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Imaginologia
Miriãn Ferrão Maciel Fiuza 
Agentes mutagênicos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Listar os principais efeitos celulares e moleculares da radiação na 
clínica médica.
 � Reconhecer efeitos determinísticos, estocásticos e somáticos (gené-
ticos e hereditários) das radiações.
 � Diferenciar agentes mutagênicos físicos, químicos e biológicos.
Introdução
O dano ao material genético é intrínseco às diversas exposições que o 
organismo é submetido, podendo ocorrer por clivagem das ligações 
químicas, pela reação com substâncias genotóxicas ou por agentes am-
bientais, como a radiação.
Neste capítulo, você vai estudar os principais efeitos celulares e mole-
culares da radiação, bem como seus efeitos determinísticos, estocásticos e 
somáticos. Também vai estudar a diferença entre os agentes mutagênicos, 
físicos, químicos e biológicos. 
Efeitos celulares e moleculares da radiação
O dano ao material genético é intrínseco aos diversos processos aos quais 
o organismo está submetido. Ele pode ocorrer de várias formas, como pela 
clivagem espontânea das ligações químicas do DNA, pela reação com subs-
tâncias genotóxicas (que são subprodutos do metabolismo celular normal ou 
que ocorrem no ambiente) e pela ação de agentes ambientais, como radiações 
ultravioleta e ionizante. 
As radiações ionizantes são radiações de alta energia e pequeno compri-
mento de onda, que podem danificar o DNA de forma direta ou indireta, sendo 
capazes de tornar as moléculas altamente instáveis e suscetíveis a reações 
químicas. Como a energia da radiação é inversamente proporcional ao seu 
comprimento de onda, a radiação ionizante penetra mais profundamente nos 
tecidos do que a ultravioleta, provocando ionização das moléculas encontradas 
em seu trajeto (LODISH et al., 2014; KLUG et al., 2009).
Na forma de ação indireta, a radiação ionizante penetra na célula, e os 
átomos das moléculas são ejetados. Desse modo, átomos e moléculas es-
táveis são transformados em radicais livres, que são substâncias químicas 
que contêm um ou mais elétrons alterados, como pode ser visto na Figura 1. 
Essas substâncias se combinam com o material genético, gerando erros no 
pareamento das bases durante a duplicação e rompendo as ligações açúcar-
-fosfato, causando assim quebras cromossômicas, deleções, translocações 
e fragmentação de cromossomos. Além disso, as alterações em purinas ou 
pirimidinas podem resultar em mutações pontuais, aquelas em que ocorre a 
troca de um único par de bases. 
Já na forma de ação direta, a radiação ionizante pode atacar diretamente, ou 
seja, ionizar a desoxirribose no esqueleto de DNA. A sensibilidade a radiações 
difere conforme o tipo celular, o lócus gênico, o sexo e os fatores ambientais, 
sendo que os cromossomos são mais suscetíveis do que os genes. Deve-se 
levar em consideração que a dose de radiação tem resultado cumulativo no 
organismo, sendo assim, toda vez que um indivíduo estiver exposto à radiação, 
a dose da última radiação deve ser somada à quantidade já recebida (BORGES-
-OSÓRIO; ROBINSON, 2000; KLUG et al., 2009). 
Figura 1. (a) Molécula estável e normal; (b) radicais livres com elétron ausente.
Fonte: Adaptada de Tefi/Shutterstock.com.
(a) (b)
Agentes mutagênicos2
No processo de ionização, forma-se um par de um íon negativo (elétron 
ejetado) e um íon positivo (átomo que perdeu um elétron). A radiação ionizante 
tem capacidade de arrancar qualquer elétron se tiver energia superior à energia 
de ligação do elétron ao átomo. Entre o espectro das ondas eletromagnéticas, 
somente os raios X e gama são radiação ionizante, quer dizer, somente eles têm 
energia suficiente para ionizar os átomos. Os fótons dessas radiações perdem 
sua energia a partir de uma única interação com átomos, ejetando elétron deles. 
Além disso, eles também podem transpassar um meio sem interagir. Não há 
material nem forma de blindar todos os fótons, sendo essa uma das razões da 
necessidade de proteção radiológica que define regras quanto à quantidade 
de exposição à radiação que as pessoas podem receber. 
Os átomos do corpo humano estão unidos por forças elétricas. Sendo 
assim, quando uma partícula ionizante arranca um elétron de um dos átomos 
do organismo, pode resultar em quebra de molécula por desestabilização 
(BORGES-OSÓRIO; ROBINSON, 2000; OKUNO, 2013).
A célula tem várias macromoléculas; no entanto, as estruturas sensíveis à 
radiação estão localizadas no núcleo celular. Se uma molécula-chave, como 
o DNA, for danificada, poderá ocorrer morte celular. Inclusive, esse tipo de 
lesão é a principal causa de morte celular provocada pela radiação. 
A radiação ionizante acarreta diversas alterações estruturais na célula. Entre 
os seus principais efeitos moleculares está a quebra das fitas de hidrogênio, 
a quebra ou degradação molecular e o cruzamento inter e intramolecular. 
As quebras de fita simples são mais facilmente reparadas de que as de fita 
dupla. Além do mais, as quebras de fita dupla são lesões bastante genotóxicas, 
que podem gerar anomalias cromossômicas. 
A instabilidade genética ocasionada pela quebra persistente ou pelo mau 
emparelhamento da fita dupla pode resultar em carcinogênese. Os cruza-
mentos que podem ocorrer são entre duas moléculas de DNA, entre DNA e 
proteína e entre dois pares de base dentro da dupla hélice de DNA. A perda 
ou alteração de uma base nitrogenada resulta em uma mutação. Embora essas 
possam ter importantes implicações, alterações no DNA são discretas e podem 
não resultar em alterações estruturais dos cromossomos (MOREIRA, 2011; 
STRACHAN; READ, 2016). 
Conforme a Lei de Bergonié e Tribondeau, a sensibilidade à radiação é 
maior nas células que têm elevada taxa mitótica e são indiferenciadas. Além 
desses pesquisadores, Rubin e Casarett diferenciaram cinco tipos celulares, 
conforme as particularidades que afetam a sua sensibilidade radiológica. 
São elas: 
3Agentes mutagênicos
 � células intermitóticas vegetativas, com sensibilidade radiológica muito 
grande;
 � células intermitóticas diferenciadas, com sensibilidade radiológica 
grande; 
 � células do tecido conjuntivo multipotencial, com sensibilidade radio-
lógica intermediária; 
 � células reversoras pós-mitóticas, com sensibilidade radiológica grande;
 � células fixas pós-mitóticas, com sensibilidade radiológica muito grande. 
Em relação ao ciclo celular, o estágio do ciclo reprodutivo afeta muito a 
sensibilidade da célula. Normalmente, as células são mais sensíveis durante 
a mitose (fase M) e a síntese de RNA (G2). São menos sensíveis no período 
de preparação para a síntese de DNA (G1), e menos ainda durante a síntese 
de DNA (fase S) (MOREIRA, 2011; KLUG et al., 2009). 
Os efeitos celulares da radiação podem ser diversos, pois a resposta dos 
sistemas à radiação depende não só da dose, mas também da sensibilidade 
radiológica das células e do estroma de suporte. O período de início de resposta 
do organismo após a exposição à radiação é inversamente proporcional à 
dose. Quanto mais alta a dose, menor é o espaço de tempo até que apareçam 
manifestações fisiológicas, chamado de período de latência. Na maior parte 
dos casos, não se pode diferenciar a lesão ou patologia provocada pela radiação 
da que ocorre naturalmente. As reações teciduais surgem somente acima da 
dose limiar, valor que varia conforme o tipo de radiação e o tecido irradiado.
Já vimos que um dos principais efeitos da radiação é a morte celular. Nesse 
caso, se poucas células morrerem, o efeito pode passar despercebido; no entanto, 
se um grande número de células de um órgão morrer, o seu desempenho pode 
ser afetado. Além da morte celular, podem ocorrer mutações celulares que 
causam impacto nas divisões celulares subsequentes. 
Os primeiros efeitos biológicos da radiação surgem na pele exposta, pois o 
calor emitido é tão forte que, normalmente, queima mais do que a exposição 
prolongada ao sol. Os efeitos aparecem sob a forma deeritema e dermatite 
por radiação aguda, sendo que a pele pode ficar totalmente danificada, visto 
que as células não resistem ao calor emitido pela reação. Além dos fatores 
citados anteriormente, a intensidade do dano depende também da localização 
e extensão da exposição (MOREIRA, 2011; LODISH et al., 2014).
Agentes mutagênicos4
Segundo a Comissão Internacional de Proteção Radiológica, a dose limiar é a dose 
estimada que causa incidência de reações teciduais em 1% dos tecidos irradiados, 
e seu valor é dependente do tipo de radiação e do tecido exposto. A unidade de 
dose absorvida de radiação é representada por Gray, ou, de forma abreviada, Gy, 
e corresponde à energia média da radiação ionizante depositada por unidade de 
massa da matéria. 
O limiar de dose para induzir catarata e doenças circulatórias foi estabelecido em 
0,5 Gy, para exposição aguda e crônica ou morbidade e mortalidade, respectiva-
mente. A dose absorvida em um tumor durante uma sessão de radioterapia é de 2 Gy. 
A dose letal, que causa a morte de 50% dos seres humanos irradiados no corpo todo, 
aproximadamente 30 dias após a irradiação, é de 4 Gy. Entretanto, em relação aos efeitos 
biológicos agudos, há possibilidade de desenvolvimento de anemia e leucopenia com 
doses limiares de 1 Gy (OKUNO, 2013).
Efeitos determinísticos, estocásticos e 
somáticos das radiações
Os efeitos biológicos da radiação dependem de vários fatores, como a fonte de 
radiação e o sistema que é irradiado. Em relação à radiação, a dose, o tipo de 
energia, a taxa e as circunstâncias sob as quais a dose é administrada podem 
influenciar. O intervalo para aparecimento de sintomas, também depende desses 
fatores. Os efeitos biológicos podem ser classificados em determinísticos e 
estocásticos (AZEVEDO, 2012; SEARES; FERREIRA, 2002; OKUNO, 2013):
 � Efeitos biológicos determinísticos: necessitam de altas doses para 
induzir alterações. São caracterizados pela imediata relação “causa e 
efeito” entre a exposição de um sistema a uma elevada dose de radiação 
ionizante e os sintomas atribuídos à perda das funções de um tecido 
biológico. Na maior parte dos órgãos e tecidos, há um processo constante 
de perda e substituição das células. A exposição à radiação aumenta essa 
destruição celular, que pode ser compensada por um aumento na taxa 
de reparo e reposição, sem consequências importantes ao organismo. 
Se houver grande redução no número de células, surgem os efeitos 
clínicos, que podem ser de natureza funcional e reversível ou letal, 
5Agentes mutagênicos
podendo levar à morte. Desde que a dose não seja muito alta, as células 
permanecem em funcionamento depois de irradiadas, até tentarem se 
multiplicar. Em tecidos com elevada taxa de divisão celular, os danos 
ao material genético, frequentemente, impedem a reposição do tecido 
lesado. Esses tipos de tecidos, de revestimento, medula óssea e células 
germinativas, são os mais afetados após irradiações agudas, exibindo 
efeitos precoces.
 Já em tecidos formados por células nervosas, hepáticas e tecido muscular, 
as divisões celulares não são frequentes, e alguns danos no material 
genético podem ocorrer sem grandes consequências. Desse modo, nes-
ses tecidos os efeitos determinísticos surgem mais tardiamente, sendo 
observados em menor frequência. Tecidos diferenciados apresentam 
menor grau de reparação quando são gravemente danificados. Por 
requererem altas doses para provocar efeitos, os determinísticos são 
produzidos acima do limar, em que a severidade da lesão aumenta com 
a dose aplicada. A possibilidade de efeito determinístico é nula para 
valores de dose abaixo do limiar, pois a perda de células é incapaz de 
prejudicar o tecido ou órgão de forma detectável. Como mencionado, o 
limiar difere entre os indivíduos, órgãos e sistemas devido à diferença 
de sensibilidade entre eles. A gravidade da lesão é proporcional à dose, 
a partir do limiar. Como exemplo, sintomas de eritema, descamação 
úmida e necrose epitelial surgem com doses de 3 a 5 Gy, 20 Gy e 50 
Gy, respectivamente. Em doses maiores do que 0,5 Gy, o efeito da 
radiação é chamado de determinístico ou não estocástico, sendo que, 
frequentemente, ocasiona morte celular. 
 � Efeitos biológicos estocásticos: os efeitos estocásticos se referem a 
uma alteração aleatória no material genético de poucas ou uma única 
célula, que continua a se multiplicar, levando à alteração celular. Nesse 
tipo de efeito, a probabilidade do seu aparecimento aumenta com a dose 
e não se relaciona com a gravidade. Desse modo, os efeitos são consi-
derados cumulativos, pois, quanto maior a dose, maior a probabilidade 
de ocorrência. A principal alteração é o desenvolvimento de câncer. 
Como a lesão em algumas ou em uma única célula pode resultar em 
doença, considera-se que os efeitos estocásticos podem ser induzidos 
Agentes mutagênicos6
por qualquer dose. Sendo assim, pequenas exposições consideradas 
insignificantes, incluindo dose por radiação natural, podem resultar 
em aumento do risco. Não há o estabelecimento de um limite abaixo 
do qual o risco deixe de existir; desse modo, as exposições devem ser 
as menores e em níveis mais baixos possíveis durante exames de diag-
nóstico radiológico e medicina nuclear. A gravidade é relacionada ao 
tipo e à localização do tumor. Entretanto, os mecanismos de reparo do 
organismo são muito eficientes e a maior parte das alterações neoplásicas 
não evolui para câncer. Somente na presença de falha de reparo, após 
um período de latência, o câncer se estabelece. 
Quanto ao nível de dano, os efeitos determinísticos são sempre somáticos, 
enquanto os efeitos estocásticos podem ser somáticos, mas também genéticos 
ou hereditários. Efeitos somáticos são aqueles que atingem somente o indivíduo 
irradiado, não podendo ser transmitido para os seus descendentes. Podem ainda 
ser classificados em imediatos, que aparecem em horas ou semanas após a 
irradiação, e tardios, que surgem após vários meses ou anos após a exposição. 
A gravidade dos sintomas depende da dose recebida e da região afetada, pois 
diferentes regiões do corpo podem responder de diferentes formas a radiação. 
Os efeitos imediatos pela exposição aguda aparecem no sistema hema-
topoiético, com a presença de leucopenia, anemia e trombocitopenia — no 
sistema vascular com a obstrução dos vasos, e no sistema gastrointestinal com 
o surgimento de lesões na mucosa. Já os efeitos tardios podem ser difíceis 
de diferenciar, pois, como demoram a aparecer, não se sabe se a patologia se 
deve à exposição à radiação ou ao processo de envelhecimento natural do 
corpo humano. 
Nos efeitos genéticos, ocorrem danos às células reprodutivas que podem 
resultar em defeitos ou malformações na descendência. Sua probabilidade de 
ocorrência é dependente da dose. A radiação ionizante pode induzir mutações 
nos espermatozoides e ovócitos, sendo que, para que ocorram as mutações, a 
irradiação deve acontecer nos testículos e ovários. As alterações hereditárias 
podem variar desde alterações metabólicas até graves problemas mentais e 
morte precoce (STRACHAN; READ, 2016; VELUDO, 2011).
7Agentes mutagênicos
Em resumo, os efeitos biológicos podem ser classificados quanto: 
 � ao tempo de manifestação (imediato ou tardio); 
 � ao nível de dano (somático ou genético); 
 � à dose absorvida (estocásticos ou determinísticos);
 � à taxa de exposição (crônica ou aguda);
 � à forma de exposição (corpo inteiro ou de forma localizada);
 � à dose absorvida (alta ou baixa). 
Os efeitos estocásticos e determinísticos podem ser distinguidos, principalmente, 
quanto à dose limiar, pois, nos efeitos estocásticos, não há existência de limiar, e a 
possibilidade de ocorrência é proporcional à dose. Por outro lado, para que haja efeitos 
determinísticos, é preciso que o organismo seja exposto a altas doses de radiação, 
acima de um valor limiar, que varia conforme o tecido (OKUNO, 2013; VELUDO, 2011).
Agentes mutagênicos físicos, químicos e 
biológicos
Os agentes mutagênicossão substâncias capazes de danificar o DNA e causar 
mutações induzidas. Eles podem ser classificados em físicos, químicos e 
biológicos, conforme a natureza da substância ou composto. No Quadro 1, 
você encontra um resumo sobre esses agentes mutagênicos. A seguir, veremos 
mais sobre cada um deles.
Fonte: Adaptado de Borges-Osório e Robinson (2000).
Físicos Radiação ionizante e ultravioleta
Químicos
Análogos de bases, compostos com ação direta, 
agentes alquilantes e corantes de acridina
Biológicos Vírus e bactérias
Quadro 1. Tipos de agentes mutagênicos
Agentes mutagênicos8
Agentes mutagênicos físicos
Os principais mutagênicos físicos são as radiações ionizantes e as ultravioleta. 
As radiações ionizantes são radiações de alta energia e pequeno comprimento 
de onda, como os raios X, gama e cósmicos. Essas radiações se intercalam 
com o DNA, provocando erros de pareamento de bases durante a duplicação 
e rompendo as ligações fosfodiéster. A radiação ionizante pode ter fontes 
naturais ou artificiais. As naturais incluem os raios cósmicos, a radiação 
externa de materiais radioativos em algumas rochas e a interna de materiais 
radioativos em tecidos. As fontes artificiais se encontram na radiologia tera-
pêutica e diagnóstica, na exposição ocupacional e na precipitação radioativa 
proveniente de exposições nucleares (BORGES-OSÓRIO; ROBINSON, 2000; 
LODISH et al., 2014). 
As radiações ultravioleta, ou raios UV, têm maior comprimento de onda 
e menor energia do que as radiações ionizantes. Dos efeitos causados por 
essa radiação, um dos principais é a formação de dímeros de pirimidina, que 
são constituídos de duas pirimidinas idênticas. Esses dímeros têm potencial 
de distorcer a conformação do DNA e assim inibir a sua replicação normal. 
Como resultado, podem ser introduzidos erros na sequência de bases do 
DNA ao longo da sua replicação. Em caso de dimerização extensa, pode 
ocorrer morte celular por radiação UV. Apesar de causar mutações pontuais, 
os raios UV causam poucas alterações estruturais. Tendo em vista que são 
absorvidos na pele, não são prejudiciais para as células reprodutivas, porém 
podem induzir mutações somáticas e câncer de pele (DÜSMAN et al., 2012; 
LODISH et al., 2014). 
O espetro da radiação ultravioleta é subdividido, de acordo com o com-
primento de onda, em UVA, UVB e UVC. A radiação UVA induz processos 
oxidativos; os raios UVB provocam dano direto no DNA; e os raios UVC são 
carcinogênicos e contêm o pico de absorção pelo DNA puro. 
A exposição excessiva ao sol é a principal causadora de câncer de pele, 
sendo assim, as pessoas que moram em países tropicais, como o Brasil, estão 
mais susceptíveis a esse tipo de doença. Além disso, devido à destruição da 
camada de ozônio, a incidência de raios UVB, relacionados ao câncer de pele, 
tem aumentando de forma progressiva, permitindo, inclusive, que raios UVC 
estejam mais próximos da atmosfera terrestre. Os raios UVA independem da 
camada de ozônio, desse modo, provocam câncer de pele em indivíduos que se 
expõem ao sol (principalmente durante períodos de alta incidência) de forma 
constante e por muitos anos. 
9Agentes mutagênicos
Quando atinge a pele exposta, a radiação UV origina um processo associado 
a reações químicas e morfológicas. Podem ocorrer formação de radicais livres, 
espessamento da camada espinhosa, correção da junção dermoepidérmica e 
alterações histoquímicas de distintas gravidades. Entre as várias moléculas 
que podem absorver a radiação UV, o DNA é uma das principais, conse-
quentemente, podem ocorrer transformações malignas da célula. Além disso, 
a radiação UV pode ativar componentes do sistema imune da pele, provocando 
uma resposta inflamatória por diferentes mecanismos, como ativação direta de 
queratinócitos e redistribuição e liberação de autoantígenos sequestrados de 
células lesionadas pela radiação (BALOGH et al., 2011; LODISH et al., 2014).
Agentes mutagênicos químicos
Os mutagênicos químicos agem de maneira mais variada sobre o material 
genético do que as radiações, resultando em diversos efeitos. Os principais, 
dentro dessa classe, são os análogos de bases, os compostos com ação direta, os 
agentes alquilantes e os corantes de acridina. Os mutagênicos químicos podem 
causar não disjunção meiótica, quebras cromossômicas e mutações pontuais. 
Os análogos de bases são compostos com estruturas químicas extre-
mamente semelhantes a das bases nitrogenadas. Por essa razão, podem ser 
incorporados ao DNA, substituindo-as durante o processo de replicação. 
Ao contrário disso, os compostos de ação direta não são incorporados ao 
DNA, porém alteram de forma direta a estrutura das bases nitrogenadas. 
Os agentes alquilantes são considerados os mais potentes agentes mutagênicos 
químicos. Eles são capazes de doar um grupo alquila, como CH3 ou CH3CH2, 
para os grupos amino ou cetona dos nucleotídeos. Os corantes de acridina 
se intercalam entre as bases adjacentes, por ligação ao DNA. 
A cafeína também é considerada um mutagênico químico, pois interfere no 
sistema de reparo do DNA, inibindo a síntese de purinas, resultando em quebras 
cromossômicas. Além dessas substâncias, devemos levar em consideração 
os efluentes de indústrias têxteis, contaminantes oriundos de refinarias de 
petróleo e indústrias de tingimento, compostos organoclorados provenientes 
da siderurgia e metalurgia e o estireno, composto químico frequentemente 
utilizado na produção de plásticos, pois essas substâncias demonstraram 
ter ações mutagênicas ou carcinogênicas pela indução de danos ao material 
genético do organismo (BORGES-OSÓRIO; ROBINSON, 2000; DÜSMAN 
et al., 2012).
Agentes mutagênicos10
Agentes mutagênicos biológicos
Os agentes mutagênicos biológicos são os organismos que possuem capacidade 
de introduzir parte de seu material genético em seus hospedeiros — por exem-
plo, vírus e bactérias. Quando ocorre a inoculação, os materiais genéticos 
podem se integrar, resultando em mutações originadas por falhas genéticas. 
Vários agentes mutagênicos podem induzir carcinogênese, como os chama-
dos vírus oncogênicos ou oncovírus. Esses são vírus capazes de induzir tumor 
em células animais, sendo responsáveis por aproximadamente 10% dos casos 
de câncer. Os oncovírus integram o seu material genético ao DNA da célula 
hospedeira e se replicam junto aos cromossomos celulares. As células tumorais 
passam por processo de transformação, e muitas passam a apresentar na sua 
superfície um antígeno-vírus específico, denominado antígeno de transplante 
tumor-específico, ou um antígeno no núcleo, denominado antígeno T. As células 
que são transformadas adquirem formato irregular e algumas anormalidades 
cromossômicas, em comparação com células normais. 
Os vírus podem ser de DNA ou RNA. Várias famílias de vírus com genoma 
de DNA possuem oncovírus, como Adenoviridae, Herpesviridae, Poxviridae, 
Papovaviridae e Hepadnaviridae. A maior parte dos casos de cânceres cer-
vical e anal são causados por papilomavírus humano (HPV). Além desses, 
o vírus Epstein-Barr e o vírus da hepatite B são associados à carcinogênese. 
No grupo dos vírus de RNA, apenas os oncovírus da família Retroviri-
dae podem causar câncer. Um exemplo são os vírus da leucemia de células 
T humanas, HTLV-1 e HTLV-2, pois são retrovírus que causam linfoma e 
leucemia de células T em adultos (BORGES-OSÓRIO; ROBINSON, 2000; 
TORTORA; FUNKE; CASE, 2012).
Os HPVs são vírus capazes de infectar a pele e as mu-
cosas, sendo responsáveis pelo câncer cervical e anal. 
Para impedir a evolução da infecção, recomenda-se a 
administração de uma vacina para crianças entre 9 e 14 
anos de idade. Acesse o link a seguir se quiser ver mais 
informações sobre a vacina, que está disponível pelo 
Sistema Único de Saúde (SUS).
https://qrgo.page.link/E4HdC
11Agentes mutagênicos
AZEVEDO, A. C. P. de. Radioproteção em serviços de saúde: radioproteção em serviços 
de saúde. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2012. 
BALOGH, T. S. et al. Proteção à radiaçãoultravioleta: recursos disponíveis na atualidade 
em fotoproteção. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 86, n. 4, p. 732−742, 2011. Dispo-
nível em: http://www.scielo.br/pdf/abd/v86n4/v86n4a16.pdf. Acesso em: 6 out. 2019.
BORGES-OSÓRIO, M. R.; ROBINSON, W. M. Genética humana. Porto Alegre: Artmed, 2000.
DÜSMAN, E. et al. Principais agentes mutagênicos e carcinogênicos de exposição 
humana. SaBios-Revista de Saúde e Biologia, v. 7, n. 2, p. 66−81, 2012. Disponível em: 
http://revista2.grupointegrado.br/revista/index.php/sabios2/article/view/943/438. 
Acesso em: 6 out. 2019.
KLUG, W. S. et al. Conceitos de genética. Porto Alegre: Artmed, 2009.
LODISH, H. et al. Biologia celular e molecular. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
MOREIRA, J. V. de A. Radiobiologia: efeito das radiações ionizantes na célula e formas de 
protecção das radiações ionizantes. 2011. Dissertação (Mestrado) – Universidade da Beira 
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Disserta%c3%a7%c3%a3o%20Mestrado%20Final%20Jo%c3%a3o%20Moreira.pdf. 
Acesso em: 5 out. 2019.
OKUNO, E. Efeitos biológicos das radiações ionizantes: acidente radiológico de Goiâ-
nia. Estudos Avançados, v. 27, n. 77, p. 185−200, 2013. Disponível em: http://www.scielo.
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SEARES, M. C.; FERREIRA, C. A. A importância do conhecimento sobre radioproteção 
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