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Equipe multiprofissional A equipe multiprofissional é responsável por estabelecer um trabalho coletivo caracterizado pela relação de reciprocidade entre múltiplas competências e de diferentes áreas profissionais. Sua formação consiste na composição de diferentes tipos de profissionais, com habilidades técnicas específicas, vivências e experiências distintas. A estratégia saúde da família (ESF) tem a função de reorganizar a Atenção básica a saúde (ABS) por meios dos princípios e diretrizes do sistema único de saúde. As equipes que compõem as ESF são multiprofissionais, compostas por médicos generalistas ou especialistas, enfermeiros, auxiliares ou técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde. As áreas estratégicas das ESF compreendem um território delimitado, podendo intervir em alguns segmentos como, por exemplo: Ações educativas em função da qualidade de vida Controle de imunização Enfoque nos grupos de riscos como hipertensos, diabéticos, idosos... Núcleo ampliado de saúde da família e atenção básica (NASF-AB) Foi criado em 2008 pelo Ministério da Saúde com a razão de tornar mais estável a ABS no Brasil, expandindo as ofertas de saúde na cadeia de serviços, resultando em um sistema mais resolutivo e abrangente no foco das ações. A equipe do NASF surge para dar suporte no fazer clínico e esse dinamismo cria visibilidade para a ESF. A estrutura caracteriza-se na composição por equipes multiprofissionais que agem de forma participativa com as equipes de Saúde da Família e de Atenção Básica para populações específicas (consultórios na rua, equipes fluviais e ribeirinhas) e com o Programa Academia da Saúde. Essa assistência heterogênea permite manter discussões de casos clínicos e atendimento compartilhado entre diferentes profissionais, tanto no local das unidades como nas visitas domiciliares. Além disso, permite ações intersetoriais com foco preferencial na promoção e prevenção da saúde e implantação de projetos terapêuticos partilhados na ampliação e qualificação das atividades no território e na saúde de grupos da população. Cada serviço deverá ter um fluxograma(representação gráfica da sequência de etapas em um procedimento) de atendimento de acordo com sua equipe, podendo ser incluídas atividades individuais e coletivas, informação aos pacientes sobre rotinas do atendimento para que tenham maior compreensão e aderência ao tratamento. Autonomia e protagonismo do enfermeiro A enfermagem é reconhecida por uma atuação profissional socialmente relevante, com origem no processo coletivo de trabalho, que tem por finalidade a produção de ações de saúde por meio de um conhecimento específico, vinculado com os demais membros da equipe no desempenho das políticas sociais no setor saúde. O trabalho de enfermagem na APS possui dimensão dupla, tanto na assistência quanto na gerência, focada no indivíduo e no coletivo dedicado à assistência às pessoas, famílias e comunidades, no desenvolvimento de ações para promoção, manutenção e recuperação da saúde, assim contribuindo na execução e fortalecimento do SUS. Assim, o enfermeiro tem a responsabilidade educativa que motiva o usuário ao autocuidado orientado na resolutividade de seus problemas. O usuário poderá tomar suas próprias decisões sobre o estado de saúde, baseado em experiências e saberes comuns sobre sua saúde. Na concepção da Saúde Coletiva, manifesta-se o modelo da educação em saúde, que trabalha com grupos, na busca mais de mudanças sociais do que somente transformações pessoais. Segundo a Política Nacional de Atenção Básica (2017), o enfermeiro atua no programa de Agentes Comunitários de Saúde (ACS), na função de planejamento, coordenação e avaliação das ações desenvolvidas pelos ACS, dentro das atribuições da ESF. Assim, o relacionamento entre os profissionais da UBS e dos ACS é facilitado, contribuindo para o planejamento da atenção à saúde, melhorias no acesso, acolhimento, vínculo, extensão do cuidado e orientação das intervenções da equipe da UBS em função das prioridades definidas imparcialmente de acordo com critérios de necessidade de saúde, vulnerabilidade, risco, entre outros. Diagnostico situacional O conceito de diagnóstico situacional é determinado por um processo de coleta, tratamento e análise de dados realizados com a participação efetiva dos indivíduos que atuam no local de estudo. É considerado uma das mais importantes ferramentas de gestão no planejamento e na organização das ações, pois configura uma investigação sobre as condições de saúde e risco que determinada população apresenta. Vulnerabilidade social A vulnerabilidade social é determinada pela existência de riscos sociais e ambientais que se intensificam em áreas específicas e potencializam as condições de miséria e adversidades. A comunidade que demonstra problemas em relação às necessidades básicas de saúde precisa de ações individuais para que ocorra transformação no âmbito coletivo. Um exemplo disso seria a realização de educação em saúde sobre prevenção de doenças sexualmente transmissíveis em visitas domiciliares, contribuindo para geração de mudanças nos hábitos de vida de determinada população. Assim, a fragilidade está na convivência com a falta de condições primordiais para a saúde. Isso resulta em uma condição de desigualdade social e falta de cuidado com a saúde, evidenciando o desinteresse político que atinge essa população, caracterizado pela vulnerabilidade social. Nesse sentido, a resolução dos problemas referentes à infraestrutura local contribuirá para a melhoria da saúde da comunidade. Isso reforça a necessidade de uma análise ampliada das desigualdades sociais, no sentido de compreender como realizar ações nessas comunidades diante das situações de exclusão e injustiças. O enfermeiro tem o papel de coletar informações e executar projetos de intervenção na saúde, por meio da construção de mapas e discussão com outros profissionais que atuam no território, além dos usuários, gestores, líderes comunitários, entre outros. Visita domiciliar Ela tem como finalidade o atendimento ou acompanhamento dos usuários na sua residência. As visitas podem servir para criação de vínculos com pacientes, preferencialmente os que possuem dificuldade de locomoção ou acometidos por depressão, tendo como ponto positivo a familiarização dos profissionais no cenário no qual os sujeitos estão inseridos. Com maior afinidade com os usuários, confere-se mais relevância à dimensão subjetiva das práticas em saúde, às vivências dos usuários e dos trabalhadores da saúde, originando ambientes de comunicação entre o conhecimento e as práticas, além de novo sentido para o cotidiano. A visita domiciliar auxilia no processo de territorialização, pois está associada à rotina da ESF em conjunto com as demais atividades da equipe. Desse modo, é possível coletar e registrar informações a partir da observação no trajeto das visitas, em que, com frequência, as equipes já se encontram informações prontas relativas ao território. Genograma e Ecomapa Ambos são instrumentos importantes na coleta de dados da equipe multiprofissional e, principalmente, na consulta de enfermagem. A utilização de genograma e ecomapa ocorre por meio da elaboração de um gráfico com dados sobre a família, que permita o conhecimento das relações interpessoais, vínculo genético ou social, ligações afetivas, doenças e causa de morte dos familiares, relacionamento em comunidade e elementos como religiosidade, características econômicas e sociais, lazer, escolaridade e rede de apoio em saúde. Desse modo, os símbolos e códigos padronizados inseridos no gráfico favorecem a observação da dinâmica e das relações familiares por até três gerações. Essas ferramentas podem ser utilizadas para planejamento e gestão da assistência com o envolvimento da equipe multiprofissional na construção do diagrama.Genograma É um diagrama capaz de identificar os antecedentes pessoais e o histórico familiar do paciente. No genograma, podemos observar mais nitidamente quais membros fazem parte da família, tendo ou não vínculos consanguíneos, gerando suporte para o debate e estudo das interações familiares. No diagrama, os homens correspondem aos quadrados e as mulheres, aos círculos, todos identificados por nome, idade, profissão e doenças atuais de cada um, além de descrever o grau de parentesco dentro da estrutura familiar, possibilitando a identificação dos membros da família e as relações existentes entre cada um, assim como acontecimentos na sua história: divórcio, nascimento e morte. Ecomapa Esse instrumento aponta as vivências relativas ao meio em que o indivíduo vive, assim como a rede de saúde que o envolve. Podemos observar que ecomapa representa as relações entre a família e a comunidade, analisando as redes sociais disponíveis. Esse instrumento leva em conta as ligações da família com as pessoas, instituições ou grupos. Após a análise dessa relação, cria-se um desenho complementar ao genograma. Este instrumento é dinâmico. A junção desses dois instrumentos auxilia na visão da família como um todo quando realizados com a família e o enfermeiro. Assim, a identificação dessas informações faz com que o enfermeiro, em conjunto com a equipe multiprofissional, planeje intervenções mais resolutivas em diversas situações vivenciadas na ESF. Em síntese, a escolha pelos instrumentos genograma e ecomapa permite enxergar cada família em sua dinâmica e complexidade. Itinerário terapêutico O Itinerário Terapêutico (IT) é definido pelo percurso que as pessoas seguem no alcance de cuidados de saúde diante de suas enfermidades. Esses passos são responsáveis pela composição individual e coletiva relacionadas ao processo de adoecimento e escolhas de tratamento disponíveis. Por isso, é necessário que o paciente aceite e identifique que tem algum problema de saúde para realizar a busca por auxílio terapêutico. O entendimento sobre como os indivíduos e os grupos sociais criam seus itinerários terapêuticos é primordial para orientação e fortalecimento de novas práticas em saúde. A utilização dos IT no Brasil não é expressiva, apesar do seu potencial para o entendimento dos hábitos relacionado ao cuidado em saúde e ao uso racional dos serviços. Projeto terapêutico singular . Um exemplo de estratégia de ação e produção do cuidado focada no usuário e sua saúde é chamado de Projeto Terapêutico Singular (PTS), que é constituído por condutas terapêuticas estruturadas, decorrentes das discussões entre a equipe multiprofissional em prol do sujeito individual ou do coletivo. O PTS é denominado como uma variação do caso clínico e, com frequência, utilizado em situações mais complexas. Por isso, envolve o conceito de interdisciplinaridade que propaga a colaboração de especialidades e de distintas profissões. Depois de uma análise sobre as condições de saúde do paciente, as informações são compartilhadas e são estabelecidas as condutas dos diferentes membros da equipe multiprofissional, chamada de equipe de referência. As equipes de referência atuam na organização, fortalecendo o vínculo entre a equipe de saúde, usuários e família. Cada profissional deve acompanhar os pacientes por todo o tratamento, buscando auxílio de outros profissionais ou serviços de suporte, garantindo a continuação do acompanhamento em outros níveis do sistema.
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