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Atuação do Psicólogo em Contextos de Saúde

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24 
Psicologia: Ciência e Profissão 
Texto 3: A atuação do psicólogo em contextos específicos 
 
 No texto que segue abaixo você encontrará informações gerais sobre a atuação do 
psicólogo em contextos específicos. As informações e detalhes abordados complementam 
as informações do Texto 2, apresentando algumas particularidades dos diversos 
contextos mencionados, como o da Saúde, com seus múltiplos subcontextos, além do 
Educacional, do Organizacional e o de Pesquisa. 
 
A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO DA SAÚDE 
 Como dissemos anteriormente, o contexto da Saúde engloba a atuação do 
psicólogo em vários subcontextos diferenciados, como os destacados a seguir. 
 
PSICOLOGIA CLÍNICA (ATUAÇÃO EM CONSULTÓRIO PARTICULAR E OUTROS LOCAIS) 
No contexto da Saúde, é comum as pessoas referirem-se à Psicologia Clínica para 
caracterizar uma forma típica de atuação do psicólogo. Nesta forma de atuação, via de 
regra, o contato do profissional com sua clientela é feito pessoa l e individualmente com o 
objetivo de promover sua saúde, frequentemente através da resolução de seus 
problemas. Nesse sentido, a psicologia clínica é exercida em variados contextos 
diferentes e se caracteriza pelo fato do profissional aplicar os métodos e as técnicas que 
a Psicologia, como Ciência, vem desenvolvendo ao longo de sua história, para atingir 
determinados objetivos. Assim, por exemplo, pode-se encontrar a aplicação da Psicologia 
Clínica em um consultório particular, em um hospital, em um Posto de Saúde e, às vezes, 
em uma escola. Por causa disso, algumas pessoas falam em um "modelo" clínico de 
atuação, que assume formas particulares, dependendo do contexto particular onde ele 
aparece. 
 Como você aprenderá mais à frente neste conjunto de textos, à medida que a 
Sociedade e a profissão foram se modificando até a atualidade, os profissionais 
começaram a questionar a predominância desse modelo na atuação do psicólogo, 
considerando-o muitas vezes inapropriado para a aplicação em novos contextos de 
atuação. Nesses locais, a atuação do profissional envolve o trato com grandes grupos de 
25 
pessoas, com necessidades específicas, em serviços de atendimento de Saúde Pública, o 
que inviabilizava a aplicação de um modelo individual e particular de atuaçã o. 
 Mesmo assim, a "prática clínica”, com base no modelo tradicional, teve e tem uma 
inegável importância nas vidas das pessoas que tem beneficiado, e continua sendo 
aplicada, em vários dos subcontextos mencionados. 
 Alguns críticos do modelo clínico tradicional defendem a criação e o 
desenvolvimento de novos modelos de atuação, mais apropriados aos novos contextos de 
atuação, especialmente aqueles que envolvem os serviços públicos de saúde e algumas 
instituições. Esses novos modelos deveriam estar voltado s para a população em geral, 
para as comunidades e coletividades específicas, com objetivos preventivos, 
considerando-se as necessidades comuns a cada população, permitindo livre acesso aos 
profissionais, especialmente o acesso das classes mais pobres. 
 As principais atividades desempenhadas pelos psicólogos clínicos já foram 
mencionadas e descritas no Texto 1. É aconselhável que você retome aquele texto para 
ganhar maior facilidade no uso de alguns termos comuns ao vocabulário dos psicólogos. 
 A atuação do psicólogo no consultório particular talvez seja a modalidade de 
atuação mais divulgada entre as pessoas comuns da sociedade. Em geral, o profissional 
atende pessoas em seu consultório particular (como profissional liberal aut ônomo) e ali, 
em contato na maioria das vezes individual, outras vezes grupal, aplica de forma pessoal 
os métodos e as técnicas que a Psicologia lhe fornece. 
 As atividades mais comuns do psicólogo clínico particular também são o 
psicodiagnóstico, a psicoterapia e o aconselhamento (ver Texto 1). Atividades de 
orientação profissional/vocacional também são exercidas. Os psicólogos (menos 
experientes) muitas vezes recorrem à "supervisão" de outros psicólogos (mais 
experientes) para discutirem e receberem orientação sobre seus casos. A prática 
multiprofissional, como descrita no texto anterior, não é muito comum entre os clínicos 
particulares. O psicólogo pode recorrer a outros profissionais ou encaminhar seus 
clientes a outras especialidades, mas a prática conjunta não é frequente, p elas próprias 
características do atendimento particular. 
 Em termos da população atendida, é importante salientar que a modalidade de 
atendimento particular, pelos altos custos que implica (por ser um tratamento longo, 
com um profissional cuja formação é cara e especializada etc.), não permite acesso 
generalizado a toda população, havendo predominância de uma clientela dos extratos 
26 
economicamente superiores da sociedade. Algumas vezes, os clínicos particulares 
especializam-se em faixas etárias específicas (crianças, adolescentes etc.) ou grupos 
específicos (famílias, casais, pais etc.). 
 
PSICOLOGIA HOSPITALAR (ATUAÇÃO EM HOSPITAIS GERAIS) 
 Embora alguns acreditem que o modelo clínico de atuação, como o que caracteriza 
a atuação do psicólogo no consultório particular, deveria ser simplesmente adaptado às 
características específicas do hospital e ser ali exercido, outros acreditam que o contexto 
hospitalar exige o desenvolvimento de novas formas de atuação. 
 O trabalho do psicólogo no Hospital Geral (com suas múltiplas especialidades, 
como por exemplo, a cardiologia, a oncologia, a maternidade etc.) experimentou grande 
desenvolvimento nas últimas décadas, o que levou, na prática, à necessidade do 
profissional refletir sobre esse contexto específico e exercer nele várias atividades. 
 Quando se pensa nos aspectos que tornam esse contexto tão específico, deve -se 
considerar que, em primeiro lugar, estamos falando do hospital como um contexto em 
que a doença ocupa lugar de destaque. O indivíduo doente, internado ou atendido no 
ambulatório, é, dessa forma, o foco principal da atenção dos profissionais da saúde. 
 Algumas reflexões sobre esse indivíduo doente precisam ser feitas: segundo 
Terezinha C. Campos (1995), em seu livro sobre Psicologia Hospitalar, o papel do 
psicólogo no hospital é contribuir para a humanização da instituição hospitalar. O 
hospital é um contexto específico que busca proporcionar a manutenção do bem -estar 
físico, social e mental do homem. Segundo a autora, o "psicólogo, atuando no hospital, 
busca a promoção, a prevenção e recuperação do bem-estar do paciente, no seu todo, o 
que implica que aspectos físicos e sociais são considerados em interação contínua na 
composição do psiquismo desse mesmo paciente" (p. 65). O indivíduo, portanto, não se 
resume à sua doença, mas é um ser humano complexo e é esse "todo" humano que 
precisa ser considerado. 
 As atividades mais frequentemente exigidas do psicólogo hospitalar são a 
orientação e aconselhamento e a psicoterapia breve (dado que a psicoterapia tr adicional, 
longa, não se adequa às características do contexto hospitalar). O psicodiagnóstico e 
outras várias formas de avaliação são aplicados quando necessário. Nos hospitais é 
comum a atividade de ensino, já que os cursos de formação do psicólogo 
tradicionalmente não preparavam os alunos para atuação em hospitais, o que levou a 
27 
necessidade da atividade de ensino e treinamento dos profissionais formados em 
Psicologia para atuação em hospitais. Dessa forma, entre as atividades dos psicólogos 
hospitalares encontra-se a de contribuir para a formação de seus futuros colegas. A 
atividade de pesquisa também aparece sendo exercida pelos psicólogos ho spitalares. 
Como área recente da Psicologia, há necessidade de produção sistemática de 
conhecimentos sobre a Psicologia Hospitalar, em seus múltiplos aspectos. Em todas as 
atividades mencionadas, observa-se que a atuação em equipes multiprofissionais é 
característica essencial do trabalho do psicólogo hospitalar. 
 A atividadede orientação não se restringe ao paciente, estendendo -se aos seus 
familiares e cuidadores e a toda a equipe de profissionais da Saúde que trabalham no 
hospital. Esse aspecto é importante e deve ser salientado, uma vez que uma das 
preocupações atuais da Psicologia como profissão é estender seus serviços à população 
como um todo. Nesse sentido, podemos dizer que a abrangência social do trabalho do 
psicólogo no hospital é bastante grande, não atingindo diretamente apenas o indivíduo 
doente, mas a toda a coletividade que faz parte do contexto do hospital. Na medida em 
que profissionais de Saúde, não apenas o psicólogo, estiverem preparados técnica e 
pessoalmente para lidarem com os doentes como um ser humano integral, em que 
aspectos físicos e psicológicos fazem parte do mesmo todo, o benefício da atuação do 
profissional recai sobre toda a coletividade dos doentes, não apenas sobre indivíduos 
específicos. Em termos dos extratos sociais atualmente atingidos com o benefício da 
atuação profissional do psicólogo, deve-se salientar a presença bastante significativa de 
psicólogos nos Hospitais Públicos, o que amplia o acesso das camadas mais pobres aos 
profissionais. Nos hospitais particulares, a presença do psicólogo não parece ser tão 
significativa. 
 
PSICOLOGIA INSTITUCIONAL E COMUNITÁRIA (ATUAÇÃO EM INSTITUIÇÕES E 
COMUNIDADES DE DIVERSAS NATUREZAS) 
 Como você leu no Texto 1, as instituições nas quais os psicólogos podem atuar são 
inúmeras, com os mais variados objetivos, atendendo populações com as mais variadas 
características. Entretanto, o que elas têm em comum é que aqui está em foco a Saúde 
da população, em seus múltiplos aspectos. É a Saúde do cidadão que está em jogo, 
quando o psicólogo trabalha em orfanatos, asilos ou instituições equivalentes; quando 
atua em instituições de atendimento psicológico a deficientes; nas organizações não 
28 
governamentais (ONGs) de várias naturezas; nos ambulatórios de instituições de Saúde 
Pública como Postos ou Unidades Básicas de Saúde e ambulatórios (por exemplo, de 
dependência química, ou distúrbios de alimentação) e de Instituições de Saúde Mental 
como os Hospitais Psiquiátricos e instituições dessa natureza. 
 Promover a saúde do cidadão também é objetivo do trabalho do psicólogo em 
Comunidades ou Instituições que envolvem coletividades específicas, como Associações 
de Bairro e Comunitárias, Sindicatos e Associações Profissionais. 
 Observa-se, cada vez mais frequentemente, a presença de psicólogos em 
instituições da Justiça, como presídios. Varas da Família , Juizado do Menor etc., através 
da Psicologia Jurídica. A tarefa dos profissionais aqui, por exemplo, é fornecer laudos e 
pareceres para Juízes arbitrarem adoções, separações, penas etc. 
 Através da Psicologia do Esporte, a atuação do profissional está focada em grupos 
de esportistas, eventualmente em indivíduos específicos, mas a Saúde de grupos e 
equipes é a referência fundamental para o trabalho do psicólogo. 
 Nessa ampla variedade de locais em que o psicólogo atua, pode-se observar a 
presença tanto do modelo clínico tradicional, mencionado em parágrafos anteriores, 
quanto à presença de atividades mais apropriadas às características dessas instituições. 
Uma dessas características diz respeito ao número de pessoas envolvidas no atendimento 
do profissional. O psicólogo aqui entra em contato com muitas pessoas que diariamente 
frequentam essas instituições, especialmente as de Saúde Pública. Assim, há necessidade 
do desenvolvimento de métodos e técnicas adequados para o trabalho com grupos. 
Atividades novas precisam ser desenvolvidas para dar conta das demandas sociais que se 
apresentam ao psicólogo no seu dia-a-dia. A referência aqui são as coletividades e suas 
necessidades típicas. Deve-se notar, mais uma vez, que segmentos da população que 
anteriormente não eram beneficiados com o trabalho do psicólogo, agora o são, quando 
se observa que um número grande dessas instituições tem a população mais pobre como 
a diretamente atendida. 
 
A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO EDUCACIONAL 
 A atuação do psicólogo na escola e no contexto educacional é vista basicamente 
como a atuação de um educador. Ele participa do processo educacional como um todo, 
colaborando com aquilo que especificamente faz parte da áre a de conhecimento da 
Psicologia, conhecimento este necessário para que se compreenda e interfira no processo 
29 
educacional. Isto é, o psicólogo é mais um dos profissionais envolvidos no processo de 
ensino-aprendizagem e, como tal, colabora para que esse processo possa atingir sua 
plenitude. Nessa medida, os conhecimentos da Psicologia sobre o desenvolvimento 
humano, sobre os processos de aprendizagem e sobre as relações humanas, são 
colocados em prática para garantir, junto com outros conhecimentos de outr os 
profissionais, que a aprendizagem ocorra da melhor forma possível. O psicólogo 
educador, em vista disso, trabalha sempre em equipes multiprofissionais. Em resumo, o 
psicólogo que atua segundo esse modelo educador se envolve diretamente com o 
processo educacional e é figura importante no estabelecimento das condições 
necessárias para que haja a aprendizagem. 
 Em termos das atividades que esse psicólogo apresenta, deve -se notar que na 
maior parte delas a postura de educador descrita acima está evidente e elas representam 
a aplicação do conhecimento psicológico para aumentar a chance da aprendizagem 
ocorrer. Se, por alguma razão, o psicólogo se depara com algum aluno que necessite de 
atendimento clínico, em grande parte das vezes ele mesmo não faz esse aten dimento, 
mas encaminha o aluno a um psicólogo clínico especializado ou outra instituição. Entre as 
atividades principais do psicólogo que trabalha no contexto educacional, pode-se citar: 
 (a) planejamento curricular: trabalho realizado geralmente em equipe com outros 
educadores (pedagogos, professores e especialistas nas áreas acadêmicas específicas). 
Nessa atividade ele participa do estabelecimento dos objetivos educacionais, das 
estratégias de ensino e de avaliação, além da análise e elaboração do mate rial didático. 
 (b) treinamento de professores: aqui o psicólogo orienta o professor, seja naquilo 
que se relaciona a aspectos do desenvolvimento psicológico (intelectual, afetivo, social 
etc.) dos alunos, seja naquilo que se relaciona aos processos de aprendizagem 
conhecidos pela Psicologia. Por exemplo, em um treinamento de professores o psicólogo 
pode oferecer informações básicas sobre aspectos do desenvolvimento envolvidos na 
educação, ou orientar o professor para que crie situações mais adequadas d e 
aprendizagem, alterando, por exemplo, o material didático etc. 
 Outras atividades merecem ser mencionadas: 
 (c) contato com a família: o psicólogo pode servir de elo entre a escola e a 
casa/família do aluno, garantindo assim que as condições de ensino planejadas pela 
escola possam ter continuidade e apoio no seu ambiente doméstico. 
30 
 (d) orientação de alunos: atividade geralmente realizada através de pequenos 
cursos ou palestras, visando informar os alunos a respeito de vários assuntos, de modo a 
favorecer opções de vida mais adequadas. Os assuntos mais frequentes são relacionados 
à escolha profissional/vocacional, ao sexo, às drogas, ao desenvolvimento da cidadania 
etc. 
 (e) organização do espaço educacional: distribuição de alunos por salas, 
planejamento e racionalização do espaço etc. 
 
 Pode-se observar, analisando essas atividades, que atuação do psicólogo educador 
tem um caráter eminentemente preventivo, isto é, todas elas representam uma tentativa 
do psicólogo e dos outros educadores de maximizar a probabilidade de que haja 
aprendizagem e os objetivos educacionais sejam atingidos. O caráter preventivo se 
manifesta exatamente aí: se a escola atingir seus objetivos educacionais, a aprendizagem 
ocorrerá sem problemas e a necessidadede remediação será diminuída. Por exemplo, na 
medida em que um currículo estiver bem planejado, que o professor estiver bem 
preparado para o contato com os alunos, planejando e implementando adequadamente 
as condições de ensino, maior será a chance de o aluno aprender. A atuação é preventiva 
porque não se espera o problema ocorrer para depois tratá-lo: a atuação dos educadores 
ocorre antes, evitando assim que os problemas ocorram. 
 Note, também, que o foco de interesse principal do conhecimento que o psicólogo 
está aplicando está na coletividade dos alunos da escola e não neste ou naquele aluno 
individual. Tudo o que o educador faz se reflete naquela comunidade de alunos. Além 
disso, esse reflexo é facilitado, na medida em que o psicólogo educador trabalha com os 
determinantes externos do comportamento dos alunos, determinantes estes aos quais 
toda a coletividade está exposta. Determinantes do tipo ambiente físico, currículo, 
professor, material didático etc. estão presentes e afetando a todo o grupo de alunos e a 
atuação bem sucedida do psicólogo junto a esses determinantes traz como consequência 
um efeito cuja abrangência é bastante ampla, atingindo a maior parte daquela 
coletividade de alunos. 
 Apesar da descrição acima enfatizar uma atuação do psicólogo bastante diferente 
do modelo clínico tradicional, em algumas escolas esse modelo ainda prevalece. Em 
outras, ainda, há a presença dos dois modelos de atuação (o educacional e o clínico). 
31 
 Quando aplicado no contexto da escola, o modelo clínico pode implicar a presença 
das seguintes atividades: 
 (a) psicodiagnósticos, por ex., entrevistando alunos e suas famílias; testando 
habilidades e desempenhos acadêmicos; aplicando testes de personalidade etc., 
 (b) aplicação de técnicas e métodos de tratamento psicoterapêuticos 
eventualmente (quando tem condições e seu contrato com a escola permite) ou, 
 (c) encaminhamentos a outros profissionais para tratamento. 
 Deve-se observar que, em geral, o psicólogo que adota esta forma de atuação 
clínica na escola tem atividades cujo caráter é basicamente remediativo. Isto é, ele é 
chamado a atuar quando os outros educadores, ou ele mesmo, encontram o que se 
convencionou chamar de “aluno-problema”, aluno este que é encaminhado ao psicólogo 
da escola para que seu problema seja resolvido, de alguma forma. Isto é, o psicólo go aqui 
é visto como o profissional que vai lidar com os problemas depois que eles surgem, de 
forma a minimizá-los. Daí a referência à sua atuação como tendo caráter remediativo. 
 Em termos da postura do psicólogo frente ao processo educacional pode-se dizer 
que seu envolvimento com esse processo raramente é direto . O foco de interesse 
principal do conhecimento que o psicólogo utiliza está basicamente centrado no 
indivíduo (no aluno-problema) e nos determinantes internos de seu comportamento 
(suas necessidades, angústias etc.) e não nos determinantes externos (que, no caso, 
seriam todas as inúmeras condições presentes no ambiente educacional imediato e 
remoto). Essa postura é representada muitas vezes pelo fato do psicólogo ter uma sala na 
escola e seu trabalho ser desenvolvido basicamente nesse local, sem que ele 
necessariamente tome contato com o ambiente educacional mais amplo, em todos os 
sentidos, desde o ambiente físico, até o que acontece nas salas de aula. Em resumo, o 
envolvimento do psicólogo que adota essa postura clínico-remediativa na escola, com o 
processo educacional como um todo, é bastante pequeno. 
 Os psicólogos educacionais têm diferentes tipos de vínculos com as instituições: 
alguns são contratados em período integral, outros trabalham em variados períodos 
parciais, outros não são assalariados da escola, mas são contratados como aut ônomos, 
prestando assessoria e serviços às escolas, quando solicitados. Observa -se também que 
muitos têm, além do trabalho nas escolas, atuação em consultório particular próprio ou 
em outros contextos, como o organizacional e institucional. 
32 
 Muito se pode discutir a respeito da atuação do psicólogo que trabalha nas 
escolas. Por exemplo, frequentemente se discute o fato de que a atuação dos psicólogos 
se restringe às escolas particulares, sendo que sua presença no sistema de ensino oficial 
é incipiente ou inexistente, trazendo com isso sérias implicações para a função social do 
psicólogo. Isto é, no conjunto das escolas brasileiras observa -se número pequeno de 
psicólogos contratados, mesmo quando estas escolas se restringem às particulares. Nas 
últimas décadas os psicólogos que se formam têm, em sua maioria, preferido atuar em 
outros contextos de atuação. Além disso, o sistema público de ensino não tem 
historicamente considerado importante a presença do profissional de psicologia nas 
escolas e o resultado disso é uma abrangência pequena da nossa função social. 
 
A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO 
 Pode-se dizer que um dos objetivos do psicólogo, no contexto das Organizações e 
do Trabalho (daí a denominação “psicólogo organizacional” ou “psicólogo do trabalho”) é 
o de fornecer à Organização os recursos humanos que ela necessita e ali mantê -los. A 
humanização das relações de trabalho deve ser um princípio que orienta esse objetivo. 
 Como exemplos de algumas atividades tradicionais do psicólogo dentro das 
organizações, podemos mencionar: 
 Recrutamento: o psicólogo, como o nome da atividade sugere, recruta candidatos a 
ocuparem determinadas vagas na empresa. Este recrutamento pode ser feito dentro da 
própria organização (recrutamento interno) como, também, fora dela (recrutamento 
externo, por exemplo, através de anúncios em jornal). O psicólogo é um profissional 
importante nessa atividade na medida em que conhece o “perfil” (habilidades, 
conhecimento e características de personalidade) do funcionário ideal para ocupar uma 
vaga. Ele “recruta” este funcionário, especificando e descrevendo (através, por exemplo, 
de um cartaz no quadro de aviso da empresa, ou em anúncio em algum tipo de mídia), 
quais os atributos que ele deve ter para se candidatar ao cargo. O recrutamento não deve 
ser confundido com a Seleção de Pessoal, que será descrita abaixo. O recru tamento do 
candidato a uma vaga antecede a etapa de identificar e selecionar um candidato 
apropriado para o exercício de uma função. As atividades das duas etapas são bastante 
distintas. 
 Seleção de pessoal: o objetivo desta atividade é encontrar o candidato a uma vaga 
que mais se aproxime do perfil necessário para ocupá -la. São várias as atividades e os 
33 
instrumentos utilizados para esta seleção. Os mais comuns são a análise de currículos, a 
entrevista, a aplicação de testes (por ex., de personalidade, de habilidades), a observação 
do desempenho do candidato em grupo (a "dinâmica de grupo"), observação de 
desempenho do candidato em uma situação simulada ou real etc. 
 Treinamento: na medida em que um dos conhecimentos da Psicologia se refere ao 
processo de aprendizagem dos indivíduos, o psicólogo é chamado a desenvolver e 
implementar (por em prática) programas de treinamento entre os funcionários de forma 
a melhorar seus desempenhos. Este desempenho tanto pode estar relacionado a 
habilidades específicas ou técnicas necessárias para a função, quanto pode estar 
relacionado a habilidades "psicológicas", isto é, aquelas que envolvem a relação pessoal 
entre indivíduos e suas características pessoais. Assim, o funcionário pode ser 
encaminhado ao treinamento com o objetivo de torná-lo mais hábil para determinado 
desempenho ou para garantir as melhores condições possíveis de relacionamento entre 
os funcionários (atuação, no caso, preventiva), quanto o psicólogo pode ser chamado a 
planejar e aplicar um treinamento na tentativa de resolver algum problema relacionado 
ao desempenho de habilidades técnicas ou psicológicas (atuação, no caso, remediativa). 
 Tem-seobservado, mais recentemente, que o psicólogo organizacional vem 
desempenhando atividades novas e entre elas podemos citar a ergonomia (estuda e 
implementa a melhor adequação dos equipamentos à estrutura anatômica, fisiológica e 
psicológica do Homem) e a assessoria no planejamento de grandes instituições. Nos 
últimos anos, especialmente, tem-se observado uma tendência entre as empresas em 
terceirizar os serviços do psicólogo, sendo que nesse caso ele não é um assalariado da 
Organização, mas é chamado a assessorá-la, quando necessário. 
 Podemos dizer, portanto, que o caráter das atividades do psicólogo organizacional 
é basicamente, mas não exclusivamente, preventivo, na medida em que seu objetivo 
básico é abordar os processos organizacionais, melhorando-os e ampliando-os, visando o 
desenvolvimento dos indivíduos e das Organizações. Isso não significa que em 
determinadas situações o psicólogo não seja chamado a atuar para resolver problemas, 
tendo, aí, uma atuação remediativa. 
 A Psicologia Organizacional, ao tentar compreender o comportamento do 
indivíduo na Organização, estuda o contexto social, polít ico e econômico, as relações 
interpessoais, os cenários em que o funcionário está inserido na Organização e os 
determinantes internos do indivíduo (sua personalidade, expectativas, desejos etc.). 
34 
 Neste sentido, o psicólogo atua não somente tendo como fo co de interesse o 
indivíduo ou o grupo/coletividade de pessoas, mas ambos, sintonizando -os num contexto 
mais abrangente de Organização e Sociedade. 
 
A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO DA PESQUISA 
 Como você estudou no Texto 2, fazer pesquisa é produzir conhecimento novo ou 
confirmar, ampliar e aprofundar conhecimento já produzido anteriormente. Esta 
atividade não se restringe a um único contexto no qual o psicólogo atua, mas pode, 
virtualmente, ser realizada em qualquer dos contextos anteriormente citados (pesquisa 
em saúde, clínica, educacional, institucional etc.). Atualmente, as universidades 
(especialmente as públicas) constituem um contexto em que a pesquisa se desenvolve 
cotidianamente, seja através de seus professores, seja através dos seus alunos, 
especialmente os de pós-graduação. Entretanto, psicólogos que não são professores e 
não estão vinculados a uma universidade, podem também ser pesquisadores, nos seus 
respectivos contextos de atuação. 
 Produzir conhecimento, isto é, fazer pesquisa, implica um conjunto de atividades 
específicas, voltadas para a busca de respostas para questões que envolvem os mais 
variados aspectos da psicologia humana e animal. Em geral, a pesquisa começa com a 
especificação de um problema, de uma pergunta cuja resposta não se conhece, que a 
pesquisa deverá responder. Especificam-se os sujeitos a serem pesquisados e os métodos 
a serem utilizados na coleta de informações (ver atividades de coleta e avaliação 
sistemáticas de informações descritas no Texto 2) . Os dados, depois de coletados, são 
analisados, interpretados e discutidos, de forma que a pergunta original que gerou a 
pesquisa possa ser respondida. Em seguida, a pesquisa é relatada e divulgada através de 
meios como jornais e periódicos de comunicação científica ("rev istas" de Psicologia), 
Congressos, Simpósios e Seminários. Esta atividade de divulgação é essencial, já que 
garante que o conhecimento produzido possa ser compartilhado com outros profissionais 
e possa ser submetido à crítica e avaliação de outros psicólogos e ser utilizado pelos pro-
fissionais. 
 Não existe uma única forma de se fazer pesquisa, como o homem comum costuma 
imaginar, quando vem à sua mente alguém trancado em um laboratório, fazendo 
experiências, utilizando aparelhos sofisticados e util izando cálculos matemáticos 
complexos. Esta imagem se aproxima da forma mais conhecida de pesquisa, que é aquela 
35 
realizada pelos estudiosos das Ciências Naturais, como a física, a química, a biologia etc. 
Em Psicologia, esse modelo está presente desde sua fundação, e tem produzido 
conhecimento bastante significativo, mas outros modelos também foram se 
desenvolvendo, partindo de outras concepções sobre o mundo, sobre o Homem e sobre o 
próprio conhecimento. Fala-se em modelo das Ciências Humanas para se referir aos 
parâmetros que orientam essa outra forma de pesquisar, igualmente importante e que 
também tem produzido conhecimento psicológico relevante. Nesse modelo, via de regra, 
não se busca quantificar os fenômenos psicológicos (o que significa que nem sempre uma 
pesquisa se faz com base em números), nem se utilizam experimentos para comprovar 
seus resultados. Entretanto, os dois modelos têm em comum a utilização da razão, do 
pensamento crítico e da lógica como instrumentos fundamentais na produção do 
conhecimento. Ao longo do seu curso, você terá oportunidade de conhecer esses 
diferentes modelos de pesquisa da Psicologia. 
 As condições para a realização de pesquisas nem sempre são as ideais, na medida 
em que as verbas necessárias nem sempre estão facilmente disponíveis. Há órgãos 
oficiais que subsidiam as pesquisas, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de 
São Paulo (FAPESP), o Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico 
(CNPq), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) etc. 
Não é muito comum, no Brasil, empresas privadas patrocinarem pesquisas de Psicologia. 
 E importante que se reflita sobre a abrangência social do trabalho do pesquisador. 
Se considerarmos que o conhecimento produzido pelo pesquisado r fica disponível para 
que todos os outros profissionais o utilizem, potencialmente a abrangência do 
pesquisador é bastante grande e muitos indivíduos poderão ser beneficiados. Ao mesmo 
tempo, esse potencial será reduzido se a divulgação dos resultados das pesquisas se 
restringir a poucos profissionais, ou apenas a aquele que a desenvolveu. Por outro lado , 
isto também implica a necessidade dos profissionais buscarem acesso ao conhecimento e 
às informações produzidas pela pesquisa, através de estudo, leitura , comparecimento a 
congressos etc. 
 
Referência Bibliográfica: 
CAMPOS, T. C. P. Psicologia Hospitalar. São Paulo: E.P.U., 1995.
36 
ATIVIDADES PARA ESTUDO E REFLEXÃO SOBRE O TEXTO 3 
 
 Sobre o contexto da Saúde: 
 Psicologia Clínica: 
1. Descreva algumas características da forma típica de atuação do psicólogo clínico 
("modelo clínico de atuação"). 
2. Reflita sobre a seguinte afirmação: "a atuação do psicólogo clínico não se restringe ao 
consultório particular". 
3. Como você entendeu a afirmação do texto de que o modelo clínico tradicional de 
atuação não se mostrou apropriado para ser aplicado nos contextos de atuação mais 
recentes, especialmente na Saúde Pública? 
4. Que características deveria ter a atuação do psicólogo nesses novos contextos, de 
acordo com os críticos do modelo clínico tradicional? 
5. Quais são as principais atividades do psicólogo clínico? 
6. Quais são as críticas feitas ao modelo de atuação do psicólogo clínico restrita ao 
consultório particular? 
 
 Psicologia Hospitalar: 
7. Como você entende a afirmação de que o papel do psicólogo no hospital é contribuir 
para a humanização da instituição hospitalar? 
8. Reflita sobre a seguinte afirmação: "O indivíduo, portanto, não se resume à sua 
doença, mas é um ser humano complexo e é esse 'todo' humano que precisa ser 
considerado". 
9. Quais são as principais atividades do psicólogo hospitalar? 
10. Por que se pode afirmar que é grande a abrangência do trabalho do psicólogo 
hospitalar, em termos de quantas pessoas beneficia? 
 
 Psicologia Institucional e Comunitária: 
11. Mencione alguns locais de atuação do psicólogo institucional/comunitário que 
mostrem a ampla variedade de instituições em que ele pode atuar. 
12. Reflita sobre a seguinte afirmação: "Nas instituições, os psicólogos atendem 
diariamente a um número bastante grande de pessoas, o queinviabiliza a aplicação do 
modelo individual de atuação". 
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 Sobre o contexto Educacional: 
13. O que caracteriza a atuação do psicólogo educacional como um "educador" que 
participa, com outros profissionais, do processo educacional como um todo? 
14. Quais são as principais atividades desempenhadas pelos psicólogos educacionais? 
15. Por que se pode afirmar que a atuação do psicólogo educacional, na maioria das 
vezes, tem caráter preventivo e tem como referência a coletividade de alunos? 
16. O que caracteriza o trabalho do psicólogo que trabalha na escola seguindo o modelo 
clínico de atuação? Quais são suas atividades? 
17. Reflita sobre a seguinte afirmação: "Apesar de toda a coletividade de alunos de uma 
escola poder ser beneficiada pelo trabalho do psicólogo, a abrangência social do 
psicólogo educacional no Brasil ainda é pequena". 
 
 Sobre o contexto Organizacional: 
18. Como você entende a afirmação de que o objetivo da psicologia organizacional é 
fornecer recursos humanos à Organização e ai fixá -los? 
19. Quais são as principais atividades desenvolvidas pelos psicólogos organizacionais? 
20. A atuação do psicólogo organizacional é preventiva ou remediativa? Justifique sua 
resposta. 
21. Quais fatores determinantes do comportamento são estudados quando o psicólogo 
organizacional busca compreender o comportamento do indivíduo no trabalho? 
 
 Sobre o Contexto de Pesquisa: 
22. Reflita sobre a seguinte afirmação: "Fazer pesquisa é produzir conhecimento novo ou 
confirmar, ampliar e aprofundar conhecimento já produzido anteriormente" . 
23. Por que não está correto afirmar que a pesquisa só pode ser feita por professores 
vinculados a universidades? 
24. Descreva resumidamente o conjunto de atividades específicas que constituem a 
atividade geral de pesquisar. 
25. Reflita sobre a seguinte afirmação: "Se os resultados das pesquisas não forem 
divulgados, ou se os profissionais não pesquisadores não buscarem entrar em contato 
com eles, o potencial de abrangência social do trabalho do pesquisador fica reduzido" .

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