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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA____VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE BUGALHADAS Francisco de Tal, brasileiro, viúvo, professor, portador do RG xxxxxxx-x, CPF xxx.xxx.xxx-xx, residente e domiciliado em Burgalhadas, cidade de São Paulo, endereço eletrônico proffrancisco@email.com, por intermédio de seu advogado (procuração inserta), com endereço profissional à Avenida Mauá, onde receberá intimações, vem, perante Vossa Excelência, com fundamento no Art. 37, § 6º, Art. 35, do Decreto Lei 3.365/41 e nos Artigos 319 e 320 do Código de Processo Civil, propor AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA Em face do MUNICÍPIO DE BUGALHADAS, pessoa jurídica de direito público, CNPJ XXXXXXXXXXX com sede na Avenida Presidente Prudente, nº 568, endereço eletrônico procuradoriaburgalhadas@pref.com.br pelas razões de fato e de direito que passa a expor, 1. DOS FATOS O autor é proprietário de uma área de 2.000 metros quadrados, situada ao lado da sede da Prefeitura do Município de Bugalhadas, conforme se verifica na documentação comprobatória anexa. Ao se aposentar, no ano de 2015, cansado da agitada vida da cidade de São Paulo, onde reside, o requerente resolveu viajar pelo mundo por ininterruptos três anos. Ao retornar, o autor descobre que o Município de Bugalhadas iniciou em 2016, sem sua autorização, obra em seu terreno para a construção de um prédio que servirá de apoio às atividades da Prefeitura. A obra já se encontra em fase bem adiantada, com inauguração prevista para o início do próximo mês. 2. DO DIREITO De acordo com a Constituição Federal de 1988, em seu Art. 5º, inciso XXII, é garantido o direito de propriedade. O mesmo artigo, em seu inciso XXIV, garante que a desapropriação por necessidade pública, utilidade pública ou interesse social ocorrerá após procedimento, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, o que não ocorreu. Por consequência, verifica-se afronta ao direito fundamental ao devido processo legal, previsto não apenas no inciso XXIV do Art 5º, mas também no Art 5º, inciso LIV, da Constituição, que prevê que ninguém será privado de seus bens, sem o devido processo legal, o que não ocorreu na situação em tela. No presente caso, o município de Bugalhadas promoveu desapropriação indireta, uma vez que, faticamente, ocupou e se apossou de área privada sem o cumprimento do processo de desapropriação e, sequer, da justa e prévia indenização, em dinheiro. Assim, o Art. 35 do Decreto Lei 3.365/41 prevê que o bem privado, após incorporado ao patrimônio público, não poderá retornar ao legítimo proprietário, resolvendo-se a questão em perdas e danos, a ser proposta por intermédio da ação indenizatória por desapropriação indireta. Observa-se que a presente ação deve ser processada e julgada perante esse juízo, conforme previsão contida no Art. 47 do Código de Processo Civil, por tratar-se de direito real, previsão consolidada na jurisprudência pátria. Além disso, o próprio decreto 3.364/41, em seu Art. 11, prevê o processo judicial em ações envolvendo desapropriação, pelo ente municipal, se desenrolará no foro do local da coisa. Interpretada à luz do Art. 1238, § único, do Código Civil, e na jurisprudência consolidada do Tribunal Superior, o prazo para propositura da presente ação é de 10 anos. Deve-se observar ainda que, a súmula 114 do STJ prevê a incidência, na desapropriação indireta, de juros compensatórios, a partir da data de ocupação, a serem arbitrados por esse juízo, sopre o valor da indenização, corrigido monetariamente. A súmula firma jurisprudência que interpreta o Art. 15-A, do Decreto Lei 3.365/41, que afirma serem de 6% ao ano. Porém, deve ser fixado o percentual de 12% ao ano, conforme súmula nº 408 do STJ e Súmula 618 do STF. Além dos juros compensatórios, deverão incidir juros moratórios, calculados a ordem de 6% ao ano, previstos no Art. 15-B do Decreto Lei 3.365/41. Estes juros devem incidir cumulativamente com os juros compensatórios nos termos da Súmula 12 do STJ, e são devidos a partir de 1º de janeiro do exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria ser feito. Observa-se, ainda, que não houve o pagamento da justa e prévia indenização, como já fundamentado, neste ponto, resta o dever de indenizar do Estado, conforme previsão contida no Art. 37, § 6º, da Constituição Federal de 1988. O Art. 15, do Decreto Lei 3.365/41, prevê o depósito prévio a ser realizado pela municipalidade, para a imissão provisória na posse, o que não ocorreu. 3. DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer: 1) A citação do réu, por intermédio de sua representação judicial, para, querendo, contestar a presente demanda, no prazo legal, sob pena de revelia; 2) A procedência do pedido, com a finalidade de que o réu seja condenado a indenizar o autor pela prática de desapropriação indireta, em valor justo arbitrado por esse juízo, considerando todos os valores legais que devem ser acrescidos ao valor da coisa, constante na avaliação anexa, inclusive juros compensatórios à ordem de 12% e juros moratórios à ordem de 6% ao ano, nos termos da fundamentação; 3) A designação da audiência prévia de conciliação; 4) Seja procedida à juntada da prova documental, especialmente a que comprova a propriedade do imóvel (Art. 320 do NCPC); 5) A produção de todas as provas admitidas em direito, especialmente por documentos juntados ao processo; 6) A condenação dos réus ao pagamento dos honorários advocatícios e custas processuais (Art. 85 e 82 do CPC); Dá-se a causa o valor de R$ 380.000,00 (trezentos e oitenta mil reais). Nestes termos, pede deferimento. Burgalhadas, 12 de Dezembro de 2018 Charlotte Rio/OAB XXX
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