Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Vict�ria K. L. Card�so Bibli�grafia: Dermat�l�gia - Azulay F�t�dermat�ses Introdução Conceito: doenças que são desencadeadas ou agravadas pela exposição à radiação ultravioleta. Classificação das fotodermatoses: ● I - Tóxicas primárias: pode ocorrer em todas as pessoas saudáveis, ex: queimadura solar, envelhecimento cutâneo… ● II - Induzidas por substâncias químicas: remédios, inseticidas, sabões… as reações podem ser imunológicas ou não, como a fotoalergia e a fototoxicidade, respectivamente. ● III - Idiopáticas: por sensibilidade exagerada a determinadas radiações, em algumas pessoas aparentemente normais. ● IV - Miscelânea: dermatoses nitidamente produzidas pelas radiações solares, mas sem um mecanismo conhecido. ○ Não se incluem os parâmetros das demais classificações. ○ Ex: líquen plano actínico, poroceratose actínica e púrpura solar. ● V - Doenças precipitadas ou agravadas pela radiação solar: podem ser genéticas ou adquiridas. Essas alterações ocorrem por efeitos fotobiológicos acumulados pelas idade e quanto mais clara for a pele e maior a exposição solar, maiores são as alterações. Obs: na raça negra, as distrofias involutivas são mitigadas e mais tardia, pois a quantidade de UVB que atinge a derme é de 6% comparada a 30% na raça branca e, em relação ao UVA, aproximadamente 18% e 55%, respectivamente. Fotodermatoses tóxicas primárias Lesão elementar: ● Manifestações precoces: eritema, queimadura (iniciais), espessamento da epiderme, hiperpigmentação e efélides (sardas). ○ Causa eritematosa: queimadura. ○ Causa pigmentar: bronzeamento imediato e tardio. ● Manifestações tardias: câncer de pele e alterações do envelhecimento da pele (efeitos patofotobiológicos). ○ Pele atrófica, apergaminhada, com sulcaturas pronunciadas e mosqueada de pigmentações (melanose senil). @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so Alterações morfológicas das alterações tardias: ● Elastoma difuso de Dubreuilh: pele espessa, discretamente pastosa e de coloração marfim velho → é comum na face e na área do decote. ● Pele citreína (Milian): pápulas agrupadas e amareladas, lembrando casca de laranja → em áreas expostas. ● Pele romboidal (cutis romboidalis, Jadassohn): pele com aspectos losângicos delimitados por sulcaturas profundas → comum na nuca, mas pode ocorrer em outras áreas (face e antebraços). ○ É mais prevalente nos homens por geralmente não terem a proteção dos cabelos. ● Elastoidose cística e comedônica (Favre-Racouchot): cistos e grandes comedões em pele amarelada, ao redor dos olhos e nas regiões temporais. ● Ceratodermia marginada palmar (ceratodermia de Ramos e Silva): ceratodermia em faixa, nas partes dorsal e palmar, nas bordas cubital e radial. ○ Geralmente ocorre em homens adultos com intensa exposição solar durante a vida. ● Milium colóide do adulto: inúmeras e pequenas pápulas (1 a 3 mm) branco-amareladas, isoladas e agrupadas, no dorso das mãos, na face e no dorso → forma mais comum de milium colóide. ○ São degenerações dos tecidos colágeno e elástico de cada papila. ○ Forma juvenil: ocorre antes da puberdade e o colóide vem dos queratinócitos degenerados (microscopia eletrônica); ○ Forma pigmentada: está associada ao uso de hidroquinona - pode ser uma ocronose exógena. ● Nódulos elastóticos das orelhas (Carter): pequenas formações nodulares na anti-hélice. ● Dermatite verrucosa elastótica solar: presença de dermatite com lesões vegetantes, verrucosas e ulcerativas nos antebraços, com tendência a lenta regressão espontânea. ○ Na histopatologia há hiperplasia epidérmica e exuberante infiltrado @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so inflamatório com neutrófilos e plasmócitos. ● Lagos venosos: ectasias venosas em pápulas violáceas ou azul-escuras, compressíveis, em áreas de exposição solar (eu: hélices das orelhas, pálpebras, região malar e principalmente no lábio inferior). ○ É mais comum em idosos → se desenvolve pelo dano solar sobre a adventícia vascular e no tecido elástico dérmico. ● Banda elastótica solar - banda elastótica solar dos antebraços: comum em agricultores de fototipos baixos (mais brancos) com lesões lineares, pápulas e nódulos nos antebraços. ○ Também pode se apresentar em tronco e braços. Histopatológico característico: elastose solar → ou seja, faixas ou nódulos de degeneração basofilica de colágeno, quando em sua plenitude, sem a estrutura fibrilar do colágeno. ● Essa faixa se apresenta na derme superior, separada da epiderme, que pode estar atrófica, por faixa estreita de colágeno normal. Fotodermatoses induzidas por substâncias químicas Aqui, apenas algumas pessoas reagem de maneira anômala e isso independe do fototipo da pele, só depende das alterações induzidas pelas substância química, em conjunção com fótons → é importante diferenciar as reações fototóxica e fotoalérgica. Reação fototóxica: não há fenômeno imunitário. ● Há ativação de determinada molécula, passando aos estados singleto e tripleto com transferência de energia, provocando consequentemente alterações patológicas nas membranas celular e/ou nuclear. ● Ex: amiodarona em uso crônico → há o aparecimento de múltiplos basaliomas. ● Tóxicos mais comuns: ingestão de sulfas, tetraciclinas, griseofulvina, hipoglicemiantes, fenotiazinas, tiazídicos, quinolonas, retinóides e sulfonilureia. ● Locais afetados: praticamente todas as áreas expostas (face, colo, antebraço...). Reação fotoalérgica: presença do fenômeno imunitário. ● A substância química é introduzida pela radiação e unida a uma proteína, criando um composto antigênico. Esse composto é então processado pelas células de Langerhans, sensibilizando os linfócitos T. ● As substâncias químicas podem ser sensibilizadas de fora para dentro @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so (contatantes externos → cosméticos, plantas, inseticidas…) ou de dentro para fora (contatantes internos → remédios, alimentos). ○ Contatantes internos = fotoeczema de contato. Principais substâncias químicas envolvidas: remédios, inseticidas, cosméticos, roupas, preservativos de alimentos… ● Algumas dessas substâncias podem ser fototóxicos e/ou fotoalérgicos. ● Importante: qualquer fototóxico pode ser também um fotoalérgico, mas nem todo fotoalérgico pode ser fototóxico. Manifestações clínicas e morfotopografia da fototoxicidade: ● Características que variam o quadro: concentração/quantidade da substância química e tempo/quantidade da radiação lumínica. ● Principais: prurido, sensação de queimadura e eritema. ● Tempo de ação normal: ○ Em torno de 2 a 6 h (reação imediata), o eritema já é bastante acentuado e possui edema. ○ Em 12 a 24 h, podem surgir bolhas. ○ Nos dias subsequentes, há regressão das lesões, com pigmentação residual por várias semanas. ● Fototoxicidade tardia: ○ Início das manifestações em 6 a 12h, com pico em 48h. ○ Lesões eritemato edematosas, com ou sem bolhas (depende da intensidade do processo, do tempo de exposição e da concentração da substância), seguidas de pigmentação. ● Onicólise: é uma outra manifestação clínica da fototoxicidade → é precedida de dor intensa seguindo com eritema, deslocamento das unhas e pigmentação. ● Morfotopografia: ○ Pode ser muito expressiva, como na dermatite berloque → apresentação em forma de gota ou em disposição linear, por uso de perfume com bergamota. ○ Fitofotodermatoses: ocorre nas mãos de pessoas que espremem limões e se expõem ao sol. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ■ Presença de lesões erráticas → antebraços, coxas, tronco… ■ As lesões costumam ser puntiformes (salpico do sumo de limão) ou em pequenas áreas que tiveram contato com as mãos. Manifestações clínicas e morfotopografia da fotoalergia: ● Diferente da fototoxicidade, a fotoalergia independe da quantidade da substância desencadeadora, bastando quantidades mínimas dela. ○ Deve-se diferenciar de um eczema de contato potencializado pela luz. ○ Há a necessidade de exposição prévia ao sensibilizante (período de sensibilização), para que exposições futuras possam desencadea-la. ● Principais: fotoeczema→ eritema com vesiculação e prurido. ● Tempo: surgem 24 a 48h após a exposição solar, diferindo, da fototoxicidade. ● Morfotopografia: depende das áreas expostas às radiações. ● Contatantes exógenos: sabonetes antissépticos à base de triclosan, tópicos com sulfas, substâncias anti-histamínicas, protetores solares tipo benzofenonas, substâncias antimicóticas, inseticidas… ● Contatantes endógenos: sulfas, losartana, tranquilizantes tipo clorpromazina, quinolonas. griseofulvina, anticonceptivos… ● Histopatologia: é a mesma do eczema → edema intercelular na epiderme, e na derme há espongiose, veiculação e paraceratose. Fotodermatoses Idiopáticas Erupção lumínica polimórfica: é a mais frequente fotodermatose idiopática. ● Conceito: morfologia variada e localização exclusiva em áreas expostas ao sol e sem interferência de qualquer outro fator (imunológico, substâncias, metabolismo...) que não seja a radiação. ● Patogênese: falha na imunossupressão induzida pela radiação UV, resultando em aumento da reatividade a fotoalérgenos na pele. ○ Testes de fotoprovocação mostram que a doença é induzida por UVA em 59 a 94,2% e UVB em 23 a 40%. ● Início das manifestações: de algumas horas a poucos dias após a exposição. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Epidemio: ○ É mais comum no verão e aparece em surtos. ○ Há maior frequência em mulheres, principalmente na 1ª década de vida, e menos na 2ª e 3ª décadas. ■ Muito raro em idade avançada. ● Geralmente há diminuição da sintomatologia após muitos surtos, por conta da pigmentação secundária e do espessamento da pele provocados pelas radiações. ● Morfologia: ○ Lesões papuloeritematosas, que lembram o lúpus eritematoso discoide e a infiltração linfocítica de Jessner. ○ Não possui atrofia, há placas eritematosas e as lesões acometem a face. ○ Comum: queilite do lábio inferior. ○ Regiões poupadas: região submentoniana, pálpebra superior e lábio superior. ● Histopatologia: é semelhante ao lúpus eritematoso discóide, mas com imunofluorescência negativa. ● Tratamento: uso de antimaláricos, mais fotoproteção adequada (contra UVA e UVB). Reação lumínica persistente: ● É sensível à luz UVA. ● Afeta mais homens e de idade avançada. ○ Há poucos casos no sexo feminino. ● Principais substâncias desencadeadoras: salicilanilidas halogenadas e a fragrância musk ambrette. ● Clínica: reação fotoalérgica, mantida mesmo após retirar o agente, e que se exacerba a cada nova exposição lumínica, tornando os reatores persistentes à luz. ● Morfologia: erupção eritematoescamosa em placas, com prurido, em áreas expostas a radiações. ○ Pode ser localizada ou generalizada. ○ Pode haver uma reação eritrodérmica, simulando a forma de Sézary. ○ Fase crônica = liquenificação. ● Histopatologia: simula os achados da micose fungóide. Urticária solar: ● Urticária que se inicia minutos após a exposição solar e continua por 30-60 min → mediada por mastócitos ou por toxicidade direta. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ Pode coexistir com a erupção lumínica polimórfica. ○ É como uma urticária colinérgica e pode apresentar sintomatologia geral (mal-estar e cefaléia). ○ Depois de várias exposições, pode haver certa tolerância (taquifilaxia). ● É mais comum na 3ª década, com preponderância feminina. ● Possui vários tipos (6 para Hacher), dependendo do espectro de absorção, variável para cada pessoa. ● Pode haver uma urticária solar secundária relacionada com porfiria e lúpus eritematoso. ● Prevenção e tratamento: anti-histamínicos e fotoproteção, incluindo roupas. Prurigo estival (prurigo de Hutchinson): ● Prurigo (lesões papuloponfosas com ou sem veiculação) relacionada com o verão. ● Locais mais comuns: dorso das mãos, antebraços e pernas. ○ Há casos em áreas não expostas, como nas nádegas. Hidroa vaciniforme (de Bazin): ● Doença rara com erupção de lesões papulovesiculosas com umbilicação central (varioliforme) e discreta necrose, que cursa com involução cicatricial em áreas fotoexpostas. ● Costuma aparecer na 1ª década da vida e predomina em meninos, geralmente desaparecendo na idade adulta. ● Pode haver conjuntivite e ceratite. ● Etiologia: está relacionada ao vírus Epstein-Barr. ● Há duas apresentações: a forma clássica e a forma atípica ou grave de erupção hidroa vaciniforme-like, que é mais intensa e crônica. ● Diagnóstico diferencial: porfirias eritropoiética congênita e cutânea tarda, erupção lumínica polimórfica e prurigo actínico. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so Fotodermatoses miscelâneas Púrpura senil de Bateman: ● Sufusões hemorrágicas em surtos constantes. ● Localização preferencial: antebraços e dorso das mãos de pessoas idosas. ● Costuma ser decorrente de mínimos traumas e é agravada com anticoagulantes e antiagregantes plaquetários. Pseudocicatrizes estelares: ● Costumam acompanhar a púrpura senil e têm o aspecto de cicatrizes estelares. ● Localização preferencial: antebraços. Hiperplasia sebácea senil: ● São pequenas lesões amareladas de alguns milímetros, isoladas e separadas umas das outras, com morfologia de discos com umbilicação central. ● Localização: regiões frontal e temporal. Miliaria solar: ● Erupção com micropápulas e microvesículas pruriginosas em áreas de exposição solar intensa e recente. ● Difere da miliária comum, pois é causada pela radiação solar e não pela temperatura. ● A radiação solar produz o espessamento da camada córnea, obstrui os ductos excretores das glândulas écrinas e dificulta sua drenagem, com consequente retenção da secreção. ○ Isso forma vesículas intradérmicas por ruptura dos ductos excretores na epiderme. Doenças precipitadas ou agravadas por radiação solar São síndromes que iniciam após exposição solar e agravam com a exposição também → há fotossensibilidade enzimática induzida; podem ser divididas em hereditárias e adquiridas. ● Síndromes hereditárias: síndromes de Hartnup, de Cockayne e de Bloom; doença de Darier, porfirias e xeroderma pigmentar. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Síndromes adquiridas: lúpus eritematoso, rosácea, eritema polimorfo, porfiria cutânea tarda, pênfigo foliáceo, doença de Grover e outras. Doença de Grover (dermatose acantolítica transitória): ● Presença de pápulas eritematosas e vesículas, raramente com lesões bolhosas, e que pioram com o calor, com exposição solar, com atritos e na transpiração. ● Principal localização: parte anterior do tórax de pessoas adultas. ○ Outras localizações: dorso e membros. ● Geralmente tem involução em poucos meses e frequentemente está associada a quadros de eczema. ● Histopatologia: fendas acantolíticas que podem simular os achados de algumas doenças, tais como: pênfigo vulgar e foliáceo, doença de Darier e doença de Halley-Halley. ● Diagnóstico: correlação clinicopatológica, sem a necessidade de imunofluorescência. ● Tratamento: evitar radiação UV, calor e sudorese excessivos. ○ Uso também de creme corticosteroide e anti-histamínicos, em casos muito pruriginosos. ○ Para casos mais extensos, pode-se usar corticosteroide sistêmico. Diagnóstico e tratamento das fotodermatoses Diagnóstico: são três parâmetros básicos. ● História de instalação do quadro após exposição solar + morfotopografia das lesões relacionadas com as áreas de fotoexposição + prevenção, melhora e/ou desaparecimento do quadro clínico pela não exposição. ● Investigação do uso concomitante de substâncias para verificar fototoxicidade ou fotoalergia. ● Diagnóstico fotobiológico: demonstra não só o tipo de reação (fototoxicidade ou fotoalérgica), mas também o espectro de ondas que podem produzir manifestações clínicas. ● Fototeste: exposição de uma pequena área de pele não comumente exposta, a uma dose suberitematosa ou eritematosa, então se observa as características morfológics formadas. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Fototeste contatante: determina a ação da substância indutora e da radiação. ○ A substância suspeita é incorporada a um veículo (em geral, vaselina) e se coloca em contato com a pele, comoteste de contato. ○ São escolhidas duas pequenas áreas quadradas: na primeira e na segunda, coloca-se a substância em causa. ● Teste fotointradérmico: injeta-se 0,2 mL de uma solução de substância-problema em dois pontos separados da pele; depois de 15 min, irradia-se um e não o outro, o que torna possível a conclusão pela positividade ou negatividade. Terapêutica: ● Eliminação da exposição solar e das possiveis substâncias indutoras. ● No caso de queimaduras de 2° grau, o tratamento é idêntico ao das queimaduras em geral. ● Quando pessoas muito claras (tipo I-Il de pele) forem se expor por longo período, pode-se fazer uso prévio de ácido acetilsalicílico e indometacina (bloqueadores das prostaglandinas). ● Tratamento tópico: em qualquer fotodermatose vesicobolhosa, primeiro se usa compressas (nas primeiras 24h) e na sequência se aplica creme corticosteróide. ● Anti-histamínicos: usa-se na urticária solar e no prurigo estival. ● Antimaláricos de síntese: principalmente a cloroquina, se usa nas erupções polimorfas lumínicas. ● Corticoterapia sistêmica: é mais indicada nos casos intensos e extensos de fotoalergia. ● Betacaroteno oral: é indicado na erupção polimorfa lumínica e nas porfirias. Prevenção: não exposição solar. ● Uso de vestimentas e de fotoprotetores. ● Uso de fotoprotetor que elimine o espectro de ondas específicas ou de amplo espectro. @p�sitivamed
Compartilhar