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O que é literatura? - Jonathan Culler (AVALIAÇÃO 1)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE LETRAS
LET A10 – INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS LITERÁRIOS
DOCENTE: ANTONIO EDUARDO S. LARANJEIRA
DISCENTE: MARIA EDUARDA SILVA PINTO NOTA:____
AVALIAÇÃO 1 -VALOR 7,0
ABRIL DE 2021
SEMESTRE 2021.1
Considere a citação retirada do texto de Jonathan Culler:
“Podemos pensar as obras literárias como linguagem com propriedades ou traços específicos e podemos pensar a literatura como o produto de convenções e um certo tipo de atenção. Nenhuma das duas perspectivas incorpora com sucesso a outra e devemos nos movimentar para lá e para cá entre uma e outra.”
(CULLER, Jonathan. Teoria literária: uma introdução. Tradução Sandra G. T. Vasconcelos. São Paulo: Beca, 1999, p. 35.)
Com base na leitura do texto de Jonathan Culler e nas aulas, explique o posicionamento do teórico a respeito da questão “O que é literatura?”. 
 Jonathan Culler inicia o texto perguntando aos leitores o que eles consideram como literatura, para logo depois afirmar que, apesar de muitos acharem que essa seria a questão central para a teoria literária, tal indagação não parece ter muita importância. A literatura, de acordo com o autor da obra aqui discutida, pede uma análise e não uma definição – por isso: há algum traço essencial e distintivo que as obras literárias e não-literárias partilham?
 As respostas da pergunta anterior, porém, não são as mais objetivas possíveis. Alguns textos são mais ricos, exemplares, estudados, vigorosos e contestadores, fato. A questão é que apesar da existência de tais pontos, Culler ainda afirma que tanto obras literárias quanto não-literárias podem ser estudadas juntas e de maneiras semelhantes. Até porque a própria teoria mescla ideias de outras áreas, como filosofia, história, sociologia e mais. Ou seja, também existe uma “literariedade” nos fenômenos não-literários. 
 Outra sinalização feita pelo autor diz que as obras de literatura vêm em todos os formatos e tamanhos, já que existiu uma evolução do termo com o passar do tempo. A questão histórica influencia na análise. Essa sinalização se apoia, então, em um conceito ocidental e moderno de literatura como escrita imaginativa. Tendo tantas definições em vista e o “insucesso” dos teóricos em conseguir apontar uma como correta, Jonathan Culler diz que “é tentador desistir e concluir que a literatura é o que quer que uma sociedade trata como literatura”, mas como essa conclusão é insatisfatória, ainda existe uma inssistência em conseguir definir um termo tão amplo. 
 Um exemplo demonstrado, e que deixa ainda mais confuso o conceito de literatura, mostra como quando palavras são removidas de seu contexto elas acabam sendo consideradas obras literárias – tudo isso, segundo o teórico, por causa da atenção dada a uma frase que antes não era interessante por não possuir, além de margens intimidadoras, uma problemática a envolvendo. Logo, é válido afirmar que a literatura é um ato de fala ou evento textual que suscita certos tipos de atenção – “não há maneiras especiais de organizar a linguagem que nos diga que algo é literatura?”.
 Partindo da pergunta feita no parágrafo anterior, percebe-se que responde-la é mais complicado do que parece. Culler diz que, muitas vezes, tratamos algo como literário considerando apenas o contexto no qual esse está inserido, esquecendo que é importante considerar os traços do objeto estudado. Outro ponto importante está no fato de que nem sempre a linguagem altamente organizada transforma algo em literatura, assim como não se deve transformar em literatura simplesmente qualquer fragmento da linguagem. Ou seja, a literatura não é apenas uma moldura na qual colocamos a linguagem: nem toda setença se tornará literária se registrada em uma página como poema. 
 Para sintetizar a parte inicial da análise, o teórico diz, então, que a literatura não é só um tipo especial da linguagem, já que podemos pensá-la de duas maneiras distintas. A primeira coloca as obras literárias como uma linguagem com propriedades e traços específicos, enquanto a segunda as coloca como um produto de convenções que possui um certo tipo de atenção. A partir dessas afirmações, Jonathan Culler examina cinco pontos que os teóricos levantaram a respeito da natureza da literatura.
 O primeiro ponto, o qual analisa “A Literatura como a ‘Colocação em Primeiro Plano’ da Linguagem”, diz que a literariedade reside na organização da linguagem. Ou seja, a literatura é, segundo o autor, linguagem que coloca em primeiro lugar a própria linguagem. Essa é configurada e organizada com a intenção de atrair a atenção para as próprias estruturas linguísticas. Um exemplo é a rima existente, principalmente, nos poemas, já que essa é a marca convencional da literariedade – até porque é ela quem faz com que o ritmo, existente desde o início de um texto, seja reparado. Logo, pensar literatura é atentar para o desenho sonoro, além de outros tipos de organizações linguísticas.
 Em seguinte, temos a “Literatura como Integração da Linguagem”, sendo a literatura a linguagem na qual os diversos elementos e componentes do texto entram em uma relação complexa. Dentro do que é considerado literário existem, tendo como base o segundo ponto defendido por Culler, relações – de reforço, contraste e dissonância – entre as estruturas de diferentes níveis linguísticos: entre som e sentido, organização gramatical e padrões temáticos. Apesar do que foi previamente informado, nem toda literatura coloca a linguagem em primeiro plano. Logo, é possível afirmar que estudar literatura é observar a organização da sua linguagem, não apenas lê-la como expressão da psique de seu autor ou como o reflexo da sociedade que a produziu.
 A “Literatura como Ficcção” é o terceiro ponto abordado, esse aponta o literário como um evento linguístico que projeta um mundo ficcional que inclui falante, atores, acontecimentos e um público implicito. O foco da ficcção está em personagens imaginários ao invés de históricos, mas a ficcionalidade não se limita apenas a acontecimentos e personagens. Os pronomes e os advérbios de tempo e de lugar, por exemplo, funcionam de modos especiais na literatura – já que o “eu” autor não precisa ser o “eu” personagem, assim como o “agora” literário não precisa ser o “agora” real e o “aqui” não precisa, sequer, ser um lugar existente. Em síntese, tendo em vista os argumentos postos por Culler, a ficcionalidade da literatura separa a linguagem de outros contextos nos quais ela poderia ser usada, deixando a relação da obra com o mundo aberto à interpretações.
 O quarto ponto analisa a “Literatura como Objeto Estético”, ou seja, foca na função estética da linguagem. Uma obra literária é um objeto estético porque possui uma narrativa que exorta os leitores a considerar a inter-relação entre forma e conteúdo - as várias partes de uma narrativa possuem uma finalidade. Por isso que Jonathan Culler diz que o correto é indagar sobre a contribuição das partes de uma narrativa e não considerar a obra como sendo principalmente destinada a atingir um fim.
 A última e quinta parte trata a “Literatura como Construção Intertextual”, a intertextualidade é a superposição de um texto literário a outro, ou seja, a influência de um texto sobre outro que o toma como modelo ou ponto de partida, e que gera a atualização do texto citado – “as obras são feitas a partir de outras obras”, diziam os teóricos citados por Culler. A literatura é, então, uma prática na qual os autores tentam fazer avançar ou renovar a literatura, desse modo, é sempre implicitamente uma reflexão sobre a própria. 
 Essas são, segundo o autor, as propriedades das obras literárias, traços que as marcam como literatura. Apesar disso, parece que nenhuma consegue englobar a outra de modo a se tornar algo abrangente, e é por isso que para Culler as qualidades da literatura não podem ser reduzidas a propriedades objetivas. Para o teórico não existe uma universalidade quanto ao conceito de literatura, além de ser vista como um tipo especial deescrita que poderia “civilizar” desde as classes baixas até a classe média e os aristocratas. A literatura torna um indivíduo livre, afirma os argumentos, envolve a mente em questões éticas, induz os leitores a analisar e perceber condutas, dentre diversas outras coisas. A literatura é um instrumento ideológico.

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