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Hilário Oliveira T29 @hilarioof BASES MOLECULARES DO CÂNCER INTRODUÇÃO: O câncer é uma doença genética, em que o passo inicial para que a doença ocorra é uma lesão no DNA → levando à uma mutação → favorecendo a célula a ter um processo de proliferação continuada, que entrará em conjunto com os outros aspectos do câncer, como a invasão e metastatização. O QUE LEVA AO PROCESSO DE PROLIFERAÇÃO DESCONTINUADA? Há uma alteração no material genético da célula que não é suficiente para leva-la a apoptose, mudando os genes que controlam a proliferação celular e iniciando uma divisão descontrolada. QUE GENES REGULAM A PROLIFERAÇÃO CELULAR? Proto-oncogenes: Tem função fisiológica de aumentar a proliferação celular em situações fisiológicas, tais como uma lesão ou corte → no entanto, em casos de mutação desse gene, eles são transformados em oncogenes (genes geradores de câncer) → o processo de proliferação passa a ser nocivo ao hospedeiro por não ter fim. Genes supressores de tumor: Retardam ou até param o ciclo celular → Em função normal, esses genes sinalizam a parada da proliferação celular quando a mesma não é mais necessária → no entanto, em casos de mutação desse gene, a proliferação celular não é impedida quando desnecessária. Genes que regulam a apoptose: Em caso deperda desses genes, as células permanecem em seu ciclo celular, apesar de apresentarem algum defeito ou mutação no seu gene, deixando o paciente suscetível ao câncer. Genes envolvidos no reparo do DNA: Uma vez que o DNA é lesionado, esses genes fazem o seu reparo, parando o ciclo celular para evitar mutações ou a perda da célula → caso o gene seja perdido, o paciente é suscetível à cascata da carcinogênese. CICLO CELULAR: Normalmente a célula se encontra na fase G0 → por algum estímulo externo, a célula passa para G1 → processo de síntese de material nucleico → G2 e por fim mitose. o processo é regulado por vários genes, desde genes que aceleram o processo, até genes que o retardam ou param. um exemplo de genes que aceleram esse processo do ciclo celular são as ciclinas. um exemplo de genes que param esse ciclo são as proteínas do P21 ou P53. O PROCESSO DE CARCINOGÊNESE: O processo de carcinogênese é iniciado por uma célula normal que sofre uma mutação → a célula é mutada (a primeira mutação é chamada de mutação iniciadora) → favorecimento do surgimento de novas mutações (as mutações que seguem a mutação iniciadora são as mutações condutoras) → com as mutações ocorrendo (instabilidade genômica → mutações passageiras), a célula finalmente adquire um fenótipo canceroso, com uma capacidade de proliferação sem freio (fenótipo darwiniano). Hilário Oliveira T29 @hilarioof As células formadas a partir desse momento são heterogêneas, garantindo ao câncer, a capacidade de executar múltiplas funções, como invasão de tecidos e fuga do sistema imunológico. O fenótipo tumoral darwiniano vem do conceito de que a primeira mutação gera novas mutações e essas novas mutações geram tumores heterogêneos que geram as características do câncer. Nesse processo, há uma clara competição entre as células cancerosas e as células normais por nutrientes, oxigênio e sensibilidade com o tratamento. MARCAS MOLECULARES DO CÂNCER: O que uma célula precisa ter para desenvolver câncer. Autossuficiência dos sinais de crescimento: A célula cancerosa precisa ser capaz de proliferar de forma indefinida, independente da sinalização do corpo. Insensibilidade aos sinais inibidores de crescimento: A sinalização do corpo não impede a célula cancerosa de se proliferar. Metabolismo celular alterado: Para que a célula consiga se proliferar de maneira desregulada, o seu metabolismo precisa lhe dar as condições necessárias para que essa proliferação ocorra. Evasão da apoptose: O mecanismo salva as células mutadas. Potencial de replicação ilimitado: Isso torna a célula cancerosa praticamente imortal. Angiogênese mantida: A capacidade de formar vasos sanguíneos garante a nutrição e metástase do tumor Capacidade de invadir e metastatizar: O tumor tem a capacidade de invadir e metastatizar pelas suas características que diferem das células normais. Capacidade de evadir da resposta imune do hospedeiro: A célula cancerosa consegue mascarar através de sinalizações internas por vias de receptores, a resposta do sistema imunológico. AUTOSSUFICIÊNCIA DOS SINAIS DE CRESCIMENTO: O crescimento de uma célula normal ocorre através da ligação de um fator de crescimento no receptor celular → o receptor uma vez ativado, produz ATP ou GDP, dependendo da sua via de ligação → a energia gerada ativa uma via de segundos mensageiros → os mensageiros ativados, em sua cascata, chegam ao núcleo → promoção do crescimento celular. Muitas vezes ocorrem mutações nesse caminho de proliferação. Podem ocorrer mutações nos receptores de fatores de crescimento: (EX) amplificação de HER-2 do câncer de mama → os fatores de crescimento são proteínas sanguíneas ou de região parácrina próxima ao tumor → o contato com o receptor ativa a cascata do receptor e ativam a proliferação → no caso da mutação do receptor HER-2 do câncer de mama → os receptores estão em alto número, Hilário Oliveira T29 @hilarioof estando a célula, sensibilizada à pouca quantidade de fator de crescimento. Podem ocorrer proliferação excessiva com as tirosinas-quinases não receptoras: (EX) a proteína BCR-ABL na leucemia mieloide crônica → na LMC há uma translocação do gene ABL para próximo ao BCL → a mutação desses dois genes produz uma tirosina que independe de sinalização de fatores de crescimento para a proliferação celular. Pode ocorrer também a mutação de um segundo mensageiro: (EX) BRAF. Um segundo mensageiro pode tornar a cascata de ativação da proliferação celular contínua, mesmo que outros fatores estejam íntegros. Oncogenes: aumento de expressão de MYYC → MYC é um gene efetor → vai ao núcleo e inicia a proliferação; então, pode ocorrer uma mutação no próprio gene efetor. Pode ocorrer uma amplificação de gene: um exemplo é o neuroblastoma. Pode ocorrer o aumento das atividades de vias de sinalização a montante. Um importante exemplo de oncogenes são as ciclinas → são pontos de checagem, de uma fase a outra no ciclo celular. Para que a célula mude de fase, é importante que o fator de crescimento (ex. E2F) vá ao núcleo e sinalize aos genes efetores que a proliferação pode seguir. Quem regula a liberação do fator de crescimento E2F é o Rb (proteína do retinoblastoma), quando fosforilado, liberando assim E2F, enviando-o ao núcleo e ativando os genes efetores da proliferação celular. → Quanto maior a quantidade de ciclinas, maior a fosforilação de Rb e consequentemente, maior proliferação celular. Existem pontos de checagem G1 que são controlados por ciclinas D e existem também outros pontos, controlados por outras ciclinas → além disso, as cininases são enzimas que degradam as ciclinas. INSENSIBILIDADE AOS SINAIS INIBIDORES DE CRESCIMENTO: Genes supressores de tumor ➔ param o processo de proliferação. O Rb fica ligado ao fator de transcrição E2F → quando fosforilado, E2F é liberado em direção ao núcleo → as ciclinas aceleram esseprocesso pela proliferação do Rb. Existem proteínas, como P53 que irão liberar outros segundos mensageiros, tais como P21 e inibem assim, as ciclinas. Gene RB → gene supressor de tumor: mutações de perda de função do RB levam à uma proliferação celular → câncer. Pode ocorrer também uma amplificação do gene CDK4 e ciclina D → aumentando a velocidade do ciclo celular. Pode ocorrer uma perda de cinases dependentes de ciclina (p16/INK4a) → uma vez que as cinases degradam as ciclinas. Existem também oncoproteínas virais que inibem a ação do RB, como as proteínas do vírus HPV. Outro exemplo de gene supressor de tumor é o P53 → esse gene é responsável por ligar-se ao DNA lesado e gerar uma cascata de segundos mensageiros, causando alterações nas células → alterações como a ativação do gene BAX responsável por apoptose, levar a célula ao estado de senescência (perdendo sua capacidade proliferativa), pode aumentar o gene P21 que é um inibidor de CDK e parando o ciclo celular na fase de G1, pode também ativar enzimas de reparo (GADD45) concertando o DNA lesionado. Outro gene supressor de tumor é o APC → tem função intracelular de ubiquinização da B- catenina (proteína citoplasmática ligada à outra célula através da caderina) → em um processo normal, uma lesão fisiológica causa uma perda de coesão entre células e isso causa a liberação da APC e B-catenina → B- catenina entra no núcleo e induz a proliferação celular → a célula prolifera até o Hilário Oliveira T29 @hilarioof momento que o próprio APC, com quem a B- catenina estava, a destrói. Em tumores em que a célula perde o APC, uma vez que ocorre o processo com a B-catenina, a proliferação não pode ser impedida. METABOLISMO CELULAR ALTERADO: Para que o crescimento celular seja favorecido, o metabolismo deve estar alterado. Efeito de walburg: A célula normal ao entrar em contato com a glicose → glicólise inicial → ciclo de Krebs → liberação de ATP. Na célula tumoral → a glicólise inicial ocorre, liberando poucas moléculas de ATP → não há entrada no ciclo de Krebs para a produção de mais ATP → ao invés disso a glicose entra na mitocôndria para produção de proteína e aminoácidos (assim, a célula tem maior avides por glicose que a célula normal). Outro mecanismo importante é a autofagia → a célula consome suas próprias proteínas para que possa gerar mais ATP. EVASÃO DA APOPTOSE: A evasão da apoptose ocorre quando ocorre mutações nas vias de apoptose, impedindo-a de acontecer. Duas vias regulam a apoptose, uma via extrínseca e outra intrínseca. Na via extrínseca, um fator externo ativa a via → ocorre a transformação de pró-caspase em caspase → caspase chega à mitocôndria, ativando a via de BAX/BAK, através dos efetores BCL2, BCLXL e MCL1 → ocorre com os efetores, a produção de mais caspase → o excesso de caspase induz a apoptose. A via intrínseca resulta de uma lesão no DNA → ativação do P53 → Liberação de BAX/BAK na mitocôndria → apoptose. Mutações nessas vias impedem que ocorra apoptose. Outra alteração pode ser a mutação do receptor FADD → perca da sensibilidade do fator de crescimento → não há produção de caspase → sem apoptose. POTENCIAL DE REPLICAÇÃO ILIMITADO: A capacidade proliferativa de uma célula é dada pelo tamanho do seu telomero → como isso se dá? Quanto mais divisões celulares ela tem, maior vai ficando o seu telomero → até que a célula perde a capacidade de proliferar (senescência) → então caso ocorra mutação no P53, a senescência não vai ocorrer → logo, células com telomeros encurtados vão sofrer mutações e anomalias Hilário Oliveira T29 @hilarioof → continuação no ciclo celular e mais proliferações Logo, perda do P53, levando a perda da capacidade de senescencia, evasão do processo de mitose pela reexpressão de telomerase pela célula e sua capacidade de renovação são fatores importantes para a replicação ilimitada. Quando ocorre um dano ao DNA, há necessidade de corrigir esse dano e isso se dá pelos genes de reparo. Há 4 lesões de DNA: troca de um nucleotídeo por outro na produção; erro com pontes que apareçam dentro do DNA; quebra de fita simples ou quebra de fita dupla → para cada erro, existem enzimas específicas para o reparo. Lesão de fita simples → PARP Lesão de dupla fita → BRCA ANGIOGÊNESE MANTIDA: A célula tumoral nasce em um meio que é favorável o seu crescimento, até que o seu tamanho impede uma nutrição adequada e por difusão simples apenas; a célula tumoral secreta então fatores de crescimento → os fatores vão aos vasos sanguíneos e estimulam a angiogênese para nutrir o tumor. CAPACIDADE DE INVADIR E METASTATIZAR: É a capacidade que define um câncer → o que difere o câncer do tumor benigno é a capacidade de invasão dos tecidos. Uma vez que invade o tecido → ocorre a dissociação do tumor primário para que possa se disseminar → afim de colonizar sítios secundários. CAPACIDADE DE EVADIR DA RESPOSTA IMUNE DO HOSPEDEIRO: A célula pode ter uma falha na apresentação do antígeno tumoral → a célula pode não expressar na sua superfície o antígeno para a célula de defesa. Perda ou redução na expressão de MHC → o linfócito assim não consegue agir. Ativação de vias imunorregulatórias → a célula tumoral pode produzir citocinas imunossupressoras. Secreção de imunossupressores Indução de Tregs Existem fatores que estimulam e fatores que reduzem a resposta imunológica. Reduzem a expressão de PD-L1 e PD-L2 e ativam CTLA-4 nas células efetoras → induzem uma down regulation. Inibem fatores estimuladores de APCs (CD28). Hilário Oliveira T29 @hilarioof HALLMARKS OF CÂNCER: Os marcadores moleculares do câncer são as características que a célula cancerosa adquire.
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