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612 $ capltulo 75 Doença Valvar cardíaca lógicas, ainda são padrões da pr-.ítica com base em consenso, mas não cm dados definitivos. CIRURGIA DE REVASCULARIZAÇÃO MIOCÃRDICA VERSUS INTERVENÇÕES CORONARIANAS PERCUTÃNEAS RM e !CP são tratamentos anatômicos alternativos para a do- ença arterial coronariana; cada uma apresenta e des- vantagens diferentes. Após 7 anos de acompanhamento na Bypass Jnvestigation (BAR!), os pacientes tratados com angioplaslfa por balão sem colocação de stcnt expe- rimentaram mais angina e receberam procedimentos de revascu- larização significativamente mais repetidos (!CP 60% versus Rl\·f 13%), e 34% dos pacientes de ICP tinham "se transferido" para RM. dcsobrcvida destes pacientes selecionados na e,'{peri- ência BAR! foram equivalentes com de balão e RM e,'{- ccto para os pacientes com diabetes tratado, que tiveram uma taxa de sobrevida signilicativamente pior com !CP do que com RM. rJ Ensaios randomi2ados de inserção de stellt não cluidor ver- >11S RM mostraram ausência de de sobrcvida, ou uma vantagem da Rlvl. EJ Além estudos observacionais comparando de sobrevida após cirurgia de pontes e !CP mos- traram um melhor prognóstico dos pacien tt'S tratados com cirur- gia. Aperfeiçoamentos tecnológicos recentes na !CP (p. ex., stents cluidores de drogas) diminuíram a taxa de rcestenosc de cerca de 50% em 1 ano, após ICP, para aproximadamente 10%, mas ainda não se sabe se a taxa de sobrevida após !CP se equiparar-.í à RM cm todo o espectro de pacientes, especialmente porque os eventos tardios após !CP são frequentemente relacionados à progressão da doença cm que não rc-ccbcram stents. Em comparação, a RM contorna áreas longas de aterosckrosc coronariana. 1. Khan NE, OQ Souza A, Mís!Gr R, m ai: A randomiZGd comparisoo of off·pump and orr.pump muftivessel coronary-arte-ry bypass sur· gery. N Engl J Med 2004;350:21 - 28. 2. Yusuf S, Zucker D, Peduzzi P. et ai: Effect of coronary artery bypass graftsurgery on survival: Overviei;v of 10-year results from rando· mized triais by the Coronary Artery 8ypass Graft Surgery Trialists Collaboration. lancei 1994;344:563-570. 3. tv1ehta SR, Cannon CP, Fax KA, et ai: Routine vs selective in· vasive strategies in patients wTth acute coronary syndromes: A collaborative meta·analysis of randomized triais. JAMA 2005;23:2908-2917. 4. BARI lnvestigators: The final 1 O·year folloi,v-up results from the BARI randomized triai. J Am Coll Cardíol 2007;49:1600-1606. 5. Legrand VMG, Serruys PW, Unger F, et ai: Three-year outcome after coronary stenting versus bypass surgery for the treatment of multivessel disease. Circulation 2004;109:1114-1 120. 6. Hannan EL, Racz MJ, Walford G, et ai: Long-term outcomes of coronary·artery bypass grafting versus stent implantation. N Eng! J Med 2005;352:2174-2183. LEITURAS SUGERIDAS ACC/AHA 2004 Guideline Update for Coronary Artery Bypass Graft Surgery. A report of the American College of Cardiology/Americ.an Heart Association Task Force on Practice Guidelines (Committee to Update the 1999 Guidelines for Coronary Artery Bypass Graft Surgery). Círculation 2004; 110: 1168-1176. Diretrizes para as indicações de drurgia de pontes nas artérias coronárias em uma van·edade de situações clinicas. Goldman S, Zadina K, Moritz T. et ai: Long·term patency of saphenous vein and left internai mammary artery grafts after coronary artery bypass surgery: Results from a Oepartment of Veterans Affairs Cooperative Study. J Am Coll Cardiol 2004;44:2149-2156. A perviedade em 10anos foi de 61% com en· xertos de veia safena, em comparação com 85% dos enxertos de artéria mamária interna. Martens TP, Ar9enziano fvl, Oz MC: New technology for coronary revascula· rization. Circulation 2006;1 14:606-614. Revisão das várias técnicas e procedimentos. Sabik JF 111, Blackstone EH, Houghtaling PL, et ai: Is reoperation still a risk factor in coronary artery bypass surgery? Ann Thorac Surg 2005;80:1719-1727. Sim, mas não um risco tão grande quanto no passado. van Oijk O, Spoor M, Hijman R, et ai: Cognitive and c.ardiac outcomes S ye- ars afte< off-pump vs on-pump coronary artery bypass graft surgery. JAMA 2007;297:70 1- 708. Em pacientes de baixo nSco submetidos a RM, evitar o uso de circulação extracorpórea não teve nenhum efeito sobre os resultados cognitivos ou cardlacos em 5 anos. DOENÇA VALVAR CARDÍACA Biase A. Carabello valvas cardíacas permitem o tluxo anterógrado não obstruí- do através do coração quando estão enquanto previnem o fluxo retrógrado quando estilo fechadas. A maioria doenças causa estenose valvar com obstrução ao Buxo anterógrado ou insuficiência valvar com tluxo rctrógndo. A c>ste- nose valvar impõe uma sobrecarga de pressão sobre o ventrículo ou direito, pois câmaras precisam gerar tuna pres- são acima do normal para superar a obstrução de modo a bombear para frente. A insuficiência valvar impõe uma sobrecarga de volu- me ao coração, que precisa bombear um volume adicional para o que é regurgitado. Quando a doença valvar é intensa, ônus bemodinâmicos podem levar à disfunção ventricular, insuficiência cardlaca e morte súbita (Tabela 75-1). Em quase qualquer a terapia definitiva, para a doença cardiaca valvar grave, é o mecânico da função valvar. • ESTENOSE AÓRTICA Epidemiologia Valvas Aórticas Bicúspides e Outras Valvas Congênitas Anormais Aproximadamente, 1 % da população com tuna valva aór- tica bicúspide; há um predomínio (Cap. 68). Apesar desta anomalia habitualmente não causar um hernodi- nãmico ao nascimento, as valvas aórticas bicúspides tendem a se deteriorar com o envelhecimento. Aproximadamente um terço destas valvas torna-se estenótica, outro terço torna-se regurgitante e o restante apenas pequenas anormalidades hemodinâmi- cas. Quando se desenvolve a estenose, geralmente manifesta-se cm pacientes com 40, 50 e 60 anos de idade. Algtunas vezes, a estenose aórtica congênita por uma valva unicúspide, bicúspide ou até mesmo tricúspide sintomas durante a infância e de correção durante a adolc.çcênda. Oca.çionalmente, estas valvas aórticas congenitamente c>stenóticas à detecção até a idade Estenose das Valvas Aórticas Tricúspides Alguns pacientes com tric6spides apa- rentemente normais desenvolvem espessamento e calcificação si- à que ocorrem nas bicúspides. Quando a estenose aórtica se desenvolve cm valvas aórticas L'ficúspides previamente geralmente ocorre por volta dos 60 a 80 anos de idade. As estenoses e valvas aórticas bicúspides e tricús- pides eram consideradas anteriormente como sendo processos de- generativos, mas ficou que este tipo de c.çtenose aórtica provém de um processo inflamatório ativo similar ao da doen- ça arterial coronariana. Este conceito é corroborado por muitas Primeiro, a lesão inicial da aórLica é similar à placa da doença coronariana. Segundo, ambas as doenças têm hi- pertensão e hiperlipidcmia como fatorc'S de risco. Terceiro, há uma excelente correlação entre a calcificação da valva aórtica e a calcifi- cação das coronárias. Quarto, os pacientes com estenoscs aórticas graves têm os maiorc'S nfvcis de proteína-e Doença Cardíaca Valvar Reumática Hoje, a doença valvar reumática é uma causa rara de estenose aórtica cm desenvolvidos. Em praticamente todos os a valva mitral também é dctectavclmente anormal. Fisiopalogia Relação com os Sintomas A ou ausência dos sintomas clássicos de estenose aórti- ca - angina, síncope e os sintomas de cardfaca - cons- [TA B ELA 75-1 SU M A R IO D A S C A R D IO PA TIA S VALVARES G R A VES ! Etiologia Fisiopatol ogia Sintom as Sinais Estenose A órtica Cald icação idiopática de um a valva bivalvular ou trivalvular Congênita Reum ática Sobrecarga de pressão sobre o VE com com pensação por hipertrofia do VE A m edida que a doença avança, r eserva reduzida de fluxo coronariano causa angina Hipertrofia e excesso de pós-carga levam à disfunção sistólica e diastólica do VE AnginaSíncope Insuficiência cardíaca Sopro sistólico de ejeção irradiando-se para o pescoço Ascensão carotídea retardada 8 4 , 8 2 m acia ou paradoxal reiroseAon>re::> li IA opas Estenose M itral Febre reum ática Calcificação anular Obstrução ao fluxo de injeção no VE aum enta a pressão atrial e lim ita o débito cardíao:>, assim sim ulando insuficiência VE. O bstrução da valva m itral aum enta o trabalho de pressão do ventrículo direito Sobrecarga de pressão ventricular direita é ainda m ais aum entada quando se desen..olve hipertensão pulm onar Dispneia O rtopneia Dispneia paroxística noturna Hem optise Rouquidão Edem a Asei te Rufiar diastólico após estalo de abertura B, hiperfonética Elevação ventricular direita P 2 h iperfonética R egurgitação M itral Prolapso da valva m itral Cordas rotas Endocardite Disfunção ou ruptura de músculo papilar isquêm ico Doenças e síndrom es rolagenovasculares Secundária a doenças m iocárdicas doVE Coloca sobrecarga de volum e sobre o VE. Ventrículo responde rom hipertrofia excêntrica e dilatação, que possibilltam \.Olu me sistólico ventricular aum entado Eventualm ente. no entanto, disfunção VE desenvolve-se caso a sobrecarga de volum e perm anecer não corrigida Dispneia O rtopneia Dispneia paroxfstica noturna Soproapical holossistólico. irradiando- se para a axila, 8 3 Ponto de im pulso m áxim o desviado R egurgitação A órtica Ectasia anuloaórtica Hipertensão Endocardite Síndrom e de M arfan Espondilite ancilosante Dissecção aórtica Sffi lis Doença colagenovascular Crônica Volum e sistólico total causa circulação hiperdinam ica, e causa sobrecarga de pressão e volum e. A com pensação é por hipertrofia concêntrica e excêntrica Aguda Um a vez que não se desen\.Olveu d ilatac;ão cardíaca, achados h iperd inãm icos estão ausentes. Alta pressão diastólica VE causa pré-fecham ento da valva m itral e potencializa isquem ia e insuficiência do VE Dispneia Ortopneia Dispneia paroxística noturna Angina Síncope Crônica Sopro m usical diastólico Circulac;ão hiperd inam ica Ponto de im pulso m áxim o desviado Pulso de Quincke Sinal de M usset Aguda Sopro m usical diastólico curto 8 1 m acia Conlinua ,, õ .... UI o 'i;) Q a. ;;;-@ .,. OI .. w Seção V III G irdiovascular lrA B ELA 75-1 SU M Á R IO D A S CARDIO PATIAS VALVARES G RAVES (C ont.) 1 Eletrocardiogram a Radiografia de tórax Achados ecocardiográficos Achados de cateterism o Terapia clínica Indicações para cirurgia Estenose A órtica AAE HVE Coração em form a de botina ca1cWicação da valva aórtica na vista lateral HVE concêntrica Separação reduzida das válvulas da valva aórtica O Doppler m ostra gradiente m édio:<_ 50 m m Hg nos casos m ais graves PDFVE aum entada G r adiente transaôrtico 50 m m Hg AVA s 0,7 cm ' nos casos m ais graves Evitar vasodilatadores Digital, diuréticos e nitroglicerina nos casos inoperáveis Aparecim ento de sintom as em pacientes com doença grave (veja o texto) Estenose M itral AAE HVD RetWicação do bordo cardíaco esquerdo Dupla densidade no bordo cardíaco direito Linhas de Kerley B Artérias pulm onares aum entadas M ovim ento restrito das válvulas da valva m itral Área da valva s 1 cm ' nos casos m ais graves O Doppler tricúspide pode revelar hipertensão pulm onar Pressão encunhada capilar pulm onar elevada G radiente transm ltral usualm ente> 10 m m Hg nos casos graves AVM < 1 cm ' Diuréticos para sintom as brandos Anticoagulação na fibrilação atrial Digital, i}bloq ueadores, verapam il ou diltiazem para controle da frequência Apar ecim ento de sintom as m ais do que brandos Desenvolvim ento de hipertensão pulm onar Aparecim ento de fibrilação atrial persistente R egurgitação M itral AAE HVE Aum ento cardíaco Aum ento VE e AAE na doença crônica grave Doppler: grande jato regurgitante Pr essão encunhada capilar pulm onar elevada Ventriculografia m ostra regurgitação de corante para dentro do VE Vasodilatadores na doença aguda Nenhum a terapia com provada em doen ça crónica (m as vasodilatadores com u m ente usados) Aparecim ento de sintom as FE < 0,60 D SF:<._45 m m R egurgitação A órtica AAE HVE Cronica Aum ento cardíaco Aorta desenrolada Aguda Congestão pulm onar com coração de tam anho norm al Cronica Aum ento VE Grande jato Doppler M TP < 400 m s Aguda VE pequeno Pré-fecham ento da valva m itral Larga pressão de pulso Aortografia m ostra regurgitação de corante para dentro do VE (geralm ente desnecessária) Cronica Vasodilatadores na doença crônica assintom ática com função ventricular esquerda norm al Aguda Vasodilatadores Crônica Aparecim ento de sintom as FE < 0,55 DSF:<._ 55 m m Aguda Insuficiência cardlaca m esm o branda Pré-fecham ento da valva m itral AAE = aum ento atrial esquerdo: AVA = área da valva aórtica: AVM = área da valva DSF = diâm etro final: DNP = noturna paroxística: FE = frac;ao de ejeÇão: HVD = hipertrofia v;,ntricular HVE = hipertrofia v;,ntricular esquerda: MTP = m eio-tem po de pressão: PIM = ponto de m áxim o: PSDVE = pressão diastólica final ""ntricular esquerda: VE = v;,ntrículo esquerdo. O I ... "" .,. ti "O ;:; e õ ... UI o 'i;) Q a. ;;;-li) titui a chave para a história natural da doença. Antes do início dos sintomas, a sobrcvida é similar à da população normal e a morte súbita, rara. No entanto, quando os sintomas se de.o;envolvem, a sobrcvida declina subitamente. Aproximadamente 35% dos pa- ciente.o; com estenose aórtica apre-sentam-se com angina. De-stes, 50% estarão mortos cm 5 anos, a menos que seja realizada uma troca valvar aórtica. Aproximadamente 15% apresentam-se com síncope; destes, 50% estarão mortos e.m apenas 3 anos a menos que a valva aórtica seja substituída. Dos 50% que se apre-sentam com sintomas de in.o;uficiência cardfaca congestiva, 50% morrem nos 2 anos segtúntes sem a troca valvar aórLica. Do total, apena.o; 25% dos paciente.o; com e-stenose aórLica sintomática sobrevive.m 3 anos na ausência de troca valvar, e o risco anual de morte súbita varia de 10% cm pacientes com angina, para 15% com síncope, para 25% naquele.o; com in.o;uficiência cardlaca. O reconhecimento imediato dos sintoma.o; e a avaliação para uma possível estenose aórtica grave são fundamcntaLo; para o tratamento desta doença. A área valvar aórtica normal é de 3 a 4 cm' e poucos distúr- bios hemodinâmicos ocorre.m até que o oriJkio seja reduzido a aproximadamente um terço do normal, sendo que, neste mo- mento, se desenvolve um gradiente sLo;tólico entre o ventrículo e a aorta. As pressões ventriculares esquerdas (VB) e as pressões aórticas são normalmente quase iguaLo; durante a sfstok. Na estenose aórtica, no entanto, a pressão intracavitária do VB prcci.o;a a umentar acima da pressão aórtica para produzir um fluxo antcrógrado através da valva estenótica e obter uma pressão aceitável na circulação sistêmica (veja Fig. 56-1). Há uma progressão geométrica na magnitude do gradiente conforme a valva estreita-se. Dado um débito cardíaco normal, o gradiente eleva-se rapidamente de )()a 15 mmHg a valvarcs de 1,5 a 1,3 cm' para aproximadamente 25 mmHg a 1,0 cm', 50 mmHg a 0,8 cm', 70 mmHg a 0,6 cm' e 100 mmHg a 0,5 cm'. A velocidade de progressão da estenose aórtica varia amplamente de paciente para paciente; pode permanecer estável por muitos anos o u au- mentar IS mmHg por ano. Uma importante re-sposta compensatória à pressão do VB au- mentada da e-stenose aórLica é o de.o;envolvimento de hipertrofia concêntrica do VE. A equação de Laplace - estresse (s) = pressão (p) X raio (r)/ 2 X e.o;pe.o;sura (ú1) - indica que a força de qualquer unidade do miocárdio do VB (pós-carga) varia diretamente com a pressão venL'ficular e como raio e inversamente com a espessura da parede. Conforme a pressão se eleva, ela frequentemente pode ser contrabalançada pelo attmento na e.o;pe.o;sura da pare-de do VE (hipertrofia concêntrica). As determinante.o; da fração de ejeção do VE são a contratilidade, a pré-carga e a pós-carga. Pela normali - zação da pós-carga, o desenvolvimento da lúpertrofia concêntrica ajuda a pre-scrvar a fração de ejeção e o débito cardiaco ape-sar da sobrecarga de pressão. A despeito de a hipertrofia claramente ser- vir a uma função compensatória, ela também tem um papel pato- lógico, sendo parcialmente responsável pelos sintomas clássicos da e-stcnose aórtica. Angina Em geral, a angina (Cap. 70) ocorre pela isquemia miocárdi- ca quando a demanda de oxigênio (e de outros nutrientes) pelo VB excede o suprimento, o q ue é predicado pelo fl uxo sanguíneo coronariano. Em indivíduos normais, o füL-.:o sanguíneo coro- nariano pode aumentar cm até cinco a oito vezes sob demanda metabólica máxima, mas na estenose aórtica esta reserva é limi- tada. A reserva de f'luxo sanguíneo coronariano reduzida pode ser causada por uma diminuição relativa no crescimento capilar para servir à.o; necessidades do vcntrlculo esquerdo lúpcrtrofia- do ou por ttm g-radicn te transcoronariano reduzido para o f'ILL-.:o sanguíneo coronário devido a uma pressão diastólica final do VB elevada. A reserva de tluxo sanguíneo coronariano restrito parece ser responsável pela angina cm muitos pacientes com estenose aórtica, apesar das artéria.o; coronárias epicárdicas normaLo;. Em outros pacientes, a angina deve-se a uma de.manda aumentada de oxigênio quando uma hipertrofia inadequada permite o aumen- to do estresse parietal, um determinante-chave para o consumo miocárdico de oxigênio. capítulo 75 Doença Valvar cardíaca $ 615 Síncope A síncope (Caps. 61 e 427) geralmente ocorre devido a uma perfusão cerebral inadcq uada. Na estenose aórtica, a síncope ge- ralmente está relacionada ao esforço. Pode ocorrer quando ele provoca uma queda na re.o;istência periférica total que não pode ser compensada pelo aumento do débito cardíaco, pois o débito é limitado pela obstrução ao efluxo do VB; e.o;ta combinação reduz a pressão arterial sistêmica e a pcrfao;ão cerebral Além disso, as pressões do VB elevadas durante o exerclcio podem desencadear uma re.o;posta vasodcpressora sLo;têmica que reduz a prt-ssão arterial e produz síncope. As cardlacas, possivelmente causadas pela uemia de esforço, também causam hipotensão e slncopc. Insuficiência Cardíaca Na estenose aórtica, a disfunção conL'fáril ( insuficiência sistó- lica) e a falha no relaxamento normal (insuficiência diastólica) ocorrem e causam sintoma.o; (Cap. 57). A da contração ventricular é governada pela contratilidade e pela pós-carga. Na c.o;tenosc aórtica, a contratilidadc (a capacidade de gerar força) fre- quentemente está rcdu:iida. Os mccanio;mos da dLo;fünção contrátil podem incluir manLLscio anormal do cálcio, hipcrpolimerização microtubular, causando ttma carga vL=sa interna no miócito, e isquemia miocárdica. Em algun.o; casos, ainda que a função con- tnítil seja normal, a hipertrofia é inadequada para normalizar o c.o;tre.o;se parietal e leva a uma pós-carga excessiva. A pós-carga ex- c..-ssiva inibe a ejeção, reduz o débito antcrógrado e leva à insufi- ciência cardíaca. O aumento na espessura parietal, que aj uda a normali:iar o es- tresse, aumenta a rigide-zdia.o;tólica. Mesmo se as propriedades mLLS- cularcs permane-ccrcm normaio;, faz-se necessária maior prt-ssão de enchimento para distender ttm ventrículo mais e.o;pe.o;so. Conforme a c.o;tcnose aórtica progride, o depósito de colágeno também enrije- ce o miocárdio e contribui para a disfunção dia.o;t<Slica. Diagnóstico Exame Clinico Em geral, o diagnóstico da e.o;tenose aórtica é primeiramente su.o;pcitado quando o sopro de ejeção sLo;tólica clássico é audível durante o exame clinico (Cap. 48). O sopro é maLo; audlvd na área aórtica e irradia-se para o pescoço. Em alguns ca.o;os, o sopro pode desaparecer sobre o esterno e sobre o ápice do VB, dan- do a fal..a impressão que um sopro de in.o;uficiência mitral também c.o;tá prc.o;ente (fenômeno de Gallivardan). A intensidade do sopro aumenta com a duração do ciclo, pois ciclos mais longos estilo associados a maior flLL-.:o aórtico. Na doença leve, o sopro fa:i um pico na sua intensidade no início ou no meio da slstolc. Confor- me a gravidade da estenose acentua-se, o sopro fa:i um pico pro- grt-ssivamente maio; tardio na slstole. Talvez a pLo;ta mais útil para avaliar a intensidade da t'Stcnosc aórtica no e.-.:amc clínico seja o característico retardo no pulo;o carotldeo com a diminuição de seu volttme (veja Fig. 48-2); no entanto, em paciente.o; idosos, urna ri- gidez caroúdea aumentada pode falsear a normalidade da elevação dos pulsos carotldl'os. O impulo;o apical do VE na estenose aórti- ca não e.o;tá de-slocado, ma.o; sim alargado e propulsivo. A palpação simultânea de um ictu.o; de VE propulsivo e um pufao carotldco retardado e fraco representa pistas persuasiva.o; de que está presente uma e.o;tenose aórtica grave. A 81, na estenose aórtica, geralmente é normal. Na estenose aórtica congênita, quando a valva não t'Stá calcificada, a Bl pode ser st-guida por Ltm click de ejeção sio;tólico. Na doença com calcificação, a 82 pode ser única e suave quando o componente aórtico é perdido, pois a valva nem se abre nem se fecha bem. Em alguns casos, o csva:iiamento retardado do VB secundário a uma dLo;função do VB pode criar um de.o;dobrame.nto paradoxal do 82. Um galope de B4 é comum. Na doença avançada, a hipertensão pulmonar e sinais de insuficiência cardíaca direita são comuns. Devido às sérias consequências de não se e.o;tabeleccr o diag- nóstico de uma estenose aórtica, o médico não deve hesitar cm obter um ecocardiograma sempre que não for possível excluir uma 616 $ capltulo 75 Doença Valvar cardíaca estenose aórtica pelo exame cllnico. Em pacientes assintomáticos com sopros suspeitos, o diagnóstico precoce, além de permitir que o paciente e o médico fiquem vigilaotes quaoto aos possivcis sinais e sintomas precoc.-s, orienta o uso de regimes profiláticos para prevenir a endocardite bacteriaoa (veja Cap. 76). Exames Diagnósticos O eletrocardiograma (ECG) na estenose aórLica geralmente mostra sobrecarga do VE. Em alguns casos, até mesmo de c-ste- nosc aórtica grave, a sobrecarga do VE está ausente no ECG, no entanto, possivelmente devido a uma falta de dilatação do VE. As anormalidades no átrio esquerdo são comum, já que o ventr!culo esquerdo rígido aumenta a pós-carga atrial esquerda e leva o átrio a dilatar-se. A radiografia de tórax na estenose aórtica geralmente não é diagnóstica. A silhueta cardlaca geralmente não está alargada, mas pode assumir uma configuração cm formato de bota. Nos avaoçados, podem de cardiomegalia e de congestão pulmonar; a calcificação da válvula aórtica pode ser observada na incidência lateral. A ecocardiografia (Cap. 53) é indispensável para avaliar a exten- são da hipertrofia do VE, do dc-scmpcnho de ejeção sistólico e da anatomia da valva aórtica (Fig. 75-1). A t'<X>cardiografia com Do- ppler da valva aórtica faz uso da equação de Bernoulli modificada (gradiente = 4 X velocidade') para avaliar a gravidade da c-stenose (veja Cap. 53). Conforme o sangue flui do corpo do ventrículo es- querdo da valva a velocidade do fiu.xo precisa acelerar-se para que o volume permaneça constante. A ccocardio- grafia com Doppler da valva detecta este aumento na velocidade para estimar o gradiente valvar. O fluxo aórtico máximo cm pa- cientes com uma função sistólica do VB prc'Scrvada é um guia clí- nico útil para o prognóstico. Em pacientes com uma velocidade de fluxo menor ou igual a 3,0 ml/s, os provavelmente não se nos próximos 5 anos; por outro lado, cm pacientes com uma velocidade de fiu.xo igual ou maior do que 4 ml/s, os sintomas geralmente se desenvolvemcm 2 anos. Apesar de o teste ergométrico ser contraindicado cm pacien- tes sintomáticos com estenose aórtica devido ao elevado risco de complicaçõc-s, um teste ergométrico cauteloso pode ser realizado nos pacientes Este frequentemente revela sin- tomas latentes ou uma instabilidade bemodinâmica que não foi reconhecida durante atividades diárias do paciente. A hipotensão indll2.ida pelo c.xcrdcio ou sintomas são indicações para a troca valvar aórtica cm pacientes com estenose aórtica gra- ve; crn pacientes com estenose aórtica leve a moderada, outra fonte de limitação de excrdcio deve ser pesquisada. Os nivcis de peptídco natriurético cerebral podem ser mais altos nos pacientes que se tornarão sintomáticos cm um curto período de tempo. Bntrctaoto, o uso deste biomarcador para indicar a ne- cessidade de substituição valvar é prematuro. O catcterismo cardíaco para realização de arteriografia corona- riaoa geralmente é efetuado antes da cirurgia porque a maioria dos com aórtica está na idade que a doença corona- riana é comum. Quando a ecocardiografia evidencia uma sc aórtica grave e o paciente apresenta um ou dos sintomas clássicos da doença, a documentação invasiva formal da gravidade da estenose aórtica não é nc'C<.-ssária, e a angiografia coronariaoa não precisa ser realizada cm jovens. Quando o diagnós- tico hcmodinâmico é pouco esclarecedor, o catetcriMo do cora- ção direito e do coração esquerdo deve ser realizado para se obter um gradiente pressórico valvar transaórtico e o cálculo do débito cardíaco, que são usados para calcular a área valvar aórtica pela fórmula de Gorlin: A = DC'PESxFC 44.3-Ífi onde DC é o débito cardlaco (ml/min), PBS é o perlodo de ejeção sistólico (s), FC é a frequência cardíaca e b é o gradiente médio. Terapia Invasiva Cirurgia para Troca Valvar A única terapia eficaz para a estenose aórtica consiste na troca valvar aórtica. Conforme já mencionado, uma vez que os sintomas da estenose aórtica se desenvolvem, a mortalidade em 3 anos é de 75% sem a troca valvar aórtica. No entanto, quando a valva é substitulda, a sobrevida retorna quase que ao normal. Mesmo os octogenários beneficiam-se da troca valvar, a menos que outros fatores comórbidos impeçam a cirurgia; assim, a substituição da valva aórtica não deve ser simplesmente rejeitada com base na idade. Não se deve negar. também, a troca valvar devido a uma redução na fração de ejeção: o excesso de pós-carga imposto pela valva estenótica é aliviado com a troca valvar e o desempenho da RGURA 15·1 • Ecocardiograma OoP"" pler de um paciente com estenose aórtica. O painel esquerdo mostra vtilvu· las espessadas da valva aórtica que se sa· lientam em cúpula para de-ntro da aorta com abertura restrita na sístole. O painel direito mostra, acima, uma vista apical de quatro ciamaras miniaturizadas com um cursor Doppler através da aorta, enquanto o painel de baixo mostra um sinal Doppler espectral de onda contínua com uma ve- locidade máxima de 3 m/s. O gradiente mtlximo na valva pode ser calculado como 4 X 32, ou 36 mmHg. AD= aorta; AE =átrio esquerdo; VE = ventrtculo esquerdo; VD = ventrlculo direito. (Co11esia do Dr. Anthony OeMaria.) e fração de ejeção geralmente melhora bastante após a cirurgia. A exceção a esta regra é uma fração de ejeç.'lo muito reduzida, com apenas um pequeno gradiente da valva aórtica, na qual a gravidade da estenose aórtica pode ser hiperestimada devido a uma falência do ventrkulo esquerdo, quando ha dificuldade em se abrir uma valva estenótica leve a moderada Nestes casos, a disfunção do músculo do VE ou tem outra causa ou frequentemente é tão grave que Mô se recupe<a apóS a cirurgia. No entanto, h.1 evidências de que até mesmo alguns pacientes bem selecionados nesta categoria podem se beneficiar da troca valvar aórtica. Valvoto mia Aórtica por Balão Na estenose aórtica calcificada adquirida, a dos folhetos resulta da deposiçAo intensa do cálcio nos próptios folhetos e não a uma fusão comissural. A valvotomía aórtica por balão é relativa- mente ineficiente na melhora da estenose aórtica, geralmente resul- tando em um gradiente residual de 30 a 50 mmHg e uma área valvar de 1 ,O cm'. A mortalidade apóS este procedimento é similar a dos pacientes não tratados. A valvotomia aórtica por balão é usada apenas paliativamente em casos onde não é posslvel a intervenção cirúrgica para troca valvar aórtica devido a comorbidades ou esta é impraticável quando M necessidade de um alivio temporário ime- diato devido demandas de outras condições não cardlacas. Substituição Percu tAnea da Válvula Aórtica Estudos preliminares Indicam que é possível substituir a vávula aórtica de maneira percutanea em pacientes suficientemente enfer- mos para tolerar uma Intervenção cirúrgica. Neste procedimento, a válvula nativa é dilatada como escrito anteriormente. Depois da dilatação, uma válvula de suporte protética (stenl) sobre um balão é inserida no anel da válvula aórtica. O balão é expandido para fixar a válvula e seu suporte com o objetivo de prevenir a reestenose. Terapia Medicamentosa A única terapia medicamentosa indicada na estenose aórtica é a profilaxia antibiótica para prevenir a endocardite bacteriana (Cap. 76). De outro modo, o paciente ou é assintomático e não precisa de nenhuma terapia ou é slntom.1tico e precisa de cirurgia. Em pacientes com insuficiência cardfaca que aguardam a cirurgia, os diuréticos podem ser usados com cautela para tratar a congestão pulmonar. Os nitratos também podem ser usados cautelosamente para o tratamento de angina pectoris. Apesar de os vasodilatadores, especialmente os inibidores da ECA, terem-se tornado uma pedra angular da terapia para insuficiência cardlaca, rk!o Qc) recomenda- dos na estenose aórtica. Com a obstrução valvar fixa ao efluxo. a vasodilatação reduz a pressão distal obstrução sem aumentar o débito cardíaco e pode causar slncope. Quando a cirurgia e a val- voplastia não são bem-sucedidas ou s.lo imposslveis, digit.llicos e diuréticos podem ser usados para melhorar os sintomas, compre- que eles não aumentarão a expectativa de vida. • ESTENOSE MITRAL Epidemiologia Em todos os CMOS de estenose miLral adquirida, a causa reside na doença cardlaca rcumáLic". OcMionalmcnte, a calcifica- ção intensa do anel milntl pode levar à estenose mitral na de envolvimento rcu.málico. ;\estenose tnitraJ é vezes mais co- mum cm mulheres e gera.! mcn LC desenvolve-se por volta dos 40 aos 50 anos. Embora a doença seja rara cm palscs desenvolvidos devi- do à redução da da febre reumática, a estenose mitral ainda é prcvalente nas nações cm desenvolvimento, onde a febre reumática é comum. Fisiopatologla No começo da diáslole, wn gradiente transilório entre o átrio esquerdo e o venLriculo esquerdo normalmente inicia o enchi- Capitulo 75 Doença Valvar Cardfaca $ 617 mcnto do VB. Após o enchimento precoce, cq uilibram-sc M pres- sões do átrio esquerdo e do \TE. Na estenose miLral, a obstrução ao enchimento do \TE aumenta a pressão aLrial esquerda e produz um gradiente persistente entre o átrio esquerdo e o vcnLrlculo es- querdo (veja Fig. 56-1 ). A combinação da pressão a triai esquerda elevada (e a pressão venosa pulmonar) e a resLrição de iníluxo para dentro do ventriculo esquerdo limitam o débito cardíaco. Apesar de o envolvimento miocárdico proveniente do processo reumático ocasionalmente afetar a função do músculo do VR, o próprio mús- culo é normal na maioria dos pacientes com estenose mitral No entanto, cm aproximadamente wn terço dos pacientes com esteno- se mitral, o desempenho da ejeção do \TE é reduzido mesmo com a função muscular normal, devido a uma pré-c-.uga reduzida (da obstrução ao influxo) e pós-carga aumentada como resultado de uma vasoconstriçilo reflexa causada pelo d&ilo cardíaco reduzido. Considerando que o vcnLrfculo dircilo gera a maior parle da força que impulsiona o sangue através da valva miLral, o vcnltfcu- lo direito ressente-se da sobrecargaprcssórica do gradiente trans- milral. Além disso, desenvolve-se uma vasoconst.rição pulmonar secundária, mas reversfvel, que aumenta ainda mais a pressão ar- terial pulmonar e a sobrecarga do vcntrlculo direito. Conforme o agravamento da estenose mitral, desenvolve-se a falência ventricu- lar direita (VD). Diagnóstico História Os pacientes com mitral geralmente pcrm:uicccm as- sintomáticos até a área valvar reduzir-se a aproximadamente um terço de seu !amanho normal, de 4 a 5 cm'. Então, manifcslam-sc os sintomas típicos de faltncia cardlaca esquerda - dispncia aos esfor- ços, ortopneia e dispncia paroidstica noturna. Conforme a doença progride e ocorre a insuficiência do VD, são comw1s a Mcite e o cdtma.A hcmoptisc, comum na estenose mitral mas aúpica cm ou- Lras causas de atrial esquerda, desenvolve-se quando a pressão atrial esquerda alta rompe anastomoscs das pequenas veias brónquicas. Em alguns caços, um átrio esquerdo grande pode pres- sionar o nervo hlrlngco recorrente, causando rouquidão (slndromc de Ortncr), ou pode pres.çionar o esôfago, causando disfagia. Exame Clínico Ap<?Sar de a estenose mitral produzir wn exame clinico úpico e diagnóstico, a diagnose frequentemente deixa de ser estabelecido, pois os achados auscultatórios são sutis. A palpação do prccórdio constata wn impulso apical quieto. Se presente uma hipertensão pulmonar e hipertrofia do VD, o examinador observa um levanta- mento paraestemal. A 81 tipicamente é hipcrfonétic-.l e pode ser o achado mais proeminente no exame clinico desta doença. Uma 81 hiperfonética está presente porque o gradiente lransmitral man- tém a valva aberta durante a diástole alé que a sfstolc vcnLricular feche a valva que se encontra completamente aberta com um som de fechamento intenso. No entanto, na doença bem avançada, a valva mitral pode estar tão cfanificada que nem se abre nem se fe- cha bem, de modo que a 81 torna-se suave. A ll2 apresenta um desdobramento normal; o componente pltlmonar aumcnLa cm intensidade se presente uma hipertensão pulmonar. Os riu11os de galopes à esquerda com B3 e B4, que representam os componentes ventricular e atrial do cnclümcn1<1 rápido do VE, são excessiva- mente raros na estenose mitral, pois a obstrução na valva mitral impede o enchimento rápido. A B2 gcra.lmcnte é scgltida por um estalo de abertura. A distância cn trc a 82 e o de abertura fornece uma estimativa rawável da press:1o atrial esquerda e uma estimativa da gravidade da estenose mitral. Quanto maior a pres- são atrial, mais rapidamente a pressão aLrial c.1qucrda e a pressão cm decréscimo do VE, no relaxamento ventricular rápido, entram em equilíbrio. Neste ponto, a valva mitral abre-se e dá-se o estalo de abertura. Quando a pressão atrial esquerda é alta, o estalo de abertura segue-se muito de perto (0,06 segundo) à B2. Reciproca- mente, quando a pressão atrial esquerda é relativamente normal, o estalo ocorre mais tardiamente (0,12 segundo) e pode simular 618 Capitulo 75 Doença Valvar cardíaca a de um ritmo de galope de B3. O estalo de abertura é seguido pelo rufar de timbre baixo protodiastólico da es- tenose miLral, que aumenta cm comprimento conforme a estenose mitral se agrava. &te sopro pode ser inaudlvcl se o paciente tem um débilO cardiaco cm repouso relativamente baixo. Um esforço modesto, como um "apcrlO forte de mão" isométrico, pode acen- tuar a intensidade do sopro. Se o paciente está cm ritmo sinusal, a s!stole atrial pode produúr uma acentuação pré-sistólica do sopro. Caso tenha se desenvohddo uma hipertensão pulmonar, o compo- nen te pulmonar de B2 aumenta cm intensidade para tornar-se tão alto ou mais alto do que o componente aórtico. Com a hipertensão pulmonar, um sopro diastólico suave de insulicifocia pulmonar (sopro de Craham Stecll) frequentemente é audlvcl, <ipc.çar que, cm muitos casos, um sopro coe.'tistente de insuficiência aórtica leve pode ser confundido. A saliência das veias do pescoço, a ascite e o edema estão presentes quando há insuficifocia do VD. Avaliação Não Invasiva Se o paciente está cm ritmo sinusal, geralmente detecta-se uma anormalidade atrial esquerda no ECG. A fibrilação atrial é comum, no entanto. Se presente uma hipertensão pulmonar, frequente- mente cxist.,'111 de hipertrofia do VD. Na radiografia de tórax, o aumento do á.trio esquerdo produz urna retificação da borda cardlaca esquerda e uma dupla densidade na borda cardlaca direita devido à combinação das do átrio direilO e do átrio esquerdo. A hipertensão venosa pulmonar prodlCG um aumento na vascularidade. As linhas B de Kcrlcy, que rcprcseni.un um espessamento nos septos pulmonares devido ao engurgi1<1mento venoso crônico, também podem ser A ecocardiografta produz e.-.:cclentes imagens da valva mitral, sendo o instrumento maiç importante para conftrmar o diagnós- tico (Fig. 75-2). A ecocardiografia transtorácica ou, se necessário, a transesofágica, estabelece o diagnóstico cm quase 100% dos ca.•os e avalia com prcci.'lào a gravidade da estenose. A estenose mitral, similar à estenose aórtica, pode ser quantificada pela av-.lliação do gradiente transvalvular a partir do prindpio de Bernoulli modifi- cado. A estenose é considerada leve quando a á.rca valvar calculada ou planimctrada é maior do que 1,75 cm', moderada com 1,25 a 1,75 cm', moderadamente grave com 1,0 a 1,25 cm' e grave com menos de 1,0 cm'. Durante a ccocardiografia, a adequação da valva para uma val- votomia por balão também pode ser avaliada (veja posteriormen- te). Se até mesmo uma discreta tricú.•pide estiver presente, o gradiente sistólico através da valva tricú.•pide pode ser usado para :waliar a pressão da artéria pulmonar, que representa um fator prognóstico importante na estenose mitral, pois o prog- nóstico toma-se mais sombrio conforme a pressão pulmona Evolução Invasiva Cateterismo Cardíaco O catcterismo cardlaco geralmente é desnecessário para avaliar a gravidade da estenose mitral. Pelo fato de muitos pacientes com cstcnose mitral encontrarem-se cm idade comum à presença de uma doença coronariana, geralmente realiza-se uma artcriogra- lia coronariana no caso de antecipação da cirurgia cardfaca ou se o paciente tiver angina coex.istentc. comumentc realizam-se. cateterismos do coração esquerdo e do coração direito para confirmação do gradiente transmitral e para o cálculo da área valvar pela de Corlin (veja anteriormente). Prevenção e Tratamento e Estenose mitral pode ser evitada pelo tratamento antibiótico apropriado das infecções por estreptococos (Hlemollticos (Caps. 312 e 313). Terapia Clinica Pacientes assintom<\ticos com estenose mitral e ritmo sinusal precisam de nenhum tipo de terapia. Sintomas como dispneia dis- creta e ortopneia podem ser tratados apenas com diuréticos. Quando os sintomas agravam-se ou desenvolve-se hipertensão pulmonar, é preferlvel uma correçJlo mecànica da estenose â terapia clinica para melhorar a longevidade nos pacientes gravemente sintomáticos. Pacientes com estenose mitral que desenvolvem fibrilação atrial geralmente descompensam, pois a frequência cardlaca reduz o tempo de enchimento dlastólico e aumenta a pressão atrial esquerda e diminui o débito cardraco. A frequência cardlaca precisa ser controlada imediatamente, com preferência pela infusão de diltiazem ou esmolol para atrial aguda, ou com digoxina oral, ou bloqueador cio canal de cálcio para fibrilação atrial crônica (Cap. 63) Conversão ao ritmo sinusal é recomendada rotineiramente, far- macologicamente ou por meio de contrachoque de corrente conti- nua (Cap. 53), depois que a antJcoagulaçAo em nlvel terapêutico. Deve-se assinalar que os pacientes com fibrilação atrial reumática foram excluldos das experiências de cardioversão guiada pelo eco- cardiograma sem anticoagulação e experiências de controle da fre- quência versus controle do ritmo para o tratamento crônico da fibrilação atrial. Se o ritmo slnusal nao puder ser mantido, a terapia FIGURA 75-2 • Estenosemit ral. Uma vista en fosse de uma valva mitral C'Ste-nôtica na vista de eixo curto do ventrfculocsqucrdo estã mostrada à esquerda. A planimctria do 0tif1cio da valva mitral forneceu uma Area de 1,09 cm1. O ecoc.ardiograma no modo M à direita foi alinhado com as estruturas apropriadas na esquerda. Ele mostra a abertura restrita da valva mitral na diastote associada com o sopro em rufiar dias10lico. VO = ventnruo direito. (De: Aswy ME, USher ew, Carabello BA: lhe palient with volwlar hean disease. Em Pepine CJ, Hil JA, Umben CR [eds) : Diagnostic anel Th«apeutic Cardiac Catheterization, 3rd ed. Bahimore, Wilflams & Wikins, 1998, p 709.) e mecanica para estenose mitral é geralmente recomendada, na espe- rança de que ritmo sinusal possa ser restaurado depois que a obs- trução à ejeção atrial for corrigida. Entretanto, a causa da fibrilação atrial nos pacientes com estenose mitral provavelmente inclui infla- mação reumática atrial, de modo que a restauração de ritmo sinusal é imprevislvel mesmo depois da intervenção mecAnica. Como os pacientes com estenose mitral e fibrilação atrial têm um concomitante risco extraordinariamente alto de embolização sistê- mica, eles são anticoagulados com varfarina, com relação à norma- lização internacional na meta (RNI) de 2,5 a 3,5. Justifica-se a anticoagulação em todos os pacientes, a menos que haja uma séria contraindicação para seu emprego. Terapia Mecánica Quando os sintomas já progrediram, além da classe li da classifi- cação do New York Heart Association, isto é, sintomas com uma atividade acima da habitual ou tenha-se desenvolvido hipertensão pulmonar, o prognóstico é reduzido a menos que se alivie a este- nose mitral. Na maioria das circunstancias, pode ser obtido um excelente resultado com a valvotomia percu!Anea por balão. Em contraste com a estenose aórtica, há fusão dos folhetos valvares nas comissuras na estenose mitral. A dilatação com um balão pro- duz uma comissurotomia e um aumento substancial na área valvar que parece persistir por pelo menos uma década e fornece uma melhora comparável à da comissurotomia fechada ou a céu aberto em pacientes adequados. D A adequação para uma valvotomia por balão é parcialmente determinada durante a ecocardiografia. Pacientes com valvas flexlveis, pouca calcificação valvar, pouco envolvimento do aparato subvalvar e insuficiência mitral menos do que moderada constituem os candidatos ideais. Mesmo quando a anatomia valvar não é a ideal; no entanto, pode-se tentar a valvo- tomia em casos de idade avançada ou em situações nas quais os fatores de risco comórbidos aumentam o risco cirúrgico. Por outro lado, para pacientes saudáveis com anatomia valvar desfavorável, a cirurgia para a realização de uma comissurotomia a céu aberto ou a troca valvar é indicada. • MITRAL Epidemiologia A valva mitral é composta do anel mitral, dos follietos, das cor- doalhas tcndlne-.is e dos músculos papilares. AnormalidaMs cm qualquer uma destas estruturas podem levar àinsuficiência mitral A causa mais comum dessa insuficiência nos Unidos é o prolapso da valva mitral, responsável por aproximadamente dois terÇ{>S de todos os casos e composto por muitas doenças, incluindo a degeneração rnixomatosa da valva. A isquemia miocárdica, que leva à disfunção ou ao infarto do músculo papilar, representa a segunda causa mais comum, sendo responsável por aproximada- mente tun quarto de todos os casos. A calcificação anular, a en- docardite, as doenças vasctdarcs do colágcno e a doença cardfaca reumática são causas menos comuns. O uso dos agentes anorcx:l- genos dcxfenfiurarnina e fenf'luramina foi relacionado como causa de danos valvares em poucos pacientes que receberam droga. A insuficiência mitral pode ser subdividida com base cm sua cronicidade. As causas de insuficiência mitral aguda grave incluem cordoalhas tcndfneas a disfunção ou ruptura do músctdo papilar e endocardite infecciosa. A insu- ficiência mitral crônica grave provavelmente resulta de tuna de- generação mixomatosa da valva, doença cardfaca reumática ou calcificação anular. Fislopatologia A da insuficiência mitral pode ser dividida cm três fases (Fig. 75-3). Na insufic.iênc.ia mitral aguda de qualquer causa, capítulo 75 Doença Valvar cardíaca $ 619 Normal RM aguda 100ml A B RM compensada crônica RM descompensada crônica e D Pré-carga Pós-carga cs ESF (µ) (kdyne/cm2) FC FE FR VSA N 2,07 90 N 0,67 0,0 100 AMA 2,25 60 N 0,82 0,50 70 RMCC 2,19 90 N 0,79 0,5 95 RMDC 2,19 t20 l 0,58 0,57 65 FIGURA 75-3 • Regurgitação mitral. A e B, A fisiologia normal (N) (A) é comparada com a fisiologia da regurgitação mitral aguda (Rtv1A) (B). Agudamente, a sobrecarga de volume aumenta a pré-carga (comprimento do sarcômero (CSD, e o volume diastólico final (VDF) aumenta de 150 para 170 ml . Descarregar o ventrfculo esquerdo pela presença do caminho regurgitante diminui a carga (esforço sistólico final IESF]), e o volume sistólico final (VSF) cai de SO para 30 mL Estas alterações resultam em aumento na fração de ejeção (FE). Uma vez que 50% do volume sistólico ventricular esquerdo (VE) total (fração regurgitante (FRD são ejetados para dentro do átrio esquerdo {AE), o volume sistólico anterógrado (VSA), no entanto, cai de 100 para 70 mL Neste estágio, a função contrátil (FC) é normal. e, Regurgitação mitral compensada crônica (RMCC). Na RMCC, desenvolveu-se hipertrofia cardlaca excêntrica, e o VDF aumentou substancialmente. VOF aumentado, combinado com função contrátil normal, permite a ejeção de maior volume sistólico total e maior volume sistólico anterógrado do que na fase aguda. O aumento atrial esquerdo permite pressão atrial esquerda mais baixa. Uma vez que o termo do raio na equação de Laplace elevou-se com o aumento do volume do VE, a pós-carga e o VSF retornam ao normal. D .. Regurgitação mitral descompensada crônica (RMDC). Neste estágio, a disfunção contrátil causa um grande aumento no VSF com uma queda no volume sistólico total e anterógrado. O aumento adicional do VE piora da regurgitação mitral. As condições de carga relativamente favoráveis nesta fase ainda permitem uma FE normal, apesar da disfunção contrátil. (De: Carabello BA: Mitral regurgitation: Basic pathophysiologic principies. Mod Concepts Cardiovasc Ois 1988;57:53- 57.) a súbita opção pela cjc'Ção para dentro do átrio esquerdo "dc-spcr- diça" uma parte do volume de ejeção do VE como retrógra- do em vez de anterógrado. Os fluxos regurgitantes e anterógrados combinados causam sobrecarga do ventrículo c.çquerdo, que estira os sarcômeros existentes na direção de seu comprimento máximo. O uso do mecanismo de Frank-Starling é ma.-timizado, e o volume final aumenta concomitantemente. A via regurgitante de.=rrega o venL'ffculo durante a sístole, pois ela permite a ejeção para dentro do áL'fio esquerdo que tem uma impedância rclaLiva- 620 $ Cap itulo 75 Doença Valvar Cardíaca mente baixa, reduz.indo o volume sistólico final. Embora o volume diastólico final aumentado e o volume sistólico final diminuldo ajam 35SOCiadamenle para aumentar o volume de ejeção Lotai, o volume de ejeção anterógrado é subnormal, à medida que uma grande parte do volume de tjeção total é regurgitado para den- tro do átrio esquerdo. Este volume regurgitante aumenta a pressão atrial esquerda, de modo que o paciente experimenta a insufici- ência cardfaca com baixo débito cardíaco e congestão pulmonar mesmo com uma função contrátil do VE normal. Em mwtos casos, a insuficiência mitral aguda grave demanda uma correção cirúrgica de emergência. Os pacientes que podem ser tratados durante a fa.o;c aguda, frequentemente entram na fase de compensação. Nc.•ta fase, a hipertrofia do VC! e o volume diasLólico final aumentado, combinado com uma função contrátil normal, permitem a ejeção de um volume tota.1 suficien temente grande para permitir que um volume de ejeção anlerógrado volte ao normal. O aumento do :itrio esquerdo permite a acomodaçãodo volume regurgitante a uma pressão de enchimento menor. Nes- ta fase, o paciente pode ser relativamente assintomático, mesmo durante o cxcrdcio vigoroso. Ainda que a insuficiência mitral grave possa ser tolerada por muitos anos, a lesão eventualmente cau.o;a disfunção do VE. O vcntrlculo agora lesado apresenta um desempenho prejudicado na ejeção e o volume sistólico final aumenta. Maior volume resi- dual do Vil no final da slstole aumenta o volume diasLólico fmal, e a pressão diastólica final e os sintoma.• de oongcslilo pulmonar podem reaparecer. Uma dilatação adicional do VCl pode agravar o grau de insuficiência, causando alargamento adicional do anel milra.1 e desalin hamento dos músculos papilarc.ç. Apesar de exis- tir uma disfunção contrátil substancial, a pré-carga aumentada e a presença de uma via regurgitante, que tc.nde a normalizar a pré- carga mesmo com aumento ventricular, elevam a fração de ejeção e podem manté-lo dentro de uma variação relativamente normal As causas de disfunção contrátil do VB na insuficiência mitral podem estar relacionadas com perda das protclnas contrátcis e a anormalidades no manuseio do cálcio. Rm pelo menos alguns casos, a disfunção contrátil é reversível pela substituição da valva mitral no momento correto. Diagnóstico Os sintomas padrões da in.•uficiência cardlaca congestiva do lado esquerdo devem ser pcsqwsados (Cap. 57). Parn identificar as cau.•as cm potencial, deve-se questionar a história prévia de sopro cardlaco ou de exame cardíaco anormal (Cap. 48), doença cardlaca reumática, endocardite (Cap. 76), infarto do miocárdio (Cap. 72) nu uso de drogas anorcxígenas. Exame Clinico A sobrecarga de volume do ventrfculo esquerdo desloca o im- pulso apical (ictus) para baixo e para a esquerda. A 81 pode ser hipofonética cm intensidade, enquanto a 82 geralmente apresenta um desdobramento fisiológico. Na insuficiência mitral grave, a 82 é seguida pela 83, que não indica insuficiência cardfaca, mas reflete o enchimento rápido do ventrículo esquerdo pelo grande volume de sangue arma>.Cnado no átrio esquerdo durante a slstolc. O sopro tJpico da insuficiência mitral é um sopro apical holossistóLico que frequentemente se irradia na direção da :Wla (Cap. 48). llá uma correlação grosseira entre a intensidade do sopro e a gravidade da doença, esta correlação é muito vulnerável parn ser u.o;ada na tomada de decisão clinica, considerando-se que o sopro pode ser suave quando o débito cardíaco é bai:ro. Em contr.islc oom a este- nose aórt.ica, a intensidade do sopro não varia com o intervalo RR Na insuficiência mitral aguda, a presença de uma grande onda v pode produzir um equillbrio rápido das pressões atriais esquerdas e do Vil, reduzindo o gradiente de impulso e encurtando o sopro. Pode-se desenvolver hipertensão pulmonar e produzir sinais de insuficiência cardlaca do lado direito, levantamento pa- racsternal do VD, aumento do P2 e, se presente uma disfunção do VD, sinais de falência cardíaca direita. Avaliação Não Invasiva O ECG geralmente mostra uma sobrecarga do VE e anormali- dades atriais esquerdas. A radiografia de tórax habitualmente evi- dencia cardiomcgalia; a de cardiomcgalia indica ou que a insuficiência mitral é leve, ou que ela não se tornou crônica o suficiente para pcnnitir a ocorrência de uma dilatação cardíaca. A ecocardiografia revela a extensão do aumento do átrio cs,- qucrdo e do VE (Cap. 53). A imagem ultrassónica da valva mitral é excelente e oferece pista.ç p:1ra anormalidades que possam ser responsávci• pela insuficiência. A ecocardigrafia com Doppler do Ouxo colorido da valva (Fig. 75-4) ajuda a avaliar a gravidade da insuficiência, ma.• pelo foto de esta técnica realizar imagens de velocidade de tluxo cm vez do Ouxo real, ela é sujeita a er- ros de interpretação. A técnica Doppler(: excelente para excl uir a presença de insuficiência mitral e para distinguir entre os graus leves e. intensos. Embora técnicas mais novas possam quantificar a insuficiência mais precisamente, elas ainda não são de uso dis- seminado. O exame padrão com Doppler de fluxo colorido pode não ser o suficiente para a quantificação exata desta doença ou para determinar se a gravidade da lesão é suficiente para causar uma eventual disfunção do VE. Quando se está cm dúvida quan- to à gravidade da insuficiencia mitral ou vislumbra-se uma ci- rurgia da valva mitral, o cateterismo cardlaco (Cap. 56) constitui o procedimento mais adequado; ele deve incluir a artcriografta ooronariana cm pacientes oom mais de 4-0 anos ou com sintomas sugestivos de doença coro nariana (Cap. 70). Tratamento Terapia Clínica Insuficiência Mitral Aguda Grave Na insuficiência mitral aguda grave. o paciente geralmente está sintomático com insuficiência cardfaca ou até mesmo em choque. o objetivo da terapia dlniea consiste em aumentar o débito c;irdf- aco anterógrado enquanto concomitantemente reduz o volume regurgitante (Cap. 58). Os vasodilatadores arteriais reduzem a resis- tência sistêmica ao fluxo e preferencialmente aumentam o efluxo aórtico ao mesmo tempo em que diminuem a quantidade de insu· FIGURA 75-4 • Ecocardiograma bidimensional de regurgitação mitral com mapeamento Doppler de fluxo superposto a uma parte da imagem. A informação em cores é represet'ltada no setor do plano de imageamento que se estende do .1pice do plano triangular até as duas setas peqlJOOas embaixo do plano da imagem. A regur9itaç3o mitral (RM) es.tà indicada {setas abertas) e estende-se das v.llvulas da valva n-itral na direção da área posterio< do átrio esquerdo (AE) <*iranto a Slstcle. O mosoioo de cores, repn!<Mtando o sra regt19itante mitral, é de ftU>O n.b<Aento de alta Yelocidade o sNI castanho-alaranjado de baixa intensidade representa flUlCXl dirigido para longe do transdutor na parede t0tádca, • os tons de azul representam sangue no trato de ejeção ventricular na direção do transdutor. AO= aorta; \/E = ventr1culo esquerdo; VO • ventrlculo direito. ficiência mitral e de hipertensão atrial esquerda. Se já há hipoten- são, os vasodilatadores, como o nltroprussiato, reduzem ainda mais a pressão arterial e não podem ser usados. Nestes casos, o balão de contrapulsaçAo intra-aórtica (Cap. 108) é a opção de escolha se a valva aórtica for competente. A aumenta o débito cardlaco anterôgrado pela reduçAo da pós-Garga ventricular, enquanto aumenta a press.)o diastôlica SÍS!êmka. lnsufidênda Mitral Crônica Sintomática Em pacientes com insuficiência mitral sintomátka, os inibidores da ECA mostraram reduzir os volumes do VE e melhorar os sinto- mas. A cirurgia da valva mitral em detrimento da terapia dlnica constitui a melhor conduta na maioria dos pacientes sintomáticos com insuficiência mitral. Quando presente a fibrilação atrial, a anti- coagulação, a longo prazo, deve obter as mesmas variações de RNI que as da estenose mitral. Regurgitação Mitral Crônica Assintomática Os vasodilatadores sao pouco eficazes na redução do volume do VE ou no aumento da toleràncla aos exercidos nos pacientes com regurgitação mitral, provavelmente porque a pós-<arga geralmente não está aumentada nesses pacientes com regurgitação mitral crô- nica assintomática. Portanto, não existem evidências de que a redu- ção da pós-carga deva ser iniciada antes do aparecimento dos sintomas. Terapia Cirúrgica A fim de determinar o momento adequado para a cirurgia da valva mitral, é imprescindlvel avaliar os riscos da cirurgia e os de uma prótese, caso seja inserida, versus o risco de uma disfunção irreverslvel do VE se a cirurgia for insensatamente retardada. Para a maioria das doenças valvares, a correção cirúrgica geralmente requer a colocação de uma prótese valvar, mas, na insuficiência mitral, a valva nativa frequentemente pode ser reparada. Como a con- servação da valva nativa contorna os riscos de uma prótese, a opção pelo reparo da valva mitral deve influenciar o paciente e o médico quanto á realização de uma operação mais precoce.Tipos de Cirurgia para a Valva Mitral Reparo da Valva Mitral Quando exequlvel, o reparo da valva mitral é a cirurgia preferida. o reparo restabelece a competência valvar. mantém os aspectos funcionais do aparato e evita a inserçAo de uma prótese. O reparo é mais bem sucedido em casos de ruptura da cordoalha posterior; o comprometimento anterior e o reumático o tomam mais diffcil. Atualmente, a porcentagem de cirurgias da valva mitral que são reparações valvares varia de 0% a 95% em dtterentes centros hospitalares. Em todos os casos. a exequibilidade do reparo depende das alterações anatômicas que est.10 provocando insuficiência mitral, bem como da habilidade e experiência do cirurgião. Troca Valvar Mitral com Preservação do Aparato Neste procedimento. insere-se uma prótese valvar, mas man- tém-se a continuidade entre os folhetos nativos e os músculos papilares. Este procedimento tem a vantagem de assegurar a com- petência da valva mitral enquanto preserva os aspectos funcionais do aparato mitral no VE. Mesmo se apenas o folheto e as cordoa- lhas posteriores forem preservados. o paciente beneficia-se da melhor função ventricular pós-operatória e da melhor sobrevida. Em muitos casos, é possível preservar os ancoramentos anterior e posterior das cordoalhas, embora a continuidade anterior possa estar associada á obstruç3o da via de sarda do VE. A despeito de o paciente beneficiar-se do restabelecimento da competência da valva mitral e da manutenção da função do VE, a inserção de uma pró- tese ainda acarreta todos os riscos associados a ela. Troca Valvar Mitral Padrão Na troca valvar mitral padrão, os folhetos da valva mitral e de seu aparato são removidos e uma prótese valvar é inserida. Ainda que esta operação praticamente garanta a competência da valva capítulo 75 Doença Valvar cardlaca < 621 mitral, a destruição do aparato valvar mitral é problemático. dada a sua função fisiológica ser muito mais ampla do que simplesmente prevenir a insuficiência mitral. O aparato é responsável pela coor- denação da contração do VE, além de ajudar a manter o formato elipsoide eficiente do ventr1culo esquerdo. A destruição do aparato leva a uma queda súbita na função do VE e a um decltnio da fração de ejeção pós-operatória que, com frequência, é permanente. Realiza-se esta operação somente em circunst.\ncias nas quais a valva nativa não pode ser reparada, como na deformidade reumá- tica grave ou na insuficiência mitral isquêmica Momento Adequado para a Cirurgia Pacient.es Sintomáticos A maioria dos pacientes com sintomas de dispneia, ortopneia ou fadiga deve submeter-se á cirurgia, independente de qual seja, visto que a doença jã lhes impôs limitações a seu estilo de vida. A pre- sença de sintomas pode agravar o prognóstico apesar de a funçAo do VE estar relativamente bem preservada. O inicio dos sintomas ou seu agravamento representa uma slntese da flslopatologia do paciente, podendo fornecer uma perspectiva mais ampla da inte- gridade cardiovascular do que qualquer medida isolada de pressao ou de função. Pacientes Assintomáticos com Função Ventricular Esquerda Normal A cirurgia tem sido cada vez mais considerada em pacientes assintomáticos com funçao normal do VE, mas achados ecocardio- gráficos indicam a probabilidade de o reparo valvar ser bem-suce- dido. Apesar de estes pacientes apresentarem baixo risco sem cirurgia, o risco do reparo valvar é inferior a 1 %, e esta abordagem evita os riscos da troca valvar, que se fará necessária se a doença valvar progredir. o reparo valvar evita a necessidade de um acom- panhamento prolongado, oneroso e fornece uma durável da lesão. Esta abordagem é sensata, no entanto, quando se tem certeza da realização do reparo valvar, pois a de uma prótese acarreta riscos inaceitllveis neste grupo de baixo risco. Padentes Assintomáticos com Dísfunção Ventricular Esquerda o inicio da disfunção do VE na insuficiência mitral pode ocorrer sem a manifestação de sintomas. A cirurgia precoce é justificada para prevenir que a disfunção muscular torne-se grave ou írrever- slvei. Tanto no reparo quanto na troca valvar, a sob<evida é prolon- gada para próximo ou praticamente o normal se a cirurgia for realizada antes da fração de ejeção dedinar para menos de 0,60, ou antes que o ventrfculo esquerdo seja incapaz de se contrair para uma dimensão sistólica final de 45 mm. Os pacientes com insufi- ciência mitral grave devem ser acompanhados anualmente com história, exame clínico e avaliaçAo ecocardiográfica da funçAo do VE. Quando o paciente relata sintomas ou a ecocardiografia revela o inicio de uma disfunção do VE, a cirurgia deve ser realizada. Padentes Idosos Assintomáticos Os pacientes com mais de 75 anos de idade podem apresentar péssimos resultados cirúrgicos, especialmente se a doença corona- riana estiver presente ou se a troca valvar mitral, em vez de um reparo, precisar ser realizada. Embora pacientes idosos com sinto- mas refratários á terapia clinica possam beneficiar-se da cirurgia, há poucos motivos para impor aos pacientes idosos assintomáticos uma cirurgia valvar mitral. • PROLAPSO DA VALVA MITRAL Definição O prolapso da valva mitral ocorre quando ambos ou um dos fo- lhetos da valva mitral fazem um prolapso para dentro do átrio es- querdo superiormente ao plano anular da valva mitral durante a sístole_ A importância d= condição varia de paciente para P'.icicnte. 622 Capitulo 75 Doença Valvar cardíaca Em alguns casos, o prolapso é simplesmente uma consequência da fisiologia normal do VE, sem nenhum impacto clinico significativo, enquanto que, cm outros casos, há urna intensa deformidade valvar associada a risco aumentado de acidente vascular cerebral (AVC), arritmias, endocardite e evolução para uma mitral gra- ve. Exemplos da primeira situação são aqueles que produzem um ventrlculo esquerdo pequeno (i. e., a manobra de Valsalva ou um defeito na comunicação intcratrial), nos quais a redução no volume ventricular um alongamento relativo nas cordoalhas tcndíncas e subsequente pro lapso da valva mitral. Na outra extremidade does- pectro, a redund!ncia grave e a deformidade da valva, que ocorrem na degeneração valvar mixomatosa, aumentam o risco das compli - cações mencionadas anteriormente. Diagnóstico História A maioria dos pacientes com prolapso da valva mitral é as.<into- mátiC'.t. Em alguns casos, o prolapso da valva mitral está a.<.<OCiado a um complexo sintomático, incluindo palpitações, slncope e dor torácica. Às VC'lCS, a dor torácica está associada a uma cintilografia com tálio positiva, que indica a presença de isquemia verdadeira, apesar das artérias coronarianas epicirdicas normais, talvez por- que a tensão e>Ccessiva sobre.os músculos papilares aumenta o con- sumo de oxigênio e causa isquemia. A palpitação, slncopc franca e a pré-slncope, quando presentes, estilo ligadas a LLma disfunção autonómica (Caps. 61, 427 e 445), que parece ser mais prcvalente no prolapso da valva mitral. Exame Clfníco No exame clinico, a slndrome do prolapso da valva mitral pro- duz achados caracterlsticos de um click mcsossistólico e um so- pro tclcssistólico. O click ocorre quando as cordoalhas tendlneas estão estiradas ao m:iximo pela valva mitral prolapsantc durante a mcsosslstolc. Conforme isto ocorre, os folhetos mitrais movi- mentam-se além de seu ponto de coaptação, permitem a insufi- ciblcia mitral e causam o sopro tclcssistólioo (veja Tabela 48-6). As manobras que tornam o ''Cntrículo esquerdo menor, como a manobra de Valsalva, levam o click a se tornar mais precoce e o sopro a ser mais holossistólico e frequentemente mais audlvcl (veja Tabela 48-6). Em algu.ns casos de prolapso da vaJva mitral comprovado ccocardiogra6camente, nem o dick nem o sopro e.•t.1o presentes; cm outros ca.•os, encontra-se apenas um destes achados. Avalíação Não Invasiva A ccocardiografia é útil para comprovar a presença do prolapso, para reali2ar as imagens do grau de insuficiênciae de seus efeitos fisiológicos, e para discernir a anatomia patológica da valva mitral. Apesar de ser desnecessário um crocardiograma para diagnosticar esta condição cm pacientes com os achados clássicos, o ccocar- diograma acrescenta informações prognósticas importantes, pois pode identificar pacientes que t6n uma morfologia valvar cspc- ci6carncntc anormal e a maior parte das complicações da doença que os acometem. Na década de 1990, ficou esclarecido que o anel mitral não exis- tia cm um único plano, mas tinha o formato, na parle poslerior de uma sela de cavalo. O prolapso, mostrado na projeçM das quatro câmaras do ccocardiograma, deve ser confirmado na projcç-1o pa- racstcrnal no longo ei.m. Os diagnóstioos ccocardiográficos reali- zados antes do conhecimento sobre o plano multidimensional da valva mitral (por volta de 1987) podem estar equivocados. 1\'atamento Pelo fato de a maioria dos pacientes com prolapso da valva mitral ser assintomática. a terapia é desnecessária. Os pacientes com pro- lapso da valva mitral e sopro caracter1stico devem obse<Var a profi- laxia-padrão para a endocardite {Cap. 76). Os pacientes com folhetos valvares. de algum modo normais. que apresentam pro- lapso durante a ecocardiografia e que não tª"1 sopro cardlaco. n:io precisam de precauções para endocardite. Pacientes com valvas nitidamente anormais, mas sem nenhum sopro. recaem em uma categoria intermediMa para risco de endocardite, para o qual não se consegue traçar uma recomendação definitiva sobre a profilaxia. Em pacientes com palpitações e disfunção autonõmica. os li-bloque- adores são frequentemente eficazes no atrvio dos sintomas. A tera- pia com aspirina em baixas doses é recomendada para pacientes com folhetos redundantes. pois estes apresentam um risco leve- mente aumentado de AVC. No entanto, não existem dados prove- nientes de grandes estudos para corroborar esta Em pacientes que desenvolvem uma insuficiência mitral grave, a terapia é a mesma adotada para outras causas de insuficiência mitral. Prognóstico A maioria dos pacientes com prolapso da val\'3 mitral tem um curso clinico benigno; mesmo aqueles com tcnMncia a complica- çÕCS com folhetos mitrais redundantes e malformados, as complica- çôc.• são relativamen te raras. Aprox:imadamcnte 10% dos pacientes com folhetos espc.<.<ados C>'.pcrimcntam endocardite infecciosa, AVC, progressão para uma insuficiencia mitral grave ou morte súbita. A evolução para uma insuficiência mitral grave varia com o sexo e a idade, e os homens apresentam aproximadamente duas vezc.• a pos- sibilidade de ela progl'l.'dir com relaç1o às mulheres. Por volta dos 50 anos, apenas cerca de l cm cada 200 homens precisa de cirurgia para corrigir a insuficiência mitral. Em tomo dos 70 anos de idade, o risco aumenta para aproximadamente 3%. • AÓRTICA Definição A insuficil'ncia aórtica é causada ou por anormalidades nos fo- lhetos aórticos, ou por anormalidades na parte proximal da raiz da aorta. As anormalidades dos folhetos que cau.•am insuficiên- cia aórtica incluem valva llÓrLica bicúspide, endocardite infeccio- sa e doença cardlaca rcwrnllica; a.< drogas anorcxígenas também foram implicadas. Anormalidades comuns na raiz da aorta, que caLL•am esta doença, incluem a síndrome de Marfan (Cap. 281}, ectasia anuloaórtica induzida pela hipertensão, dissecção aórtica (Cap. 78), sUilis (Cap. 341), espondilite anquilosante (Cap. 286) e artrite psoriática (Cap.286}. A insuftciblcia aórtica aguda geral- mente é causada pela endocardite infecciosa {Cap. 76) ou disscc- ção aórtica. Fisiopatologla Conforme ocorre na mitral, a insuficiência aórti- ca impõe ao ventrículo esquerdo uma sobrecarga de volume, já que c.stc precisa bombear o íluxo antcrógrado que entra a partir do átrio esquerdo e o volume regurgitante que retorna através da valva aórtica incompetente. Assim como ocorre na insuficiência mitral, a compensação para a sobrecarga de volume ocorre pelo desenvolvimento da hipertrofia cardlaca excêntrica, que aumenta o tamanho da câmara e permite ao bombc-.u LLm volu- me de ejeção total maior e um maior volume de tjcçilo antcrógra- do. O alargamento ventricular também possibilita que o ventrículo acomode a sobrecarga de volume a uma menor pressão de enchi- mento. Em contraste com a insuficiência mitral, na insuficiência aórtica, a totalidade do volume é ejetado dentro da aorta. Devido à pressão de pulso ser proporcional ao volume de ejeção e a clas- t'1ncia da aorta, o volume de ejeção elevado aumenta a pressão sis- tólica A hipertensão sistólica leva a um cx:ccsso na pós-carga, que geralmente não ocorre na insuficiência mil'ral A geometria ventri- cular também difere entre as insuficiências mitral e aórtica, pois o de pós-carga na insuficiência aórtica causa um modesto elemento de hipertrofia concêntrica, assim como uma intensa hi- pertrofia concêntrica. Na insuficiência aórtica aguda, como a que poderia ocorrer na endocardite infecciosa, a sobrecarga de volume grave sobre o ven- trículo esquerdo, previamente despreparado, resulta em queda súbita no débito anterógrado, enquanto aumenta a de enchimento do VB. Provavelmente, é esta combina- ção de futores fisiopatológicos que leva a uma rápida, presumivelmente porque o gradiente para o san- guíneo coronariano é intensamente diminuído, causando mia e deterioração progressiva na função do VB. Na in.rnficiência aórtica aguda, a vasoconstrição rcf'Jcxa aumenta a resistência periférica. Na aórtica crônica compensada, a vasoconstrição está ausente, e a vascular pode ser reduzida e contribuir para a hiperdinârnica observada nestes pacientes. Manifestações Clinicas Os mais comuns da aórLica crônica correspondente aos da cardíaca esquerda, ou seja, dispncia aos ortopncia e fadiga. Na aórtica aguda, o débito cardíaco e o choque podem se desenvolver rapi- damente. O início dos na aórtica crônica, geralmente prenuncia o inlcio da do VE. Alguns pacientes sintomáticos têm aparentemente uma função sistólica normal, e os sintomas podem ser à disfunção diastólica. Outros pacientes podem ter didi.1nção ventricular e, ainda assim, permanecerem assintomáticos. A angina também pode ocorrer em pacientes com insuficiên- cia aórtica, mas comumenre do que na estenose aórtica. A da angina na insuficiência aórtica é multifatorial. A rt>scrva de fluxo sanguíneo coronariano é reduzida em alguns pacientes, o t>scape para dentro do ventrículo esquerdo reduz a diastólica aórtica, enquanto atunenta a pressão diastólica do VB- duas inJluências reduzem o gradiente da pressão para o fluxo através do leito coronário. Quando a angina manifesta-se na insuficiência aórtica, ela pode ser acompw1ada por rubor fa- cial Outros sintomas incluem dor na artéria carotldea e uma per- cepção desagradável do batimento cardíaco. Diagnóstico Exame Clinico A insuficiência aórtica produz uma miríade visto que um ventrículo esquerdo hiperdinârnico e alargado ejeta um gran- de volume a para dentro da circulação sistêmi- ca. A palpação do precórclio constata um impulso apical (ictt1s) hiperativo deslocado para baixo e para a esquerda. A B 1 e a B2 geralmente são A B2 é seguida por tun sopro suave mais audível ao longo da borda esternal com o paciente sentado na posição ereta. Na doença de grau leve, o so- pro pode ser curto, audlvel apenas no começo da diástole quan- do o gradiente entre a aorta e o ventrkulo é maior. Conforme a doença evolui, o sopro pode durante toda a diástole. Um segundo sopro, um rufar na valva mitral, é audlvel no ápice do VB na insuficiência aórtica intensa. Apesar de a causa ainda ser discutível, sopro de AustinFlint provavelmente é produzido conforme o jato regurgitante lança-se sobre a valva mitral e causa a sua vibração. Na insuficiência aórtica crônica, o elevado volume de ejeção e a arterial sistêmica reduzida resultam em pressão de pul- so alargada, que pode gerar uma pletora de sinais. Estes incluem o de Corrigan (elevação abrupta e declíniorápido do pulso ca- rotfdeo ), o sinal de Musset (balanço da cabeça), sinal de Durozkz (sopros sistólicos e diastólicos combinados criados pela compres- capítulo 75 Doença Valvar cardíaca $ 623 são da artéria femoral com o estetoscópio), e o pulso de Quin- cke (pletora e branqueamento diastólico no leito ungueal quando se faz tuna tração suave sobre a unha) . Talvez o sinal confiável de todos, no que se refere à insuficiência aórtica grave, seja o sinal de Hill, um aumento na pressão de pulso sistólica femoral de40 mmHgou comparada com a pressão sistólica na artéria braquial. Em com a insuficiência aórtica crônica, que vários cl1nicos, a insuficiência aórtica aguda pode ter uma manifestação mais sutil A hipertrofia que compensa a insuficiência aórtica crônica, ainda não teve tempo de se desen- volver, e o grande volume de ejeção total rc-sponsável pela maioria dos de insuficiência aórLica crônica está ausente. pistas da presença de insuficiência aórLica aguda po- dem rernmir-se a um sopro diastólico curto suave e uma inten- sidade reduzida de B 1. Este último sinal ocorre quando a elevada diastólica do VB fecha a valva mitral prt'COcemente na diástole (pré-fechamento da valva mitral) de modo que, quando ocorre a sfstole ventricular, apenas o componente tricúspide da B 1 éaudlvd. Avaliação Não Invasiva O ECG na aórtica é inespecllico, quase sem- pre mostra uma sobrecarga do VB. A radiografia de tórax mostra um coração alargado, frt>quentemente com o alargamento da raiz da aorta. A ecocardiogralia (Cap. 53) é o c.ume não inva.otivo mais impor- tante para a avaliação da gravidade da aórtica e de seu impacto sobre a geometria e a função do VB (Fig. 75-5) . Durante a ccocarcliogralia, a dimensão dia.çtólica final do VE, a dimensão final e a fração de encurtamento são determinadas. A ana- tomia da valva aórtica e a anatomia da raiz da aorta podem ser ava- liadas e a causa da insuficiência aórtica fn>quentemente pode ser determinada. O com Doppler colorido do da aórtica ajuda a quantificar a gravidade da insuficiência aórtica, :1valiando a profundidade e a largura pelas quais o jato diastólico peneLn no ventrículo Outra maneira de avaliar a gravidade da do- ença no método de meio-tempo pressórico: o exame com Doppler de onda contínua da valva aórtica apre-senta o decaimento da velocidade do Buxo retrógrado da valva. Na insuficiên- cia aórtica leve, o gradiente através da valva é alto durante toda a diástole e sua velocidade de decaimento lenta, produzindo um meio-tempo Doppler longo (o tempo que leva a velocidade decair RGURA 75 .. 5 • Ecocardiograma de um paciente com regurgitaçã'o aórtica causada por endocardite infecàosa. O painel esquerdo mostra uma vegetação linear (seta) prolapsando para dentro do trato de ejeção ve-ntricular esque-rdo a partir da válvula da valva aórtica na diástole. AO= aorta; AE = âtôo esque-rdo; VE = ventrtculo esquerdo; VO = ve-ntrfculo direito. O painel direito é um Doppler de fluxo em cores, exibindo fluxo sangufneo turbulento que enche o trato ventricular esquerdo durante a diástole. {Cortesia do Dr. Anthony OeMaria.) 624 $ capltulo 75 Doença Valvar cardíaca de seu pico até aquele valor dividido pda raiz quadrada de 2). Na insuficiência aórtica grave, há um rápido equillbrio entre a são na aorta e a no <'S<!uerdo, e o meio-tempo Doppler é curto. Se detectado um pré-fechamento da valva mitral na insuficiência aórtica aguda, faz-se necessária uma cirurgia de urgência. Em casos em que a gravidade da insuficiência aórtica não foi definida, o cateterittno para a realização de uma aortografia constitui a melhor opção. Tratamento Terapia Clinica Pacientes Assintomáticos com Função Ventricular Esquerda Normal Como a insuficiência aórtica aumenta a pós-carga do VE, dimi- nuindo a eficiência cardlaca, a redução da pós-carga com nifedipina e outros vasodilatadores, que inclui os inibidores da enzima conver- sora de angiotensina e hidralazina, melhora a hemodinamica a curto prazo. Embora os dados iniciais tenham sugerido que essa terapia poderia retardar ou reduzir a necessidade de cirurgia da valva aórtica, sem qualquer efeito adverso quando a cirurgia fosse finalmente efetuada. dados mais recentes sugerem ausência de beneficio por essa terapia. Estes resultados discrepantes de experi- ências relativamente pequenas impedem recomendações firmes. Pacientes Sintomáticos ou Pacientes com Disfunção Ventricular Esquerda Os pacientes que são sintomáticos ou manifestam disfunção VE não devem ser tratados clinicamente, exceto para estabilização a curto prazo, mas devem receber cirurgia da valva aórtica tão logo seja posslvel. Terapia Cirúrgica Insuficiência Aórtica Aguda Quando há o desenvolvimento de quaisquer sintomas ou sinais de insuficiência cardlaca, mesmo que leves, a mortalidade clinica é alta, chegando a 75%. A terapia com vasodilatadores, como o nitroprussiato, pode ajudar a melhorar as condições do paciente antes da cirurgia, mas não substitui a cirurgia. Em pacientes com insuficiência aórtica aguda causada pela endocardite bacteriana (Cap. 76), a cirurgia pode ser adiada para pennitir um curso pleno ou parcial de antibióticos, mas no caso de uma insuficiência aórtica grave, persistente, é imprescindlvel a troca valvar de emergência. Até mesmo quando as hemoculturas recentes revelarem-se positi- vas e a antibioticoterapia tenha sido de duração breve. a taxa de reinfecção da valva é baixa. 0% a 10%. A cirurgia de emergência não deve ser negligenciada simplesmente pelo fato de a duração da terapia antibiótica ter sido breve. Regurgitação Aórtica Crônica Pacientes assintomáticos que manifestam evidências de disfun- ção do VE beneficiam-se da cirurgia. Dadas as diferentes condições de sobrecarga entre a insuficiência aórtica e a mitral, os marcado- res objetivos para a presença de disfunção de VE também diferem. Na insuficiência aórtica, quando a fração de ejeção é menor do que 0,55 ou a dimensão sistólica final maior do que 55 mm, o prognóstico pós-operatório não é tão otimista, presumivelmente porque estes marcadores indicam a presença de uma disfunção do VE. A cirurgia deve ser realizada antes de atingir estes pontos de referência. Os pacientes com sintomas avançados têm risco aumentado diante de um resultado cirúrgico subótimo, independentemente de terem evidência de disfunção do VE. Os pacientes devem se sub- meter á substituição da valva aórtica antes que os sintomas preju- diquem o seu estilo de vida. Embora alguns pacientes possam ser capazes de receber repara- ção bem-sucedida da valva aórtica para restaurar a competência desta. a maioria dos pacientes necessita da colocação de uma prótese de valva aórtica. • TRICÚSPIDE Definição A tric{tspide geralmente é secundária a uma sobre- carga hemodinâmica sobre o ventrículo direito e não a uma defor- midade estrutural da valva. As doenças que provocam hipertensão pulmonar, como a doença pulmonar obstruliva crônica (DPOC) ou os slumts intracardlacos, levam à dilatação do VI> e à insufi- ciência tricúspide subsequente. Considerando que a maior parte da força necessária para encher o ventrículo esquerdo é fornecida pdo ventrículo direito, a do VE, que provoca pressões de enchimentos de VE elevadas, também coloca o ventrículo direito sob uma sobrecarga hemodinãmica e, eventualmente, pode levar à insuficiência do VI> e à insuficiência tricúspide. Às vezes, a insu- ficiência tricúspide pode ser causada por uma doença da própria valva. A causa comum de tricúspide primária é a endocardite infecciosa, geralmente proveniente do abuso de drogas e injeçôes não Outras causas incluem a síndrome carcinoide, o envolvimento reumático da valva tric6spide, a de- generação mixomatosa, o infarto do VI> e compLicaçôes durante uma biópsia endomiocárdica. Diagnóstico Os sintomas da insuficiência tricúspide são os de uma insufici- ência cardíaca direita, incluindo ascite, edema, e, ocasionalmente, dor no quadrante