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1- Compreender a epidemiologia, etiologia, transmissão e fatores de risco da leishmaniose; - Contemplar ciclo biológico do vetor; Leishmaniose Tegumentar • A leishmaniose Tegumentar Americana é uma doença infecciosa, não contagiosa, com evolução crônica, que atinge exclusivamente a pele e, às vezes, mucosas; • É causada pelo protozoário do gênero Leishmania e transmitida pela picada de mosquitos flebotomíneos; • É uma doença que acompanha o homem desde os tempos remotos e que tem apresentado aumento no número de casos nos últimos 20 anos; • É encontrada, atualmente, em todos os estados brasileiros, sob diferentes perfis epidemiológicos; • 90% dos casos das Américas estão no Brasil, Peru e Bolívia; • Como grande parte dos casos encontra-se na Amazônia, associados ao ciclo silvestre do parasito, podemos dizer que a LTA é uma doença tropical; • Brasil: existem atualmente 6 espécies de Leishmania responsáveis pela doença humana e mais de 200 espécies de flebotomíneos implicados na transmissão; • A Leishmania braziliensis - Predomina em todo território nacional; • L. guyanensis – região Norte; • L. lainsoni – Pará, Rondônia; • L. naiffi – Amazonas, Pará (menor número de casos); • Incidência anual nas Américas: aproximadamente 54.108 casos/ano, sendo 154.484 casos novos no Brasil – dados da Organizacao panamericana da Saúde (OPAS); • Dados da OMS apontam quem 350 milhões de indivíduos estão expostos ao risco de infecção; • A leishmaniose ocupa o segundo lugar entre protozoonoses transmitidas por vetores, superada apenas pela malária; • É uma doença de notificação compulsória; • Predomina em maiores de 10 anos (92,5%) e no sexo masculino (74%); APG 30 – O último Zumbi 1 Amanda Rocha Epidemiologia • O parasita é transmitido por um vetor: um inseto flebotomíneo conhecido como mosquito-palha, birigui ou tatuquira; • Brasil: as principais espécies envolvidas com a transmissão pertencem ao gênero Lutzomya; • Na Amazônia (floresta), a principal espécie trabsmissora é a Lutzomya umbratilis; • O flebotomíneo silvestre faz seus ninhos em folhas mortas e úmidas, raízes do solo, tocas de animais, fendas de rochas e cavernas; • Em outras regiões, o vetor (geralmente Lutzomya whitmani) habita matas e proximidades das habitações; • Lutzomya intermedia, encontrado em torno das habitações; • Há 3 perfis epidemiológicos fundamentais de transmissão: è Silvestre: quando o homem penetra na selva e é picado pelo flebótomo infectado, rompendo acidentalmente o ciclo biológico natural da zoonose; è Ocupacional ou Lazer: indivíduo que realiza atividades na floresta, como a derrubada de mata e comércio de madeira, abertura de estradas, agronegócio e ecoturismo; è Periurbana ou rural: adaptação do vetor ao peridomicílio estabelece o ciclo biológico com participação do animal doméstico, ou, até mesmo, o ser humano como reservatório; 1- Ao se alimentarem do sangue, as fêmeas injetam promastigotas metacíclicos (forma infecciosa) na pele; 2- Os promastigotas injetados são fagocitados pelos macrófagos e monócitos da derme e hipoderme, perdendo seu flagelo; 3- Dentro das células se transformam em amastigotas (estágio tecidual); 4- Os amastigotas se multiplicam por divisão binária, que, ao se romperem, liberam muitos parasitos para infectar outras células; Transmissão Ciclo Biológico 2 Amanda Rocha 5- Os monócitos carreiam a Leishmania pela corrente sanguínea, disseminando a infecção para outros tecidos; 6- Ao se alimentarem do sangue do hospedeiro infectado, as flebotomínias são infectadas pela ingestão de macrófagos com amastigotas; 7- No intestino do mosquito, os amastigotas se transformam em promastigotas; 8- Se multiplicam, se desenvolvem e migram para a probóscide (aparelho bucal do mosquito); 2- Entender a fisiopatologia, manifestações clínicas da leishmaniose; - Tegumentar e Visceral; • Após fagositose do parasita ocorre a ativação da imunidade celular – perfil Th1; • Nos pacientes com resposta Th1 adequada: há produção de IFN -a e IL-2, e tendencia a formas clínicas limitadas e melhor evolução da doença; • IFN-a é a citocina mais importante na eliminação de parasitas no interior dos macrófagos infectados; • Ela induz a transformação de células T CD4-naive em células Th1; • O fator de necrose tumoral (TNF-a) produzido por macrófagos e células NK, quando em níveis moderados, propicia o controle da infecção; • Uma deficiência na resposta Th1 ou o desenvolvimento de um padrão de resposta Th2, com produção de IL-4 e IL-10, estão relacionados com formais mais graves da doença; • Tal situação é observada na coinfecção por HIV; • Nestes pacientes, níveis elevados de TNF-a podem estar relacionados com aumento na replicação viral e progressão da infecção pelo HIV para AIDS; • O período de incubação é de 1-3 meses; • A lesão, inicialmente, aparece apenas no ponto de inoculação, geralmente em áreas expostas da pele (face, membros, mãos, pés); Fisiopatologia Manifestações Clínicas 3 Amanda Rocha • Em seguida, a lesão passa por fases evolutivas: 3- Lesão Inicial: forma-se uma pápula eritematosa que logo vira uma lesão papulocrostosa, papulovesiculosa ou papulopostulosa; 4- Lesão Ulcerada: dias ou semanas depois, a lesão adquire aspecto ulceroso. A úlcera da LTA possui bordos elevados e bem definidos (“úlcera em moldura de quadro”), com centro granulado, de cor vermelho-viva e com secreção serosa; 5- Lesão Vegetante: as lesões podem evoluir para cicatrização espontânea ou para formação de placas vegetantes, verrucosas que cronificam e crescem lentamente; 6- Lesões mucosas: as lesões mucosas podem aparecer precocemente, embora seja mais comum ocorrerem 1-2 anos depois do surgimento da pápula de inoculação; acometem, especialmente o nariz, começando com eritema, edema e discreta infiltração no septo nasal, asas do nariz e mucosa, evoluindo com maior infiltração e lesão ulcerovegetante, que podem se estender para as regiões laterais, lábios superiores e inferiores; 4 Amanda Rocha • A orofaringe pode ser acometida com lesões no palato, gengiva, laringe e faringe; • A lesões mucosas da LTA geralmente são por disseminação hematogênica do parasito; • Com o tempo, a doença vai destruindo a cartilagem nasal e provocando o desabamento do nariz (nariz de anta ou nariz de tapir); • O mesmo paciente pode apresentar apenas uma ou múltiplas lesões cutâneas; Leishmaniose Visceral • A LV é uma doença infecciosa crônica, produzida por protozoários Leishmania do subgênero: L. Chagasi, L. donovani e L. infantum; • Nas américas, é causada pela L. Chagasi, responsável pela LV americana ou calazar americano, tendo como único vetor conhecido o Lutzomya Longipalpis; • Os parasitas induzem a produção sistêmica de TNF-a, citocina responsável por algumas manifestações clínicas como febre, caquexia e pancitopenia; • Em níveis muito elevados, a TNF-a pode provocar expansão dos vasos sanguíneos e extravasamento de fluidos para o interstício, a até choque hipovolêmico (pode ser considerado marcador prognóstico); • A doença pode evoluir com febre irregular, anemia, desnutrição, estado geral comprometido, hepatoesplenomegalia e linfonodomegalias; Fisiopatologia Manifestações Clínicas 5 Amanda Rocha • Apresenta 2 manifestacoes cutâneas principais: 7- Leishmanioma de inoculação: pode ocorrer no local da picada do flebótomo infectante e caracteriza-se por lesão papulosa,nodular ou ulcerada, como numerosos parasitas. É indistinguível das lesões cutâneas da LT, entretanto, a diferenciação se faz pela confirmação de leishmanias na medula óssea, fígado, baço e no sangue. Teste de montegro é negativo; 8- Leishmanoide: lesões generalizadas maculares, papulosas ou nodulares. São lesões ricas em leishmanias, e o teste de Montenegro, geralmente, é negativo; 3- Explicar o diagnóstico e tratamento da Leishmaniose; 9- Exame Direto: o raspado da lesão é colocado em uma lâmina e corado pelo Giemsa ou Leishman, para que possam ser observadas as formas amastigotas no interior dos mononucleares; 10- Histopatologia: demonstra um granuloma linfo-histiocitário. Nas lesões recentes, é comum observar o parasito intracelular, que não são observados em lesões antigas (quanto mais antigo, mais difícil de se observar); 11- Cultura: feita no meio NNN (Novy-McNeal-Nicolle), sendo positiva em apenas 40% dos casos. É liberada em algumas semanas; 12- Sorologia: os métodos mais usados são imunofluorescência indireta e o ELISA. A sensibilidade oscila em torno de Diagnóstico 6 Amanda Rocha 75% e o teste pode ter reação cruzada com outras leishmanioses e doença de Chagas; 13- Teste intradérmico de Montenegro: é feito pela inoculação de 0,1 a 0,3 ml de solução de promastigotas mortas no antebraço. O surgimento de uma pápula > 5mm de diâmetro indica teste positivo. A sensibilidade é de quase 100% nos imunocompetentes e a especificidade também é alta. Pacientes curados mantém Montenegro positivo por tempo indeterminado. Paciente imunocomprometidos pode apresentar reação negativa; • Droga de escolha: antimonial pentavalente, geralmente o de N- metil-glucamina (Glucantime), na dose de 15 mg/kg de antimônio (forma cutâneas puras), por via intramuscular ou intravenosa (correr lentamente), durante um período de 10-30 dias; • Outras opções de tratamento: Anfotericina B, 25-50 mg/dia, venosa, até completar a dose cumulativa de 1.200-2.000 mg; • Pentamidina 4mg/kg, venosa, a cada dois dias (mais eficaz para leishmaniose guyanensis); • Não há vacina e nem quimioprofilaxia. A prevenção é feita por medidas do tipo identificar e tratar os doentes, telar as casas, uso de inseticidas e repelentes e controle dos reservatórios domésticos; Tratamento Profilaxia 7 Amanda Rocha