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Administração de Medicamento OBJETIVOS • Discutir as responsabilidades e papéis da enfermagem na administração de medicamento. • Descrever os mecanismos fisiológicos da ação do medicamento. • Fazer a diferenciação entre os diversos tipos de ações de medicamento. • Discutir os fatores do desenvolvimento que influenciam a farmacocinética. • Discutir os fatores que influenciam as ações dos medicamentos. • Discutir os métodos empregados para educar os pacientes sobre as medicações prescritas. • Comparar e contrastar os papéis do provedor de cuidado de saúde, farmacêutico e enfermeiro na administração da medicação. • Implementar as ações de enfermagem para prevenir erros de medicação. • Descrever os fatores a considerar quando se escolhem as vias de administração de medicações. • Calcular corretamente as doses de medicação prescritas. • Discutir os fatores a incluir ao se avaliar as necessidades de um paciente e a resposta à terapia medicamentosa. • Identificar os seis certos da administração de medicamentos e sua aplicação nas instituições clínicas. • Preparar e administrar de maneira correta e segura os medicamentos. TERMOS-CHAVE Absorção, p. 603 Administração parenteral, p. 607 Alergia medicamentosa, p. 605 Biotransformação, p. 604 Bucal, p. 607 Depressão, p. 606 Desintoxicar, p. 604 Disco transdérmico, p. 608 Efeito sinérgico, p. 605 Efeito terapêutico, p. 604 Efeitos adversos, p. 605 Efeitos colaterais, p. 605 Efeitos tóxicos, p. 605 Erro de medicação, p. 616 Farmacocinética, p. 603 Inaladores com dose metrificada pressurizados (pMDIs), p. 630 Infusões, p. 606 Injeção, p. 603 Instilação, p. 608 Interação medicamentosa, p. 605 Intra-articular, p. 608 Intracardíaco, p. 608 Intradérmico (ID), p. 607 Intramuscular (IM), p. 607 Intraocular, p. 609 Intravenoso (IV), p. 607 Irrigações, p. 609 Leis de Prática de Enfermagem (NPAs), p. 602 Meia-vida biológica, p. 606 Método de trajeto em Z, p. 642 Oftálmico, p. 630 Pico, p. 606 Polifarmácia, p. 625 Prescrição verbal, p. 613 Prescrições, p. 615 Reação idiossincrásica, p. 605 Reações anafiláticas, p. 605 Reconciliação medicamentosa, p. 617 Sistema métrico, p. 609 Solução, p. 609 Subcutâneo, p. 607 Sublingual, p. 607 Os pacientes com problemas de saúde empregam uma gama de estratégias para restaurar ou manter sua saúde. Uma estratégia que eles frequentemente utilizam é a medicação, uma substância usada no diagnóstico, tratamento, cura, alívio ou prevenção de problemas de saúde. Não obstante o local em que os pacientes recebem os cuidados de saúde (p. ex., hospitais, clínicas ou no domicílio), as enfermeiras desempenham uma função essencial na preparação, administração e avaliação dos efeitos das medicações. Os familiares, os amigos ou os profissionais de cuidados domiciliares frequentemente administram as medicações quando os pacientes não conseguem fazê-lo sozinhos. Em todos os ambientes, as enfermeiras são responsáveis por avaliar os efeitos das medicações sobre o estado de saúde efetivo do paciente, por ensinar o paciente sobre as medicações e seus efeitos colaterais, por incentivar à adesão ao regime medicamentoso, e por avaliar a capacidade do cuidador familiar e do paciente na administração das medicações. Base de conhecimento científico Como a administração da medicação e a avaliação constituem uma parte primordial da prática de enfermagem, as enfermeiras precisam entender as ações e os efeitos de todas as medicações recebidas por seus pacientes. Administrar medicações com segurança requer uma compreensão dos aspectos legais dos cuidados de saúde, farmacologia, farmacocinética, as ciências da saúde, fisiopatologia, anatomia humana e matemática. Legislação e Padrões da Medicação Regulamentações Federais O governo dos Estados Unidos protege a saúde das pessoas ao garantir que as medicações sejam seguras e efetivas. A primeira lei norte-americana a regular as medicações foi a Pure Food and Drug Act. Esta lei exige apenas que todas as medicações sejam produtos isentos de impurezas. A legislação subsequente criou padrões relacionados com a segurança, potência e eficácia. Atualmente, a Food and Drug Administration (FDA) promulga leis sobre medicações que garantem que todos os medicamentos no mercado sejam submetidos a testes exaustivos antes de serem vendidos ao público. As leis federais sobre medicação também controlam as vendas e a distribuição de medicamentos; testes, denominação e rotulagem; e o uso de substâncias controladas. As publicações oficiais, como a United States Pharmacopeia (USP) e o National Formulary, estabelecem os padrões para a força, qualidade, pureza, embalagem, segurança, rotulagem e forma da dose. Em 1993 a FDA instituiu o programa MedWatch. Este programa voluntário incentiva as enfermeiras e os profissionais de saúde a reportar quando uma medicação, produto ou evento médico provoca grave dano a um paciente ao preencher o formulário do MedWatch. O formulário está disponível no endereço eletrônico do MedWatch (USFDA, 2015). No Brasil, veja Anexo 03: PROTOCOLO DE SEGURANÇA NA PRESCRIÇÃO, USO E ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS*. Protocolo coordenado pelo Ministério da Saúde e ANVISA em parceria com FIOCRUZ e FHEMIG. http://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/public acoes/item/seguranca-na-prescricao-uso-e-administracao-de- medicamentos Regulamentações Estaduais e Municipais das Medicações As leis estaduais e municipais das medicações devem adequar-se à legislação federal. Com frequência, os estados possuem controles adicionais, incluindo o controle de substâncias não regulamentadas pelo governo federal. Os órgãos governamentais municipais regulam a utilização de álcool e tabaco. Leis de Medicação e Instituições de Cuidados de Saúde As instituições de cuidados de saúde estabelecem políticas individuais para satisfazer às regulamentações federais, estaduais e municipais. O tamanho da instituição, os serviços por ela fornecidos e os profissionais por ela empregados influenciam estas políticas. Com frequência, as políticas das instituições são mais restritivas que os controles governamentais. Por exemplo, uma política de instituição comum é a interrupção automática de narcóticos depois de um determinado número de dias. Embora um profissional de saúde possa tornar a prescrever o narcótico, esta política ajuda a controlar a terapia medicamentosa desnecessariamente prolongada porque ela exige que o profissional de saúde reveja regularmente a necessidade para a medicação. Regulamentações de Medicação e Prática de Enfermagem As Leis de Prática de Enfermagem (Nurse Practice Acts - NPAs) estaduais americanas definem o espectro das responsabilidades e funções profissionais das enfermeiras. A maioria das NPAs é deliberadamente abrangente, de modo que as responsabilidades profissionais das enfermeiras não são limitadas. As instituições de cuidados de saúde podem interpretar as ações específicas permitidas sob as NPAs; contudo, elas não podem modificar, expandir ou restringir o intuito da lei. A intenção principal das NPAs consiste em proteger o público de pessoas não capacitadas, sem formação e não licenciadas. A enfermeira é responsável por seguir as orientações legais quando administra substâncias controladas como opioides, as quais são rigorosamente controladas por meio das diretrizes federais e estaduais. As violações do Controlled Substances Act (Lei das Substâncias Controladas) são passíveis de punição através de multas, detenção e perda da licença de enfermeira. Os hospitais e outras instituições de cuidados de saúde possuem políticas para o armazenamento e a distribuição adequados de narcóticos (Quadro 32- 1). Quadro 32-1 Diretrizes para a Administração e Controle Seguros de Narcóticos • Guarde todos os narcóticos em um recipiente ou armário trancado e seguro (p. ex., os armários trancados e computadorizados são os preferidos). • Mantenha uma contagem atualizada dos narcóticos ao contá-los sempre que dispensá-los. Se você encontrar uma discrepância, corrija e reporte imediatamente. •Utilize um registro de estoque especial cada vez que um narcótico é dispensado. Com frequência, são mantidos registros eletrônicos e proporcionam uma contagem contínua adequada dos narcóticos utilizados, perdidos e restantes. • Utilize o registro para documentar o nome do paciente, a data, o horário da administração do medicamento, nome do medicamento e dosagem. Quando a instituição mantém um registro por escrito, a enfermeira que dispensa o medicamento assina o registro. Quando a instituição utiliza um sistema computadorizado, o computador registra o nome da enfermeira. • Uma segunda enfermeira testemunha o descarte da porção não utilizada quando uma enfermeira administra apenas parte de uma dose de uma substância controlada. Os sistemas computadorizados registram eletronicamente os nomes das enfermeiras. Quando são mantidos registros em papel, ambas as enfermeiras assinam seus nomes no formulário. Siga a política da instituição para o descarte apropriado de narcóticos. Não coloque as partes descartadas dos medicamentos em recipientes para objetos cortantes. Conceitos Farmacológicos Nomes da Medicação Alguns medicamentos possuem até três nomes diferentes. O nome químico de uma medicação fornece a descrição exata de sua composição e estrutura molecular. As enfermeiras raramente utilizam nomes químicos na prática clínica. Um exemplo de um nome químico é N-acetil-para-aminofenol, o qual é comumente conhecido como Tylenol. O fabricante que desenvolveu pela primeira vez o medicamento dá o nome genérico ou não-proprietário, com a aprovação do United States Adopted Names (USAN) Council (AMA, 2015). O acetaminofeno é um exemplo do nome genérico para o Tylenol. O nome genérico se transforma no nome oficial listado em publicações oficiais, como a United States Pharmacopeia (USP). O nome comercial, o nome de marca ou o nome próprio é o nome sob o qual o fabricante comercializa o medicamento. O nome de marca possui um símbolo (™) no canto superior direito do nome, indicando que o fabricante possui o registro comercial do nome do medicamento (p. ex., PanadolTM e TempraTM). Os fabricantes escolhem nomes comerciais que sejam fáceis de pronunciar, soletrar ou lembrar. Muitos fabricantes produzem o mesmo medicamento e as semelhanças entre os nomes comerciais frequentemente geram confusão, portanto tenha o cuidado de obter o nome exato e ao dizer cada medicamento que você administra para seus pacientes. Como as semelhanças nos nomes dos medicamentos constituem uma causa comum de erros médicos, o Institute for Safe Medication Practices (ISMP) (2015a) (http://www.ispm.org/Tools/confuseddrugnames.pdf) publica uma lista de medicamentos que são frequentemente confundidos uns com outros. O ISMP recomenda o uso de letras em caixa alta ou misturadas aprovadas pela Food and Drug Administration quando possível (p. ex., aMILoride versus amLODIPine) para ajudar os profissionais de saúde a reconhecer facilmente a diferença entre estes medicamentos comumente confundidos. Classificação A classificação do medicamento indica o efeito de uma medicação sobre um sistema orgânico, os sintomas que um medicamento alivia ou seu efeito desejado. Em geral, cada classe contém mais de um medicamento que é utilizado para o mesmo tipo de problema de saúde. Por exemplo, os pacientes portadores de asma frequentemente tomam uma variedade de medicamentos para controlar sua doença, como os agonistas beta2-adrenérgicos. A classificação beta2-adrenérgicos contém mais de 15 medicamentos diferentes (Lehne, 2013). Alguns medicamentos se situam em mais de uma classe. Por exemplo, a aspirina é um medicamento analgésico, antitérmico e anti- inflamatório. Formas de Medicação Os medicamentos estão disponíveis em várias formas ou preparações. A forma da medicação determina sua via de administração. A composição de um medicamento aumenta sua absorção e metabolismo. Muitos medicamentos são disponibilizados em diversas formas, como comprimidos, cápsulas, elixires e supositórios. Quando administrar um medicamento, certifique-se de usar a forma apropriada (Tabela 32-1). Tabela 32-1 Formas de Medicamentos Forma Descrição Formas de Medicamentos Comumente Preparados para a Administração por Via Oral Formas Sólidas Comprimidos revestidos Forma de dosagem sólida para uso oral, com formato semelhante a uma cápsula e revestido para facilitar a deglutição Cápsula Medicamento revestido por uma cobertura de gelatina Comprimido Medicamento em pó comprimido em um disco ou cilindro rígido, além do medicamento principal, contém ligantes (adesivos para permitir que o pó se agregue), desintegradores (para promover a dissolução do comprimido), lubrificantes (para a facilidade da fabricação) e preenchimentos (para o tamanho de comprimido conveniente) Comprimido com revestimento entérico Comprimido revestido que não se dissolve no estômago; os revestimentos se dissolvem no intestino, onde o medicamento é absorvido Formas Líquidas Elixir Líquido claro contendo água e/ou álcool; frequentemente adocicado Extrato Forma de medicamento concentrado feito ao se separar a parte ativa do medicamento de seus outros componentes Solução aquosa Substância dissolvida em água e xaropes Suspensão aquosa Partículas de medicamento livremente dissolvidas, dispersas em um meio líquido; quando a suspensão permanece parada, as partículas se assentam no fundo do recipiente Xarope Medicamento dissolvido em uma solução de açúcar concentrada Outras Formas Orais e Termos Associados às Preparações Orais Pastilha (hóstias) Comprimidos planos e arredondados que se dissolvem na boca para liberar o medicamento; inadequado para a ingestão Aerossol Medicamento aquoso borrifado e absorvido na boca e nas vias aéreas superiores; inadequado para a ingestão Liberação sustentada Comprimido ou cápsula que contém pequenas partículas do medicamento revestido com material que exige um intervalo variado de tempo para se dissolver Formas de Medicamentos Comumente Preparados para a Administração por Via Tópica Pomada (creme) Preparação semissólida aplicada externamente, contendo usualmente um ou mais medicamentos Linimento Comumente contém álcool, óleo ou emoliente em sabão, aplicado na pele Loção Suspensão semilíquida que comumente protege, resfria ou limpa a pele Pasta Pomada espessa, absorvida mais lentamente através da pele do que a pomada; frequentemente utilizada para a proteção da pele Disco ou placa transdérmica Medicamento em disco ou placa absorvido lentamente através da pele durante um longo intervalo de tempo (p. ex., 24 horas) Formas de Medicamentos Comumente Preparados para Administração por Via Parenteral Solução Preparação estéril que contém água com um ou mais compostos dissolvidos Pó Partículas estéreis de medicamento que são dissolvidas em um líquido estéril (p. ex., água, soro fisiológico) antes da administração Formas de Medicamentos Comumente Preparados para a Instilação em Cavidades Corporais Disco intraocular Pequeno, oval e flexível (semelhante à lente de contato), consistindo de duas camadas externas macias e uma camada média portando o medicamento; libera lentamente o medicamento quando umedecida pelo líquido ocular Supositório Forma de dosagem sólida misturada com gelatina e modelado na forma de uma pelota para a inserção na cavidade corporal (reto ou vagina); derrete quando alcança a temperatura corpórea, liberando o medicamento para a absorção Farmacocinética como a Base para as Ações do Medicamento Para que um medicamento seja terapeuticamente útil, ele deve ser introduzido no corpo de um paciente; ser absorvido e distribuído pelas células, tecidos ou para um órgão específico; e alterar as funções fisiológicas. A farmacocinética é o estudo sobre como os medicamentos penetram no corpo, alcançam o seu local de ação, metabolizam e deixam o corpo. Você emprega o conhecimento da farmacocinética quando planeja o horário da administração do medicamento, seleciona a via de administração e avalia a resposta de um paciente. Absorção A absorção ocorre quandoas moléculas do medicamento passam para dentro do sangue a partir do local de administração do medicamento. Os fatores que influenciam a absorção são a via de administração, a capacidade de dissolução do medicamento, o fluxo sanguíneo para o local de administração, a área de superfície corporal (BSA) e a solubilidade do medicamento em lipídios. Via de Administração Cada via de administração do medicamento apresenta uma velocidade de absorção diferente. Quando se aplicam medicamentos sobre a pele, a absorção é lenta por causa da constituição física da pele. Como os medicamentos administrados por via oral passam através do trato gastrointestinal (GI), a velocidade de absorção geral é usualmente lenta. Os medicamentos colocados sobre as mucosas e a via respiratória são rapidamente absorvidos porque estes tecidos contêm muitos vasos sanguíneos. As injeções intravenosas (IV) produzem a absorção mais rápida porque os medicamentos ficam imediatamente disponíveis quando penetram na circulação sistêmica. Capacidade de Dissolução do Medicamento A capacidade para um medicamento se dissolver depende em grande parte de sua forma ou preparação. O corpo absorve as soluções e as suspensões já em um estado líquido com maior presteza que os comprimidos ou cápsulas. Os medicamentos ácidos atravessam mais facilmente a mucosa gástrica. Os medicamentos que são básicos não são absorvidos antes de atingir o intestino delgado. Fluxo Sanguíneo para o Local de Administração O aporte sanguíneo para o local de administração determinará com que rapidez o corpo pode absorver um medicamento. Os medicamentos são absorvidos à medida que o sangue entra em contato com o local da administração. Quanto mais rico for o aporte sanguíneo para o local de administração, mais rapidamente o medicamento será absorvido. Área de Superfície Corporal Quando um medicamento entra em contato com uma grande área de superfície, ele é absorvido em uma velocidade mais rápida. Isto ajuda a explicar por que a maioria dos medicamentos é absorvida no intestino delgado em vez do estômago (Lehne, 2013). Solubilidade em Lipídios Como a membrana celular possui uma camada de lipídios, os medicamentos altamente lipossolúveis atravessam facilmente as membranas celulares e são rapidamente absorvidos. Outro fator que frequentemente afeta a absorção de medicamento é se existe alimento no estômago ou não. Alguns medicamentos orais são absorvidos com maior facilidade quando administrados entre as refeições porque o alimento modifica a estrutura de um medicamento e, por vezes, prejudica sua absorção. Quando alguns medicamentos são administrados em conjunto, eles interferem um com o outro, comprometendo a absorção de ambos os medicamentos. A administração de medicamento segura requer o conhecimento dos fatores que alteram ou prejudicam a absorção dos medicamentos prescritos. Você precisa compreender a farmacocinética do medicamento, a história de saúde de um paciente, os dados do exame físico e o conhecimento obtido através das interações diárias do paciente. Utilize seu conhecimento para planejar os horários de administração do medicamento que venham a promover a absorção ótima. Por exemplo, planeje esses horários em torno das refeições (p. ex., antes ou depois das refeições) quando os medicamentos interagem com o alimento. Quando eles interagem entre si, certifique- se de que você não os administra no mesmo horário. Consulte e coopere com o médico-assistente ou farmacêutico de seu paciente quando estabelecer os horários dos medicamentos para garantir que o paciente obtenha os efeitos terapêuticos de todos os medicamentos. Antes de administrar qualquer medicamento, verifique os livros de farmacologia, as referências medicamentosas ou as bulas, ou consulte os farmacêuticos para identificar as interações entre medicamentos e entre medicamento e alimento. Distribuição Depois que um medicamento é absorvido, ele é distribuído dentro do corpo para os tecidos e órgãos e, por fim, para seu local de ação específico. A velocidade e a extensão da distribuição dependem das propriedades físicas e químicas do medicamento e da fisiologia da pessoa que o recebe. Circulação Quando um medicamento penetra na corrente sanguínea ele é transportado por todos os tecidos e órgãos. As patologias que limitam o fluxo sanguíneo ou a perfusão sanguínea inibem a distribuição de um medicamento. Por exemplo, os pacientes com insuficiência cardíaca exibem comprometimento da circulação, o que lentifica o aporte do medicamento para o suposto local de ação. Portanto, a eficácia dos medicamentos nestes pacientes frequentemente se mostra retardada ou alterada. Permeabilidade da Membrana A permeabilidade da membrana refere-se a uma capacidade de atravessar os tecidos e as membranas para penetrar nas células-alvo. Para ser distribuído para um órgão, um medicamento deve atravessar todos os tecidos e membranas biológicas do órgão. Algumas membranas funcionam como barreiras para a passagem dos medicamentos. Por exemplo, a barreira hematoencefálica permite que apenas os medicamentos lipossolúveis passem para dentro do cérebro e do líquido cefalorraquidiano. Por conseguinte, as infecções do sistema nervoso central frequentemente requerem tratamento com antibióticos injetados diretamente no espaço subaracnoide na medula espinhal. Alguns idosos experimentam efeitos adversos (p. ex., confusão) em consequência da alteração na permeabilidade da barreira hematoencefálica, com a passagem mais fácil de medicamentos lipossolúveis. Ligação à Proteína O grau em que os medicamentos se ligam às proteínas séricas, como a albumina, afeta as suas distribuições. A maioria dos medicamentos se liga parcialmente à albumina, reduzindo a capacidade de um medicamento de exercer a atividade farmacológica. O medicamento não ligado ou “livre” é a sua forma ativa. Os idosos e os pacientes com doença hepática ou desnutrição apresentam diminuição da albumina na corrente sanguínea. Como uma maior quantidade de medicamento está livre nestes pacientes, eles se encontram em risco para um aumento na atividade do medicamento, em sua toxicidade ou em ambas. Metabolismo Depois que um medicamento alcança seu local de ação, ele é metabolizado em uma forma menos ativa ou em uma inativa que é mais fácil de excretar. A biotransformação acontece sob a influência das enzimas que detoxificam, clivam e removem substâncias biologicamente ativas. A maior parte da biotransformação ocorre dentro do fígado, embora os pulmões, rins, sangue e intestinos também metabolizem os medicamentos. O fígado é particularmente importante porque sua estrutura especializada oxida e transforma muitas substâncias tóxicas. O fígado degrada muitas substâncias químicas perigosas antes que elas sejam distribuídas para os tecidos. Quando tem lugar uma diminuição na função hepática, como no envelhecimento ou doença hepática, um medicamento é comumente eliminado com mais lentidão, resultando em seu acúmulo. Os pacientes estão em risco para a intoxicação medicamentosa quando os órgãos que metabolizam os medicamentos não estão funcionando da maneira correta. Por exemplo, uma pequena dose sedativa de um barbitúrico por vezes faz com que um paciente com doença hepática entre em coma. Excreção Depois que os medicamentos são metabolizados, eles deixam o organismo através dos rins, fígado, intestino, pulmões e glândulas exócrinas. A composição química de um medicamento determina o órgão de excreção. Os compostos gasosos e voláteis, como o óxido nitroso e o álcool, são eliminados através dos pulmões. A respiração profunda e a tosse (Cap. 41) ajudam os pacientes a eliminar gases anestésicos com maior rapidez após a cirurgia. As glândulas exócrinas excretam os medicamentos lipossolúveis. Quando os medicamentos são eliminados através das glândulas exócrinas, a pele frequentemente fica irritada, exigindo que você ensine as boas práticas de higiene aos pacientes (Cap. 40). Quando um medicamento é eliminado por meio das glândulas mamárias, há o risco de que um neonato em fasede aleitamento venha a ingerir as substâncias químicas. Verifique a segurança de qualquer medicamento utilizado em mulheres em fase de aleitamento. O trato GI é outra via para a excreção de medicamentos. Os medicamentos que penetram na circulação hepática são clivados pelo fígado e excretados na bile. Depois que as substâncias químicas penetram no intestino por meio do trato biliar os intestinos as reabsorvem. Os fatores que aumentam a peristalse (p. ex., laxativos e enemas) aceleram a excreção de medicamentos através das fezes, enquanto que os fatores que diminuem a peristalse (p. ex., inatividade e dieta inadequada) frequentemente prolongam os efeitos de um medicamento. Os rins são os principais órgãos para a excreção de medicamentos. Alguns medicamentos escapam do metabolismo extenso e são eliminados na forma inalterada na urina. Outros sofrem biotransformação no fígado antes de sua eliminação através dos rins. A manutenção de uma ingesta hídrica adequada (50 mL/kg/h) promove a eliminação adequada dos medicamentos para um adulto médio. Quando a função renal de um paciente diminui, os rins não conseguem excretar os medicamentos da maneira adequada. Desta forma, aumenta o risco de intoxicação por medicamento. Comumente, os profissionais de saúde reduzem a dose do medicamento quando isto acontece. Tipos de Ação do Medicamento Os medicamentos variam consideravelmente na maneira pela qual agem e em seus tipos de ação. Os pacientes nem sempre respondem da mesma maneira a cada dose sucessiva de um medicamento. Por vezes o mesmo medicamento causa respostas muito distintas em diferentes pacientes. Portanto, você precisa compreender todos os efeitos que os medicamentos que você administra possuem sobre os pacientes. Efeitos Terapêuticos O efeito terapêutico é a resposta fisiológica esperada ou predita causada por um medicamento. Por exemplo, a nitroglicerina reduz a carga de trabalho do coração e aumenta o aporte de oxigênio para o miocárdio. Alguns medicamentos possuem mais de um efeito terapêutico. Por exemplo, a prednisona, um esteroide, diminui a inchação, inibe a inflamação, reduz as respostas alérgicas e previne a rejeição de órgãos transplantados. O conhecimento do efeito terapêutico desejado para cada medicamento permite que você forneça a orientação do paciente e avalie com exatidão o efeito desejado de um medicamento. Efeitos Adversos Todo medicamento possui a capacidade de causar dano a um paciente. As respostas indesejadas, inesperadas e, com frequência, imprevisíveis ao medicamento são referidas como os efeitos adversos. Os efeitos adversos medicamentosos variam desde brandos a graves. Alguns têm lugar de imediato, enquanto que outros se desenvolvem com o passar do tempo. Fique alerta e pesquise para respostas individuais incomuns para um medicamento, em especial com os medicamentos recentemente prescritos. Os pacientes em maior risco para as reações medicamentosas adversas incluem as pessoas mais jovens e os pacientes idosos, mulheres, pacientes que recebem múltiplos medicamentos, pacientes extremamente abaixo do peso ou com sobrepeso excessivo, e os pacientes com doença renal ou hepática. Quando os efeitos adversos são brandos e toleráveis, os pacientes frequentemente continuam a receber o medicamento. No entanto, quando eles não são tolerados ou são potencialmente perigosos, interrompa imediatamente o medicamento. Quando ocorrem respostas adversas a medicamentos, o profissional de saúde interrompe o medicamento de imediato. Os profissionais de saúde reportam os efeitos adversos ao FDA, empregando o programa MedWatch (USFDA, 2015). Efeitos Colaterais Um efeito colateral é um efeito adverso previsível e, com frequência, inevitável produzido em uma dose terapêutica usual. Por exemplo, alguns medicamentos anti-hipertensivos causam impotência no sexo masculino. Os efeitos colaterais variam desde inócuos até a geração de lesão ou sintomas graves. Quando os efeitos colaterais são suficientemente graves a ponto de anular os efeitos benéficos da ação terapêutica do medicamento, o profissional de saúde interrompe o medicamento. Com frequência, os pacientes param de tomar os medicamentos por causa dos efeitos colaterais, dentre os quais os mais comuns são anorexia, náusea, vômito, constipação, sonolência e diarreia. Efeitos Tóxicos Os efeitos tóxicos desenvolvem-se com frequência depois da ingestão prolongada de um medicamento ou quando um medicamento se acumula no sangue por causa do comprometimento do metabolismo ou da excreção. As quantidades excessivas de um medicamento dentro do corpo possuem, por vezes, efeitos letais, dependendo de sua ação. Por exemplo, os níveis tóxicos de morfina, um opioide, provocam depressão respiratória grave e morte. Estão disponíveis antídotos para tratar tipos específicos de intoxicação medicamentosa. Por exemplo, o naloxone (Narcan), um antagonista de opioide, reverte os efeitos da intoxicação por opioide. Reações Idiossincrásicas Algumas vezes, os medicamentos causam os efeitos imprevisíveis, tais como uma reação idiossincrásica, na qual um paciente reage de modo excessivo ou deficiente a um medicamento ou apresenta uma reação diferente da normal. Por exemplo, uma criança que recebe difenidramina (Benadryl), um anti-histamínico, fica extremamente agitada ou excitada ao invés de sonolenta. Nem sempre é possível predizer se um paciente irá apresentar uma resposta idiossincrásica. Reações Alérgicas As reações alérgicas também constituem respostas imprevisíveis a um medicamento. Alguns indivíduos se tornam imunologicamente sensíveis a uma dose inicial de um medicamento. Com a administração repetida, o paciente desenvolve uma resposta alérgica a ele, a seus conservantes químicos ou a um metabolito. O medicamento ou substância química age como um antígeno, deflagrando a liberação de anticorpos no organismo. Os sintomas da alergia medicamentosa de um paciente variam, dependendo do indivíduo e do medicamento (Tabela 32-2). Dentre as diferentes classes de medicamentos, os antibióticos causam uma elevada incidência de reações alérgicas. As reações graves ou anafiláticas, que comportam risco de vida, caracterizam-se por constrição súbita dos músculos bronquiolares, edema da laringe e da faringe, e a sibilância intensa e falta de ar. A atenção médica imediata é necessária para tratar as reações anafiláticas. Um paciente com uma história conhecida de uma alergia a um medicamento precisa evitar tomar o medicamento e usar um bracelete ou medalha de identificação (Fig. 32-1), que alerta as enfermeiras e outros profissionais de saúde para a alergia quando um paciente não é capaz de se comunicar ao receber os cuidados médicos. Tabela 32-2 Reações Alérgicas Leves Sintomas Descrição Urticária (erupção) Erupções cutâneas altas, de forma irregular, com variação de tamanho e forma; erupções com margens avermelhadas e centros pálidos Rash Pequenas vesículas altas que são geralmente avermelhadas; frequentemente distribuídas por todo o corpo Prurido Coceira da pele; acompanha a maioria das erupções cutâneas Rinite Inflamação de membranas mucosas que revestem o nariz; causa inchaço e descarga límpida e aquosa FIGURA 32-1 Bracelete e medalha de identificação de alergia. Interações Medicamentosas Quando um medicamento modifica a ação de outro, ocorre uma interação medicamentosa. As interações medicamentosas são comuns quando os indivíduos tomam vários medicamentos. Alguns medicamentos aumentam ou diminuem a ação de outros ou modificam a maneira pela qual um medicamento é absorvido, metabolizado ou eliminado pelo organismo. Quando dois medicamentos possuem um efeito sinérgico, o efeito deles combinados é maior que o efeito de cada um deles quando administrados em separado. Por exemplo, o álcool é um depressor do sistema nervoso central que possui um efeito sinérgico sobre anti- histamínicos, antidepressivos, barbitúricos e analgésicos narcóticos. Uma interação medicamentosa é por vezes desejada. Com frequência, os profissionais de saúde combinam medicamentospara criar uma interação que possua um efeito benéfico. Por exemplo, um paciente com pressão arterial elevada toma diversos medicamentos como diuréticos e vasodilatadores que atuam em conjunto para controlar a pressão arterial quando um medicamento por si só não é efetivo. Regulação das Respostas à Dose do Medicamento Os medicamentos administrados por via intravenosa entram na corrente sanguínea e agem de imediato, enquanto aqueles administrados por outras vias levam um tempo para penetrar na corrente sanguínea e apresentar um efeito. A quantidade e a distribuição de um medicamento em diferentes compartimentos orgânicos mudam constantemente. Os medicamentos são prescritos em horários distintos, dependendo de quando a resposta deles começa, se torna mais intensa e cessa. A concentração efetiva mínima (MEC) consiste no nível plasmático de um medicamento abaixo do qual não ocorre o efeito do medicamento. A concentração tóxica é o nível em que acontecem os efeitos tóxicos. Quando um medicamento é prescrito, a meta consiste em atingir um nível sanguíneo constante dentro de uma faixa terapêutica segura, a qual se situa entre a MEC e a concentração tóxica (Fig. 32-2). Quando um medicamento é repetidamente administrado, seu nível sérico flutua entre as doses. O nível mais elevado é chamado de concentração máxima, enquanto o nível mais baixo é denominado concentração mínima. Depois de alcançar seu máximo, a concentração de um medicamento diminui progressivamente. Com as infusões intravenosas, a concentração máxima acontece com rapidez, porém o nível sérico também começa a cair imediatamente. As doses de alguns medicamentos (p. ex., vancomicina) baseiam-se nos níveis séricos máximo e mínimo. Em geral, o nível mínimo é atingido 30 minutos antes de se administrar o medicamento, sendo que o nível máximo é alcançado sempre que se espera que o medicamento atinja sua concentração máxima. O tempo que um medicamento leva para alcançar sua concentração máxima varia, dependendo da farmacocinética do medicamento. FIGURA 32-2 A faixa terapêutica de um medicamento ocorre entre a concentração efetiva mínima e a concentração máxima. (De Lehne RA: Pharmacology for nursing care, 8. ed., St. Louis, 2013; Saunders.) Todos os medicamentos apresentam uma meia-vida biológica, que é o tempo que os processos de excreção levam para reduzir a quantidade de medicamento inalterado pela metade. Um medicamento com uma meia-vida curta precisa ser administrado com maior frequência que um medicamento com uma meia-vida mais longa. A meia-vida não se modifica, não importando qual a quantidade de medicamento fornecida. Por exemplo, quando uma enfermeira administra 1 g de um medicamento que tem uma meia- vida de 8 horas, o paciente excreta 500 mg do medicamento em 8 horas. Nas oito horas seguintes, o paciente irá excretar 250 mg. Este processo continua até que o medicamento seja totalmente eliminado do organismo. Para manter um platô terapêutico, o paciente deve receber doses fixas regulares. Por exemplo, os medicamentos analgésicos para determinados pacientes com câncer são mais efetivos quando administrados durante todo o dia (ATC) do que quando o paciente se queixa de dor de maneira intermitente, pois a administração em horários regulares possibilita que o organismo mantenha um nível quase constante do medicamento analgésico. Depois de uma dose inicial do medicamento, um paciente recebe cada dose sucessiva quando a dose anterior alcança sua meia-vida (Burchum e Rosenthal, 2016). A administração medicamentosa segura envolve a adesão aos esquemas de dosagem e às doses prescritas (Tabela 32-3). Algumas instituições estabelecem horários para a administração de medicamentos. No entanto, as enfermeiras estão aptas a modificar estes horários com base no conhecimento sobre um medicamento. Por exemplo, em algumas instituições, os medicamentos que devem ser fornecidos uma vez ao dia são administrados às 9 horas da manhã. Entretanto, quando um medicamento atua melhor quando administrado na hora de dormir, a enfermeira o administra antes que o paciente vá dormir. Além disso, as instituições de cuidados de saúde empregam as diretrizes do ISMP (CMS, 2011; ISMP, 2011) para determinar a administração segura, efetiva e adequada dos medicamentos agendados. De acordo com as diretrizes do ISMP, os hospitais precisam determinar quais medicamentos devem respeitar rigorosamente os horários e quais não precisam. Os medicamentos com horário crítico são medicamentos que a administração precoce ou tardia das doses de manutenção (mais de 30 minutos antes ou depois do horário agendado) resultará, mais provavelmente, em respostas danosas ou subterapêuticas em um paciente. Os medicamentos sem horário crítico incluem os medicamentos em que o momento da administração provavelmente não afetará o efeito desejado do medicamento quando administrado 1 ou 2 horas antes ou depois do horário agendado. Você precisa administrar os medicamentos de horário crítico em um momento exato ou dentro de 30 minutos antes ou depois do horário agendado. Você administra os medicamentos sem horário crítico dentro de 1 a 2 horas do seu horário agendado. Siga as políticas de administração de medicamentos de sua instituição sobre o horário dos medicamentos para garantir que você os administra no horário correto (CMS, 2011; ISMP, 2011). Tabela 32-3 Esquemas de Administração de Dosagens Comuns Esquema de Dosagem (Significado) Abreviaturas Antes das refeições AC, ac Conforme desejado ad lib Duas vezes ao dia BID, bid Depois das refeições PC, pc Sempre que houver necessidade SOS Cada manhã qam Cada hora qh Cada dia Diariamente Cada 4 horas Q4h 4 vezes ao dia QID, qid Administrar imediatamente STAT, stat 3 vezes ao dia TID, tid Quando você ensinar os pacientes a respeito do horário dos medicamentos, utilize uma linguagem familiar. Por exemplo, instrua um paciente que precisa tomar um medicamento duas vezes ao dia a ingeri-lo pela manhã e novamente à noite. Use o conhecimento sobre os intervalos de tempo e termos utilizados para descrever as ações do medicamento para antecipar o efeito de um medicamento e para educar o paciente sobre quando esperar uma resposta (Tabela 32-4). Tabela 32-4 Termos Associados às Ações do Medicamento Termo Significado Início Tempo que transcorre desde um medicamento administrado até que ele produza uma resposta Máximo Tempo que transcorre para que um medicamento alcance sua concentração efetiva mais elevada Mínimo Concentração sérica mínima do medicamento exatamente antes da próxima dose agendada Duração Tempo durante o qual o medicamento está presente em concentração suficientemente grande para produzir uma resposta Platô Concentração sérica do medicamento atingida e mantida depois de doses fixas repetidas Vias de Administração A via prescrita para administrar um medicamento depende das propriedades e do efeito desejado do medicamento, bem como das condições físicas e mentais do paciente (Tabela 32-5). Trabalhe com o médico-assistente para determinar a melhor via para o medicamento de um paciente. Tabela 32-5 Fatores que Influenciam a Escolha das Vias de Administração Vantagens por Via Desvantagens/Contraindicações Vias Oral, Bucal e Sublingual Conveniente e confortável Econômico Fácil de administrar A via oral é evitada quando o paciente apresenta alterações na função gastrointestinal (GI) (p. ex., náusea, vômito), motilidade GI Frequentemente produz efeitos locais ou sistêmicos Raramente causa ansiedade para o paciente reduzida (depois de anestesia geral ou inflamação intestinal), e ressecção cirúrgica do trato GI. A administração oral está contraindicada nos pacientes incapazes de deglutir (p. ex., pacientes com distúrbios neuromusculares, estenoses do esôfago, lesões na boca). A administração oral está contraindicada nos pacientes que estão confusos, inconscientes ou são incapazes ou não desejam engolir ou que prendem o medicamento embaixo da língua. Os medicamentos orais não podem ser administrados quando os pacientesestão sob aspiração gástrica; estão contraindicados antes de alguns exames ou cirurgia. Os medicamentos orais por vezes irritam o revestimento do trato GI, colorem os dentes ou apresentam sabor desagradável. As secreções gástricas destroem alguns medicamentos. Vias Parenterais (Subcutânea, Intramuscular, Intravenosa, Intradérmica) Podem ser utilizadas quando os medicamentos orais estão contraindicados Absorção mais rápida que as vias tópica ou oral A infusão intravenosa (IV) propicia a administração do medicamento quando o paciente está criticamente doente ou quando a terapia por longo prazo se faz necessária; quando a perfusão periférica é deficiente, a via IV é preferida em relação às injeções Há o risco de introdução da infecção. Alguns medicamentos são caros. Alguns pacientes experimentam dor a partir das repetidas punções por agulha. As vias subcutânea, intramuscular (IM) e intradérmica (ID) são evitadas nos pacientes com tendências hemorrágicas. Há risco de lesão tecidual. As vias IM e IV apresentam taxas de absorção mais elevadas, colocando assim os pacientes em risco mais elevado para reações. Com frequência, elas provocam considerável ansiedade em muitos pacientes, em especial as crianças. Vias Tópicas Pele Proporciona efeito principalmente local Indolor Efeitos colaterais limitados Pacientes com abrasões na pele estão em risco para a absorção rápida do medicamento e para os efeitos sistêmicos. Os medicamentos são lentamente absorvidos através da pele. Transdérmica Efeitos sistêmicos prolongados com efeitos colaterais limitados O medicamento deixa uma substância oleosa ou pastosa sobre a pele e, por vezes, suja as roupas. Mucosas* Efeitos terapêuticos fornecidos pela aplicação local nos lugares envolvidos As soluções aquosas são prontamente absorvidas e são capazes de causar efeitos sistêmicos Via de administração potencial quando os medicamentos orais estão contraindicados As mucosas são altamente sensíveis a algumas concentrações medicamentosas. Os pacientes com tímpano rompido não podem receber irrigações otológicas. A inserção de medicação retal ou vaginal frequentemente provoca desconforto. Os supositórios retais estão contraindicados quando o paciente se submeteu à cirurgia retal ou quando o sangramento retal ativo está presente. Outras Vias Inalatória Proporciona alívio rápido para problemas respiratórios locais Usada para a introdução de gases anestésicos gerais Alguns agentes locais causam efeitos sistêmicos graves. Disco Intraocular Via vantajosa porque não requer a administração frequente como os colírios requerem Possíveis reações locais; caro. Pacientes devem ser orientados para inserir e remover o disco. Contraindicado nas infecções oculares. * Inclui olhos, ouvidos, nariz, vagina, reto e ostomias. Vias Orais A via oral é a via mais fácil e a mais comumente utilizada na administração de medicamento. Os medicamentos são fornecidos pela boca e deglutidos com líquido. Os medicamentos orais apresentam um início de ação mais lento e um efeito mais prolongado que os medicamentos parenterais. Em geral, os pacientes preferem a via oral. Administração Sublingual Alguns medicamentos (p. ex., nitroglicerina) são prontamente absorvidos depois de ser colocados sob a língua para dissolver (Fig. 32-3). Instrua os pacientes para não engolir um medicamento administrado pela via sublingual ou a não beber nada até que o medicamento se dissolva por completo para garantir que terá o efeito desejado. FIGURA 32-3 Administração sublingual de um comprimido. Administração Bucal A administração de um medicamento pela via bucal envolve colocar o medicamento sólido na boca contra as mucosas da bochecha até que ele se dissolva (Fig. 32-4). Ensine os pacientes a alternar as bochechas a cada dose subsequente para evitar a irritação da mucosa. Advirta os pacientes para não mastigar ou engolir o medicamento ou para não beber qualquer líquido com ele. Um medicamento bucal age localmente sobre a mucosa ou sistemicamente quando é deglutido na saliva de uma pessoa. FIGURA 32-4 Administração oral de um comprimido. Vias Parenterais A administração parenteral envolve injetar um medicamento dentro dos tecidos orgânicos. Os quatro principais locais de injeção são os seguintes: 1. Intradérmico (II): Injeção dentro da derme exatamente abaixo da epiderme 2. Subcutâneo: Injeção dentro dos tecidos exatamente abaixo da derme da pele 3. Intramuscular (IM): Injeção dentro de um músculo 4. Intravenoso (IV): Injeção dentro de uma veia. Alguns medicamentos são administrados dentro das cavidades corporais através de outras vias, inclusive epidural, intratecal, intraóssea, intraperitoneal, intrapleural e intra-arterial. Comumente, as enfermeiras não são responsáveis pela administração dos medicamentos através destas técnicas avançadas. Se você realmente administra um medicamento, você permanece responsável por monitorar a integridade do sistema de liberação deste, por compreender seu valor terapêutico e por avaliar a resposta de um paciente à terapia. Epidural Os medicamentos epidurais são administrados no espaço epidural por meio de um cateter, o qual é posicionado por uma enfermeira- anestesista ou por um anestesiologista. Esta via é utilizada para a administração de analgesia regional para procedimentos cirúrgicos (Caps. 44 e 50). As enfermeiras americanas que possuem educação avançada na via epidural podem administrar os medicamentos por infusão contínua ou por uma dose em bolus. Intratecal Os médicos e as enfermeiras americanas especialmente educadas administram medicamentos intratecais através de um cateter cirurgicamente aplicado no espaço subaracnoide ou em um dos ventrículos do cérebro. Com frequência, a administração de medicamento intratecal é um tratamento de longo prazo. Intraósseo Este método de administração de medicamento envolve a infusão do medicamento diretamente na medula óssea. Ele é mais comumente utilizado nos lactentes e em crianças de até 2 anos de idade que apresentam acesso difícil ao seu acesso intravascular ou quando surge uma emergência e o acesso IV é impossível. Intraperitoneal Os medicamentos administrados dentro da cavidade peritoneal são absorvidos para dentro da circulação. Os agentes quimioterápicos, a insulina e os antibióticos são administrados desta maneira. Intrapleural Uma seringa e agulha ou um dreno torácico são utilizados para administrar os medicamentos intrapleurais diretamente dentro do espaço pleural. Os agentes quimioterápicos são os medicamentos mais comumente utilizados através deste método. Os médicos também instilam os medicamentos que ajudam a resolver o derrame pleural persistente para promover a aderência entre as pleuras visceral e parietal. Isto é chamado de pleurodese. Intra-arterial Os medicamentos intra-arteriais são administrados diretamente dentro das artérias. As infusões intra-arteriais são muito comuns em pacientes que apresentam coágulos arteriais e recebem os agentes anticoagulantes. Uma enfermeira gerencia uma infusão contínua do agente anticoagulante e monitora cuidadosamente a integridade da infusão para evitar a desconexão inadvertida do sistema e o subsequente sangramento. Os outros métodos de administração de medicamentos que são usualmente limitados à administração pelo médico são o intracardíaco, uma injeção de um medicamento diretamente dentro do tecido cardíaco, e o intra-articular, uma injeção de um medicamento dentro de uma articulação. Administração Tópica Os medicamentos aplicados na pele e na mucosa geralmente possuem efeitos locais. Você aplica os medicamentos tópicos na pele ao pintar ou espalhar o medicamento sobre uma área, aplicando compressas úmidas, embebendo partes do corpo em uma solução ou fornecendo banhos medicamentosos. Os efeitos sistêmicos frequentemente acontecem quando a pele de um paciente é fina ou está com uma solução de continuidade, quando a concentração do medicamento é alta ou quando o contato com a pele é prolongado. Uma placa ou disco transdérmico (p.ex., nitroglicerina, escopolamina e estrogênios) tem efeitos sistêmicos. O disco mantém a pomada medicamentosa na pele. Estas aplicações tópicas permanecem no local por um intervalo tão curto quanto 12 horas ou por até 7 dias. Você aplica os medicamentos tópicos nas mucosas das seguintes maneiras: 1. Aplicação direta de um líquido ou pomada (p. ex., colírios, gargarejo ou embebição da garganta) 2. Inserção de um medicamento dentro de uma cavidade corporal (p. ex., colocar um supositório no reto ou vagina ou inserir o envoltório medicamentoso na vagina) 3. Instilação de um líquido dentro de uma cavidade corporal (p. ex., medicamentos otológicos, gotas nasais ou instilação vesical e retal [o líquido é retido]) 4. Irrigação de uma cavidade corporal (p. ex., lavar o olho, ouvido, vagina, bexiga ou reto com o líquido medicamentoso [o líquido não é retido]) 5. Borrifação de um medicamento dentro de uma cavidade corporal (p. ex., instilação dentro do nariz e da garganta) Via Inalatória As vias mais profundas do trato respiratório proporcionam uma grande área de superfície para a absorção de medicamentos. As enfermeiras administram os medicamentos inalados através das vias nasal e oral ou dos tubos endotraqueal ou de traqueostomia. Os tubos endotraqueais penetram pela boca do paciente e terminam na traqueia, enquanto que os tubos de traqueostomia entram diretamente na traqueia através de uma incisão feita no pescoço. Os medicamentos inalados são prontamente absorvidos e agem rapidamente em decorrência da rica rede capilar vascular alveolar existente no tecido pulmonar. Muitos medicamentos inalados possuem efeitos locais ou sistêmicos. Via Intraocular A liberação de medicamento intraocular envolve a inserção de um medicamento semelhante a uma lente de contato no olho do paciente. O disco de medicamento ocular possui duas camadas externas macias que contêm o medicamento incluso nelas. A enfermeira insere o disco no olho do paciente, assemelhando-se muito a uma lente de contato. O medicamento permanece no olho por até 1 semana. Sistemas de Medição de Medicamento A administração adequada de um medicamento depende de sua capacidade para computar as doses administradas com exatidão e de medir corretamente o medicamento. Os erros fatais frequentemente ocorrem quando as enfermeiras cometem erros de cálculo ou na medição de medicamentos. Como enfermeira, você é responsável por verificar cuidadosamente os cálculos antes de administrar um medicamento. Muitas instituições possuem políticas relacionadas com a administração de medicamentos de alto risco (p. ex., heparina e insulina) que podem requerer que uma segunda enfermeira torne a verificar antes da administração. A terapia medicamentosa utiliza os sistemas de medição métrico, farmacêutico e doméstico. O sistema farmacêutico raramente é utilizado em nossos dias. Embora o congresso norte-americano não tenha adotado oficialmente o sistema métrico, a maioria dos profissionais de saúde nos Estados Unidos o utilizam. Sistema Métrico Como um sistema decimal, o sistema métrico consiste na melhor organização lógica. Você converte e computa as unidades métricas utilizando a multiplicação e a divisão simples. Cada unidade básica de mensuração é organizada em unidades de 10. Multiplicar ou dividir por 10 forma as unidades secundárias. Na multiplicação, o ponto decimal movimenta-se para a direita; na divisão, o decimal se move para a esquerda. Por exemplo: As unidades de medição básicas no sistema métrico são o metro (comprimento), o litro (volume) e o grama (peso). Para cálculos de medicamentos, utilize apenas as unidades de volume e peso. O sistema métrico usa as letras minúsculas ou maiúsculas ou uma combinação de letras minúsculas e maiúsculas para designar as unidades básicas: Um sistema de prefixos em Latim designa a subdivisão das unidades básicas: deci- (1/10 ou 0,1), centi- (1/100 ou 0,01) e mili- (1/1.000 ou 0,001). Os prefixos gregos designam os múltiplos das unidades básicas: deca- (10), hecto- (100) e quilo- (1000). Quando escrever as doses do medicamento nas unidades métricas, os profissionais de saúde e as enfermeiras utilizam frações ou múltiplos de uma unidade. Converta as frações em decimais. Muitos erros de medicação reais ou potenciais acontecem com o uso de frações e vírgulas de decimais. Siga os padrões de prática quando os medicamentos são prescritos em frações para evitar estes erros. Por exemplo, para tornar o ponto decimal mais visível, um zero sempre é colocado na frente da vírgula de decimal (p. ex., use 0,25, não. 25). Nunca empregue um zero corrente (ou seja, um zero depois da vírgula ou ponto decimal) porque, quando um profissional de cuidados de saúde não enxerga o ponto decimal, o paciente pode receber 10 vezes mais medicamento do que aquele que foi prescrito (p. ex., use 5, não 5.0) (ISMP, 2013a). Medições Domiciliares As unidades de medição domiciliares são familiares à maioria das pessoas. As medidas domiciliares incluem gotas, colheres de chá, colheres de sopa e copos para volume e quartilho e litro para peso. A desvantagem destas medições é a falta de exatidão quando o paciente emprega utensílios domiciliares como colheres de chá e xícaras. Incentive os pacientes a nunca utilizar os dispositivos de medição domiciliares para administrar medicamentos na forma líquida. Os dispositivos são inexatos e podem fornecer uma quantidade maior ou menor que a prescrita (Consumer Med Safety, 2015). Os medicamentos líquidos atuais de venda livre (OTC) quase sempre possuem seus dispositivos de medição próprios (Consumer Med Safety, 2015). As balanças para medir xícaras e litros não são bem calibradas. Para calcular os medicamentos com exatidão, você precisa saber os equivalentes comuns das unidades métricas e domiciliares (Tabela 32-6). Tabela 32-6 Equivalentes de Medição Métrico Farmacêutico Domiciliar 1 mL 15-16 mínimos* 15 gotas (gtt) 5 mL 1 dracma* 1 colher de chá (tsp) 15mL 4 dracmas* 1 colher de sopa (tbsp) 30 mL 1 onça líquida 2 colheres de sopa (tbsp) 240 mL 8 onças líquidas 1 xícara (c) 480 mL (aproximadamente 500 mL) 1 pinta (pt) 1 pinta (pt) 960 mL (aproximadamente 1 L) 1 quarto (qt) 1 quarto (qt) 3840 mL (aproximadamente 4 L) 1 galão (gal) 1 galão (gal) * Mínimos e dracmas não são mais unidades de medição aceitáveis para a administração de medicamentos, embora alguns copos e seringas de medicamentos ainda os tenham listados. Utilize mL para a preparação segura do medicamento (Morris, 2014). Soluções As enfermeiras usam uma variedade de concentrações para injeções, irrigações e infusões. Uma solução é uma determinada massa de substância sólida dissolvida em um volume conhecido de outro líquido. Quando um sólido é dissolvido em um líquido, a concentração está em unidades de massa por unidades de volume (p. ex., g/L, mg/mL). Você também pode expressar uma concentração de uma solução como uma porcentagem. Por exemplo, uma solução a 10% é composta de 10 g de sólido dissolvido em 100 mL de solução. Uma proporção também expressa as concentrações. Uma solução a 1/1.000 representa uma solução contendo 1 g de sólido em 1.000 mL de líquido ou 1 mL de líquido misturado em 1.000 mL de outro líquido. Base de conhecimento de enfermagem O Institute of Medicine (IOM) publicou o livro To Err Is Human: Building a Safer Health System (IOM, 1999). Este livro criou uma nova consciência nacional dos problemas dentro do sistema de cuidados de saúde. Estima-se que até 98.000 pessoas morrem em um determinado dia por erros médicos cometidos em hospitais. Isto significa que mais pessoas morrem por erros médicos do que por acidentes por veículos automotores, câncer de mama, síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS) e lesões por acidentes de trabalho. Os especialistas em cuidados de saúde estimam que os erros relacionados com medicamentos em pacientes hospitalizados custem mais de $3,5 bilhões de dólares por ano (CDC, 2012). As enfermeiras desempenham um papel importante na segurança do paciente, em particular na área de administraçãode medicamento. A administração segura de medicamentos também constitui um tópico importante para as atuais enfermeiras pesquisadoras (Quadro 32-2). Como enfermeira, você precisa saber como calcular as doses do medicamento com exatidão e compreender os diferentes papéis que os membros da equipe de saúde desempenham na prescrição e administração dos medicamentos. Aplique seu conhecimento e raciocine criticamente para garantir a administração segura de medicamentos. Quadro 32-2 Prática baseada em evidências Reduzindo os Erros durante a Administração de Medicamento Pergunta PICO: Nos hospitais, o uso de entrada de ordem de prescrição computadorizada (CPOE), dispensadores de medicamento automatizados (AMDs) e administração de medicamento por código de barras (BCMA) durante a administração de medicamentos diminuem a incidência de erros de medicação feita por enfermeiras quando comparados com as enfermeiras que não usam estas tecnologias de saúde? Sumário de Evidências A administração de medicamentos é um processo altamente complexo. Com frequência, os erros resultam de problemas dentro de uma ou mais partes do processo. Muitos erros ocorrem quando um medicamento é prescrito ou quando ele é administrado (Grou Volpe et al., 2014). A pesquisa mostra que a implementação de tecnologias de administração de medicamentos como CPOE, AMD e BCMA ajuda a diminuir os erros de medicação em diversos ambientes de cuidados de paciente (Ching et al., 2013; Cochran e Haynatzki, 2013; Cousein et al., 2014). No entanto, as instituições de cuidados de saúde não podem se fundamentar apenas na tecnologia. Considerar fatores humanos, como os níveis de graduação da equipe das enfermeiras e farmacêuticos (Cochran e Haynatzki, 2013), e integrar a tecnologia no fluxo de trabalho da enfermagem (Ching et al., 2013) também são essenciais na promoção da segurança da medicação. Aplicação na Prática de Enfermagem • O processo de implementação da tecnologia de administração de medicamento é complexo e precisa ser bem planejado e envolver a equipe de cuidados de enfermagem, inclusive as enfermeiras, para garantir a implementação bem-sucedida (Ching et al., 2013). • Ainda que o emprego de CPOE, AMD e BCMA reduza muitos erros de medicação, isto não elimina a sua totalidade (Ching et al., 2013; Cousein et al., 2014). Por conseguinte, as enfermeiras precisam permanecer vigilantes e seguir consistentemente as políticas e protocolos de administração de medicamentos para garantir a administração segura de medicamentos. • Como os erros de medicação estão frequentemente associados a elevadas sobrecargas de enfermagem, a complexidade e a acuidade dos cuidados do paciente aumentados, e o suporte de farmácia reduzido, os administradores dos cuidados de saúde, inclusive as chefes de enfermagem, precisam garantir os níveis apropriados de equipe de enfermeiras e farmacêuticos que se baseiam na carga de trabalho e na acuidade do paciente (Cochran e Haynatzky, 2013; Grou Volpe et al., 2014). Cálculos Clínicos Para administrar medicamentos com segurança, você precisa ter uma compreensão das habilidades matemáticas básicas para calcular as doses de medicamento, misturar soluções e realizar várias outras atividades. Isto é importante porque os medicamentos nem sempre são dispensados na unidade de medida em que foram prescritos. A indústria farmacêutica embala e envasa os medicamentos em dosagens padronizadas. Por exemplo, um médico assistente de um paciente prescreve 20 mg de um medicamento que está disponível apenas em frascos de 40 mg. Com frequência, as enfermeiras convertem as unidades de volume e peso disponíveis nas doses desejadas. Portanto, é importante estar ciente dos equivalentes em todos os principais sistemas de medição. Você emprega os equivalentes quando realiza outras ações de enfermagem, como quando calcula a ingesta e o débito de um paciente e as velocidades de fluxo IV. Conversões dentro de um Sistema A conversão de medições dentro de um sistema é relativamente fácil; simplesmente dividir ou multiplicar no sistema métrico. Para mudar miligramas em gramas, divida por 1000, movendo a vírgula três casas decimais para a esquerda. Para converter litros em mililitros, multiplique por 1.000 ou mova a vírgula 3 casas para a direita. Para converter as unidades de medida dentro do sistema domiciliar, consulte uma tabela de equivalentes. Por exemplo, quando converte onças líquidas em quartilho, você precisa saber que 32 onças líquidas equivalem a 1 quartilho. Para converter 8 onças em uma medida de quartilho, divida 8 por 32 para obter o equivalente, 1/4 ou 0,25 quartilho. Conversão entre Sistemas As enfermeiras frequentemente determinam a dose apropriada de um medicamento ao converter pesos ou volumes a partir de um sistema de medição para o outro. Desta maneira, por vezes você converte as unidades métricas em medidas domiciliares equivalentes para uso em casa. Para calcular os medicamentos, é necessário trabalhar com unidades no mesmo sistema de medição. As tabelas de medições equivalentes estão disponíveis em todas as instituições de cuidados de saúde. Um farmacêutico também é um bom parâmetro de aconselhamento. Antes de converter, compare o sistema de medição disponível com o sistema utilizado quando o medicamento foi prescrito. Por exemplo, um paciente recebe a prescrição de guaifenesina (Robitussin), 30 mL, mas o paciente possui apenas colheres de sopa em casa. Para instruí-lo adequadamente sobre como preparar a dose, você converte mL em colheres de mesa, o que exige que você saiba o equivalente ou se refira a uma tabela como a Tabela 32-6. Cálculos de Dose Os métodos utilizados para calcular as doses do medicamento incluem o método de razão e proporção, o método de fórmula e a análise dimensional. Antes de efetuar qualquer cálculo, faça uma estimativa mental da dosagem aproximada e razoável. Quando a estimativa não se compatibiliza com a solução calculada, torne a verificar os cálculos antes de preparar e administrar o medicamento. Para aumentar a exatidão e reduzir a ansiedade, pense criticamente a respeito dos processos usados durante o cálculo, pratique fazendo os cálculos até que você se sinta confiante em suas habilidades matemáticas (Hunter Revell e McCurry, 2013). Além disso, escolha o método de cálculo com que você fica mais confortável e utilize-o de maneira consistente (Morris, 2014). Muitas instituições de cuidados de saúde requerem que uma enfermeira faça uma dupla verificação dos cálculos por outra enfermeira antes de administrar os medicamentos, em especial quando o risco de dar o medicamento errado é alto (p. ex., heparina, insulina). Sempre tenha outra enfermeira para verificar o seu trabalho quando você não está certa a respeito de uma resposta ou quando a resposta de um cálculo de medicação parece inadequado ou ilógico. O Método da Razão e Proporção Uma razão indica a relação entre dois números separados por dois- pontos (:). A presença de dois-pontos na razão indica a necessidade de usar a divisão. Pense em uma razão como uma fração; o número à esquerda é o numerador e o número à direita é o denominador. Por exemplo, a razão 1:2 é o mesmo que 1/2. Uma proporção é uma equação que apresenta duas razões de igual valor. Escreva uma proporção em uma das três maneiras: Em uma proporção, o primeiro e o último números são chamados de extremos, sendo que o segundo e o terceiro números são chamados de meios. Quando se multiplicam os extremos, a resposta é a mesma quando se multiplicam os meios. Por exemplo, nas proporções anteriores, a multiplicação dos extremos (1 x 8) fornece o mesmo resultado que a multiplicação dos meios (2 x 4 = 8). Por causa desta relação, quando você conhece três dos números na proporção, é fácil calcular o quarto número desconhecido. Os números precisam estar todos na mesma unidade e sistema de medição. Para solucionar um cálculo usando o método da razão e proporção, estime primeiramente a resposta em sua mente. Depois, estabeleça a proporção, dê o nome de todos os termos. Coloqueos termos da razão na mesma sequência (p. ex., mg:mL = mg:mL). Faça a multiplicação cruzada dos meios e dos extremos e divida ambos os lados pelo número antes do x para obter a dosagem. Sempre rotule a resposta; quando a resposta não está próxima do estimado, torne a verificar o cálculo. Exemplo: O médico-assistente prescreve 500 mg de amoxicilina para serem administrados em uma sonda gástrica a cada 8 horas. O frasco da amoxicilina é rotulado com 400 mg/5 mL. Utilize as seguintes etapas para calcular quanto de amoxicilina administrar: 1. Estimar a resposta: A quantidade rotulada é um pouco maior que a dose rotulada por 5 mL (dose unitária) que é fornecida na solução; portanto, a resposta é um pouco maior que 5 mL. 2. Estabeleça a proporção: 3. Faça a multiplicação cruzada dos meios e dos extremos: 4. Dividir ambos os lados pelo número antes do x: 5. Compare a estimativa na Etapa 1 com a resposta na Etapa 4: A resposta (6,25 mL) está próxima à quantidade estimada (um pouco mais que 5 mL). Portanto, a resposta está correta; prepare e administre 6,25 mL na sonda gástrica do paciente. O Método da Fórmula A utilização deste método requer que você primeiramente memorize a fórmula. Estime a resposta e, em seguida, coloque todas as informações da prescrição de medicamentos na fórmula. Rotule todas as partes da fórmula e garanta que todas as medições na fórmula estão nas mesmas unidades e sistema de medição antes de calcular a dosagem. Quando as medidas não se encontram no mesmo sistema de medição, converta os números para o mesmo sistema antes de calcular a dose. Calcule e rotule a resposta e compare a resposta com a resposta estimada. Se a estimativa não é similar à resposta, torne a verificar o cálculo. Use a seguinte fórmula básica quando utilizar o método da fórmula: A dose prescrita é a quantidade do medicamento prescrita. A dose à mão é a dose (p. ex., mg, unidades) do medicamento suprida pela farmácia. A quantidade à mão é a unidade ou quantidade básica do medicamento que contém a dose à mão. Para medicamentos sólidos, a quantidade à mão frequentemente é uma cápsula; a quantidade de líquido à mão é, por vezes, 1 mL ou 1 L, dependendo do recipiente. Por exemplo, um medicamento líquido é fornecido na força de 125 mg por 5 mL. Neste caso, 125 mg constituem a dose à mão e 5 mL é a quantidade à mão. A quantidade a administrar é a quantidade real de medicamento que a enfermeira administra. Sempre expresse a quantidade a administrar na mesma unidade que a da quantidade à mão. Exemplo: O médico-assistente prescreve sulfato de morfina, 2 mg IV. O medicamento está disponível em um frasco contendo 10 mg/mL. A fórmula é aplicada da seguinte maneira: 1. Estime a resposta: O medicamento é um líquido; assim, a resposta será em mililitros (mL). A quantidade a ser administrada é inferior à metade da dose; desta maneira, a resposta será inferior a 1/2 mL. 2. Estabeleça a fórmula: 3. Calcule a resposta: 4. Compare a estimativa na Etapa 1 com a resposta na Etapa 3: A resposta é inferior a 1/2 mL; desta maneira, ela está próxima à resposta estimada. Prepare 0,2 mL do medicamento em uma seringa e administre-a ao paciente. Análise Dimensional A análise dimensional é o método fator-rótulo ou o método da unidade-fator. Não há necessidade de memorizar uma fórmula pois apenas uma equação é necessária e as mesmas etapas são utilizadas na resolução de todo cálculo de medicamento. As estudantes de enfermagem que empregam a análise dimensional para calcular as dosagens de medicamento frequentemente acham mais fácil calcular os medicamentos do que quando elas utilizam o método de fórmula (Cookson, 2013). Use as seguintes etapas para calcular as doses de medicamento através da análise documental: 1. Identifique a unidade de medida que você precisa administrar. Por exemplo, quando você deve administrar uma pílula, você comumente fornece um comprimido ou uma cápsula; para medicamentos líquidos parenterais ou orais, a unidade é em mililitros. 2. Estime a resposta. 3. Coloque o nome ou a abreviatura apropriada para o x no lado esquerdo da equação (p. ex., x tab, x mL). 4. Coloque as informações disponíveis no problema em um formato de fração no lado direito da equação. Coloque a abreviatura ou a unidade que se compatibilize com o que você deve administrar (determinado na Etapa 1) no numerador. 5. Observe a prescrição do medicamento e adicione outros fatores no problema. Estabeleça o numerador de modo que ele se compatibilize com a unidade no denominador anterior. 6. Cancele as unidades de medição semelhantes no lado direito da equação. Você deve terminar apenas com uma unidade à esquerda na equação e ela deve compatibilizar-se com a unidade no lado esquerdo da equação. 7. Reduzir aos menores termos quando possível e resolver o problema, ou resolva para x. Rotular sua resposta. 8. Compare sua estimativa da Etapa 1 com sua resposta na Etapa 2. Exemplo: O médico-assistente prescreve 0,45 g de penicilina V potássica através de uma sonda gástrica. O rótulo do frasco diz: penicilina V potássica, 125 mg/5 mL. 1. Identifique a unidade de medida que você precisa administrar. Este medicamento é administrado em uma sonda gástrica, que é um medicamento líquido; portanto, a resposta será em mililitros (mL). 2. Estime a resposta. A prescrição do medicamento é mais de três vezes, porém menos de quatro vezes a dose unitária no frasco; desta maneira, a resposta é maior que 15 mL e menor que 20 mL. 3. Coloque o nome ou a abreviatura adequada para x no lado esquerdo da equação. 4. Coloque as informações disponíveis a partir do problema em um formato de fração no lado direito da equação. Como o medicamento será administrado em mililitros, coloque mL no numerador. 5. Observe a prescrição do medicamento e adicione os outros fatores no problema. Estabeleça o numerador de modo que ele compatibilize a unidade no denominador prévio. A prescrição é para 0,45 g e o medicamento está disponível em frascos de 125 mg. Sabendo que 1 g = 1.000 mg, adicione esta conversão ao cálculo. 6. Cancele as unidades de medição semelhantes no lado direito da equação. 7. Reduza aos menores termos possíveis e resolva o problema ou resolva o x. Rotule sua resposta. 8. Compare a estimativa da Etapa 2 com a resposta na Etapa 7. A resposta calculada é 18 mL, que fica entre 15 mL e 20 mL. Isto é compatível com a estimativa feita na Etapa 2. Prepare e administre 18 mL do medicamento conforme prescrito. Doses Pediátricas A evidência atual mostra que crianças estão em um risco muito mais elevado de experimentar um erro de medicação que os adultos, sendo que os erros de medicação em crianças apresentam uma chance maior de causar consequências graves e, até mesmo fatais. (Kaufmann et al., 2012; Rinke et al., 2014). Os erros de medicação envolvendo crianças frequentemente acontecem pelos seguintes motivos (Morris, 2014): • Confusão entre formulações para adultos e crianças • Disponibilidade de múltiplas concentrações pediátricas de medicamentos líquidos orais • Preparação inexata de medicamentos que precisam ser diluídos • Embalagem similar dos medicamentos e nomes de medicamentos que parecem semelhantes e que soam de maneira similar • Pais que não compreendem como preparar e administrar corretamente os medicamentos • Erros nos cálculos e uso de dispositivos de medição inexatos (p. ex., colheres de chá e de mesa domiciliares) em oposição aos dispositivos feitos para medir pequenos volumes O cálculo das doses de medicamentos de crianças requer cautela (Hockenberry e Wilson, 2015). Mesmo pequenos erros ou discrepâncias na quantidades do medicamento podem afetar negativamente a saúde de uma criança (Morris, 2014). Idade, peso e maturidade dos sistemas orgânicos de uma criança afetam a capacidade de metabolizar e excretar os medicamentos. Por vezes, as enfermeiras têm dificuldade de avaliar a resposta de uma criança a um medicamento, em especial quando ela não pode se comunicar de maneira verbal. Por exemplo, um efeito colateral da vancomicinaé a ototoxicidade. Quando uma criança ainda não consegue falar, constitui um desafio avaliar a ototoxicidade. Utilize as seguintes diretrizes quando se calculam as doses pediátricas: 1. A maioria dos medicamentos pediátricos é prescrito em miligramas por quilograma (mg/kg). Portanto, pese o paciente em quilogramas antes de administrar os medicamentos. Evite converter o peso do paciente de libras para quilograma para evitar erros. 2. Comumente, as doses pediátricas são muito menores que as doses para adultos para o mesmo medicamento. Com frequência, você utiliza microgramas e seringas pequenas (p. ex., seringa de tuberculina ou de 1 mL). 3. As doses IM são muito pequenas e comumente não excedem 1 mL em crianças pequenas e 0,5 mL em neonatos. 4. As dosagens subcutâneas também são muito pequenas e, em geral, não excedem a 0,5 mL. 5. A maioria dos medicamentos não é arredondado para o decimal mais próximo. Em lugar disto, eles são arredondados para o milesimal mais próximo. 6. Meça as dosagens inferiores a 1 mL em seringas que são marcadas em décimos de mililitro quando o cálculo da dosagem vem uniforme e não precisa ser arredondado. Empregue uma seringa de tuberculina para a preparação do medicamento quando o medicamento precisa ser arredondado para o milesimal mais próximo. 7. Estime a dose do paciente antes de começar o cálculo; escreva e compare a resposta com a estimativa antes de preparar o medicamento. 8. Para determinar se uma dose é segura antes de administrar o medicamento, compare e avalie a quantidade de medicamento prescrita durante 24 horas com a dosagem recomendada. Diferentes fórmulas e métodos são empregados para calcular as dosagens do medicamento em crianças. Os dois métodos mais comuns de calcular as dosagens pediátricas baseiam-se no peso ou área de superfície corporal (BSA) de uma criança. A BSA é utilizada em raras situações (p. ex., determinação da dose de quimioterapia). Refira-se a uma fonte pediátrica ou de farmacologia e consulte o médico-assistente ou um farmacêutico caso você precise calcular uma medicação com base na BSA. Na maior parte das situações, você calcula os medicamentos com base no peso de uma criança. Você pode usar o método da razão e proporção, o método de fórmula ou a análise dimensional para calcular uma dose pediátrica usando o peso corporal. Refira-se às seções anteriores sobre a razão e proporção, método da fórmula e análise dimensional para selecionar o método de mais fácil utilização. Papel do Profissional de Saúde Um médico, uma enfermeira da prática americana ou médico residente prescreve medicamentos ao escrever uma prescrição em um formulário no prontuário médico de um paciente, em um livro de prescrição ou em um receituário legal. Alguns profissionais de saúde usam um computador de mesa, um laptop ou um smartfone para gerar a prescrição do medicamento. Muitos hospitais implementam entradas de prescrição médica computadorizada (em inglês, computerized physician order entry, CPOE) para manusear as prescrições de medicação a fim de diminuir os erros de medicação (Ghaemmaghami, 2014). Nestes sistemas, o profissional de saúde preenche todos os campos computadorizados antes de fazer a prescrição do medicamento, evitando prescrições incompletas ou ilegíveis. Por vezes, um profissional de saúde prescreve um medicamento por telefone ou falando pessoalmente com a enfermeira. Uma prescrição para um medicamento ou tratamento médico feita através do telefone é chamado de uma prescrição telefônica. Quando a prescrição é dada verbalmente para a enfermeira, ela é chamada de prescrição verbal. Quando uma prescrição verbal ou telefônica é recebida, a enfermeira que a recebeu escreve uma prescrição completa ou a insere no computador, a relê e recebe a confirmação do profissional de saúde para confirmar a exatidão. A enfermeira indica o horário e o nome do profissional de saúde que deu a prescrição, a assina e segue a política da instituição para indicar que ela foi lida novamente para o autor. O profissional de saúde faz uma assinatura de confirmação na prescrição em um momento posterior, usualmente dentro de 24 horas depois de sua emissão. Siga as diretrizes para a recepção segura de prescrições de medicação telefônicas ou verbais (Quadro 32-3). As políticas da instituição variam em relação às pessoas que podem receber as prescrições telefônicas ou verbais. Estudantes de enfermagem não podem receber prescrições de medicação de qualquer tipo. Elas somente fornecem medicamentos recentemente prescritos depois que uma enfermeira escreveu e verificou a prescrição. Quadro 32-3 Diretrizes para prescrições telefônicas e verbais • Apenas a equipe autorizada recebe e registra as prescrições telefônicas e verbais. A instituição identifica por escrito os profissionais que estão autorizados a fazer isto. • Identifique claramente o nome, o número do quarto e o diagnóstico do paciente. • Leia novamente todas as prescrições para o médico (TJC, 2016). • Utilize o esclarecimento das dúvidas para evitar as compreensões errôneas. • Escreva “OT” (ordem telefônica) ou “OV” (ordem verbal), incluindo data e horário, nome do paciente, e preencha o formulário; assine o nome do médico e da enfermeira. • Siga as políticas da instituição; algumas instituições exigem a documentação da “leitura retroativa” ou exigem que duas enfermeiras revejam e assinem as prescrições telefônicas ou verbais. • O médico coassina a prescrição dentro do intervalo de tempo exigido pela instituição (em geral, 24 horas; confira a política da instituição). As abreviaturas comuns são frequentemente usadas quando se escrevem as prescrições. As abreviaturas indicam as frequências ou horários de dosagem, as vias de administração e informações especiais para administrar o medicamento (Tabela 32-3). Os erros de medicação frequentemente envolvem o uso de abreviaturas. A Tabela 32-7 lista as abreviaturas que estão associadas a uma alta incidência de erros de medicação. Não use estas abreviaturas quando documentar as prescrições de medicamentos ou outras informações sobre medicamentos (ISMP, 2013a; TIC, 2014a). Por vezes, há variação entre as abreviaturas utilizadas por diferentes instituições. Verifique a política da instituição para determinar quais abreviaturas são aceitáveis para uso e seus significados. Tabela 32-7 Abreviaturas Proibidas e Propensas ao Erro* As abreviaturas, símbolos e designações de dose encontradas nesta tabela foram reportados no ISMP através do USP-ISMP Medication Error Reporting Program como sendo, em geral, frequentemente mal interpretados e estando envolvidos em erros de medicação perigosa. Eles NUNCA devem ser empregados quando se comunicam informações médicas. Isto inclui comunicações internas, prescrições telefônicas/verbais, rótulos gerados por computador, rótulos para caixas de armazenamento de medicamentos, registros de administração de medicamentos e telas de entrada de prescrições computadorizadas para a farmácia e para o prescritor. O The Joint Commission (TJC) estabeleceu uma Meta Nacional de Segurança do Paciente que especifica que determinadas abreviaturas devem aparecer na lista de não utilização pela instituição acreditada; elas são destacadas por um asterisco duplo (** ). No entanto, esperamos que você venha a considerar outras abreviaturas além dos requisitos mínimos do TJC. Ao usar e promover as práticas seguras e ao educar uns aos outros sobre os perigos, podemos proteger melhor nossos pacientes. Abreviaturas SignificadoPretendido Interpretação Errônea Correção µg Micrograma Confundido com “mg” Use “mcg” AD, AS, AU Ouvido direito, ouvido esquerdo, ambos os ouvidos Confundido com OD, OS, OU (olho direito, olho esquerdo, ambos os olhos) Use “ouvido direito”, “ouvido esquerdo” ou “ambos os ouvidos” OD, OS, OU Olho direito, olho esquerdo, ambos os olhos Confundido com AD, AS, AU (ouvido direito, ouvido esquerdo, ambos os ouvidos) Use “olho direito”, “olho esquerdo” e “ambos os olhos” BT Hora de dormir Confundido com “BID” (duas vezes ao dia)
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