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Enzimologia e Tecnologia das Fermentações Giovanna Rêgo CLassificação dos processos fermentativos - Quanto ao produto obtido: 1) Metabólito primário: vem do metabolismo primário do MO, associado ao seu crescimento e produzido simultaneamente à sua proliferação. A formação de produto é diretamente proporcional à formação de biomassa. ex.: aa, nucleotídeos, etanol, enzimas, ácidos orgânicos 2) Metabólito secundário: a produção só ocorre pelo metabolismo de situações de necessidade e não está associado ao crescimento, ou seja, só é produzido quando ocorre limitação de nutrientes após a fase ativa do crescimento. MO é privado de alimento e entra em sofrimento, passando a produzir ATB para que caso chegue um novo MO ele seja combatido e o pouco alimento que resta fique para ele → não se reproduz e produz mais metabólito secundário. ex.: antibióticos Curva de crescimento microbiano A partir da fase estacionária que começa a produzir ATB. Metabólito primário é produzido junto ao crescimento, já o metabólito secundário é produzido após o crescimento. Produção de estreptomicina Quando mais produz ATB é quando o MO está decaindo! Giovanna Rêgo - Quanto a condução do processo fermentativo 1) Fermentação descontínua: em batelada/sistema fechado. Coloca os ingredientes no reator e o processo ocorre sozinho, retirando o produto “pronto” podendo acrescentar aditivos. Tem começo, meio e fim, lava o reator e começa o processo novamente, diminuindo o risco de contaminação. Instalação de menor custo. Exemplo: cerveja Vantagens Desvantagens < risco de contaminação Baixo rendimento Grande flexibilidade* Tempos mortos (carga, descarga, lavagem e esterilização) Controle da estabilidade do MO** * Fermentador pode ser utilizado para diferentes tipos de fermentações ** Tem controle por ter começo, meio e fim. Se for contínua pode acontecer do MO não estar bem mais. Tipos de fermentação descontínua: - Um inóculo por tanque: inicia com uma cultura nova (pura), menor risco de contaminação e muito custo/tempo perdido - Recirculação de células: reaproveitam os MO da fermentação anterior (pula a fase LAG e economiza tempo), sedimentação ou centrifugação e faz tratamento com ácido. - Por meio de cortes: depois da primeira fermentação, divide-se o mosto fermentado em dois recipientes, completa-se os dois com o meio e deixa-se fermentar e um envia-se para a separação do produto e outro serve para produzir o inóculo para mais dois (iogurte). Giovanna Rêgo 2) Fermentação descontínua alimentada: nutrientes são adicionados ao fermentador durante o processo, então o volume varia no fermentador. Os produtos permanecem no fermentador até o final! Muito utilizado para metabólitos secundários (ATBs) Pode ser com ou sem reaproveitamento de células. Vantagens Desvantagens Controle de oferta de substratos Maior risco de contaminação Permite a obtenção de alta [ ] celular Minimiza a repressão catabólica* Maior necessidade de ter controle do processo (adição de nutrientes)Controle melhor da formação de espuma *Diminuição da produção de ATB com adição de glicose. 3) Fermentação contínua: o meio é adicionado de forma contínua e os produtos de fermentação também são continuamente removidos. Objetivo: manter um nível de produtividade ótimo. Resumindo… Sistema aberto, volume constante e produto produzido continuamente. Vantagens Desvantagens Maior produtividade Mais investimento inicial Manutenção das células no mesmo estado fisiológico Pode ocorrer mutação genética espontânea (= queda de produtividade) Maior uniformidade do processo Maior probabilidade de contaminação Possibilidade de associar outras operações contínuas na linha de produção Em processos que necessitam assepsia como produção de enzimas e ATBs, o processo contínuo encontra ainda aplicações restritas Menor necessidade de mão de obra Probióticos São alimentos funcionais e nutracêuticos que fornecem nutrição básica e promovem saúde. Probiótico ≠ Prebiótico PRO: administração oral de MOs PRE: ingestão de substratos estimulantes Giovanna Rêgo Microrganismos vivos, administrados em quantidades adequadas, que conferem benefícios à saúde do hospedeiro. - Lactobacillus - Bifidobacterium - Saccharomyces Modulam a microbiota intestinal, imunoestimulação, prevenção de câncer, anti-hipertensivo. Modulação da microbiota intestinal Por competição: - Impedem a multiplicação dos MOs patogênicos - Inibem a ação patogênica (modulação de toxinas) Imunoestimulação Para pessoas que estão tendo muitas infecções - COntrole de citocinas pró e anti-inflamatórias - Melhora das respostas de IgA (anticorpos das secreções) - Aumento de anticorpos - Aumento da atividade de macrófagos (fagocita bactérias) - Aumento do número de NK (Natural Killers) promovendo melhor resposta contra vírus Prevenção do câncer Auxilia principalmente em casos de predisposição, mas não impede que ocorra o desenvolvimento de células cancerígenas. - Estímulo da resposta imune (NK e TCD8) - Ligação e degradação de compostos com potencial carcinogênico (ex.: câncer de estômago por churrasco causado por HPAs) - Produção de compostos antitumorais - Alteração das condições físico-químicas do intestino Anti-hipertensivo Dentre os inibidores de ECA estão peptídeos bioativos. Obtidos de produtos como queijo, leite e iogurtes. Bactérias de queijos e iogurtes apresentam enzimas com ação proteolítica levando a degradação parcial da caseína e podendo gerar peptídeos com ação hipotensora, como aqueles formados por valina-prolina-prolina (VPP) e isoleucina-prolina-prolina (IPP). Leites fermentados - Fermentação descontínua (começo, meio e fim) - Substrato: lactose - Produto: ácido lático Giovanna Rêgo Leite acidófilos É adicionado açúcar para dar sabor e conservação. Iogurte A adição de leite desnatado em pó serve para engrossar o iogurte. Medicamentos Biológicos Medicamento sintético ≠ biológico Sintético: produzido quimicamente e nem sempre conseguimos produzir o que queremos (ex.: proteínas). Logo tem limitações, pois certos produtos não tem como fazer com as moléculas, então é introduzido o biológico. Biológico: são produzidos a partir de seres vivos. Tem maior complexidade estrutural e são maiores. Sua via de administração é apenas injetável, pois por ser uma molécula muito complexa ao ser administrada VO ocorre a digestão e sofre modificações, perdendo a sua ação. Exemplos: - Sintético: AAS → 21 átomos - Biológico: insulina (Lantus - hormônio proteico) → 827 átomos O primeiro medicamento biológico utilizado foi a insulina → 1921 Ela foi extraída do pâncreas do cachorro e depois passou a ser produzida (extraída) a partir de suínos e somente essa existia até 1982. Hoje já têm a obtenção biotecnológica, e também foi o 1º medicamento a ser obtido por biotecnologia! Hormônio do Crescimento Também extraído de animais Giovanna Rêgo Clonagem e expressão proteica Pega o gene de produção de insulina uma célula humana e passa a ser inserido em outro DNA (bacteriano). Assim, pega-se o plasmídeo (DNA circular que transmite características da própria bactéria para outra) e insere em outro MO (recombinante) e faz a fermentação para que se prolifere e produza a insulina. Sua produção tem um custo maior, pois é passível de proliferação posterior ao processo → deve ser muito bem feita, pois é injetável e se estiver contaminada será conhecida como antígeno. Processos: 1) Upstream: construção do vetor, seleção da cepa e otimização do meio. 2) Fermentação 3) Downstream: lise celular, purificação e bioproduto Por que a insulina foi a 1ª a ser escolhida? É uma proteína simples com poucos aa (51) e existia uma corrida para descobrir o que fazer para utilizar o DNA humano. O faturamento dos medicamentos biológicos é muito alto, por isso possui alto investimento. Biossimilares: não intercambiáveis!São similares, mas não pode trocar, pois são medicamentos muito complexos, podem haver “segredos” no processo da indústria diferente de outra. Ex.: na fermentação ou na purificação - São feitos por MO e existem diferença nas estruturas e características - Tem moléculas grandes e complexas sem certeza absoluta da estrutura - Ocorrem processos diferentes em cada indústria - Pode ocorrer risco de reação alérgica com a troca, precisando realizar testes de imunogenicidade quando for produzido - Necessita testes clínicos, por isso não são baratos Purificação de biomoléculas É o processo realizado após a fermentação. Giovanna Rêgo Etapas de purificação: 1) Clarificação: Serve para separar os MOs do restante, a parte utilizada depende de o produto estar dentro do MO ou no sobrenadante. Pode ocorrer por: - Filtração - Centrifugação A melhor técnica depende do produto desejado. A indústria deve escolher a melhor técnica que tenha menor risco de perda do produto. O produto pode estar tanto dentro da célula (exige mais técnicas para retirar de dentro do MO) quanto no sobrenadante. 2) Rompimento celular: A escolha da técnica de rompimento depende de cada microrganismo, sendo pelos processos: - Mecânicos: judia das células, podendo utilizar homogeneizador de alta pressão (agitação + pérolas de vidro para chocarem nas células e rompe-las) ou ultrassom (depende do MO). - Físicos: pode ser por choque osmótico (muda a [ ] do meio para entrar água na célula e provocar lise) ou por congelamento e descongelamento. - Químico: pode ser por bases e ácidos ou pela ação de detergentes (quebra a bicamada lipídica da membrana celular provocando lise). - Enzimático: Não é necessário continuar o processo de rompimento depois que as concentrações ficam estáveis, pois apenas gera gasto de tempo e energia! 3) Purificação de baixa resolução: Já foi feita uma purificação, mas com o rompimento celular ainda tem restos celulares. É feita a concentração do volume de sobrenadante e faz a “limpeza” por: - Ultrafiltração (aparelho), ou - Precipitação (substância química que interage com o produto para que ele precipite. 4) Purificação de alta resolução: Pega o sobrenadante concentrado para fazer a purificação. É mais cara, pois realmente purifica o grupo. Utiliza-se cromatografias (colunas com um gel que ao adicionar o sobrenadante ele tem afinidade com o produto), podendo Giovanna Rêgo utilizar até mais do que uma no processo, sendo elas: - Exclusão molecular: também chamada de “permeação em gel”, utiliza um gel poroso que faz com que as moléculas menores permeiem as bolinhas de gel e retarda sua chegada ao final da coluna, separando por peso molecular. Como é a bolinha de gel - Troca iônica: o gel faz a separação por cargas. Ex.: um gel que é + retém proteínas - fazendo com que elas demorem para passar. Para tirar a ligação faz um banho com uma substância que inibe a ligação iônica. - Interação hidrofóbica: o gel hidrofóbico retém substâncias hidrofóbicas e as hidrofílicas saem mais rápido da coluna. É usado quando se sabe que tem substâncias hidrofóbicas e hidrofílicas. - Afinidade: é o último a ser utilizado por ser o mais caro. Utiliza principalmente para anticorpos. Baseia-se em características biológicas específicas para cada produto, sendo a mais específica. Giovanna Rêgo Para soltar o substrato se utiliza um banho de pH diferente para no fim soltar o substrato. Exemplos de ligantes para cromatografia por afinidade: COMO SABER O MOMENTO DE PARAR? Usando eletroforese! 5) Tratamentos finais: É feita a liofilização ou a cristalização do produto puro obtido, sendo a diferença: - Liofilização: tira H2O e fica em pó - Cristalização: não tira H2O e fica em pó ----------------------------------------------- Giovanna Rêgo
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