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Coagulopatias Avaliação do paciente 1) Qual é o contexto? a. Ambulatório => anamnese e escore de sangramento para avaliar quanto esse paciente de fato sangra b. Sala de emergência e cirurgia => tratamento de emergência (identificar a causa e tratar imediatamente) 2) Anamnese: uma história bem detalhada de como é o sangramento (com localização, evolução, como surge, quanto dura) a. História menstrual · SUA menorragia ou metrorragia): como é o fluxo, provoca debilidade etc b. Cirurgias prévias (teve sangramento ou não?) c. Hepatopatia (pois o fígado é um sítio importante de produção de fatores de coagulação) d. Nefropatia pois pode haver interferência na função plaquetária e. QT e RT que podem causar depressão medular f. Uso de medicamentos g. História familiar 3) Exame físico: pele mucosa, FC, TEC, hematomas a. Púrpura: doenças de hemostasia primária (plaquetas) Petéquias, sangramentos de mucosa, menorragia, hemorragia TGI e hematúria b. Coagulopatia: doença de hemostasia secundária (fatores de coagulação) Hematomas musculares, hemorragia em SNC, serosas, após trauma, hemartroses OBS: quando há coagulopatia o SANGRAMENTO É EM MAIS DE UM LOCAL 4) Pacientes em uso de anticoagulante podem sangrar a. Heparinas parenterais, antivitamina K (Warfarina), inibidores diretos (xabanas) · Fatores II, VII, IX e X => dependentes de vitamina K b. Além disso, lembrar que a reversão total leva à coagulação Avaliação Laboratorial 1) Para teste de coagulação não se usa o tubo de coleta com EDTA mas sim contendo citrato de sódio 2) Avaliação da hemostasia primária a. Tempo de sangramento · Duke: lesão puntiforme pré-auricular e marcação do tempo de hemostasia · Ivy: corte pequeno no braço e marcação do tempo de hemostasia b. Fragilidade vascular · Prova do laço: insuflação do manguito entre a sistólica e a diastólica e permanência por 5-10 minutos e observação do aparecimento de petéquias 3) Avaliação da coagulação a. Cascata de coagulação: pode ocorrer por duas vias; na instrínseca a calicreína ativa o fator XII que dá início à cascata de coagulação até a via comum, já na via extrínseca (a mais comum) o ftor tecidual ativa o fator VII que ativa o fator X e dá início à via comum. Via: comum: fator X ativado que ativa a trombina que promove a conversão de fibrinogênio em fibrina b. Tempo de protrombina (TP): mimético de fator tecidual x plasma do paciente para testar o tempo da via extrínseca – avaliação de fatores VII e X, e protrombina · VR: 13 segundos · RNI = (TP paciente/TP normal)^índice de sensibilidade · BOM PARA MONITORAR ANTIVITAMINA K c. Tempo de Tromboplastina Parcial Ativado (TTPA): memético que ativa a via intrínseca – avaliação dos fatores da via intrínseca (XII, XI e IX) · VR: 23 segundos · R = TP paciente/TP normal · BOM PARA MINITORAR HEPARINA d. Tempo de trombina (TT): plasma do paciente x trombina · Avaliação de fibrinogênio e monitoramento da heparina · Avaliação da presença de inibidor de fibrina e. Teste da mistura com plasma normal (TTPAH): para detectar se a coagulopatia é uma deficiência de fator ou inibidor de fator (hemofilia) · Deficiência de fator: normaliza quando se mistura plasma do paciente x plasma padrão · Inibidor: não há normalização na mistura plasma do paciente x plasma padrão -HEMOFILIA Coagulopatias adquiridas Deficiência de vitamina K – diminuição dos fator K dependentes 1) Fatores dependentes: II (trombina), VII, IX e X 2) Alteração de TP e TTPA 3) Causas a. Jejum, dieta pobre, dieta parenteral, leite materno* b. Colestase (colelitíase, hepatopatia, neoplasia) – pois a absorção de Vit.K depende de lipídios/vitamina lipossolúvel c. Warfarina (antagonista do receptor de vitamina K) Hepatopatia 1) Colestase -> diminuição de sais biliares, fatores K dependentes e proteínas C e S 2) Necrose hepatocítica -> menor síntese de fatores de coagulação (todos) 3) Hipertensão portal: alteração e sofrimento da circulação com consumos de plaquetas e plasmina (CIVD) a. Aumento do baço = retenção esplênica de plaquetas Coagulopatias na gravidez 1) DPP, embolia de LA e feto morto retido = fator tecidual = CIVD 2) Atonia uterina = choque que requer TRANSFUSÃO MACIÇA = coagulopatia dilucional, hipotermia (favorece lesão tecidual) Hemofilia adquirida – desenvolvimento de anticorpos inibidores de fator VIII 1) Sangramento espontâneo grave, sem outros episódios, com doença autoimune de base 2) Diagnóstico a. TP, TTPA e TTPAH 3) Tratamento a. IMUNOSSUPRESSÃO Venenos de animais peçonhentos – Jararaca e Lonomia Oblíqua (lagarta) 1) Veneno promove quebra dos fatores de coagulação provocando fibrinólise Púrpura trombocitopênica autoimune (PTI) ou LES: anticorpos antiplaquetas que destroem as plaquetas, por estímulo da fagocitose por macrófagos. Nesse quadro há uma compensação de produção (ou tentativa) 1) Tratamento: imunossupressão/Corticóide, imunoglobulina de alta dose (em emergência – para ocupar competitivamente o lugar do autoanticorpo no receptor do macrófago), agonista de trombopoetina Leucemia 1) Por ser uma doença proliferativa pode haver: linfonodos palpáveis e esplenomegalia 2) Por ser um distúrbio medular onde pode haver invasão de medula e uma baixa produção de hemácias: palidez mucosa 3) Hemograma: aumento de células tronco, com células maduras (incluindo os reticulócitos) baixas ou subnormais OBS: trombocitopenia + ausência de sangramento => Pseudotrombocitopenia (evento in vitro onde há aglutinação plaquetária/”grumos” e a contagem de plaquetas aparenta ser baixa) Aplasia de medula 1) Baixa contagem de reticulócitos e anemia hipoproliferativa + plaquetopenia CIVD – Coagulação Intravascular Disseminada: quadro de inflamação intensa (seja por infecção, trauma ou outras causas) cuja liberação de citocinas provoca exposição de fator tecidual que ativa a agregação plaquetária e formação INTENSA de fibrina e o próprio excesso de fibrina ativa a plasmina e DEPLETA FATORES DE COAGULAÇÃO (pois a própria fibrina leva consigo tPA e plasminogênio) Pacientes diabéticos têm maior risco de CIVD pelo estado hiperinflamatorio constante? OBS: D-dímero: um fragmento específico da fibrina que surge após a degradação 1) Quadro: isquemia de órgãos (pela formação de trombos na microcirculação) + hemorragia TARDIA 2) Causas: DPP, embolia de líquido amniótico, feto morto retido, aneurismas e tumores vasculares, anafilaxia, rejeição de enxertos, envenenamentos, picadas de ofídios, neoplasias, grandes traumas, sepse, COVID e outras 3) Diagnóstico: hemograma + morfologia celular a. Esquizócitos = hemácia fragmentada (pela hemólise no interior dos vasos) b. Trombocitopenia Tratamentos de coagulopatias 1) Reposição de hemocomponentes a. Reposição de PFC => para repor todos os fatores de coagulação b. Reposição de CRIO (fator VIII, fibrinogênio e fator de von Willebrand) c. Reposição do concentrado de plaquetas 2) Reposição de hemoderivado (processado quimicamente e/ou biologicamente) a. Fator VIII b. Fator de von Willebrand c. Complexo pró-trombínico d. Fator VIIa: o efeito não é reposição, mas sim geração de trombina rapidamente · Desenvolvido para tratar sangramentos rapidamente · Efeito pouco duradouro 3) Drogas a. Desmopressina – DDAVP: provoca a liberação do fator de von Willebrand b. Drogas antifibrinolíticas · Ácido tranexâmico e ácido aminocapróico: interfere na ligação do t-PA e plasminogênio na fibrina, com isso há aumento do tempo de tromboplastia e manutenção do coágulo de fibrina c. Vitamina K · Reposição, mas não melhora a coagulação! · Reversão da intoxicação por Warfarina --- Púrpura Trombocitopênica Trombótica (PTT): redução da atividade da enzima ADAMTS13 (responsável pela clivagem de parte do fator de von Willebrand), com isso há agregação plaquetária e formação de agregados e trombos na microcirculação + plaquetopenia + anemia hemolítica (pela destruição da hemácia mecanicamente pelo contato com os agregados plaquetários que subocluem o vaso) 1) Tratamento: transfusão de plasma fresco (para “repor ADAMTS13”) + plasmaférese para filtrar os agregados Hemofilia1) Quadro: homem/menino com sangramento sem uma explicação aparente 2) Uma doença ligada ao X a. Importância: aconselhamento genético 3) Hemofila A: relacionada ao fator VIII 4) Hemofilia B: relacionada ao fator IX Doença de von Willebrand (regulação de fator VIII) 1) Diagnóstico a. ELISA b. Cofator/Ristocetina DANIEL LUCIO WILLING – EPM/UNIFESP Instagram: @danielwilling.med
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