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Cirurgia – Doenças das Vias Biliares Caio Márcio Silva Cruz Página 1 Coledocolitíase e Coletitíase Anatomia das Vias biliares Ampola de Vater – especialização da parede do duodeno. O esfíncter de Oddi relaxa quando a bile precisa ir para o trato Gastrointestinal, na alimentação. Enchimento da Vesícula Biliar – retroalimentação negativa (com o esfíncter fechado a bile escoa para dentro da vesícula). Triângulo de Calot: borda hepática + ducto cístico + ducto hepático comum. - Lá dentro passa a artéria cística, que precisa fazer a ligadura na cirurgia. Tipos de Cálculos - Amarelo: é o tipo mais comum de todos, e é um calculo formado por colesterol. (90% dos casos) Não pigmentado, radiotransparente, formado na vesícula. Fatores de risco – é um desbalanço entre solvente e soluto: mulher, estrogênio (aumenta a eliminação de gordura pela bile), idade, obesidade, emagrecimento rápido, drogas (clofibrato), doenças ileais (Crohn, ressecção). “Os famosos 4 F's, ou seja, sobrepeso ou obesidade (fat), sexo feminino (female), idade fértil (fertility) e 40 (forty) ou mais anos de idade.” Hereditariedade é muito forte. Recirculação êntero-hepática de sais biliares, realizada pelo íleo: quanto mais eu tenho sal biliar, menor a chance de se ter cálculo, é um solvente de colesterol. - Preto: é o segundo mais comum, é formado pelo acúmulo de bilirrubinato de Ca2+ dentro da vesícula. Pigmentado Fatores de risco: hemólise crônica, cirrose. - Castanho: é o mais raro de todos, também de bilirrubinato de Ca2+. Pigmentado, formado na via biliar. Fatores de risco: obstrução da via biliar/colonização bacteriana. Colelitíase Cálculo na vesícula biliar - Clínica: Cerca de 70 a 80% dos adultos são assintomáticos, porém a maioria dos jovens é sintomática. Dor: obstrução da vesícula. Cólica biliar (15%) o Normalmente após a libação alimentar, uma refeição gordurosa aumenta a contração da vesícula. o Vai aliviando (até 6 horas) Náuseas Vômitos - Diagnóstico: Ultrassonografia (padrão ouro) Presença de imagem hiperecoica com sombras acústicas: Cirurgia – Doenças das Vias Biliares Caio Márcio Silva Cruz Página 2 - Tratamento: Colecistectomia videolaparoscópi- ca. Sintomático Complicações Assintomático se: o Maior que 3 cm (>2,5): prevenção de um câncer de vesícula. o Presença de pólipos associados. Pólipos sozinhos quando grandes (>1 cm) e/ou crescimento rápido. o Vesícula de porcelana o Anomalia congênita o Anemia Hemolítica (maior risco de cálculo preto) o Cirurgia bariátrica (não tem consenso) e transplante cardíaco. Nota: Paciente pode apresentar fezes pastosas nos primeiros 3 meses pós-cirúrgico. Complicação: Colecistite Aguda Inflamação por um cálculo obstruindo a vesícula. Nota: Alitiásica - Colecistite sem a presença do cálculo (5-10% dos casos), pacientes graves, jejum, NPT. - Clínica: Dor (dura mais do que 6 h) + Febre + Sinal de Murphy (interrupção súbita da inspiração profunda na compressão do ponto cístico) - Diagnóstico: Ultrassonografia o Cálculo impactado, parede espessada (> 3 mm). Cintilografia biliar (padrão ouro) – mais quase não se faz. o Ausência de contraste dentro da vesícula biliar. - Tratamento: Medidas gerais + Antibioticoterapia Colecistectomia videolaparoscópica precoce (ideal menor que 72h). o Segura até 1 semana. Colecistostomia percutânea – Não tolera CVL. o Coloca um cateter para drenar a vesícula, para aliviar a pressão. Nota: Tokyo Guideline (TG – 18) Diagnóstico Clínica, Laboratório e Imagem. A: Sinais de Inflamação local. Murphy +, Dor em QSD, massa. B: Sinais de inflamação sistêmica Febre, leucocitose, aumento PCR C: Achados ultrassonográficos Suspeita diagnóstica: A + B. Diagnóstico: A + B + C. Classificação: - Grau III (Grave): Disfunção orgânica. - Grau II (Moderado): Algum dos achados, mas sem disfunção orgânica: - Leucocitose > 18.000/mm3. - Massa palpável e dolorosa em QSD. - Evolução maior que 72h. - Sinais de complicação local. - Grau I (Leve): ausência de critérios para moderada e grave. Tratamento: Antibioticoterapia + suporte. - Grau I: CVL. - ATB + cirurgia tardia se o paciente não tolerar CVL. - Grau II: CVL em centros especializados. - ATB + Colecistostomia se paciente não tolerar CVL. - Grau III: Conservador até a correção da disfunção orgânica. - Após estabilizar, CVL por cirurgião experiente. - ATB + Colecistostomia se paciente não tolerar CVL. Complicações - Perfuração Livre: o Peritonite (febre, leucocitose) Cirurgia – Doenças das Vias Biliares Caio Márcio Silva Cruz Página 3 o Cirurgia de urgência. Bloqueada o Abscesso o Avaliar Colecistostomia Fístula: Íleo biliar o Obstrução de delgado o Cálculo ectópico o Pneumobilia Tríade de Rigler - Colecistite Enfisematosa o Gás na parede da vesícula – Clostridium. o TG-18: TC é grande exame. o Quadro mais grave, menos de 1% dos casos, idosos e DM. Coledocolitíase Cálculo no Colédoco Primária – Cálculo formado dentro do colédoco (castanho), menor que 5% dos casos. Secundária – Cálculo formado na vesícula (amarelo), mais de 90% dos casos. - Clínica: o Assintomático (50%) o Icterícia flutuante (tem momentos de melhora pelo escoamento da bile) o Vesícula impalpável o Pode ter a colangite como complicação. - Diagnóstico o USG: 1º passo: dilatação da vesícula (> 5 mm) e cálculos. Medir a parede da vesícula (normal = 4 mm) o Colangioressonância o CPRE Confirmam o diagnóstico. ________________________________________ Como investigar a Coledocolitíase na Colelitíase - USG - Dosar Bilirrubinas + FAL + Transaminases » Alto risco: USG com cálculo no colédoco, icterícia flutuante, Colestase. Conduta: CPRE. » Médio risco: USG com colédoco > 5mm mais 2 achados de: - História patológica pregressa de Colecistite, pancreatite ou colangite. - Elevação de bilirrubinas, FAL ou transaminases. Conduta: Colangioressonância. » Baixo risco: USG com colédoco < 5mm mais 2 achados de: Conduta: Colangioressonância intra-operatória. » Muito baixo risco - Nenhum fator. Conduta: CVL ________________________________________ - Tratamento: Sempre tratar! o Descoberta antes da CVL: CPRE + Papilotomia (se necessário) o Descoberta durante a CVL: Exploração cirúrgica. o Intra-hepático ou Primária – Derivação biliodigestiva.