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Empresario Comercial-1

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1 
 
 
 
 
Universidade Zambeze 
Faculdade de Ciências Sociais e Humanidades 
 
CURSO DE ECONOMIA – 2.º Ano 
 
 
SUJEITOS 
Comerciantes 
Empresários Comerciais – Artigo 2.º do Código Comercial1 – Todas as 
actividades que estas pessoas pratiquem são actos subjectivamente 
comerciais, pois, são praticadas por comerciantes. 
 
Comparando este artigo com o artigo 230.º2 do Código Comercial 
anterior: Na definição de comerciante do Código Comercial anterior, 
no artigo 13.º3, exigia-se, expressamente, a profissionalidade; 
 
1 Artigo 2.º 
(Empresário Comercial) 
São Empresários comerciais: 
a) As pessoas singulares ou colectivas que, em seu nome, por si ou por 
intermédio de terceiros, exercem uma empresa comercial. 
b) As sociedades comerciais. 
2 Das Empresas 
Artigo 230.º 
(Empresas comerciais) 
Haver-se-ão por comerciais as empresas, singulares ou colectivas, que se 
propuserem: 
1. Transformar, por meio de fábricas ou manufecatoras matérias primas, 
empregando para isso, ou só operários, ou operários e máquinas; 
2. Fornecer, em épocas diferentes, géneros, quer aos particulares, quer ao 
Estado, mediante preço convencionado; 
3. Agenciar negócios ou leiloes por conta de outrem em escrotório aberto ao 
público, e mediante salários estipulado; 
4. Explorar quaisquer espetáculos público; 
5. Aditar, publicar ou vender obras científicas, literárias ou artísticas; 
6. Edificar ou construir casas para outrem com matérias subministradas pelo 
empresário; 
7. Transportar, regular e permanentemente, por água ou por terra, quaisquer 
pessoas, animais, alfaias ou mercadorias de outrem; 
§ 1.º Não haverá como compreendido no n.º 1 o proprietário ou o explorador 
rural que apenas fabrica ou manufactura os produtos do terreno que agriculta 
acessoriamente à sua exploração agrícola, nem o artista, industrial, mestres 
2 
 
 
No actual Código Comercial retirou-se a noção “profissional” da 
definição de comerciante mas, apesar de tal não estar expresso, 
exige-se também a profissionalidade: Só será comerciante aquele 
sujeito (pessoa singular ou colectiva) que actuar de modo 
sistemático e tendo em vista uma vantagem (o lucro); 
 
Ora, modo sistemático e vantajoso significa modo profissional, 
portanto exige-se aqui também a profissionalidade. 
 
Resumindo, para ser comerciante, a pessoa singular ou colectiva tem 
de actuar de modo sistemático e ter em vista o lucro. 
 
O Professor Menezes Cordeiro defende que a prática comercial 
realizada de modo profissional assenta em 4 aspectos: 
1 – Prática reiterada ou habitual (o sujeito não se limita a 
praticar actos pontuais); 
 
Nota Bem – Numa empreitada, por exemplo, apesar de aparentar ser um 
acto isolado, pontual, na realidade não é, porque, apesar de ser um 
único acto comercial, por detrás desse acto pode estar uma série de 
actos comerciais preparatórios; 
 
 
ou oficial de ofício mecânico que exerce directamente a sua arte, indústria ou 
ofício, embora empregue para isso, ou só operários, ou operários e máquinas. 
§ 2.º Não se haverá como compreendido no n.º 2º proprietário ou explorador 
rural que fizer fornecimentos de produtos da respectiva propriedade. 
§ 3.º Não se haverá como compreendido no n.º 5 o proprietário que editar, 
publicar ou vender as suas obras. 
 
3 Dos Comerciantes 
Artigo 13.º do Código Comercial de 18888 
(Quem é Comerciante) 
São comerciantes: 
1. As pessoas, que, tendo capacidade para praticar actos de comércio, fazem 
desta profissão. 
2. As sociedades comerciais. 
3 
 
Outro exemplo: a construção de uma fábrica é um único acto, mas há 
uma série de outros actos (aquisição de material, etc), portanto, 
não pode deixar de se considerar uma prática reiterada. 
 
2 – O lucro – a actuação tem de se destinar a ter lucro; pode não 
dar lucro (porque a actividade comercial se caracteriza pelo risco), 
porém a actividade tem de ter como objectivo o lucro. 
 
3 – O comerciante actua em nome próprio e por sua conta e risco 
(mesmo que actue através de intermediários, mediante representação, 
desde que a actividade se repercuta na esfera do comerc 
iante). 
 
4 – A prática deve ser tendencialmente exclusiva, a pessoa (singular 
ou colectiva) deve exercer exclusivamente essa actividade. Nota Bem 
– Tendencialmente, porque essa pessoa pode praticar outras 
actividades. 
 
O Professor Pupo Correia acrescenta um outro critério: - o 
comerciante deve organizar os factores de produção com vista à 
produção de utilidades económicas. 
 
Os empresários comerciais referidos no artigo 2.º alínea a), do 
Código Comercial, são comerciantes profissionais. 
 
Os actos praticados por um comerciante apenas não são 
subjectivamente comerciais se forem puramente civis (ver última 
parte do n..º 2 do artigo 4.º4 do Código Comercial. 
 
4 Artigo 4.º 
(Actos de comércio) 
1. São considerados actos de comércio: 
a) Os actos especialmente regulados na lei em atenção às necessidades da 
empresa comercial, designadamente os previstos neste código, e os actos 
análogos; 
b) Os actos praticados no exercício de uma empresa comercial. 
4 
 
 
Para retirar a comercialidade de um acto praticado por um 
comerciante – e não ser considerado comercial: 
 
1 - analisar se o acto foge à actividade normal/ habitual do 
comerciante (vender um carro quando o seu negócio habitual é vender 
farinha); 
 
2 - Se não o fez com propósitos propagandísticos; 
 
3 - Se não tinha por objectivo o lucro. Importa qualificar alguém 
como comerciante porque um comerciante tem um estatuto próprio; os 
comerciantes têm obrigações próprias. 
 
O comerciante pode ser uma pessoa singular ou colectiva (artigo 9.º5 
do Código Comercial; Discute-se aqui a capacidade (se esta é de gozo 
ou de exercício); 
 
A capacidade de gozo é a aptidão para ser sujeito de relações 
jurídicas; a capacidade de exercício é a aptidão para poder actuar 
(que pode ser através de representante, procurador). 
 
A doutrina maioritária entende que a capacidade exigida na lei 
comercial é a capacidade de exercício; a prática de actos de 
comércio refere-se à capacidade de agir e não à mera idoneidade para 
ser titular de direitos e obrigações. 
 
2. Os actos praticados por um empresário comercial consideram-se tê-lo sido no 
exercício da respectiva empresa, se deles e das circunstâncias que rodearam 
a sua prática não resultar o contrário. 
5 Capacidade empresarial, empresários e suas obrigações 
Capacidade Empresarial 
(artigo 9.º) 
(Capacidade para o exercício da actividade empresarial) 
Pode ser empresário comercial toda a pessoa singular, residente ou não residente, 
ou pessoa colectiva, com sede estatutária no país ou não, que tiver capacidade 
civil, sem prejuízo do disposto em disposições especiais. 
 
5 
 
 
O Professor Menezes Cordeiro faz uma interpretação diversa do artigo 
9.º : Diz ele que o artigo 9.º do CCom remete para a lei civil e 
portanto, no essencial, as regras são as seguintes: Todos temos 
capacidade de gozo plena (67.º Código Civil)6; já as pessoas 
colectivas têm a capacidade de gozo necessária à prossecução dos 
seus fins (160.º do Código Civil7). 
 
Face à lei, no entendimento do Dr. Américo Fragoso, o artigo 9.º 
CCom remete para a lei civil em tudo o que não estiver previsto na 
lei comercial. No nosso Código Comercial, porém, há suprimento 
quanto a incapacidades (artigo 10.º Código Comercial8) e apenas onde 
não o houver se recorrerá ao Código Civil. 
 
6Artigo 66.º do Código Civil 
1. A Personalidade adquire-se no momento do nascimento complemento e com vida. 
2. Os direitos que a lei reconhece aos nascituros dependem do seu nascimento. 
 
Artigo 67.º do Código Civil 
(Capacidade jurídica) 
As pessoas podem ser sujeitos de quaisquer relações jurídicas, salvo 
disposição legal em contrário, nisto consiste a sua capacidade jurídica. 
 
7 Artigo 160.º do Código Civil 
(Capacidade) 
1. A Capacidade das pessoas colectivas abrange todos osdireitos e obrigações 
necessárias ou convenientes à prossecução dos seus fins. 
2. Exceptuam-se os direitos e obrigações vedados por lei ou que sejam 
inseparáveis da personalidade singular. 
 
8Artigo 10.º do Código Comercial 
(Autorização para exercer a actividade empresarial) 
1. O menor de idade, que seja maior de dezoito anos, pode exercer actividade 
empresarial, desde que devidamente autorizado. 
2. A autorização para o exercício da actividade empresarial pode ser 
concedida: 
a) Pelos pais, desde que tenham a guarda do menor; 
b) Pelo tutor; 
c) Pelo Juiz, na falta dos pais ou do tutor, ou quando entender conveniente e 
oportuno aos interesses do menor. 
3. A autorização para o exercício da activdade empresarial deve ser autorgada 
por escrito, podend o instrumento de autorização limitar os poderes ou 
impor condições para o seu exercício, indicar o ramo da actividade a ser 
explorada pelo menor, fixar prazo de validade da autorização e, mesmo 
quando concedida por tempo indeterminado, pode ser revogada, a qualquer 
altura, pelo outorgante, salvaguardados os direitos adquiridos de 
terceiros. 
4. Não havendo fixação do prazo de validade nem limitação de poderes, presume-
se que a autorização tenha sido concedida por tempo indeterminado, ficando 
6 
 
 
A actividade (empresa) comercial é a organização de factores de 
produção para o exercício de uma actividade económica. 
 
 
Capacidade do Interdito – 139.º9 do Código Civil 
Remetemos o regime dos interditos para o Código Civil; daqui remete-
se de novo para o Código Comercial, pois este prevê a situação dos 
menores (artigo 10.º/ 1, Código Comercial), que têm o mesmo regime 
dos interditos. 
 
Nota Bem: O Estado e a autarquia, quando exercerem uma empresa 
comercial, não adquirem a qualidade de empresário comercial, 
ficando, porém, no que ao exercício daquela diz respeito, sujeitos à 
disposição do Código Comercial. 
 
Tipos de sociedades comerciais – artigo 82.º do Código Comercial10 - 
As Associações e as Fundações não são comerciais porque a sua 
finalidade não é lucrativa – têm fins sociais. No entanto, muitas 
vezes chegam a ter lucro. Quando essas associações e fundações têm 
como objectivo principal o lucro e não fins sociais, devem ser 
consideradas como empresas comerciais. 
 
o menor habilitado para a prática de todos os actos próprios da actividade 
empresarial. 
5. Para produzir efeitos em relação a terceiros, o instrumento de autorização 
e sua revogação devem ser registados na entidade competente para o registo 
comercial. 
9 Artigo 139.º do Código Civil 
(Capacidade do interdito e regime da interdição) 
Sem prejuízo do disposto nos artigos seguintes, o interdito é equiparado ao menor, 
sendo-lhe aplicáveis, com as necessárias adaptações, as disposições que regulam a 
incapacidade por menoridade e fixam os meios de suprir o poder parental. 
 
10 Tipos de Sociedades Comerciais 
Artigo 82.º 
(tipos de Sociedades Comerciais) 
1. São sociedades comerciais, independentemente do seu objecto, as sociedades 
em nome colectivo, de capital e industria, em nome comandita, por quotas. 
2. As sociedades que tenham por objecto o exercício de uma empresa comercial 
só podem constituir-se segundo um dos tipos societários previstos neste 
artigo. 
7 
 
 
 
O Comerciante Pessoa Singular 
As pessoas singulares podem ser comerciantes: basta que tenham 
capacidade para praticar actos de comércio e façam deste profissão. 
 
Em relação às pessoas singulares, os menores não têm, em princípio, 
capacidade de exercício – artigo 123.11º Código Civil - a 
incapacidade daí resultante é suprida pelo poder paternal e, 
subsidiariamente, pela tutela – artigo 124.º do Código Civil. 
 
Quanto aos interditos, esta matéria não está prevista na Lei 
Comercial, (que remete para uma matéria que já foi revogada (?)), ou 
seja, em tudo o que não estiver regulado em matéria de capacidade, 
remete-se para a Lei Civil, mas uma vez que o regime dos menores 
está previsto na Lei Comercial, aplicar-se-á a Lei Comercial (artigo 
139.º Código Civil). 
 
Quanto aos inabilitados (artigo 152.º12 e 153.º13 do Código Civil), 
aplica-se a Lei Civil, mas há remissão ao regime da interdição. 
 
11 Incapacidades 
Condição jurídica dos menores 
Artigo 122.º do Código Civil 
(Menores) 
São menores as pessoas de um e outro sexo enquanto não perfizerem vinte e um anos 
de idade. 
 
Artigo 123.º Código Civil 
(Incapacidade dos menores) 
Salvo disposição em contrário, os menores carecem de capacidade para o exercício 
de direitos. 
 
Artigo 124.º Código Civil 
(Suprimento da incapacidade dos menores) 
A incapacidade dos menores é suprida pelo poder paternal e, suprida pelo poder 
paternal e, subsidiariamente, pela tutela, conforme se dispõe nos lugares 
respectivos. 
 
12 Inabilitação 
Artigo 152.º do Código Civil 
(Pessoas sujeitas a inabilitação) 
8 
 
 
Situação dos menores (ver artigo 10.º Código Comercial) 
Os menores autorizados, os interditos com tutor, e os inabilitados 
com curador são comerciantes, quanto aos incapazes, sempre que 
devidamente representados, são comerciantes, mas atenção, são 
comerciantes os incapazes e não os seus representantes. 
 
Quanto ao regime dos actos praticados pelos menores, estes são 
anuláveis (artigo 125.º do Código Civil). O menor pode, pois, 
praticar inúmeros actos comerciais, quer por serem da vida corrente, 
quer por corresponderem a uma profissão que o menor tenha sido 
autorizado a exercer, quer por porem em jogo apenas bens conseguidos 
no exercício dessa profissão. 
 
Proibições, Incompatibilidades, Inibições e Impedimentos 
A profissão do comerciante está aberta a todas as pessoas, mas só 
por excepção surgem casos em que ela é vedada: 
As proibições gerais – são as que resultam de normas que vedam a 
toda e qualquer pessoa singular, o exercício de determinado tipo de 
comércio; por exemplo, a actividade bancárias pode ser exercida por 
Sociedades Anónimas. 
 
As incompatibilidades – impedem determinadas pessoas singulares, 
colocadas em certas posições ou envolvidas em determinadas situações 
 
Podem ser inabilitados os indivíduos cuja anomalia psíquica, surdez-mudez ou 
cegueira, embora de carácter permanente, não seja de tal modo grave que justifique 
a sua interdição, assim como aqueles que, pela sua habitual prodigalidade ou pelo 
abuso de bebidas alcoólicas ou de estupefacientes, se mostrem incapazes de reger 
convenientemente o seu património. 
 
13Artigo 153.º 
(Suprimento de Inabilidade) 
1. Os inabilitados são assistidos por um curador, a cuja autorização estão 
sujeitos os actos de disposição de bens entre vivos e todos os que, em 
atenção às circunstâncias de cada caso, forem especificados na sentença. 
2. A autorização do curador pode ser judicialmente suprida. 
 
9 
 
jurídicas, de exercer o Comércio: é o que se passa com os 
magistrados judiciais. 
 
As incompatibilidades atingem determinadas pessoas não por si, mas 
em função de cargos que exerçam. Vedam qualquer exercício comercial 
e não podem ser afastadas por nenhuma autorização mas apenas com a 
cessação da ocorrência que lhe deu origem. 
 
As inibições – estas atingem selectivamente determinadas pessoas, 
por factos que elas hajam perpetrado ou por situações nas quais se 
achem incursas: é o caso da inibição de uma empresa falida que não 
pode exercer a actividade comercial. 
 
Os impedimentos – estes adstringem as pessoas nele incursas a não 
praticar determinado tipo de comércio, salvo autorização; é o caso 
das fundações e associações. O impedimento atinge a pessoa em 
virtude de um cargo, mas ao contrário da incompatibilidade, não é 
geral e pode ser cessar com uma autorização. 
 
* A inibição é diversa da incompatibilidade: não está em causa o 
exercício de nenhum cargo, mas uma ocorrência relativa, própria do 
inibido. Ao contrário da incompatibilidade, ela não desaparece com a 
cessação do exercício de quaisquerfunções, mas, apenas de acordo 
com certos mecanismos legais. 
 
Nota Bem - O Estado e as autarquias, pela sua qualidade (de 
autoridade), não adquirem a qualidade de comerciante (15.º Código 
Comercial) 
 
O Comerciante Pessoa Colectiva 
10 
 
Sociedades Comerciais – Estas são comerciantes natos (artigo 82.º/ 
214 e 83.º15, Código Comercial); o seu objecto é a prática de actos 
comerciais. 
 
A sua constituição atribui-lhe, desde logo, a comercialidade, ou 
seja, as sociedades comerciais adquirem a personalidade no momento 
do registo definitivo do acto constitutivo, tornando-se comerciantes 
nesse momento; os seus actos são subjectivamente comerciais. 
 
Mas as sociedades que tenham por objecto, exclusivamente, a prática 
de actos não comerciais, são sociedades civis (980.º16 do Código 
Civil), não comerciais. 
 
Para além das sociedades comerciais, colocam-se dúvidas quanto a 
outras pessoas colectivas: as Fundações e as Associações – são 
consideradas como sendo comerciantes? 
 
Resposta: – Não, porque de acordo com os critérios para aferir a 
profissionalidade, estas não têm por fim o lucro; as Fundações têm 
 
14 Tipos de Sociedades Comerciais 
Artigo 82.º do Código Comercial 
(Tipos de Sociedades comerciais) 
1. São sociedades comerciais, independentemente do seu objecto, as sociedades 
em nome colectivo, de capital e indústria, em comandita, por quotas e 
anónimas. 
2. As sociedades que tenham por objecto o exercício de uma empresa comercial 
só podem constituir-se segundo um dos tipos societários previstos neste 
artigo. 
 
15 Artigo 83.º do Código Comercial 
(Requisitos essenciais das sociedades comerciais) 
São condições essenciais para que uma sociedade se considere comercial: 
a) Que tenha por objecto praticar um ou mais actos de comércio; 
b) Que se constitua em harmonia com os preceitos deste Código. 
 
 
16 Sociedade 
Artigo 980.º do Código 
(Noção) 
Contrato de sociedade é aquele em que duas ou mais pessoas se obrigam a contribuir 
com bens ou serviços para o exercício em comum de certa actividade económica, que 
não seja de mera fruição, a fim de repartirem aos lucros resultantes dessa 
actividade. 
11 
 
fins sociais e as Associações não têm fim lucrativo, daí não serem 
comerciais (157.º a 182.º Código Comercial). 
 
Nota Bem – Se, porém, qualquer destas pessoas colectivas, por 
necessidade de dispor de rendimentos, se dedicar ao exercício 
comercial como actividade secundária, e o volume de negócios atingir 
proporções consideráveis, o ente em causa deve constituir uma 
sociedade autónoma para o efeito, e só neste caso seria comerciante. 
Por exemplo, cooperativas. 
 
Se essa actividade secundária se transformar em principal, temos que 
tratar essa Fundação ou Associação como comercial, transformando-as 
em sociedades comerciais. 
 
 
Pessoas semelhantes a comerciantes – pessoas singulares ou 
colectivas em relação às quais há dúvidas quanto à sua qualificação 
como comerciantes: 
 
A 1ª situação de dúvida é a situação dos mandatários comerciais 
(465.º e 466.º Código Comercial – ver também Mandato Civil, artigo 
1157.º Código Comercial - O mandato civil é uma modalidade do 
contrato de prestação de serviços). 
 
O mandato comercial é um regime especial em relação ao mandato 
civil. Há mandato comercial sempre que o comerciante no exercício da 
sua actividade comercial celebre negócios em nome de terceiros. 
 
Artigo 1157.º do Código Civil – “Mandato é o contrato pelo qual uma 
das partes se obriga a praticar um ou mais actos jurídicos por conta 
da outra”. 
 
12 
 
Comerciantes são as pessoas singulares ou colectivas descritas na a) 
do artigo 2.º do Código Comercial; Há outras pessoas que podem ser 
comerciantes? – Os mandatários comerciais são pessoas que actuam 
comercialmente em nome de um mandante; os seus actos repercutem-se 
na esfera jurídica do mandante. 
 
A doutrina tem discutido se o mandatário comercial é comerciante ou 
não; segundo Meneses Cordeiro, se determinado mandatário tem como 
profissão a representação de actos comerciais em nome de terceiros, 
se tem autonomia em relação a esses terceiros e se tem uma 
organização para esse efeito, deve então ser considerado 
comerciante. 
 
O Código Comercial tomou uma posição relativamente a esta matéria: 
tratar o mandatário comercial como empresário comercial (subsume-se 
o mandatário na a), artigo 2.º do Código Comercial). 
 
Quanto aos profissionais liberais, em princípio não serão 
comerciantes; a maioria das profissões liberais estão agrupadas 
(ordem dos advogados, ordem dos engenheiros, etc); no entanto, para 
alguns autores, se esses profissionais liberais exercerem a sua 
actividade – mesmo em desrespeito à ordem da sua classe – com fins 
lucrativos, devem ser considerados comerciantes. 
 
Para outros autores, exercendo os profissionais liberais a sua 
actividade com fins lucrativos, não devem logo ser considerados 
comerciantes; devem primeiro ser expurgados da ordem profissional em 
que estejam inseridos e ser depois tutelados no âmbito do Direito 
Comercial. 
 
Os agentes – são comerciantes; 
 
13 
 
Os correctores de Bolsa (intermediários financeiros) – são 
comerciantes. 
 
A qualificação de actos como comerciais tem como objectivo 
determinar que a dada matéria se apliquem os princípios e regras 
específicas do Direito Comercial. 
 
Forma dos Actos Comerciais e das Obrigações Comerciais 
 
No Direito Civil temos o princípio da consensualidade (219.º Código 
Comercial); este princípio ganha especial dimensão no Direito 
Comercial, com vista a promover o Comércio; por exemplo, o n° 1 do 
artigo 459.º do Código Comercial: “ Os títulos comerciais são 
válidos, qualquer que seja a língua em que forem exarados”; aqui vê-
se que o Direito Comercial tende a desformalizar, tendo em vista a 
promoção do Comércio. 
 
Solidariedade passiva – Nos termos do artigo 513.º17 do Código 
Civil, a solidariedade não se presume; no Direito Civil, a 
solidariedade só existe quando resulta da Lei ou da vontade das 
partes; no Direito Comercial, pelo contrário, a solidariedade 
presume-se, isto é, a regra é a solidariedade (artigo 461.º do 
Código Comercial). 
 
Fiança – No Direito Comercial há solidariedade do fiador (artigo 
462.º do Código Comercial); há uma derrogação do princípio geral do 
artigo 638.º18 do Código Civil (benefício da excussão). 
 
17 Artigo 513.º do Código Civil 
(Fontes de Solidariedade) 
A solidariedade de devedores ou credores só existe quando resulte da lei ou da 
vontade das partes. 
 
18 Artigo 638.º do Código Civil 
(Benefício da exclusão) 
1. Ao fiador é lícito recusar o cumprimento enquanto o credor não tiver 
excutido todos os bens do devedor sem obter a satisfação do seu crédito. 
14 
 
 
Prescrição – Artigo 317.º, alínea b)19 do Código Civil – Os créditos 
dos comerciantes prescrevem no prazo de 2 anos perante devedor não 
comerciante; perante um outro comerciante, o prazo de prescrição é 
um prazo de prescrição normal (20 anos – artigo 309.º20 Código 
Civil). Portanto, dá-se maior prazo de prescrição aos créditos entre 
comerciantes para que o Comércio seja incentivado. 
 
Juros – No Direito Comercial vigora o princípio da onerosidade – 
464.º, n° 2, Código Comercial (artigo 463, Código Comercial – ver 
também o artigo 559.º do Código Civil). 
Os juros dizem-se legais quando são previstos na lei (559.º Código 
Civil); 
 
Há uma especificidade no Código Comercial (463.º) em relação ao 
Código Civil. A especificidade em relação ao artigo 560 do Código 
Civil é que o artigo 463.º do Código Comercial aplica-se sempre que 
haja mora e por períodos inferiores a 1 ano. 
 
2. É lícita ainda a recusa, não obstante a excussão de todos os bens do 
devedor, se o fiador provar que o crédito foi satisfeito por culpa do 
credor. 
 
19 Artigo 317.º do Código Civil 
(Prescriçãode dois anos) 
Prescrevem no prazo de dois anos: 
a) Os créditos dos estabelecimentos que forneçam alojamento, ou alojamento e 
alimentação, a estudantes, bem como os créditos dos estabelecimentos de 
ensino, educação, assistência ou tratamento, relativamente aos serviços 
prestados. 
b) Os créditos dos comerciantes pelos objectos vendidos a quem não seja 
comerciante ou os não destine ao comércio, e bem assim os créditos daqueles 
que exerçam profissionalmente uma indústria, pelo fornecimento de 
mercadorias ou produtos, execução de trabalhos em gestão de negócios 
alheios, incluindo as despesas que hajam efectuado, a menos que a prestação 
se destine ao exercício industrial do devedor. 
c) Os créditos pelos serviços prestados no exercício de profissões liberais e 
pelo reembolso das despesas correspondentes. 
 
 
 
20 Prazos da Prescrição 
Artigo 309.º do Código Civil 
O prazo ordinário da prescrição é de vinte anos. 
15 
 
 
O artigo 463.º do Código Comercial tem que ser interpretado em 
conjunção com o artigo 560.º21 do Código Civil. 
 
Os juros são convencionais quando resultam de convenção das partes; 
há limites impostos aos juros convencionais pelo artigo 1146.º22 do 
Código Civil (usura). 
 
Juros remuneratórios são uma remuneração, correspondem ao 
correspectivo valor pela indisponibilidade do dinheiro (por exemplo, 
depósitos a prazo); 
 
Juros moratórios é a indemnização pelo prejuízo causado ao credor 
pela mora do devedor no cumprimento da obrigação (artigo 806.º23 do 
Código Civil)24. 
 
21 Artigo 560.º do Código Civil 
(Anatocismo) 
1. Para que os juros vencidos produzam juros é necessário convenção posterior 
ao vencimento; pode haver também juros de juros, a partir da notificação 
judicial feita ao devedor para capitalizar os juros vencidos ou proceder ao 
seu pagamento sob pena de capitalização. 
2. Só podem ser capitalizados os juros correspondentes ao período mínimo de um 
ano. 
3. Não são aplicáveis as restrições dos números anteriores, se forem 
contrários a regras ou usos particulares do comércio. 
 
 
22 Artigo 1146.º do Código Civil 
(Usura) 
1. É havido como usura o contrato de mútuo em que sejam estipulados juros 
anuais superiores a oito ou dez por cento, conforme existe ou não garantia 
real. 
2. É havido também como usurária a cláusula penal que fixe como indemnização 
devida pela falta de restituição do empréstimo, relativamente ao tempo de 
mora, mais do que o correspondente a doze ou catorze por cento ao ano, 
conforme exista ou não garantia real. 
3. Se a taxa de juros estipulada ou o montante de indemnização exceder o 
máximo fixado nos números precedentes, considera-se reduzindo a esses 
máximos, ainda que seja a outra a vontade dos contraentes. 
 
23 Artigo 806.º do Código Civil 
(obrigações pecuniárias) 
1. Nas obrigações pecuniárias a indemnização corresponde aos juros a contar do 
dia da constituição em mora. 
16 
 
 
Responsabilidade dos bens dos cônjuges – Artigos 11.º e 12.º do 
Código Comercial 
Critério do Proveito Comum – O cônjuge só se pode opor se provar que 
a dívida contraída pelo outro cônjuge não o foi em benefício do 
património comum. Por exemplo, prova que o cônjuge comprou um 
Ferrari para oferecer a uma “amiga”. 
 
De notar que, além do trespassante (num negócio de trespasse), o 
cônjuge também fica vinculado pela obrigação de não concorrência, 
sendo relativamente indiferente para a questão o regime de bens do 
casamento e a qualidade de bem comum ou próprio do estabelecimento 
eventualmente a adquirir pelo cônjuge (além do facto de o 
trespassante poder intervir na administração de empresa adquirida 
pelo cônjuge e de as dívidas proveniente de exploração de tal 
empresa poderem responsabilizar ambos os cônjuges, o cônjuge do 
trespassante beneficiaria dos conhecimentos deste relativos ao 
estabelecimento trespassado; a sua concorrência seria perigosa para 
o trespassário; é também o caso dos filhos do trespassante, quando 
com ele tenham colaborado na exploração da empresa transmitida). 
 
 
 
Casos Práticos 
 
2. Os juros devidos são os juros legais, salvo se entes da mora for devido a 
um juro mais elevado ou as partes houverem estipulado um juro moratório 
diferente do legal. 
 
 
24Obrigações de Juros 
Artigo 559.º do Código Civil 
(taxa de juros) 
1. São de cinco por cento ao ano os juros legais e os estipulados sem 
determinação de taxa ou quantitativo. 
2. A estipulação de juros a taxa superior deve ser feita por escrito, sob pena 
de serem apenas devido na medida de juros legais. 
 
 
17 
 
Pronuncie-se sobre se os seguintes contratos devem ou não ser 
qualificados como actos de comércio; se a resposta for afirmativa, 
indique se o critério da sua comercialidade é objectivo ou 
subjectivo e se os actos são actos de comércio puros, bilaterais ou 
unilaterais: 
 
1 - Contrato de Compra e Venda de um imóvel rústico de que é 
proprietário um agricultor que nele vem exercendo a sua actividade 
agrícola; o comprador destina o prédio à exploração de uma pedreira, 
actividade a que se dedica profissionalmente. 
 
2 – Compra e Venda de um automóvel em 2ª mão, sendo o vendedor um 
estudante da UZ e o comprador um comerciante. O contrato não fornece 
outros dados relevantes. 
 
3 - Contrato de doação de um quadro pertencente a uma sociedade 
comercial, a favor de uma Fundação com fins culturais. 
 
4 - Contrato celebrado entre uma sociedade e um docente da UZ para 
que este último publicite os produtos da sociedade e angarie 
potenciais clientes para celebrarem contratos com a sociedade.

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