentais possuem uma reserva de ponderação, ou seja, todos esses direitos precisam ser ponderados/ajustados com outros com os quais coexiste. A doutrina, de modo majoritário, entende que essa autorização implícita é plenamente possível, porque muitos direitos fundamentais não possuem reserva de lei e, ainda assim, em alguns momentos
· Eutanásia: É uma restrição implícita do direito à vida (é o resultado de uma restrição não autorizada). Não há nenhum problema formal em se admitir a eutanásia, visto que ela é uma restrição implícita do direito à vida, já que o direito à vida coexiste com outros direitos fundamentais que, em determinada situação, podem ser considerados mais importantes, como ocorre com o direito à autonomia, se formos nos centrar no caso da eutanásia. Materialmente falando: a eutanásia (ou eutanásia ativa) é a antecipação (positiva) da morte por um ato/ação comissiva. A morte é certa, mas há um auxílio que antecipa essa morte. O cessar da vida não tem a cronologia natural, havendo a antecipação positiva da morte. Aqui não há a participação do terceiro indivíduo, como ocorre no suicídio assistido.
· Distanásia: É uma restrição implícita (é o resultado de uma restrição não autorizada). Materialmente falando: A distanásia é o emprego por ações comissivas ou por meio dessas ações de meios desproporcionais ou tratamentos fúteis para prolongar a vida. A distanásia promove dor e sofrimento: ou seja, é o emprego de ações comissivas de meios desproporcionais e tratamentos fúteis para prolongar a vida causando dor e sofrimento. Aqui há a garantia da sobrevivência, do existir e não necessariamente a garantia da vida digna. 
· Ortotanásia: É uma restrição implícita (é o resultado de uma restrição não autorizada). Materialmente falando: É o emprego de ações paliativas e que minimizam a dor e o sofrimento gerando uma morte natural e ao tempo certo. É sempre uma ação negativa: há o transcorrer da vida, é o deixar de fazer algo. Essa omissão acaba levando a uma morte que é certa e que irá ocorrer no seu tempo natural. É o deixar de fazer algo que acarrete em um sofrimento desproporcional ao paciente. Decorre da não utilização de meios fúteis ou que causem sofrimento. O paciente que tem um tempo curto de vida vem a falecer no seu tempo natural, mas isso não implica o não fazer qualquer coisa do ponto de vista médico, visto que não pode ocorrer uma total omissão, o paciente deverá ser tratado de alguma forma. Proporciona um respeito a autonomia do paciente. Aqui há a garantia da vida digna. Também é chamada de eutanásia passiva. 
· Suicídio Assistido: É uma restrição implícita (é o resultado de uma restrição não autorizada). Materialmente falando: É a execução de um ato que antecipa a morte com a ajuda de alguém. Não tem condições de fazê-lo sozinho, devendo contar com a ajuda de terceiros. É uma ação positiva de um terceiro, que não a própria pessoa que está enfrentando um quadro de limite da vida e esse terceiro contribui para antecipação da morte. 
· Art. 170, caput:

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