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FILME “O CÍRCULO “
Análise com adição de perguntas feitas pela professora TAIS ALEXANDRE 
ALUNA: DIARLE BEATRIZ SILVA DOS SANTOS
Vivemos em uma época sem precedentes, na qual a disposição de poder está mudando em todo o mundo. Uma das grandes responsáveis por esse feito é a internet, com a sua conectividade e velocidade de informações nunca alcançadas. A conectividade digital revolucionou o modo de nos relacionarmos e vivermos. Buscamos atualizações instantâneas e inovações que saciem nossas necessidades. A tendência à mobilidade distingue o consumidor da era digital do de outros mercados. Ele pode tomar decisões de compra em qualquer lugar e a qualquer momento, envolvendo uma grande variedade de dispositivos. Para Kotler, o objetivo do marketing na era digital, onde o ambiente é tão mutável, complexo e competitivo, é ter a capacidade de guiar o consumidor em uma jornada que começa na apresentação e assimilação do produto e termina na sua total fidelização a ponto de torná-lo embaixador (defensor) da marca. O Círculo representa uma comunidade que tem como dever está conectada durante todo o período e todos sempre ativos, obtendo como consequência problemas físicos e psicológicos. Um dos representantes da empresa desenvolve um projeto de micro câmeras que possibilita que todos os Seres Humanos do mundo inteiro compartilhem tudo e sendo projetado em tempo real. O filme revela uma tendência perigosa, da exacerbada exibição do indivíduo ao mundo virtual, a interatividade com as redes sociais e o controle tecnológico por meio destas. Ademais, nos possibilita fazer uma reflexão sobre a sociedade, a imprescindibilidade dos limites e o direito à privacidade, em especial, no universo incógnito da internet. Dito isto, evidencia o dilema das fronteiras entre o público x privado. O direito à privacidade é um direito fundamental que está na essência das liberdades individuais, que além do amparo no âmbito constitucional, concatena-se com os direitos humanos. Há divergência doutrinária na aplicação da norma . Em regra, tal premissa não é absoluta, isto é, há sua ponderação quando contrapõe outros direitos considerados de maior relevância, a exemplo do interesse público ou social e da justiça, inobstante, ainda em detrimento a práticas criminosas, conforme entendimento do STF. No tocante a ato ilícito, a perseguição de Mercer, que se finda em um trágico acidente, é passível de imputar ato ilícito, conceituando: Ato ilícito, é portanto, “ Aquele que, por ação, ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Também o comete aquele que pratica abuso de direito, ou seja, o titular de um direito que, ao exerce-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes” (art. 186 e 187, CC). Direito gravemente ferido, no que concerne à sua privacidade e intimidade. O Brasil é um dos pioneiros na busca por legislação específica que regule o uso da internet no país. Há alguns anos foi criado o Marco Civil da Internet e, tendo em vista tratar-se de um documento que tem reconhecimento amplo, tanto em território nacional quanto fora do país, ainda é pouco conhecido pelos próprios brasileiros. Inclusive a Lei nº 13.709/2018 dispõe sobre o tratamento de dados pessoais. Trata-se da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais. Essa Lei traz regras para disciplinar a forma como os dados pessoais dos indivíduos podem ser armazenados por empresas ou mesmo por outras pessoas físicas. E não vamos esquecer a Constituição Federal no art. 5.º, inciso X tratou de proteger a privacidade assim assegurando: são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Dito isso, o filme apresenta uma empresa fictícia de mesmo nome com um ambiente e dinâmica organizacional pautados pela tecnologia. Tomando esse cenário como partida, observa-se como a personagem principal Mae Holland interage com diferentes tecnologias dentro da organização e como são desencadeadas as consequências dessa interação. Em uma de suas primeiras cenas na empresa, pode-se observar Mae constrangida com o elevador, que foi capaz de reconhecê-la através de sua identidade e exibir fotos pessoais suas sem nenhuma autorização prévia. Considerando o conceito de Clarke de que a privacidade é um direito dos indivíduos em manter espaço pessoal, livre de interferência de outros indivíduos ou organizações, tem-se que desde as suas primeiras interações, Mae teve sua privacidade desrespeitada pela empresa, que expôs uma foto que ela não gostaria que fosse divulgada. Esse sistema, coloca os usuários, que nesse caso são os funcionários, em uma posição de mercadoria de consumo. Para ser reconhecida por Jared, seu superior que fez seu treinamento inicial, Mae se esforça para ter uma média superior a 90, pois só assim será valiosa para a empresa. Ainda nesse aspecto, vê-se que Mae é cobrada por manter um perfil na rede social da empresa. O incentivo exacerbado a expor na rede social seus gostos e atividades mostra a necessidade da empresa de categorizar seus funcionários como mercadorias. Ao ser atendida pelo serviço médico da empresa, Mae recebe um wearable, isto é , uma pulseira que, ao entrar em contato com a pele, coleta diferentes dados de saúde do usuário, como batimentos cardíacos, colesterol e qualidade do sono. Desse modo, ela fica surpreendida pelas suas vantagens, mas sem entender claramente seus riscos, que também não foram pontuados pela representante da empresa que forneceu o equipamento. Porém, infere-se que a confiança na empresa O Círculo pode ser o fator responsável por induzir Mae a fornecer acesso aos seus dados. O uso de tecnologias no ambiente corporativo é apenas um indicativo de um uso muito mais amplo. Constata-se que a empresa O Círculo dedica muitos esforços para estabelecer seus produtos no mercado consumidor afim de ter acesso a informações que seriam inacessíveis, através da rede social True You e da mini câmera See Change. Inicialmente, a empresa já possui um produto bastante consolidado, porém, esse era apenas o primeiro passo na sua estratégia. Utilizando essas duas tecnologias em larga escala, O Círculo seria capaz de extrair informações em texto e em imagens de toda a sociedade. Lembrando que com os bancos de dados de reconhecimento facial, as empresas já apresentam interesses comerciais na coleta e uso das informações reunidas por seus softwares. No projeto que a empresa de Mae criou, utilizavam da imagens de pessoas sem suas devidas autorizações, como no caso de Mercer, pois ele não queria ser filmado ou que sua vida fosse exposta, mas não respeitaram sua vontade , o que acabou em tragédia, Mercer perdeu a vida pela perseguição das pessoas invadindo sua privacidade. Em virtude da relevância cada vez maior de tecnologias na sociedade, seja nos âmbitos pessoais ou organizacionais, meu objetivo foi analisar os principais aspectos do conflito entre o desenvolvimento tecnológico e os limites da privacidade, a partir da análise do filme O Círculo (2017), de James Ponsoldt. Claro que essas tecnologias tem seu lado bom, só não podemos esquecer que elas também tem seu lado ruim. Existem vários exemplos no próprio filme, com a rede social “True You” nota-se que a interação social com membros da empresa e da comunidade émuito boa, mas em contrapartida a exposição não-autorizada de momentos ou informações pessoais de indivíduos comuns é uma consequência negativa. A tecnologia de sistema de pontuação dos funcionários com base em avaliações dos clientes melhora o atendimento da empresa e o aumento da produtividade, mas isso gera objetificação dos funcionários como “mercadorias de consumo”. No caso da pulseira para vigilância de dados da saúde do indivíduo ajuda positivamente na prevenção de novas doenças e controle e eliminação de doenças já diagnosticadas, mas isso também gera exposição de dados de saúde ao uso indevido. A Mini câmera “See Change” ajuda a evitar acidentes e coletar dados climáticos para previsões mais assertivas, em contrapartida leva a exposição não-autorizada de momentos ou informações pessoais de indivíduos comuns.
Muitas consequências foram desencadeadas a partir de violações à privacidade informacional dos indivíduos. E vale a pena destacar que, em algumas situações, essa exposição de informações pessoais acontece de maneira voluntária, quando os indivíduos não entendem o risco a que estão se submetendo, ou de maneira não-autorizada, quando uma instituição com poder se utiliza das circunstâncias para vigiar e coletar dados pessoais de membros da comunidade em que estão inseridos. Isso faz com que os benefícios inicialmente percebidos tenham um alto custo pessoal para os personagens. Fazendo um paralelo com a realidade, infere-se que as pessoas e a sociedade como um todo podem ganhar bastante com a utilização de tecnologias para resolver problemas sociais significativos, porém, é preciso avaliar, conhecer e prevenir os efeitos negativos que podem estar atrelados ao seu uso.
Ao observar o alinhamento entre as situações apresentadas no filme e a fundamentação teórica, a escolha do filme como objeto de estudo é ratificada e nos é permitido extrapolar as conclusões obtidas para as situações reais.
Este trabalho configura sua importância ao analisar os possíveis impactos de tecnologias como wearable e reconhecimento facial frente à privacidade dos indivíduos que estão expostos a elas, mas tem a limitação de analisar apenas um objeto fictício. Por ter esse caráter, o enredo do filme tem algumas insuficiências que poderiam ser abordadas em uma análise de tecnologias que são utilizadas atualmente na sociedade, como qual a relação dos governos e os impactos legais para as empresas que estão na vanguarda das inovações ou como os usuários dessas tecnologias interpretam e respondem aos termos de uso e privacidade. Para futuras pesquisas, sugiro novos estudos que abordem a privacidade e as tecnologias de maneira mais aprofundada, explorando para como essa relação está sendo trabalhada em situações reais. Pra finalizar acredito que o filme nos leva a refletir sobre os limites do indivíduo e do mundo de fantasia que existe apenas virtualmente. O quanto estaríamos dispostos a abrir mão do pensar individual para ser cerceado no seu direito de ir e vir? Será que podemos retirar a maldade do mundo a partir de câmeras que destroem qualquer privacidade? Ainda questiono se seria real “saber sobre tudo” e se seria saudável. Muitos pontos positivos foram manifestados em cenas do filme como encontrar quase que imediatamente uma pessoa foragida da lei ou ainda prestar ajuda a qualquer vítima de acidente, sequestro e todos os mais crimes possíveis. Será que esse benefício seria suficiente para abrir mão do seu Eu em todo o tempo? E como ficariam as pessoas que não desejariam participar desse experimento? Talvez a mensagem do filme seja essa. A espécie humana está preparada para se manter viva e consciente de si? Ou será que estamos presos em uma grande roda gigante do capitalismo e tecnologia? Talvez estamos retornando infinitamente do ponto em que partimos, como em um círculo.

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