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Arbitragem e Contratos do Código de Defesa do Consumidor

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CURSO DE DIREITO – UNIP – UNIDADE PARAÍSO – PERÍODO MATUTINO
ALUNA: THALITA ROBERTA DE FREITAS SOUZA RA:T6358H3
TURMA: 9o. A – SALA : 509
PROFESSORA: VANESSA MELLO
DISCIPLINA: MASC
ATIVIDADES REMOTAS
ARBITRAGEM
I - ARBITRAGEM E CONTRATOS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
A arbitragem é um meio extrajudicial, revestido de função jurisdicional, de solução de
conflitos, que tem se mostrado rápida e eficaz, principalmente pela liberdade das partes em
convencionar o próprio árbitro que solucionará o conflito, as regras de procedimento e o critério de
julgamento, fazendo com que as partes de sintam mais seguras. A chamada Lei de Arbitragem
(9.307/96), e as alterações determinadas pelo CPC de 2015, determinam regras e procedimentos
próprios de atuação da Câmara Arbitral, uma entidade autônoma especializada na solução de
conflitos.
Apesar de sua característica informal, uma sentença arbitral tem o mesmo efeito de uma
sentença judicial.
Com relação à arbitragem nas relações de consumo, o CDC, em seu art. 51, inciso VII,
assim estabelece:
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento
de produtos e serviços que:
VII ‐ determinem a utilização compulsória de arbitragem;
No entanto, o art. 51, inciso VII, do Código de Defesa do Consumidor não pode ser
ignorado, sob pena do consumidor se ver obrigado a resolver um conflito pela arbitragem, posto que
os contratos de consumo são, em regra, de adesão, ou seja, as cláusulas são impostas pelo
fornecedor, e o consumidor tem apenas duas opções: aceitar ou não aceitar.
Então, surge a dúvida: como fazer a convenção de arbitragem sem ferir o Código de Defesa do
Consumidor?
O Superior Tribunal de Justiça, em acórdão relatado pelo Ministro Luis Felipe Salomão,
entendeu que “só terá eficácia a cláusula compromissória já prevista em contrato de adesão se o
consumidor vier a tomar a iniciativa do procedimento arbitral, ou se vier a ratificar posteriormente
a sua instituição, no momento do litígio em concreto” (REsp 1.189.050).
https://www.migalhas.com.br/depeso/264259/a-arbitragem-nas-relacoes-de-consumo
Muito embora o art. 51, inciso VII, do Código de Defesa do Consumidor proíba a
convenção de arbitragem nas relações de consumo, caso a iniciativa seja do próprio consumidor, ou
este expressamente ratifique, a convenção de arbitragem é válida, segundo entendimento do
Superior Tribunal de Justiça.
II - NATUREZA JURÍDICA E EFEITOS DA SENTENÇA ARBITRAL
A natureza jurídica da arbitragem, com relação à decisão arbitral, tem efeito de sentença por
diversos motivos. O primeiro pela interpretação dos artigos 162, § 1º, 267 e 269 do Código de
Processo Civil, e também da comprovada existência de sentenças terminativas no procedimento
arbitral.
O árbitro, por meio da sentença arbitral, é pessoa incumbida pelas partes de resolver o
conflito que lhe é posto, cabendo a ele, com base no que conter no procedimento arbitral, decidir em
favor dessa ou daquela parte, expressando sua decisão em documento escrito, nos termos do artigo
24 da Lei de Arbitragem.
No procedimento arbitral também existem sentenças terminativas, aquelas que prejudicam a
análise do mérito, como é o caso de decisão arbitral que reconhece a invalidade do compromisso
arbitral ou o impedimento ou suspeição do árbitro, por exemplo, de maneira que a decisão arbitral
se encaixa no conceito do artigo 162, § 1ºdo Código de Processo Civil.
Ademais, o artigo 31 da Lei de Arbitragem denomina a decisão do árbitro como sentença,
dando-lhe inclusive a mesma eficácia da sentença judicial:
“Art. 31. A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da
sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título
executivo.”
Por fim, o artigo 475- do Código de Processo Civil chama de título judicial executivo a
sentença arbitral, não deixando pairar qualquer dúvida sobre a natureza jurídica da decisão
proferida por árbitro no procedimento arbitral:
“Art. 475-N. São títulos executivos judiciais:
(...)
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10724345/artigo-162-da-lei-n-5869-de-11-de-janeiro-de-1973
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10724305/par%C3%A1grafo-1-artigo-162-da-lei-n-5869-de-11-de-janeiro-de-1973
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10724345/artigo-162-da-lei-n-5869-de-11-de-janeiro-de-1973
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10724305/par%C3%A1grafo-1-artigo-162-da-lei-n-5869-de-11-de-janeiro-de-1973
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/28966733/artigo-475n-da-lei-n-5869-de-11-de-janeiro-de-1973
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73
IV – a sentença arbitral;”
III – PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA-COMPETÊNCIA NA ARBITRAGEM
Oriundo do direito alemão, o princípio da “competência-competência” está contido no
parágrafo do art. 8o. da Lei nº9.307/1996, que dispõe que: “Caberá ao árbitro decidir de ofício, ou
por provocação das partes, as questões acerca da existência, validade e eficácia da convenção de
arbitragem e do contrato que contenha a cláusula compromissória”.
Trata-se da competência conferida ao árbitro para decidir sobre sua própria competência, o
que significa dizer que caberá a ele analisar a validade do contrato e da cláusula compromissória
nele inserida, bem como eventual suspeição ou impedimento em relação à sua atuação no caso em
questão.
Vale lembrar que o caput do artigo supra mencionado versa a respeito do princípio da
autonomia da cláusula compromissória, o qual exprime que:
"(...) essa cláusula é independente do contrato no qual se encontra inserida; de tal forma que,
sendo o contrato inválido, nulo ou ineficaz, a cláusula arbitral permanece válida, para dar sustento à
competência do árbitro, que decidirá, com antecedência à justiça togada, se possui ou não jurisdição
para conhecer das controvérsias decorrentes desse contrato."
Todavia, a despeito da primeira análise da competência ser realizada pelo árbitro, em
momento posterior, a matéria pode ser submetida à apreciação do juízo estatal, no caso de uma das
partes ajuizar ação visando a anulação da sentença arbitral por invalidade da convenção (art. 32,
inciso I, da Lei nº 9.307/1996). Ou seja, ao Judiciário também é resguardada a competência para
examinar a existência, a validade e a eficácia da cláusula arbitral, mesmo após a sentença arbitral.
O princípio da “competência-competência” traz dois efeitos, um positivo e um negativo. O
positivo é a concretização da jurisdição do árbitro, na medida que é ele quem analisa, inicialmente,
a viabilidade ou inviabilidade de sua atuação no processo arbitral. O negativo consiste no
afastamento do juízo estatal dessa análise, que é postergada para oportunidade posterior à sentença
arbitral, nas hipóteses previstas no art. 32 da Lei nº 9.307/1996.
Por fim, cabe salientar que o princípio em comento é de suma importância para a
valorização da arbitragem, uma vez que, na medida em que, se ao Judiciário coubesse decidir, em
primeiro lugar, sobre a validade da cláusula, a instauração do procedimento arbitral restaria
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103445/lei-de-arbitragem-lei-9307-96
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11288935/artigo-32-da-lei-n-9307-de-23-de-setembro-de-1996
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11288906/inciso-i-do-artigo-32-da-lei-n-9307-de-23-de-setembro-de-1996
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103445/lei-de-arbitragem-lei-9307-96
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103445/lei-de-arbitragem-lei-9307-96
postergada por longo período e, por vezes, apenas com o intuito protelatório de uma das partes em
esquivar-se do cumprimento da convenção.
IV – PRINCIPAIS ASPECTOS DA ARBITRAGEM NA SEARA TRIBUTÁRIA
No âmbito nacional, discute-se a viabilidade da arbitragem em matéria tributária
diante, entre outros, dos seguintes princípios: a)legalidade, bem como da tipicidade fechada;e
b)da indisponibilidade do crédito tributário; ainda, há de se debater sobre a necessidade de lei
complementar, em matéria tributária, para dispor a respeito da extinção do crédito tributário
por meio da arbitral.
Desta forma, a Administração Pública deve observar outros tanto outros princípios que
são colocados em cheque quando há discussão do assunto, tais quais da proporcionalidade,
eficiência e economicidade.
No entanto, quando se leva para a arbitragem uma discussão tributária não se assume
que há disposição de parcela do crédito tributário, mas apenas que se está renunciando a
jurisdição estatal para solucionar o conflito, seja ele anterior ou posterior a constituição do
crédito tributário.
A arbitragem, regida pela Lei 9.307/96 com as importantes alterações da recente Lei
13.129/15 que, entre outras inovações (artigo 1º, §1º), permitiu a utilização da arbitragem para
a solução de controvérsias envolvendo a Administração Pública, direta e indireta, desde que a
lide gire em torno de direitos patrimoniais disponíveis.
Diante das altas taxas de congestionamento do Poder Judiciário, da inefetividade da
cobrança da DAU (Dívida Ativa da União) por parte da PGFN, da instabilidade da jurisprudência
dos tribunais superiores e da constante reclamação quanto à qualidade técnica dos julgamentos em
diversas áreas, especialmente na área tributária, muitos têm pregado o uso da arbitragem para
solucionar controvérsias entre o Fisco e o contribuinte.
Já há no Brasil, inclusive, o PLP469/2009 (projeto de lei complementar), atualmente
aguardando parecer do relator na Comissão de Finanças e Tributação (CFT), o qual acrescenta ao
CTN o artigo 171-A, cuja redação é a seguinte: “A lei poderá adotar a arbitragem para a solução de
conflito ou litígio, cujo laudo arbitral será vinculante.”
No plano tributário, na prática, ações ordinárias (anulatórias, declaratórias e de repetição de
indébito), além de embargos à execução fiscal, poderiam ser decididas por juízes e tribunais
privados.

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