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Economia Monetária e Sistema Financeiro Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Esp. Marcello de Souza Marin Revisão Textual: Prof. Ms. Claudio Brites Demanda de Moeda • Introdução • Oferta e Demanda • Teorias Sobre Demanda de Moedas • Versão Clássica • Versão Keynesiana • Modelo de Baumol • Abordagem de Friedman · Elucidar a questão da demanda da moeda, discorrer sobre as teorias do assunto e demonstrar via situações do dia a dia porque os agentes econômicos (pessoas e companhias) acabam por reter ativos monetários. OBJETIVO DE APRENDIZADO Demanda de Moeda Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Demanda de Moeda Introdução a Demanda por Moedas Nesta unidade, entenderemos como funciona a demanda pela moeda. Para elucidar um pouco o assunto, explicaremos o que é oferta e demanda, assuntos que você entenderá um pouco melhor. Oferta e Demanda Certamente, você já ouviu em algum momento, em um noticiário, artigo de jornal, na internet, um comentário sobre a lei da oferta e da procura. Trata-se de um termo largamente utilizado, de certa forma útil, mas bastante impreciso. Em geral, é usado para explicar alguma variação importante de preços de um bem. Por exemplo, [...] o preço do tomate subiu 5,3% neste mês, em razão da entressafra do produto. É a lei da oferta e da procura que faz com que o produto fique mais caro quando a oferta do produto diminui nos supermercados e nas feiras. Em muitos casos, a explicação do fenômeno é válida. Oferta Podemos definir oferta como a quantidade de determinado bem que os produtores desejam vender no mercado a um determinado nível de preços. Oferta essa ligada ao desejo de vender um determinado bem no mercado. Quanto maior a oferta, maior será a quantidade a ser ofertada de determinado produto. Um produto que é vendido a R$ 200 tem uma oferta de 10.000 unidades. Se esse mesmo produto fosse vendido a R$ 300, ele com certeza teria um aumento na quantidade ofertada – ou por vendedores que não ganhavam muito vendendo a R$ 200 ou porque os vendedores que vendiam a R$ 200 agora iriam querer ganhar mais vendendo a R$ 300. Demanda Os indivíduos, empresas e demais agentes econômicos que desejam adquirir um produto são chamados de demandantes. De forma análoga à oferta, o conjunto dos demandantes, quando atuam em um determinado mercado e manifestam sua intenção de adquirir determinado bem, refletem-se no conceito de demanda. Demanda, portanto, é a intenção, o desejo manifesto de adquirir um determinado bem a um dado nível de preços. 8 9 Quanto maior a oferta, menor será a demanda pelo produto ofertado. Um produto que é vendido a R$ 200 tem uma oferta de 10.000 unidades; se esse mesmo produto fosse vendido a R$ 300, ele com certeza teria uma diminuição na sua demanda, os compradores comprariam menos unidades por um valor elevado – um exemplo recente foi o do aumento no preço do feijão. A demanda por moeda sempre bate de frente com dois problemas que se busca responder, são eles: 1. A demanda por moeda não pode ser medida diretamente; 2. Qual proporção de sua riqueza que uma família irá manter na forma de moeda. A demanda por moeda não pode ser medida, podemos, a depender da definição, medir o estoque de moeda; não podemos, no entanto, saber se as pessoas querem manter essa quantidade de moedas nas condições atuais de mercado. O impacto monetário só aparecerá quando a demanda não for equivalente à oferta. A demanda não pode ser controlada, por isso é muito difícil conseguirmos determinar o quanto será essa demanda por moeda, visto que tal demanda deve ser a soma de todas as existentes em conjunto, a soma de toda a demanda de todas as famílias em conjunto. Conforme definiu Costa (1999): A ideia básica, em debate, é que não adianta insistir em um controle direto da oferta de moeda se a sua contrapartida – a demanda por moeda – apresentar um comportamento instável. Discute-se a possibilidade de determinar uma oferta monetária que não atenda a uma demanda inflacionária, ou seja só sancione a demanda por moeda “normal”: ocorrida em períodos sem inflação. O que sabemos é que todas as pessoas de modo geral mantêm um estoque de ativos que gera uma renda, isso pode ser consumido ou poupado. Essa de- cisão afeta diretamente a forma como a demanda por moeda se dará em deter- minada sociedade. Um exemplo simples: se temos contas para pagar no dia 15 de determinado mês, e recebemos nosso salário no dia 1 de cada mês, qual decisão vamos tomar? Não fazer nada com o dinheiro até o dia 15? Aplicar o valor excluindo o valor que iremos pagar de contas? Aplicar todo o valor e resgatá-lo no dia 15 para pagar as contas? Essas perguntas que a demanda por moeda gera, o valor que teremos que ter para pagar as contas é nossa demanda de moeda. Ao longo desta unidade discor- reremos sobre várias teorias para essa demanda e elucidaremos melhor as mesmas. 9 UNIDADE Demanda de Moeda Teorias Sobre Demanda de Moedas Nas duas primeiras unidades – Introdução ao estudo da moeda e A evolução da moeda –, entendemos como a moeda foi criada, sua evolução e, principalmente, a sua importância dentro da economia monetária. Agora entenderemos o motivo de termos a demanda da moeda e também os fatores que determinam os saldos monetários dos agentes econômicos. A moeda desempenha funções econômicas essenciais, como: • Intermediação de trocas; • Liquidação de dívidas; • Manutenção de reserva de valor. Pelos motivos acima, a moeda é sempre procurada pelos agentes que interagem e transacionam em sistemas economicamente organizados. Dessa maneira, ela está inserida no processo social da divisão do trabalho e na participação da divisão do resultado produtivo. A moeda pode trazer a denominação de necessidade vital em qualquer sociedade organizada, servindo de intermediação para pagar as contas e comprar insumos, ou sendo guardada para que assim se tenha uma noção de segurança quando diante da necessidade. Por isso, se queremos entender a importância da moeda nas sociedades, primeiramente temos que entender o que leva os indivíduos e empresas a reterem os ativos monetários. Por isso que, a partir de agora, discorremos sobre as teoriasde demanda de moeda, passando pelas seguintes teorias: • Versão clássica; • Versão Keynesiana; • Modelo de Baumol; • Abordagem de Friedman. Demanda significa a quantidade de um bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir por um preço definido em um mercado. A demanda pode ser interpretada como procura, mas não necessariamente como consumo, uma vez que é possível querer e não consumir um bem ou serviço, por diversos motivos. Ex pl or 10 11 Versão Clássica A versão clássica da demanda de moedas versa sobre economistas clássicos e suas visões sobre esse tema. Podemos destacar dentro dessa denominação clássica os seguintes autores e pensadores: • Inglaterra – Adam Smith, David Ricardo e John Stuart-Mill; • França – Jean Baptiste Say e Frédéric Bastiat . Precisamos destacar que esses pensadores são pré-Teoria Geral de Keynes de 1936. Esses estudiosos basicamente queriam responder à seguinte questão: Que razões levam as pessoas a manterem ativos monetários se podem ganhar juros aplicando seus encaixes em ativos financeiros não monetários? Eles chegaram a duas conclusões que vamos descrever a seguir e que se encon- tram na obra de Lopes e Rossetti (1992, p. 46-47): 1. Como não existe coincidência entre fluxos de pagamentos e recebi- mentos, os agentes econômicos (indivíduos e empresas) necessitam reter ativos monetários durante o intervalo que vai do momento em que rece- bem até o momento em que necessitam saldar compromissos contraídos no passado ou realizar transações correntes. Alguns estudiosos pondera- ram que se houvesse certeza sobre os valores e datas dos fluxos de pa- gamentos e recebimentos, estes poderiam ser de tal forma sincronizados que a retenção de ativos monetários, para fins de transação, se tornaria desnecessária. O desenvolvimento dessa técnica de sincronização levaria ao desaparecimento da demanda de moeda para finalidades transacio- nais. Todavia, como vivemos em meio a incertezas e desajustes contra- tuais, a probabilidade dessa sincronização perfeita é praticamente nula. 2. Um segundo motivo levantado pelos clássicos é a imprevisibilidade de certas despesas, tanto a nível dos indivíduos como a nível das empresas. Além de diversificados tipos de dispêndios que não são facilmente pre- visíveis nem programáveis, podem ainda ocorrer, inesperadamente, os mais variados tipos de infortúnios, exigindo ambos, para que possam ser enfrentados, a retenção de saldos monetários por todos os agentes eco- nômicos. Muitos exemplos de dispêndios imprevisíveis e de infortúnios podem ser facilmente dados. Mesmo em intervalos relativamente curtos de tempo, eles podem ocorrer seguidas vezes, com quase todas as pes- soas. E exigem que se mantenham em caixa certos montantes adicionais de moeda. 11 UNIDADE Demanda de Moeda Então, para os economistas clássicos, o que leva a demanda por moeda e o descasamento entre recebimentos e pagamentos é a falta de controle sobre as des- pesas. Abaixo, uma tabela de Lopes e Rossetti (1992) que demonstra essa questão dos desencaixes: Tabela 1 – Hipóteses de desencaixes de moedas mantidos por um indivíduo, durante o período de um mês Intervalo de tempo considerados Desencaixes Encaixes Inicío do mês até dia 05 0 200.000,00 5 a 8 18.000,00 182.000,00 8 a 12 55.000,00 127.000,00 12 a 15 31.000,00 96.000,00 15 a 21 56.000,00 40.000,00 21 a 28 20.000,00 20.000,00 28 a 31 20.000,00 0 Após a primeira questão levantada pelos estudiosos ser respondida, surge uma nova questão: Quais fatores que explicam a maior ou menor proporção de moeda retida pelo público em relação a um dado nível de renda? Os autores Lopes e Rossetti (1992, p. 46-47) discorrem sobre os principais fatores: • A forma como indivíduos e empresas distribuem no tempo as suas despesas; • Os intervalos entre os pagamentos e os recebimentos, dados por hábitos e práticas econômicas que tendem a se institucionalizar; • Facilidades bancárias para a liberação do crédito, a facilidade desse crédito muitas vezes faz com que tenha retenção de crédito ocioso para cobertura de gastos não programáveis; • O sistema eficiente de compensação e dos processos de comunicação que dificultam os sistemas de débito e crédito; • A maior ou menor integração vertical do sistema econômico; • A existência de substitutos próximos da moeda, os quase moedas; • A taxa real de juros, que é o que consideramos custo de oportunidade de retenção de moeda; • A taxa de inflação. Como a quase totalidade desses fatores é determinada institucionalmente e, a curto prazo e sob um clima não inflacionário, se mantem inalterada, os economistas clássicos consideram a proporção do capital como uma constante. 12 13 Importante! ADAM SMITH – Conhecido por sua obra principal, An Inquiry Into the Nature and Causes of the Wealth of Nations [Uma Investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações], de 1776, Adam Smith foi na verdade um fi lósofo social, não um economista. Quando se examina o contexto de seu pensamento, que inclui o seu The Theory of Moral Sentiments [A Teoria dos Sentimentos Morais], de 1759, além da obra que almejava publicar sobre os princípios gerais da lei e do governo e as diferentes revoluções que sofreram em diferentes épocas e períodos da sociedade, vê-se que sua obra prima Riqueza das Nações não é meramente um tratado de economia, mas uma peça dentro de um sistema fi losófi co amplo que parte de uma teoria da natureza humana para uma concepção de organização política e de evolução histórica. JEAN-BAPTISTE SAY – Economista francês, nascido em 1767 e falecido em 1832, sensibilizado para a Economia Política a partir da leitura de A Riqueza das Nações de Adam Smith. Em 1803, publica o seu Traité d´Economie Politique, que se considera ter popularizado Adam Smith, clarifi cando, precisando e corrigindo as suas teorias. Quis, nem sempre conseguindo, criar uma ciência fundada na observação objetiva, alheia à metafísica e ao apriorismo. O seu contributo pessoal pode resumir-se em três pontos: • Em primeiro lugar, o princípio do valor não é o trabalho, mas a utilidade; tudo o que é útil, isto é, desejado pelo Homem, constitui uma riqueza; • Em segundo lugar, as máquinas criam um desemprego provisório, mas, ao permitirem descidas dos preços, provocam o aumento da produção e, por esse fato, a readmissão dos trabalhadores despedidos; por esse fato, a industrialização não tem limites nem perigos porque um produto criado é uma oportunidade, na condição de as trocas internas e externas se manterem livres; • Por último, o papel econômico essencial não cabe ao capitalista, como acreditavam os liberais ingleses, nem ao proprietário da terra, como entendiam os fi siocratas, mas ao empresário (do qual, em primeiro lugar, percebeu o papel) e, em menor grau, ao trabalhador e ao sábio. Você Sabia? Fonte: https://goo.gl/APFxu1 e https://goo.gl/XRPsBZ Versão Keynesiana A versão keynesiana teve seu início com a publicação do livro Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. Essa versão bateu de frente com a versão clássica que dominava naquele momento, a teoria de Keynes era totalmente con- traria a dos seus antecessores. Na sua versão, a moeda deixou de ser vista apenas como um instrumento intermediário de trocas que não afetavam significantemente outras variáveis econômicas, como a taxa de juros e o volume global de emprego, e ainda focado numa reserva de moeda para especulação. A moeda deixou de ser um componente neutro, uma significativa parcela da demanda da moeda é afetada pelas expectativas sobre o comportamento da taxa de juros, o nível de emprego e outras variáveis. 13 UNIDADE Demanda de Moeda Em sua versão da demanda, ele incorporou a incerteza sobre as variações futu- ras na taxa de cambio, esses são alguns dos aspectos que batem de frente com a versão clássica. Segundo Costa (1999), o descasamento entre pagamentos e recebimentos justifica a retenção de saldos monetários para fins transacionais, esse motivopode subdividir-se em renda e negócios conforme abaixo: Renda: conservar recursos líquidos para garantir a transição entre o recebimento e o desembolso da renda – ou pelo montante da renda ou pela duração normal do intervalo entre seu recebimento e o seu desembolso; Negócios: recursos líquidos conservados para assegurar o intervalo entre o momento em que as despesas e as vendas dependerão do valor da produção corrente e do número de intermediários. Temos que, ainda, levantar mais dois motivos que seriam os precaucionais e os especulativos. O precaucional é uma segurança para que, em caso de necessida- de, não se seja surpreendido, é a segurança de que a moeda é um ativo seguro e líquido para horas de necessidade. Ocorre quando há expectativa de que a taxa de juros mudará, mas não se aponta em que sentido. O Especulativo surge quando há expectativa de que a taxa de juros provavelmente mudará para uma determina- da direção. Esses três motivos – transacionais, precaucionais e especulativos – terão mais força a depender do custo e da segurança dos métodos para se obter dinheiro em caso de necessidade. O que Keynes demonstra é que manter dinheiro para especulação é totalmente aceitável e, muitas vezes, até recomendável, pois essas oportunidades podem apare- cer a qualquer momento, e você ter as condições para isso é inteiramente interessante. E, por último, temos o motivo finance, que é o motivo para despesas extraordi- nárias, conforme tabela de Costa (1999), abaixo: Tabela 2 Motivos da demanda por moeda Para despesas Transacional Ordinárias Precaucional Incertas Especulativo Diferidas Finance Extraordinárias Tobin, um outro estudioso, ajudou a corrigir algumas lacunas da versão de Keynes. Na sua teoria, ele mostra a preferência pela liquidez como um comportamento em relação ao risco. Por fim, deduz-se desse modelo teórico, elaborado por Tobin, que toda a manutenção de saldos monetários em caixa depende do nível de riqueza e reage inversamente à taxa de juros. 14 15 Os motivos relacionados à demanda por moeda em Keynes Por Frederico Matias Bacic De acordo com a teoria da preferência pela liquidez, de Keynes, a moeda é uma forma que passa segurança para os agentes para que consigam enfrentar o futuro, quanto esse é incerto. A taxa de juros é um fator responsável pelo nível da preferência e pela liquidez em uma eco- nomia. De acordo com Keynes, a taxa de juros é um “prêmio”, por abrir mão da riqueza em forma monetária, é a recompensa por não entesourar: “a taxa de juros é o que se ganha não porque se poupa, mas porque se aplica essa poupança em outros ativos que não a moeda”. A preferência pela liquidez determina a quantidade de moeda que o público deseja reter de acordo com o valor da taxa de juros. Isto implica que, se a taxa de juros fosse menor, isto é, se a recompensa da renúncia à liquidez se reduzisse, o montante agregado de moeda que o público desejaria conservar excederia a oferta disponível e que, se a taxa de juros se elevasse, haveria um excedente de moeda que ninguém estaria disposto a reter. Existem quatro motivos que levam um agente a demandar moeda, são eles: 1) Motivo transação: esse está ligado às despesas, como aluguéis, contas etc. São gastos rotineiros, que têm grande previsibilidade, são planejados sem maiores riscos; 2) Motivo precaução: quando o agente retém alguma quantidade de moeda com a fi nalidade de se prevenir de algum gasto inesperado, como, por exemplo, uma multa, um gasto com medicamentos de uma doença inesperada; 3) Motivo especulação: está relacionado à incerteza sobre a taxa de juros futura. Por exemplo, agentes que agem de modo a tentar infl uenciar na taxa de remuneração – fato que é muito comum no mercado de capitais, em que pessoas tentam baixar o preço de uma ação enquanto um outro grupo faz o inverso, tenta valorizar suas ações; 4) Motivo fi nanceiro: referente a um gasto menos rotineiro, porém planejado, como, por exemplo, a compra de bens de capital em uma indústria. Esses motivos que acabamos de ver ao longo do texto são motivos que estão ligados à in- certeza. Quando as expectativas sobre o futuro não são as melhores, a retenção de moeda é a forma que passa mais segurança para o agente, mesmo que ela não gere nenhum tipo de rendimento para seu possuidor. Quando as expectativas sobre o futuro são boas, a preferên- cia pela liquidez diminui junto com a incerteza. Assim, a retenção de riqueza em forma monetária não é um ato irracional, pois é planejado pelo agente quando existe alguma expectativa ruim sobre o futuro, atitude que gera maior segurança ao agente, ele opta por não receber rendimentos para garantir a segurança. Ex pl or Fonte: https://goo.gl/QMNLmm Modelo de Baumol Baumol propôs um modelo alternativo à versão de Keynes. Na versão Keynesiana, apenas a parte inativa, a parte para especulação era influenciada pela taxa de juros; com o modelo de Baumol, que abstraiu as demandas de moeda para fins especulativos e precaucionais, a demanda ativa para transações foi também reduzida a uma função inversa da taxa de juros. 15 UNIDADE Demanda de Moeda O modelo de Baumol se baseou no estoque de moeda como instrumento de trocas, e com características iguais a um estoque comercial quanto ao seu manejo e administração. Assim como no dia a dia de uma empresa, o principal é que você acabe com a ociosidade de estoque e maximize o seu uso. Baumol, em sua teoria, admite que temos custos envolvidos nesse estoque, pois, com o dinheiro “em mãos”, podemos estar perdendo custos de oportunidades como rendimento de juros entre outros. Baumol nos traz com sua teoria uma questão sobre lotes de aplicação, que é denominada por ele como lotes mínimos de estoque monetário e que, se utilizados da forma correta no tempo ocioso do dinheiro, trarão a típica administração racional de estoque. Se feito de maneira correta, a utilização desse estoque trará as seguintes conclusões. • Receita operacional total aumenta à medida que aumenta o número de transações; • A receita marginal decresce à medida que aumenta o número de transações; • A quantidade de moeda diminui à medida que aumenta o número de transações. Com a tabela a seguir, chegaremos a algumas conclusões sobre a teoria de Baumol, que discorreremos na sequência. Tabela 3 – Receitas total e marginal resultantes de uma aplicação de um estoque monetário de 100.000,00, desdobrado em diferentes lotes, a diferentes taxas de juros Número de aplicações Taxa de juros por período t de tempo 3% 4% 5% Receita Operacional Total Receita Marginal Receita Operacional Total Receita Marginal Receita Operacional Total Receita Marginal 0 0 0 0 0 0 1 1 750 750 1000 1000 1250 1250 2 1000 250 1300 300 1600 350 3 1125 125 1500 200 1875 275 4 1200 75 1600 100 2000 125 • A expansão da taxa de juros provoca uma elevação das receitas total e margi- nal, para um igual número de aplicações em títulos; • As funções das receitas total e marginal, apresentadas graficamente, deslocam- se integralmente para a direita, à medida que as taxas de juros se expandem; • Dado que as funções do custo total e do custo marginal de corretagem se mantêm constantes, pois, independem da taxa de juros, a maximização do lucro se dá com o maior número de transações. 16 17 A teoria de Baumol negligencia algumas coisas, mas nem de perto é invalidada por isso. É uma teoria muito forte e com grande validade dentro do mundo econômico. O autor negligencia, por exemplo, as demandas por precauções e para especulação, mas argumenta que a análise da demanda de moeda para essas finalidades envolve grandes dificuldades. Para a demanda por especulação, o autor diz que: “ embora possa ser importante, exceto que não é provável que funcionara consistentemente em qualquer direção especial”. Criação Monetária na Economia Moderna: https://goo.gl/F8siWT Ex pl or Abordagem de Friedman Lopes e Rossetti (1992) falam sobre a demanda da moeda de Milton Friedman: “que afinalacabou por se constituir numa espécie de ressurgimento, em bases teóricas mais sofisticadas, da tradicional abordagem quantitativa de Cambridge – foi desenvolvida na segunda metade da década de 50”. Tal versão versa sobre considerações mais aprofundadas da demanda de ativos, dividiu as demandas entre demandas das famílias e demandas das empresas. Para isso, é necessário que falemos um pouco de cada uma delas. Demanda de moeda pelas famílias Para explicar porque as pessoas demandam moeda, Milton Friedman usou a teoria da demanda por ativos. Ele considerou que, por ser a moeda um ativo, a demanda por moeda deve ser influenciada pelos mesmos motivos que determinam a demanda por ativos. A teoria da demanda por ativos diz que os principais de- terminantes da demanda por ativos são a riqueza total dos indivíduos e o retorno relativo esperado dos ativos. Na visão Friedmaniana, a moeda representa, para os indivíduos, uma das cinco formas alternativas de alocação de riqueza. As outras pos- sibilidades seriam títulos com rendimento nominal constante, títulos com rendimen- to real constante (indexados), bens físicos e capital humano. Dessa forma, segundo Friedman, a demanda de moeda pelas famílias é função das seguintes variáveis: a) Renda permanente, que representa a riqueza total das pessoas, decor- rente da soma das riquezas humana e não humana; b) Proporção da riqueza humana sobre a de natureza não humana; c) Custo de oportunidade de retenção de ativos monetários, dado pelos retornos de títulos de renda variável e fi xa, bem como pela taxa esperada de infl ação; 17 UNIDADE Demanda de Moeda d) Outros fatores econômicos e não econômicos, de natureza institucional, decorrentes do processo de desenvolvimento histórico das economias nacionais ou meramente conjunturais, que interferem momentaneamente nas preferências das famílias e das empresas quanto às diferentes formas de retenção de ativos. Numa análise equivalente à determinação da demanda por bens e serviços da teoria do consumidor, os indivíduos escolheriam a quantidade de moeda a reter pela maximização de uma função de utilidade, cujos argumentos deveriam incluir as cinco diferentes formas de alocação de riqueza. Como, numa mudança de compo- sição de portfólio, uma unidade monetária alocada de determinada forma se troca sempre por uma mesma unidade monetária alocada de maneira alternativa, o que determinará a composição de ativos será o fluxo de rendimentos esperados asso- ciados a cada possibilidade de alocação de riqueza. Outros fatores determinantes serão, obviamente, os gostos dos indivíduos e, numa analogia à restrição orçamen- tária da teoria do consumidor, o total da riqueza. Demanda de moeda pelas empresas Conforme Lopes e Rossetti (1992): [...] dados os conjuntos de diferenças e semelhanças básicas, a função de demanda da moeda das empresas resulta bastante próxima da função derivada para as unidades familiares. Em síntese, as diferenças essências residem no conceito de riqueza total e ausência de variável indicadora de proporção de entre riquezas humanas e não humanas. 18 19 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Capitalismo e Liberdade Milton Friedman. Leitura A Teoria Monetária Moderna e o Equilíbrio Geral Walrasiano com um Número Infinito de Bens https://goo.gl/A1ctjU A Teoria Monetária de Marx: Uma Interpretação Pós-Keynesiana https://goo.gl/7kkYx3 Dinheiro Inconversível, Derivativos Financeiros e Capital Fictício: A moderna Lógica das Fomas https://goo.gl/9sBD37 19 UNIDADE Demanda de Moeda Referências HOWELLS, P. Economia Monetária: Moedas e Bancos. Rio de Janeiro: Ltc- Livros Técnicos e Científicos, 2001. LOPES, J. C.; ROSSETTI, J. Economia Monetária. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1992. TEIXEIRA, E. Economia Monetária: a macroeconomia no contexto monetário. São Paulo: Saraiva, 2002. Sites visitados <//economidiando.blogspot.com.br/2011/03/os-motivos-relacionados-deman- da-por.html>. Acesso em: 04 jul. 2017. <https://www.infopedia.pt/$jean-baptiste-say>. Acesso em: 04 jul. 2017. <http://www.economiabr.net/economia/1_hpe5.html>. Acesso em: 04 jul. 2017. <http://www.economiabr.net/biografia/smith.html>. Acesso em: 04 jul. 2017. <https://www.significados.com.br/demanda/>. Acesso em: 04 jul. 2017. <http://inflexaoblog.blogspot.com.br/2014/03/criacao-monetaria-na-economia- moderna.html>. Acesso em: 04 jul. 2017. <https://www.significados.com.br/demanda/>. Acesso em: 14 nov. 2017. 20
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