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Caderno de Aula 2 - Direitos Fundamentais -1

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Aula 1 – P2: 
· Direito a Igualdade:
· ADC 41 (ANO DE 2017): Supremo avalia a constitucionalidade ou não da reserva de um percentual de vagas destinadas a cotas para ingresso em cargos públicos (cotas em concursos públicos). Ação de controle concentrado de constitucionalidade: ADC é uma ação declaratória de constitucionalidade e possui a função de declarar a constitucionalidade das normas e isso é importante porque toda norma infraconstitucional possuiu uma presunção de constitucionalidade, mas essa presunção é sempre relativa, ou seja, nenhuma norma infraconstitucional goza de presunção absoluta de constitucionalidade (toda norma goza de presunção relativa), isto é, é constitucional até que se prove o contrário. A presunção de constitucionalidade é sempre precária, ou seja, qualquer norma constitucional pode ser declarada inconstitucional. Observação: normas constitucionais originarias gozam de presunção absoluta de constitucionalidade. 
· A ADC serve para declarar que a norma é absolutamente constitucional e se em uma ADC for declarada a constitucionalidade, essa constitucionalidade é declarada absoluta pelo Supremo. Portanto, há duas decisões possíveis: ou a norma 1 é definitivamente constitucional e não há mais dúvidas quando a isso (absoluta e definitivamente constitucional) ou a ADC declara que a norma 1 não é constitucional, mesmo que gozasse de presunção relativa de constitucionalidade. 
· A ADC cabe quando no controle difuso de constitucionalidade há um estado de incerteza sobre a constitucionalidade da norma. Ou seja, pra essa ação ter sido apresentada no supremo a constitucionalidade do sistema de cotas em concurso ora foi considerada constitucional em um conjunto de decisões anteriores e ora foi declarada inconstitucional. Para acabar com essa incerteza, o único órgão que tem o condão de decidir acerca dessa constitucionalidade é o supremo, porque a decisão do supremo atinge toda a jurisdição brasileira. Então, esse tipo de ação serve para acabar com a controvérsia de uma norma que ocorreu em um controle difuso. 
· Objeto da ação discutida: Lei Nº 12990 que estabelece que: 1º) 20% das vagas em concursos públicos no âmbito federal para cargos da administração pública (administração pública direta ou indireta, ou seja, em geral: autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedade de economia mista) são destinadas a NEGROS. 2º) Como concorrer nesse percentual de 20%? O critério principal é a auto definição ou autodeterminação, ou seja, aquele que se auto reconhece negro. O segundo critério é o da heterodeterminação, que deve avaliar se realmente o candidato é negro, ou seja, o concurso deve reconhecer a legitimidade da declaração (a comissão de concurso avalia a pertinência da declaração ou não, caso duvide da legitimidade da declaração). A heterodeterminação é definida pela própria comissão do concurso, ou seja, fica a margem da discricionariedade da comissão. Esses dois critérios devem ser aplicados nessa ordem, ou seja, de forma subsequente (se houver dúvida, o segundo critério é aplicado)!!!
· Identificação do fato controvertido: Aqui há a existência de uma norma que estabelece um percentual de vagas (20%) para negros em concursos públicos, esse é o fato em discussão na ADC. 
· Etapas da resolução por proporcionalidade: 1º) Identificação do fato controvertido; 2º) Identificação dos direitos fundamentais que colidem nesse fato (esse fato é um fato de colisão, há uma colisão entre direitos fundamentais, a existência dessa norma silencia uma colisão entre direitos). 
· Identificação dos direitos fundamentais que colidem no fato controvertido: Direito/Princípio 1 X Direito/Princípio 2: há um choque entre esses direitos fundamentais (que são princípios). O direito fundamental 2 é sempre um DF em virtude do qual o fato/norma ocorre, ou seja, esse fato/norma existe em virtude da tutela de um direito fundamental, que é a ISONOMIA, isto é, IGUALDADE EM SENTIDO MATERIAL (iguais tratados de forma igual e diferentes tratados de forma diferente). O direito fundamental 1 é sempre o direito supostamente violado pelo fato/norma criado (a) que, nesse caso, será a IGUALDADE FORMAL (quando uma norma passa a existir para concretizar um direito fundamental, há de forma consequente a violação de outro direito). A igualdade material equivale a desigualações para igualar, ou seja, pessoas são tratadas de forma distinta porque só assim poderão ser igualadas. A igualdade formal equivale ao tratamento idêntico, não se levando em consideração as diferenças. 
· Observação: Na colisão, sempre um será mais importante que o outro, mas essa importância é sempre factual ou fática, isto é, ou a igualdade formal ou a material será mais importante, mas essa importância só será analisada em casos concretos (na abstratividade, a igualdade formal e material são hierarquicamente iguais). 
· Observação: Quanto maior o grau de importância da igualdade formal, menor será o grau de importância (menos relevante) será a igualdade material e o inverso também é válido. 
· Entre os extremos desses direitos existe um meio termo: as duas igualdades (material e formal) possuem o mesmo grau de importância e esse ponto geraria a decisão de não decidir, ou seja, não se pode dizer nem que a norma é constitucional nem que é inconstitucional, já que a relação entre essas igualdades (material e formal) é dicotômica. O grau de importância igual em concreto não será possível, essa posição de igualdade só existe em abstrato, mas em concreto a decisão só poderá admitir uma vertente (ou igualdade material ou igualdade formal). 
· Canso concreto a) – primeira decisão possível: se o direito fundamental 1 prevalecer em face do direito fundamental 2: nesse caso, a Lei 12990 é INCONSTITUCIONAL. A igualdade formal prevalece sobre a material.
· Caso concreto b) – segunda decisão possível: se o direito fundamental 2 prevalecer em face do direito fundamental 1: nesse caso, a Lei 12990 é CONSTITUCIONAL. A igualdade material prevalece sobre a formal.
· O M1 será o meio possível para assegurar o direito fundamental 1 (igualdade formal): o meio de se assegurar a norma formal é revogando a norma (considerando a norma inconstitucional) e declarando o término do sistema de cotas. 
· O M2 será o meio possível para assegurar o direito fundamental 2 (igualdade material): 
· A proporcionalidade (regra, princípio, postulado ou método) é um método que possui 3 etapas (sub regras ou subprincípios da proporcionalidade): 
1º) Etapa 1: ADEQUAÇÃO: o meio 1 leva a concretização do direito fundamental 1, ou seja, o meio 1 é adequado para assegurar o direito fundamental 1? A adequação é um subnível/etapa consequencialista, isto é, de causa e consequência, é uma análise consequencialista, é uma análise de causa e consequência. A eliminação de 20% das vagas para negros em concursos públicos é adequada para assegurar a igualdade formal?
2º) Etapa 2: NECESSIDADE: comparando o meio 1 com outros meios para assegurar o direito fundamental 1 (os infinitos meios para se concretizar o direito fundamental 1, isto é, a igualdade formal), o meio 1 é aquele que assegura o direito fundamental 1, afetando em menor medida o direito fundamental 2 (ou seja, preservando em maior medida o direito fundamental 2)? Aqui deve haver uma comparação entre o meio 1 (meio causa) com outros meios alternativos (tantos quanto pudermos prospectar). Ou seja, aqui é feita uma análise de comparação. Eliminar integralmente a política de cotas assegura a igualdade formal, afetando menos a igualdade material do que outros meios alternativos?
3º) Etapa 2: PONDERAÇÃO (ou proporcionalidade em sentido estrito): o que é mais importante, ou seja, o que pesa mais, direito fundamental 1 ou 2? Aqui deve haver uma análise de balanceamento, ou seja, nessa etapa são atribuídos valores/importâncias distintas para os direitos fundamentais que estão colidindo. O que é mais importante nesse caso: igualdade formal (DF 1) ou material (DF 2)?
· Aqui há um juízo de sopesamento, há uma pesagem de direitos.
· Como direitossão pesados? Há uma atribuição de importância para cada um dos direitos fundamentais. O direito é uma técnica argumentativa e o convencimento se dá através de argumentos, que apresentam mecanismos estratégicos de utilização da argumentação jurídica. Há uma comparação da importância dos argumentos jurídicos que fazer prevalecer o DF 1 ou o DF 2. Aqui há razões para que um direito prevaleça em relação ao outro. 
· Todos os argumentos apresentados para chegar a um resultado serão apresentados com a presunção de que estão corretos. Ou seja, há os argumentos que devem ser pesados (elementos de peso: igualdade formal e igualdade material). Intrinsecamente, nenhum argumento é bom por si, nenhum argumento é tão bom que não torne necessária a ponderação. 
· O argumento que vence é aquele que se mostra mais forte em várias circunstâncias, mesmo que seja fortemente contrastado. O argumento mais forte não é perfeito e possuiu lacunas, mas tem uma certa resiliência. 
· Sopesando os argumentos, chegamos a dois resultados: DF 1 prevalece em face de DF 2 ou o contrário. Se um ou outro prevalecer, é porque os argumentos utilizados foram mais fortes, resistiram mais. 
· Relação inversamente proporcional: quanto mais importante for um direito fundamental, menos importante será o outro. Nunca terão a mesma importância, porque estão colidindo. 
*** Como essas 3 etapas se relacionam? 1º) Princípio Sequencial: para que seja resolvido um conflito entre direitos fundamentais aplicando a proporcionalidade, essa ordem deve ser obedecida, ou seja, essas etapas devem ser seguidas em sequência obrigatória. 2º) Princípio Subsidiariedade: nem sempre para resolver uma colisão entre direitos fundamentais é necessário passar pelas três etapas e a consequência disso é que a necessidade, por exemplo, só será aplicada se a adequação não resolver o caso, ou seja, só passamos para a próxima etapa se a etapa anterior não resolver a colisão.
· Respostas possíveis para ADEQUAÇÃO:
a) O meio 1 é adequado: se for sim, avançaremos para as etapas da necessidade (o meio 1 é ou não necessário?
b) O meio 1 não é adequado: eliminando essa política, sequer conseguiremos resguardar a igualdade formal. Se a resposta for não, o teste acaba logo nessa primeira fase. 
· Respostas possíveis para NECESSIDADE:
a) A resposta negativa bloqueia o teste.
b) A resposta positiva leva para a fase de ponderação. 
Observação: as respostas positivas levam ao avanço do teste e as respostas negativas levam ao estanque do teste. O conflito se resolve quando a resposta for negativa!!!
· Na etapa da PONDERAÇÃO devem ser elencados os motivos para prevalência dos dois direitos fundamentais. 
· O teste se resolve na etapa da Adequação (minha resposta): A resposta adequada seria que não é pertinente a eliminação de 20% das cotas para negros como meio de assegurar a igualdade formal. Embora os negros concorram em igualdade com aqueles que não são considerados negros, ainda persistirá a desigualdade, uma vez que a porcentagem de concorrentes negros ainda será menor que a porcentagem de concorrentes não negros, então nunca concorrerão em pé de igualdade, ou seja, o número de vagas destinadas para brancos sempre será maior do que número de vagas destinadas a negros, dada a maior quantidade de concorrentes brancos. Nesse caso, a igualdade formal é utópica, nunca poderá ser atingida, uma vez que nunca haverá tratamento idêntico a despeito das desigualdades. 
· IMPORTANTE: O que leva ao resultado correto não é a resposta, mas sim o caminho argumentativo traçado durante o método da proporcionalidade. 
Aula 2 – P2: 
· Conclusão: Esse processo da proporcionalidade, até se chegar a um resultado, é um processo que precisa de uma justificação passo a passo, porque nos obriga a externar as nossas convicções e isso torna a nossa decisão mais segura, porque o nosso argumento será reconhecido por uma comunidade decisória, que irá enfraquecer ou fortalecer esse argumento. 
· Críticas: 
1. A proporcionalidade gera uma jurisprudência ad hoc, já que gera um casuísmo na resolução da colisão de direitos fundamentais, ou seja, cada um vai decidir como quer e isso não gera uma certeza/segurança (isso gera uma jurisprudência do caso a caso). A proporcionalidade promete uma certeza, que ao final não consegue fornecer. 
2. Esse método geraria um fortalecimento excessivo do poder judiciário e um enfraquecimento do poder legislativo. Naturalmente, as questões mais importantes de direitos fundamentais seriam resolvidas no judiciário e não no legislativo, o legislativo teria sua esfera de ação diminuída. Acontece que o poder legislativo é um poder mais democrático, porque é escolhido pela população e irá resolver conflitos em concreto, conflitos que ocorrem no plano fático.
· Superação das críticas: quem entende que essas críticas são insuperáveis, entendem que a Proporcionalidade nunca deve ser empregada e é um método inadequado para resolver conflitos de colisão de direitos fundamentais. Se a proporcionalidade é o melhor método, há estratégias para fragilizar essas críticas: 
1. Essas críticas são críticas a qualquer método de resolução de conflitos de colisão de direitos fundamentais, então o problema não é a proporcionalidade. 
2. Nenhum método de resolução de conflitos entre direitos fundamentais leva a uma única decisão, porque o direito não é uma ciência exata, ou seja, as decisões são passíveis de contestação, jamais haverá um método que leve a uma só decisão. 
3. Nenhum poder tem uma legitimidade nata, nenhum poder é genuinamente legítimo e o poder legislativo não é o mais legitimo, nem o judiciário, mas todos os poderes são legítimos para resolver conflitos entre direitos fundamentais dentro de uma democracia, todos os poderes gozam de uma presunção democrática. 
· Mas qual é a resposta correta? A colisão de direitos fundamentais sempre tem uma resposta correta, mas não há uma unanimidade. A resposta correta é a majoritária entre as respostas corretas. Todas respostas são corretas, mas A resposta correta para um determinado caso é a majoritária. Há um apelo a maioria somado a controles da decisão majoritária, porque até a decisão majoritária pode estar errada. 
· O supremo decidiu que as cotas raciais são constitucionais. 
· ADPF 132: discussão sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo (aplicação da igualdade formal). 
· Aula 3 – P2 – 18/10/18 (aula do monitor):
· 
· Aula 4 – P2 – 20/10/18 (aula de sábado) * Completar com transcrição: 
· Direito à Educação: Caso da Educação Domiciliar (RE 888815 – Controle Difuso de Constitucionalidade). 
· Família que pleiteou o reconhecimento da educação doméstica. 
· A educação familiar sempre existiu, em diferentes graus. 
· O que se discute no RE é a educação exclusivamente em casa (argumento de que é possível de acordo com o artigo 205 da CF/88).
· Sempre se entendeu que a educação familiar é complementar.
· Bullying no ambiente escolar (de vulnerabilidade); maior média das crianças educadas em casa. 
· Home schoolinyg não é um óbice à intervenção do Estado, mas atua como um mero fiscalizador e tem um caráter reparatório. 
· Constitucionalidade: 
1. Segundo Barroso, nos moldes atuais a proposta é constitucional (costume). 
2. Não existe um órgão e muito menos mecanismos de fiscalização para averiguar a educação domiciliar. 
3. Os demais ministros reconheceram a improcedência do pedido, porém a educação doméstica pode ser constitucional, mas não há uma norma regulamentar (Estado de Omissão Legislativa). 
4. Poderia o Tribunal estabelecer uma norma já na sentença, mas não o fez – sempre é objeto de duras críticas quando o faz, pois invade as atribuições de outro poder. 
5. A lei que surgir já nasce com uma presunção de constitucionalidade. 
· Artigo 205, CF/88: 
· A educação da qual fala o dispositivo é a formal, sempre medida por um currículo em um dispositivo oficial. 
· Tipos de educação: Infantil (0 a 5 anos); Fundamental (6 a 14 anos); Médio (15 a 17 anos); Básico (EC Nº 58: Integralmente presencial; Híbrido (IES); A distância). 
·Educação superior: atividades de ensino, pesquisa e extensão (Art. 207, CF/88). 
· É direito de todos, é um pacto de titularidade – simultaneamente coletivos e individuais: O problema dos custos está internamente ligado a essa esfera de titularidade (decisão arrojada do STF: caso da educação infante, pais pleiteiam uma vaga perto de casa – RE 956475). 
· É um dever expresso, correlato e positivo, negativo (Art. 206, CF/88). 
· É dever do Estado, eficácia pública ou vertical da educação, não só dele – também é dever da família e da sociedade (eficácia privada e horizontal): artigo 209, CF/88. No âmbito privado, é um serviço público atípico (é típico quando é ofertado pelo Estado). É explorado no âmbito privado, mas não se descaracteriza. 
· Art. 170, CF/88: livre iniciativa no âmbito privado: tem caráter complementar, não é um espaço em que não há a ingerência do Estado. Todas as normas aplicadas no âmbito público devem ser aplicadas no âmbito privado (normas gerais relativas à educação).
· Mesmo no âmbito privado, tem de visar o pleno desenvolvimento da pessoa, para o exercício da cidadania e qualificação profissional – isso é o que corrobora com o argumento de ser um serviço público.
· Competências:
· É um sistema aberto, apesar de estar do artigo 21 ao 24, mas também está presente na Lei nº 9394196 (LDB) e 13.005 (PNE). Normas gerais, que estabelecem pautas mínimas de uniformização. 
· COMPETÊNCIA LEGISLATIVA: Artigo 21: EXCLUSIVA.
· COMPETÊNCIA LEGISLATIVA: Artigo 22: PRIVADA: Inciso XXIV – diretrizes e bases da educação. 
· COMPETÊNCIAS ADMINISTRATIVA E LEGISLATIVA: Artigo 23: COMUM: Inciso V: todos os entes têm competência para promover educação. 
· COMPETÊNCIA LEGISLATIVA: Artigo 24: COMUM: Inciso IX: todos os entes podem legislar sobre educação e ensino. 
· Parágrafos §1º e §2º do artigo 24: A União estabelece normas gerais e os Estados têm competência suplementar (DF e Municípios também se enquadram aqui). 
· O Estado pode complementar norma geral ou suprimir a omissão de uma norma geral (competência suplementar).
· Cabe aos entes adequar suas peculiaridades as normas gerais (complementação). 
· Princípios:
· É vigente entre os entes o princípio da Solidariedade ou Cooperação: todos os entes são corresponsáveis em matéria educacional. 
· Também há o princípio da prevalência do interesse, isto é, prevalece o interesse da União da educação federal, do Estado da educação fundamental e do ensino médio e aos Municípios cuidar da fundamental e da infantil. Isso tem uma razão de ser (escalonamento de complexidade) de acordo com a arrecadação tributária e capacidade promocional de cada membro. É um reflexo da repartição de competência tributária. 
· Eficácia Privada:
· É um espaço de ensino público atípico.
· Art. 205 + 209 da CF/88. 
· Atores nesse local de fala:
1. IE e corpo diretor, professores e alunos: relação tipicamente trabalhista (contrato de trabalho) – natureza jurídica. Todo serviço de consumo é pautado em uma contraprestação (inadimplemento).
2. IE e aluno: relação contratual. Quando há o atraso no pagamento (inadimplemento) não se pode vedar o acesso à educação. É um contrato de consumo de serviço. É um serviço imaterial, ou seja, não se consegue perceber se o fim foi alcançado com efetividade, diferentemente do material. A eficiência é variável e particular. Todo serviço de consumo é pautado em uma contraprestação (inadimplemento).
3. Aluno e professor: não é uma relação de consumo, é uma relação estritamente pedagógica e que visa o aprendizado. É uma relação de aprendizagem com foco no aluno. Essa relação pedagógica impossibilita, por exemplo, o pagamento por aprovação. 
· As relações 2 e 3 costumam se confundir (relação de consumo e pedagógica).
· Financiamento da educação:
· O sistema de competência está estritamente relacionado ao de tributação. 
· Via de regra, as receitas da União são desvinculadas (Receita Pública), esse “bolo” é partido de acordo com as decisões do Legislativo e do Executivo. 
· A vinculação de uma receita, via de regra, não está ligada a nenhum direito específico – isso acontece, pois, nossos tributos são, majoritariamente, impostos.
· Mas na educação vigora a regra da vinculação das receitas, é uma limitação da liberdade de escolher como gastar. 
· Há percentuais que constam no artigo 212 da CF/88: 
· União: 18% da receita corrente líquida (o que sobra depois da transferência para os entes após a arrecadação). Esse é o valor mínimo, mas o ente pode atuar só no mínimo (crítica). 
· Estados, DF e Municípios: 25% das receitas correntes. 
· Proibição de Retrocesso: o ficar no mesmo também seria inconstitucional – há uma estagnação (crítica). 
· O mínimo é um requisito de segurança utilizado para a saúde e para a educação. É melhor garantir um pouco do que nada, não deixar ao bel prazer do legislativo.
· Essa é uma clara decisão dirigente – a unificação da receita. Estratégia do Estado para concretização – efetivação – de direitos sociais. 
· Se o ente não cumpre o mínimo em matéria de educação (Art. 34, VII, “e”): hipótese de intervenção federal (Art. 35, II). Intervenção Estadual: mas isso não ocorre.
· STF: se o ente quis, mas não conseguiu, a omissão não é dolosa, então não deve haver intervenção. ADI interventiva. 
· Sub vinculação: 20% dos 25% é vinculado ao FUNDEB. É uma decisão primeiro política e depois jurídica. 
· Lei nº 12.858: Estabeleceu um acréscimo da vinculação de receitas dos entes federados em decorrência da repartição entre os entes dos royalties do petróleo no Brasil: 25% para saúde e 75% para educação para todos os entes federados – esse valor é rateado para todos os entes. 
· Entes: mínimo de 25% + recebido dos royalties: compõe integralmente a destinação para educação (diferentemente da saúde).
· Emenda Constitucional nº 95 – Emenda do Teto dos Gastos:
· É uma emenda que dispõe sobre os gastos da União. 
· A vinculação da União é 18% e a emenda diz que durante 20 anos ela pode aplicar mais ou menos que o mínimo em educação.
· Atribuir menos a outras áreas para não vincular menos que o mínimo.
· O artigo 212 não foi revogado, mas sua força normativa foi afetada. 
· A PEC é uma estratégia transitória, típica de uma legislação de crise. 
· Uma legislação de crise não é fácil de tragar, mas há medidas trágicas e medidas trágicas.
· Possível retrocesso social: pode o mais, mas também o menos. 
· Teoria relativa é realmente aplicável aqui?
· Aula 5 – P2 – 24/10/18 (dia do interdisciplinar): 
· Aula 6 – P2 – 25/10/18: 
· Desvinculação de receitas: todas as vezes que ocorre um fato gerador (que dá origem a tributação), surge para o estado o direito de arrecadar e constituir receita pública. Os contribuintes passam a ter o dever de pagar. Essa receita passa a formar a arrecadação estatal e a partir da arrecadação de recita o Estado passa a racionalizar a forma de gastar por meio de um orçamento, que é uma decisão de como gastar. A elaboração do orçamento é incumbência do poder executivo e legislativo, que decidem de que forma a receita será aplicada a saúde, educação, etc. Os poderes executivo e legislativo são livres para decidir como devem gastar o dinheiro da arrecadação. 
· Vinculação de receitas: As receitas não estão vinculadas a um fim específico, mas excepcionalmente, a arrecadação pode ser destinada a um determinado fim, é prévia a determinação orçamentaria quando deve ser aplicada a uma determinada área. Há áreas sobre as quais os poderes não poderão decidir livremente o teto dos gastos públicos, esses poderes estão constrangidos a gastar determinado valor em determinada área. A saúde e a educação limitam a liberdade de como gastar, porque existe uma norma que diz o valor que deve ser destinado a essas áreas. 
· Direito à saúde:
· O quantum da receita para políticas sanitárias deve ser estabelecido por lei complementar (há um percentual mínimo. 
· Há uma norma de caráter transitório: a lei complementar tem um prazo de 5 anos. Uma nova lei complementar deve ser editada para a reavaliação desses percentuais. 
· Existe um víciode inconstitucionalidade formal na EC nº 29/00: A União tem de que aplicar em políticas sanitárias tudo o que aplicou no ano anterior mais 5% a mais da receita. Um total arrecadado por um estado da federação, 12% desse total deve ser destinado a saúde e os municípios devem arrecadar 15% para políticas sanitárias. Esses percentuais só equivalem a 4 anos (uma legislatura) para que o poder legislativo reforme esses percentuais.
· LC 141: União: Tudo o que foi aplicado no ano anterior + variação do PIB (se adequa a uma possibilidade cambiante no cenário econômico) ; Estados: manutenção dos 12%; Municípios: manutenção dos 15%. Essa LC não foi revista e não existe uma lei complementar posterior que fixe percentuais novos para essas políticas. 
· 2015: Lei do orçamento impositivo: racionalizar os gastos públicos em um cenário de crise. Algum beneficio social vai ser perdido. Quando a receita da União destinada as políticas de saúde: a União deverá aplicar, pelo menos, 15% da sua receita com políticas sanitárias.
· 2016: Houve a promulgação da emenda constitucional número 45: Emenda do Teto dos Gastos Públicos: é uma norma de crises que gera efeitos sobre o orçamento da União e como esse orçamento deve ser gasto no âmbito dos entes federativos. O percentual a ser aplicado pela União pode ser maior ou menor do que já vem sendo aplicado, desde que, considerado todo gasto público, não se ultrapasse o teto de gastos. Se a União quiser gastar mais com saúde, deverá gastar menos com outras áreas.
· Eficácia privada do direito à saúde: o artigo 196 cuida da eficácia pública do direito à saúde. Em contrapartida, o artigo 199 explica que a saúde pode ser explorada economicamente no âmbito privado (serviços de saúde são um nicho de mercado). Inicialmente, a incumbência de promoção da saúde é o Estado e saúde promovida no âmbito privado é sempre complementar. No plano privado, quando direitos fundamentais incidem, passa a haver uma relação entre privados, onde alguém fornece serviços de saúde e aquele que recebe é o destinatário final dos serviços de saúde (isso é uma relação típica de consumo: o consumo é o destinatário final de produtos e serviços: a nossa relação com o hospital privado e com o plano de saúde é uma relação de consumo). Essa relação de consumo fez parte de uma súmula do STJ (608). 
· Se os planos de saúde são planos de auto gestação (exceção da aplicação do CDC na relação entre contratante e plano de saúde), o CDC não se aplica. Se não se aplica ao CDC, o contrato firmado é um contrato cível e não um contrato de consumo, porque os planos de auto gestão não tem como finalidade principal o lucro (mesmo que haja um pagamento pelo consumo), já que a finalidade principal do plano de auto gestão é amparar uma determinada categoria de pessoas. 
· Direito à Educação: 
· Dimensão negativa do direito à educação: os destinatários do direito possuem a obrigação de não fazer. No artigo 206 da Constituição há as liberdades educacionais, que são esferas da não intervenção do Estado na educação: os atores do processo educacional possuem liberdade. Há um dever, portanto, de não intervir nessas esferas protegidas (LDB, artigo 3º). 
· Gratuidade da educação: a educação pública é gratuita, nos termos do artigo 206º. A leitura mais abrangente da gratuidade, nada que vá desde o ingresso até o termino da permanência do aluno no sistema educacional deve ser cobrado. Segundo a súmula vinculante número 12, nenhuma instituição de ensino público deve cobrar qualquer taxa. O Supremo entendeu que a gratuidade está vinculada as ações de ensino (porque a educação, dentro de uma instituição oficial, abarca o ensino, pesquisa e extensão), então somente o ensino deve ser gratuito, mas pode cobrar pela pesquisa e extensão (cursos de pós graduação podem ser cobrados, porque englobam o ensino, mas são preponderantemente pesquisa e extensão). 
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