Buscar

HISTÓRIA ECONÔMICA GERAL 2018 UNIASSELVI

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 193 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 193 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 193 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2018
História Econômica 
GEral
Prof. Diego Boehlke Vargas
Profª.Tatiane Thaís Lasta
Copyright © UNIASSELVI 2018
Elaboração:
Prof. Diego Boehlke Vargas
Profª. Tatiane Thaís Lasta
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
330.98109
V297h Vargas, Diego Boehlke 
 História econômica geral / Diego Boehlke Vargas; Tatiane 
Thaís Lasta. Indaial: UNIASSELVI, 2018.
 
 183 p. : il.
 
 ISBN 978-85-515-0124-5
 
 1.Economia – História – Brasil. 
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
III
aprEsEntação
Olá, caro acadêmico! É um prazer tê-lo como leitor do Livro de 
Estudos História Econômica Geral. Ao longo das páginas, você descobrirá 
fatos e acontecimentos históricos relacionados à economia. Para que a 
formação do profissional da Economia seja mais completa é fundamental 
que o conhecimento do passado seja utilizado para influir no presente e 
projetar o futuro.
Vamos estudar e compreender a história econômica mundial e buscar 
perceber de que forma os processos sociais e econômicos foram importantes 
para a formação social no período mais recente. Um dos caminhos a ser 
descoberto está na influência e na importância de algumas economias 
mundiais sobre outras. 
Quais foram os primeiros sistemas econômicos que existiram no 
mundo? Como ocorreu a passagem da organização tipicamente feudalista 
para a capitalista? O imperialismo é um conceito relevante para entendermos 
a economia mundial contemporânea? Quais foram as repercussões da crise de 
1929 para a economia mundial? O que se passou no mundo após a Guerra Fria?
 O presente Livro de Estudos pretende desvelar estes questionamentos 
de forma clara e objetiva, de modo que, didaticamente, organiza-se da 
seguinte maneira:
Na Unidade 1, você estudará desde o período da Antiguidade até o fim 
do Feudalismo. Para isso, dividiu-se a unidade em três tópicos: inicialmente, 
você estudará os primeiros sistemas econômicos, posteriormente, um tópico 
dedicado ao estudo da transição entre a economia feudal e a capitalista. 
Por fim, entenderemos o que foi o mercantilismo e o impacto trazido pela 
expansão ultramarina.
Ao longo da Unidade 2, você terá oportunidade de conhecer temas 
ligados às origens e à formação do sistema capitalista. Aqui, os tópicos foram 
divididos de forma que você conheça mais sobre o sistema fabril de produção, 
a Revolução Industrial e a consolidação do modo de produção capitalista, mas, 
também, sobre o imperialismo durante a passagem dos séculos XIX e XX. 
Na última unidade deste Livro, a ênfase será sobre a economia do 
século XX e seus desdobramentos do ponto de vista econômico. O primeiro 
tópico aborda os estudos relacionados às repercussões da crise de 1929; o 
segundo, traz apontamentos sobre a Guerra Fria e a crise do socialismo; já 
o terceiro tópico traz reflexões sobre a globalização e a financeirização da 
economia no mundo. 
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é 
veterano, há novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
O conteúdo apresentado neste livro trata do principal subsídio para 
a disciplina de História Econômica Geral, contudo, ao longo das páginas 
preparamos algumas bibliografias e vídeos didáticos que serão úteis para 
que você amplie seus conhecimentos sobre o tema estudado. Além disso, ao 
final de cada tópico, existem atividades sobre os conteúdos abordados para 
você fixar os conhecimentos – não deixe de resolvê-los e tirar as dúvidas 
junto aos tutores!
Esperamos que este livro de estudos possibilite plena compreensão 
dos principais acontecimentos históricos mundiais relacionados à economia.
Desejamos a você um ótimo aprendizado! Bons estudos e um forte 
abraço!
Prof. Diego Boehlke Vargas
Profª. Tatiane Thaís Lasta
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 – DA ANTIGUIDADE AO FIM DO FEUDALISMO................................................ 1
TÓPICO 1 – OS PRIMEIROS SISTEMAS ECONÔMICOS ........................................................... 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 A REVOLUÇÃO NEOLÍTICA ............................................................................................................ 4
3 AS CIVILIZAÇÕES HIDRÁULICAS ............................................................................................... 5
3.1 MESOPOTÂMIA .............................................................................................................................. 7
3.2 EGITO ................................................................................................................................................ 9
4 CIVILIZAÇÕES COMERCIAIS......................................................................................................... 14
4.1 A CIVILIZAÇÃO MINOICA DE CRETA ..................................................................................... 14
4.2 AS CIDADES FENÍCIAS ................................................................................................................. 16
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 21
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 22
TÓPICO 2 – DA ECONOMIA FEUDAL ÀS ORIGENS DO CAPITALISMO............................. 23
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 23
2 O SISTEMA FEUDAL ......................................................................................................................... 23
3 DISSOLUÇÃO DO SISTEMA FEUDAL E ORIGENS DE UM NOVO MODO DE 
 PRODUÇÃO ......................................................................................................................................... 27
3.1 A IMPORTÂNCIA DO COMÉRCIO ............................................................................................ 27
3.2 A FORMAÇÃO DAS PRIMEIRAS CIDADES ............................................................................ 30
3.3 AS NOVAS IDEIAS E A POSIÇÃO DA IGREJA ........................................................................ 32
4 A TRANSIÇÃO PARA O MODO DE PRODUÇÃOCAPITALISTA ......................................... 33
4.1 CAMPONESES ROMPEM AS AMARRAS... NOVO REGIME DE TRABALHO... ............... 34
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 37
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 38
TÓPICO 3 – A EXPANSÃO ULTRAMARINA E O MERCANTILISMO ..................................... 39
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 39
2 A EXPANSÃO ULTRAMARINA ....................................................................................................... 40
2.1 O MERCANTILISMO...................................................................................................................... 48
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 56
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 57
UNIDADE 2 – FORMAÇÃO DO SISTEMA CAPITALISTA .......................................................... 59
TÓPICO 1 – A RETOMADA DO CRESCIMENTO ECONÔMICO E O SISTEMA FABRIL 
 DE PRODUÇÃO ................................................................................................................ 61
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 61
2 A RECUPERAÇÃO ECONÔMICA DO SÉCULO XVIII............................................................... 62
3 FUNDAMENTOS PARA A FORMAÇÃO DO SISTEMA ECONÔMICO CAPITALISTA ... 71
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 73
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 74
sumário
VIII
TÓPICO 2 – DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL À CONSOLIDAÇÃO DO MODO DE 
 PRODUÇÃO CAPITALISTA ........................................................................................ 75
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 75
2 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL INGLESA ..................................................................................... 75
3 A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL................................................................................... 86
4 A INDUSTRIALIZAÇÃO FORA DA INGLATERRA ................................................................... 92
4.1 ALEMANHA .................................................................................................................................... 93
4.2 ITÁLIA ............................................................................................................................................... 94
4.3 ESTADOS UNIDOS ......................................................................................................................... 95
4.4 JAPÃO ............................................................................................................................................... 97
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 99
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................100
TÓPICO 3 – O IMPERIALISMO E O CAPITALISMO PERIFÉRICO .........................................101
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................101
2 AS TRANSFORMAÇÕES TRAZIDAS PELO IMPERIALISMO ..............................................101
3 O ESTÁGIO IMPERIALISTA ..........................................................................................................106
3.1 A FASE “CLÁSSICA” DO IMPERIALISMO ..............................................................................111
3.2 OS “ANOS DOURADOS” DA ECONOMIA IMPERIALISTA ................................................113
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................118
RESUMO DO TÓPICO 3 .....................................................................................................................121
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................122
UNIDADE 3 – ECONOMIA DO SÉCULO XX E SEUS DESDOBRAMENTOS 
 MUNDIAIS ..................................................................................................................123
TÓPICO 1 – A CRISE DE 1929 E SUAS REPERCUSSÕES ............................................................125
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................125
2 ANTECEDENTES: O CONTEXTO HISTÓRICO DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL ...126
3 A DÉCADA DE 1920 ..........................................................................................................................129
4 A GRANDE DEPRESSÃO DE 1929 E SEUS DESDOBRAMENTOS ......................................132
5 CRISE, RECESSÃO, DEPRESSÃO: NEOLIBERALISMO COMO SOLUÇÃO .....................139
RESUMO DO TÓPICO 1 .....................................................................................................................141
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................142
TÓPICO 2 – O PÓS-CRISE: A SEGUNDA GUERRA, GUERRA FRIA E O SOCIALISMO ..143
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................143
2 REAÇÃO À DEPRESSÃO: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL ................................................143
3 GUERRA FRIA ....................................................................................................................................150
4 SOCIALISMO COMO ALTERNATIVA ........................................................................................156
4.1 DA RÚSSIA À UNIÃO SOVIÉTICA NA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL ......................157
4.2 A URSS NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E A RECONSTRUÇÃO .............................160
RESUMO DO TÓPICO 2 .....................................................................................................................164
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................166
IX
TÓPICO 3 – GLOBALIZAÇÃO E FINANCEIRIZAÇÃO DA ECONOMIA ..............................167
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................167
2 OS PROCESSOS DE GLOBALIZAÇÂO .......................................................................................167
3 COMÉRCIO GLOBAL ......................................................................................................................172
4 A MUNDIALIZAÇÃO DO CAPITAL E O MERCADO FINANCEIRO .................................176
RESUMO DO TÓPICO 3 .....................................................................................................................179
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................180
REFERÊNCIAS......................................................................................................................................181
X
1
UNIDADE 1
DA ANTIGUIDADE AO FIM DO 
FEUDALISMO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Nesta primeira unidade do livro, os objetivos a serem alcançados são:
• conhecer os primeiros sistemas econômicos que existiram no mundo para 
que você possa interpretar a dinâmica de comércio entre eles; 
• caracterizar a economia feudal e entender as origens do modo de produção 
capitalista; 
• examinar a expansão ultramarina do século XV e as práticas econômicas 
mercantilistas. 
Esta unidade está organizada em três tópicos. Ao final de cada um deles, 
você encontrará o resumo e a atividade, que darão maior compreensão dos 
temas abordados.
TÓPICO 1 – PRIMEIROS SISTEMAS ECONÔMICOS
TÓPICO 2 – A ECONOMIA FEUDAL E AS ORIGENS DO CAPITALISMO
TÓPICO 3 – O MERCANTILISMO E A EXPANSÃO ULTRAMARINA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
OS PRIMEIROS SISTEMAS ECONÔMICOS
1 INTRODUÇÃO
Olá, caro acadêmico! É um prazer tê-lo como leitor do livro de História 
Econômica Geral. Ao longo das próximas páginas, você descobrirá em quais 
contextos históricos a economia mundial se desenvolveu. O período a ser estudado 
abrangerá desde as civilizações da Antiguidade até a dinâmica da globalização ao 
final do século XX.
Atualmente, a economia faz parte do nosso cotidiano sem mesmo que 
percebamos, e quase não paramos para pensar que, em muitos momentos da 
História, as relações sociais criadas não foram presididas fundamentalmente 
por aspectos econômicos. Dito de outra forma, a “invenção” da economia ocorre 
justamente quando a organização das pessoas em sociedade se altera sobremaneira 
em direção à Idade Moderna.
Por meio desta contextualização, cabe-nos perguntar: quais foram os fatos 
que levaram à organização econômica da sociedade? Quais foram as primeiras 
civilizações a se beneficiarem com as relações econômicas? De que forma as trocas 
comerciais entre os povos evoluíram? Como podemos caracterizar os primeiros 
sistemas econômicos que existiram?
Respostas para estas e outras perguntas serão encontradas com a leitura 
das páginas subsequentes, que contam com ilustrações, informações adicionais e 
dicas para aprofundar seu estudo.
Aqui no Tópico 1, a ênfase se dará no entendimento da chamada Revolução 
Neolítica; das civilizações hidráulicas, como a mesopotâmica e a egípcia; e das 
civilizações comerciais: a Minoica de Creta e as cidades fenícias.
UNIDADE 1 | DA ANTIGUIDADE AO FIM DO FEUDALISMO
4
2 A REVOLUÇÃO NEOLÍTICA
Um dos principais marcos para a formação dos primeiros sistemas econômicos 
no mundo foi a chamada Revolução Neolítica, que consistiu na domesticação dos 
animais para os mais diversos usos e no aparecimento da agricultura. O fato é que 
ao longo do período neolítico, entre 7.000 e 3.000 a.C., a organização humana sofre 
mudanças radicais quanto ao seu relacionamento com a natureza.
O comportamento até então predominante de caça, pesca, coleta de frutos 
e plantas comestíveis, tipicamente predatório, que resultava numa dificuldade 
para o crescimento da população e numa formação nômade dos povos, foi 
substituído por uma organização voltada para o suprimento de suas necessidades 
por meio da produção. Desta forma, o homem modifica a seleção natural das 
espécies tanto animais quanto vegetais ao optar pela produção daquelas culturas 
que poderiam servir e eram mais viáveis para sua alimentação. “Foi a atividade 
agrícola, principalmente, que permitiu que o homem passasse a viver em 
comunidades estáveis, sedentarizando-o, e introduzindo a noção de trabalho 
coletivo e regular”. (REZENDE FILHO, 2010, p. 12).
NOTA
A ação da seleção natural consiste em selecionar espécies mais adaptadas a 
determinada condição ecológica, eliminando aquelas desvantajosas para essa mesma condição. 
A expressão “mais adaptado” refere-se à maior probabilidade de determinado indivíduo sobreviver 
e deixar descendentes em determinado ambiente. (FONTE: Disponível em: <http://www.
sobiologia.com.br/conteudos/Evolucao/evolucao17.php>. Acesso e: 4 set. 2017.
Uma vez controlada a fonte de alimentação, tanto a partir do tipo de 
alimento quanto do período pelo qual as pessoas teriam alimento disponível, o 
homem passa a conduzir também o crescimento da população. A formação de 
uma população, espacialmente localizada, permite o aparecimento de diferentes 
formas sociais de trabalho a partir do desenvolvimento de novas técnicas, 
como a cerâmica, a tecelagem, a fabricação de instrumentos de pedra polida, a 
moagem, a cestaria (ver imagem a seguir). Este aspecto transforma e garante a 
prosperidade das nascentes comunidades, além de contribuir para o início das 
trocas comerciais, elemento precursor das atividades comerciais.
TÓPICO 1 | OS PRIMEIROS SISTEMAS ECONÔMICOS
5
FIGURA 1 – TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DO PERÍODO NEOLÍTICO OU IDADE DA PEDRA POLIDA
FONTE: Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/... /s1600/Novas+t%C3%A9cnicas.png>. Acesso 
em: 4 set. 2017.
A revolução trazida pelas mudanças no período neolítico se estenderá à 
formação de diferentes ritmos de produção, em distintos espaços, e à acumulação de 
bens econômicos, resultando na ideia de propriedade e na segmentação interna dos 
povos devido à posse de propriedades. É justamente neste contexto que se formam 
os primeiros sistemas econômicos: surge a necessidade de demarcação com maior 
precisão dos lotes de terras, do tamanho dos rebanhos e do volume da produção 
agrícola, que, por sua vez, induzem à invenção da escrita. O surgimento da escrita 
marca a transição da Pré-história para a História (REZENDE FILHO, 2010).
3 AS CIVILIZAÇÕES HIDRÁULICAS
O surgimento da agricultura traz uma transformação ampla à organização 
humana de diferentes formas. A prática de trabalhos regulares a partir de tarefas 
que passaram a ser divididas no coletivo leva à escolha dos lugares mais propícios 
para a produção agrícola: às margens dos grandes rios. Desta forma, nascem as 
primeiras civilizações ao fim do período neolítico que se fixaram nos vales dos 
rios Tigre e Eufrates, na Mesopotâmia; do rio Nilo, no Egito; do rio Ganges e do 
Indo, na Índia; e do rio Amarelo, na China.
IMPORTANT
E
O controle das fontes de alimento alterou drasticamente a organização das 
comunidades, resultando num homem sedentário e munido de novas técnicas de produção.
UNIDADE 1 | DA ANTIGUIDADE AO FIM DO FEUDALISMO
6
A área da Mesopotâmia e do Egito, denominada de Crescente Fértil, era 
naturalmente fértil devido às cheias dos rios fertilizarem anualmente o solo, 
possibilitando uma produção contínua (ver imagem a seguir).
DICAS
Assista ao vídeo “O que é Crescente Fértil” para melhor entender esta importante 
característica presente nestas civilizações. Disponível em: <https://youtu.be/GEB1399R5H4>.
FIGURA 2 – O CRESCENTE FÉRTIL NAS CIVILIZAÇÕES DA MESOPOTÂMIA E DO EGITO
FONTE: Disponível em: <https://martinhumanities.files.wordpress.com/2015/09/map01-02.jpg>. 
Acesso em: 4 set. 2017.
Contudo, a ênfase no desenvolvimento de uma alta produção agrícola leva 
à formação de sociedades urbanizadas e bastante complexas, devido à necessidade 
constante de grande volume de trabalho coletivo para a construção e manutenção 
de diques, barragens, canais e reservatórios que eram fundamentais para abastecer 
os sistemas de irrigação daquelas regiões (REZENDE FILHO, 2010).
TÓPICO 1 | OS PRIMEIROS SISTEMAS ECONÔMICOS
7
Nos próximos sub tópicos veremos um pouco mais sobre estas duas 
civilizações “hidráulicas”.
3.1 MESOPOTÂMIA
A Mesopotâmia foi uma civilização que se desenvolveu na chamada 
“região entre rios”, correspondente ao atual Iraque, a partir de uma alta 
produtividade agrícola e de uma densa população, resultando numa urbanização 
crescente e no surgimento de prósperas cidades-Estados desde finais do quarto 
milênio antes de Cristo.
Seus impérios de maior amplitude podem ser vistos no mapa anterior: 
Lagash, 2.500-2.360 a.C.;Assur, 1.800-1.375 a.C.; e, Babilônia, 1.728-1.686 a.C. A 
base de sua economia sempre foi a produção agrícola, dependendo de constante 
e numeroso trabalho coletivo para as obras de irrigação em suas plantações. 
Para esta região prosperar era preciso levar em conta dois aspectos relevantes: a 
hostilidade de populações vizinhas, que frequentemente invadiam seu território, 
obrigando o aprimoramento de mecanismos de defesa por meio de atividades 
bélicas e a formação de exércitos profissionais, e a dependência do comércio 
exterior para a obtenção de matérias-primas não encontradas na região, como 
madeiras, pedras e metais, o que obrigou ao incentivo à produção artesanal como 
meio de troca para estas matérias-primas (REZENDE FILHO, 2010).
Esta dinâmica procurava garantir a sobrevivência de camadas urbanas 
importantes, tais como os burocratas, os militares, os artesãos, os militares, os 
sacerdotes e os comerciantes, bem como os grupos dominantes: a família real, 
os chefes militares e os altos sacerdotes. Esta organização social resultava numa 
monarquia-teocrática relativamente bem definida.
Os sistemas econômicos oriundos desta organização procuravam impor 
períodos de trabalho compulsórios à população local e a requisição de produtos 
às aldeias que também abrigavam boa parte da população. A economia deste 
período envolvia terras, rebanhos, barcos, granjas, estábulos, celeiros e oficinas 
de trabalhadores escravos e daqueles que cumpriam os trabalhos compulsórios. 
“Quanto ao seu comércio interno, centrado nas grandes cidades, sempre foi muito 
ativo e diversificado, oferecendo desde produtos alimentícios até ferramentas e 
demais utensílios do uso cotidiano” (REZENDE FILHO, 2010, p. 15). 
Cabe lembrar que a população escrava ainda era muito reduzida devido 
ao alto custo frente ao excelente sistema de extração de um excedente econômico 
imposto à quase toda a população mesopotâmica, seja de forma compulsória ou 
pela apropriação de parcela da produção (REZENDE FILHO, 2010).
UNIDADE 1 | DA ANTIGUIDADE AO FIM DO FEUDALISMO
8
FIGURA 3 – CIDADE DE LAGASH, NA MESOPOTÂMIA
FONTE: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/.../AAAAAAAAADs/Fcm5lv9nrSU/
s1600/Lagash.jpg>. Acesso em: 4 set. 2017.
NOTA
Lagash foi uma das mais importantes cidades da Mesopotâmia e considerada 
o berço da civilização atual. A cidade torna-se a capital do reino, do qual faziam parte 17 
cidades e 40 vilas em um espaço de 1.600 km². (FONTE: Disponível em: <http://knoow.net/
historia/historiaantiga/lagash>. Acesso em: 4 set. 2017.
Trata-se de um período em que a monetarização avançou 
consideravelmente, uma vez que este sistema econômico era composto por 
muitos homens livres que trabalhavam em grandes complexos de produção, 
mas deviam horas trabalhadas não remuneradas, chamadas de corveia real, pagas 
anualmente a partir de fatias de sua produção para o palácio real e os templos. 
Portanto, desde fins do quarto milênio antes de Cristo o conceito de moeda passa 
a ser utilizado como instrumento de medida comum e como meio de troca que, 
neste período, era representado pela cevada. A utilização deste elemento padrão 
como meio de troca avançaria para o uso dos metais, como o ouro e a prata, em 
períodos posteriores.
TÓPICO 1 | OS PRIMEIROS SISTEMAS ECONÔMICOS
9
Não é à toa que os bancos também fizeram parte da civilização 
mesopotâmica já em 3.400 a.C. Na cidade de Uruk, no sudeste do Crescente 
Fértil (ver mapa anterior), os recursos podiam ser reunidos e guardados, além 
de emprestados a juros para agricultores e comerciantes. A atividade econômica 
evoluiu de tal modo que por volta de 800 a.C. o sistema bancário já realizava 
operações básicas como empréstimos a juros, pagamento de juros a depósitos, 
débitos em conta corrente, e transferências de recursos para sistemas bancários de 
outras praças (REZENDE FILHO, 2010).
Para termos ideia do desenvolvimento do grau de diversificação da economia 
na civilização mesopotâmica, tomemos o relato de Rezende Filho (2010, p. 15):
Esta economia mesopotâmica bastante monetarizada foi 
fundamentalmente de base agrícola, dependendo do cultivo de cevada, 
trigo e centeio; e seu artesanato pujante deve ser visto como uma 
atividade complementar à economia rural, uma vez que as matérias-
primas transformadas eram basicamente de origem vegetal e animal: 
da cevada fazia-se cerveja; da seiva da tamareira fermentada obtinha-
se o vinho; da palha fazia-se móveis, cestos, esteiras e demais objetos 
afins; da semente de sésamo extraía-se o óleo utilizado para cozimento 
e iluminação; das fibras do linho e da lã dos ovinos produziam-se 
tecidos; e do leite, produziam-se laticínios.
Um dos fatores negativos é que a Mesopotâmia era desprovida de 
minérios, pedras e madeira – já que o tipo de palmeira existente não era adequado 
para a construção. Uma matéria-prima bastante abundante e muito utilizada foi 
a argila, que, além de resultar em objetos de uso diário como potes e jarros de 
cerâmica, era misturada à palha picada e posta para secar ao sol, transformando-
se em resistentes tijolos, empregados em construções de diversas camadas sociais, 
desde edifícios e muralhas a templos e palácios. Desta forma, sua infraestrutura, 
que internamente limitava-se à utilização da argila, fortalecia o comércio exterior 
na compra de marfim e ouro da África; madeiras, mármore e basalto da Síria e do 
Líbano; prata, cobre e ferro da Ásia menor; madeiras, cobre e estanho da Pérsia e 
do Elam; e ouro, pedras preciosas e marfim da Arábia e da Índia.
3.2 EGITO
A civilização egípcia localizava-se às margens do rio Nilo, que corre por 
cerca de 1.200 km, desde o Sul até o Norte do Egito, por volta de 3.000 a.C. As 
faixas de terras marginais ao rio eram extremamente férteis, possibilitando que 
20 km de largura ao longo de todo o Rio Nilo fossem destinados fortemente à 
agricultura. Nos últimos 150 km do rio Nilo, ao desaguar no Mar Mediterrâneo 
por meio de seus sete braços, forma-se o chamado Delta do Nilo, uma região 
repleta de canais naturais, charcos e pântanos.
UNIDADE 1 | DA ANTIGUIDADE AO FIM DO FEUDALISMO
10
Todos os anos, entre julho e dezembro, o movimento das cheias do rio 
Nilo garantia ao Egito o desenvolvimento intenso da economia por meio da agricultura. 
Ao transbordar o leito, suas águas traziam às margens uma grande quantidade de 
nutrientes e de húmus que ficavam depositados no fundo do rio e continham alto 
poder fertilizador. Assim, o material orgânico era transportado para o deserto de 
forma natural, formando um grande oásis (REZENDE FILHO, 2010).
Embora a civilização egípcia tenha semelhanças com a mesopotâmica, 
sobretudo em compartilharem a mesma localização econômica de “fertilidade”, 
suas características são muito distintas. Em primeiro lugar, as cheias do rio Nilo 
são regulares, diferentemente das dos rios Tigre e Eufrates, resultando em terras 
aptas ao plantio sem a necessidade de irrigação artificial constante, o que fez com 
que o sistema de irrigação egípcia demorasse mais para ser desenvolvido e não 
ser tão complexo quanto aquele da Mesopotâmia.
Na imagem a seguir é possível perceber a organização econômica 
esquemática do território egípcio.
TÓPICO 1 | OS PRIMEIROS SISTEMAS ECONÔMICOS
11
FIGURA 4 – A ECONOMIA NO EGITO ANTIGO
FONTE: Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/-OnY5Rtr28lw/VC1PUc4XpiI/
AAAAAAAAKjM/I0e5pZA5wbo/s1600/egitogebmaia.jpg
UNIDADE 1 | DA ANTIGUIDADE AO FIM DO FEUDALISMO
12
Outro aspecto diz respeito às invasões de outras civilizações. Cercado por 
desertos, o Egito protegia-se de conflitos externos de forma natural, tornando-se 
uma sociedade mais isolada e conservadora.
Uma terceira diferença entre a Mesopotâmia e a civilização egípcia estava 
na dependência do setor externo. O Egito não dependia exclusivamente das 
trocas comerciais, pois em seu território havia ouro, cobre, estanho e pedras para 
a construção. Desta forma, também não houve um fortalecimento da produção 
e da diversificação econômica internaque fosse específica às trocas com outras 
civilizações – como existia na Mesopotâmia. E, consequentemente, não levou à 
monetarização de sua economia, pois os objetos eram trocados diretamente por 
outros objetos, inibindo o desenvolvimento interno da economia.
Por fim, cabe destacar as diferenças em sua organização política. 
O desenvolvimento do Egito não ocorreu por meio de cidades-Estados 
independentes, mas através da unificação do Estado já em 2.850 a.C., centralizando 
a administração de todo o território egípcio. Consequentemente, suas relações 
econômicas eram extremamente centralizadas na pessoa do rei-deus, o faraó.
As civilizações egípcias e mesopotâmicas possuem similaridades, mas muitas 
diferenças relacionadas à organização econômica de seus territórios.
ATENCAO
A unificação do Estado egípcio é considerada precoce, pois acontece 
antes do processo de urbanização e da completa divisão social do trabalho. 
Esta dinâmica resulta num sistema econômico altamente centralizado pelo 
Estado, na figura do faraó, com ênfase no trabalho coletivo e organizado 
(REZENDE FILHO, 2010).
Quanto à organização política e econômica, cabe destacar as camadas 
sociais que constituíam este território. A economia do Egito antigo foi orientada 
no sentido de assegurar a sobrevivência do faraó e das camadas superiores da 
sociedade, como a família real, os sacerdotes, e os milhares de funcionários 
administrativos.
O artesanato egípcio, por exemplo, tinha sua produção destinada 
fundamentalmente ao Estado para a decoração dos palácios e templos ou para 
o consumo da família real. Na imagem a seguir destacam-se as camadas sociais 
presentes na civilização do Egito.
TÓPICO 1 | OS PRIMEIROS SISTEMAS ECONÔMICOS
13
FIGURA 5 – CAMADAS SOCIAIS DA CIVILIZAÇÃO EGÍPCIA
FONTE: Disponível em: <https://artedagracinha.files.wordpress.com/2014/11/e12.png>. 
Acesso em: 4 set. 2017.
Assim como na Mesopotâmia, o número de escravos era bastante reduzido 
no Egito, por serem considerados supérfluos no sistema econômico estabelecido 
pela corveia real. Toda a terra disponível para plantio era de propriedade do 
faraó, mas cultivada por trabalhadores livres (camponeses) que deviam entregar 
parcelas da produção e a corveia real ao Estado.
Por sua vez, a propriedade privada nunca se constituiu plenamente no 
Egito, pois dependia da ratificação do faraó. Embora, muitas vezes, partes de 
extensões de terra eram concedidas a alguém durante sua vida.
UNI
“No sistema altamente estatizado do Egito, a economia era de base agrária. 
Cultivavam-se cereais, principalmente trigo e cevada, frutas, verduras e legumes, o linho, e 
o papiro, largamente utilizado. Dada a exiguidade de terras férteis, os rebanhos de bovinos 
não foram numerosos, prevalecendo os de gado, suíno, ovino e caprino, bem como a 
sistemática criação em cativeiro de aves (patos, gansos, pombos e codornas)” (REZENDE 
FILHO, 2010, p. 18).
Pirâmide
social
Egito
Faraó
Nobres e 
sacerdotes
Soldados
Escribas
Comerciantes
Artesãos
Componeses
Escravos
UNIDADE 1 | DA ANTIGUIDADE AO FIM DO FEUDALISMO
14
Entretanto, quanto ao comércio exterior é preciso destacar que ele nunca 
foi muito ativo no Egito. Como já dito, uma das características da civilização 
egípcia foi a autossuficiência de matérias-primas necessárias à sua economia, fato 
que contribuiu para o avanço lento das trocas mercantis entre outros territórios. 
Suas importações restringiam-se à madeira vinda das cidades fenícias e de 
algumas mercadorias de luxo, como ébano, marfim e incenso, que vinham da 
Somália, além de ouro, pedras preciosas e marfim da Núbia.
4 CIVILIZAÇÕES COMERCIAIS
As relações econômicas mais primitivas também se desenvolveram nas 
chamadas civilizações comerciais. Ao longo dos próximos itens estudaremos a 
Civilização Minoica de Creta e as cidades fenícias.
4.1 A CIVILIZAÇÃO MINOICA DE CRETA
Os sistemas econômicos mais primitivos formaram-se a partir da 
organização em sociedade de cada civilização e, como se viu, o fortalecimento 
da agricultura foi uma característica importante para este processo. Contudo, 
existiram civilizações pouco propícias para o desenvolvimento da produção 
agrícola, nas quais a economia também se desenvolveu.
Nestes casos, tais civilizações voltaram-se para o comércio exterior como 
meio de obter recursos alimentícios que não podiam ser produzidos localmente, 
dando origem a cidades de economia artesanal e extremamente comerciais.
Um dos povos que se inseriu neste contexto foi o da Civilização Minoica, 
estabelecida na Ilha de Creta, por volta de 5.000 a.C. Neste espaço desenvolveu-
se a primeira economia concentrada na produção artesanal voltada para a 
exportação e no comércio para longas distâncias. O motivo é que a Ilha de Creta 
era rica em madeiras e contava com correntes marítimas e ventos muito favoráveis 
à navegação, que possibilitou um acelerado ritmo de comércio com o exterior. No 
centro da imagem a seguir é possível visualizar a localização da Ilha de Creta, 
atualmente parte do território da Grécia. 
TÓPICO 1 | OS PRIMEIROS SISTEMAS ECONÔMICOS
15
FIGURA 6 – LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA ILHA DE CRETA
FONTE: Disponível em: <http://www.guiageo-europa.com/mapas/mapa/mediterraneo-
mapa.gif>. Acesso em: 4 set. 2017.
A pesca e a produção agrícola suplementavam a economia dos minoicos, 
mas riquezas naturais da ilha eram muito bem exploradas, como o cobre e as 
madeiras. Com o cultivo de vinhas e oliveiras, esta civilização criou fortes 
condições para a consolidação de comunidades urbanas em torno de seus portos 
naturais – uma das grandes vantagens para o período.
Tais comunidades eram povoadas principalmente por marinheiros e 
comerciantes, mas também por ferreiros, carpinteiros e artesãos. A população 
local passou a produzir vinho, azeite e objetos de cerâmica, como potes e jarros 
finamente decorados, que serviam de moeda de troca nas ilhas do Mar Egeu, na 
Grécia, no Egito e na Ásia Menor (REZENDE FILHO, 2010).
UNIDADE 1 | DA ANTIGUIDADE AO FIM DO FEUDALISMO
16
DICAS
Os detalhes históricos da civilização Minoica, como suas origens e seu alfabeto, 
são temas de pesquisa até os dias de hoje. Acesse a seguinte notícia para ficar por dentro. 
Disponível em: <http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/a_civilizacao_minoica_teve_
origem_na_europa_nao_no_egito.html>. Acesso em: 4 set. 2017.
Suas principais cidades eram Cnossos, Phaitos, Mallia, Gournia e Hagiha 
Triada, que se desenvolveram por volta de 1.600 a.C. Economicamente eram 
voltadas para a produção artesanal de exportação, contando com um elevado 
grau de divisão social do trabalho e com espaços específicos para armazenagem e 
distribuição da produção por meio de grandes depósitos e armazéns localizados 
nos centros urbanos.
A Ilha de Creta, considerada a primeira economia puramente comercial, 
teve seus anos dourados aproximadamente entre 1570 e 1425 a.C. Deteve as rotas 
comerciais marítimas do Mediterrâneo Oriental, suprimiu a pirataria e regulou a 
concorrência nas ilhas Cíclades (Mar Egeu). Contudo, em inícios de 1.400 a.C. os 
minoicos são conquistados pela invasão dos aqueus, tendo fim sua civilização e 
dando origem aos micênicos.
DICAS
Conheça um pouco mais sobre a civilização minoica assistindo ao documentário 
“Os minoicos - ascensão e queda”, com legendas em português. Disponível em: <https://
youtu.be/0wmCGRa8W70>.
4.2 AS CIDADES FENÍCIAS
A população da Fenícia se estabelece no território atualmente pertencente 
ao Líbano e Síria por volta de 3.000 a.C. Esta região também pertencia ao chamado 
Crescente Fértil, mas com faixas agriculturáveis menores e relevo bastante 
acidentado, dependendo quase exclusivamente dos períodos de chuva como fonte 
de irrigação. Desta forma, a primeira atividade econômica a ser desenvolvida 
para garantir sua sobrevivência foi a pesca. 
TÓPICO 1 | OS PRIMEIROS SISTEMAS ECONÔMICOS
17
Ao longo do tempo, os fenícios passaram a extrair madeira de suas 
grandes florestas de cedros e dedicar-se à construção naval,aproveitando, assim, 
seus portos naturais para implementar a atividade comercial por meio do cultivo 
de vinhas e oliveiras – culturas pouco exigentes quanto à fertilidade do solo –, 
mas, também, pelo transporte de mercadorias obtidas em outros territórios em 
rotas no Mar Mediterrâneo.
Isto é, os fenícios tornaram-se, já neste período, grandes intermediários de 
comércio entre civilizações, pois transportavam e comercializavam mercadorias 
que vinham de todo o Mediterrâneo. Desta forma, criaram muitas técnicas de 
navegação marítima e tornaram-se os maiores navegadores deste período, sempre 
procurando esconder de outras civilizações novas rotas marítimas descobertas.
NOTA
Os fenícios foram responsáveis pela criação de um alfabeto próprio formado por 
22 letras, com caracteres muito mais simples que os dos sumérios e egípcios. Este método 
de escrita foi adotado pelos gregos em períodos posteriores e serviu de base para o alfabeto 
romano que utilizamos atualmente (FONTE: Disponível em: <http://mundoestranho.abril.
com.br/historia/quem-foram-os-fenicios>.
Do ponto de vista de sua organização política, a Fenícia não constituiu 
um Estado unificado – uma característica que a distingue dos demais povos da 
região que organizaram grandes impérios –, mas foi formada por cidades-Estados 
independentes situadas em pontos dispersos do litoral, formando populações no 
entorno dos portos naturais existentes em seu território. Estas cidades tiveram seu 
auge entre 1.200 e 900 a.C., destacando-se Ugarit, Aradus, Trípoli, Biblos, Sidon e 
Tiro, e constituindo-se como importantes centros comerciais e manufatureiros – 
aproveitando a queda da civilização minoica de Creta após 1.400 a.C.
Outro aspecto importante foi o domínio pelos comerciantes das rotas 
marítimas, a talassocracia, uma elite mercantil altamente organizada em repúblicas 
e/ou monarquias para a administração do espaço de navegação e comércio.
A imagem a seguir apresenta a localização dos fenícios, bem como as 
principais rotas comerciais marítimas desenvolvidas nas regiões costeiras ao Mar 
Mediterrâneo.
UNIDADE 1 | DA ANTIGUIDADE AO FIM DO FEUDALISMO
18
FIGURA 7 – LOCALIZAÇÃO DA CIVILIZAÇÃO FENÍCIA E SUAS ROTAS MARÍTIMAS
FONTE: Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/7/78/
Rutas_comerciales_fenicias-pt.svg/1200px-Rutas_comerciales_fenicias-pt.svg.png>. 
Acesso em: 4 set. 2017.
Alguns dos produtos comercializados pelos fenícios tiveram até uma 
produção em série, como os objetos de cerâmica e de metal. Contudo, o principal 
produto de exportação foi o corante de púrpura, obtido de um molusco comum 
em seu litoral, o múrex, que permitia o tingimento de tecidos desde tons de rosa 
até o roxo. O corante de púrpura foi uma das mercadorias mais caras e procuradas 
da Antiguidade – chegando até mesmo a ter sua produção limitada a imperadores 
em séculos posteriores –, cujas técnicas de tingimento foram muito dominadas 
pelos fenícios (REZENDE FILHO, 2010).
IMPORTANT
E
O corante de púrpura foi o principal produto de exportação dos fenícios, por 
ser considerado um item de luxo entre as classes reais e até mesmo de titularidade real.
Com o fim de fortalecer as transações de seu comércio de trocas, os 
fenícios procuraram fundar feitorias, consideradas pontos de apoio situados 
nas regiões onde havia comércio para facilitar os enlaces com o setor externo. 
Algumas destas feitorias ou colônias também estão dispostas na imagem 
anterior.
TÓPICO 1 | OS PRIMEIROS SISTEMAS ECONÔMICOS
19
Pode-se destacar a construção de cidades para estes fins, como Palermo, 
na Sicília, e Cádiz e Málaga, na Espanha, mas, especialmente uma destas feitorias 
carece de maior atenção, que deu origem à cidade de Cartago. Cartago tornou-
se uma grande potência econômica de controle do Mar Mediterrâneo entre os 
séculos IX e II a.C., até ser derrotada por Roma nas guerras púnicas. A imagem a 
seguir retrata a pujança econômica que se tornou esta feitoria fenícia.
FIGURA 8 – REPRESENTAÇÃO DO PORTO DE CARTAGO
FONTE: Disponível em: <https://br.pinterest.com/pin/461407924295231582/>. Acesso em: 4 
set. 2017.
Por outro lado, embora o comércio de trocas tenha sido largamente 
desenvolvido pelos fenícios, suas cidades não conheceram a monetarização. As 
primeiras cunhagens de moedas ocorrem apenas no século V a.C., primeiramente 
na cidade de Tiro, depois em Sidon, Biblos e Cartago.
Um dos motivos para o atraso na monetarização está na forma de comércio 
realizado pelos fenícios, que se baseava nas trocas comerciais de produtos 
escassos e abundantes em determinados territórios. A difusão da moeda facilita o 
comércio, mas não é um pré-requisito para o seu pleno funcionamento, portanto, 
o processo de monetarização depende da estrutura e da dinâmica interna presente 
em cada sistema econômico específico. Na Mesopotâmia, por exemplo, a moeda 
foi importante devido às suas trocas com outras civilizações, mas no Egito a 
centralização pelo Estado, com ênfase no trabalho coletivo, pouco incentivou a 
monetarização (REZENDE FILHO, 2010).
UNIDADE 1 | DA ANTIGUIDADE AO FIM DO FEUDALISMO
20
IMPORTANT
E
Os fenícios não conheceram a monetarização da economia devido ao fato 
de sua dinâmica interna econômica ter privilegiado as trocas comerciais entre produtos 
escassos e abundantes para o comércio exterior.
Sobretudo, é importante destacar que os fenícios não produziram um 
grande volume de produtos, mas atuaram fortemente como importadores e 
exportadores de mercadorias na Antiguidade. Isto é, compravam joias, ferro, 
ouro, prata, cereais de diferentes regiões para serem revendidos àquelas 
civilizações que possuíam escassez de acesso a estes produtos. Como resultado, 
viu-se a formação de rotas terrestres e marítimas densas e complexas entre o 
Egito, a Ilha de Creta, o norte da África, o Sul da atual Itália e Espanha, chegando 
até às Ilhas Britânicas.
DICAS
Para um resumo bastante didático sobre o povo fenício, não deixe de assistir a 
este vídeo: Fenicios_Povos da antiguidade. Disponível:>www.youtube.com/watclu?u=193_
VCe1IJ8 
21
Neste tópico, você aprendeu que: 
• A Revolução Neolítica foi importante para a formação dos primeiros sistemas 
econômicos, pois permitiu o desenvolvimento da agricultura.
• O comportamento predatório do homem é substituído para uma organização 
social voltada à produção de produtos necessários com a Revolução Neolítica.
• A Mesopotâmia e o Egito desenvolveram suas cidades ao longo do chamado 
Crescente Fértil.
• O crescimento da Mesopotâmia dependeu da defesa de suas fronteiras e do 
comércio exterior em busca de matérias-primas.
• O conceito de moeda já era utilizado há muito tempo na Mesopotâmia, 
favorecendo o avanço da monetarização.
• A economia agrícola pôde desenvolver-se intensamente no Egito devido às 
cheias anuais do rio Nilo.
• As cheias do rio Nilo eram regulares; o Egito era protegido de ataques por causa 
do deserto; o Egito não dependia das trocas comerciais com outros territórios; 
as decisões políticas eram centralizadas no faraó.
• A Civilização Minoica e os fenícios possuem suas economias caracterizadas 
pelo desenvolvimento do comércio exterior.
• As principais cidades minoicas tiveram seu crescimento orientado para a 
produção artesanal de exportação.
• Os fenícios tornaram-se grandes intermediários comerciais devido às muitas 
técnicas de navegação criadas, originando uma talassocracia.
• O principal produto de exportação dos fenícios foi o corante de púrpura, 
considerado muito valioso.
• As trocas comerciais realizadas pelos fenícios não produziram um território 
monetarizado.
RESUMO DO TÓPICO 1
22
1 O que podemos entender por civilizações hidráulicas? Escreva sobre os dois 
exemplos mais expressivos.
2 A Revolução Neolítica consistiu na domesticação dos animais para os mais 
diversos usos e no aparecimento da agricultura entre 7.000 e 3.000 a.C. Com 
base no contexto das mudanças oriundas do período neolítico, julgue as 
seguintes afirmações:
I - Uma dastransformações importantes para a formação dos sistemas 
econômicos foi a passagem do comportamento humano predatório para o 
de produção.
II- A Revolução Neolítica se refere ao período do início da Idade Moderna, no 
qual o comércio entre países estava bastante avançado.
III- O crescimento das populações está muito ligado ao controle das fontes de 
alimentação do período neolítico.
IV- O período neolítico é importante para a formação das sociedades, mas 
pouco para os sistemas econômicos, pois tratou-se de uma mera revolução 
das técnicas.
Agora, assinale a alternativa correta:
a) ( ) Somente a afirmativa II está correta.
b) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
c) ( ) As afirmativas III e IV estão corretas.
d) ( ) As afirmativas I e IV estão corretas.
3 Escreva sobre as formas de comércio exterior presentes na Civilização 
Minoica e nos fenícios.
AUTOATIVIDADE
23
TÓPICO 2
DA ECONOMIA FEUDAL ÀS ORIGENS DO CAPITALISMO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico! Bem-vindo ao segundo tópico do livro de estudos 
de História Econômica Geral. A partir de agora vamos estudar desde a economia 
feudal até as origens do capitalismo. Mais especificamente, veremos: o sistema 
feudal, sua estrutura e funcionamento e sua dissolução. Estudaremos também 
a formação das primeiras cidades, a importância do comércio e como ocorreu a 
transição do sistema feudal para o sistema capitalista.
Bons estudos!
2 O SISTEMA FEUDAL 
No tópico anterior conhecemos os sistemas econômicos que predominaram 
antes do feudalismo. Quando se trata de sistemas econômicos, o momento 
histórico do feudalismo, ou desta organização econômica, é um ponto crucial 
para compreender a evolução do modo de produção que se instalou aos poucos 
pelo mundo, que foi o modo de produção capitalista.
 
Antes, porém, é preciso recapitular com cuidado: o que foi o sistema 
feudal? Sabe-se que o feudalismo foi um sistema econômico que predominou 
na Europa e que antecedeu o modo de produção capitalista. Mas, como se 
dava a organização da produção no sistema feudal? É importante frisar que 
neste período ainda não existiam as fábricas. O trabalho resumia-se à terra, na 
agricultura, nos grãos e cultivos para alimentação e no pastoreio, no rebanho 
para a lã do vestuário. A sociedade medieval era essencialmente agrária. A 
hierarquia social baseava-se nos vínculos que os indivíduos mantinham com 
a terra; as atividades agrícolas eram as que sustentavam todo o sistema social 
(HUNT, 2005; HUBERMANN, 1986). 
Havia uma divisão das terras neste período que se dava pelos chamados 
“feudos”. Um feudo era uma aldeia, com uma considerável extensão de terra 
arável, própria para o plantio das culturas necessárias à sobrevivência, nas quais 
a maior parte do povo trabalhava. Na encosta da terra cultivada encontravam-se 
pastos, terrenos e bosques. Os feudos variavam de tamanho e de organização, 
muito embora as características gerais não se diferenciavam consideravelmente.
UNIDADE 1 | DA ANTIGUIDADE AO FIM DO FEUDALISMO
24
FIGURA 9 – ESTRUTURA DO FEUDO
FONTE: Disponível em: <https://reinodeavila.files.wordpress.com/2011/03/feudinho1.
jpg?w=460&h=300>. Acesso em: 4 set. 2017.
Em cada um dos feudos havia um senhor que vivia com sua família em 
uma casa grande ou em um castelo, como se pode observar na figura acima. As 
pastagens, os campos e as florestas eram utilizados em comum e divididos em 
duas partes. Uma terça parte do todo pertencia ao senhor feudal, nesta terça 
parte o que ali se cultivava se dirigia apenas ao senhor feudal. Quanto à outra 
parte, ficava dividida entre vários arrendatários que trabalhavam naquelas terras. 
Importante observar que os arrendatários trabalhavam em sua terra e também 
nas terras do senhor feudal (HUBERMANN, 1986). 
As condições de sobrevivência dos camponeses eram miseráveis, 
trabalhavam por várias horas no dia dividindo-se entre o trabalho nas suas terras 
e nas do senhor feudal como forma de pagamento. De todo trabalho do camponês 
restava apenas o suficiente para sobreviver miseravelmente. Importante frisar 
que as terras do senhor feudal sempre eram prioridade em épocas de plantio e 
colheita, o mesmo acontecia com os produtos a serem postos à venda no mercado, 
os produtos melhores e mais valorizados eram do senhor feudal. Outro exemplo 
das prioridades é que, no caso das estradas, como eram de terra, se estivessem 
malconservadas, o camponês deveria deixar o seu campo (plantio e colheita) e 
trabalhar na manutenção das estradas e vias. Se o camponês desejasse moer seu 
trigo ou mesmo utilizar moedores, ele devia um pagamento ao senhor feudal, já 
que a ele tudo pertencia (HUBERMANN, 1986).
TÓPICO 2 | DA ECONOMIA FEUDAL ÀS ORIGENS DO CAPITALISMO
25
Os camponeses eram mais ou menos dependentes. Acreditavam os 
senhores que existiam para servi-los. Jamais se pensou em termos 
de igualdade entre senhor e servo. O servo trabalhava a terra e o 
senhor manejava o servo. E no que se relacionava ao senhor, esta 
pouca diferença fazia entre o servo e qualquer cabeça de gado de sua 
propriedade. Na verdade, no século XI, um camponês francês estava 
avaliado em 38 soldos, enquanto um cavalo valia 100 soldos! Da mesma 
forma que o senhor ficaria aborrecido com a perda de um boi, pois 
dele necessitava para o trabalho da terra, também o aborrecia a perda 
de qualquer de seus servos – gado humano necessário ao trabalho na 
terra (HUBERMANN, 1986, p. 17). 
O camponês também era conhecido como “servo” e, na sua maioria, eram 
os arrendatários e trabalhadores do campo. O servo não se tratava de um escravo 
propriamente, já que minimamente possuía um lar, uma família e podia se utilizar 
de parte da terra cedida pelo senhor feudal. Muito embora existissem vários níveis 
de servidão nos feudos. Os historiadores afirmam que existiam os chamados 
“servos de domínio”, os quais viviam ligados à casa do senhor feudal executando 
tarefas em suas próprias propriedades. Havia também os chamados “fronteiriços”, 
que eram os camponeses mais desprovidos e tinham uma pequena quantidade de 
terra que não alcançava um hectare. Estes se situavam à encosta da aldeia.
Outra forma de servidão eram os chamados “aldeães”, estes nem mesmo 
possuíam terra, apenas uma cabana, e trabalhavam para o senhor feudal em 
troca do alimento de seu sustento. Outra classe destacada pelos historiadores 
são os “vilões”. Estes eram servos que pareciam ter certa liberdade econômica e 
pessoal. Estes tinham maior liberdade e privilégios se comparados aos demais, e 
menos deveres para com o senhor feudal. Alguns deles podiam inclusive cultivar 
livremente a terra e outros não desempenhavam tarefa alguma e apenas pagavam 
ao senhor feudal uma parcela de sua produção. Alguns até gozavam de liberdades 
como homens livres e podiam arrendar terras do senhor feudal. Existia assim, de 
um lado, cidadãos que eram livres e independentes e pagavam taxas ao senhor 
feudal, e de outro, os servos, aldeães que sobreviviam a duras penas. Os chamados 
“vassalos” eram os que negociavam algum benefício com um nobre ou soberano 
e em troca a este juravam fidelidade. Geralmente recebiam terras, cargos nobres 
e outros benefícios e, em troca, forneceriam benefícios (HUBERMANN, 1986). 
É importante ressaltar ainda o papel da Igreja neste período, maior 
proprietária de terras do período feudal. Muitos senhores feudais 
doavam terras para o clero, pois acreditavam que esta era uma forma 
de “encontrar Deus”. Era um costume, quando um senhor feudal 
ganhava uma guerra e dominava novas terras inimigas, doar parte 
destas à igreja. Tanto é fato que a Igreja chegou a somar mais de um 
terço e metade das terras da Europa ocidental. Os bispos e sacerdotes 
localizavam-se na mesma estrutura que duques e condes. “O clero e 
a nobreza constituíam as classes governantes. Controlavam a terra e o 
poder que delas provinha. A Igreja prestava ajuda espiritual, enquanto 
a nobreza, proteção militar. Em troca, exigiam pagamento das classes 
trabalhadoras, sob a formade cultivo das terras” (HUBERMANN, 
1986, p. 24).
UNIDADE 1 | DA ANTIGUIDADE AO FIM DO FEUDALISMO
26
Assim, a estrutura da sociedade feudal separava-se por classes distintas: 
o rei, considerado o elemento mais importante do sistema feudal. Na sequência, 
teríamos a alta nobreza, na qual se incluirá a Igreja, duques e condes; em seguida 
o chamado baixo clero: monges sacerdotes junto com barões e cavalheiros, e por 
fim, como base de suporte que faziam o sistema funcionar, ficavam os camponeses, 
servos que se obrigavam a viver e a trabalhar nas terras do senhor feudal em troca 
de alimentos e condições para sobrevivência. Assim, cada andar desta pirâmide ia 
sucessivamente sustentando o outro (HUBERMANN, 1986). 
FIGURA 10 – ESTRUTURA DA SOCIEDADE FEUDAL
FONTE: Disponível em: <http://www.miniweb.com.br/historia/Artigos/i_
media/imagens/7_grupos.gif>. Acesso em: 4 set. 2017.
REI
POVO
NOBREZA
SENHORES DAS 
TERRAS, TUDO LHES 
PERTENCE NÃO 
PAGAM IMPOSTOS 
MAS RECEBEM-NOS 
DO POVO.
SUSTENTA O CLERO 
E A NOBREZA, 
TRABALHA, PAGA 
IMPOSTOS A TODOS, 
TRABALHA PARA O 
REI NAS OBRAS E NA 
GUERRA.
CLERO
A economia deste período se resumia a trocas. Praticamente todas as 
necessidades eram supridas pelo feudo, alimentação, vestuário, as aldeias eram 
autossuficientes e o dinheiro não era uma ferramenta usual. O camponês ou 
servos produziam os alimentos que necessitava, assim como alguma mobília que 
fosse necessária. O senhor feudal buscava aqueles servos que demonstrassem 
alguma habilidade mais elaborada para fazer estes serviços para ele. A sociedade 
feudal era de certa forma completa em si, já que fabricava o que tinha necessidade 
de consumir e consumia todos os produtos. Vale lembrar que a produção de 
excedentes não era estimulada. Havia, no entanto, o escambo de mercadorias. 
TÓPICO 2 | DA ECONOMIA FEUDAL ÀS ORIGENS DO CAPITALISMO
27
Caso alguma família tivesse excesso de trigo, trocava com outra família por algum 
produto que tivesse em falta e que o outro necessitasse. Assim, o comércio nesta 
sociedade não tinha muita importância e nem era algo normal (HUBERMANN, 
1986). No próximo ponto vamos estudar a dissolução do sistema feudal.
IMPORTANT
E
Caro acadêmico! O feudalismo foi uma forma de organização social e 
econômica da Idade Média. No feudalismo, a organização da sociedade se dava por meio 
de feudos, que eram grandes propriedades de terra que pertenciam à nobreza e ao clero e 
trabalhadas pelos servos, numa economia agrária e de subsistência.
DICAS
Sugerimos que assista o vídeo sobre feudalismo. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=b_dj58jAO2c>.
3 DISSOLUÇÃO DO SISTEMA FEUDAL E ORIGENS DE UM 
NOVO MODO DE PRODUÇÃO 
Neste ponto serão abordados os principais momentos que impulsionaram 
a dissolução do sistema feudal. Uma série de fatores fez com que o regime feudal 
fosse aos poucos dando lugar a outro modo de produção. Vejamos os principais 
momentos dessa dissolução neste tópico. 
3.1 A IMPORTÂNCIA DO COMÉRCIO
Como mencionado anteriormente, no período feudal vivia-se por meio das 
trocas. O dinheiro, na forma como se conhece hoje, não era algo que parecia fazer 
sentido na Idade Média. Mas o que se fazia então com os recursos provenientes do 
pagamento de impostos e taxas ao rei e o dízimo que era pago para a Igreja? Na 
Idade Média, como as trocas e o escambo de mercadorias era o que predominava, 
o dinheiro não era investido como ocorre hoje. Este capital que os ricos, nobres, 
reis e o clero possuíam era inativo, improdutivo. A Igreja, por exemplo, era dona 
de cofres de ouro, prata e muitas peças utilizadas como enfeites em altares. Mas 
era um capital que estava parado, sem qualquer tipo de movimentação. 
UNIDADE 1 | DA ANTIGUIDADE AO FIM DO FEUDALISMO
28
Semanalmente, nos feudos, castelo ou mosteiro acontecia o mercado. Os 
mercadores, como eram chamados, eram controlados pelos bispos, ou pelo senhor 
feudal, e ali se efetuavam algumas trocas. Este era o momento de trocar alguma 
mercadoria excedente por outra de que se tivesse necessidade. É importante 
lembrar que o excedente da produção não era estimulado e que o que se produzia 
era unicamente para a sobrevivência. Só se fabricava ou cultivava aquilo que fosse 
consumido. Desta maneira, o comércio não era muito intenso e era mais local 
(HUBERMANN, 1986).
Outra questão que impedia a expansão do comércio eram as péssimas 
condições das estradas. Podemos imaginar uma Europa essencialmente rural com 
estradas malconservadas, de barro e lama dificultando qualquer viagem. Além 
disso, bandidos e saqueadores estavam à espreita esperando comerciantes, ou 
mesmo o senhor feudal, que exigia que se pagasse um imposto para transitar pela 
sua estrada. O comércio e transporte de mercadorias seguiu com dificuldades por 
algum tempo, já que trafegar em longas distâncias era arriscado e com uma série 
de dificuldades. Por isso o comércio se restringia apenas aos feudos.
Todavia, foi no século XI que o comércio passou a evoluir com maior 
força e a partir daí começaram as transformações, afetando bruscamente toda a 
vida do período feudal. É por meio das Cruzadas que o comércio é impulsionado 
fortemente. Durante as Cruzadas, milhares de europeus foram impulsionados 
pela Igreja católica a buscar Deus na terra prometida. Estas pessoas necessitavam 
alimentar-se, vestir-se pelo caminho, e os mercadores as acompanhavam fazendo 
o papel de fornecedor de diferentes mercadorias. Aqueles que retornavam do 
Ocidente voltavam com um gosto mais requintado, tanto em relação aos alimentos, 
quanto ao vestuário que conheceram durante as Cruzadas. A procura por 
diferentes tipos de produtos acabou gerando uma oportunidade aos mercadores. 
Neste período também houve um aumento significativo da população. Com 
este aumento, houve dificuldades de produzir alimentos para atender às 
necessidades de toda essa nova população que chegava, necessitando de produtos 
e mercadorias. Além disso, as Cruzadas foram um importante momento para 
as cidades italianas como Veneza, Genova e Pisa, que encaravam isto como um 
momento de obter privilégios com o comércio (HUBERMANN,1986). 
As primeiras feiras em cidades da Inglaterra, França, Bélgica, Alemanha 
e Itália foram o passo inicial ao comércio permanente que até antes não existia. 
Existiam assim os mercados semanais e as grandes feiras dos séculos XII e XV. Os 
mercados eram formados por pequenos produtores rurais, artesãos, negociando 
seus produtos locais, geralmente agrícolas. Já as feiras, ao contrário, eram imensas, 
negociavam mercadorias por atacado, e vinham mercadores de todos os cantos 
do mundo. Nas feiras, encontravam-se grandes mercadores que se diferenciavam 
dos pequenos revendedores de produtos locais. As feiras eram realizadas com 
vários preparativos, convidando mercadores de todos os lugares e oferecendo 
a eles um guarda para ir e voltar, já que os saques e roubos eram frequentes. 
Os mercadores também eram isentos de impostos e pedágios que os senhores 
feudais geralmente cobravam. Tais incentivos deviam-se ao fato de que o senhor 
TÓPICO 2 | DA ECONOMIA FEUDAL ÀS ORIGENS DO CAPITALISMO
29
feudal também lucrava e proporcionava riqueza aos seus domínios e pessoal. 
Havia a necessidade de se pagar uma taxa de entrada e de saída da cidade, havia 
também uma taxa de venda e uma taxa para utilizar um local na feira, as quais o 
mercador deveria pagar ao senhor feudal para usufruir do espaço e da atividade 
comercial.
Com o passar do tempo, as feiras começaram a se tornar importantes não 
somente pelo comércio em expansão, mas pela presença de transações financeiras. 
Começou a se tornar difícil a troca e o escambo de determinada mercadoria. É 
nesse momento que surge em cena a moeda, o dinheiro como meio de troca de 
mercadorias. Por exemplo: como mensurar a troca de um casaco de lã por galões 
de vinho? Além disso, era necessário procurar e encontrar quem tivesse o produto 
disponível e que desejasse trocar por aquilo que se tinha para oferecer.O que ocorre é que a moeda agora passaria a mediar essas trocas 
comerciais. O processo de trocas torna-se facilitado, já que o dinheiro, as moedas 
eram aceitas por todos. Quando se tem a moeda (o dinheiro) não há necessidade 
de procurar quem aceite a trocar galões de vinho por lã. Basta que se procure 
quem deseja vender a lã e trocá-la por dinheiro, e com esse dinheiro o dono da 
lã poderá comprar outro produto ou especiaria de que tenha necessidade. Com a 
introdução do dinheiro, facilitou-se o processo de trocas de mercadorias, além de 
incentivar o comércio. Após a introdução e utilização do dinheiro no século XII, a 
economia foi transformada de feudal em uma economia de vários mercados, com 
expansão do comércio em escala mundial (HUBERMANN, 1986). 
UNI
Caro acadêmico! Você sabe o que foram as Cruzadas? Foram movimentos 
militares cristãos com sentido à Terra Santa, com o intuito de manter o domínio cristão e 
impedir que os mulçumanos ocupassem as terras. O significado do nome “Cruzadas” se deve 
ao fato de que os partícipes utilizavam uma cruz em suas vestimentas e se consideravam 
soldados de Cristo.
DICAS
Para saber mais sobre as Cruzadas assista ao Filme “As cruzadas: a meia lua e a 
cruz”: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=joDNebrXyhk>.
UNIDADE 1 | DA ANTIGUIDADE AO FIM DO FEUDALISMO
30
UNI
“As Cruzadas foram movimentos militares cristãos em sentido à Terra Santa 
com a finalidade de ocupá-la e mantê-la sob domínio cristão. No século VII surgiu no 
Oriente Médio uma religião também monoteísta que conquistaria muitos adeptos com o 
passar do século. O islamismo foi difundido através do profeta Maomé e o seu crescimento 
criaria grandes embates com o cristianismo. No final do século XI, a religião já havia se 
tornado grande o suficiente para clamar por seus lugares sagrados, que, no entanto, eram 
coincidentes com os lugares sagrados dos cristãos. A cidade de Jerusalém é o principal local 
sagrado para essas duas religiões monoteístas e também para o judaísmo. A ocupação da 
cidade e das regiões próximas que compõem a chamada Terra Santa foi motivo de muitos 
conflitos entre essas religiões na Idade Média e ainda é uma das causas da instabilidade 
no Oriente Médio”. Fonte: <http://valfranspp.blogspot.com.br/2015/05/as-cruzadas.html>. 
Acesso em: 20 set. 2017.
3.2 A FORMAÇÃO DAS PRIMEIRAS CIDADES 
A expansão do comércio resultou em uma importante consequência: o 
crescimento das cidades. Antes do início do comércio, as cidades possuíam 
um formato diferente. Nos grandes centros, onde se localizavam os centros 
importantes como os militares e judiciais de um país, era onde se realizavam 
julgamentos e onde havia, portanto, bastante movimento. Boa parte das cidades 
tinha uma característica e uma essência rural. Todavia, as novas cidades que 
passaram a se desenvolver com a expansão do comércio, aos poucos passaram a 
ter características diferenciadas. 
Na Idade Média, durante o período feudal, as cidades cresceram muito, 
onde o comércio teve uma expansão rápida. Cidades da Itália e da Holanda 
foram os primeiros centros de comércio importantes da Europa. Onde a expansão 
comercial se dava, as cidades começavam a surgir. Geralmente surgiam no 
encontro de duas estradas, próximas a um rio, próximas a declives. Eram estes os 
lugares mais procurados pelos mercadores. Próximos a estes lugares geralmente 
havia uma igreja ou o que se chamava de “burgo”, que era uma espécie de 
proteção em caso de ataques (HUBERMANN, 1986). 
O povo passa a deixar as vilas e os feudos e partir para esses novos centros 
em busca de novas condições de vida. A expansão do comércio, para muitos, 
parecia significar trabalho e, por conta disso, se deslocavam até as novas cidades 
com esta finalidade. Se pensarmos na estrutura inicial da sociedade feudal descrita 
no item anterior, e que esta sociedade agora passava a expandir o comércio e como 
consequência disso o crescimento das cidades, esses dois modelos de sociedade 
logo entrariam em conflito. 
TÓPICO 2 | DA ECONOMIA FEUDAL ÀS ORIGENS DO CAPITALISMO
31
O modelo da sociedade feudal era sem qualquer tipo de liberdade, o 
senhor feudal tinha o domínio de todas as terras. As cidades, por outro lado, 
pareciam ser a promessa de liberdade comercial. Embora as terras das cidades 
também pertencessem aos senhores feudais e ao clero, aos nobres e reis, estes não 
viam diferença entre as terras das cidades e do feudo. A finalidade dos senhores 
feudais era a de lucrar o que pudessem com impostos e taxas, de igual modo 
como faziam nos feudos. Todavia, essas práticas se aplicavam aos feudos e às 
propriedades rurais, essas leis deveriam ser diferentes para se aplicar nas cidades. 
O comércio em constante mudança não conseguia se adequar à sociedade feudal, 
já que a vida nos feudos era diferente da vida que se levava nas cidades. Assim, 
novos padrões deveriam ser criados, este era um pensamento dos mercadores e 
não demorou em ser posto em prática (HUBERMANN,1986).
O que exatamente eram esses novos padrões e anseios dos mercadores? 
Neste período, o perigo de saqueadores e roubos nas estradas era muito grande e 
os mercadores passaram a viajar em grandes grupos. Quando participavam das 
feiras, sempre avaliavam para ter um melhor desempenho nos negócios a fim de 
buscar as melhores oportunidades e aumentar seus lucros. Não demorou muito 
para perceberem que os padrões da sociedade feudal se tornavam um empecilho 
para os seus negócios. Ao notarem que a sociedade feudal reprimia seus negócios, 
os mercadores buscaram alternativas, e uma delas foi a criação das chamadas 
“corporações” ou “ligas”, que tinham como grandes objetivos conquistar a 
liberdade para que o comércio continuasse se expandindo (HUBERMANN,1986). 
As populações desejavam a liberdade e também a liberdade da terra. O 
ato de arrendar a terra no feudo já não agradava mais às populações das cidades. 
O homem de negócios via a terra desde uma perspectiva diferente daquela do 
senhor feudal. Caso fosse necessário capital para investir nos negócios, poderiam 
vender parte da terra ou hipotecá-la e sem a necessidade de pedir permissão para 
um senhor. 
As populações urbanas desejavam proceder a seus próprios 
julgamentos, em seus próprios tribunais. Eram contrárias às cortes 
vagarosas, que se destinavam a tratar dos casos de uma comunidade 
estática, e totalmente inadequada aos novos problemas que surgiam 
numa cidade comercial dinâmica (HUBERMANN,1986, p. 29).
O povo das cidades passou a exigir “novas regras”. Não aceitavam mais 
que um senhor feudal ditasse as regras e que, como era de costume, tirasse 
vantagem de tudo o que se passava. As populações das cidades queriam criar 
suas próprias leis, regras e propostas de soluções para seus problemas, já que 
um senhor feudal não estaria apto para tratar dos negócios de comércio. Estas 
populações queriam estabelecer seus próprios impostos e taxas, opondo-se às 
regras e aos pagamentos de impostos e taxas do feudo. Essa liberdade que as 
cidades proporcionavam foi construída aos poucos. O senhor feudal vendia 
parte das suas posses aos cidadãos, e aos poucos as cidades passavam a ser 
independentes. Importante frisar que isto nem sempre foi um processo pacífico, 
UNIDADE 1 | DA ANTIGUIDADE AO FIM DO FEUDALISMO
32
ao passo que muitos senhores feudais estariam abrindo mão de suas regalias e 
riquezas. Tudo indica que, ao que parece, este processo de mudança social não 
foi possível de ser barrado pelos senhores feudais e, obviamente percebendo isto, 
muitos deles resistiram e enfrentaram a violência das cidades, enquanto outros 
tiraram proveito desta situação para lucrar ainda mais (HUBERMANN,1986).
Essa liberdade e os direitos conquistados pelos mercadores nas cidades 
refletem a importância crescente do comércio e deste como fonte de riqueza. Na 
sociedade feudal a riqueza era medida por meio das posses de terras, mas com a 
expansão do comércio passa a surgir uma nova forma de riqueza: o dinheiro. O 
dinheiro,como mencionado anteriormente, não tinha utilidade dentro do feudo, 
pois na economia de subsistência vivia-se de trocas e escambo de mercadorias, 
mas agora assume papel de protagonista como o principal mediador das trocas 
do comércio nas cidades. A organização da sociedade no feudo pertencia aos 
senhores feudais e sacerdotes, que viviam do trabalho dos servos e camponeses. 
Eis que agora a organização da sociedade feudal aos poucos vai se modificando 
e dá lugar a uma nova classe que ia surgindo, uma classe que vivia do comércio: 
a classe média!
3.3 AS NOVAS IDEIAS E A POSIÇÃO DA IGREJA 
Hoje, para fazer boa parte dos negócios da forma como conhecemos, 
é necessário o dinheiro como mediador. Para efetuar grandes negócios, se o 
indivíduo não possuir, pode buscá-lo na forma de empréstimos, nos quais terá 
um determinado prazo para pagar, além de uma quantia a mais pelo período, 
que são os juros. Hoje é tão natural esta ação de tomar dinheiro em forma de 
empréstimos e pagar juros que parece natural, mas nem sempre foi assim. 
Houve um tempo em que cobrar juros era considerado um gravíssimo crime. Na 
Idade Média, como já se mencionou aqui, a Igreja era uma das instituições mais 
poderosas e protagonistas sobre o que era o certo e errado naquela sociedade. 
Assim, a Igreja afirmava que cobrar juros pelo dinheiro era pecado. Não apenas 
a Igreja condenava a “usura”, o fato de se tomar dinheiro emprestado e cobrar 
juros era para a Igreja um pecado gravíssimo, tanto que até os governos baixaram 
uma lei na Inglaterra, a qual tinha os seguintes dizeres:
“Fica determinado que nenhuma pessoa ou pessoas de qualquer classe, 
estado, qualidade ou condição, por qualquer meio corrupto, artificioso ou 
disfarçado, ou outro, emprestem, deem, entreguem ou passem qualquer soma 
ou somas de dinheiro... para qualquer forma de usura, aumento, lucro, ganho 
ou juro a ser tido, recebido ou esperado, acima da soma ou somas dessa forma 
emprestadas... sob a pena de confisco da soma ou somas emprestadas... bem 
como a usura... e ainda a da punição de prisão”. (HUBERMANN, 1986, p. 37).
TÓPICO 2 | DA ECONOMIA FEUDAL ÀS ORIGENS DO CAPITALISMO
33
A Igreja era instituição que ensinava o que era certo e errado em todas as 
atividades humanas, para que o homem pudesse usufruir do paraíso. Ensinava 
que os lucros eram a ruína da alma e que o mais importante era o bem-estar 
espiritual, ao qual se deveria dar prioridade. Tanto que a famosa passagem bíblica 
até hoje é conhecida: “mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do 
que um rico entrar no reino dos céus”. Portanto, para a Igreja o empréstimo e a 
cobrança de juros eram um pecado condenável. Além disso, emprestar dinheiro 
e receber de volta o valor mais os juros permitia a possibilidade de viver sem 
trabalhar, e isto, para a Igreja da Idade Média, não era um ato correto! 
Todavia, esta pregação da Igreja era válida para o povo, mas não para 
ela. O que defendia e afirmava ser pecado condenável, na prática da instituição 
era bem diferente, “embora os bispos e reis combatessem e fizessem leis contra 
os juros e usura, estavam entre os primeiros a violar tais leis” (HUBERMANN, 
1986, p. 39). A contradição estava dada: apesar de aquela que por boas maneiras 
do indivíduo lhe entregava a chave do céu, por não ter pecados, era a maior das 
pecadoras. E aos poucos, com o contínuo crescimento do comércio, o dinheiro 
passa a ter um papel de protagonista importante nos negócios dos comerciantes, e 
as leis de usura passam a se tornar um empecilho aos negócios, já que a lei proibia 
que se tomasse empréstimos e o comerciante necessitava de mais dinheiro. 
Com os comerciantes pressionando, aos poucos a Igreja passou a ceder 
em relação às leis que cediam minimamente, como esta, que dizia: “A usura 
é um pecado – mas, sob certas circunstâncias”, ou mesmo sendo pecado “em 
casos específicos”. Tudo isso foi aos poucos sendo modificado para atender às 
novas condições que se apresentavam. As leis de usura foram desaparecendo e as 
práticas de comércio passaram a fazer parte da rotina das cidades. Tudo passou a 
ser modificado quando a sociedade entra em uma nova fase de desenvolvimento 
(HUBERMANN, 1986). É justamente o que vamos estudar na seção a seguir. 
4 A TRANSIÇÃO PARA O MODO DE PRODUÇÃO 
CAPITALISTA
Com a expansão do sistema de comércio, fortaleceram-se as cidades 
industriais e comerciais para justamente servir a este comércio. Com esse 
crescimento, as mudanças na agricultura foram grandes, ocorrendo um 
enfraquecimento das relações com a terra e, por consequência, com as 
estruturas feudais.
Por volta do século XV, as feiras aos poucos eram substituídas por cidades 
comerciais, onde florescia um mercado permanente. Nesse período, novas leis 
com relação ao comércio foram criadas. É daí inclusive que surgem as leis que 
regem o sistema capitalista, baseadas nos negócios, contratos, representações 
comerciais, leilões etc.
UNIDADE 1 | DA ANTIGUIDADE AO FIM DO FEUDALISMO
34
As indústrias que começaram a aparecer nas cidades eram basicamente 
de exportação. Os artesãos vendiam seus produtos aos comerciantes e estes os 
transportavam e os revendiam. Uma diferença ainda a ser considerada era a de 
que os artesãos no sistema feudal eram também agricultores, e os artesãos das 
cidades vão desistir da sua posse de terra para dedicar-se única e exclusivamente 
ao trabalho com o qual possam ter uma renda em dinheiro, podendo utilizá-lo 
para satisfazer suas necessidades.
Com o comércio prosperando, se expandia também a necessidade de haver 
uma maior produtividade, e nesse momento passa-se a ter maior controle do 
processo produtivo. Por volta do século XVI, as indústrias que existiam eram de 
um artesão proprietário de sua oficina e de suas ferramentas e matérias-primas e 
funcionava como um pequeno produtor independente. Inicialmente, o capitalista 
fornecia ao artesão a matéria-prima e lhe pagava uma quantia para transformá-la 
em produto final, num sistema doméstico de trabalho (HUNT, 2005).
Muitos historiadores afirmam que o capitalismo já existia quando ocorreu 
essa expansão e domínio do comércio na Europa. Os mercados, na busca de 
lucro monetário, substituíram os costumes e a tradição do sistema hierárquico 
do feudalismo na determinação de quem executaria certa tarefa, como era neste 
regime de castas.
O capitalismo enquanto sistema econômico só se tornou dominante no 
momento em que as relações entre os capitalistas e os trabalhadores existentes, por 
conta das indústrias de exportação, foram estendidas a várias outras indústrias 
da economia daquela época. Para esse sistema se desenvolver, os resquícios do 
sistema feudal deveriam ser destruídos.
O século XVI é um "divisor de águas” na história de toda a Europa. Nesse 
período marca-se a linha divisória entre as ruínas feudais e o novo sistema que 
surgia: o capitalismo. Ocorreram uma série de mudanças por conta disso, mas 
a principal é que a partir deste momento cria-se uma classe trabalhadora que 
era privada dos meios de produção e forçada à situação de vender o seu próprio 
trabalho como única possibilidade de sobrevivência.
4.1 CAMPONESES ROMPEM AS AMARRAS... NOVO REGIME 
DE TRABALHO...
Com o crescimento das chamadas vilas e das cidades conduziu-se 
também o crescimento da especialização rural-urbana. A produção de bens 
manufaturados cresceu muito e aos poucos o que era essencialmente agrário e 
rural começa a ganhar outras feições, com trabalhadores rompendo os laços com 
a terra. Nesse processo de crescente produção manufatureira especializam-se as 
atividades e a produtividade aumenta, e o que aumenta em consonância com isso 
são as relações de comércio internacional.
TÓPICO 2 | DA ECONOMIA FEUDAL ÀS ORIGENS DO CAPITALISMO
35
Para muitos pensadores, essa disseminação do comércio internacional foi a 
mais importante força para a desintegração do feudalismo medieval. Obviamente 
isso não deve ser posto em dúvida, todavia, convém lembrar que um dos fatores 
desse comércio

Outros materiais