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NEOPLASIAS - MECANISMOS DA CARCINOGÊNESE ROTEIRO: ✓ Mecanismo da carcinogênese ✓ Etapas da carcinogênese; ✓ Ocorrem mutações SEMPRE: nos oncogenes, supressores tumorais e genes envolvidos no controle da apoptose. ✓ Alterações epigenéticas → fatores ambientais 1.CONCEITOS INICIAIS Massa tumoral: parecida com patas de caranguejo, no qual se enraizava → definido por Hipócrates; Câncer = neoplasias malignas; Mecanismo que transforma a célula normal em célula neoplásica = carcinogênese; Há mais de 200 tipos diferentes de câncer; As neoplasias podem acometer todos os órgãos. 2.CARCINOGÊNESE: UM PROCESSO DE MÚLTIPLAS ETAPAS Felizmente, na maioria, senão em todas as instâncias, uma única mutação não é suficiente para transformar uma célula normal em uma célula cancerosa. Além do início do tumor a partir de uma única célula fundadora, é importante reconhecer que os cânceres continuam a sofrer uma seleção darwiniana e, portanto, continuam a evoluir. 2.1. CARACTERÍSTICAS DO CÂNCER Parece que todos os cânceres apresentam oito mudanças fundamentais na fisiologia das células, que são consideradas as características do câncer: Sendo as mais importantes: sinalização proliferativa sustentável (oncogenes), evasão de supressores de crescimento, resistência à morte celular. 2.2. CICLO CELULAR 1. Ligação de um fator de crescimento ao seu receptor específico na membrana celular; 2. Ativação transitória e limitada do receptor do fator de crescimento, que, por sua vez, ativa várias proteínas transdutoras de sinal no folheto interno da membrana plasmática; 3. Transmissão do sinal traduzido através do citosol para o núcleo, por meio dos segundos mensageiros ou por uma cascata de moléculas de transdução de sinal; 4. Indução e ativação de fatores reguladores nucleares que iniciam e regulam a transcrição do DNA e a biossíntese de outros componentes celulares que são necessários para a divisão celular, como organelas, componentes da membrana e ribossomos; 5. Entrada e progressão da célula no ciclo celular, resultando em divisão celular. Ras (se liga ao GTP) → Raf→ MEK →ERK → ativa a transcrição gênica da ciclina D (induz a entrada das células no ciclo celular) na qual vai se ligar à CdK4/CDK6 e dar origem ao ciclo celular. Hipersecreção de fator de crescimento= célula prolifera mais (processo hiperplásico). Mas vale lembrar que a hiperplasia é diferente da neoplasia. Pois a neoplasia é uma proliferação descontrolada. O grande problema nas células neoplásicas é que pode acontecer mutações em QUALQUER etapa listada: fatores de crescimento, receptores, proteínas de atividade quinase, fatores de transcrição, ciclinas- CDKs. 3. AUTOSSUFICIÊNCIA NOS SINAIS DE CRESCIMENTO A autossuficiência de crescimento que caracteriza as células cancerosas geralmente é fruto de mutações de ganho de função que convertem proto-oncogenes em oncogenes. Os oncogenes codificam proteínas chamadas oncoproteínas que promovem o crescimento celular, mesmo na ausência de sinais normais de promoção do crescimento. • Proto-oncogenes: genes celulares normais cujos produtos promovem a proliferação celular • Oncogenes: versões mutantes ou superexpressas de proto- oncogenes que funcionam de forma autônoma sem exigência de sinais normais de promoção do crescimento. TRATAMENTO: os pacientes com câncer são tratados com inibidores específicos desses oncogenes; Ex: câncer de fígado é tratado com serofenib, melanoma é tratado com BRAF 600, detalhe: eles são muito caros em média de meio milhão As oncoproteínas promovem a proliferação celular descontrolada por meio de vários mecanismos: • Expressão independente de estímulo do fator de crescimento e seu receptor, estabelecendo um circuito autócrino de proliferação celular (p. ex., receptor PDGF-PDGF nos tumores cerebrais); • Mutações em genes que codificam receptores de fatores de crescimento ou tirosina cinases que induzem a sinalização constitutiva; • Amplificação de genes da família de receptores EGF, como HER2 no câncer de mama; • Fusão de porções do gene tirosina cinase ABL e do gene da proteína BCR, criando um gene de fusão BCR-ABL que codifica uma tirosina cinase constitutivamente ativa, em certas leucemias; • Mutações em genes que codificam moléculas de sinalização; • RAS comumente sofrem mutações nos cânceres humanos e normalmente oscilam entre o estado de repouso, quando ligadas à GDP, e o estado GTP ativo; as mutações bloqueiam a hidrólise de GTP para GDP, levando à sinalização descontrolada; • Superprodução ou atividade desregulada de fatores de transcrição; • A translocação do MYC em alguns linfomas desencadeia a superexpressão e expressão desregulada de seus genes-alvo que controlam o ciclo e a sobrevivência das células; • Mutações que ativam genes de ciclina ou inativam reguladores negativos das ciclinas e as cinases dependentes de ciclina; Complexos de ciclinas com CDKs dirigem o ciclo celular por fosforilação de vários substratos e normalmente são controlados por inibidores de CDK. Mutações nos genes que codificam as ciclinas, as CDKs e os inibidores de CDK resultam em progressão descontrolada pelo ciclo celular e são encontradas em uma grande variedade de cânceres, incluindo os melanomas e os cânceres cerebral, pulmonar e pancreático OBRIGATORIAMENTE: MUTAÇÕES NOS PROTO- ONCOGENES→ ONCOGENES Resumindo: Mutações puntiformes (mutação de ponto) → troca de um par de bases Mutação por inserção → insere uma base nitrogenada Translocação → troca na região de um cromossomo para outro cromossomo. Acontece nas leucemias e linfomas, de linhagem linfoide → hipermutação somática Amplificação gênica → aumenta o número de cópias de genes Hiperexpressão gênica → aumento da leitura do gene , de forma particular no mecanismo epigenético. 4. INSENSIBILIDADE AOS SINAIS INIBIDORES DO CRESCIMENTO Danos no DNA : químicos, físicos , biológicos Pontos de checagem Enquanto os oncogenes codificam proteínas que promovem o crescimento celular, os produtos dos genes supressores de tumor aplicam “freios” à proliferação celular. O sinal pode fazer com que as células em divisão entrem em G0 (quiescência), onde permanecem até que sinais externos estimulem sua reentrada no ciclo proliferativo. Proteínas sensoras ativam duas proteínas importantes ATM e ATR, cujas essas ativam a p53 → p21, p27, p16 e outras relacionados a apoptose), a p21 (inibe os complexos ciclina-CDK e evita a fosforilação da proteína RB, interrompendo assim as células na fase G1.) Nunca proliferar com dano para não haver um tumor. Genes supressores de tumor = p53, p21, p27, p16, pRb = reguladores do ciclo celular. Mutação com perda de função = inativadoras . OBRIGATORIAMENTE : MUTAÇÃO NOS SUPRESSORES TUMORAIS. 4.1. RB: GOVERNADOR DO CICLO CELULAR • Assim como outros genes supressores de tumor, ambas as cópias de RB devem estar disfuncionais para que o desenvolvimento do tumor ocorra. • Nos casos do retinoblastoma familiar, uma cópia defeituosa do gene RB está presente na linhagem germinativa, de modo que apenas uma mutação somática adicional é necessária para eliminar completamente a função de RB. • RB exerce efeitos antiproliferativos ao controlar a transição G1-para-S do ciclo celular. Na sua forma ativa, a RB está hipofosforilada e se liga aos fatores de transcrição E2F. Esta interação evita a transcrição de genes como a ciclina E que são necessários para a replicação do DNA e, portanto, as células permanecem aprisionadas em G1. • A sinalização do fator de crescimento leva à expressão de ciclina D, ativação de complexos de ciclina D-CDK4/6, inativação de RB por fosforilação e, portanto, liberação de E2F. • A perda de controle do ciclo celularé fundamental para a transformação maligna. Quase todos os cânceres apresentam o ponto de controle G1 desativado devido à mutação do gene RB ou genes que afetam a função da RB, como ciclina D, CDK4 e CDKIs. • Muitos vírus de DNA oncogênicos, como o HPV, codificam proteínas (p. ex., E7) que se ligam à RB e tornam-na não funcional. 4.2. TP53: GUARDIÃO DO GENOMA • O gene TP53 codifica a proteína p53, o monitor central do estresse na célula, que pode ser ativada por anóxia, sinalização inadequada por oncogene ou dano ao DNA. A p53 ativada controla a expressão e a atividade dos genes envolvidos na parada do ciclo celular, reparo do DNA, senescência e apoptose. • O dano ao DNA leva à ativação de p53 por fosforilação. A p53 ativada impulsiona a transcrição da p21, que impede a fosforilação de RB, causando, portanto, um bloqueio de G1-S no ciclo celular. Essa pausa permite que as células reparem o dano ao DNA. • Se o reparo do DNA não for possível, p53 induz senescência ou apoptose celular. • Dos tumores humanos, 70% demonstram perda bialélica de TP53. Os pacientes com a rara síndrome de Li-Fraumeni herdam uma cópia defeituosa de TP53 na linhagem germinativa, de forma que somente uma mutação é necessária para a perda da função normal de p53. Na síndrome de Li-Fraumeni, os pacientes são propensos a desenvolver uma ampla variedade de tumores. • Como ocorre com a proteína RB, a p53 pode ser incapacitada pela ligação a proteínas codificadas por vírus de DNA oncogênicos, como o HPV. 5. EVASÃO DOS MECANISMOS DE APOPTOSE. Resulta da inibição de genes pró-apoptóticos( BAX, BAK, NOXA, PUMA), da hiperexpressão de genes antiapoptóticos (gene BCL-2, pela translocação t(14;18) no linfoma folicular, BCL-XL) ou da inativação de genes cujos produtos fazem a checagem de lesões no DNA (p. ex., TP53, frequentemente inativado em vários tumores). OBRIGATORIAMENTE: MUTAÇÕES EM GENES REGULADORES DA APOPTOSE. O tumor ganha mais resistência à apoptose a cada ciclo celular. As células neoplásicas bombeiam os quimioterápicos para fora, como um mecanismo de evasão da apoptose. Células tumorais originam-se de células normais que sofreram alterações no DNA (fatores genéticos) ou em mecanismos que controlam a expressão gênica (fenômenos epigenéticos), em um ou mais locos envolvidos no controle da divisão e da diferenciação celulares. A carcinogênese um processo de múltiplas etapas decorrente do acúmulo de inúmeras alterações genéticas que geram coletivamente o fenótipo transformado e todas as características associadas, discutidas mais adiante. 6. ETAPAS DA CARCINOGÊNESE → Iniciação (agressões físicas, químicas ou biológicas- agentes carcinogênicos-levam a mutações: supressores, oncogenes ou genes envolvidos na apoptose) pode demorar anos; → promoção: célula sofre estímulo proliferativo por conta de processos inflamatórios, regulação hormonal ou lesão tecidual; → progressão: se uma célula começou com uma mutação e se proliferou as demais também terão mutações, acontecendo um acúmulo de mutações supracitadas e novas mutações (em todas as classes). Nem toda célula que sofre mutação inicial completará todas as etapas, se fosse o contrário, quando fôssemos à praia, por exemplo, voltaríamos com neoplasias. Porque o nosso DNA sofre uma mutação devido aos raios solares. O dano genético não letal encontra-se no centro da carcinogênese; Um tumor é formado pela expansão clonal de uma única célula precursora que sofreu dano genético (ou seja, os tumores são clonais); • Quatro classes de genes reguladores normais • Os proto-oncogenes promotores do crescimento; • Os genes supressores do tumor que inibem o crescimento; • Os genes que regulam a morte celular programada (apoptose) • Os genes envolvidos na reparo do DNA – são os principais alvos de mutações causadoras de câncer. Em negrito são as principais. • Alterações epigenéticas. OBS.: Molecularmente as neoplasias benignas param nessas etapas da carcinogênese, não completando todas as etapas. A seleção das células mais aptas pode explicar não só a história natural do câncer, como também as mudanças no comportamento do tumor após a terapia. Havia uma grande discussão, quais doenças poderiam receber esse termo “câncer”, quais suas características. Douglas Hanahan, Robert Weinberg, fizeram um artigo sobre os marcadores oncológicos, as características obrigatórias como: sinalização proliferativa sustentável (oncogenes), evasão de supressores de crescimento, resistência à morte celular, instabilidade genômica, ativação de invasão e metástase, inflamação indutora de tumores, ativação de imortalidade replicativa (telomerase), desregulagem de energética celular , indução à angiogênese, escape de destruição imune. 7. MECANISMOS EPIGENÉTICOS NA CARCINOGÊNESE Mecanismos epigenéticos são aqueles em que as alterações gênicas independem de modificações na sequência do DNA (mutações), embora sejam transferidas para as gerações seguintes, sendo causados por fatores ambientais. Os genes supressores de tumor e os genes de reparo de DNA também podem ser silenciados por alterações epigenéticas, que envolvem alterações reversíveis e hereditárias na expressão gênica que ocorrem não por mutação, mas pela metilação do promotor. O mecanismo epigenético mais conhecido é silenciamento gênico por hipermetilação de sequências CpG em promotores gênicos; quando isso acontece, não há expressão do gene correspondente (silenciamento gênico). Alguns tumores humanos apresentam metilação em genes supressores de tumor (BRCA-1 no carcinoma da mama) e em genes de reparo do DNA (MLH1 no câncer colorretal). As metilações acontecem geralmente em genes de supressores de tumor. As acetilações promovem a superexpressão dos oncogenes. Resumindo: A metilação = inibe A acetilação= ativa Além das dezenas de mutações teremos esses mecanismos epigenéticos.
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