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COLONIZAÇÃO DA 
REGIÃO DO AMAPÁ
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COLONIZAÇÃO DA REGIÃO DO AMAPÁ
OCUPAÇÃO DO ESTADO DO AMAPÁ
Uma das mais importantes Unidades da Federação do Brasil, o Estado do Amapá, situado na 
região norte do Brasil, mais exatamente na região nordeste, faz parte do Platô das Guianas. Com 
uma área de 142.828,521 km², é o 18º maior estado do Brasil. Apresenta como limites o estado do 
Pará a oeste e a sul, a Guiana Francesa a norte, o Oceano Atlântico a nordeste, a foz do Rio Ama-
zonas a leste e o Suriname a noroeste.
Seu processo de ocupação envolve singularidades históricas marcantes, pois, um pouco dife-
rente do que ocorreu na faixa litorânea e até dentro do processo de expansão das fronteiras terri-
toriais pelos portugueses nas regiões sudeste, sul e centro-oeste, tudo dentro do período colonial, 
no Amapá esta questão foi um pouco diferente. O que deve ser ressaltado aqui é que vamos tratar 
do início da história do estado do Amapá, em que pese, os primeiros momentos que envolvem, 
no recorte temporal do período colonial, o contato dos europeus com a região, bem como, como 
desenvolveu-se o processo de ocupação e colonização deste Estado.
É importante lembrar que entre estas singularidades existe a questão relacionada às tenta-
tivas de alguns povos europeus em se estabelecerem no território, o que ocasionou uma série de 
disputas entre tais povos, principalmente em relação aos portugueses, os quais passaram a ser os 
“donos” da parte oeste do Brasil, porém passaram o tentar ocupar o território e por isso, ocorreram 
os embates entre estes e algumas nações europeias.
Primeiramente, é interessante recordar que esta região, uma área que está à esquerda do rio 
Amazonas, era pouco habitada, até mesmo pela população nativa, ou seja, poucas tribos ocupa-
ram a região. Eram as tribos dos tucujus e tapuiaçus, além dos marigus, todas pertencentes a três 
grupos étnicos indígenas respectivamente: os aruaques, os caraíbas e os tupi-guaranis. É possível 
constatar que de fato houve a presença desses povos, pois, de acordo com os vestígios encontrados 
nos sítios arqueológicos de cerâmicas de maracá-cunani e no Parque Arqueológico do Solstício, na 
cidade de Calçoene, datados de pelo menos 2 mil anos.
Outrossim, em relação ao contato com os europeus, sabe-se que de acordo com o Tratado de 
Tordesilhas (1494), o mundo foi praticamente dividido ao meio, com a parte a oeste ficando com a 
Espanha e a parte a Leste ficando com Portugal, e desta forma, boa parte da América do Sul e por 
conseguinte do Brasil, ficou pertencendo à Espanha. Nisto, o território do Amapá ficou inteiramente 
dentro das terras espanholas. Não é de se estranhar, desta maneira, que os primeiros europeus a 
entrarem em contato com estas terras, foram os espanhóis, mais precisamente Vicente Pinzón, em 
1500. Pinzón percorreu a costa nordeste da América do Sul, chegando até a desembocadura do rio 
Amazonas, por isso, foi quem deu nomes a alguns lugares da região norte como por exemplo, a Ilha 
de Marajó, a qual chamou de Marinatãbalo e denominou o rio Amazonas de Santa Maria de La Mar 
Dulce; o que seria hoje o Amapá ele denominou de terras afogadas; e é claro, o rio Oiapoque, que 
assim que entrou em contato logo deu tal denominação.
Nesse tempo, a passagem de portugueses pela região do Amapá era frequente, o que fica 
confirmado através da cartografia. Antes de colonizar a região, ainda no século XVI, os portugueses 
não só visitavam a região como deram uma denominação para uma de suas partes: Cabo do Norte, 
o que evidencia que mesmo que o território pertencesse aos espanhóis, outros povos a visitavam. 
Obviamente, sabemos que a ocupação por final foi realizada pelos portugueses, mas antes disso 
acontecer, que também tentou ocupar o território foram os franceses.
A presença do nobre francês Daniel de La Touche de La Ravardière no século XVII é confirmada 
por ter estabelecido visita a terra de Yapoco, perpassando pela costa do Amapá, chegando à foz do 
rio Caiena e, quando retornou para a França, levou um nativo de nome Itapucu. Não foi à toa que 
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o rei Henrique IV proveu a concessão para que Daniel de La Touche pudesse colonizar esta vasta 
região, e, neste processo, foi que ele fundou a França Equinocial, território formado pelo que hoje 
é o estado do Pará, Maranhão e onde se encontras as terras do Amapá.
Além dos franceses, os ingleses também tentaram ocupar a região do Amapá, sendo que, 
desde 1596 um explorador denominado Keymes foi quem teve contato com o rio Oiapoque. O rei 
James I, da Inglaterra deu uma concessão a alguns exploradores, sendo o mais notório de todos, 
sir Walter Raleigh, o qual imaginava ser ali no Amapá, o famoso Eldorado. Porém, mesmo entre 
várias tentativas, após a expulsão dos franceses desta região, também foram impedidos de tentarem 
realizar o sonho da fonte de ouro inesgotável. Iniciava-se assim, sobre a responsabilidade lusitana 
o processo de colonização da região.
A COLONIZAÇÃO DO AMAPÁ
Foi a partir de 1637 que teve de fato início o processo de colonização do Amapá. Concedido por 
Filipe IV da Espanha e III de Portugal ao Governador do Maranhão e Grão-Pará o nobre português 
Bento Maciel Parente, as terras do Amapá foram então delimitadas pela primeira oportunidade do 
rio Oiapoque ao Paru, passando pelo Jari. É fato que desde 1580 Portugal e Espanha estavam unidos 
através da União Ibérica, e com isto, não houve a questão do limite entre suas terras na América. 
Desta maneira, não foi examinado aqui se este limite estava além ou aquém da linha de Tordesilhas, 
o que possibilitou a Bento Maciel Parente logo iniciar a ocupação efetiva de sua Capitania.
Um dos principais motivos da colonização do Amapá era a ideia de que havia metais preciosos. 
Um dos principais indícios de que os portugueses se estabeleceram na região em busca de ouro e 
prata foi dado pelo explorador Pedro Teixeira. Neste contexto, quando este retornava de sua des-
coberta do Amazonas, veio seguindo seu curso pela margem esquerda, tendo como companhia 
os padres jesuítas Alonso de Rojas e Chistoval de Acunã. Neste regresso, denominaram em suas 
narrativas da viagem o Amapá de Banda do Norte. A forma como eles se referiram ao Amapá era 
de que, além da região ser muito maior do que todo o reino da Espanha, existiam várias notícias 
de minas, e existia grande quantidade de solo fértil e produtivo, possibilitando bons frutos nesta 
vastidão longínqua do rio Amazonas.
É dentro deste contexto também que se estabelecem os fortes e não apenas o seu papel de 
defesa é importante, mas também o de consolidação da presença e da posse portuguesa da região. 
O primeiro forte que se consolidou foi o de Gurupá, logo em seguida, o de Cumaú, o qual deu origem 
à Macapá. Através da tentativa francesa de se estabelecer na margem esquerda do rio Amazonas, 
após se instalarem em Caiena, o marquês de Ferroles em pessoa tentou dominar o forte de Cumaú 
sendo expulso pelos soldados lusitanos.
Logo em seguida foi assinado o Tratado de Utrecht, o qual em meio às negociações entre os 
países europeus acerca da Guerra de Sucessão, firmaram um acordo que fixava a fronteira entre as 
terras de Portugal e França, reconhecendo o Amapá como terras pertencentes à Portugal. A partir 
de então inicia o processo de fixação na região.
Outro fator importante diretamente relacionado à colonização do Amapá foi a presença dos 
padres jesuítas, os quais, apoiados pela sistemática de defesa dos fortes, possibilitaram o desen-
volvimento das missões e reduções jesuítas, aproximando-se e fixando os nativos dentro deste 
processo de estabelecimento na região.
Já no século XVIII, um dos principais envolvidos na empreitada de povoação do Amapá foi o 
Marquês de Pombal. Em 1769, tendo abandonado o Forte de Mazagão, na costa africana, Pom-
bal transferiu cento e sessenta e três famílias para a região. Além disso, neste contexto, ocorreu 
a construção do forte de Macapá, o qual foi colocado em prático pelo meio-irmão do marquês,o governador Mendonça Furtado, transformando a povoação nascente em vila, fixando famílias 
açorianas que formariam a geração pioneira dos cidadãos amapaenses.
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A partir de então iniciou-se uma série de questões relacionadas a conflitos envolvendo dife-
rentes questões, sobretudo acerca da posse do território, o que levou os portugueses a defenderem 
o território permanentemente, lutas estas que além de extrapolarem o período colonial, desenvol-
vendo-se durante o período imperial, desenvolveu o sentimento de pertencimento na população 
amapaense.
CONFLITOS NO 
AMAPÁ
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CONFLITOS NO AMAPÁ 3
CONFLITOS NO AMAPÁ
Dentre as situações que são de fundamental importância acerca da história do estado do 
Amapá estão as questões relacionadas aos conflitos internacionais vinculadas à esta região. Como 
se sabe, o Amapá faz divisa com um território que foi posição territorial francesa durante todo o 
período colonial, imperial e ainda hoje pertence à França, a Guiana Francesa. Além e antes disso, 
juridicamente falando, o Tratado de Tordesilhas já havia definido que este território, os estar na 
parte oeste da linha, pertencia à Espanha. Mas a questão que se coloca é a seguinte: quais são os 
conflitos internacionais que envolvem o estado do Amapá?
Para responder a este questionamento vamos trabalhar com os principais conflitos deste estado, 
os quais sem dúvida estão imbricados com a História do Brasil e com a História Geral. Compreen-
dê-los não é compreender o que houve apenas no Amapá, mas é saber também o que aconteceu 
no Brasil e no mundo. Estes conflitos envolvem principalmente a disputa com a França, sobretudo, 
com a Guiana Francesa, tendo eles ocorrido entre o século XVIII e XIX.
A primeira situação está diretamente relacionada a uma questão internacional, qual seja, a 
Guerra de Sucessão Espanhola, a qual desenvolveu-se a partir de 1700 na Espanha, a partir do fale-
cimento do rei Carlos II, o qual não deixou herdeiros. Este rei deixou indicado em seu testamento 
que o herdeiro do trono seria o jovem francês Felipe de Anjou, pois este era neto de um jovem da 
Espanha e do rei francês Luís XIV. Entretanto, entendendo que Felipe de Anjou poderia se tornar rei 
da França e da Espanha, países como a Inglaterra não entenderam tal situação como promissora 
(para si), pois se fossem somados todos os territórios pertencentes à Espanha, seria provavelmente 
criada uma grande potência.
As negociações começaram em 1712 e em 1713 foi assinado o Tratado ou Paz de Utrecht, o 
qual definiu o seguinte:
 » Felipe de Anjou, para ser reconhecido como rei da Espanha, deveria renunciar ao 
trono da França, mantendo assim, as possessões espanholas na América;
 » A Inglaterra recebeu a base marítima de Gibraltar e a ilha de Menorca;
 » A França manteve seu território na Europa, porém, perdeu a hegemonia no continente;
 » Foram estabelecidas as fronteiras entre a Guiana Francesa e o Brasil, reconhecen-
do-se assim a soberania portuguesa sobre as terras compreendidas entre os rios 
Amazonas e Oiapoque.
Com o processo de expansão de Napoleão Bonaparte e sua consequente ascensão, em 1797 o 
General determinou que o limite entre a Guiana Francesa e o Brasil seria o rio Calçoene, rio que fica 
mais ao sul adentro do estado Amapá, redefinindo ainda em 1801 como novo limite o rio Araguari, 
limite estabelecido pelo Tratado de Badajós, o que anulou os tratados anteriores, como o Tratado 
Utrecht.
Neste contexto internacional, no qual envolve o Bloqueio Continental, estabelecido por Napo-
leão para prejudicar a Inglaterra, como se sabe, Portugal acabou desrespeitando o bloqueio para 
continuar mantendo relações econômicas e comerciais com a Inglaterra. E, como a família real 
portuguesa acabou buscando refúgio no Brasil – o “famoso” episódio da fuga da família real para 
o Brasil, em 1808 – assim que chegou em solo americano, o regente português D. João tratou de 
resolver tanto a questão litigiosa entre Portugal e França, como também de se vingar da invasão 
francesa ao território português na Europa.
D. João arquitetou sua represália e invadiu a Guiana Francesa em 1808, principalmente com 
o objetivo de restabelecer o território invadido pelos franceses – boa parte do estado do Amapá 
– e de dominar o território francês na América do Sul. Para tal empreitada, Portugal contava com 
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aproximadamente 750 soldados regulares do Exército e contava com aproximadamente 550 sol-
dados da Marinha.
Esta incursão teve início no Pará e contou com o apoio da Marinha Real Britânica, cujo chefe das 
forças navais era James Lucas Yeo. Enfraquecidos, os franceses dispunham de apenas 400 soldados 
aproximadamente. Mesmo resistindo ao que pôde, o forte de Caiena capitulou em uma semana. 
Em 12 de janeiro de 1809, o governador da Guiana Francesa, Victor Hugues assinou a rendição. A 
Guiana Francesa, desta forma, pertenceu aos domínios portugueses até 1817, sendo que o território 
passou a atender pela denominação de Colônia de Caiena e Guiana, tendo como governador João 
Severiano Maciel da Costa.
Com a derrota de Napoleão, os franceses voltaram a reivindicar a posse do território, os quais 
agora liderados por Luís XVIII fizeram uma proposta para que Portugal devolvesse o território. A 
ideia de Luís XVIII era de manter o território da forma como Napoleão queria, ou seja, com o rio 
Araguari como limite, proposta que não foi aceita por D. João VI e, por conta disso, a questão passou 
a ser discutida pelo Congresso de Viena, em 1815. Nas negociações, os franceses concordaram em 
voltar com os limites de acordo com o que havia sido acordado em 1713. Somente em 1817, com 
a assinatura do Tratado de Viena, os portugueses saíram de Caiena, devolvendo desta maneira a 
Guiana Francesa para o povo da França.
Ainda ao final do século XIX, mais exatamente em 1895, ocorreu a Questão do Amapá, ou como 
também é conhecida como o Contestado Franco-brasileiro. A questão está relacionada a uma disputa 
de limites envolvendo o Brasil e a França, principalmente pelo fato desta última não reconhecer 
mais o rio Oiapoque como limite entre a Guiana Francesa e o Amapá, reivindicando uma boa parte 
do estado do Amapá, ao sul do Oiapoque, pelo motivo de que esta região havia sido ocupada por 
colonos franceses.
O Brasil apelou para os tratados de limites, estabelecidos em 1713 (Utrecht) e em 1817 (Viena), 
alegando o direito de estabelecer soberania sobre as terras ao sul deste rio. Soldados franceses sim-
plesmente invadiram o território brasileiro, chegando até o rio Araguari, ou seja, a mesma fronteira 
estabelecida no século XIX por Bonaparte. Com esta invasão o Brasil perderia aproximadamente 
260 mil km² de seu território. Quem decidiu a questão de forma favorável para o Brasil, através do 
arbitramento da questão foi o na época presidente da Suiça, Walter Hauser, estabelecendo em 1900 
um laudo pericial o qual determinava a saída imediata das tropas franceses do território brasileiro, 
juntamente com a devolução do território ao Brasil.
Destarte, foi possível identificar, como colocado no início do texto, que os conflitos internacio-
nais que envolvem o estado do Amapá estão diretamente relacionados não apenas com questões 
locais, mas sobretudo, com aspectos históricos que envolvem não só a História do Brasil, como a 
História Geral. É aqui que lhe digo meu aluno e minha aluna, que estudar os Conflitos internacionais 
no estado do Amapá até se confunde com a História do Brasil, revelando a grande importância deste 
estado para a consolidação da soberania nacional ao longo da História.
ASPECTOS 
ECONÔMICOS DO 
AMAPÁ
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ASPECTOS ECONÔMICOS DO AMAPÁ ���������������������������������������������������������������������������3
ASPECTOS ECONÔMICOS DO AMAPÁ 3
ASPECTOS ECONÔMICOS DO AMAPÁ
A construção e desenvolvimento das atividades econômicas que caracterizam e fazem parte do 
estado do Amapá, possuem uma relaçãohistórica com algumas atividades econômicas que foram 
importantes na história do Brasil, principalmente durante boa parte dos séculos XIX e XX. O que se 
percebe é que com o encerramento da disputa territorial entre Brasil e França, questão que ficou 
conhecida como “Contestado franco-brasileiro”, as principais atividades que se desenvolveram 
fora a mineração do ouro e do manganês, além do extrativismo do pau-rosa, a pesca comercial, 
a indústria madeireira, foram os setores que ganharam mais expressão econômica no Amapá. O 
que percebemos é que na composição da economia do Estado do Amapá, merecem destaque as 
atividades extrativistas de vegetais e de minerais.
Atualmente, entre os minerais que são mais encontrados no estado estão as jazidas de man-
ganês (um dos maiores produtores do Brasil), ouro, caulim e granito. Em relação ao extrativismo 
vegetal, os produtos que merecem destaque são a castanha-do-pará, o palmito e a madeira – as 
principais madeiras extraídas são as de maior valor comercial, como a andiroba, o angelim, o breu, 
o cedro, a macacaúba, a maçaranduba, o pau-mulato e a sucupira. Outro elemento importante em 
relação ao extrativismo vegetal é o açaí.
Uma das principais características em relação ao setor primário da economia do Amapá, é que 
este possui um baixo nível de desenvolvimento tecnológico. Além disso, as dificuldades de crédito 
oferecida aos agricultores e a quantidade reduzida de trabalhadores. Sendo assim, as atividades 
econômicas ligadas ao setor primário ficam muito restritas, o que poderia ser muito melhor.
Ainda em relação ao setor primário, a agropecuária do Amapá e basicamente voltada para o 
consumo interno. Por conta desta característica, é histórica a necessidade de se importar boa parte 
da alimentação consumida pela população do Estado.
Uma atividade que vêm se destacando, por possuir característica rentável é a pesca, devido à 
grande disponibilidade de rios que o território amapaense possui. Além desta atividade, a produção 
de soja, é outra que vem ganhando espaço, não só por estar crescendo a cada ano que passa, mas 
também, por ser uma atividade que em alguns momentos acaba sendo compensatório em relação 
à baixa econômica, decorrente muitas vezes de setores que possuem altos índices de exportação, 
como os minérios. Entretanto, a expansão da produção da soja no Cerrado, o qual é o único bioma 
do Amapá que não possui unidades de conservação, acaba ameaçando este bioma, através da 
constituição desta nova fronteira agrícola, da qual o Amapá faz parte.
No que concerne ao setor secundário da economia do Amapá, as atividades que mais se des-
tacam estão relacionadas ao extrativismo mineral, à construção civil e a indústria de transformação. 
Embora não seja possua o mesmo desenvolvimento industrial de outras unidades da federação, há 
uma crescente em relação a esse segmento da economia no estado, com destaque para os setores 
da alimentação e da mineração. Um dos empecilhos apresentados para este desenvolvimento é o 
baixo nível de infraestrutura, com carência em relação ao setor de energia, também o de comuni-
cação e o de transporte.
Acerca do setor de energia, durante boa parte dos anos 1990, a produção de energia era muito 
maior do que a quantidade consumida. Temos como exemplo, a produção de energia elétrica entre 
1993 e 1994, quando foram produzidos 451 milhões de quilowatts de energia, sendo que o con-
sumo local foi de menos da metade desta quantia. Porém, desde o final dos anos 1990, a realidade 
energética não apenas no Amapá, ou na Região Norte mudou. Foi uma mudança no país inteiro, 
mudança esta relacionada ao aumento da demanda de energia elétrica.
O objetivo do estado foi desenvolver ainda mais o setor secundário, e, para isso, foi criada 
recentemente, como resultado de estudos ao logo do final do século XX a Zona Franca Verde do 
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Amapá, a qual possui como objetivo o fortalecimento do setor industrial, através da geração de 
emprego e fonte de renda para os amapaenses.
No setor terciário, está não apenas o mais representativo como também o que possui a maior 
fatia de participação em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) do Amapá. Nos últimos anos, 
o Amapá sagrou-se por ter numericamente falando, mais funcionários dentro da administração 
pública do que na iniciativa privada. Entretanto, nos últimos anos, essa diferença tem diminuído, 
principalmente a partir da criação da Área Livre de Comércio de Macapá e Santana (ALCMS), a qual 
foi criada em 1991 pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA).
Boa parte das exportações realizadas pelo Amapá, e que movimentam importantes montan-
tes, estão relacionadas à extração mineral. Por conta deste aspecto, entre os principais produtos 
importantes, boa parte deles está relacionada aos materiais ligadas da indústria da mineração como 
escavadoras, perfuradoras, carregadoras, caminhões dumper, entre outros.
Boa parte das atividades econômicas, da população e consequentemente do PIB do estado 
está concentrado no eixo Macapá-Santana.
Por fim, uma das atividades econômicos que é fruto da preocupação do desenvolvimento 
sustentável é o Ecoturismo. Com o Programa de Desenvolvimento Sustentável do Amapá (PDSA), o 
estado tem recebido, à frente de muitas cidades da região norte, grande parte dos turistas que bus-
cam o contato com a natureza, principalmente pelo fato do estado ser o mais preservado do Brasil.
A CABANAGEM NO 
AMAPÁ
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A CABANAGEM NO AMAPÁ 3
A CABANAGEM NO AMAPÁ
A antiga Província do Grão-Pará, a qual abrangia os atuais estados do Pará, Amazonas, Amapá, 
Roraima e Rondônia, ao longo de sua história, manteve uma estreita ligação com a metrópole devido 
à sua economia de caráter exportador, o pescado e as drogas do sertão. Imediatamente à Procla-
mação da Independência brasileira, em várias províncias, como no Grão-Pará, houve resistência ao 
7 de setembro, principalmente nas regiões sob domínio português. Não era de se estranhar, então, 
o forte sentimento lusofóbico nessa província.
Com a abdicação do imperador D. Pedro I em 1831, esses sentimentos voltaram a aflorar com 
intensidade, na disputa pelo poder entre os proprietários. De um lado, a aristocracia rural brasi-
leira, proprietários rurais e de escravos e, de outro lado, os comerciantes portugueses, ligados às 
atividades exportadoras.
Apesar da rivalidade entre os dois grupos, o emprego da mão de obra indígena, de mestiços 
e escravos negros permanecia. A destribalização indígena e a exploração dos mestiços levaram à 
constituição de uma massa de despossuídos, marginalizados social e economicamente, vivendo 
em condições precárias, em míseras cabanas nas periferias dos centros urbanos. Os escravos, além 
do desempenho nas atividades rurais, eram significativos nos trabalhos domésticos, artesãos ou 
negros de ganho.
Os conflitos entre aristocratas e comerciantes remontam a 1831, alternando brasileiros e 
portugueses no poder.
De forte presença entre as camadas populares, encontravam-se o cônego João Batista Gon-
çalves Campos, jornalista e líder popular. Eduardo Francisco Nogueira, ferrenho adversário dos 
portugueses, alcunhado de Angelim, em referência à força da madeira de igual nome, e os irmãos 
Francisco Pedro Vinagre e Antônio Vinagre, pequenos proprietários oriundos de famílias outrora 
poderosas na região amazônica.
Em 1834, alguns fatos desencadearam a grande rebelião. Batista Campos feriu-se e morreu 
de gangrena; Manuel Vinagre, pequeno proprietário e irmão de Francisco e Antônio Vinagre, foi 
assassinado; Felix Antônio Clemente Malcher, tenente-coronel e grande proprietário rural antilusi-
tano, foi feito prisioneiro. Foi o estopim do movimento.
Em 7 de janeiro de 1835, os revoltosos, entre eles negros, índios, mestiços, homens livres e 
miseráveis, tomaram quartéis e postos-chaves de Belém, executando o comandante das armas 
e o governador da província,coronel Silva Santiago e Bernardo Lobo de Souza, respectivamente.
O poder foi entregue a Félix Malcher, o primeiro governante cabano do Grão-Pará. Temeroso 
com o avanço do movimento popular que escapava ao controle da elite, Malcher jurou fidelidade 
ao Império, pretendendo manter-se no poder até a maioridade de Pedro de Alcântara.
Os desentendimentos com os irmãos Vinagre revelaram os estreitos limites dos propósitos 
da aristocracia rural: a manutenção da estrutura econômica e social. Iniciava-se uma disputa pelo 
poder entre várias facções políticas e sociais envolvidas.
O governo Malcher foi permeado de medidas arbitrárias, recrutamento sumário da popula-
ção pobre para o serviço militar e indefinições políticas, demonstrando despreparo para o poder. 
Sofrendo forte oposição dos vários setores sociais, Malcher ordenou a prisão de Francisco Vinagre, 
responsabilizando-o pelos acontecimentos na província. Foi o elemento detonador de nova onda 
de manifestações populares.
O primeiro governo cabano foi desfeito pela rendição de Malcher, que depois foi executado, 
tal como ocorrera com seu antecessor.
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Francisco Vinagre passou a acumular a dupla função: a de comandante das armas e de governa-
dor. Como governador, o segundo cabano repetiu as ações de seu antecessor: fidelidade ao Império 
e contenção das ações populares, favorecendo as tropas imperiais na repressão ao movimento. O 
Império enviou uma força naval que partiu do Maranhão com ordens expressas de bombardear 
Belém, caso fosse necessário.
A regência nomeou o marechal Manoel Jorge Rodrigues para o cargo de presidente da pro-
víncia, o qual rolou posse em julho de 1835.
Os revoltosos, refugiados no interior, agora sob o comando de Eduardo Angelim, retornaram e 
retomaram Belém por nove meses, amparados socialmente por índios e mestiços. O que se verificou 
foi uma ruptura com as camadas urbanas que, inicialmente, haviam apoiado o movimento. Esse 
novo governo, o terceiro governo cabano, tendo como líder Eduardo Angelim, assumiu uma feição 
popular e obteve várias vitórias sobre as tropas imperiais. Alastrando-se para o interior, tomaram 
vilas e cidades e eliminaram muitos comerciantes e proprietários portugueses.
A regência nomeou um novo governador provincial, o marechal Francisco José de Souza Soares 
Andreia. Sem aceitar qualquer negociação com os rebeldes, apoiado por uma força naval considerá-
vel e com poderes ilimitados, dentre eles a suspensão dos direitos constitucionais, travou combate 
com os revoltosos até o ano de 1840, quando a maioria das tropas rebeldes passou a ser composta 
por indígenas. Os rebeldes não resistiram às forças imperiais, reforçadas por tropas provenientes 
de Pernambuco e Ceará, além de mercenários estrangeiros. A 25 de março de 1840 terminava a 
Cabanagem.
A Cabanagem teve início no seio da classe dominante, aristocratas contra comerciantes por-
tugueses, fomentada pelo sentimento antilusitano, pela precariedade econômica da região e pelas 
profundas desigualdades sociais. Estendeu-se para o meio rural onde tomou a envergadura de 
uma autêntica luta de classes, dos despossuídos de terras contra os possuidores. Um conjunto de 
elementos permite compreender o insucesso do movimento:
 » Indefinições e traições das lideranças;
 » Aliança com a aristocracia conservadora;
 » Manutenção do quadro social e da estrutura produtiva;
 » Ausência de um programa de governo, divisões internas e intensa repressão pelas 
tropas imperiais.
O saldo final do movimento é estimado em quarenta mil mortos, acrescidos de doze mil e 
quinhentos fuzilamentos. A Cabanagem legou, porém, a consolidação da independência no terri-
tório amazônico e o fato de ter sido o único movimento em que as camadas populares chegaram 
a ocupar o poder de toda uma província, ainda que por períodos descontínuos.
O TERRITÓRIO 
FEDERAL DO AMAPÁ
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O TERRITÓRIO FEDERAL DO AMAPÁ 3
O TERRITÓRIO FEDERAL DO AMAPÁ
Depois da resolução da questão do Contestado Franco-Brasileiro, logo no final do século XIX, 
a área mais ao norte do Estado do Pará (o que hoje seria o estado do Amapá), passava por um 
processo de isolamento político e também sofria com a pobreza. As atividades econômicas desta 
região continuavam baseando-se na atividade do extrativismo, principalmente de borracha, castanha 
e madeiras, na extração de ouro, mas de forma clandestina. O maior destaque entre as atividades 
econômicas ficava por conta da agricultura de subsistência. A região era numericamente pouco 
povoada. Para se ter uma ideia, em meio ao regime do Estado Novo de Getúlio Vargas, as cidades 
de Amapá, Mazagão e Macapá somavam apenas 30 mil habitantes.
Esta região foi encampada pelo estado do Pará, sendo transformada em um município deno-
minado de Montenegro. O que se almejava, pelos cidadãos do novo município, era que algumas 
beneficies e benfeitorias fossem feitas. Porém, o que de fato aconteceu foi a continuidade da falta 
de infraestrutura em contraste com a mineração de ouro.
O descaso tanto do governo estadual como do governo federal foi tamanho, que durante a 
década de 1920, os líderes de alguns grupos sociais do município de Montenegro encaminharam 
um abaixo-assinado ao então presidente da República, o senhor Epitácio Pessoa, pois faltava tudo: 
saúde, educação e infraestrutura em geral iam de mal a pior. A solução, no ponto de vista das lide-
ranças, seria a autonomia política em relação ao Pará.
Além disso, logo na sequência deste episódio, uma série de outros conflitos envolvendo os 
munícipes de Montenegro e os potentados do governo paraense proporcionaram o aumento do 
sentimento de busca pela independência em relação ao estado do Pará, por parte da população da 
região mais ao norte. Esse sentimento, pode ser oriundo do projeto, criado ainda no século XIX, de 
autoria do deputado Cândido Mendes, chamado de “Província de Oyapóckia”. A ideia deste projeto 
era proporcionar a autonomia política da região mais ao norte do Pará, em relação a este estado. 
Entretanto, o projeto não teve sucesso.
Logo no início da Segunda Guerra Mundial, assim que o Brasil se juntou aos Aliados, o governo 
de Vargas deu autorização para que o exército dos Estados Unidos da América do Norte criasse uma 
base militar nas redondezas de Amapá. O objetivo desta base, a qual seria instalada junta à costa do 
Atlântico, era dar suporte para a força aérea dos Aliados. No desenvolvimento do conflito, a Base 
Aérea do Amapá foi utilizada para que dirigíveis atracassem. As missões de patrulha que partiam 
dela obtiveram sucesso, através do afundamento de submarinos inimigos.
Entretanto, a região acabou ficando em destaque, e isso revelou o que de fato acontecia na 
região:
 » Baixo desenvolvimento econômico;
 » População em número muito baixo;
 » Posição tática em uma região de fronteira.
Diante destes aspectos, Vargas tomou a decisão de desmembrar o estado do Pará para erigir 
um novo estado, o qual teria uma área de aproximadamente 142 mil km².
A criação do Território Federal do Amapá se deu em 13 de setembro de 1943, através do 
Decreto 5.812/1943, em conjunto com a criação de outros territórios federais:
ͫ	 Território Federal do Guaporé;
ͫ	 Território Federal de Rio Branco;
ͫ	 Território Federal do Iguaçu;
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ͫ	 Território Federal de Ponta Porã.
O primeiro governador a assumir o comando do poder executivo estadual, o qual foi nomeado 
por Getúlio Vargas em 27 de setembro de 1943, foi o capitão Janary Gentil Nunes. Suas primeiras 
medidas foram as viagens para os principais núcleos populacionais do Território e a escolha da 
capital. Muitos eram os fatores que levavam as pessoas a acreditarem que a cidade de Amapá seria 
escolhida, porém, ela ficava praticamente muito isolada, geograficamente falando. Já no caso da 
cidade que foi estabelecida como capital, a cidade de Macapá, esta era mais acessível por via fluvial 
e possuía estruturas urbanasmais desenvolvidas e com grandes possibilidades.
O primeiro governo territorial do Amapá foi instalado em 25 de janeiro de 1944. O mesmo 
decreto que definiu Macapá como capital, também estabeleceu a existência de três municípios só: 
Amapá, Macapá e Mazagão. Em 1945, houve o processo de desmembramento do município de 
Amapá, criando o município do Oiapoque. Doze anos depois, novamente o município de Amapá 
foi separado, criando o município de Calçoene.
A partir da criação do Território Federal do Amapá, muitas obras e incentivos federais para o 
desenvolvimento econômico e para a colonização do território, ocorreram. Escolas públicas, urba-
nização, construção de prédios para acomodar os diferentes setores da Administração Públicas e 
a criação dos polos agrícolas.
Neste processo, algo que ainda causa algum ressentimento, foi a remoção da população negra 
da parte histórica de Macapá, a qual estava passando pelo processo de urbanização. Muitas famí-
lias inteiras foram levadas para a região de periferia, onde atualmente são os bairros Santa Rita e 
Laguinho.
Dentre as atividades econômicas organizadas para o desenvolvimento do território, estavam a 
exploração de minerais, sobretudo, de manganês na região do alto rio Amapari. As reservas encon-
tradas eram muito promissoras. A empresa que foi escolhida para o desenvolvimento desta emprei-
tada foi a Sociedade Brasileira de Indústria e Comércio de Minérios de Ferro e Manganês (ICOMI).
A região que historicamente ansiava pelo desenvolvimento, agora passaria a ter mudanças 
significativas, principalmente através da infraestrutura criada para atender às necessidades ligadas 
a extração dos minérios. Para atender a essa demanda, foi construído:
ͫ	 Estrada de ferro com 193 quilômetros de extensão, conectando as jazidas à região por-
tuária na qual seria exportado;
ͫ	 Porto de águas profundas;
ͫ	 Duas vilas de operários (Vila Amazonas e Vila Serra do Navio);
Em 1956 foi feito o primeiro carregamento de minério, o qual foi muito comemorado em uma 
festa a qual contou com a presença de Juscelino Kubitschek, então presidente da República.
A mudança de Território Federal para Estado (UF), ocorreu através da Constituição de 1988. 
Entretanto, a instalação do estado do Amapá só ocorreu em 1991.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ESCOBAR, Idelfonso. A marcha para o Oeste: Couto de Magalhães e Getúlio Vargas. Rio de 
Janeiro: A Noite, 1941.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. 14ª edição. São Paulo: EDUSP, 2013.
NUNES, Janary. Relatório das atividades do Governo do Território Federal do Amapá em 1944. 
Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1946
REIS, Arthur Cézar Ferreira. Território do Amapá: perfil histórico. Rio de Janeiro: Departamento 
de Imprensa Nacional, 1949
ASPECTOS 
CULTURAIS DO 
AMAPÁ
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ASPECTOS CULTURAIS DO AMAPÁ �����������������������������������������������������������������������������3
MANIFESTAÇÕES POPULARES E SINCRETISMO CULTURAL NO AMAPÁ ��������������������������������������������������� 3
ASPECTOS CULTURAIS DO AMAPÁ 3
ASPECTOS CULTURAIS DO AMAPÁ
Por mais jovem que é o Estado do Amapá, sobretudo acerca do aspecto político-jurídico que 
tornou o antigo Território Federal em estado, a partir de 1988, a construção cultural pela qual o 
estado passou é algo que se destaca em relação à sua história. A origem de sua cultura vai muito 
além, pois suas origens remontar a conjunção de manifestações culturais dos povos oriundos da 
terra, ou seja, os nativos, além obviamente de contar com a cultura africana e também dos europeus. 
Os traços culturais se mostram de maneira forte nos ritmos musicais e danças, além da gastronomia 
e das festividades peculiares do Amapá.
MANIFESTAÇÕES POPULARES E SINCRETISMO CULTURAL NO 
AMAPÁ
Entre as principais manifestações populares que demonstram o sincretismo cultural no estado 
do Amapá, pode-se entender que a culinária é um que possui forte elemento cultural que criou 
não apenas um aspecto relacionado a cultura, mas que principalmente construiu, em torno da 
alimentação, uma ideia de identidade cultural.
A culinária amapaense e seus pratos típicos possuem semelhança com a culinária amazônica, 
e com a culinária do Pará. O açaí é, representativamente, o prato típico do estado. Acompanhado 
de farinha do aipim e carnes, sua apresentação para quem o aprecia de forma salgada é algo típico 
do estado. Mas outras combinações também são percebidas, como por exemplo, com farinha de 
tapioca, açaí puro ou açaí com açúcar.
Outro prato típico é o camarão no bafo, o qual após o cozimento a vapor é temperado com 
tucupi, pimenta, sal, limão, e é servido com açaí e farofa.
As semelhanças com a culinária paraense são compartilhadas através de pratos como o tacacá, 
a pupunha com café, o pato no tucupi e a maniçoba. Além de compartilhar aspectos da culinária 
com o Pará, os amapaenses também compartilham aspectos da culinária da região nordeste do 
Brasil, fato proporcionado pela existencial migração nordestina para a região amazônica. Pratos 
como o caruru, vatapá e acarajé são tidos como típicos no estado.
Ainda dentro da culinária amapaense, uma bebida que é símbolo da cultural do estado é 
a gengibirra, a qual se trata de uma bebida alcoólica produzida com água, açúcar, aguardente e 
gengibre. A gengibirra é muito conhecida por fazer parte das festividades das rodas de marabaixo, 
sendo servida juntamente com caldo de carne.
Destarte, sobre as festividades que são típicas da cultura amapaense, a festa de São Tiago se 
inscreve nos eventos de tradição cultural, principalmente por ser típico da cidade de Mazagão. Esta 
festa é feita todos os anos, realizada na segunda quinzena de julho, desde 1777. Esta festividade 
rememora as confronto que envolveram muçulmanos e cristãos, na colônia portuguesa situada no 
continente africano, homônima ao município amapaense. De acordo com a tradição, São Tiago, o 
qual era um soldado europeu, surgiu em meio aos enfrentamentos e levou os cristãos à vitória. As 
festividades incluem procissões, ladainhas, novenas e missas, além do marabaixo. O ápice da festa 
envolve as encenações teatrais e as cavalhadas, as quais são feitas pelos próprios munícipes. A 
data em que a festa é realizada, dia 25 de julho, desde 2012 é estabelecida como feriado estadual.
Outro aspecto cultural compartilhado com o Pará é o Círio de Nazaré. Na capital do Amapá, a 
cidade de Macapá, o Círio teve início em 1934. Seu início está relacionado a Ester Levy, primeira-
-dama da capital, a qual liderou um grupo de damas que faziam parte da Congregação das Filhas 
do Coração Imaculado de Maria em um evento que contou com um número de fiéis maior do que 
a quantidade de fiéis que compareceu a festa de São José, padroeiro da cidade. Da mesma forma 
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que no Pará, a festividade é feita no segundo domingo do mês de outubro, o qual conta com grande 
quantidade de fiéis todos os anos.
Em se tratando de algo que simboliza e dá para muitos amapaenses uma identidade cultural 
é o Marabaixo. Música e dança caracterizam essa manifestação cultural que tem origem na cultura 
Africana, e hoje é peculiar nas comunidades quilombolas do Amapá. O Marabaixo consiste em 
uma sistemática de músicas cantadas sob o ritmo da caixa do Marabaixo delineadas por dança de 
roda. As músicas e dança possuem relação direta com a fé religiosa nos santos do catolicismo. Essa 
arte, a qual simboliza a identidade negra, faz alusão ao arrastar dos pés dos escravizados africanos, 
os quais, impossibilitados de erguerem os pés para andar, pelo fato de que muitas vezes estavam 
acorrentados nos punhos, tornozelos e pescoço, arrastavam os pés para se locomoverem.
Sua realização se dá logo após a semana santa, sendo que o seu ciclo lúdico e religioso tem 
início no dia de domingo. Portanto, não tem uma data específica no calendário. Durante o festejo, 
em meio à música e dança, é servida a Gengibirra, a qual tem a missão de fazer com que quem 
esteja brincando tenha energia para dançar a noite toda. Acompanhando a Gengibirra, é servidoo 
caldo de carne, juntamente com arroz e farinha de mandioca.
Em relação ao traje, este
é simples e bem composta, sendo saia rodada de pala com estampas coloridas com moti-
vos florais de cor, tons e comprimentos variados, anágua, blusa na cor branca e diversos 
tons com folho adornado com bordado inglês ou rendas de cores variadas, sandália baixa, 
colares, pulseiras e argolas, flores no cabelo e toalha sobre o ombro. (VIDEIRA, Piedade 
Lino. Marabaixo, Dança Afrodescendente: Significando a Identidade Étnica Amapaense. 
Fortaleza. Edições UFC, 2009.)
No ano de 2018, foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. O 
Marabaixo faz parte do patrimônio imaterial do povo brasileiro. Ele é praticado no Amapá, tanto 
na zona urbana como na zona rural. O mais interessante é que com o Marabaixo, o Amapá tem um 
símbolo da resistência à escravidão incrustado na história e na cultura de seu povo, que o perpetua 
de forma inigualável, valorizando como símbolo de identidade cultural e regional.
Outro aspecto importante sobre a cultura do Amapá é a Música Popular Amapaense. Esta 
categoria foi criada nos anos 1990 e tem como principal característica a fusão de elementos musicais 
que vão da música genuinamente brasileira, mesclando elementos da música contemporânea como 
instrumentos do Rock’n Roll. Boa parte de suas letras valorizam aspectos dos mais significativos 
símbolos da cultura da região norte do Brasil.
	1.1 - COLONIZAÇÃO DA REGIÃO DO AMAPÁ
	1.2 - CONFLITOS NO AMAPÁ
	1.3 - ASPECTOS ECONÔMICOS DO AMAPÁ
	1.4 - A CABANAGEM NO AMAPÁ
	1.5 - O TERRITÓRIO FEDERAL DO AMAPÁ
	O TERRITÓRIO FEDERAL DO AMAPÁ
	1.6 - ASPECTOS CULTURAIS DO AMAPÁ
	ASPECTOS CULTURAIS DO AMAPÁ
	MANIFESTAÇÕES POPULARES E SINCRETISMO CULTURAL NO AMAPÁ
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