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Biomoléculas
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Claudio Eduardo dos Santos Cruxen
Revisão Textual:
Letícia Pataquine Levenes 
Ácidos Nucleicos 
Ácidos Nucleicos 
 
 
• Compreender as funções e as estruturas dos ácidos nucleicos e como ocorre os processos de 
replicação, transcrição e tradução.
OBJETIVO DE APRENDIZADO 
• Introdução aos Ácidos Nucleicos;
• Funções dos Ácidos Nucleicos;
• Nucleotídeos;
• Estrutura dos Ácidos Nucleicos;
• Replicação do DNA;
• Transcrição;
• Tradução.
UNIDADE Ácidos Nucleicos 
Introdução aos Ácidos Nucleicos
Os ácidos nucleicos são compostos orgânicos responsáveis por armazenar e transmi-
tir a informação genética. São polímeros constituídos por monômeros de nucleotídeos, 
formados pelos átomos de carbono, hidrogênio, oxigênio, fósforo e nitrogênio. O nome 
“ácidos nucleicos” provém do caráter ácido dessas moléculas e por terem sido, inicial-
mente, descobertas no núcleo das células, contudo, sabe-se que o material genético pode 
estar difuso no citoplasma, como ocorre em células procarióticas, ou mesmo estar pre-
sentes em organelas, como nas mitocôndrias e nos cloroplastos das células eucarióticas. 
Existem dois tipos de ácidos nucleicos: o ácido desoxirribonucleico, mais conhecido 
como DNA, que armazena as informações genéticas em fragmentos conhecidos como 
genes; e o ácido ribonucleico conhecido, ou RNA, responsável por transmitir e regu-
lar a informação genética contida nos genes. Mas, como foi possível essa descoberta? 
É isso que vamos ver a partir de agora. 
Essa história teve início, possivelmente, em meados de 1940 quando, em uma pes-
quisa, Erwin Chargaff e colaboradores descobriram que: (1) a composição de bases do 
DNA varia de uma espécie para outra; (2) as amostras de DNA de tecidos diferentes da 
mesma espécie têm a mesma composição; (3) e que as composições das bases do DNA 
não mudam conforme a idade, estado nutricional e mudanças de ambiente. Além disso, 
os autores descobriram que todas as amostras de DNA analisadas, independentemente 
da espécie, apresentaram o mesmo número da base adenina e timina (A=T), bem como 
o número de guanina é igual ao número de citosina (G=C). Essas descobertas origina-
ram o que conhecemos atualmente por Regra de Paridade de Chargaff. 
Figura 1 – Foto do bioquímico americano Erwin Chargaff
Fonte: Wikimedia Commons
Contudo, até 1940, não existia evidências suficientes de que o DNA fosse o material 
genético, até que Avery e colaboradores descobriram que a bactéria patogênica 
8
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Streptococcus pneumoniae poderia transformar uma cepa não virulenta da mesma 
bactéria em uma cepa virulenta. Os autores evidenciaram, por meio de testes químicos, 
que era o DNA quem transportava a informação genética e não as proteínas, 
polissacarídeos ou o RNA, como se especulava na época. No mesmo sentido, em 1952, 
experimentos de Alfred D. Hershey e Martha Chase, ao estudarem a infecção de um 
vírus (bacteriófago) com DNA ou proteína marcados radioativamente, chancelaram que 
era o DNA quem portava as informações genéticas e não as proteínas. Já o estudo 
de Rosalind Franklin e de Maurice Wilkins foi importante para iniciar a descoberta da 
estrutura do DNA, pois as imagens de difração de raios-X revelaram a estrutura de dupla 
hélice do DNA no início da década de 50. 
Figura 2 – Foto de Rosalind Franklin (à esquerda) e de Maurice Wilkins
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons
Dessa forma, James Watson e Francis Crick, com base em todas essas informações 
sobre o DNA, deduziram a sua estrutura tridimensional e publicaram o artigo intitulado 
“Molecular Structure of Nucleic Acids: A Structure for Deoxyribose Nucleic Acid” na 
revista Nature, em 2 de abril de 1953. Os cientistas indicaram que o modelo de estrutu-
ra consiste em duas cadeias de DNA helicoidais enroladas em torno do mesmo eixo para 
formar uma dupla hélice. Em 1962, Watson e Crick foram laureados, juntamente com 
Wilkins, com o Nobel de Fisiologia ou Medicina pela descoberta da estrutura do DNA. 
Figura 3 – Os cientistas Francis Crick (à dir.) e James Watson, descobridores da estrutura do DNA
Fonte: biophysics.org
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UNIDADE Ácidos Nucleicos 
Funções dos Ácidos Nucleicos
O DNA é o material genético dos seres vivos, encontrado em bactérias, fungos, 
plantas, animais e em alguns vírus. Nos organismos eucarióticos, a informação genética 
está em unidades gênicas localizadas nos cromossomos. Em células procarióticas, como 
as bactérias, o DNA está difuso no citoplasma em uma região denominada nucleoide. 
Os genes presentes no DNA constituem o genótipo do ser vivo e, normalmente, codifi-
cam para proteínas que são responsáveis pela expressão do fenótipo do ser vivo. 
Para uma breve leitura sobre genótipo e fenótipo, acesse o link: https://bit.ly/365ULIz
Importante ressaltar que normalmente um gene codifica para um RNA mensageiro 
(RNAm), contudo, para a formação de proteínas, os genes podem codificar também para 
o RNA ribossômico (RNAr), RNA transportador (RNAt) e para pequenos microRNAs 
(miRNA). Você deve estar pensando: Qual a função desses RNAs no organismo? 
É exatamente isso que vamos ver agora. 
O RNAm é o ácido ribonucleico gerado no processo de transcrição realizada pela 
enzima RNA polimerase e possui a função de conduzir a informação genética até os 
ribossomos, onde será sintetizada uma proteína (Figura 4). 
Figura 4 – Demonstra o RNAm sendo lido no ribossomo para formação de uma cadeia polipeptídica
Fonte: Adaptado de DUTRA, s.d.
Os RNAr, codificados pelos genes, se associam às proteínas (constituição riboproteica) 
para formar os ribossomos, os quais são organelas não membranosas presentes nas 
células de todos os seres vivos, responsáveis pela tradução no processo de síntese 
proteica. Os ribossomos são estruturas pequenas, cerca de 12 nm de largura e 25 nm 
de comprimento, e são formados por duas subunidades, uma maior e uma menor 
(Figura 5). Os ribossomos eucarióticos são maiores quando comparados aos ribossomos 
de células procarióticas e, além disso, diferem na quantidade e na combinação de 
proteínas associadas. 
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Figura 5 – Ribossomo procariótico formado pelas suas
subunidades menor 30S e pela subunidade maior 50S
Fonte: Adaptado de TORTORA; FUNKE; CASE, 2012
Você Sabia?
Muitos antibióticos administrados em seres humanos ou animais têm ação nos ribossomos das 
células procarióticas (bactérias). A estreptomicina e a gentamicina fixam-se na subunidade 
30S e interferem na síntese proteica, enquanto a eritromicina e o cloranfenicol interferem na
síntese proteica pela fixação na subunidade 50S. Esse fato é possível, pois as subunidades 
dos ribossomos são diferentes entre as células procarióticas e eucarióticas, conforme 
vimos. Assim, as células bacterianas são eliminadas sem causar danos às células eucarióticas 
do hospedeiro. 
O RNAt também está envolvido na síntese proteica, mas a sua função específica é 
conduzir os aminoácidos até os ribossomos. O RNAt reconhece a sequência de nu-
cleotídeos contida no RNAm (códon) e se liga por meio do seu anticódon, liberando o 
aminoácido específico para a formação da proteína. 
Figura 6 – Estrutura 3 e 2D do RNAt
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons
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UNIDADE Ácidos Nucleicos 
Existem ainda os miRNA que são moléculas não codificantes, isto é, não geram pro-
teínas. Esses RNAs estão presentes em plantas e animais, são sintetizados pela DNA 
polimerase II e possuem como função a regulação da expressão gênica em nível 
pós-transcricional. Mas, como isso é possível? Trata-se de um mecanismo molecular 
complexo, contudo, se pode dizer, de maneira resumida, que os miRNA apresentam 
sequências complementares aos RNAm, podendo haver a destruição ou bloqueio do 
RNAm impedindo a sua tradução (Figura 7). Os miRNA foram descobertos em 1993 
por Lee e colaboradores, contudo, em 2001 foram publicados alguns artigos que coloca-
ram essas pequenas moléculas em evidência. Atualmente, já foram identificados mais de 
48.000 miRNAs em mais de 270 espécies esabe-se que eles regulam diversos aspectos 
fisiológicos como diferenciação celular, apoptose, secreção de insulina, defesa contra 
patógenos, entre outros. 
DNA RNAm
Proteína
MicroRNAs
Reguladores Pós-transcricional
Figura 7 – Mecanismo de regulação da tradução realizada 
pelos microRNAs apresentado de forma simplificada
Fonte: Adaptado de Getty Images
Nucleotídeos 
Os nucleotídeos formam os ácidos nucleicos, sendo que também podem ocorrer na 
forma livre e desempenhar outras funções como carreadores de energia, componentes 
de cofatores enzimáticos e mensageiros químicos. Porém, nesta seção, o nosso foco 
será compreender, inicialmente, as suas estruturas e características e, posteriormente, 
entender como são formados os ácidos nucleicos a partir dos nucleotídeos.
Os componentes que formam um nucleotídeo são: uma base nitrogenada, uma pen-
tose (monossacarídeo) e um grupo fosfato (Figura 8). A molécula sem o grupo fosfato é 
denominada de nucleosídeo. 
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Grupo
fosfato
Base nitrogenada
Pentose
O-
O
O
O
OH OH
N
N
N
N
NH2
O-P
C
4’
3’ 2’
1’
5’
H
H
H
H
Figura 8 – Estrutura de um nucleotídeo
Fonte: MAGALHÃES, s.d.
As bases nitrogenadas podem ser púricas (Adenina e Guanina), que, estruturalmente, 
apresentam dois anéis fusionados (um hexagonal e um pentagonal), ou pirimídicas (Cito-
sina, Timina e Uracila), que são menores que as púricas, uma vez que possuem apenas 
um anel hexagonal (Figura 9). 
Figura 9 – Bases púricas e pirimídicas dos ácidos nucleicos
Fonte: Wikimedia Commons
Na estrutura dos ácidos nucleicos se pode encontrar as bases púricas, contudo, as 
bases pirimídicas encontradas no DNA são somente a citosina e a timina, enquanto no 
RNA serão encontrados apenas a citosina e a uracila. Outra diferença importante dos 
nucleotídeos que formam o DNA e o RNA está na pentose: o DNA é formado por 
uma desoxirribose de fórmula molecular (C5H10O4) enquanto o RNA possui uma 
ribose (C5H10O5) (Figura 10).
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UNIDADE Ácidos Nucleicos 
CH2OHCH2OH
H
OH
H H
OHOH
OH
Desoxirribose Ribose
33 2 2
44
5 5
1 1
H H
HO O
OHH
Figura 10 – Desoxirribose presente na estrutura do DNA e a ribose presente no RNA
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons
Em Síntese
A diferença entre um nucleotídeo e um nucleosídeo é a presença ou ausência do grupo 
fosfato, respectivamente. Um nucleotídeo é formado por uma base nitrogenada (ade-
nina [A], citosina [C], timina [T], guanina [G] e uracila [U]), uma pentose (desoxirribose 
ou ribose) e um grupo fosfato. No DNA, serão encontradas a bases A, C, T e G; e no RNA, 
as bases A, C, G e U. 
Estrutura dos Ácidos Nucleicos
A descoberta da estrutura do DNA por Watson e Crick em 1953, deu origem a novas 
disciplinas e influenciou muitas já existentes. A engenharia genética é um exemplo disso, 
pois permitiu a manipulação do DNA e de seus genes, tornando possível desenvolver 
desde medicamentos para a saúde humana até o melhoramento de plantas. Nesta seção, 
vamos compreender a famosa estrutura de dupla hélice do DNA e também a estrutura 
de fita única do RNA.
Estrutura do DNA
Os nucleotídeos de cada fita de DNA ligam-se, covalentemente, por ligação 
fosfodiéster para formar cadeias longas, sendo que essa ligação envolve os carbonos 5’ 
e 3’ da desoxirribose de um nucleotídeo com grupos fosfatos, formando uma estrutura 
conhecida como esqueleto de açúcar-fosfato. Já a união envolvendo o carbono 1’ da 
desoxirribose e a base nitrogenada ocorre por meio de uma ligação glicosídica 
(Figura 11). Repare também, na Figura 11, que o grupo fosfato ligado ao carbono 5’ da 
desoxirribose está livre, assim, essa ponta da cadeia é chamada de extremidade 5’. Já na 
extremidade inferior, quem está livre é a hidroxila do carbono 3’ e, por isso, é chamada 
de extremidade 3’. 
14
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Ligação
glicosídica
Timina
Guanina
Adenina
Extremidade 5’
5’
4’
3’ 2’
1’
Ligação
fosfodiéster
Extremidade 3’
Esqueleto açúcar fosfato
Pentose
Pentose
Pentose
P
P
P
Figura 11 – Esqueleto de açúcar-fosfato de uma fi ta de DNA
e a ligação glicosídica entre o açúcar e a base nitrogenada
O pareamento entre as fitas acontece conforme a regra de Chargaff, em que A pareia 
com T e C pareia com G. As bases de uma fita se ligam às bases da outra fita por liga-
ções de hidrogênio, e é importante observar que três ligações de hidrogênio podem se 
formar entre G e C, mas somente duas entre A e T (Figura 12). Além disso, observe que 
uma das fitas está no sentido 5’– 3’, enquanto a outra está no sentido 3’– 5’ e, por essa 
razão, dizemos que as fitas são antiparalelas (Figura 12).
Figura 12 – Padrões de ligações de hidrogênio no pareamento de bases defi nido por Watson e Crick
Fonte: Adaptado de LEHNINGER; NELSON; COX, 2019, p. 285
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UNIDADE Ácidos Nucleicos 
A estrutura de dupla hélice é formada em função das ligações de hidrogênio, sendo 
que as bases nitrogenadas permanecem voltadas para o interior das fitas de DNA, en-
quanto que os grupos fosfatos e o açúcar ficam para fora, formando o esqueleto do DNA 
(Figura 13). Esse esqueleto é carregado negativamente devido à presença dos grupos 
fosfatos e atribui polaridade a essa parte da molécula, permitindo interação com o meio. 
Importante salientar que as ligações de hidrogênio, além de atribuir forma, também são 
responsáveis pela estabilidade do DNA, pois tratam-se de interações intermoleculares 
fortes, contudo, permitem uma fácil ruptura por enzimas, como a helicase em processos 
de replicação e transcrição. 
DNA
Hélice de açúcar
e fosfato
Bases
nitrogenadas
5’
3’
Figura 13 – Estrutura dupla hélice do DNA
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons
O DNA apresenta ainda uma estrutura terciária conhecida como Supercolling of DNA, 
ou DNA superenovelado. Nos eucariotos, essa compactação ocorre nos nucleossomas, 
onde o DNA se enrola em proteínas denominadas histonas. Já as bactérias possuem, 
tipicamente, um único cromossomo circular com proteínas associadas, o que também 
lhe confere alta compactação. 
Você Sabia?
O DNA de E. coli, a bactéria mais conhecida e estudada geneticamente, possui cerca de 
4,6 milhões de pares de bases e aproximadamente 1 mm de comprimento. Esse tama-
nho é, aproximadamente, 1.000 vezes maior do que o tamanho da bactéria e, apesar dis-
so, ocupa cerca de 10% do volume celular. Esse fato demonstra claramente a capacidade 
de superenovelamento do DNA. 
DNA
Hélice de açúcar
e fosfato
Bases
nitrogenadas
5’
3’
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Estrutura do RNA
Todos os RNAs são polímeros formados por monômeros de nucleotídeos unidos por 
ligações fosfodiéster. Existem vários tipos de RNA, como vimos, contudo, suas estrutu-
ras, apesar de idênticas (fosfato, ribose e bases nitrogenadas), assumem conformação 
espacial diferentes. Diferentemente do DNA, o RNA é constituído por uma fita única de 
polímeros (Figura 14). Porém, ele pode apresentar-se como fita dupla, pois suas bases 
podem parear entre si e se enovelar em estruturas terciárias complexas. Além disso, 
proteínas podem se associar ao RNA, como ocorre para a formação dos ribossomos, 
neutralizando as cargas negativas dos grupos fosfatos cuja repulsão eletrostática poderia 
causar a desestabilização da sua estrutura. 
Bases nitrogenadas
Citosina
Guanina
Adenina
Uracila
Hélice de açúcar
e fosfato
RNA
Figura 14 – Estrutura de uma molécula de RNA
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons
Você Sabia?
Alguns vírus são constituídos por moléculas de RNA como ocorre com o SARS-CoV-2, 
causador da pandemia de COVID-19. 
Replicação do DNA
A replicação do DNA é um processo de duplicação das fitas que ocorre tanto em 
células eucarióticas como em células procarióticas com algumas especificidades. Esse 
17
UNIDADE Ácidos Nucleicos 
processo acontece toda a vez que a célula precisa se duplicar. Nesta seção, será mostra-
do uma série de eventos em comum que ocorrem na replicação do DNA dos diferentes 
tipos de células. 
A replicação inicia com o relaxamento do DNA, já que se trata de uma molécula 
extremamente compactada. Esse relaxamentoé provocado pelas enzimas topoisome-
rase ou girase. Posteriormente, a enzima helicase separa as duplas fitas, desfazendo as 
ligações de hidrogênio entre os nucleotídeos, o que resulta em uma forquilha de repli-
cação. Paralelamente à atuação da helicase, ocorre a atuação de proteínas de ligação 
a fita simples (SSB), que impedem que a estrutura de dupla hélice se forme novamente 
(Figura 15).
Importante!
Em células eucarióticas existem várias origens de replicação, enquanto em células procari-
óticas ocorre apenas uma, porém, em ambos os casos, essa replicação é bidirecional. 
Cada fita de DNA serve como molde para a formação de uma nova fita, desta forma, 
a cópia do DNA terá uma fita antiga e uma nova, por isso é um processo semiconser-
vativo. A enzima primase adiciona os primer que são iniciadores de cinco a dez nucle-
otídeos, e isso marca o ponto de partida para a síntese da nova fita. Com os primer já 
adicionados, a enzima DNA polimerase III é a responsável por adicionar os nucleotídeos 
para a síntese da nova fita. 
Importante!
A replicação necessita de energia para acontecer, mas de onde vem essa energia? Ela é 
proveniente dos nucleotídeos, que são inicialmente trifosfatados, sendo que, no pro-
cesso de síntese, eles perdem dois grupos fosfatos, gerando energia necessária para a 
síntese da nova fita. 
A DNA polimerase atua apenas no sentido 5’– 3’, isto é, ela só consegue adicionar 
nucleotídeos na extremidade 3’, na qual há uma hidroxila livre. Assim, a nova fita sinteti-
zada no sentido 5’– 3’ será contínua e é denominada de fita líder, por outro lado, a fita 
de sentido contrário 3’– 5’ será sintetizada em fragmentos, recebendo o nome de fita 
tardia (Figura 15). Esses fragmentos são denominados de fragmentos de Okazaki, em 
homenagem ao cientista japonês que desvendou esse processo. Para a síntese da fita 
tardia é necessário que a enzima primase adicione primer ao longo da fita, deixando a 
extremidade 3’ livre para que a enzima DNA polimerase atue inserindo os nucleotídeos. 
Dessa forma, a DNA polimerase irá atuar em sentido contrário à forquilha de replicação 
na fita tardia. Após a síntese das duas fitas, a DNA polimerase I remove os primer em 
ambas as cadeias de DNA e a enzima ligase é a responsável por conectar os fragmentos 
da fita tardia.
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Figura 15 – Resumo de eventos na forquilha de replicação
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons
Animação sobre a Replicação do DNA, disponível em: https://youtu.be/T3RK7w0nfOc
Transcrição 
A geração de proteínas é um processo que inicia pela síntese de RNA fita simples, 
contudo, esse processo apresenta algumas diferenças entre células eucarióticas e 
procarióticas. As principais diferenças serão demonstradas, contudo, o objetivo prin-
cipal é apresentar um panorama geral sobre os processos de transcrição e tradução 
para a formação das proteínas. A transcrição de um gene ocorre, normalmente, 
para síntese de uma proteína, pois os genes podem codificar para outros RNAs, 
conforme vimos anteriormente. 
Importante!
A primeira diferença entre a transcrição e a tradução de células procarióticas e eucari-
óticas se refere ao local onde esses eventos acontecem. Em procariotos, a transcrição e 
a tradução ocorrem no citoplasma, sendo que esses eventos podem acontecer pratica-
mente de forma simultânea. Em eucariotos, a transcrição do RNAm e o seu processa-
mento ocorrem no núcleo; e a tradução, no citoplasma. 
Inicialmente, a enzima RNA polimerase identifica o local da transcrição (pro-
motor do gene) e se liga à fita de DNA. Assim, inicia-se a transcrição a partir de 
uma única fita molde de DNA a 3’– 5’, pois a RNA polimerase só atua no sentido 
5’– 3’, isto é, adiciona nucleotídeos somente na extremidade 3’ (Figura 16). 
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UNIDADE Ácidos Nucleicos 
Importante!
Os nucleotídeos complementares adicionados agora, para a síntese do RNAm, possuem 
uma ribose e não uma desoxirribose, como ocorre na replicação do DNA. Além disso, o 
RNAm não possui a base timina, sendo assim, a base que irá parear com a adenina será 
a uracila.
AG C
G
U
AC
G C
G
C
G
U
AT
A
C
GU
A
C
GC
G
C
G
C
GC
G
U
A
U
AT
T T T TT TT T T TTA A AA A
AAAAAA TT TC G GG GG G
GGGGGGGG
C C C
CCCCCCCCCCC G
RNA polimerase
RNA mensageiro
5’
3’ 5’
Figura 16 – Síntese do RNAm
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons
A síntese do RNAm é chamada de fase de alongamento, na qual são adicionados os 
nucleotídeos complementares à fita do DNA molde. O término desse processo ocorre 
quando sequências chamadas de finalizadores sinalizam que o transcrito de RNA está 
completo. Dessa forma, em células procarióticas, o processo de tradução vai acontecen-
do simultaneamente, pois, como vimos, esses dois processos ocorrem no citoplasma. 
Contudo, em células eucarióticas o RNAm precisa ser processado onde três eventos 
ocorrerem basicamente. 
Os RNAm eucarióticos são modificados em sua extremidade 5’ pela adição de uma 
7-metil-guanosina, denominado de 5’-CAP, no primeiro ribonucleotídeo transcrito. O 5’-
CAP protege o RNA da ação de exonucleases, que provocam a sua degradação, e essa 
estrutura também apresenta a função de reconhecimento pelo ribossomo. 
Outro processo que ocorre com o RNA é a poliadenilação, chamada de cauda poli A, 
que consiste na adição de adeninas na extremidade 3’ do RNAm, estabilizando-o. Por 
último, existe um processo chamado de splicing que consiste na remoção dos íntrons 
do RNAm, permanecendo apenas a porção codificadora que são os éxons. Após essa 
sequência de eventos, se diz que o RNAm está maduro e é então transportado para fora 
do núcleo para ser traduzido no citoplasma das células eucarióticas. 
Para uma breve leitura sobre íntrons e éxons, acesse: https://bit.ly/3m49kSl
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Tradução
Já vimos como a informação genética é convertida em RNAm. Agora, vamos com-
preender como ocorre a formação da proteína a partir do RNAm. 
A linguagem do RNAm está na forma de códons, uma sequência de três nucleotídeos 
que serão lidos por ordem 5’ – 3’ pelo RNAt. A tradução é um processo de decodifica-
ção, isto é, converte a sequência de nucleotídeos em sequências de aminoácidos. Esse 
processo se inicia com a formação do complexo de iniciação, que consiste nas duas 
unidades ribossômicas, no RNAm e do RNAt, contendo, normalmente, o anticódon 
iniciador UAC que corresponde ao aminoácido metionina. A seguir, o RNAm se movi-
menta no ribossomo no sentido 3’, onde o próximo códon é exposto para que o RNAt 
possa parear com o seu anticódon e liberar o segundo aminoácido que, por sua vez, 
irá se ligar ao primeiro por uma ligação peptídica (Figura 17). Esse processo vai ocor-
rendo, sucessivamente, até os códons de parada que podem ser UAG, UAA e UGA, e 
esses códons causam a dissociação das subunidades ribossomais e a liberação da cadeia 
polipeptídica, pois não há RNAt com anticódons para essas sequências (ver código ge-
nético, Figura 18). 
Figura 17 – Tradução de um RNAm em um ribossomo para a síntese de uma proteína
Fonte: Adaptado de TORTORA; FUNKE; CASE, 2012, p. 213
Qual aminoácido corresponde a cada códon? Essa informação pode ser obtida obser-
vando o código genético, que é universal, ou seja, é o mesmo para as bactérias, fungos, 
vegetais e animais. Além disso, o código genético é redundante, pois existem vários 
códons que codificam para o mesmo aminoácido, contudo, é altamente específico (não 
ambíguo), pois um códon codifica apenas para um aminoácido (Figura 18).
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UNIDADE Ácidos Nucleicos 
Figura 18 – Código genético: os três nucleotídeos em um códon de mRNA são denominados, 
respectivamente, primeira posição, segunda posição e terceira posição do códon no mRNA
Fonte: TORTORA; FUNKE; CASE, 2012, p. 219
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
Estrutura e função dos Ribossomos – Como funcionam
https://youtu.be/lWX88X1naPk
Replicação de DNA
https://youtu.be/dRBgmZ8Iozc
Mecanismo de Replicação do DNA, em 3D
https://youtu.be/zVaPUThUdWw
DNA: Transcriçãoe Tradução
https://youtu.be/oxBPO_xTFD4
 Leitura
MicroRNAs – o que são e como podem ser utilizados para combater doenças
https://bit.ly/3fD7HbO
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UNIDADE Ácidos Nucleicos 
Referências
DUTRA, P. C. RNA Mensageiro. InfoEscola, s.d. Disponível em: <https://www.infoes-
cola.com/genetica/rna-mensageiro/>. Acesso em: 12/11/2020.
LEHNINGER, T. M.; NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de Bioquímica. 7. ed. 
Porto Alegre: Artmed, 2019.
MAGALHÃES, L. Nucleotídeos. Toda Matéria, s.d. Disponível em: <https://www.to-
damateria.com.br/nucleotideos/>. Acesso em: 12/11/2020.
MARZZOCO, A.; TORRES, B. B. Bioquímica Básica. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2007.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 10. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2012.
VOET, D.; VOET, J. G. Bioquímica. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. Dispo-
nível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788582710050/pa-
geid/0>. (e-book)
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