Buscar

Prévia do material em texto

Aluno - Fraciele Maciel da Rocha 
R.A - C75HIJ0 
Disciplina - REL PRIV E INTERNET / DIREITO INTERNACIONAL PUBLICO 
Professor - Carlos Eduardo Volante 
Data - 18/03/2020 
 
Resumo do Filme Privacidade Hackeada 
 
O documentário nos apresenta a Cambridge Analytica – empresa de análise de dados – e 
como tal agência foi fundamental para os rumos da eleição de Donald Trump, o Brexit e 
nos influenciou ano passado. Privacidade hackeada leva à tona como a empresa se utilizou 
de dados de usuários do facebook para criar cenários favoráveis para a vitória de Trump 
e separação do Reino Unido da União Europeia. 
A Cambridge Analytica, com a coleta de dados, passa a criar perfis políticos e 
psicológicos do eleitorado americano / britânico. A partir daí manipula o que passa a ser 
divulgado e propagado de acordo com o que cada usuário demonstrasse interesse. Os 
perfis eram alimentados com dados sobre amizades, gostos, desejos e medos. Algumas 
pessoas foram fundamentais para isso e aqui entra Chris Wyllie e Brittany Kaiser. 
Wyllie ajudou na criação da Cambridge Analytica, mas depois de toda repercussão, se 
arrepende e denuncia a conduta fraudulenta da empresa. Wyllie foi um dos responsáveis 
em coletar dados pessoais para a divulgação de informações que influenciariam as 
eleições norte americanas. Kaiser é ex-diretora da Cambridge Analytica e testemunhou 
no Parlamento britânico sobre o uso indevido de informações privadas dos usuários do 
Facebook. 
O documentário escancara como houve operações programadas para levar Donald Trump 
à Casa Branca e no Brexit. Mas tudo isso somente vem à tona com a participação de 
David Carroll e Carole Cadwalladr. Carroll é professor nova iorquino, que processou a 
Cambridge Analytica para recuperação de seus dados e Cadwallard é jornalista do The 
Guardian que expôs as irregularidades da empresa em questão. 
Privacidade hackeada ainda esclarece como tudo isso interferiu em outros países, como 
no Brasil. A Cambridge Analytica vendeu informações para países que tivessem 
interesses nas informações colhidas e mundo a fora realidades foram criadas para as 
eleições que aconteciam. 
Em 2018, foi divulgado o escândalo envolvendo a coleta ilegal de dados pessoais de mais 
de 87 milhões de cidadãos do mundo inteiro por parte da Cambridge Analytica, através 
de um aplicativo no Facebook. O aplicativo “thisisyourdigitallife” pedia permissão para 
pesquisar sobre os hábitos do indivíduo, porém essa simples concessão permitia que 
vários dados do indivíduo e dos seus amigos fossem coletados para gerar um perfil 
psicológico dessas pessoas. Com isso, a Cambridge Analytica podia usar esses perfis para 
influenciá-las em decisões, através de fake News incluídas na timeline do Facebook. Uma 
investigação da jornalista Carole Cadwalladr descobriu que a Cambridge Analytica 
influenciou grandes votações e plebiscitos, como o Brexit, as eleições americanas (2016) 
e de Trinidad e Tobago. 
Ao utilizar essas técnicas para capturar ilegalmente os dados, a Cambridge Analytica 
quebrou um direito humano, a Privacidade, citada na Declaração Universal dos Direitos 
Humanos e, no Brasil, citada na Constituição Federal de 1988. Esta última descreve no 
Art 5º X “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas 
[…]”. Se a Privacidade é um direito humano e garantido através de leis, em que momento 
ela se tornou apenas um conceito, um ideal? 
 
Um dos personagens do documentário é o professor americano David Carroll, que tenta 
descobrir o que foi feito com seus dados capturados. Carroll é um dos titulares de dados 
pessoais que acabou descobrindo como os seus dados se tornaram o novo petróleo para 
muitas empresas. Se por um lado essa coleta de dados gera diferencial competitivo para 
aumentar a lucratividade das organizações, por outro retira a liberdade e a privacidade do 
cidadão. Nessa guerra, o lado do cidadão vem ganhando força com a aprovação de leis de 
proteção de dados pessoais. 
A Europa possui uma diretriz para proteção dos dados pessoais desde 1995 e, apesar do 
documentário não citar, durante as investigações a Europa estava aguardando o GDPR 
(General Data Protection Regulation) entrar em vigor. No Brasil, a aprovação do GDPR 
em 2016 e o escândalo da Cambridge Analytica contribuíram para acelerar o processo de 
aprovação da nossa Lei 13.853/2019, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Com 
isso, o Brasil passa a ter uma Lei de proteção de dados pessoais equivalente ao GDPR e 
figura agora entre os 130 países do mundo que possuem uma legislação voltada para 
proteção da privacidade dos indivíduos. 
Voltando para o professor Carroll, ele teve duras batalhas nos tribunais ingleses para 
conseguir saber quais dados foram coletados e como foram utilizados. Com a aprovação 
de leis como o GDPR e a LGPD, outros titulares não devem ter a mesma dor de cabeça 
que o professor, uma vez que essas regulamentações têm princípios voltados para a 
transparência, garantindo clareza e precisão das informações sobre o tratamento de dados 
pessoais. 
Com esse escândalo e vários outros que vieram, o Facebook, foi obrigado a excluir 
aplicativos da sua plataforma e mudar sua política de privacidade, além de ser processada 
em diversos países (multada em alguns), e seu líder Mark Zuckerberg foi chamado a 
esclarecer os fatos no Senado Americano e no Parlamento Europeu. 
O documentário não tem o objetivo de deixá-lo paranoico com a sua privacidade, mas de 
alertá-lo até onde as grandes empresas podem ir para eleger um presidente e mudar o 
futuro de uma nação. Carole Cadwalladr destaca que a tecnologia é, de fato, incrível, mas 
ela tem sido utilizada de maneira inapropriada. As leis ainda não estão totalmente 
preparadas para isso [apesar de estarem mudando], ainda veremos anos de democracia e 
sociedade sendo perturbados pelo uso criminoso das mídias sociais e dos dados coletados 
indevidamente. 
A Cambridge Analytica pode ter sido exposta como pioneira dessa coleta imoral de 
informações, mas seu modelo de negócio se mostrou poderoso e lucrativo, desrespeitando 
o direito individual à privacidade. Outras empresas podem continuar fazendo o que eles 
fizeram, mas espera-se que com a leis de proteção de dados pessoais, isso seja punido 
rigorosamente.