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Processo civil I AULA 1 PETICAO INICIAL 050815

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PETIÇÃO INICIAL 
PROCESSO – meio de solução de conflitos ou lide (Carnelutti). Processo é o complexo de atividades que se desenvolvem tendo por finalidade a provisão jurisdicional (Moacyr Amaral). O processo é o meio de que se vale o Estado para cumprir a função jurisdicional. O processo também pode ser visto como uma relação jurídica que envolve as partes e o juiz, cujo desenvolvimento encontra-se disciplinado em uma norma jurídica que cria direitos e obrigações.
PROCESSO DE CONHECIMENTO é aquele em que a parte busca a afirmação de um direito, demonstrando sua pretensão de vê-lo reconhecido pelo Poder Judiciário, mediante a formulação de um pedido. O Poder Judiciário, diante de uma lide, irá afirmar qual parte possui razão, aplicando as normas do direito material (Ex: Código Civil) ao fato. Caracteriza-se quando toda a atividade e atos se desenvolvem no sentido de buscar uma declaração de certeza quanto à existência ou inexistência de um direito.
Formação do processo de conhecimento – Distribuição e Registro
		O processo de conhecimento tem início com a propositura da demanda em juízo. Não podemos esquecer que o Poder Judiciário é um órgão inerte, pois “o processo começa por iniciativa das partes e se desenvolve por impulso oficial” (art. 2º, CPC).
		O ato de demandar consiste ordinariamente na entrega da petição inicial, que é o instrumento da demanda, no setor adequado do fórum - cartório distribuidor. E o CPC, em seu art. 312, considera proposta a ação quando a petição inicial for protocolada, todavia, a propositura da ação só produz quanto ao réu os efeitos mencionados no art. 240 depois que for validamente citado.
		Feita a entrega da petição inicial no cartório distribuidor, procede-se com o registro e distribuição, conforme preconizado pelo art. 284.
		Assim, a distribuição da ação é procedimento necessário quando se tem diversos juízes com competência para conhecer o pedido deduzido pelo autor na comarca em que o feito foi ajuizado (Ex: na comarca de Caratinga existem duas varas cíveis, de forma que o processo irá ser “distribuído” por sorteio para um dos dois juízes cíveis). É por meio desse ato que se dará a escolha daquele que é, conforme as regras inscritas na lei de organização judiciária, competente para receber e determinar o regular processamento da demanda proposta (Observação: se o processo é de natureza cível ele não pode ser distribuído para um juiz criminal). 
		Antecede normalmente a distribuição, o cálculo e pagamento das custas iniciais, conforme tabela adotada pelo Poder Judiciário da localidade. Recolhidas as custas e encaminhado o feito ao setor de distribuição, dar-se-á, mediante procedimento aleatório, a escolha do juízo a quem se remeterá a demanda. Pertinente registrar que não será necessário proceder com o recolhimento das custas processuais quando a parte estiver postulando os benefícios de gratuidade da justiça, sob a alegação de ser a parte juridicamente pobre. A Lei nº 1.060/50 estabelece as normas para concessão de assistência judiciária aos necessitados.
		Por outro lado, em poucas palavras, registrar a petição inicial é atribuir a ela um número, que servira para identificação do processo e é extremamente útil para consultas das partes e advogados.
		O setor de destruição do fórum também cadastra no seu sistema de informática, que em Minas Gerais é conhecido como Siscom, a qualificação das partes, advogados e a natureza do processo.
		Feito este procedimento, o setor de distribuição encaminha o processo para a secretaria da Vara Cível sorteada, onde o escrivão procederá com a autuação. A autuação consiste em organizar a petição inicial e outros documentos encaminhados pelas partes de forma ordenada, formando um volume sequencial lógico. Na autuação as páginas do processo são numeradas e rubricadas pelo escrivão.
		Feita a autuação, o escrivão faz a conclusão do processo para o juiz, que passará a examinar se estão presentes os pressupostos processuais, condições da ação, bem como se todos os requisitos necessários estão presentes (Ex. Pagamento das custas processuais) para o prosseguimento da demanda. O juiz também examina se a parte fez algum pedido de natureza urgente (Ex: pedido de antecipação de tutela ou de natureza cautelar), ocasião em que deverá decidi-lo. 
		Proposta a demanda e estando a petição inicial de acordo com os requisitos legais, o juiz determina a citação do réu, sendo requisito essencial para a efetividade do contraditório e da ampla defesa.
REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL – ART. 319
		Petição inicial: é a peça escrita que expõe a pretensão concreta do autor ao juiz, requerendo a efetivação do processo até o provimento final, com a consequente declaração do direito material aplicável ao caso concreto posto a apreciação do Poder Judiciário. Através da petição inicial o autor provoca a instauração do processo e faz a delimitação dos fatos e pedidos que serão examinados pelo juiz. Aliás, o juiz ao proferir a sentença fica limitado aos pedidos formulados pelo autor na petição inicial, sendo-lhe proibido julgar além do que foi pedido.
		A petição inicial recebe muitos codinomes nas lides forenses, sendo mais comuns os seguintes termos: “exordial”, “inicial”, “peça vestibular”, “atrial” e “proemial”.
		A importância da petição inicial está no fato de que, através dela, o Poder Judiciário é introduzido às peculiaridades da lide. Ademais, com a exordial, aquele que deseja ver seu conflito solucionado traz os argumentos e provas necessários para convencer o juiz a julgar procedentes os seus pedidos, com a consequênte condenação do réu a satisfazê-los.
		É o art. 319 do CPC que regula os requisitos da petição inicial:
Art. 319. A petição inicial indicará:
I - o juízo a que é dirigida;
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.
		Além dos requisitos do art. 319, temos os requisitos extrínsecos, que não dizem respeito propriamente a ela, mas que fazem parte dela, como alguns documentos essenciais (Ex; certidão de casamento na ação de divórcio, certidão de óbito na ação de inventário), a procuração, o recolhimento das custas processuais, etc.
		Outros requisitos:
- Petição escrita: em razão do caráter documental. 
- Redigida em português. Pode conter expressões em latim ou língua estrangeira, mas de modo parcimonioso, ou seja, sem atrapalhar o seu entendimento. 
- Admite a transmissão via fax, nos termos do art. 2º da Lei nº 9.800/99, porém deve vir com os documentos, guias e tudo o mais necessário.
- Deve ser assinada (sem ela é ato inexistente).
		Também devem estar presentes na petição inicial os pressupostos processuais e condições da ação.
		Os pressupostos processuais são o seu processamento perante juiz competente para a demanda, capacidade das partes, representação por advogado, citação válida, capacidade postulatória, ausência de coisa julgada e litispendência.
		As condições da ação são a legitimidade ad causam e interesse de agir. Saliento que no novo CPC a possibilidade jurídica do pedido não é mais considerada pela grande parte da doutrina como uma das condições da ação.
		A presença dos pressupostos processuais, condições da ação e do rol elencado no art. 319 são todos requisitos de admissibilidade da petição inicial. Todos estes requisitos são examinados pelo juiz e devem estar presentes na petição inicial antes de ser determinada a citação do réu.
		A petição inicial deve estar perfeita para a estabilização daação, porque é por meio dela que se apresentam os limites da demanda, já que sua posterior alteração, supressão ou acréscimo fica restrita as condições estabelecidas no art. 329, do CPC. 
NOTAS SOBRE OS REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL
Indicação do juiz ou tribunal a que é dirigida
		O autor ao ajuizar a ação deve observar as normas de competência (CPC, arts. 42/66). E competência nada mais é do que a fixação das atribuições de cada um dos órgãos jurisdicionais, isto é, a demarcação dos limites dentro dos quais podem eles exercer a jurisdição. Neste sentido, “juiz competente” é aquele que, segundo limites fixados pela Lei, tem o poder para decidir determinado litígio. 
		A petição inicial deve declinar o órgão judiciário a que está sendo endereçada, e não do seu ocupante, o que implica em dirigir a petição inicial a um juízo de 1º grau ou tribunal.
II) Os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
		É necessário analisar a legitimidade do autor e do réu para serem partes, bem como individualizar, distinguir as pessoas naturais e jurídicas das demais. A individualização das partes evita que terceiros sejam indevidamente chamados no lugar da pessoa correta.
		O endereço das partes também é necessário para que seja fixada corretamente a competência territorial.
		Caso a parte não disponha de todas as informações exigidas neste inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção. Igualmente, a petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu (art. 319, §§ 1º, 2º e 3º, do CPC)
III) Indicação do fato e dos fundamentos jurídicos do pedido
		Este inciso também é conhecido como “causa de pedir” ou “causa petendi”. Identificar a causa de pedir é responder à pergunta: porque o autor pede tal providência? Ou, em outras palavras: qual o fundamento de sua pretensão?
		Constitui a causa de pedir o fato ou o conjunto de fatos a que o autor atribui a produção do efeito jurídico por ele visado.
		Como o direito ou interesse a ser tutelado surge em razão de um fato ou um conjunto deles, a parte autora deve descrevê-los na petição inicial. Ex: em uma ação indenizatória por acidente de trânsito, o autor deve descrever como a colisão ocorreu.
		A causa de pedir se constitui: 1. narrativa dos fatos, ordenadamente, que geraram as consequências jurídicas pretendidas; 2. proposta de enquadramento destes fatos na norma de direito material, entendida como fundamento jurídico (ex. responsabilidade contratual, alimentos, etc.).
		Não é necessário que o autor descreva o artigo da lei que embasa o seu pedido, pois cabe ao juiz conhecer a lei e aplicá-la ao fato apresentado na petição inicial. Ou seja, não se exige a citação de dispositivo legal. Prevalece o brocardo “narra mihi factum dabo tibi jus”, ou seja, narra-me o fato que eu te darei o direito, já que cabe ao juiz adequar o fato à lei.
		A narrativa dos fatos deve ser clara, permitindo que o juiz entenda o que aconteceu e o que irá ser pedido pelo autor. Aliás, os fatos e fundamentos jurídicos é que irão servir de base para os pedidos.
IV) O pedido com suas especificações
		A sentença irá julgar procedente ou não os pedidos feitos pelo autor, de forma que os pedidos formulados limitam a atuação jurisdicional. 
		Pedido Imediato: é sempre certo e determinado, é o pedido de uma providência jurisdicional do Estado – Ex: sentença condenatória, declaratória, constitutiva, executória.
		Pedido Mediato: é um bem que o autor pretende conseguir com essa providência. O pedido mediato é a utilidade da sentença, a obtenção do bem jurídico pretendido, tal como a condenação do réu a pagar determinada quantia, a entregar um carro ou desocupar um imóvel.
		Deve haver coerência entre os fatos (causa de pedir) e o pedido.
V) Valor da Causa
		Toda causa deve ter um valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico (art. 291, CPC), pois tal valor se presta a muitas finalidades, tais como ser base de cálculo para a taxa judiciária ou das custas processuais, definir a competência do Juizado Especial (Lei 9099/95, art. 3°, I), base de multa imposta ao litigante de má-fé, etc.
		Os arts. 291 e seguintes do CPC trazem as regras que devem ser utilizadas quando da fixação do valor da causa.
VI) Indicação das provas pelo autor 
		O autor deve especificar na petição inicial as provas que irá utilizar para provar os fatos alegados na petição inicial.
		Contudo, é praxe forense, inclusive aceita pela doutrina e jurisprudência, que a parte autora peça pela produção de todas as provas em direito admitidas. É muito comum a utilização do seguinte texto: “A parte autora provará o alegado fazendo uso de todos os meios de prova em direito permitido, especialmente o depoimento pessoal do réu, testemunhal, documental e pericial”.
		Provas mais utilizadas nos processos: depoimento pessoal, confissão, exibição de documento ou coisa, documental, testemunhal e pericial.
VII) A opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação
		Na petição inicial o autor também deve indicar para o juiz se pretende ou não tentar a conciliação com o réu. Caso o autor pretenda tentar a conciliação com o réu, caberá ao juiz designar uma audiência de conciliação, ocasião em que as partes poderão ou não chegar a um acordo que ponha fim ao processo. Caso o autor não pretenda tentar a conciliação com o réu, o juiz deverá determinar a citação do réu para que este apresente contestação no prazo de 15 dias. Por oportuno, na audiência de conciliação, caso as partes não cheguem a um acordo, o réu terá o prazo de 15 dias para contestar.
DOCUMENTOS ESSENCIAIS DA PETIÇÃO INICIAL
		O autor pode juntar à petição inicial os documentos que entender serem importantes para demonstrar a existência dos fatos constitutivos do seu direito. Contudo, a petição inicial deve ser instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação, conforme determina o art. 320.
		Ou seja, há documentos que são indispensáveis à propositura da ação e sem os quais o pedido não pode ser apreciado pelo juiz.
		A indispensabilidade da juntada do documento normalmente é aferível diante do caso concreto, isto é, depende do tipo de ação que é ajuizada.
		São exemplos de documentos indispensáveis: 
a) a procuração do advogado. Contudo, em casos de urgência admite-se a distribuição sem a presença da procuração, sendo concedido prazo posterior regularização,
b) o comprovante de pagamento das custas processuais se a parte não estiver litigando sob o pálio da justiça gratuita;
c) a certidão de óbito nas ações de inventário.
d) a certidão de casamento quando houver pedido de divórcio.
e) a certidão de nascimento quando o menor estiver pedindo a condenação do pai ao pagamento de alimentos, já que a certidão de nascimento prova a relação de parentesco.
f) quando o autor se tratar de pessoa jurídica, para demonstrar que o outorgante tem poderes e é o seu representante, há necessidade da juntada da cópia do estatuto ou contrato social, acompanhado do ato pelo qual foi nomeado o signatário para o cargo representativo.
		Assim, não podemos confundir documentos indispensáveis com os documentos úteis, já que estes não são essências para o início da demanda. Trago o seguinte exemplo: em uma ação indenizatória que verse sobre acidente de trânsito, o autor deve apresentar o documento do Detran que comprove ser o proprietário do carro abalroado, já que se trata de documento indispensável. Contudo, o laudo pericial comprovando que o réu foi o causador do acidente não é documento indispensável, mas útil, pois tal fato pode ser provado por outro meio de prova, a exemploda prova testemunhas.
		Faço tal observação pois é na petição inicial que o autor deve juntar todos os demais documentos que irá utilizar no curso do processo, tanto os documentos indispensáveis como os documentos úteis, sob pena de preclusão (art. 507 – preclusão é a perda do direito da parte praticar determinado ato no processo). Constitui exceção a possibilidade do autor juntar documentos fora da petição inicial.
		Vejamos o que diz o CPC:
Art. 434. Incumbe à parte instruir a petição inicial ou a contestação com os documentos destinados a provar suas alegações.
Parágrafo único. Quando o documento consistir em reprodução cinematográfica ou fonográfica, a parte deverá trazê-lo nos termos do caput, mas sua exposição será realizada em audiência, intimando-se previamente as partes.
Art. 435. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos documentos novos, quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados ou para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos.
Parágrafo único. Admite-se também a juntada posterior de documentos formados após a petição inicial ou a contestação, bem como dos que se tornaram conhecidos, acessíveis ou disponíveis após esses atos, cabendo à parte que os produzir comprovar o motivo que a impediu de juntá-los anteriormente e incumbindo ao juiz, em qualquer caso, avaliar a conduta da parte de acordo com o art. 5o.

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