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CURSO DE PSICOLOGIA FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E TEÓRICOS DA APS Rosane Romanha, Msc Tubarão - SC EMERGÊNCIA PSICOPATOLÓGICA ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO DE SUICÍDIO AGRESSIVIDADE E AGITAÇÃO PSICOMOTORA CONCEITOS EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA Distúrbio do pensamento, sentimentos ou ações que envolvem risco de vida ou risco social grave, necessitando de intervenções imediatas e inadiáveis (tempo medido em minutos ou horas). Ex.: tentativa de suicídio. • (Kapczinski, 2001) A situação implica em riscos menores, que necessitam de intervenções a curto prazo (tempo medido em dias ou semanas). (Kapczinski, 2001) URGÊNCIA PSIQUIÁTRICA SUICIDIO Alguns Conceitos IDÉIA SUICIDA o Pensamentos sobre ser o agente da própria morte. INTENÇÃO SUICIDA o Desejo e expectativa subjetiva de que um ato autodestrutivo resulte em morte. PLANO SUICIDA o Plano de execução do ato suicida... Estabelece-se na evolução da ideação suicida. ATO SUICIDA oConduta do paciente, voluntária e intencional buscando provocar a sua própria morte. o Tem dois desfechos: SUICIDIO Alguns Conceitos oTentativa de Suicídio Comportamento autolesivo com consequências não fatais, acompanhado de evidências (explícitas ou implícita) de que a pessoa tinha intenção de morrer. SUICIDIO Morte autoprovocada, com evidências (explícitas ou implícita) de que a pessoa tinha intenção de morrer. RISCO DE SUICÍDIO Probabilidade de que a intenção suicida leve ao ato suicida. DIMENSÃO DO PROBLEMA No mundo, cerca de 800 mil pessoas se suicidam a cada ano, o que corresponde a uma morte a cada 40segundos. Entre 10 e 20 milhões tentam suicidar-se (uma tentativa a cada 3s) No Brasil é registrada uma morte a cada 45 minutos. Encontra-se entre as 10 principais causas de morte / mundo (alguns autores, 8); Encontra-se entre as 03 primeiras causas de morte na faixa etária entre 15 a 34 anos (alguns autores, 15 a 29 anos) Projeções da OMS para 2020: mais de um milhão e meio de mortes decorrentes do suicídio o que representa uma morte a cada 20 segundos e uma tentativa a cada 1 ou 2 segundos. DIMENSÃO DO PROBLEMA Para cada óbito por suicídio: cinco ou seis pessoas próximas cujas vidas são profundamente afetadas emocional, social e economicamente; Em consequência: a cada ano, o custo econômico devido ao comportamento suicida, seja ele fatal ou não, é estimado em bilhões de dólares. Como se trata de um país populoso, está entre os dez países com maiores números absolutos de suicídios 7.987 em 2004. (OMS, 2006) MITOS Quem fala não faz! Só os depressivo s se matam! Não se deve perguntar se a pessoa vai se matar! Quando uma pessoa tenta se matar uma vez, tenta sempre! MITOS As pessoas que ameaçam se matar não farão isso, querem apenas chamar a atenção. Quando uma pessoa pensa em se suicidar terá risco de suicídio para o resto da vida. Uma pessoa pensava em suicidar-se, em um momento seguinte passa a se sentir melhor, normalmente significa que o problema já passou! MITOS Não devemos falar sobre suicídio, pois isso pode aumentar o risco! É proibido que a mídia aborde o tema suicídio! Dados mundiais Cuba DADOS NACIONAIS (LOVISI et al, 2009) DADOS REGIONAIS (LOVISI et al, 2009) ÍNDICE POR CAPITAIS BRASILEIRAS . 0 2 4 6 8 10 12 14 16 P o rt o V e lh o R io B ra n c o M a n a u s B o a V is ta B e lé m M a c a p á P a lm a s S ã o L u ís T e re s in a F o rt a le z a N a ta l J o ã o P e s s o a R e c if e M a c e ió A ra c a ju S a lv a d o r B e lo H o ri z o n te V it ó ri a R io d e J a n e ir o S ã o P a u lo C u ri ti b a F lo ri a n ó p o li s P o rt o A le g re C a m p o G ra n d e C u ia b á G o iâ n ia B ra s íl ia m é d ia C a p it a is Masculino Feminino Fonte: Coeficientes padronizados por idade calculados com base nos dados do SIM (cd-rom 1979-1996 e 1996-2000) e estimativas de população do IBGE) ÍNDICE POR CAPITAIS BRASILEIRAS DADOS ESTADUAIS (VIANA et al, 2008) Sexo masculino Faixa etária: 15 – 29, >70 Separados/divorciados Desempregados / Aposentados / Perda emprego / Trabalho como fonte de problema Traços de personalidade: impulsividade, agressividade, labilidade humor, dependência, rigidez, expectativas excessivas Recursos sociais: isolamento, laços afetivos frágeis ou ausentes, ausência da família, relações interpessoais conflituosas; Estressores da vida - Crises vitais próximas: eventos de perdas, separações, doenças, problemas financeiros, rejeições; Traumas na infância Doenças incapacitantes, Dolorosas, Terminais, Crônicas; Presença de transtorno mental: Verbalização da ideação suicida: mostra a ambivalência; Ideação suicida : frequentes e intensas; dúvida controle; Existência detalhada de plano suicida; Disponibilidade dos meios para o suicídio; Tentativas de suicídio; Preocupação com o efeito do suicídio sobre os familiares: providencias finais; 4 Ds: Depressão, Desesperança, Desamparo, Desespero. FATORES DE RISCO “Não há mais razão para eu viver”/ “eu não aguento mais”. “Eu estou cansado da vida”. “Eu preferia estar morto”. “Eu não posso fazer nada”. “Eu sou um perdedor e um peso para os outros” “Os outros são mais felizes sem mim”/ afirmações negativas quanto ao futuro. FRASES DE ALERTA Se eu perguntar sobre suicídio... Posso induzir um suicídio? Vou ter que carregar o problema da pessoa? Não! Peça ajuda! METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO Não Tarefa Fácil! Profissional precisa estar mentalmente preparado para dar atenção! Fortes sentimentos podem ser despertados choque! (raiva, hostilidade, rejeição, medo, ansiedade) METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO Risco de suicídio aumenta na mesma proporção das reações negativas do profissional em relação ao cliente. Atitudes críticas, moralistas e de indiferença precisam ser evitadas. Fortes sentimentos podem ser despertados choque! (raiva, hostilidade, rejeição, medo, ansiedade) Abordagem calma, aberta, de aceitação e não julgamento vínculo desfecho positivo não omissão de informações por parte do cliente. E M Q U E C A S O S IN V E S T IG A R ? Fatores de risco Frases de alerta 4 Ds (Depressão, Desesperança, Desamparo, Desespero) Investigar cuidadosamente o risco de suicídio primeiro contato com o paciente. METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO Tem obtido prazer nas coisas que tem realizado? Sente-se útil na vida que está levando? Sente que a vida perdeu o sentido? Tem esperança de que as coisas vão melhorar? Pensou que seria melhor morrer? Tem pensamentos de por fim à própria vida? São ideias passageiras ou persistentes? Pensou em como se mataria? Chegou a fazer algum preparativo? O QUE PERGUNTAR PARA AVALIAR O RISCO? 1) PRESENÇA DE IDÉIAS SUICIDAS: SE A RESPOSTA FOR NEGATIVA ... ... PARAR A INVESTIGAÇÃO DE R.S. SE A RESPOSTA FOR POSITIVA... ... QUESTIONAR: Se essas ideias são recentes ou não? Se são constantes ou passageiras? Acredita que pode não conseguir resistir aos pensamentos Se o cliente comunicou para alguém esses pensamentos? SE O PACIENTE SENTE-SE SEGURO EM RELAÇÃO A CONTROLAR AS IDÉIAS DE SUICÍDIO: PACIENTE COM IDÉIAS SUICÍDAS, PORÉM SEM RISCO DE SUICÍDIO (salvo se o profissional apresentar dúvidas acerca da resposta do paciente) SE O PACIENTE NÃO SENTE-SE SEGURO EM RELAÇÃO A CONTROLAR AS IDÉIAS DE SUICÍDIO: PACIENTE COM IDÉIAS SUICÍDAS E COM RISCO DE SUICÍDIO UMA VEZ IDENTIFICADO O RISCO DE SUICÍDIO, TORNA-SE IMPORTANTE QUESTIONAR:Presença de tentativas anteriores Número de vezes Métodos utilizados Circunstâncias em que aconteceram O ato foi planejado ou impulsivo Quais eram as intenções do paciente? Como se sentiu História familiar de tentativas de suicídio ou suicídio consumado 2 - TENTATIVAS DE SUICÍDIO 3 - PRESENÇA , NO MOMENTO, DO PLANO SUICIDA “ Acreditando que o melhor é acabar com tudo, já passou pela sua cabeça, como o Sr. poderia fazer isso?” DISPONIBILIDADE DE MEIOS PLANEJAMENTO DETALHADO DETERMINAÇÃO DE DATA SUGESTÃO DE COMO PROCEDER NESSE MOMENTO DA INVESTIGAÇÃO Não tentar convencer o paciente a não cometer o ato Questionar se na verdade, gostaria realmente de morrer ou de acabar com o seu sofrimento SE DESEJO O DESEJO FOR ACABAR COM SEU SOFRIMENTO Podemos ajudá-lo para isso não seria necessário tirar sua vida. Oferecer apoio e questionar disponibilidade para o tratamento e esperança em ser ajudado SE O DESEJO FOR O DE MORRER Evitar sentimentos negativos e esclarecer ao paciente quanto a transitoriedade desse momento, em função disso decisões irreversíveis não deveriam ser tomadas. BAIXO RISCO • A pessoa teve alguns pensamentos suicidas: “Eu não consigo continuar” “Eu gostaria de estar morto” Mas não fez nenhum plano. AÇÃO NECESSÁRIA • Oferecer apoio emocional • Trabalhar sobre os sentimentos suicidas • Focalize nos aspectos positivos da pessoa • Se você não conseguir identificar uma condição tratável e/ou a pessoa não demonstra melhora, não consegue refletir sobre sua condição, encaminhe-a para um profissional de saúde mental. MÉDIO RISCO A pessoa tem pensamentos e planos, mas não tem planos de cometer suicídio imediatamente. ALTO RISCO • A pessoa tem um plano definido, tem os meios para fazê-lo, e planeja fazê-lo prontamente. Muitas vezes já tomou algumas providências prévias (cartas, pagamento de contas, testamento) e parece estar se despedindo IDENTIFICADO O RISCO DE SUICÍDIO Orienta-se que a partir de então, o paciente não permaneça mais sozinho Identificar e providenciar contato com amigo / familiar / pessoa responsável no mesmo momento (sigilo pode ser rompido) Discutir, em conjunto, a condição do paciente - RS Encaminhamentos frente ao risco de suicídio AVALIAR A CONDIÇÃO DE APOIO DA PESSOA RESPONSÁVEL. Garantir a supervisão do paciente por 24 horas (explicando o porquê da solicitação) até o encaminhamento do mesmo, se possível, ao médico especialista, para avaliação e orientação dos procedimentos que deverão ser realizados. Providenciar encaminhamento para avaliação médica ALTERNATIVAS HOSPITALIZAÇÃO; INTERNAÇÃO DOMICILIAR . VIGILÂNCIA; CAPS –CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL É PRECISO ORIENTAR O PACIENTE : Para que ele comunique a IS ao invés de efetivar o ato suicida (realizar contrato) No Brasil - Estratégias para Prevenção CAPS CVV - FONE 188 UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE Plano de Ação em Saúde Mental 2013-2020 http://www.who.int/mental_health/eviden ce/atlas/mental_health_atlas_2017/en/ Atlas da Saúde Mental – 2017 http://www.who.int/mental_healt h/action_plan_2013/en/ UNIDADE DE ACOLHIMENTO LEITOS DE SAÚDE MENTAL EM HOSPITAL GERAL Rede de Atenção Psicossocial - RAPS SRT CAPS Rede de Urgência e Emergência 54 Família • Levar a sério comunicação suicida realizada pelo paciente; • Manter a supervisão de 24 horas; • Comunicar ao profissional responsável; Família • Permanecer atenta quanto as comunicações indiretas de intenção suicida / frases de alerta / providências finais; • Não ter medo de investigar junto ao paciente a presença de IS na rotina diária; Família • Em relação a medicação: melhor medida familiar ministrar; • Se a responsabilidade ficar com o paciente nunca fornecer ao mesmo quantidade letal; • Não permitir ao paciente o acesso as medicações fornecidas/mês; Família • Procurar remover outros meios letais, como cordas, facas, se necessário; • Aumento de risco de suicídio, quando o paciente está se recuperando da depressão; • Mudanças repentinas no comportamento / uma dramática alteração clínica, pode prenunciar uma tentativa de suicídio. ORIENTAÇÕES A FAMÍLIA NEM SEMPRE AVALIAR O RISCO DE SUICÍDIO MAIOR DESAFIO... É GARANTIR O ENCAMINHAMENTO ADEQUADO E SEGURO DO PACIENTE. ... MAIOR DESAFIO: CONSIDERAÇÕES FINAIS A IDÉIA CULTURALMENTE ACEITA DE QUE PESSOAS QUE DESEJAM SUICIDAR-SE NÃO AVISAM DE ANTEMÃO NÃO É CORRETA. MUITOS PACIENTES QUE AVISAM, FAZEM Para Quevedo, Schmitt e Kapczinski (2008, p.26) “Oito em dez pessoa que se matam dão aviso sobre suas intenções”. CONSIDERAÇÕES FINAIS AVALIAÇÃO DO RISCO DE SUICÍDIO PARTE DO COMPROMISSO PROFISSIONAL REALIZAÇÃO DO TRATAMENTO FUNDAMENTAL. Bibliografia BOTEGA, Neury J.; WERLANG, Blanca G. Comportamento suicida. Porto Alegre: Artmed, 2004. 204 p. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE. DEPARTAMENTO DE AÇOES PROGRAMÁTICAS ESTRATÉGICAS. Prevenção do suicídio: manual dirigido à profissionais das equipes de saúde mental. Brasília, 2006. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE; ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE; UNICAMP. Prevenção do suicídio: manual dirigido à profissionais da saúde da atenção básica. Brasília, 2009. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE; ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE; Brasília, 2014 BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE; Sistema de Informação sobre Mortalidade. DATASUS; Brasília, 2017. CARLAT, Daniel J. Entrevista Psiquiátrica. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. 312p. Bibliografia ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE – OMS. Prevenção do suicídio: um manual para profissionais da saúde em atenção primária. Genebra, 2000. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE – OMS. Prevenção do suicídio: um manual para médicos clínicos gerais. Genebra, 2000 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE – OMS. Prevenção do suicídio: manual para professores e educadores. Genebra, 2000. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE – OMS. Prevenção do suicídio: um manual para profissionais da mídia. Genebra, 2000. SADOCK, Benjamin J.; SADOCK, Virginia A. Compêndio de Psiquiatria: ciências do comportamento e psiquiatria clínica. 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. 1584p. QUEVEDO, João; SCHMITT, Ricardo; KAPCZINSKI, Flávio. Emergências Psiquiátricas. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. 440 p. MUITO OBRIGADA!! MUITO OBRIGADA!!
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