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Prova psicologia do cotidiano

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Avaliação Psicologia do Cotidiano - 05K 2021.1 
Laura Jacob - 31970613 
Maria Clara Palazzi - 31909612 
 
Análise do texto Estrutura da vida cotidiana de Agnes Heller 
Não tem como fugir da vida cotidiana. Agnes Heller em sua obra Estrutura da vida cotidiana 
afirma que a vida cotidiana é a vida de todo homem, ou seja, todas as pessoas vivem a vida cotidiana. 
Não tem como escapar. É impossível desligar-se completamente da cotidianidade pois o homem já 
nasce inserido nela e absorvido por ela e o amadurecimento do homem significa que ele já é capaz de 
viver por si mesmo a sua cotidianidade. 
A vida cotidiana é a vida do homem inteiro. Nela, o homem participa com todos os aspectos de 
sua personalidade. E a vida cotidiana é composta por tudo que faz parte da vida do homem, seu trabalho, 
sua vida privativa, lazer, atividades sociais, etc.. Na vida cotidiana, o homem coloca em movimento 
todas as suas habilidades, capacidades, sentimentos, projetos e paixões sem que ele viva e absorva todos 
esses aspectos. 
Além disso, a vida cotidiana é heterogênea. Ela solicita todas as nossas forças e capacidades, o 
"homem por inteiro", mas sem exigir com maior intensidade qualquer uma dessas forças. Trata-se, 
então, do "homem inteiramente", que concentra todas as suas forças e habilidades conscientemente e 
autonomamente em determinadas atividades, exercendo sua função de ser social livre. 
Ao mesmo tempo, a vida cotidiana é a vida do indivíduo particular e do indivíduo genérico. A 
particularidade está na forma específica que o indivíduo processa a sociabilidade e como ele responde 
a ela. O homem, afinal, é relativamente livre, pois ele sempre estará sob a manipulação social. O 
desenvolvimento do indivíduo depende de sua liberdade que envolve suas habilidades individuais e das 
condições sociais externas. 
O humano-genérico é o homem por inteiro. A busca pelo humano-genérico exige iniciativas 
que tendam para além da vida cotidiana e é estimulada pelo desejo que orienta nessa direção sustentada 
nas capacidades individuais e condições materiais, buscando derrubar as barreiras sociais. Ele está 
inserido no desenvolvimento da humanidade. O homem é um ser genérico, já que é produto das relações 
sociais, realizador do desenvolvimento humano. 
Agnes Heller destaca a possibilidade da particularidade triunfar sobre o humano-genérico. O 
cotidiano privilegia a particularidade, restringindo a consciência do humano-genérico, e promove uma 
unidade silenciosa entre a particularidade-individual e a genericidade-humana. 
A vida cotidiana é espontânea, possui ritmo fixo, repetição e regularidade, e tende a estimular 
os sujeito a se moverem a partir de probabilidades. O pensamento cotidiano se orienta para as atividades 
cotidianas, estimulando a unidade entre pensamento e ação cotidiana. A práxis, ação reflexiva e 
transformadora, só pode existir quando há atividade humano-genérica consciente, renovando as coisas 
ao seu redor. 
 
A vida cotidiana, por ser completamente pragmática, tende a exigir que os homens contem com 
a fé e a confiança. e ainda assim eles são incapazes de dominar a vida na sua totalidade. A confiança e 
a fé são necessárias porque o conhecimento no cotidiano é limitado. 
 Outra característica da vida cotidiana é o estímulo de juízos ultrageneralizadores, se 
sustentando em juízos provisórios que nos oriental para que não façamos qualquer contestação. Juízos 
provisórios são inevitáveis assim como a vida cotidiana é. O problema ocorre quando esses juízos se 
cristalizam, na verdade ou em preconceitos, e são utilizados plenamente para guiar a individualidade. 
Recorremos às ultrageneralizações porque não temos tempo para avaliar cuidadosamente todos os 
aspectos da vida cotidiana. Sem elas, não conseguiríamos nos orientar. 
 A vida cotidiana estimula a imitação. Não há vida cotidiana sem imitação. Ela é necessária para 
assimilarmos a realidade social. O problema está em produzir e criar para superar a imitação e 
configurar novos procedimentos e atitudes. Além disso, a vida cotidiana possui uma entonação que é 
fundamento para construir a individualidade e fazer o debate com outros tons. Esse tom, fechado a si 
mesmo, não aberto para debate, é um tom que ultrageneraliza. 
A alienação-estranhamento na vida cotidiana aparece quando as características da vida se 
cristalizam, e envolvem o ser, sua individualidade, impedindo que ele se movimente e crie para além 
da cotidianidade. Desta forma, o nível da vida cotidiana é certamente propenso à alienação-
estranhamento, pois naturalmente separa o ser e a sua essência, rompe com o ponto de vista da 
totalidade. Entretanto, a vida cotidiana não é, em si, alienada. O problema está em compreender sob 
quais condições ela se desenvolve e se os seres humanos possuem algum controle sobre ela. Em geral, 
existe alienação-estranhamento quando há um abismo entre o desenvolvimento humano-genérico e as 
possibilidades de desenvolvimento dos indivíduos humanos, ou seja, quando existem barreiras sociais 
– certamente impostas por dada sociabilidade - que impedem que a produção humano-genérica seja 
feita e apropriada conscientemente pelo indivíduo. 
Em suma, a condução da vida não supõe eliminar o cotidiano e a cotidianidade, mas 
reposicionar a coexistência entre a particularidade e a genericidade como uma relação consciente do 
indivíduo com o humano-genérico. Essa relação deve ordenar e organizar, livremente, as heterogêneas 
atividades da vida. Não é impossível dedicar-se à condução da vida, mesmo enquanto as condições 
econômico-sociais ainda favorecem a alienação e o estranhamento. Essa atitude-postura é fundamental 
e representativa e funciona como provocação e desafio à desumanização. "A homogeneização contribui 
com a superação dialética da particularidade, a saída provisória da cotidianidade e a elevação ao 
humano-genérico". 
 
HELLER, Agnes. O cotidiano e a história. 11º ed. São Paulo / Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2016. 
 
 
 
 
 
 
Análise do texto Trabalho e obra de Hannah Arendt 
 
 No desenvolvimento do texto ”trabalho, obra e ação”, Hannah Arendt realiza uma análise a 
respeito do que é específico e genérico na condição humana através da compreensão das atividades, já 
que caracteriza a condição humana como algo mais complexo do que as condições nas quais a vida foi 
dada ao homem na terra. Para análise, utiliza a expressão "vita activa" que corresponde, portanto, mais 
à ocupação, desassossego, sendo carregada de muitos significados. É a vida humana na medida em que 
um indivíduo se empenha ativamente em fazer algo, ou seja, é um modo de viver fora da alienação 
social, o homem não deve apenas subsistir, mas viver plenamente, interagindo com os seus pares, 
influenciando as alterações do mundo. A “vita activa'' tem seus fundamentos em um ambiente 
essencialmente humano ou de coisas criadas pelos homens, pode ainda ser extraído de um agrupamento 
fundamental de atividades humanas, que, inclusive, são marcas características da própria condição 
humana. A partir disso, Hannah pretende designar três atividades humanas fundamentais, sendo elas o 
labor (obra), o trabalho e a ação; e as compreende como atividades fundamentais, pois a cada uma delas 
corresponde uma das condições básicas mediante as quais a vida foi dada ao homem na Terra e realiza 
sua definição. 
Segundo Arendt, obra consiste na atividade que corresponde ao processo biológico do corpo 
humano, cujo crescimento espontâneo e metabolismo tem a ver com as necessidades vitais produzidas 
pelo labor no processo da vida, uma vez que o mesmo corresponde ao movimento circular de 
nascimento, desenvolvimento e perecimento, ele é o espaço natural da manutenção da vida, que tem 
por objetivo garantir a conservação da espécie humana. Assim, tendo em vista que a ação visa assegurar 
a preservação do gênero humano, a suaatividade consiste em satisfazer as necessidades fisiológicas da 
existência humana. 
 Hannah diz que o ciclo da vida biológica, inclusive a humana, é sustentado pelo consumo e 
pela atividade. O que provê os meios de consumo é a atividade, neste caso, o trabalho. O Trabalho seria 
a atividade correspondente ao artificialismo da existência humana, produzindo um mundo artificial de 
coisas diferentes do ambiente natural. O trabalho visa produzir para facilitar e estabilizar a vida humana, 
é a condição humana do materialismo, ao que é concreto ao homem, suas criações, suas marcas no 
mundo; é uma atividade da “vita activa'' que permite o contato e a troca de informações entre os seres 
humanos. Segundo Hannah Arendt, a partir do trabalho o homem pratica a troca em todos os sentidos 
para cumprir sua permanência na terra. A condição humana do trabalho é a mundanidade. Uma das 
qualidades vista dessa condição humana é a criação, e o registro, em código próprio, da informação e 
de sua representação, já que, com a apropriação e elaboração gera-se o conhecimento. 
O último dos elementos da “vita activa'' abordado por Arendt é a ação, esta é a única atividade 
que se exerce diretamente entre os homens sem a mediação de coisas, corresponde à condição humana 
da pluralidade, caracterizada pela vida política, é o elemento da interpessoalidade e o ambiente da 
intersubjetividade, ou seja, ocorre entre os homens, visto que a ação exige uma diversidade interativa, 
ela particulariza os homens. Ela promove a aparição de individualidades e possibilita a construção de 
identidades. Ora, o homem jamais poderá manifestar a sua singularidade no isolamento. Dentre todas 
as atividades necessárias e que estavam presentes nas comunidades humanas, somente a ação e o 
discurso eram consideradas políticas, logo, em razão de ser desenvolvida entre pessoas, a ação é 
observada de forma destacada da obra e do trabalho, tais elementos não a influenciam. 
 
 Segundo Hannah, em sua qualidade humana, a ação, o discurso e o pensamento têm muito mais 
relações entre si do que qualquer um deles tem com o trabalho ou a obra. a ênfase deixou de ser na ação 
e passou para o discurso, como meio de persuasão e forma humana de responder, replicar e enfrentar 
os acontecimentos ou o que é feito. O ser político, o viver numa polis, significava que tudo era decidido, 
não através de força ou violência, mas sim mediante palavras e persuasão, ou seja, através do discurso, 
pois é através do discurso e da ação que os seres humanos se manifestam uns com os outros. Ou seja, é 
através do discurso e da ação que os seres humanos se distinguem e se conhecem uns aos outros. 
 Por meio das narrativas da autora pode-se perceber que os três eixos principais da condição humana 
(obra, trabalho e ação) atuam interligados no cotidiano da vida dos trabalhadores, não sendo possível 
entendê -los de forma fragmentada. Isso se deve porque o ser humano não se baseia em apenas uma 
perspectiva, mas sim, por um conjunto de fatores que se complementam, como as atividades 
correspondentes a necessidades vitais, a necessidades mecânicas, de se movimentar e de criar objetos, 
e a necessidade de agir na busca de criar um ambiente propício para a condição humana em toda sua 
dimensão. 
 Portanto, o labor em demasia gera uma sociedade sem profundidade e fadada ao esquecimento, 
a partir do momento em que o indivíduo decide viver apenas para satisfazer seus prazeres e suas 
necessidades, esquecendo o coletivo, cria-se uma estagnação, uma morosidade social, visto que sem 
trocas entre os indivíduos de uma sociedade, não há desenvolvimento político. Já o trabalho em excesso 
pode condicionar o homem de forma 
prejudicial, visto que a mundanidade, ou seja, a criação do meio ambiente artificial, das utilidades, dos 
bens pode ir contra o próprio homem, tornando sua vida alienada e moralmente improdutiva. A ação é 
a atividade que deve ser desenvolvida em uma sociedade que busca se perpetuar, uma vez que a 
subjetividade, as relações entre os indivíduos trazem avanços sociais e políticos, que podem ser 
observados em sentido macro dentro de um grupo social em construção. 
 Por fim, como evidenciado, labor e trabalho devem ser contidos, pois seus excessos acarretam 
danos à sociedade, conforme já analisado. O balanceamento das três atividades precisa ser bem 
administrado e, para isso, é necessário a união de esforços entre o Estado brasileiro (poder público) e a 
sociedade civil. 
 
ARENDT, Hannah. A Condição Humana. 10ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Primeira Avaliação Intermediária 
 
 
1) Com base nos conceitos desenvolvidos por Agnes Heller (cotidiano, 
particularidade-individual e genericidade-humana, juízos ultrageneralizadores, 
preconceito, fé, confiança e arte), analise o poema “Da aparência”, escrito por 
Bertolt Brecht. 
Da aparência 
Bertolt Brecht 
Desconfie do mais comum. 
Examine o que parece habitual. 
Não aceite o óbvio como coisa natural, 
pois em tempo de desordem, 
de confusão organizada, 
de arbitrariedade consciente, 
de humanidade desumanizada, 
nada deve parecer natural, 
nada deve parecer impossível de mudar. 
Estranhe o que não for estranho. 
Tome por inexplicável o habitual. 
Sinta-se perplexo ante o cotidiano. 
Trate de achar um remédio para o abuso, 
mas não se esqueça de que o abuso é sempre a regra. 
 
O cotidiano, segundo Agnes Heller, é o espaço e tempo no qual todos os homens vivem. Não 
tem como fugir, pois ele absorve a todos de forma predominante. No poema "Da aparência", o autor 
Bertolt Brecht descreve situações comuns do cotidiano, onde devemos desconfiar das coisas, examinar, 
questionar e até estranhar. 
Todo indivíduo é, ao mesmo tempo, um ser particular-individual, ou seja, que busca a satisfação 
das necessidades do eu, e um ser humano-genérico, que é a consciência do nós, do coletivo. Isso faz 
com que o homem, simultaneamente, busque suprir suas necessidades e desejos, e que também tenha 
consciência de que vive em sociedade. Porém, muitas vezes esses dois pólos são conflitantes. Todo o 
ser está na possibilidade de se elevar o máximo possível no plano da humanidade genérica, porém estas 
situações se tornam cada vez mais complexas na sociedade. E são nessas situações complexas e 
conflitantes que se aplica o verso do autor "nada deve parecer impossível de mudar". 
Os juízos ultrageneralizadores facilitam o dia-a-dia do homem orientando-o, pois este não tem 
tempo de examinar cuidadosamente todos os aspectos da vida cotidiana. Ao mesmo tempo que esses 
juízos ajudam o indivíduo, eles também podem gerar conflitos pois não são baseados em algo concreto 
e acabam resultando em conformidade e preconceito. O autor traz uma solução para isso nos versos 
"não aceite o óbvio como coisa natural", falando em relação com conformismo, e "estranhe o que não 
for estranho, tome por inexplicável o habitual", falando sobre os preconceitos. 
 Falando mais especificamente sobre o preconceito, este possui dimensão afetiva e por conta 
disso é impossível eliminá-lo recorrendo apenas à razão. Crer nesses preconceitos é cômodo para o 
indivíduo, olhando pelo lado particular-individual, pois o protege de conflitos. Mas, olhando pelo lado 
humano-genérico, isso traz muitos problemas para a sociedade como um todo. Diante disso, o indivíduo 
deve seguir a orientação do autor: "sinta-se perplexo ante o cotidiano. Trate de achar um remédio para 
o abuso mas não se esqueça que o abuso é sempre a regra". Esse final "o abuso é sempre a regra" faz 
 
referência ao fato de que nunca vamos nos livrar dos juízos ultrageneralizadores, do conformismo e dos 
preconceitos, mas devemos sempre questionar cada um deles para buscar o que realmente é verdade e 
o que não é. Segundo Heller, a vida cotidiana é baseada na fé e na confiança mais do que em evidências 
empíricas,e isso só destaca a importância de questionarmos, examinarmos, e estranharmos a vida 
cotidiana, como sugere o autor. 
 
 
 
2) Utilize os conceitos de trabalho, obra e ação para interpretar o texto “A distopia 
ambiental a um passo”, produzido por Roberto Andrés e publicado pelo site 
“Outras Palavras”. 
Há uma tragédia ambiental em curso no planeta e o Brasil está na vanguarda. Os 
impactos são tremendos, mas não recebem a atenção devida. E não estamos falando 
de um mundo pior para os nossos netos: os efeitos da destruição acelerada das 
condições de vida na Terra já estão aí e se intensificarão nos próximos anos. Um 
exemplo: os surtos de doenças como dengue e febre amarela em Minas Gerais podem 
ter relação direta com os crimes da Vale em Mariana e Brumadinho, apontam 
especialistas da Fiocruz. O mar de lama matou milhares de animais, dentre eles 
predadores dos mosquitos. Com os rios contaminados, a população passa a 
armazenar água em condições precárias. Os mosquitos se proliferam e as doenças e 
mortes vão às alturas. As condições de vida na Terra dependem de um fino equilíbrio. 
Se começamos a sentir os efeitos destrutivos do rompimento de barragens de rejeitos, 
o que dizer de processos extensivos e continuados como a emissão excessiva de gás 
carbônico, o desmatamento e o envenenamento das terras e águas?Somente nos 
primeiros cinco meses deste ano, o Brasil liberou 169 novos agrotóxicos – mais do 
que em todo o ano de 2015. No nosso país são permitidos agrotóxicos altamente 
perigosos para a saúde, que já foram proibidos na maior parte dos países da Europa 
– onde estão os donos de boa parte das fabricantes dos pesticidas. Sabe-se que esses 
agrotóxicos causam doenças como depressão, câncer e Parkinson, e que há pouco 
controle de sua contaminação pela infiltração no solo e nas águas. Segundo dados 
oficiais, ao menos oito pessoas são contaminadas diariamente por agrotóxicos no 
Brasil, mas este dado tende a ser muito maior graças a subnotificação e 
contaminação indireta. O desmatamento na Amazônia nos primeiros quinze dias de 
maio foi o maior da última década. A gravidade da destruição da floresta Amazônica 
para as condições climáticas no Brasil é enorme. Em um artigo brilhante, o 
climatologista Antonio Nobre demonstra que a Amazônia funciona como um 
importante regulador do clima na parte sul do continente, garantindo as chuvas e 
protegendo a região de eventos extremos. O pesquisador demonstra como a floresta 
bombeia água do solo para a atmosfera, criando rios voadores que irrigam o 
continente: “se a floresta for removida, o continente terá muito menos evaporação do 
que o oceano contíguo, o que determinará uma reversão nos fluxos de umidade, que 
irão da terra para o mar, criando um deserto onde antes havia floresta”. A conclusão 
do autor é de que “o caos climático previsto tem o potencial de ser 
incomensuravelmente mais danoso do que a Segunda Guerra Mundial. O que é 
impensável hoje pode se tornar uma realidade incontornável em prazo menor do que 
esperamos”. E a tragédia não termina aí. Quem acompanha o debate das mudanças 
climáticas sabe que o aquecimento do planeta acirrará problemas de escassez de 
https://www.brasildefato.com.br/2019/05/14/surto-de-dengue-pode-ter-sido-agravada-por-crime-da-vale-em-brumadinho/
https://www.brasildefato.com.br/2019/05/14/surto-de-dengue-pode-ter-sido-agravada-por-crime-da-vale-em-brumadinho/
https://reporterbrasil.org.br/2018/12/agrotoxicos-proibidos-europa-sao-campeoes-de-vendas-no-brasil/
https://br.noticias.yahoo.com/bolsonaro-desmatamento-amazonia-213242929.html
https://piseagrama.org/o-futuro-da-amazonia/
 
recursos naturais, desigualdade social, doenças e tragédias “naturais”, de modo 
impossível de se prever – como ninguém previa que o rompimento de barragens de 
minérios levaria a epidemias de dengue. Os governantes autoritários mundo afora, 
com seu desprezo ignorante pelo aquecimento do planeta e pela destruição ambiental, 
têm mostrado que dominam muito bem as fórmulas capazes de destruir as condições 
de vida que conhecemos, tão dependentes dos ciclos das águas. 
 
 A ação é considerada por Arendt como a única das três atividades relacionadas com as condições 
da existência humana que compõem a vida ativa que ocorre diretamente entre os homens, uma vez que 
ela corresponde à condição humana da pluralidade. Em relação ao texto de Andrés, dentre todas as 
características que favorecem distopias, a maior delas parece ser o nosso empenho em converter o 
planeta em um lugar inóspito para nós mesmos, pois Infelizmente, temos sido muito dedicados na 
construção de uma sociedade distópica, a despeito de nossas condições naturais positivas. 
 Tendo em vista que a ação é a forma política pela qual os homens podem manifestar a liberdade 
humana, por meio da expressão de suas opiniões, suas histórias e experiências comuns, por meio das 
palavras e atos, a ação consiste em estabelecer novas relações. Isto, tomado como uma imposição da 
sociedade por meio de normas e regras através das quais espera que seus respectivos integrantes adotem 
um modo de vida em que a ação espontânea não mais aconteça. Com isso, a sociedade espera reduzir o 
ser humano a um todo uniforme, gerando o conformismo. Uma possível consequência do 
comportamento conformista perante as regras ditadas pela sociedade contemporânea é a de que o 
integrante desse atual modelo de sociedade toma o consumo como algo para além das suas necessidades 
básicas, a saber, como modo de estar transversal a todas as dimensões da vida, sendo cada vez mais 
incentivado pelo forte apelo das propagandas e influências midiáticas. 
 Para Arendt, o trabalho está diretamente relacionado com a atividade que corresponde ao 
processo biológico do corpo humano e assegura não apenas a sobrevivência do indivíduo, mas a vida 
da espécie. Já a obra tem como condição humana a mundanidade, na qual os recursos para a existência 
humana são conquistados por meio da fabricação de objetos mais duráveis do que aqueles que o trabalho 
produz, tendo em vista que estes últimos são feitos para serem consumidos. Para mais, são eleitas duas 
características distintas entre o animal laborans e o homo faber; para o animal laborans a vida social é 
incapaz de construir ou habitar o domínio público, mundano; e o homo faber é descrito como dotado da 
capacidade de ter um domínio público próprio, embora não possa ser um domínio político propriamente 
dito. 
 O domínio público próprio do homo faber consiste no mercado de trocas, no qual esse exibe o 
produto de sua mão para a estima, barganha ou permuta, impulsionando o que é chamado de sociedade 
comercial. Nessa atividade, em que produtos adquirem algum tipo de valor, acaba prevalecendo o 
econômico ou o privado, em detrimento ao que é público. Acontece nesse movimento uma inversão 
daquilo que pertence ao âmbito do que é privado e do que é público. Por conta disso, Arendt sustenta 
que a Era Moderna é vitória do animal laborans sobre o homo faber, tendo em vista o triunfo do consumo 
sobre o uso. Desse modo, o homem moderno vive numa sociedade de consumidores marcada por dois 
estágios de um mesmo processo: o trabalho e o consumo. Dentro deste processo ocorre a apropriação 
da atividade do labor como um processo natural, por conta da satisfação das necessidades e desejos, e 
da expropriação dos objetos adquiridos. Ou seja, os objetos fabricados, feitos através da obra, ficam 
mais parecidos com os objetos do trabalho, tendo em vista que são facilmente utilizados, descartados e 
rapidamente substituídos. Assume-se, assim, uma atitude de consumo sobre todo o tipo de coisas, pois 
não se considera mais a durabilidade dos objetos. Essa impermanência dos objetos aponta para o 
descuido com o mundo como espaço para habitação. 
 Diante disso, encontram-se aspectos que remetem à sociedade contemporânea, uma vez que os 
objetosde consumo não apresentam, em sua maioria, a característica da durabilidade. Soma-se a isso a 
https://edition.cnn.com/2019/05/28/politics/new-york-times-trump-administration-climate-change-report/index.html
 
oferta massiva de produtos que prometem atender aos desejos humanos, ditados pelas normas da 
sociedade, como também a diminuição dos recursos naturais do planeta. Acerca da relação do conceito 
de sociedade de consumo para atuação junto da ética ambiental, toma-se como elo a afirmativa de que 
o consumo excessivo é considerado como a principal causa de danos ambientais. Isso ocorre porque 
envolve a produção e o uso de bens materiais que possuem no ambiente natural sua fonte de matéria 
prima, causando deste modo o esgotamento dos recursos naturais. Além disso, o mesmo ambiente serve 
como espaço para o descarte quase sempre realizado de modo incorreto dos resíduos oriundos dos 
referidos bens, o que acaba provocando desastres ambientais pesarosos. 
 Esse desinteresse pelo mundo comum, num modelo de comportamento individualista, proporciona 
ao indivíduo uma nova alienação do mundo, dessa vez, para dentro de si mesmo; pois ele é sempre e a 
todo momento preocupado consigo mesmo. Em vista disso, cabe trazer a crítica que Arendt faz à 
sociedade de consumo, ao considerar que não há bens de consumo suficientes para satisfazer o apetite 
crescente dessa sociedade negligente.

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