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Didatismo e Conhecimento
Índice
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS
PM-MG
 Curso de Formação de Soldados 
(QPPM)
EDITAL DRH/CRS Nº 13/2016, DE 22 DE AGOSTO DE 2016
ARTIGO DO WILLIAM DOUGLAS
LÍNGUA PORTUGUESA E REDAÇÃO
1. Linguagem: como instrumento de ação e interação presente em todas as atividades humanas; funções da linguagem 
na comunicação; diversidade linguística (língua padrão, língua não padrão) ......................................................................01
2. Leitura: capacidade de compreensão e interpretação do contexto social, econômico e cultural (leitura de mundo). 
.......................................................................................................................................................................................................08
3. Texto: os diversos textos que se apresentam no cotidiano, escritos nas mais diferentes linguagens verbais e não-
verbais (jornais, revistas, fotografias, esculturas, músicas, vídeos, entre outros). 4. Estrutura textual: organização e 
hierarquia das ideias: ideia principal e ideias secundárias; relações lógicas e formais entre elementos do texto: a coerência 
e a coesão textual; defesa do ponto de vista: a argumentação e a intencionalidade; elementos da narrativa; discurso 
direto; discurso indireto e indireto livre; semântica: o significado das palavras e das sentenças: linguagem denotativa e 
conotativa; sinonímia, antonímia e polissemia .........................................................................................................................10
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
1. Princípios Constitucionais do Direito Penal ..................................................................................................................01
2. A lei penal no tempo. 2. A lei penal no espaço ................................................................................................................04
3. Interpretação da lei penal. 3. Infração penal: espécies .................................................................................................05
4. Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal ...........................................................................................................06
5. Tipicidade, ilicitude, culpabilidade, punibilidade 5. Excludentes de ilicitude e de culpabilidade. ...........................07
6. Imputabilidade penal .......................................................................................................................................................08
7. Concurso de pessoas .........................................................................................................................................................08
8. Das Penas ..........................................................................................................................................................................10
Didatismo e Conhecimento
Índice
9. Crimes contra a pessoa ....................................................................................................................................................19
10. Crimes contra o patrimônio ..........................................................................................................................................20
11. Crimes contra a administração pública .......................................................................................................................25
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
1. Dos princípios fundamentais ...........................................................................................................................................01
2. Dos direitos e garantias fundamentais (direitos e deveres individuais e coletivos) ....................................................06
3. Da organização do Estado (organização político-administrativa, União, Estados Federados, Municípios, Distrito 
Federal e Territórios, militares dos Estados, Distrito Federal e Territórios) ........................................................................07
4. Da organização dos poderes (poder legislativo, poder executivo, poder judiciário) ..................................................15
5. Da defesa do Estado e das Instituições Democráticas (estado de defesa e estado de sítio, Forças Armadas, segurança 
pública).........................................................................................................................................................................................41
6. Da administração pública ................................................................................................................................................44
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR
1. Aplicação da lei penal militar ..........................................................................................................................................01
2. Do Crime ...........................................................................................................................................................................03
3. Concurso de agentes .........................................................................................................................................................05
4. Das penas principais ........................................................................................................................................................05
5. Das Penas acessórias ........................................................................................................................................................06
6. Ação penal .........................................................................................................................................................................07
7. Extinção da punibilidade .................................................................................................................................................07
8. Dos crimes militares em tempo de paz ...........................................................................................................................09
9. Dos crimes contra a autoridade ou disciplina militar ...................................................................................................11
10. Dos crimes contra o serviço e o dever militar ..............................................................................................................14
11. Dos crimes contra a Administração Militar .................................................................................................................16
DIREITOS HUMANOS
1. Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela ONU, em 10 de dezembro de 1948 ...........................01
2. Constituição da República Federativa do Brasil: Art. 1º, 3º ao 17, 197 ao 232 ..........................................................03
3. Lei nº 9.459, de 10 de março de 1997, define os crimes de preconceito de raça e de cor ...........................................17
4. Lei nº 9.455, de 07 de abril de 1997, define os crimes de tortura e dá outras providências ......................................17
5. Lei nº 9.807, de 13 de julho de 1999, estabelece normas para a organização e a manutenção de programas especiais 
de proteção a vítimas e a testemunhas ameaçadas: Art. 1º ao 15 ...........................................................................................18
6. Lei nº 10.741, de 01 de outubro de 2003, Estatuto do Idoso, Art. 1º ao 10, 15 ao 25, 33 ao 42 e 95 ao 118 ..............20
7. Lei Estadual nº 14.170, de 15 de janeiro de 2002, determina a imposição de sanções a pessoa jurídica por ato 
discriminatório praticado contra pessoa em virtude de sua orientação sexual ....................................................................25
8. Decreto nº 43.683, de 10 de dezembro de 2003, regulamenta a Lei Estadualnº 14.170 de 15/01/2002 ....................26
Didatismo e Conhecimento
Índice
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
1. Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/03) ..............................................................................................................01
2.Crimes resultantes de preconceitos de raça ou de cor (Lei nº 7.716/89) ......................................................................07
3. Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90) ...............................................................................................08
4. Juizados Especiais Criminais (Lei nº 9.099/95 e 10.259/2001) .....................................................................................44
5. Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Lei nº 11.343/06) ....................................................................53
6. Código de Ética e Disciplina dos Militares do Estado de Minas Gerais – Lei Estadual 14.310/2002 .......................62
7. Lei nº 4.898, de 09 de dezembro de 1965 ........................................................................................................................72
8.Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, dispõe sobre os crimes hediondos ......................................................................75
9. Lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006, cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a 
mulher: Art. 1º ao 7º, 10 ao 12, 22 ao 24 e 34 ao 45 ..................................................................................................................76
NOÇÕES DE ESTATÍSTICA
1. Visão Conceitual Básica (1.01. População ou Universo; 1.02. Amostragem x Amostra; 1.03. Experimento Aleatório; 
1.04. Amostragem Aleatória; 1.05. Método Estatístico). 2. Variáveis Aleatórias (2.01. A Variável Aleatória Discreta, 2.02. 
A Variável Aleatória Contínua, 2.03. A Variável Qualitativa). 3.Normas de Apresentação Tabular (3.01. Modelo de uma 
Tabela; 3.02. Séries/Tabelas Estatísticas; 3.03. Tipos de Séries Estatísticas; 3.04. Estudo elementar de uma série temporal; 
3.05. As variações percentuais). 4. Medidas de Tendência Central (4.01. Média Aritmética, simples e ponderada; 4.02. 
Propriedades da Média Aritmética; 4.03. Vantagens da Média Aritmética; 4.04. Desvantagens da Média Aritmética; 
4.05. Média Típica; 4.06. Média Atípica; 4.07. Mediana; 4.08. Moda. 5.Análise e Interpretação Matemática de Gráficos 
Estatísticos (5.01. Gráfico de Colunas; 5.02. Gráfico Pictórico; 5.03. Gráfico de Setores; 5.04. Gráfico de Linhas).........01
Didatismo e Conhecimento
SAC
Atenção
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A NOVA APOSTILA oferece aos candidatos um serviço diferenciado - SAC (Serviço de Apoio ao Candidato).
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Didatismo e Conhecimento
Artigo
O conteúdo do artigo abaixo é de responsabilidade do autor William Douglas, autorizado gentilmente e sem cláusula 
de exclusividade, para uso do Grupo Nova.
O conteúdo das demais informações desta apostila é de total responsabilidade da equipe do Grupo Nova.
A ETERNA COMPETIÇÃO ENTRE O LAZER E O ESTUDO
Por William Douglas, professor, escritor e juiz federal.
Todo mundo já se pegou estudando sem a menor concentração, pensando nos momentos de lazer, como também já deixou de 
aproveitar as horas de descanso por causa de um sentimento de culpa ou mesmo remorso, porque deveria estar estudando.
Fazer uma coisa e pensar em outra causa desconcentração, estresse e perda de rendimento no estudo ou trabalho. Além da 
perda de prazer nas horas de descanso.
Em diversas pesquisas que realizei durante palestras e seminários pelo país, constatei que os três problemas mais comuns de 
quem quer vencer na vida são:
• medo do insucesso (gerando ansiedade, insegurança), 
• falta de tempo e
• “competição” entre o estudo ou trabalho e o lazer.
E então, você já teve estes problemas?
Todo mundo sabe que para vencer e estar preparado para o dia-a-dia é preciso muito conhecimento, estudo e dedicação, mas 
como conciliar o tempo com as preciosas horas de lazer ou descanso?
Este e outros problemas atormentavam-me quando era estudante de Direito e depois, quando passei à preparação para concursos 
públicos. Não é à toa que fui reprovado em 5 concursos diferentes!
Outros problemas? Falta de dinheiro, dificuldade dos concursos (que pagam salários de até R$ 6.000,00/mês, com status e 
estabilidade, gerando enorme concorrência), problemas de cobrança dos familiares, memória, concentração etc.
Contudo, depois de aprender a estudar, acabei sendo 1º colocado em outros 7 concursos, entre os quais os de Juiz de Direito, 
Defensor Público e Delegado de Polícia. Isso prova que passar em concurso não é impossível e que quem é reprovado pode “dar a 
volta por cima”.
É possível, com organização, disciplina e força de vontade, conciliar um estudo eficiente com uma vida onde haja espaço para 
lazer, diversão e pouco ou nenhum estresse. A qualidade de vida associada às técnicas de estudo são muito mais produtivas do que a 
tradicional imagem da pessoa trancafiada, estudando 14 horas por dia.
O sucesso no estudo e em provas (escritas, concursos, entrevistas etc.) depende basicamente de três aspectos, em geral, 
desprezados por quem está querendo passar numa prova ou conseguir um emprego:
1º) clara definição dos objetivos e técnicas de planejamento e organização;
2º) técnicas para aumentar o rendimento do estudo, do cérebro e da memória;
3º) técnicas específicas sobre como fazer provas e entrevistas, abordando dicas e macetes que a experiência fornece, mas que 
podem ser aprendidos.
O conjunto destas técnicas resulta em um aprendizado melhor e em mais sucesso nas provas escritas e orais (inclusive entrevistas). 
Aos poucos, pretendemos ir abordando estes assuntos, mas já podemos anotar aqui alguns cuidados e providências que irão 
aumentarseu desempenho.
Para melhorar a “briga” entre estudo e lazer, sugiro que você aprenda a administrar seu tempo. Para isto, como já disse, basta 
um pouco de disciplina e organização.
O primeiro passo é fazer o tradicional quadro horário, colocando nele todas as tarefas a serem realizadas. Ao invés de servir 
como uma “prisão”, este procedimento facilitará as coisas para você. Pra começar, porque vai levá-lo a escolher as coisas que não são 
imediatas e a estabelecer suas prioridades. Experimente. Em pouco tempo, você vai ver que isto funciona.
Também é recomendável que você separe tempo suficiente para dormir, fazer algum exercício físico e dar atenção à família ou 
ao namoro. Sem isso, o estresse será uma mera questão de tempo. Por incrível que pareça, o fato é que com uma vida equilibrada o 
seu rendimento final no estudo aumenta.
Outra dica simples é a seguinte: depois de escolher quantas horas você vai gastar com cada tarefa ou atividade, evite pensar em 
uma enquanto está realizando a outra. Quando o cérebro mandar “mensagens” sobre outras tarefas, é só lembrar que cada uma tem 
seu tempo definido. Isto aumentará a concentração no estudo, o rendimento e o prazer e relaxamento das horas de lazer.
Aprender a separar o tempo é um excelente meio de diminuir o estresse e aumentar o rendimento, não só no estudo, como em 
tudo que fazemos.
*William Douglas é juiz federal, professor universitário, palestrante e autor de mais de 30 obras, dentre elas o best-seller 
“Como passar em provas e concursos” . Passou em 9 concursos, sendo 5 em 1º Lugar
www.williamdouglas.com.br
Conteúdo cedido gratuitamente, pelo autor, com finalidade de auxiliar os candidatos.
LÍNGUA PORTUGUESA 
E REDAÇÃO
Didatismo e Conhecimento 1
LÍNGUA PORTUGUESA E REDAÇÃO
1. LINGUAGEM: COMO INSTRUMENTO 
DE AÇÃO E INTERAÇÃO PRESENTE 
EM TODAS AS ATIVIDADES HUMANAS; 
FUNÇÕES DA LINGUAGEM NA 
COMUNICAÇÃO; DIVERSIDADE 
LINGUÍSTICA (LÍNGUA PADRÃO, LÍNGUA 
NÃO PADRÃO).
O que é linguagem?
 É o uso da língua como forma de expressão e comunicação 
entre as pessoas. Agora, a linguagem não é somente um conjunto 
de palavras faladas ou escritas, mas também de gestos e imagens. 
Afinal, não nos comunicamos apenas pela fala ou escrita, não é 
verdade?
Então, a linguagem pode ser verbalizada, e daí vem a analogia 
ao verbo. Você já tentou se pronunciar sem utilizar o verbo? Se 
não, tente, e verá que é impossível se ter algo fundamentado e 
coerente! Assim, a linguagem verbal é que se utiliza de palavras 
quando se fala ou quando se escreve.
A linguagem pode ser não verbal, ao contrário da verbal, não 
se utiliza do vocábulo, das palavras para se comunicar. O objetivo, 
neste caso, não é de expor verbalmente o que se quer dizer ou o 
que se está pensando, mas se utilizar de outros meios comunica-
tivos, como: placas, figuras, gestos, objetos, cores, ou seja, dos 
signos visuais. Vejamos: um texto narrativo, uma carta, o diálogo, 
uma entrevista, uma reportagem no jornal escrito ou televisionado, 
um bilhete? Linguagem verbal! Agora: o semáforo, o apito do juiz 
numa partida de futebol, o cartão vermelho, o cartão amarelo, uma 
dança, o aviso de “não fume” ou de “silêncio”, o bocejo, a identi-
ficação de “feminino” e “masculino” através de figuras na porta do 
banheiro, as placas de trânsito? Linguagem não verbal!
A linguagem pode ser ainda verbal e não verbal ao mesmo 
tempo, como nos casos das charges, cartoons e anúncios publici-
tários.
Observe alguns exemplos:
Cartão vermelho – denúncia de falta grave no futebol.
Charge do autor Tacho – exemplo de linguagem verbal (óxente, 
polo norte 2100) e não verbal (imagem: sol, cactos, pinguim).
 
Placas de trânsito – à frente “proibido andar de bicicleta”, 
atrás “quebra-molas”.
Símbolo que se coloca na porta para indicar 
“sanitário masculino”.
Imagem indicativa de “silêncio”.
 ANOTAÇÕES
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Didatismo e Conhecimento 2
LÍNGUA PORTUGUESA E REDAÇÃO
Semáforo com sinal amarelo advertindo “atenção”. 
Linguagem como forma de Ação e Interação
A concepção da linguagem ainda é bastante debatida entre os 
linguistas, que até hoje ainda não chegaram a um consenso da sua 
concepção. Ela é sintetizada de três maneiras diferentes, sendo que 
o modo que mais utilizamos em nossos relacionamentos com ou-
tras pessoas é a de ação e interação.
Neste modo, a linguagem funciona como uma “atividade” de 
ação/interação entre os envolvidos nesta comunicação. Os interlo-
cutores expõe algo ao outro para que este seja induzido a interagir 
na conversa, que pode ser verbal, não verbal, mista e digital.
A atividade de comunicação é indispensável ao ser humano e 
aos animais. Existem diversos meios de comunicação:
→ Entre os animais: a dança das abelhas, os odores, as produ-
ções vocais (como no caso das aves)
→ Entre os homens: a dança, a pintura, a mímica, os gestos, 
os sinais de trânsito, os símbolos, a linguagem dos surdos-mudos, 
a dos deficientes visuais, a linguagem computacional, a linguagem 
matemática, as línguas naturais etc.
De um modo geral, dá-se o nome de linguagem a todos os 
meios de comunicação: linguagem animal e linguagem humana, 
em linguagem não verbal e linguagem verbal. O termo é, pois, 
empregado à aptidão humana de associar os sons produzidos pelo 
aparelho fonador humano a um conteúdo significativo e utilizar o 
resultado dessa associação para a interação verbal. Fala-se, pois, 
em linguagem verbal.
É um termo muito amplo: as línguas naturais (português, 
inglês, etc.) são manifestações desse algo mais geral. Saussure, 
o linguista genebriano, concebia a linguagem em duas partes: a 
língua e a fala, e era a primeira o seu objeto de estudo; embora, 
reconhecesse a interdependência entre elas.
Enquanto sistema de signos, a linguagem é um código - um 
conjunto de signos sujeitos a regras de combinação e utilizado na 
produção e na compreensão de uma mensagem. 
O signo é compreendido por: 
- significante: veículo do significado (parte perceptível, sen-
sível) 
- significado: o que se entende quando se usa o signo (parte 
inteligível).
Os linguistas compreendem que há no processo de comunica-
ção seis elementos:- emissor (remetente) - envia a mensagem. 
- receptor (destinatário) - recebe a mensagem. 
- mensagem - informação veiculada. 
- código - sistema de signos utilizados para codificar a men-
sagem. 
- contexto (referente) - aquilo a que a mensagem se refere.
- contato (canal) - veículo, meio físico utilizado para transmi-
tir a mensagem.
Concepção de linguagem
De acordo com o prof. Luiz C. Travaglia, no seu livro Gra-
mática e Interação, admite-se para a linguagem admite três con-
cepções:
Linguagem como expressão do pensamento 
Se a linguagem é expressão do pensamento, quando as pes-
soas não se expressam bem é porque não sabem elaborar o pensa-
mento. Se o enunciador expressa o que pensa, sua fala é resultado 
da sua maneira própria de organizar as suas ideias. O texto, dessa 
forma, nada tem a ver com o leitor ou com quem se fala, e sim, so-
mente com o enunciador. Nessa linha de pensamento encontra-se a 
gramática normativa ou tradicional.
Linguagem como instrumento de comunicação 
Neste conceito a língua é vista como um código, que deve ser 
dominado pelos falantes para que as comunicações sejam efetiva-
das. A comunicação, pois, depende do grau de domínio que o fa-
lante tem da língua como sistema. O falante utiliza-se dos concei-
tos estruturais que conhece para expressar o pensamento; o ouvinte 
decodifica os sinais codificados por ele e transforma-os em nova 
mensagem. Essa linha de pensamento pertence ao estruturalismo e 
também ao gerativismo.
Linguagem como forma ou processo de interação
Nesta concepção o falante realiza ações, age e interage com 
o outro (com quem ele fala). Dessa forma, a linguagem toma uma 
dimensão mais ampla e não uniforme, pois inserindo num contexto 
ideológico e sociocultural, ela não tem direção preestabelecida – 
vai depender unicamente da interação entre os dois sujeitos. 
Fazem parte dessa corrente a Teoria do Discurso, Linguística 
Textual, Semântica Argumentativa, Análise do Discurso, Análise 
da Conversação.
As funções da linguagem.
Para entendermos com clareza as funções da linguagem, é 
bom primeiramente conhecermos as etapas da comunicação.
Ao contrário do que muitos pensam, a comunicação não acon-
tece somente quando falamos, estabelecemos um diálogo ou redi-
gimos um texto, ela se faz presente em todos (ou quase todos) os 
momentos.
Comunicamo-nos com nossos colegas de trabalho, com o li-
vro que lemos, com a revista, com os documentos que manusea-
mos, através de nossos gestos, ações, até mesmo através de um 
beijo de “boa-noite”.
É o que diz Bordenave quando se refere à comunicação:
“A comunicação confunde-se com a própria vida. Temos tanta 
consciência de que comunicamos como de que respiramos ou an-
damos. Somente percebemos a sua essencial importância quando, 
por acidente ou uma doença, perdemos a capacidade de nos comu-
nicar. (Bordenave, 1986. p.17-9)”
No ato de comunicação, percebemos a existência de alguns 
elementos, são eles:
a) emissor: é aquele que envia a mensagem (pode ser uma 
única pessoa ou um grupo de pessoas).
b) mensagem: é o conteúdo (assunto) das informações que ora 
são transmitidas. 
Didatismo e Conhecimento 3
LÍNGUA PORTUGUESA E REDAÇÃO
c) receptor: é aquele a quem a mensagem é endereçada (um 
indivíduo ou um grupo), também conhecido como destinatário.
d) canal de comunicação: é o meio pelo qual a mensagem é 
transmitida.
e) código: é o conjunto de signos e de regras de combinação 
desses signos utilizado para elaborar a mensagem: o emissor codi-
fica aquilo que o receptor irá decodificar.
f) contexto: é o objeto ou a situação a que a mensagem se 
refere.
Partindo desses seis elementos, Roman Jakobson, linguista 
russo, elaborou estudos acerca das funções da linguagem, os quais 
são muito úteis para a análise e produção de textos. As seis funções 
são:
1. Função referencial: referente é o objeto ou situação de que 
a mensagem trata. A função referencial privilegia justamente o re-
ferente da mensagem, buscando transmitir informações objetivas 
sobre ele. Essa função predomina nos textos de caráter científico e 
é privilegiado nos textos jornalísticos.
2. Função emotiva: através dessa função, o emissor imprime 
no texto as marcas de sua atitude pessoal: emoções, avaliações, 
opiniões. O leitor sente no texto a presença do emissor.
EXEMPLO: “ […] Mas quem sou eu para censurar os cul-
pados? O pior é que preciso perdoá-los. É necessário chegar a tal 
nada que indiferentemente se ame ou não se ame o criminoso que 
nos mata. Mas não estou seguro de mim mesmo: preciso amar 
aquele que me trucida e perguntar quem de vós me trucida. E mi-
nha vida, mais forte do que eu, responde que quer porque quer 
vingança e responde que devo lutar como quem se afoga, mesmo 
que eu morra depois. Se assim é, que assim seja [...]”.(Fragmento 
de A hora da estrela, de Clarice Lispector)
3. Função conativa: essa função procura organizar o texto de 
forma que se imponha sobre o receptor da mensagem, persuadin-
do-o, seduzindo-o. Nas mensagens em que predomina essa função, 
busca-se envolver o leitor com o conteúdo transmitido, levando-o 
a adotar este ou aquele comportamento. Nos tipos de textos em 
que a função conativa predomina, é possível perceber o uso da 
2ª pessoa como maneira de interpelar alguém, além do emprego 
dos verbos no imperativo para convencer o interlocutor:
EXEMPLO:
4.Função fática: a palavra fático significa “ruído, rumor”. Foi 
utilizada inicialmente para designar certas formas usadas para 
chamar a atenção (ruídos como psiu, ahn, ei). Essa função ocor-
re quando a mensagem se orienta sobre o canal de comunicação 
ou contato, buscando verificar e fortalecer sua eficiência. Tipo de 
mensagem cujo objetivo é prolongar ou interromper uma conver-
sa. Nela, o emissor utiliza procedimentos para manter contato físi-
co ou psicológico com o interlocutor:
EXEMPLO:
“(...) Olá, como vai ?
Eu vou indo e você, tudo bem ?
Tudo bem eu vou indo correndo
Pegar meu lugar no futuro, e você ?
Tudo bem, eu vou indo em busca
De um sono tranquilo, quem sabe …
Quanto tempo... pois é...
Quanto tempo...
Me perdoe a pressa
É a alma dos nossos negócios
Oh! Não tem de quê
Eu também só ando a cem
Quando é que você telefona ?
Precisamos nos ver por aí (…)”.
(Trecho da música Sinal Fechado, de Paulinho da Viola).
5. Função metalinguística: quando a linguagem se volta so-
bre si mesma, transformando-se em seu próprio referente, ocorre a 
função metalinguística.
Linguagem utilizada para falar, explicar ou descrever o pró-
prio código: esse é o principal objetivo da função metalinguística. 
Nas situações em que ela é empregada, geralmente na poesia e na 
publicidade, a atenção está voltada para o próprio código:
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EXEMPLO:
6. Função poética: quando a mensagem é elaborada de forma 
inovadora e imprevista, utilizando combinações sonoras ou rítmi-
cas, jogos de imagem ou de ideias, temos a manifestação da função 
poética da linguagem. Essa função é capaz de despertar no leitor 
prazer estético e surpresa. É Muito encontrada na Literatura, espe-
cialmente na poesia, a função poética apresenta um texto no qual a 
função está centrada na própria mensagem, rompendo com o modo 
tradicional com o qual vemos a palavra.
EXEMPLO:
 
Essas funções não são exploradas isoladamente; de modo ge-
ral, ocorre a superposição de várias delas. Há, no entanto, aquela 
que se sobressai, assim podemos identificar a finalidade principal 
do texto.
VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS
A linguagem é a característica que nos difere dos demais 
seres, permitindo-nos a oportunidade de expressar sentimentos, 
revelar conhecimentos, expor nossa opinião frente aos assuntos 
relacionados ao nosso cotidiano, e, sobretudo, promovendo nossa 
inserção ao convívio social.
E dentre os fatores que a ela se relacionamdestacam-se os ní-
veis da fala, que são basicamente dois:
- o nível de formalidade
- o de informalidade 
O padrão formal está diretamente ligado à linguagem escrita, 
restringindo-se às normas gramaticais de um modo geral. Razão 
pela qual nunca escrevemos da mesma maneira que falamos. Este 
fator foi determinante para a que a mesma pudesse exercer total 
soberania sobre as demais.
Quanto ao nível informal, este por sua vez representa o estilo 
considerado “de menor prestígio”, e isto tem gerado controvérsias 
entre os estudos da língua, uma vez que para a sociedade, aquela 
pessoa que fala ou escreve de maneira errônea é considerada “in-
culta”, tornando-se desta forma um estigma. 
Compondo o quadro do padrão informal da linguagem, estão 
as chamadas variedades linguísticas, as quais representam as va-
riações de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e 
históricas em que é utilizada. Dentre elas destacam-se:
Variações históricas:
Dado o dinamismo que a língua apresenta, a mesma sofre 
transformações ao longo do tempo. Um exemplo bastante repre-
sentativo é a questão da ortografia, se levarmos em consideração 
a palavra farmácia, uma vez que a mesma era grafada com “ph”, 
contrapondo-se à linguagem dos internautas, a qual fundamenta-se 
pela supressão do vocábulos.
Didatismo e Conhecimento 5
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Analisemos, pois, o fragmento exposto:
 Antigamente 
“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram 
todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam 
primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, 
faziam-lhes pé de alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos 
meses debaixo do balaio.” Carlos Drummond de Andrade
Comparando-o à modernidade, percebemos um vocabulário 
antiquado.
Variações regionais: 
São os chamados dialetos, que são as marcas determinantes 
referentes a diferentes regiões. Como exemplo, citamos a palavra 
mandioca que, em certos lugares, recebe outras nomenclaturas, 
tais como: macaxeira e aipim. Figurando também esta modalidade 
estão os sotaques, ligados às características orais da linguagem.
Variações sociais ou culturais: 
Estão diretamente ligadas aos grupos sociais de uma maneira 
geral e também ao grau de instrução de uma determinada pessoa. 
Como exemplo, citamos as gírias, os jargões e o linguajar caipira. 
As gírias pertencem ao vocabulário específico de certos gru-
pos, como os surfistas, cantores de rap, tatuadores, entre outros.
Os jargões estão relacionados ao profissionalismo, caracteri-
zando um linguajar técnico. Representando a classe, podemos ci-
tar os médicos, advogados, profissionais da área de informática, 
dentre outros.
Vejamos um poema e o trecho de uma música para entender-
mos melhor sobre o assunto:
- Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados. Oswald de Andrade
CHOPIS CENTIS 
Eu “di” um beijo nela
E chamei pra passear.
A gente fomos no shopping
Pra “mode” a gente lanchar.
Comi uns bicho estranho, com um tal de gergelim.
Até que “tava” gostoso, mas eu prefiro aipim.
Quanta gente, Quanta alegria, A minha felicidade é um crediá-
rio nas Casas Bahia. 
Esse tal Chopis Centis é muito legalzinho.
Pra levar a namorada e dar uns “rolezinho”,
Quando eu estou no trabalho,
Não vejo a hora de descer dos andaime.
Pra pegar um cinema, ver Schwarzneger
E também o Van Damme. 
(Dinho e Júlio Rasec, encarte CD Mamonas Assassinas, 
1995).
Para expandir a capacidade de compreensão e, principalmen-
te, de interpretação, é importante acostumar-se à leitura, seja de 
um texto ou um objeto, figura ou fato.
Ao se ler algo, deve-se notar aspectos particulares que permi-
tam associar o elemento da leitura ao tempo e a acontecimentos, 
destacar o essencial e o secundário relacionando-o a outros já li-
dos. Semanticamente, o elemento da leitura encerra em si todas as 
indagações, permitindo uma análise e oferecendo os subsídios da 
resposta. Compreender um texto é entender o seu sentido; apreen-
der a situação, o fato, a narração, a tese a nós expostos. Interpretar 
um texto é conseguir desenvolver em outras palavras a ideia do 
texto, é, portanto, parafraseá-lo ou reescrevê-lo. Para se interpre-
tar bem um texto, é de suma importância uma boa leitura. Para 
se entender um texto é necessário uma leitura atenta, em que se 
notem as suas sutilezas e superficialidades. É conveniente marcar 
as ideias principais e estar atento as entrelinhas, aos detalhes e a 
todo o contexto.
Paráfrase: é o desenvolvimento ou citação de um texto ou par-
te dele, com palavras diferentes, mas de igual significação. Não há 
alteração da ideia central.
- Perífrase: é um circunlóquio, um rodeio de palavras; a expo-
sição de ideias é feita usando-se de muitas palavras. Usam se mais 
palavras do que o texto original, isto é, usam-se mais palavras que 
o necessário.
- Intertextualidade: é a relação entre dois ou mais textos, cujo 
tema seja o mesmo, porém tratado de forma diferente.
- Síntese: é uma resenha, que é feita utilizando-se das palavras 
do texto. Aparecem apenas as ideias principais.
- Resumo: é uma representação do texto em que só aparecem 
as ideias principais, não é necessário que seja com as mesmas pa-
lavras do texto.
- Inferência: é uma informação que não está no texto, mas sim 
fora dele; está nas entrelinhas ou exige um conhecimento extra 
textual.
- Tipologia Textual Descrição: ato de descrever característi-
cas. Pode ser: Objetiva: descrição com caráter universal. Subjeti-
va: descrição com caráter particular, pessoal.
- Técnica: descrição com caráter próprio de um ofício, pro-
fissão.
- Narração: é o relato de um fato, de um acontecimento. Seus 
elementos são:
- Fato: é o acontecimento; o encadeamento das ações forma 
o enredo.
- Personagens: são os participantes do acontecimento. Princi-
pais (mais atuantes) Secundários
- Ambiente ou cenário: é o lugar onde ocorrem os aconteci-
mentos.
- Tempo: é a localização cronológica do acontecimento. Foco 
Narrativo (narrador): a narração pode ser em: 1ª pessoa: narrador 
personagem 3ª pessoa: narrador onisciente/narrador observador. 
Dissertação: ato de discorrer sobre um tema. A dissertação divi-
de-se em três partes: Introdução: apresenta a ideia principal a ser 
discutida.
- Desenvolvimento: é o desdobramento da ideia central, a ex-
posição dos argumentos.
- Conclusão: retoma ou resume os principais aspectos do texto 
e confirma a tese inicial.
Tipos de Discurso
- Discurso Direto: a fala do personagem é, geralmente, acom-
panhada por um verbo de elocução (dizer, falar, responder, pergun-
tar, afirmar etc), não havendo conectivo, porém uma pausa marca-
da por sinal de pontuação.
Didatismo e Conhecimento 6
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Ex.: A mãe perguntou-lhe atarantada: - Onde você pensa que vai?
- Discurso Indireto: o personagem não fala com suas palavras, 
é o narrador que reproduz com suas palavras o discurso do perso-
nagem. Os verbos de elocução são núcleos do predicado da oração 
principal seguido de oração subordinada.
Ex.: Ele respondeu que sempre saía sozinho.
- Indireto Livre: é um discurso misto, pois há características 
do discurso direto e do indireto. A fala do personagem se insere 
no discurso do narrador, são perceptíveis aspectos psicológicos e 
fluxos do pensamento do personagem.
Ex.: Naquele dia o rapaz havia se declarado à sua vizinha. 
Ele já tinha sofrido muito. Custava à moça acreditar? Não sabia se 
tinha feito à coisa certa.
COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAL - Estrutura Textual 
(Ideias Principais de um Texto)
As ideias, em um texto, devem ser organizadas em ordem de 
importância, primeiro as mais importantes ou principais, seguidas 
daquelas menos relevantes ou secundárias.
A coesãotextual é a inter-relação, ligada entre frases, expres-
sões ou palavras. Os elementos de referência textual entrelaçam as 
partes do texto, funcionam como elementos de coesão textual. Os 
elementos de referência textual podem se dar das seguintes for-
mas: substituição vocabular e pronominalização.
Ex.: Notou o problema que seria o alvo da discussão naquele 
dia.
O texto deve ter suas ideias bem articuladas, ou seja, os ter-
mos da oração, bem como as palavras devem estar ligadas de 
modo a formar uma unidade. É este nexo que toma o texto coeso, 
bem amarrado. 
A coerência só é conseguida a partir da ligação adequada entre 
as palavras ou ideias, portanto a coerência é resultado do uso cor-
reto dos elementos de coesão.
Coerência é uma relação de sentido, ou seja, é uma relação 
harmônica das partes ou ideias do texto, que formam uma unidade.
São os recursos vocabulares, sintáticos e semânticos que ga-
rantem a coesão textual. Eles servem para ligar palavras, retomar 
ideias ou substituir vocábulos já citados no texto. Os principais 
elementos de coesão são: conjunções, preposições, pronomes, ad-
vérbios, palavras ou locuções denotativas.
A coerência textual é, sem dúvida, obtida pela unidade, isto é, 
depende de as ideias estarem concatenadas, de que as relações de 
dependência estejam bem estabelecidas com as ideias expostas de 
forma clara, coerente e objetiva. Como assinala Othon Garcia, uni-
dade e coerência têm características próprias, mas a falta de uma 
resulta na ausência da outra. A coerência depende da ordenação 
das ideias no texto, e a unidade, da organização do parágrafo. A 
coerência é a “alma” da composição.
Textos Diversos e Textos do Cotidiano
É fundamental a leitura de textos que se apresentam no coti-
diano, sejam eles expressos numa linguagem verbal ou não verbal.
A seguir, uma análise de alguns desses textos:
Há, na figura abaixo, a combinação da linguagem verbal e não 
verbal criando uma mensagem em que predomina a função deno-
tativa.
Nas fotos de documentos pessoais, predomina a função re-
ferencial, pois identificam visualmente a quem pertence o docu-
mento.
Na caricatura, sempre predomina a função emotiva, já que o 
emissor exagera uma característica da pessoa ou personagem re-
tratada. Também é possível relacionar a caricatura ao contexto só-
cio econômico cultural.
Vejamos: Aula de Educação Física Othelo Leva Três Facadas
Na porta da sala de aula, um homem de 38 anos e um menino 
de 14 esperam o aluno do Centro de Ensino Educacional 201 em 
Santa Maria. Pai e filho estão com uma faca e vão tomar satisfa-
ção com David por causa de uma briga de garotos. O estudante é 
esfaqueado na frente de professores e colegas. Do hospital, ainda 
abalado, ele conta como tudo aconteceu.
Correio Braziliense, 02.08.2002 (Capa)
Na mensagem acima, expõe-se, de modo objetivo, um fato 
acontecido, daí a função da linguagem predominante ser a referen-
cial ou denotativa. Note que não há sentido figurado e o texto não 
permite mais de uma interpretação.
Agora observe o seguinte texto: SAMPA (Caetano Veloso) 
“Alguma coisa acontece no meu coração Que só quando cru-
za a Ipiranga e a Avenida São João É que quando eu cheguei por 
aqui eu nada entendi Da dura poesia concreta de tuas esquinas Da 
deselegância discreta de tuas meninas Ainda não havia para mim 
Rita Lee A tua mais completa tradução Alguma coisa acontece no 
meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a Avenida São João Quando 
eu te encarei frente a frente e não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto mau gosto É que 
Narciso acha feio o que não é espelho
E a mente apavora o que ainda não é mesmo velho Nada do 
que não era antes quando não somos mutantes
E foste um difícil começo Afasto o que não conheço E quem 
vem de outro sonho feliz de cidade Aprende depressa a chamar-te 
de realidade
Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso Do Povo 
oprimido nas filas nas vilas favelas Da força da grana que ergue 
e destrói coisas belas Da feia fumaça que sobe apagando as estre-
las Eu vejo surgir teus poetas de campos espaços Tuas oficinas de 
florestas teus deuses da chuva Panaméricas de Áfricas utópicas 
túmulo do samba Mas possível novo quilombo de Zumbi E os no-
vos baianos passeiam na tua garoa E novos baianos te podem curtir 
numa boa.”
O texto acima, destaca-se o predomínio da linguagem inova-
dora, com presença de neologismos e descrição de um determi-
nado lugar. É também possível perceber que o emissor cita sua 
opinião e faz intertextualidade com outros artistas.
Há, nessa mensagem não verbal, uma mensagem imperativa, 
portanto predomina a função conativa ou apelativa.
Estrutura textual (ideias principais de um texto)
- Organização e hierarquia das ideias Ideia principal e ideias 
secundárias.
As ideias, em um texto, devem ser organizadas em ordem de 
importância, primeiro as mais importantes ou principais, seguidas 
daquelas menos relevantes ou secundárias.
Didatismo e Conhecimento 7
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A ideia principal de um texto é aquela que expressa em sua 
essência o que o autor quer transmitir. Constitui a causa princi-
pal do desenvolvimento das ideias subsequentes e sua eliminação 
provocaria uma falta de sentido no resto do texto. Uma ideia pode 
ser principal porque resume o que está sendo dito ou porque o pro-
voca. Portanto, contém a mensagem global do texto, seu conteúdo 
mais importante e essencial, aquele que emana todos os demais.
Interessa aqui distinguir tema (aquele de que trata o texto e 
pode expressar-se mediante uma palavra ou uma sentença) e a 
ideia principal (informada no enunciado ou enunciados mais im-
portantes que o escritor utiliza para explicar o tema). As ideias 
principais podem estar explícitas ou implícitas no texto, e não há 
uma forma clara para identificá-las. 
Como identificá-la
- Nos artigos científicos, a ideia principal deve estar nos pri-
meiros parágrafos, e as vezes é a primeira frase. 
- É a que gera maiores conexões lógicas. 
- É a que tem maior carga informativa.
- Relações lógicas e formais entre elementos do texto 
A coerência e a coesão textual.
A coerência textual é, sem dúvida, obtida pela unidade, isto é, 
depende de as ideias estarem concatenadas, de que as relações de 
dependência estejam bem estabeleci das com as ideias expostas de 
forma clara, coerente e objetiva. Como assinala Othon Garcia, uni-
dade e coerência têm características próprias, mas a falta de uma 
resulta na ausência da outra. A coerência depende da ordenação 
das ideias no texto, e a unidade, da organização do parágrafo. A 
coerência é a “alma” da composição.
A coesão textual é a inter-relação, ligada entre frases, expres-
sões ou palavras. Os elementos de referência textual entrelaçam 
as partes do texto, funcionam como elementos de coesão textual. 
Os elementos de referência textual podem se dar, das seguintes 
formas: substituição vocabular e pronominalização.
Ex.: Notou o problema que seria o alvo da discussão naquele 
dia.
A argumentação e a intencionalidade.
 A argumentação divide-se em três partes: Introdução: apre-
senta a ideia principal a ser discutida.
Desenvolvimento: é o desdobramento da ideia central, a expo-
sição dos argumentos.
Conclusão: resume os principais aspectos do texto e confirma 
a tese inicial.
A argumentação visa a convencer, persuadir, influenciar o lei-
tor. Argumentar é discorrer a respeito de determinado assunto com 
intuito de formar opinião, tentando, assim, convencer. É essencial 
na argumentação que haja consistência do raciocínio e evidência 
das provas.
- Interpretação de textos literários ou informativos
Literatura é a arte de compor escritos artísticos; o exercício 
da eloquência e da poesia; conjunto de produções literárias de um 
país ou de uma época; carreira das letras.
A definição de literaturaestá comumente associada à ideia de 
estética, ou melhor, da ocorrência de algum procedimento estético. 
Um texto será literário, portanto, quando consegue produzir um 
efeito estético, ou seja, quando proporciona uma sensação de pra-
zer e emoção no receptor.
A própria natureza do caráter estético, contudo, reconduz à 
dificuldade de elaborar alguma definição verdadeiramente estável 
para o texto literário. Para simplificar, podemos exemplificar por 
meio de uma comparação por oposição. 
Vamos opor o texto científico ao texto artístico: 
O texto científico emprega as palavras sem preocupação com 
a beleza, o efeito emocional, mas, pelo contrário, essa será a preo-
cupação maior do artista. É óbvio que também o escritor busca 
instruir, procura perpassar ao leitor uma determinada ideia; só que, 
diferentemente do texto científico, o texto literário une essa neces-
sidade de incluir a necessidade estética que toda obra de arte exige.
O texto científico emprega as palavras no seu sentido diciona-
rizado, denotativamente, enquanto o texto artístico busca empre-
gar as palavras com liberdade, preferindo o seu sentido conotativo, 
figurado. Então, o texto literário é aquele que pretende emocionar 
e que, para isso, emprega a língua com liberdade e beleza, utilizan-
do-se do sentido conotativo ou metafórico das palavras.
A compreensão do fenômeno literário tende a ser marcada por 
alguns sentidos, alguns marcados de forma mais enfática na histó-
ria da cultura ocidental, outros diluídos entre os diversos usos que 
o termo assume nos circuitos de cada sistema literário particular.
Basicamente, deve-se alcançar a dois níveis de leitura: a in-
formativa e de reconhecimento e a interpretativa. A primeira deve 
ser feita de maneira cautelosa por ser o primeiro contato com o 
novo texto. Desta leitura, extraem-se informações sobre o con-
teúdo abordado e prepara-se o próximo nível de leitura. Durante 
a interpretação propriamente dita, cabe destacar palavras-chave, 
passagens importantes, bem como usar uma palavra para resumir a 
ideia central de cada parágrafo. Este tipo de procedimento aguça a 
memória visual, favorecendo o entendimento.
Não se pode desconsiderar que, embora a interpretação seja 
subjetiva, há limites. A preocupação deve ser a captação da es-
sência do texto, a fim de responder às interpretações que a banca 
considerou como pertinentes.
No caso de textos literários, é preciso conhecer a ligação da-
quele texto com outras formas de cultura, outros textos e mani-
festações de arte da época em que o autor viveu. Se não houver 
esta visão global dos momentos literários e dos escritores, a inter-
pretação pode ficar comprometida. Aqui não se podem dispensar 
as dicas que aparecem na referência bibliográfica da fonte e na 
identificação do autor.
A última fase da interpretação concentra-se nas perguntas e 
opções de resposta. Aqui são fundamentais marcações de palavras 
como não, exceto errada, respectivamente etc. que fazem diferença 
na escolha adequada. Muitas vezes, em interpretação, trabalha-se 
com o conceito do “mais adequado”, isto é, o que responde melhor 
ao questionamento proposto. Por isso, uma resposta pode estar cer-
ta para responder à pergunta, mas não ser a adotada como gabarito 
pela banca examinadora por haver alternativa mais completa.
Ainda cabe ressaltar que algumas questões apresentam um 
fragmento do texto transcrito para ser a base de análise. Nunca dei-
xe de retomar ao texto, mesmo que aparentemente pareça ser perda 
de tempo. A descontextualização de palavras ou frases, certas ve-
zes, são também um recurso para instaurar a dúvida no candidato. 
Leia a frase anterior e a posterior para ter ideia do sentido global 
proposto pelo autor, desta maneira a resposta será mais consciente 
e segura.
Didatismo e Conhecimento 8
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Em qualquer atividade profissional, e mesmo na vida cotidia-
na, todos precisam conhecer os caminhos da escrita - tanto para es-
crever de forma inteligível quanto para ler com compreensão. Ler 
e escrever implicam em comunicação, e para atingir esse objetivo 
é preciso que o texto seja compreensível.
Tratando dos fatores que podem constituir dificuldade para a 
leitura de um texto, sobretudo aqueles de caráter didático, acredita-
mos que é possível alterar a forma linguística de um texto de modo 
a facilitar sua compreensão.
Para autores, sugerindo-lhes caminhos para a elaboração de 
textos mais legíveis, adequados a seu público específico. Para pro-
fessores - sejam eles professores de português, ou de geografia, 
história, ciências, ou mesmo de matemática - sugerindo-lhes pos-
síveis parâmetros para a avaliação de textos com que devam traba-
lhar, e sugerindo-lhes como prever e suprir as dificuldades que os 
alunos experimentam na leitura dos textos disponíveis.
Fique atento!!!
Para ler e entender um texto é preciso atingir dois níveis de 
leitura:
Informativa e de reconhecimento Interpretativa
A primeira deve ser feita cuidadosamente por ser o primei-
ro contato com o texto, extraindo-se informações e se preparando 
para a leitura interpretativa. Durante a interpretação grife palavras-
chave, passagens importantes; tente ligar uma palavra à ideia cen-
tral de cada parágrafo.
A última fase de interpretação concentra-se nas perguntas e 
opções de respostas. Marque palavras com NÃO, EXCETO, RES-
PECTIVAMENTE etc., pois fazem diferença na escolha adequada.
Retome ao texto mesmo que pareça ser perda de tempo. Leia a 
frase anterior e posterior para ter ideia do sentido global proposto 
pelo autor.
2. LEITURA: CAPACIDADE DE 
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO 
DO CONTEXTO SOCIAL, ECONÔMICO E 
CULTURAL (LEITURA DE MUNDO).
Para expandir a capacidade de compreensão e, principalmen-
te, de interpretação, é importante acostumar-se a leitura, seja de 
um texto ou um objeto, figura ou fato.
É imprescindível, na leitura, observarem-se as camadas de 
significados: o denotativo, concreto, com sentido próprio, objeti-
vo, permite uma interpretação apenas; e o conotativo, com sentido 
figurado e significado subjetivo, atribui novos significados ao va-
lor denotativo do signo.
Ao se ler algo, deve-se notar aspectos particulares que permi-
tam associar o elemento da leitura ao tempo e a acontecimentos, 
destacar o essencial e o secundário relacionando-o a outros já li-
dos.
Semanticamente, o elemento da leitura encerra em si todas as 
indagações, permitindo uma análise e oferecendo os subsídios da 
resposta.
- Linguística
A língua é um código de que se serve o homem para elaborar 
mensagens, para se comunicar.
Existem basicamente duas modalidades de língua, ou seja, 
duas línguas funcionais:
- a língua funcional de modalidade culta, língua culta ou lín-
gua-padrão, que compreende a língua literária, tem por base a nor-
ma culta, forma linguística utilizada pelo segmento mais culto e 
influente de uma sociedade. Constitui, em suma, a língua utilizada 
pelos veículos de comunicação de massa (emissoras de rádio e te-
levisão, jornais, revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a 
de serem aliados da escola, prestando serviço à sociedade, colabo-
rando na educação, e não justamente o contrário;
- a língua funcional de modalidade popular; língua popular ou 
língua cotidiana, que apresenta gradações as mais diversas, tem o 
seu limite na gíria e no calão.
- Norma culta:
A norma culta, forma linguística que todo povo civilizado 
possui, é a que assegura a unidade da língua nacional. E justamen-
te em nome dessa unidade, tão importante do ponto de vista políti-
co cultural, que é ensinada nas escolas e difundida nas gramáticas. 
Sendo mais espontânea e criativa, a língua popular se afigura mais 
expressiva e dinâmica. Temos, assim:
Estou preocupado. (norma culta) Tô preocupado. (língua po-
pular) Tô grilado. (gíria, limite da língua popular)Não basta conhecer apenas uma modalidade de língua; urge 
conhecer a língua popular, captando-lhe a espontaneidade, expres-
sividade e enorme criatividade, para viver; urge conhecer a língua 
culta para conviver.
Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das normas da 
língua culta.
- Conceito de Erro Em Língua:
Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos casos 
de ortografia. O que normalmente se comete são transgressões da 
norma culta. De fato, aquele que, num momento íntimo do discur-
so, diz: “Ninguém deixou falar”, não comete propriamente erro; na 
verdade, transgride a norma culta.
Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua fala, trans-
gride tanto quanto um indivíduo que comparece a um banquete 
trajando shorts ou quanto um banhista, numa praia, vestido de fra-
que e cartola.
Releva considerar, assim, o momento do discurso, que pode 
ser íntimo, neutro ou solene.
O momento íntimo é o das liberdades da fala. No recesso do 
lar, na fala entre amigos, parentes, namorados, etc., portanto, são 
consideradas perfeitamente normais construções do tipo:
Eu não vi ela hoje. Ninguém deixou ele falar. Deixe eu ver 
isso! Eu te amo, sim, mas não abuse! Não assisti o filme nem vou 
assisti-lo. Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo.
Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a norma 
culta, deixando mais livres os interlocutores.
O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que é a língua 
da Nação. Como forma de respeito, tomam-se por base aqui as 
normas estabelecidas na gramática, ou seja, a norma culta. Assim, 
aquelas mesmas construções se alteram:
Eu não a vi hoje. Ninguém o deixou falar. Deixe-me ver isso! 
Eu te amo, sim, mas não abuses! Não assisti ao filme nem vou 
assistir a ele. Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.
Didatismo e Conhecimento 9
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Considera-se momento neutro o utilizado nos veículos de co-
municação de massa (rádio, televisão, jornal, revista, etc.). Daí o 
fato de não se admitirem deslizes ou transgressões da norma culta 
na pena ou na boca de jornalistas, quando no exercício do trabalho, 
que deve refletir serviço à causa do ensino, e não o contrário.
O momento solene, acessível a poucos, é o da arte poética, 
caracterizado por construções de rara beleza.
Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume. Como 
tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa de sê-lo no exa-
to instante em que a maioria absoluta o comete, passando, assim, 
a constituir fato linguístico registro de linguagem definitivamente 
consagrado pelo uso, ainda que não tenha amparo gramatical.
Ex: Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!) Vamos nos reu-
nir. (Substituiu: Vamo-nos reunir.)
Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos disper-
sar e Não vamos dispersar-nos.)
Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho de sair 
daqui bem depressa.)
O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no seu 
posto.)
Têxtil, que significa rigorosamente que se pode tecer, em vir-
tude do seu significado, não poderia ser adjetivo associado a in-
dústria, já que não existe indústria que se pode tecer. Hoje, porém, 
temos não só como também o operário têxtil, em vez da indústria 
de fibra têxtil e do operário da indústria de fibra têxtil.
- Língua escrita e língua falada. 
Nível de linguagem:
A língua escrita, estática, mais elaborada e menos econômica, 
não dispõe dos recursos próprios da língua falada.
A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação (me-
lodia da frase), as pausas (intervalos significativos no decorrer 
do discurso), além da possibilidade de gestos, olhares, piscadas, 
etc., fazem da língua falada a modalidade mais expressiva, mais 
criativa, mais espontânea e natural, estando, por isso mesmo, mais 
sujeita a transformações e a evoluções.
Nenhuma, porém, se sobrepõe a outra em importância. Nas 
escolas principalmente, costuma se ensinar a língua falada com 
base na língua escrita, considerada superior. Decorre daí as cor-
reções, as retificações, as emendas, a que os professores sempre 
estão atentos.
Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mostrando 
as características e as vantagens de uma e outra, sem deixar trans-
parecer nenhum caráter de superioridade ou inferioridade, que em 
verdade inexiste.
Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na língua fala-
da. A nenhum povo interessa a multiplicação de línguas. A nenhu-
ma nação convém o surgimento de dialetos, consequência natural 
do enorme distanciamento entre uma modalidade e outra.
A língua escrita é, foi e sempre será mais bem elaborada que 
a língua falada, porque é a modalidade que mantém a unidade lin-
guística de um povo, além de ser a que faz o pensamento atraves-
sar o espaço e o tempo. Nenhuma reflexão, nenhuma análise mais 
detida será possível sem a língua escrita, cujas transformações, por 
isso mesmo, se processam lentamente e em número consideravel-
mente menor, quando cotejada com a modalidade falada.
Importante é fazer o educando perceber que o nível da lingua-
gem, a norma linguística, deve variar de acordo com a situação em 
que se desenvolve o discurso.
O ambiente sociocultural determina. O nível da linguagem a 
ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pronúncia e até a en-
toação variam segundo esse nível. Um padre não fala com uma 
criança como se estivesse dizendo missa, assim como uma criança 
não fala como um adulto. Um engenheiro não usará um mesmo 
discurso, ou um mesmo nível de fala, para colegas e para pedrei-
ros, assim como nenhum professor utiliza o mesmo nível de fala 
no recesso do lar e na sala de aula.
Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre esses 
níveis, se destacam em importância o culto e o cotidiano, a que já 
fizemos referência.
A gíria:
Ao contrário do que muitos pensam a gíria não constitui um 
flagelo da linguagem. Quem, um dia, já não usou bacana, dica, 
cara, chato, cuca, esculacho, estrilar?
O mal maior da gíria reside na sua adoção como forma per-
manente de comunicação, desencadeando um processo não só de 
esquecimento, como de desprezo do vocabulário oficial. Usada no 
momento certo, porém, a gíria é um elemento de linguagem que 
denota expressividade e revela grande criatividade, desde que, na-
turalmente, adequada à mensagem, ao meio e ao receptor. Note, 
porém, que estamos falando em gíria, e não em calão.
Ainda que criativa e expressiva, a gíria só é admitida na lín-
gua falada. A língua escrita não a tolera, a não ser na reprodução 
da fala de determinado meio ou época, com a visível intenção de 
documentar o fato, ou em casos especiais de comunicação entre 
amigos, familiares, namorados, etc., caracterizada pela linguagem 
informal.
SEMÂNTICA - é o estudo do sentido das palavras de uma 
língua.
Na língua portuguesa, o significado das palavras leva em con-
sideração:
Sinonímia: É a relação que se estabelece entre duas palavras 
ou mais que apresentam significados iguais ou semelhantes, ou 
seja, os sinônimos:
Ex: Cômico - engraçado / Débil - fraco, frágil / Distante - 
afastado, remoto.
Antonímia: É a relação que se estabelece entre duas palavras 
ou mais que apresentam significados diferentes, contrários, isto é, 
os antônimos:
Ex: Economizar - gastar / Bem - mal / Bom - ruim.
Homonímia: É a relação entre duas ou mais palavras que, ape-
sar de possuírem significados diferentes, possuem a mesma estru-
tura fonológica, ou seja, os homônimos:
As Homônimas Podem Ser:
Homógrafas: palavras iguais na escrita e diferente na pronún-
cia.
Ex: gosto (substantivo) - gosto / (1ª pessoa singular presente 
indicativo do verbo gostar) / conserto (substantivo) - conserto (1ª 
pessoa singular presente indicativo do verbo consertar);
Homófonas: palavras iguais na pronúncia e diferentes na es-
crita. Exemplos: cela (substantivo) - sela (verbo) / cessão (substan-
tivo)- sessão (substantivo) / cerrar (verbo) - serrar ( verbo);
Perfeitas: palavras iguais na pronúncia e na escrita. Exemplos: 
cura (verbo) - cura (substantivo) / verão (verbo) - verão (substanti-
vo) / cedo (verbo) - cedo (advérbio);
Didatismo e Conhecimento 10
LÍNGUA PORTUGUESA E REDAÇÃO
Paronímia: É a relação que se estabelece entre duas ou mais palavras que possuem significados diferentes, mas são muito parecidas na 
pronúncia e na escrita, isto é, os parônimos:
Ex: cavaleiro - cavalheiro / absolver - absorver / comprimento - cumprimento/ aura (atmosfera) - áurea (dourada)/ conjectura (supo-
sição) - conjuntura (situação decorrente dos acontecimentos)/ descriminar (desculpabilizar - discriminar (diferenciar)/ desfolhar (tirar ou 
perder as folhas) - folhear (passar as folhas de uma publicação)/ despercebido (não notado) - desapercebido (desacautelado)/ geminada 
(duplicada) - germinada (que germinou)/ mugir (soltar mugidos) - mungir (ordenhar)/ percursor (que percorre) - precursor (que antecipa 
os outros)/ sobrescrever (endereçar) - subscrever (aprovar, assinar)/ veicular (transmitir) - vincular (ligar) / descrição - discrição / onicolor 
- unicolor.
Polissemia: É a propriedade que uma mesma palavra tem de apresentar vários significados.
Ex: Ele ocupa um alto posto na empresa. / Abasteci meu carro no posto da esquina. / Os convites eram de graça. / Os fiéis agradecem 
a graça recebida.
Homonímia: Identidade fonética entre formas de significados e origem completamente distintos. Exemplos: São (Presente do verbo 
ser) - São (santo)
Ambiguidade ou Anfibologia: Deixar a frase com mais de um sentido.
“O menino viu o incêndio da escola” 
3. TEXTO: OS DIVERSOS TEXTOS QUE SE APRESENTAM NO COTIDIANO, ESCRITOS 
NAS MAIS DIFERENTES LINGUAGENS VERBAIS E NÃO-VERBAIS (JORNAIS, REVISTAS, 
FOTOGRAFIAS, ESCULTURAS, MÚSICAS, VÍDEOS, ENTRE OUTROS).
4. ESTRUTURA TEXTUAL: ORGANIZAÇÃO E HIERARQUIA DAS IDEIAS: IDEIA PRINCIPAL 
E IDEIAS SECUNDÁRIAS; RELAÇÕES LÓGICAS E FORMAIS ENTRE ELEMENTOS 
DO TEXTO: A COERÊNCIA E A COESÃO TEXTUAL; DEFESA DO PONTO DE VISTA: A 
ARGUMENTAÇÃO E A INTENCIONALIDADE; ELEMENTOS DA NARRATIVA; DISCURSO 
DIRETO; DISCURSO INDIRETO E INDIRETO LIVRE; SEMÂNTICA: O SIGNIFICADO DAS 
PALAVRAS E DAS SENTENÇAS: LINGUAGEM DENOTATIVA E CONOTATIVA; SINONÍMIA, 
ANTONÍMIA E POLISSEMIA.
- Tipos textuais
Os tipos textuais, ou tipologia textual, apresentam propriedades linguísticas intrínsecas nas quais se apoiam os diversos gêneros.
 Os tipos textuais são: narração, descrição, dissertação, exposição e injunção. Os diversos gêneros apoiam-se na tipologia textual
Chamamos de tipos textuais o conjunto de enunciados organizados em uma estrutura bem definida, facilmente reconhecida por suas 
características preponderantes. Podem variar entre cinco e nove tipos, sendo que os mais estudados são a narração, a argumentação, a des-
crição, a injunção e a exposição.
A tipologia textual, diferentemente do que acontece com os gêneros textuais, apresenta propriedades linguísticas intrínsecas, como o 
vocabulário, relações lógicas, tempos verbais, construções frasais e outras características que definem os gêneros. Estes, por sua vez, surgem 
do dinamismo das relações sócio comunicativas e da necessidade dos falantes em um dado contexto cultural, enquanto os tipos já estão 
definidos, prontos para receberem os diversos gêneros em sua estrutura. 
Narração: A principal característica de uma narração é contar uma história, ficcional ou não, geralmente contextualizada em um tempo 
e espaço, nos quais transitam personagens. Os gêneros que se apropriam da estrutura narrativa são: contos, crônicas, fábulas, romance, 
biografias etc.
“[...] No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou 
entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. 
Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo 
estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais 
tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez [...]”.(Fragmento 
do conto Felicidade clandestina, de Clarice Lispector).
 
Dissertação: O texto dissertativo-argumentativo é um texto opinativo, cujas ideias são desenvolvidas através de estratégias argumenta-
tivas que têm por finalidade convencer o interlocutor. Os gêneros que se apropriam da estrutura dissertativa são: ensaio, carta argumentativa, 
dissertação argumentativa, editorial etc.
Didatismo e Conhecimento 11
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“[...] A súbita louvação do nosso Judiciário serve para enco-
brir a verdade factual, a começar pelo emprego de pesos e medidas 
opostos no julgamento dos mais diversos gêneros de corrupção 
política. Até o mundo mineral sabe desta singular situação, pela 
qual a casa-grande goza da leniência da Justiça, em todos os níveis 
de atividade [...]” .(Fragmento de um editorial publicado na revista 
Carta Capital).
Exposição: Tem por finalidade apresentar informações sobre 
um objeto ou fato específico, enumerando suas características atra-
vés de uma linguagem clara e concisa. Os gêneros que se apro-
priam da estrutura expositiva são: reportagem, resumo, fichamen-
to, artigo científico, seminário etc.
“[...] Em Poá, região metropolitana de São Paulo, quatro mu-
lheres desenvolvem a difícil e honrosa missão de comandar, cada 
uma, uma casa com nove crianças. Chamadas de mães sociais, elas 
são cuidadoras permanentes de crianças que foram destituídas de 
seus lares por causa de maus-tratos, abuso ou falta de cuidados 
[...]”. (Fragmento de uma reportagem publicada na revista Carta 
Capital).
Injunção: Os textos injuntivos têm por finalidade instruir o in-
terlocutor, utilizando verbos no imperativo para atingir seu intuito. 
Os gêneros que se apropriam da estrutura injuntiva são: manual 
de instruções, receitas culinárias, bulas, regulamentos, editais etc.
“[...] Não instale nem use o computador em locais muito 
quentes, frios, empoeirados, úmidos ou que estejam sujeitos a vi-
brações. Não exponha o computador a choques, pancadas ou vi-
brações, e evite que ele caia, para não prejudicar as peças internas 
[...]”. (Manual de instruções de um computador).
Descrição: Os textos descritivos têm por objetivo descrever 
objetivamente ou subjetivamente coisas, pessoas ou situações. Os 
gêneros que se apropriam da estrutura descritiva são: laudo, rela-
tório, ata, guia de viagem etc. Também podem ser encontrados em 
textos literários através da descrição subjetiva:
“[...] Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessiva-
mente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto 
nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse enchia os 
dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía 
o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um 
pai dono de livraria. [...]”. (Fragmento do conto Felicidade clan-
destina, de Clarice Lispector).
“[...] É na parte alta que fica o colorido Pelourinho, bairro his-
tórico e tombado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade. 
Em suas ruas e vielas estão centenas de casarões dos séculos 17 
e 18 que abrigam de museus a terreiros de candomblé, além de 
templos católicos que atraem estudiosos do mundo todo – é o caso 
da igreja de São Francisco, considerada a obra barroca mais rica do 
país [...]”. (Descrição objetiva de um guia de viagem).
Coesão Textual
Palavras como preposições, conjunções e pronomes pos-
suem a função de criar um sistema de relações, referências 
e retomadas no interior de um texto, garantindo unidade entre 
as diversas partes que o compõe.Essa relação, esse entrelaça-
mento de elementos no texto recebe o nome de Coesão Textual. 
Há, portanto, coesão, quando seus vários elementos estão articu-
lados entre si, estabelecendo unidade em cada uma das partes, ou 
seja, entre os períodos e entre os parágrafos. Tal unidade se dá 
pelo emprego de conectivos ou elementos coesivos, cuja função é 
evidenciar as várias relações de sentido entre os enunciados. Veja 
um exemplo de um texto coeso:
“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste domingo 
que o Brasil não vai atender ao governo interino de Honduras, que 
deu prazo de dez dias para uma definição sobre a situação do pre-
sidente deposto Manuel Zelaya, abrigado na embaixada brasileira 
desde que retornou a Tegucigalpa, há uma semana. Caso contrário, 
o governo de Micheletti ameaça retirar a imunidade diplomática 
da embaixada brasileira no país, segundo informou comunicado da 
chancelaria hondurenha divulgado na noite de sábado, em Teguci-
galpa”. (Jornal O Globo - 27/09/2009)
 Quando um conectivo não é usado corretamente, há prejuízo 
na coesão. Observe: A escola possui um excelente time de fute-
bol, portanto até hoje não conseguiu vencer o campeonato.
O conectivo “portanto” confere ao período valor de conclu-
são, porém não há verdadeira relação de sentido entre as duas fra-
ses: a conclusão de não vencer não é possuir um excelente time 
de futebol. Analisaremos, a seguir, a falha na coesão. É óbvio que 
existem duas ideias que se opõem, são elas: possuir um time de 
futebol x não vencer o campeonato. Logo, só podemos empregar 
um conector que expresse ideia adversativa, são eles:mas, porém, 
contudo, todavia, entretanto, no entanto, não obstante. O período 
reescrito de forma adequada, fica assim:
A escola possui um excelente time de futebol, mas até hoje 
não conseguiu vencer o campeonato.
...,porém até hoje não conseguiu vencer o campeonato.
...,contudo até hoje não conseguiu vencer o campeonato.
...,todavia até hoje não conseguiu vencer o campeonato.
...,entretanto até hoje não conseguiu vencer o campeonato.
..., no entanto até hoje não conseguiu vencer o campeonato.
..., não obstante até hoje não conseguiu vencer o campeonato.
Vícios de Linguagem
 Ao contrário das figuras de linguagem, que representam real-
ce e beleza às mensagens emitidas, os vícios de linguagem são pa-
lavras ou construções que vão de encontro às normas gramaticais. 
Os vícios de linguagem costumam ocorrer por descuido, ou ainda 
por desconhecimento das regras por parte do emissor. Observe:
- Pleonasmo Vicioso ou Redundância
Diferentemente do pleonasmo tradicional, tem-se pleonasmo 
vicioso quando há repetição desnecessária de uma informação na 
frase.
Exemplos:
Entrei para dentro de casa quando começou a anoitecer.
Hoje fizeram-me uma surpresa inesperada.
Encontraremos outra alternativa para esse problema.
Observação: o pleonasmo é considerado vício de linguagem 
quando usado desnecessariamente, no entanto, quando usado para 
reforçar a mensagem, constitui uma figura de linguagem.
- Barbarismo
É o desvio da norma que ocorre nos seguintes níveis:
- Pronúncia
a) Silabada: erro na pronúncia do acento tônico.
Por Exemplo: Solicitei à cliente sua rúbrica. (rubrica)
b) Cacoépia: erro na pronúncia dos fonemas.
Didatismo e Conhecimento 12
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Por Exemplo: Estou com poblemas a resolver. (problemas)
c) Cacografia: erro na grafia ou na flexão de uma palavra.
Exemplos:
Eu advinhei quem ganharia o concurso. (adivinhei)
O segurança deteu aquele homem. (deteve)
- Morfologia
Exemplos:
Se eu ir aí, vou me atrasar. (for)
Sou a aluna mais maior da turma. (maior)
- Semântica
A semântica estuda o significado das palavras.
Conhecer o significado das palavras é importante, pois só as-
sim o falante ou escritor será capaz de selecionar a palavra certa 
para construir a sua mensagem.
Por Exemplo: José comprimentou seu vizinho ao sair de casa. 
(cumprimentou)
- Estrangeirismos
Considera-se barbarismo o emprego desnecessário de pala-
vras estrangeiras, ou seja, quando já existe palavra ou expressão 
correspondente na língua.
Exemplos:
O show é hoje! (espetáculo)
Vamos tomar um drink? (drinque)
- Solecismo
É o desvio de sintaxe, podendo ocorrer nos seguintes níveis:
- Concordância
Por Exemplo: Haviam muitos alunos naquela sala. (Havia)
- Regência
Por Exemplo: Eu assisti o filme em casa. (ao)
- Colocação
Por Exemplo: Dancei tanto na festa que não aguentei-me em 
pé. 
(não me aguentei em pé)
Por esta razão, é importante conhecer fatos linguísticos 
como: sinônimos, antônimos, homônimos, parônimos, polisse-
mia, denotação, conotação, figuras e vícios de linguagem.
SINONÍMIA (sinônimos): palavras que possuem significados 
iguais ou semelhantes.
ANTONÍMIA (antônimos): palavras que possuem significa-
dos diferentes.
PALAVRAS HOMÔNIMAS: são iguais no som e/ou na escri-
ta, mas possuem significados diferentes. Dividem-se em: homôni-
mas perfeitas, homônimas, homógrafas, homônimas homófonas.
 HOMÔNIMAS PERFEITAS
São palavras que possuem a mesma pronúncia, a mesma gra-
fia, porém as classes gramaticais são diferentes. Exemplos:
Caminho (substantivo) - Caminho (verbo caminhar)
O caminho para a minha casa é muito movimentado.
Eu caminho todos os dias.
Cedo (Advérbio) - Cedo (verbo ceder)
Eu cedo livros para a biblioteca.
Levantou cedo para estudar.
HOMÔNIMAS HOMÓGRAFAS
São palavras que possuem a mesma grafia, porém a pronúncia 
é diferente.
Colher (substantivo) - Colher (verbo colher)
Eu comprei uma colher de prata.
Chamei minha vizinha para colher frutas na horta da fazenda.
Começo (substantivo) - Começo (verbo)
O começo do filme foi muito legal.
Eu começo a entender este livro.
HOMÔNIMAS HOMÓFONAS
São palavras que possuem a mesma pronúncia , porém a grafia 
e o sentido são diferentes.
Serrar – Cerrar
serrar: cortar
cerrar: fechar
Cassar – Caçar
cassar: anular
caçar: procurar (alimento);
LISTA COM ALGUNS HOMÔNIMOS
Acender: pôr fogo
Ascender: subir
Coser: costurar
Cozer: cozinhar
Cheque: ordem de pagamento
Xeque: lance de jogo de xadrez
Espiar: observar, espionar
Expiar: sofrer castigo
Cessão: ato de ceder
Seção: divisão
Sessão: reunião
PALAVRAS PARÔNIMAS
São palavras parecidas na pronúncia e na grafia, mas com sig-
nificados diferentes.
Discriminar – Descriminar
Discriminar: separar, listar
Descriminar: inocentar
Desapercebido – Despercebido
Desapercebido: desprovido, quem não está ciente, quem não 
tomou consciência (é derivado do verbo aperceber-se, que signifi-
ca tomar ciência).
Despercebido: não percebido (é derivado do verbo perceber).
LISTA COM ALGUNS PARÔNIMOS
Absolver: perdoar
Absorver: sorver
Incidente: episódio
Acidente: desastre
Ratificar: confirmar
Retificar: corrigir
Destratar: tratar mal, insultar
Distratar: romper um trato, desfazer
Didatismo e Conhecimento 13
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POLISSEMIA
A mesma palavra apresenta significados diferentes que se ex-
plicam dentro de um contexto.
O menino queimou a mão. (parte do corpo)
Dei duas demãos de tinta na parede. (camadas)
Ninguém deve abrir mão de seus direitos. (deixar de lado, de-
sistir)
A decisão está em suas mãos. (responsabilidade, dependência)
POLISSEMIA E HOMÔNIMOS PERFEITOS
Polissemia: é resultante dos diferentes significados que uma 
palavra foi adquirindo através dos tempos.
Homônimos perfeitos: grafia e som iguais, porém as classes 
gramaticais são diferentes.
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
As palavras podem ser usadas com o seu significado original, 
real (denotação) ou com um significado novo, diferente do original 
(conotação).
O gato da minha vizinha sempre brinca comigo. (denotação – 
animal de estimação)
 Eu acho aquele ator o maior gato. (conotação - bonito)
Quando usamos a linguagem em seu sentido figurado, esta-
mos fazendouso das diversas figuras de linguagem que existem 
(metáfora, metonímia, prosopopeia, hipérbole, etc).
Certas vezes, o falante desconhece algumas normas gramati-
cais e comete alguns erros, em outras ocasiões, ele simplesmente 
é descuidado e acaba (ao falar ou escrever) unindo sílabas que for-
mam um som desagradável ou obsceno.
Todos estes desvios são chamados vícios de linguagem.
Os principais são: barbarismo, solecismo, cacofonia, ambigui-
dade e redundância.
BARBARISMO: são desvios na grafia, na pronúncia ou na 
flexão.
Pograma (em vez de programa)
Rúbrica (em vez de tonificar o – bri -, rubrica)
Etmologia (em vez de etimologia, com – i -)
Quando eu pôr o vestido. (o certo seria - Quando eu puser o 
vestido) 
O policial interviu. (O certo seria interveio)
Observação: quem abusa das palavras estrangeiras grafando
-as como na língua original, também comete barbarismo.
Abajur: e não “abat-jur”.
Coquetel: e não “cocktail”.
SOLECISMO: Desvio na sintaxe.
Exemplo: “Houveram eleições para representante de turma.”
O certo é “Houve....” (erro de concordância)
 Assisti esse filme no cinema.
O certo é “Assisti a esse.....” (erro de regência)
CACOFONIA
Cacofonia é um vício de linguagem comum na língua portu-
guesa, quando uma palavra ou sílaba, em união com outras, for-
mam expressões com sons desagradáveis ou ambíguas; com duplo 
significado, normalmente termos de baixo calão. 
Exemplos de cacofonia são utilizados nas escolas como uma 
ferramenta lúdica para ensinar as crianças a articular as palavras 
com seus fonemas, com a ajuda de “trava-língua” - exercícios tex-
tuais formados por expressões cacofônicas.
Exemplo: “Num ninho de mafagafos tem seis mafagafinhos. 
Quem os desmafagafizar bom desmafagafizador será”. 
AMBIGUIDADE: Duplo sentido.
 O cachorro do seu irmão avançou na minha amiga. (cachorro 
pode ser o animal (cão), ou uma qualidade (vagabundo, assanha-
do) para irmão.
REDUNDÂNCIA: é a repetição de ideias.
Maria subiu lá em cima para ver o balão.
José inventou novos brinquedos para o filho.
OBS: Não há redundância em “intrometer-se no meio” e “vol-
tar-se para trás”.
Uma pessoa pode intrometer-se no início, meio ou fim de uma 
conversa, assim como alguém pode voltar-se para o lado.
QUESTIONÁRIO
01. (UERJ)
Mineiro de Araguari, o cartunista Caulos já publicou seus tra-
balhos em diversos jornais, entre eles o Jornal do Brasil e o The 
New York Times. No cartum apresentado, o significado da palavra 
escrita é reforçado pelos elementos visuais, próprios da linguagem 
não verbal. A separação das letras da palavra em balões distintos 
contribui para expressar principalmente a seguinte ideia:
(A) dificuldade de conexão entre as pessoas
(B) aceleração da vida na contemporaneidade
(C) desconhecimento das possibilidades de diálogo
(D) desencontro de pensamentos sobre um assunto
02.
Nos quadrinhos, o uso simultâneo das linguagens verbal e não 
verbal contribui para a construção de sentidos do texto. Na tira 
do cartunista argentino Quino, utilizam-se recursos gráficos que 
lembram o cinema. A associação com a linguagem artística do ci-
nema, que lida com o movimento e com o instrumento da câmera, 
é garantida pelo procedimento do cartunista demonstrado a seguir:
(A) ressaltar o trabalho com a vassoura para sugerir ação.
(B) ampliar a imagem da mulher para indicar aproximação.
(C) destacar a figura da cadeira para indiciar sua importância.
(D) apresentar a sombra dos personagens para sugerir vera-
cidade.
Didatismo e Conhecimento 14
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03.
Sobre a tirinha de Garfield, é correto afirmar que:
(A) A linguagem verbal é o elemento principal para o entendimento da tirinha.
(B) O uso da linguagem verbal não faz diferença para a compreensão da tirinha.
(C) O uso simultâneo das linguagens verbal e não verbal colabora para o entendimento da tirinha.
(D) A sequência cronológica dos fatos relatados nas imagens não influencia na compreensão da tirinha.
04. Sobre as linguagens verbal e não verbal, é INCORRETO afirmar que:
(A) A linguagem verbal utiliza qualquer código para se expressar, enquanto a linguagem não verbal faz uso apenas da língua escrita.
(B) São utilizadas para criar atos de comunicação que nos permitem dizer algo.
(C) A linguagem não verbal é aquela que utiliza qualquer código que não seja a palavra, enquanto a linguagem verbal utiliza a língua, 
seja oral ou escrita, para estabelecer comunicação.
(D) Linguagem verbal e não verbal, quando simultâneas, colaboram para o entendimento do texto.
05.
Didatismo e Conhecimento 15
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Gráficos são exemplos de utilização simultânea das lingua-
gens verbal e não verbal. É preciso analisar as duas ocorrências 
para a compreensão do texto. Nos gráficos, os elementos visuais 
e os elementos textuais são fundamentais para o entendimento to-
tal da mensagem transmitida. No gráfico em questão, a linguagem 
verbal e a linguagem não verbal têm como intenção mostrar ao 
leitor que:
(A) O número de casamentos entre pessoas acima de 60 anos 
diminuiu em um período de cinco anos.
(B) O número de pessoas acima de 60 anos que estão inseridas 
no mercado de trabalho é proporcionalmente inverso à quantidade 
de pessoas que se casam nessa faixa etária.
(C) Apresenta dados para o leitor que comprovam o aumento 
no número de casamentos entre pessoas acima de 60 anos, assim 
como o aumento da inserção de pessoas acima de 60 anos no mer-
cado de trabalho.
(D) Apresenta a preocupação com a diminuição no número 
de casamentos entre pessoas de várias faixas etárias da população 
brasileira, assim como a dificuldade dessas pessoas para conseguir 
emprego no mercado de trabalho.
06. (ENEM/2012). Desabafo. Desculpem-me, mas não dá pra 
fazer uma cronicazinha divertida hoje. Simplesmente não dá. Não 
tem como disfarçar: esta é uma típica manhã de segunda-feira. A 
começar pela luz acesa da sala que esqueci ontem à noite. Seis 
recados para serem respondidos na secretária eletrônica. Recados 
chatos. Contas para pagar que venceram ontem. Estou nervoso. 
Estou zangado. CARNEIRO, J. E. Veja, 11 set. 2002 (fragmento). 
Nos textos em geral, é comum a manifestação simultânea de vá-
rias funções da linguagem, com o predomínio, entretanto, de uma 
sobre as outras. No fragmento da crônica. Desabafo, a função da 
linguagem predominante é a emotiva ou expressiva, pois
(A) o discurso do enunciador tem como foco o próprio código.
(B) a atitude do enunciador se sobrepõe àquilo que está sendo 
dito.
(C) o interlocutor é o foco do enunciador na construção da 
mensagem.
(D) o referente é o elemento que se sobressai em detrimento 
dos demais.
(E) o enunciador tem como objetivo principal a manutenção 
da comunicação. 
07. Explorando a função emotiva da linguagem, o poeta ex-
pressa o contraste entre marcas de variação de usos da linguagem 
em
(A) situações formais e informais.
(B) diferentes regiões dos pais.
(C) escolas literárias distintas.
(D) textos técnicos e poéticos.
(E) diferentes épocas.
08. Assinale a alternativa que contenha a sequência correta 
sobre as funções da linguagem, importantes elementos da comu-
nicação:
1. Ênfase no emissor (lª pessoa) e na expressão direta de suas 
emoções e atitudes.
2. Evidencia o assunto, o objeto, os fatos, os juízos. É a lin-
guagem da comunicação.
3. Busca mobilizar a atenção do receptor, produzindo um ape-
lo ou uma ordem.
4. Ênfase no canal para checar sua recepção ou para manter a 
conexão entre os falantes.
5. Visa à tradução do código ou à elaboração do discurso, seja 
ele linguístico ou extralinguístico.
6. Voltada para o processo de estruturação da mensagem e 
para seus próprios constituintes, tendo em vista produzir um efeito 
estético.
( ) função metalinguística.
( ) função poética.
( ) função referencial.
( ) função fática.( ) função conativa.
( ) função emotiva.
(A) 1, 2, 4, 3, 6, 5.
(B) 5, 2, 6, 4, 3, 1.
(C) 5, 6, 2, 4, 3, 1.
(D) 6, 5, 2, 4, 3, 1.
(E) 3, 5, 2, 4, 6, 1.
09. (Enem/2009)
A norma-padrão está vinculada à ideia de língua modelo, se-
guindo as regras gramaticais de acordo com o momento histórico 
e com a sociedade. Quanto às variantes linguísticas presentes no 
texto, a norma-padrão da língua portuguesa é rigorosamente obe-
decida por meio
(A) do emprego do pronome demonstrativo “esse” em “Por 
que o senhor publicou esse livro?”.
(B) do emprego do pronome pessoal oblíquo em “Meu filho, 
um escritor publica um livro para parar de escrevê-lo!”.
(C) do emprego do vocativo “Meu filho”, que confere à fala 
distanciamento do interlocutor.
(D) da necessária repetição do conectivo no último quadrinho.
Didatismo e Conhecimento 16
LÍNGUA PORTUGUESA E REDAÇÃO
10. (Enem/2010) Por que pronunciamos muitas palavras de um jeito diferente da escrita? Pode-se refletir sobre esse aspecto da língua 
com base em duas perspectivas. Na primeira delas, fala e escrita são dicotômicas, o que restringe o ensino da língua ao código. Daí vem o 
entendimento de que a escrita é mais complexa que a fala, e seu ensino restringe-se ao conhecimento das regras gramaticais, sem a preo-
cupação com situações de uso. Outra abordagem permite encarar as diferenças como um produto distinto de duas modalidades da língua: 
a oral e a escrita. A questão é que nem sempre nos damos conta disso. S.O.S Português. Nova Escola. São Paulo: Abril, Ano XXV, nº- 231, 
abr. 2010 (fragmento adaptado). O assunto tratado no fragmento é relativo à língua portuguesa e foi publicado em uma revista destinada a 
professores. Entre as características próprias desse tipo de texto, identificam-se marcas linguísticas próprias do uso
(A) regional, pela presença do léxico de determinada região do Brasil.
(B) literário, pela conformidade com as normas da gramática.
(C) técnico, por meio de expressões próprias de textos científicos.
(D) coloquial, por meio do registro de informalidade.
(E) oral, por meio do uso de expressões típicas da oralidade
11. “Todas as variedades linguísticas são estruturadas, e correspondem a sistemas e subsistemas adequados às necessidades de seus 
usuários. Mas o fato de estar a língua fortemente ligada à estrutura social e aos sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliação 
distinta das características das suas diversas modalidades regionais, sociais e estilísticas. A língua padrão, por exemplo, embora seja uma 
entre as muitas variedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque atua como modelo, como norma, como ideal linguístico de 
uma comunidade. Do valor normativo decorre a sua função coercitiva sobre as outras variedades, com o que se torna uma ponderável força 
contrária à variação.” Celso Cunha. Nova gramática do português contemporâneo. Adaptado. A partir da leitura do texto, pode-
mos inferir que uma língua é:
(A) conjunto de variedades linguísticas, dentre as quais uma alcança maior valor social e passa a ser considerada exemplar.
(B) sistema que não admite nenhum tipo de variação linguística, sob pena de empobrecimento do léxico.
(C) a modalidade oral alcança maior prestígio social, pois é o resultado das adaptações linguísticas produzidas pelos falantes.
(D) A língua padrão deve ser preservada na modalidade oral e escrita, pois toda modificação é prejudicial a um sistema linguístico.
12. “A variação é inerente às línguas, porque as sociedades são divididas em grupos: há os mais jovens e os mais velhos, os que habitam 
numa região ou outra, os que têm esta ou aquela profissão, os que são de uma ou outra classe social e assim por diante. O uso de determinada 
variedade linguística serve para marcar a inclusão num desses grupos, dá uma identidade para os seus membros. Aprendemos a distinguir a 
variação. Quando alguém começa a falar, sabemos se é de São Paulo, gaúcho, carioca ou português. Sabemos que certas expressões perten-
cem à fala dos mais jovens, que determinadas formas se usam em situação informal, mas não em ocasiões formais. Saber uma língua é ser 
“poliglota” em sua própria língua. Saber português não é só aprender regras que só existem numa língua artificial usada pela escola. As va-
riações não são fáceis ou bonitas, erradas ou certas, deselegantes ou elegantes, são simplesmente diferentes. Como as línguas são variáveis, 
elas mudam.” (FIORIN, José Luiz. “Os Aldrovandos Cantagalos e o preconceito linguístico”. In O direito à fala. A questão do preconceito 
linguístico. Florianópolis. Editora Insular, pp. 27, 28, 2002.) Sobre o texto de José Luiz Fiorin, é incorreto afirmar:
(A) As variações linguísticas são próprias da língua e estão alicerçadas nas diversas intenções comunicacionais.
(B) A variedade linguística é um importante elemento de inclusão, além de instrumento de afirmação da identidade de alguns grupos 
sociais.
(C) O aprendizado da língua portuguesa não deve estar restrito ao ensino das regras.
(D) As variedades linguísticas trazem prejuízos à norma-padrão da língua, por isso devem ser evitadas.
13. (UFTM)
Didatismo e Conhecimento 17
LÍNGUA PORTUGUESA E REDAÇÃO
Sobre a tira, analise as afirmativas. 
 I - Pode-se identificar, no último quadrinho, a fala de um nor-
destino, exemplo de variedade linguística regional. 
II - É apresentada uma visão estereotipada de uma fala que 
suprime, quase sempre, as sílabas finais das palavras. 
III - A fala no último quadrinho retoma o exemplo dado no 
terceiro quadrinho, tornando-se mais inteligível. 
IV - O produtor da tira usou seu conhecimento das variedades 
linguísticas existentes entre as regiões do país para produzir efei-
tos de humor. 
Estão corretas as afirmativas 
(A) I, II e III, apenas. 
(B) II, III e IV, apenas. 
(C) I, III e IV, apenas. 
(D) II e IV, apenas. 
(E) I, II, III e IV. 
14. (UFTM) A tira exemplifica o uso de variedades linguísti-
cas. Sobre variedades e registros de linguagem, assinale a afirma-
tiva INCORRETA. 
(A) Preconceito linguístico é o julgamento negativo dos falan-
tes em função da variedade linguística que utilizam. 
(B) A maior ou menor proximidade entre os falantes faz com 
que usem variedades mais ou menos formais, denominadas regis-
tros de linguagem. 
(C) Diferenças significativas nos aspectos fonológicos e mor-
fossintáticos da língua marcam as variedades sociais, seja devido à 
escolaridade, à faixa etária, ao sexo. 
(D) Norma culta ou padrão é a denominação dada à variedade 
linguística dos membros da classe social de maior prestígio, que 
deve ser utilizada por todos da mesma comunidade. 
(E) Gíria ou jargão é uma forma de linguagem baseada em vo-
cabulário criado por um grupo social e serve de emblema para os 
membros do grupo, distinguindo-os dos demais falantes da língua. 
15. (FGV/SP) Caetano Veloso acaba de gravar uma canção, 
do filme Lisbela e o prisioneiro. Trata-se de Você não me ensinou 
a te esquecer. A propósito do título da canção, pode-se dizer que:
(A) a regra da uniformidade do tratamento é respeitada, e o 
estilo da frase revela a linguagem regional do autor.
(B) o desrespeito à norma sempre revela falta de conhecimen-
to do idioma; nesse caso não é diferente.
(C) o correto seria dizer “Você não me ensinou a lhe esque-
cer”.
(D) não deveria ocorrer a preposição a nessa frase, já que o 
verbo ensinar é transitivo direto.
(E) desrespeita-se a regra da uniformidade de tratamento. 
Com isso, o estilo da frase acaba por aproximar-se do da fala.
Texto para as questões de 16 a 19.
É um mito a pretensa possibilidade de comunicação iguali-
tária em todos os níveis. Isso é uma idealização. Todas as línguas 
apresentam variantes: o inglês, o alemão, o francês, etc. Também 
as línguas antigas tinham variações. O português e outras línguas 
românicas provêm de uma variedade do latim, o chamadolatim 
vulgar, muito diferente do latim culto. Além disso, as línguas mu-
dam. 
O português moderno é muito distinto do português clássico. 
Se fôssemos aceitar a ideia de estaticidade das línguas, deveríamos 
dizer que o português inteiro é um erro e, portanto, deveríamos vol-
tar a falar latim. Ademais, se o português provém do latim vulgar, 
poder-se-ia afirmar que ele está todo errado.
A variação é inerente às línguas, porque as sociedades são divi-
didas em grupos: há os mais jovens e os mais velhos, os que habitam 
numa região ou noutra, os que têm esta ou aquela profissão, os que 
são de uma ou outra classe social e assim por diante. O uso de de-
terminada variedade linguística serve para marcar a inclusão num 
desses grupos, dá uma identidade para seus membros. Aprendemos 
a distinguir a variação. Quando alguém começa a falar, sabemos se 
é do interior de São Paulo, gaúcho, carioca ou português. Sabemos 
que certas expressões pertencem à fala dos mais jovens, que deter-
minadas formas se usam em situação informal, mas não em ocasiões 
formais. Saber uma língua é conhecer variedades. Um bom falante 
é “poliglota” em sua própria língua. Saber português não é aprender 
regras que só existem numa língua artificial usada pela escola.
As variantes não são feias ou bonitas, erradas ou certas, desele-
gantes ou elegantes; são simplesmente diferentes. Como as línguas 
são variáveis, elas mudam. “Nosso homem simples do campo” tem 
dificuldade de comunicar-se nos diferentes níveis do português não 
por causa da variação e da mudança linguística, mas porque lhe foi 
barrado o acesso à escola ou porque, neste país, se oferece um ensi-
no de baixa qualidade às classes trabalhadoras e porque não se lhes 
oferece a oportunidade de participar da vida cultural das camadas 
dominantes da população. FIORIN, José Luiz. In: Atas do I Con-
gresso Nacional da ABRALIN. Excertos.
16. (UFPE) Sobre a relação entre o conhecimento linguístico e 
o ensino escolar, a posição do texto é a de que (mais de uma alterna-
tiva pode estar correta):
(A) a escola é o lugar onde esse conhecimento é sistematizado 
e apreendido em sua totalidade.
(B) a escola possibilita ao aluno o conhecimento de normas gra-
maticais, mas isso não significa necessariamente o domínio de todos 
os usos de uma língua.
(C) há um conjunto de regras que apenas se mantém na língua 
ensinada na escola. ‘Saber português’ é algo que se esgota pelo co-
nhecimento dessas regras.
(D) é do ensino escolar que restringe a gramática da língua ao 
uso padrão que resulta o ‘indivíduo poliglota em sua própria língua’.
(E) é no ambiente escolar que as variantes são evidenciadas e 
trabalhadas.
17. (UFPE) A análise feita no texto, sobre a variação linguísti-
ca, permite ao leitor inferir que (mais de uma alternativa pode estar 
correta):
(A) a existência da língua portuguesa é uma prova da não esta-
ticidade das línguas, neste caso do latim.
(B) as línguas não somente variam com o passar do tempo, mas 
também com as diferenças de grupos sociais.
c) algumas variantes, mais populares, são amostras de como 
o português é falado fora de um padrão que é correto, bonito e ele-
gante.
(D) a variação das línguas não é um fenômeno exclusivamente 
linguístico; é também um fenômeno social.
e) o fato de um camponês apresentar dificuldade de comuni-
car-se nos diferentes níveis do português deve-se prioritariamente 
às variantes linguísticas.
Didatismo e Conhecimento 18
LÍNGUA PORTUGUESA E REDAÇÃO
18. (UFPE) Considerando o valor semântico de algumas pala-
vras do texto, analise os comentários seguintes (mais de uma alter-
nativa pôde estar correta).
(A) “É um mito essa pretensa possibilidade de comunicação 
igualitária em todos os níveis.” Isto é, essa “suposta”, ou essa “pre-
sumida possibilidade de comunicação”.
(B) “Se fôssemos aceitar a ideia da estaticidade das línguas” 
quer dizer: “Se fôssemos aceitar que as línguas são inflexíveis, imu-
táveis”.
(C) “A variação é inerente às línguas.” Isto é, “A variação é 
inseparável, é constitutiva das línguas”.
(D) “Um falante poliglota” é um falante que sabe se expressar 
bem, conforme as normas aprendidas na escola.
(E) “Participar da vida cultural das camadas dominantes” res-
tringe-se a “inserir-se nas atividades intelectuais das classes que ad-
ministram o poder”.
19. (UELPR) “As línguas constituem sistemas de comunicação 
verbal. Conquanto a fala seja da maior importância, fator funda-
mental de humanidade no homem, a nossa capacidade de comunicar 
conteúdos expressivos não se restringe às palavras; nem são elas o 
único modo de comunicação simbólica. Existem, na faixa de me-
diação significativa entre nosso mundo interno e o externo, outras 
linguagens além das verbais.” (Criatividade e processos de criação. 
Petrópolis: Vozes, 1999. p. 24.). Segundo o texto, é correto afirmar:
(A) Nada pode substituir as palavras como forma de comuni-
cação.
(B) A capacidade humana de comunicação limita-se às lingua-
gens não verbais.
(C) A fala não é o único elemento a considerar em situações de 
comunicação simbólica.
(D) A fala é indispensável na mediação entre nosso mundo in-
terno e o externo.
(E) Para comunicar conteúdos expressivos, é prioritário domi-
nar as linguagens não verbais.
Texto para as questões 20 a 22.
Para falar e escrever bem, é preciso, além de conhecer o padrão 
formal da Língua Portuguesa, saber adequar o uso da linguagem ao 
contexto discursivo. Para exemplificar este fato, seu professor de 
Língua Portuguesa convida-o a ler o texto Aí, galera, de Luís Fer-
nando Veríssimo. No texto, o autor brinca com situações de discurso 
oral que fogem à expectativa do ouvinte.
Aí, galera
Jogadores de futebol podem ser vítimas de estereotipação. Por 
exemplo, você pode imaginar um joga dor de futebol dizendo “este-
reotipação”? E, no entanto, por que não?
— Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera.
— Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais es-
portistas, aqui presentes ou no recesso dos seus lares.
— Como é?
— Aí, galera.
— Quais são as instruções do técnico?
— Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de conten-
ção coordenada, com energia otimizada, na zona de preparação, au-
mentam as probabilidades de, recuperado o esférico, concatenarmos 
um contragolpe agudo com parcimônia de meios e extrema objeti-
vidade, valendo-nos da desestruturação momentânea do sistema 
oposto, surpreendido pela reversão inesperada do fluxo da ação.
— Ahn?
— É pra dividir no meio e ir pra cima pra pega eles sem calça.
— Certo. Você quer dizer mais alguma coisa?
— Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental. algo 
banal, talvez mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à qual sou 
ligado por razões, inclusive, genéticas?
— Pode.
— Uma saudação para a minha progenitora.
— Como é?
— Alo, mamãe!
— Estou vendo que você é um, um...
— Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corres-
ponde à expectativa de que o atleta seja um ser algo primitivo com 
dificuldade de expressão e assim sabota a estereotipação?
— Estereoquê?
— Um chato?
— Isso. 
Correio Braziliense, 13 maio 1998.
20. (Enem) O texto retraía duas situações relacio nadas que 
fogem à expectativa do público. São elas:
(A) a saudação do jogador aos fâs do clube, no início da entre-
vista, e a saudação final diri gida à sua mãe.
(B) a linguagem muito formal do jogador, ina dequada à si-
tuação da entrevista, e um jogador que fala, com desenvoltura, de 
modo muito rebuscado.
(C) o uso da expressão “galera”, por parte do entrevistador, e 
da expressão “progenito ra”, por parte do jogador.
(D) o desconhecimento, por parte do entrevis tador, da palavra 
“estereotipação”, e a fala do jogador em “é pra dividir no meio e ir 
pra cima pra pega eles sem calça”.
(E) ofato de os jogadores de futebol serem vítimas de estereo-
tipação e o jogador entrevis tado não corresponder ao estereótipo.
21. (Enem) O texto mostra uma situação em que a linguagem 
usada é inadequada ao contexto. Considerando as diferenças entre 
língua oral e língua escrita, assinale a opção que representa tam-
bém uma inadequação da linguagem usa da ao contexto.
(A) “O carro bateu e capoto, mas num deu pra vê direito” - 
um pedestre que assistiu ao aciden te comenta com o outro que vai 
passando.
(B) “E aí, ô meu! Como vai essa força?” - um jovem que fala 
para um amigo.
(C) “Só um instante, por favor. Eu gostaria de fazer uma ob-
servação” - alguém comenta em uma reunião de trabalho.
(D) “Venho manifestar meu interesse em candida tar-me ao 
cargo de Secretária Executiva desta conceituada empresa” - al-
guém que escreve uma carta candidatando-se a um emprego.
(E) “Porque se a gente não resolve as coisas como têm que ser, 
a gente corre o risco de termos, num futuro próximo, muito pouca 
comida nos lares brasileiros” - um professor universitário em um 
congresso internacional.
22. (Enem) A expressão “pega eles sem calça” po deria ser 
substituída, sem comprometimento de sentido, em língua culta, 
formal, por:
(A) pegá-los na mentira.
(B) pegá-los desprevenidos.
(C) pegá-los em flagrante.
(D) pegá-los rapidamente.
(E) pegá-los momentaneamente.
Didatismo e Conhecimento 19
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23. (UFOP/MG) Qual o vício de linguagem que se observa na 
frase: “Eu não vi ele faz muito tempo”.
(A) solecismo
(B) cacófato
(C) arcaísmo
(D) barbarismo
(E) colisão
24. Foram insuficientes as ....... apresentadas, ....... de se escla-
recerem os .......
(A) escusas - a fim - mal-entendidos
(B) excusas - afim - mal-entendidos
(C) excusas - a fim – malentendidos
(D) excusas - afim – malentendidos
(E) escusas - afim - mal-entendidos
25. Este meu amigo .......... vai ..........-se para ter direito ao 
título de eleitor.
(A) extrangeiro – naturalizar
(B) estrangeiro – naturalizar
(C) extranjeiro – naturalizar
(D) estrangeiro – naturalizar
(E) estranjeiro – naturalizar
26. Assinale a alternativa em que todas as palavras estão cor-
retamente grafadas:
(A) quiseram, essência, impecílio
(B) pretencioso, aspectos, sossego
(C) assessores, exceção, incansável
(D) excessivo, expontâneo, obseção
(E) obsecado, reinvidicação, repercussão
27. Assinale a alternativa que possa substituir, pela ordem, as 
partículas de transição dos períodos abaixo, sem alterar o signifi-
cado delas: “Em primeiro lugar, observemos o avô. Igualmente, 
lancemos um olhar para a avó. Também o pai deve ser observado. 
Todos são altos e morenos. Consequentemente a filha também será 
morena e alta.”
(A) primeiramente, ademais, além disso, em suma
(B) acima de tudo, também, analogamente, finalmente
(C) primordialmente, similarmente, segundo, portanto
(D) antes de mais nada, da mesma forma, por outro lado, por 
conseguinte
(E) sem dúvida, intencionalmente, pelo contrário, com efeito
28. Há palavras escritas de modo INCORRETO na alterna-
tiva:
(A) Investimentos maciços em educação, saúde e reforma 
agrária constituíram a fórmula utilizada por países mais atrasados 
do que o Brasil, para reduzir os índices de pobreza.
(B) O problema da miséria no Brasil apresenta componentes 
bem mais perversos do que a simples escassez de recursos, que 
caracteriza o problema em outros países, como no continente afri-
cano.
(C) Os recursos gastos na área social acabam sendo insufi-
cientes, como por exemplo, a parcela mínima destinada ao sanea-
mento básico, importante para aumentar a expectativa de vida da 
população.
(D) A desnutrição, resultado da falta de ingestão de proteínas 
e de outras substâncias, degenera em má-formação do sistema neu-
rológico, com danos irreversíveis, na maioria das vezes.
(E) Vários estudos afirmam que a taxa de miséria só baixará 
quando houver crecimento da economia, assossiado a um modelo 
mais justo de distribuição de renda para a população.
29. Marque a frase em que deve ser empregada a primeira das 
duas palavras que aparecem entre parênteses:
(A) Essas hipóteses _________ das circunstâncias (emergem 
- imergem) ;
(B) Nunca o encontro na _________ em que trabalha (sessão 
- seção);
(C) Já era decorrido um _______ que ela havia partido, (lustre 
- lustro);
(D) O prazo já estava _______ (prescrito - proscrito);
(E) O fato passou completamente ________ (desapercebido- 
despercebido).
30. Marque a frase que se completa com o segundo elemento 
do parênteses:
(A) A recessão econômica do país faz com que muitos 
_________ (emigrem - imigrem);
(B) Antes de ser promulgada, a Constituição já pedia muitos 
________ (consertos - concertos);
(C) A ditadura _________ muitos políticos de oposição; (ca-
çou - cassou);
(D) Ao sair do barco, o assaltante foi preso em___________ 
(flagrante - fragrante);
(E) O juiz _________ expulsou o atleta violento (incontinenti- 
incontinente).
31. Marque a alternativa que se completa corretamente com o 
segundo elemento do parênteses:
(A) O sapato velho foi restaurado com a aplicação de algumas 
________ (tachas-taxas);
(B) Sílvio _________ na floresta para caçar macacos (imer-
giu-emergiu);
(C) Para impedir a corrente de ar, Luís _______ a porta (cer-
rou-serrou);
(D) Bonifácio ________ pelo buraco da fechadura (expiava
-espiava);
(E) Quando foi realizado o último ________ ? (censosenso).
32. Complete corretamente as lacunas:
“O _______ de veículos de grande porte, em vias urbanas, 
provoca ________ no trânsito; forçando a que os motoristas dos 
carros menores ________,muitas delas, completamente sem 
_________ ;
(A) tráfico – infrações – inflijam – concerto;
(B) tráfego – infrações – inflijam – conserto;
(C) tráfego – inflações – infrinjam – conserto;
(D) tráfego – infrações – infrações – conserto;
(E) tráfico – infrações – infrações – concerto.
Leia o texto a seguir para responder às questões 33 e 34.
Os eletrônicos “verdes”
Didatismo e Conhecimento 20
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Vai bem a convivência entre a indústria de eletrônica e aquilo 
que é politicamente correto na área ambiental. É seguindo essa 
trilha “verde” que a Motorola anunciou o primeiro celular do mun-
do feito de garrafas plásticas recicladas. Ele se chama W233 Eco 
e é também o primeiro telefone com certificado CarbonFree, que 
prevê a compensação do carbono emitido na fabricação e distri-
buição de um produto. Se um celular pode ser feito de garrafas, 
por que não se produz um laptop a partir do bambu? Essa ideia 
ganhou corpo com a fabricante taiwanesa Asus: trata-se do Eco 
Book que exibe revestimento de tiras dessa planta. Computadores 
“limpos” fazem uma importante diferença no efeito estufa e para 
se ter uma noção do impacto de sua produção e utilização basta 
olhar o resultado de uma pesquisa da empresa americana de con-
sultoria Gartner Group. Ela revela que a área de TI (tecnologia 
da informação) já é responsável por 2% de todas as emissões de 
dióxido de carbono na atmosfera.
Além da pesquisa da Gartner, há um estudo realizado nos 
EUA pela Comunidade do Vale do Silício. Ele aponta que a ino-
vação “verde” permitirá adotar mais máquinas com o mesmo con-
sumo de energia elétrica e reduzir os custos de orçamento. Russel 
Hancock, executivo-chefe da Fundação da Comunidade do Vale 
do Silício, acredita que as tecnologias “verdes” também conquis-
tarão espaço pelo fato de que, atualmente, conta pontos junto ao 
consumidor ter-se uma imagem de empresa sustentável.
O estudo da Comunidade chegou às mãos do presidente da 
Apple, Steve Jobs, e o fez render-se às propostas do “ecologica-
mente correto” – ele era duramente criticado porque dava aval à 
utilização de mercúrio, altamente prejudicial ao meio ambiente, 
na produção de seus iPods e laptops. Preocupadoem não perder 
espaço, Jobs lançou a nova linha do Macbook Pro com estrutura de 
vidro e alumínio, tudo reciclável. E a RITI Coffee Printer chegou à 
sofisticação de criar uma impressora que, em vez de tinta, se vale 
de borra de café ou de chá no processo de impressão. Basta que se 
coloque a folha de papel no local indicado e se despeje a borra de 
café no cartucho – o equipamento não é ligado em tomada e sua 
energia provém de ação mecânica transformada em energia elétri-
ca a partir de um gerador. Se pensarmos em quantos cafezinhos 
são tomados diariamente em grandes empresas, dá para satisfazer 
perfeitamente a demanda da impressora. (Luciana Sgarbi, Revis-
ta Época, 22.09.2009. Adaptado)
33. (VUNESP - CREMESP/2011). Em – Computadores 
“limpos” fazem uma importante diferença no efeito estufa... – a 
expressão entre aspas pode ser substituída, sem alterar o sentido 
no texto, por:
(A) com material reciclado.
(B) feitos com garrafas plásticas.
(C) com arquivos de bambu.
(D) feitos com materiais retirados da natureza.
(E) com teclado feito de alumínio.
34. (VUNESP - CREMESP/2011). Em – ele era duramente 
criticado porque dava aval à utilização de mercúrio, altamente pre-
judicial ao meio ambiente… – a expressão em destaque pode ter 
como sinônimo:
(A) resultado.
(B) impedimento.
(C) dúvida.
(D) anuência.
(E) discernimento.
Leia o texto a seguir para responder à próxima questão
Discórdia em Copenhague
Frustrou-se redondamente quem esperava, na 15ª Conferência 
sobre Mudança Climática (COP-15), em Copenhague, um acordo 
capaz de orquestrar compromissos de países pobres, emergentes 
e ricos contra os efeitos do aumento da temperatura no planeta. 
Após duas semanas de muitos debates e negociações, o encontro 
convocado pelas Nações Unidas teve um final dramático no dia 
18 de dezembro de 2009, com chefes de estado tentando, em vão, 
aparar arestas mesmo depois do encerramento oficial da conferên-
cia. O resultado final foi um documento político genérico, firmado 
só pelos Estados Unidos, China, Brasil e África do Sul, que prevê 
metas para cortes de emissão de gases estufa apenas para 2050, 
mesmo assim sem estabelecer compromissos obrigatórios capazes 
de impedir a elevação da temperatura em mais do que 2 graus Cel-
sius, meta que Copenhague buscava atingir.
Também foi proposta uma ajuda de US$ 30 bilhões aos países 
pobres, nos próximos três anos, embora sem estabelecer parâme-
tros sobre quem estará apto a receber o dinheiro e quais instrumen-
tos serão usados para distribuí-lo. Faltou-lhe aval dos delegados 
de países como Sudão, Cuba, Nicarágua, Bolívia e Venezuela, 
inconformados por terem sido escanteados nas conversas finais. 
“O que temos de alcançar no México é tudo o que deveríamos ter 
alcançado aqui”, disse Yvo de Bôer, secretário-executivo da confe-
rência, remetendo as esperanças para a COP-16, que vai acontecer 
em 2010, na Cidade do México.
O impasse principal girou em torno de um jogo de empurra 
sobre as responsabilidades dos países ricos e pobres. As nações 
desenvolvidas queriam que os países emergentes tivessem metas 
obrigatórias, o que não foi aceito pela China, país que mais emite 
carbono na atmosfera, atualmente. Os Estados Unidos, vivendo a 
maior crise econômica desde 1929, não se dispunham a cumprir 
sequer metas modestas. Outra questão fundamental na conferência 
foi o financiamento para políticas de mitigação das emissões para 
os países pobres. Os países desenvolvidos exigiam que os emer-
gentes ajudassem a financiar os menos desenvolvidos. A tese foi 
rechaçada pelos emergentes, que esperavam obter ajuda externa 
para suas políticas de combate ao aquecimento global. (Adaptado 
de Fabrício Marques, Revista Pesquisa Fapesp, no 167)
35. (FCC - TRF/4ª REGIÃO/2010). Considerando-se o con-
texto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em:
(A) capaz de orquestrar compromissos (1º parágrafo) = hábil 
na ressonância compromissada.
(B) sem estabelecer parâmetros (2º parágrafo) = à revelia da 
proposição de metas.
(C) Faltou-lhe aval (2º parágrafo) = Urgiu o beneplácito.
(D) políticas de mitigação (3º parágrafo) = estratégias de ar-
refecimento.
(E) A tese foi rechaçada (3º parágrafo) = obliterou-se a hipó-
tese.
Leia o texto a seguir para responder à próxima questão
Pelo mundo afora, os jornais sentem a agulhada de uma con-
junção de fatores especialmente desfavoráveis: a recessão mun-
dial, que reduz os gastos com publicidade, e o avanço da internet, 
que suga anúncios, sobretudo os pequenos e rentáveis classifica-
Didatismo e Conhecimento 21
LÍNGUA PORTUGUESA E REDAÇÃO
dos, e também serve como fonte – em geral gratuita – de informa-
ções. Na Inglaterra, para sobreviver, os jornais querem leis menos 
severas para fusão e aquisição de empresas. Na França, o governo 
duplicou a verba de publicidade e dá isenção tributária a investi-
mentos dos jornais na internet.
Mas em nenhum outro lugar a tormenta é tão assustadora 
quanto nos Estados Unidos. A recessão atropelou os dois maiores 
anunciantes – o mercado imobiliário e a indústria automobilística 
– e a evolução da tecnologia, com seu impacto sísmico na disse-
minação da informação, se dá numa velocidade alucinante no país. 
O binômio recessão internet está produzindo uma devastação. Vá-
rios jornais, mesmo bastante antigos e tradicionais, fecharam suas 
portas.
O fechamento de um jornal é o fim de um negócio como outro 
qualquer. Mas, quando o jornal é o símbolo e um dos últimos re-
dutos do jornalismo, como é o caso do New York Times, morrem 
mais coisas com ele. Morrem uma cultura e uma visão generosa do 
mundo. Morre um estilo de vida romântico, aventureiro, despojado 
e corajoso que, como em nenhum outro ramo de negócios, une 
funcionários, consumidores e acionistas em um objetivo comum e 
maior do que interesses particulares de cada um deles.
Desde que os romanos passaram a pregar em locais públicos 
sua Acta Diurna, o manuscrito em que informavam sobre disputas 
de gladiadores, nascimentos ou execuções, os jornais começaram 
a entrar na veia das sociedades civilizadas. Mas, para chegar ao 
auge, a humanidade precisou fazer uma descoberta até hoje in-
substituível (o papel), duas invenções geniais (a escrita e a impres-
são) e uma vasta mudança social (a alfabetização). Por isso, um 
jornal, ainda que seja um negócio, não é como vender colírio ou 
fabricar escadas rolantes. (André Petry. Revista Veja, 29 de abril 
de 2009, pp. 90-93, com adaptações)
36. (FCC-TRT/9ªREGIÃO/2010). O binômio recessão inter-
net está produzindo uma devastação. (2º parágrafo) O sentido con-
tido na expressão grifada acima se encontra também em:
(A) recessão mundial.
(B) evolução da tecnologia.
(C) impacto sísmico.
(D) velocidade alucinante.
(E) uma descoberta até hoje insubstituível.
37. (FMPA/MG). Assinale o item em que a palavra destacada 
está incorretamente aplicada:
(A) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes.
(B) A justiça infligiu pena merecida aos desordeiros.
(C) Promoveram uma festa beneficiente para a creche.
(D) Devemos ser fieis aos cumprimentos do dever.
(E) A cessão de terras compete ao Estado.
Respostas
01. A
02. B
03. C
04. A
05. C
06. B
07. C
08. E
09. B
10. C
11. A
12. D
13. B
14. D
15. E
16. B
17. A/B/D
18. A/B/C
19. C
20. B
21. E
22. B
23. A
24. A
25. D
26. C
27. D
28. E
29. A
30. A
31. D
32. D
33. A
34. D
35. D
36. C
37. C
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
1. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO 
DIREITO PENAL.
O Direito Penal moderno se assenta em determinados prin-
cípios fundamentais, próprios do Estado de Direito democrático, 
entre os quais sobreleva o da legalidade dos delitos e das penas, da 
reserva legal ou da intervenção legalizada, que tem base constitu-
cional expressa. A sua dicção legal tem sentido amplo:não há crime 
(infração penal), nem pena ou medida de segurança (sanção penal) 
sem prévia lei (stricto sensu).
Assim, o princípio da legalidade tem quatro funções fundamen-
tais: 
a) Proibir a retroatividade da lei penal (nullum crimen nulla 
poena sine lege praevia);
b) Proibir a criação de crimes e penas pelo costume (nullum 
crimen nulla poena sine lege scripta);
c) Proibir o emprego da analogia para criar crimes, fundamentar 
ou agravar penas (nullum crimen nulla poena sine lege stricta);
d) Proibir incriminações vagas e indeterminadas (nullum cri-
men nulla poena sine lege certa);
Irretroatividade da lei penal
Consagra-se aqui o princípio da irretroatividade da lei penal, 
ressalvada a retroatividade favorável ao acusado. Fundamentam-se 
a regra geral nos princípios da reserva legal, da taxatividade e da 
segurança jurídica - princípio do favor libertatis -, e a hipótese ex-
cepcional em razões de política criminal (justiça). Trata-se de res-
tringir o arbítrio legislativo e judicial na elaboração e aplicação de 
lei retroativa prejudicial.
A regra constitucional (art. 5°, XL) é no sentido da irretroativi-
dade da lei penal; a exceção é a retroatividade, desde que seja para 
beneficiar o réu. Com essa vertente do princípio da legalidade tem-
se a certeza de que ninguém será punido por um fato que, ao tempo 
da ação ou omissão, era tido como um indiferente penal, haja vista a 
inexistência de qualquer lei penal incriminando-o.
Taxatividade ou da determinação (nullum crimen sine lege 
scripta et stricta)
Diz respeito à técnica de elaboração da lei penal, que deve ser 
suficientemente clara e precisa na formulação do conteúdo do tipo 
legal e no estabelecimento da sanção para que exista real segurança 
jurídica. Tal assertiva constitui postulado indeclinável do Estado de 
direito material - democrático e social.
O princípio da reserva legal implica a máxima determinação e 
taxatividade dos tipos penais, impondo-se ao Poder Legislativo, na 
elaboração das leis, que redija tipo penais com a máxima precisão de 
seus elementos, bem como ao Judiciário que as interprete restritiva-
mente, de modo a preservar a efetividade do princípio.
Princípio da culpabilidade
O princípio da culpabilidade possui três sentidos fundamentais:
Culpabilidade como elemento integrante da teoria analítica do 
crime – a culpabilidade é a terceira característica ou elemento inte-
grante do conceito analítico de crime, sendo estudada, sendo Welzel, 
após a análise do fato típico e da ilicitude, ou seja, após concluir 
que o agente praticou um injusto penal;
Culpabilidade como princípio medidor da pena – uma vez 
concluído que o fato praticado pelo agente é típico, ilícito e cul-
pável, podemos afirmar a existência da infração penal. Deverá o 
julgador, após condenar o agente, encontrar a pena correspondente 
à infração praticada, tendo sua atenção voltada para a culpabilidade 
do agente como critério regulador;
Culpabilidade como princípio impedidor da responsabilidade 
penal objetiva, ou seja, da responsabilidade penal sem culpa – o 
princípio da culpabilidade impõe a subjetividade da responsabilida-
de penal. Isso significa que a imputação subjetiva de um resultado 
sempre depende de dolo, ou quando previsto, de culpa, evitando a 
responsabilização por caso fortuito ou força maior.
Princípio da exclusiva proteção dos bens jurídicos
O pensamento jurídico moderno reconhece que o escopo ime-
diato e primordial do Direito Penal reside na proteção de bens jurí-
dicos - essenciais ao individuo e à comunidade -, dentro do quadro 
axiológico constitucional ou decorrente da concepção de Estado de 
Direito democrático (teoria constitucional eclética).
Princípio da intervenção mínima (ou da subsidiariedade)
Estabelece que o Direito Penal só deve atuar na defesa dos bens 
jurídicos imprescindíveis à coexistência pacífica das pessoas e que 
não podem ser eficazmente protegidos de forma menos gravosa. 
Desse modo, a lei penal só deverá intervir quando for absolutamente 
necessário para a sobrevivência da comunidade, como ultima ratio.
O princípio da intervenção mínima é o responsável não só pelos 
bens de maior relevo que merecem a especial proteção do Direito 
Penal, mas se presta, também, a fazer com que ocorra a chamada 
descriminalização. Se é com base neste princípio que os bens são 
selecionados para permanecer sob a tutela do Direito Penal, porque 
considerados como de maior importância, também será com funda-
mento nele que o legislador, atento às mutações da sociedade, que 
com sua evolução deixa de dar importância a bens que, no passado, 
eram da maior relevância, fará retirar do ordenamento jurídico-penal 
certos tipos incriminadores.
Fragmentariedade
A função maior de proteção dos bens jurídicos atribuída à lei 
penal não é absoluta. O que faz com que só devem eles ser defen-
didos penalmente frente a certas formas de agressão, consideradas 
socialmente intoleráveis. Isto quer dizer que apenas as ações ou 
omissões mais graves endereçadas contra bens valiosos podem ser 
objeto de criminalização.
O caráter fragmentário do Direito Penal aparece sob uma trípli-
ce forma nas atuais legislações penais: a) defendendo o bem jurídico 
somente contra ataques de especial gravidade, exigindo determina-
das intenções e tendências, excluindo a punibilidade da ação culposa 
em alguns casos etc; b) tipificando somente uma parte do que nos 
demais ramos do ordenamento jurídico se estima como antijurídico; 
c) deixando, em princípio, sem castigo, as ações meramente imorais, 
como a homossexualidade e a mentira.
Princípio da pessoalidade da pena (da responsabilidade pessoal 
ou da intranscendência da pena)
Impede-se a punição por fato alheio, vale dizer, só o autor da 
infração penal pode ser apenado (CF, art. 5°, XLV). Havendo faleci-
mento do condenado, a pena que lhe fora infligida, mesmo que seja 
de natureza pecuniária, não poderá ser estendida a ninguém, tendo 
em vista seu caráter personalíssimo, quer dizer, somente o autor do 
delito é que pode submeter-se às sanções penais a ele aplicadas.
Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Todavia, se estivermos diante de uma responsabilidade não 
penal, como a obrigação de reparar o dano, nada impede que, no 
caso de morte do condenado e tendo havido bens para transmitir 
aos seus sucessores, estes respondem até as forças da herança. A 
pena de multa, apesar de ser considerada agora dívida de valor, 
não deixou de ter caráter penal e, por isso, continua obedecendo a 
este princípio.
Individualização da pena
A individualização da pena ocorre em três momentos:
a) Cominação – a primeira fase de individualização da pena 
se inicia com a seleção feita pelo legislador, quando escolhe para 
fazer parte do pequeno âmbito de abrangência do Direito Penal 
aquelas condutas, positivas ou negativas, que atacam nossos bens 
mais importantes. Uma vez feita essa seleção, o legislador valora 
as condutas, cominando-lhe penas de acordo com a importância do 
bem a ser tutelado.
b) Aplicação – tendo o julgador chegado à conclusão de que 
o fato praticado é típico, ilícito e culpável, dirá qual a infração 
praticada e começará, agora, a individualizar a pena a ele corres-
pondente, observando as determinações contidas no art. 59 do 
Código Penal (método trifásico).c) Execução penal – a execução 
não pode igual para todos os presos, justamente porque as pessoas 
não são iguais, mas sumamente diferentes, e tampouco a execução 
pode ser homogênea durante todo período de seu cumprimento. 
Individualizar a pena, na execução consiste em dar a cada preso 
as oportunidades para lograr a sua reinserção social, posto que é 
pessoa, ser distinto.
Proporcionalidade da pena
Deve existir sempre uma medida de justo equilíbrio entre a 
gravidade do fato praticado e a sanção imposta. A pena deve ser 
proporcionada ouadequada à magnitude da lesão ao bem jurídico 
representada pelo delito e a medida de segurança à periculosidade 
criminal do agente.
O princípio da proporcionalidade rechaça, portanto, o estabe-
lecimento de cominações legais (proporcionalidade em abstrato) e 
a imposição de penas (proporcionalidade em concreto) que care-
çam de relação valorativa com o fato cometido considerado em seu 
significado global. Tem assim duplo destinatário: o poder legisla-
tivo (que tem de estabelecer penas proporcionadas, em abstrato, 
à gravidade do delito) e o juiz (as penas que os juízes impõem ao 
autor do delito tem de ser proporcionais à sua concreta gravidade).
Princípio da humanidade (ou da limitação das penas)
Em um Estado de Direito democrático veda-se a criação, a 
aplicação ou a execução de pena, bem como de qualquer outra 
medida que atentar contra a dignidade humana. Apresenta-se como 
uma diretriz garantidora de ordem material e restritiva da lei pe-
nal, verdadeira salvaguarda da dignidade pessoal, relaciona-se de 
forma estreita com os princípios da culpabilidade e da igualdade.
Está previsto no art. 5°, XLVII, que proíbe as seguintes penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada; b) de caráter per-
pétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis. “Um 
Estado que mata, que tortura, que humilha o cidadão não só perde 
qualquer legitimidade, senão que contradiz sua razão de ser, colo-
cando-se ao nível dos mesmos delinquentes” (Ferrajoli).
Princípio da adequação social
Apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal não será 
tida como típica se for socialmente adequada ou reconhecida, isto 
é, se estiver de acordo da ordem social da vida historicamente 
condicionada. Outro aspecto é o de conformidade ao Direito, 
que prevê uma concordância com determinações jurídicas de 
comportamentos já estabelecidos.
O princípio da adequação social possui dupla função. Uma 
delas é a de restringir o âmbito de abrangência do tipo penal, 
limitando a sua interpretação, e dele excluindo as condutas 
consideradas socialmente adequadas e aceitas pela sociedade. 
A segunda função é dirigida ao legislador em duas vertentes. 
A primeira delas o orienta quando da seleção das condutas que 
deseja proibir ou impor, com a finalidade de proteger os bens 
considerados mais importantes. Se a conduta que está na mira 
do legislador for considerada socialmente adequada, não poderá 
ele reprimi-la valendo-se do Direito Penal. A segunda vertente 
destina-se a fazer com que o legislador repense os tipos penais 
e retire do ordenamento jurídico a proteção sobre aqueles bens 
cujas condutas já se adaptaram perfeitamente à evolução da so-
ciedade.
Princípio da insignificância (ou da bagatela)
Relacionado o axioma mínima non cura praeter, enquanto 
manifestação contrária ao uso excessivo da sanção penal, postu-
la que devem ser tidas como atípicas as ações ou omissões que 
afetam muito infimamente a um bem jurídico-penal. A irrelevan-
te lesão do bem jurídico protegido não justifica a imposição de 
uma pena, devendo-se excluir a tipicidade em caso de danos de 
pouca importância.
“A insignificância da afetação [do bem jurídico] exclui a 
tipicidade, mas só pode ser estabelecida através da consideração 
conglobada da norma: toda ordem normativa persegue uma fina-
lidade, tem um sentido, que é a garantia jurídica para possibili-
tar uma coexistência que evite a guerra civil (a guerra de todos 
contra todos). A insignificância só pode surgir à luz da finalidade 
geral que dá sentido à ordem normativa, e, portanto, à norma em 
particular, e que nos indica que essas hipóteses estão excluídas 
de seu âmbito de proibição, o que não pode ser estabelecido à 
luz de sua consideração isolada”. (Zaffaroni e Pierangeli)
Princípio da lesividade
Os princípios da intervenção mínima e da lesividade são 
como duas faces da mesma moeda. Se, de um lado, a interven-
ção mínima somente permite a interferência do Direito Penal 
quando estivermos diante de ataques a bens jurídicos importan-
tes, o princípio da lesividade nos esclarecerá, limitando ainda 
mais o poder do legislador, quais são as condutas que deverão 
ser incriminadas pela lei penal. Na verdade, nos esclarecerá so-
bre quais são as condutas que não poderão sofrer os rigores da 
lei penal.
O mencionado princípio proíbe a incriminação de: a) uma 
atitude interna (pensamentos ou sentimentos pessoais); b) uma 
conduta que não exceda o âmbito do próprio autor (condutas 
não lesivas a bens de terceiros); c) simples estados ou condições 
existenciais (aquilo que se é, não o que se fez); d) condutas des-
viadas (reprovadas moralmente pela sociedade) que não afetem 
qualquer bem jurídico.
Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Princípio da extra atividade da lei penal
A lei penal, mesmo depois de revogada, pode continuar a regular 
fatos ocorridos durante a vigência ou retroagir para alcançar aqueles que 
aconteceram anteriormente à sua entrada em vigor. Essa possibilidade 
que é dada á lei penal de se movimentar no tempo é chamada de extra 
atividade. A regra geral é a da irretroatividade in pejus; a exceção é a 
retroatividade in melius.
Princípio da territorialidade
O CP determina a aplicação da lei brasileira, sem prejuízo de con-
venções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido 
no território nacional. O Brasil não adotou uma teoria absoluta da terri-
torialidade, mas sim uma teoria conhecida como temperada, haja vista 
que o Estado, mesmo sendo soberano, em determinadas situações, pode 
abrir mão da aplicação de sua legislação, em virtude de convenções, 
tratados e regras de direito internacional.
Princípio da extraterritorialidade
Ao contrário do princípio da territorialidade, cuja regra ge-
ral é a aplicação da lei brasileira àqueles que praticarem infrações 
dentro do território nacional, incluídos aqui os casos considerados 
fictamente como sua extensão, o princípio da extraterritorialidade 
se preocupa com a aplicação da lei brasileira além de nossas fron-
teiras, em países estrangeiros.
Princípios que solucionam o conflito aparente de normas
Especialidade
Especial é a norma que possui todos os elementos da geral e 
mais alguns, denominados especializantes, que trazem um minus 
ou um plus de severidade. A lei especial prevalece sobre a geral. 
Afasta-se, dessa forma, o bis in idem, pois o comportamento do 
sujeito só é enquadrado na norma incriminadora especial, embora 
também estivesse descrito na geral.
Subsidiariedade
Subsidiária é aquela norma que descreve um graus menor de 
violação do mesmo bem jurídico, isto é, um fato menos amplo e 
menos grave, o qual, embora definido como delito autônomo, en-
contra-se também compreendido em outro tipo como fase normal 
de execução do crime mais grave. Define, portanto, como delito in-
dependente, conduta que funciona como parte de um crime maior.
Consunção
É o princípio segundo o qual um fato mais grave e mais amplo 
consome, isto é, absorve, outros fatos menos amplos e graves, que fun-
cionam como fase normal de preparação ou execução ou como mero 
exaurimento. Hipóteses em que se verifica a consunção: crime progres-
sivo (ocorre quando o agente, objetivando desde o início, produzir o 
resultado mais grave, pratica, por meio de atos sucessivos, crescentes 
violações ao bem jurídico); crime complexo (resulta da fusão de dois ou 
mais delitos autônomos, que passam a funcionar como elementares ou 
circunstâncias no tipo complexo).
Alternatividade
Ocorre quando a norma descreve várias formas de realização da fi-
gura típica, em que a realização de uma ou de todas configura um único 
crime. São os chamados tipos mistos alternativos, os quais descrevem 
crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado. Não há propriamente 
conflito entre normas, mas conflito interno na própria norma.
Princípio da mera legalidadeou da lata legalidade
Exige a lei como condição necessária da pena e do delito. A 
lei é condicionante. A simples legalidade da forma e da fonte é 
condição da vigência ou da existência das normas que preveem 
penas e delitos, qualquer que seja seu conteúdo. O princípio con-
vencionalista da mera legalidade é norma dirigida aos juízes, aos 
quais prescreve que considera delito qualquer fenômeno livremen-
te qualificado como tal na lei.
Princípio da legalidade estrita
Exige todas as demais garantias como condições necessárias 
da legalidade penal. A lei é condicionada. A legalidade estrita ou 
taxatividade dos conteúdos resulta de sua conformidade com as 
demais garantias e, por hipótese de hierarquia constitucional, é 
condição de validade ou legitimidade das leis vigentes.
O pressuposto necessário da verificabilidade ou da falsea-
bilidade jurídica é que as definições legais que estabeleçam as 
conotações das figuras abstratas de delito e, mais em geral, dos 
conceitos penais sejam suficientemente precisas para permitir, no 
âmbito de aplicação da lei, a denotação jurídica (ou qualificação, 
classificação ou subsunção judicial) de fatos empíricos exatamente 
determinados.
Princípio da necessidade ou da economia do Direito Penal
Nulla lex (poenalis) sine necessitate. Justamente porque a in-
tervenção punitiva é a técnica de controle social mais gravosamen-
te lesiva da dignidade e da dignidade dos cidadãos , o princípio da 
necessidade exige que se recorra a ela apenas como remédio ex-
tremo. Se o Direito Penal responde somente ao objetivo de tutelar 
os cidadãos e minimizar a violência, as únicas proibições penais 
justificadas por sua “absoluta necessidade” são, por sua vez, as 
proibições mínimas necessárias.
Princípio da lesividade ou da ofensividade do evento
Nulla necessitas sine injuria. A lei penal tem o dever de pre-
venir os mais altos custos individuais representados pelos efeitos 
lesivos das ações reprováveis e somente eles podem justificar o 
custo das penas e das proibições. O princípio axiológico da separa-
ção entre direito e moral veta, por sua vez, a proibição de condutas 
meramente imorais ou de estados de ânimo pervertidos, hostis, ou, 
inclusive, perigosos.
Princípio da materialidade ou da exterioridade da ação
Nulla injuria sine actione. Nenhum dano, por mais grave que 
seja, pode-se estimar penalmente relevante, senão como efeito de 
uma ação. Em consequência, os delitos, como pressupostos da 
pena não podem consistir em atitudes ou estados de ânimo inte-
riores, nem sequer, genericamente, em fatos, senão que devem se 
concretizar em ações humanas – materiais, físicas ou externas, 
quer dizer, empiricamente observáveis – passíveis de serem des-
critas, enquanto tais, pelas leis penais.
Princípio da culpabilidade ou da responsabilidade pessoal
Nulla actio sine culpa.
Princípio de utilidade
As proibições não devem só ser dirigidas à tutela de bens ju-
rídicos como, também, devem ser idôneas. Obriga a considerar 
injustificada toda proibição da qual, previsivelmente, não derive 
Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
a desejada eficácia intimidatória, em razão dos profundos moti-
vos – individuais, econômicos e sociais – de sua violação; e isso à 
margem do que se pense sobre a moralidade e, inclusive, sobre a 
lesividade da ação proibida.
 Princípio axiológico de separação entre direito e moral
A valorização da interiorização da moral e da autonomia da 
consciência é traço distintivo da ética laica moderna, a reivindica-
ção da absoluta licitude jurídica dos atos internos e, mais ainda, de 
um direito natural à imoralidade é o princípio mais autenticamente 
revolucionário do liberalismo moderno.
2. A LEI PENAL NO TEMPO.
2. A LEI PENAL NO ESPAÇO.
LEI PENAL NO TEMPO
A lei penal não pode retroagir, o que é denominado como irre-
troatividade da lei penal. Contudo, exceção à norma, a Lei poderá 
retroagir quando trouxer benefício ao réu.
Em regra, aplica-se a lei penal a fatos ocorridos durante sua 
vigência, porém, por vezes, verificamos a “extra atividade” da lei 
penal. 
A extra atividade da lei penal se manifesta de duas maneiras, 
ou pela ultra atividade da lei ou retroatividade da lei.
Assim, considerando que a extra atividade da lei penal é o seu 
poder de regular situações fora de seu período de vigência, poden-
do ocorrer seja em relação a situações passadas, seja em relação a 
situações futuras.
Quando a lei regula situações passadas, fatos anteriores a sua 
vigência, ocorre a denominada retroatividade. Já, se sua aplicação 
se der para fatos após a cessação de sua vigência, será chamada 
ultra atividade.
Em se tratando de extra atividade da lei penal, observa-se a 
ocorrência das seguintes situações:
a) “Abolitio criminis” – trata-se da supressão da figura cri-
minosa;
b) “Novatio legis in melius” ou “lex mitior” – é a lei penal 
mais benigna;
Tanto a “abolitio criminis” como a “novatio legis in melius”, 
aplica-se o principio da retroatividade da Lei penal mais benéfica.
A Lei nº 11.106 de 28 de março de 2006 descriminalizou os 
artigos 217 e 240, do Código Penal, respectivamente, os crimes 
de “sedução” e “adultério”, de modo que o sujeito que praticou 
uma destas condutas em fevereiro de 2006, por exemplo, não será 
responsabilizado na esfera penal.
Segundo a maior parte da doutrina, a Lei nº 11.106 de 28 de 
março de 2006, não descriminalizou o crime de rapto, previsto an-
teriormente no artigo 219 e seguintes do Código Penal, mas so-
mente deslocou sua tipicidade para o artigo 148 e seguintes (“se-
questro” e “cárcere privado”), houve, assim, uma continuidade 
normativa atípica.
A “abolitio criminis” faz cessar a execução da pena e todos os 
efeitos penais da sentença.
A Lei 9.099/99 trouxe novas formas de substituição de penas 
e, por consequência, considerando que se trata de “novatio legis in 
melius” ocorreu retroatividade de sua vigência a fatos anteriores a 
sua publicação.
c) “Novatio legis in pejus” – é a lei posterior que agrava a 
situação;
d) “Novatio legis incriminadora” – é a lei posterior que cria 
um tipo incriminador, tornando típica a conduta antes considerada 
irrelevante pela lei penal.
A lei posterior não retroage para atingir os fatos praticados 
na vigência da lei mais benéfica (“Irretroatividade da lei penal”). 
Contudo, haverá extra atividade da lei mais benéfica, pois será vá-
lida mesmo após a cessação da vigência (Ultra atividade da Lei 
Penal).
Ressalta-se, por fim, que aos crimes permanentes e continua-
dos, aplica-se a lei nova ainda que mais grave, nos termos da Sú-
mula 711 do STF.
Do Tempo Do Crime
Artigo 4º, do Código Penal
A respeito do tempo do crime, existem três teorias:
a) Teoria da Atividade – O tempo do crime consiste no mo-
mento em que ocorre a conduta criminosa;
b) Teoria do Resultado – O tempo do crime consiste no mo-
mento do resultado advindo da conduta criminosa;
c) Teoria da Ubiquidade ou Mista – O tempo do crime consiste 
no momento tanto da conduta como do resultado que adveio da 
conduta criminosa.
O Artigo 4º do Código Penal dispõe que:
Artigo 4º: Considera-se praticado o crime no momento da 
ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado 
(Tempus regit actum). Assim, aplica-se a teoria da atividade, nos 
termos do sistema jurídico instituído pelo Código Penal.
O Código Penal vigente seguiu os moldes do Código Penal 
português em que também é adotada a Teoria da Atividade para o 
tempo do crime. Em decorrência disso, aquele que praticou o cri-
me no momento da vigência da lei anterior terá direito a aplicação 
da lei mais benéfica. O menor de 18 anos, por exemplo, não será 
considerado imputável mesmo que a consumação ocorrer quando 
tiver completado idade equivalente a maioridade penal. E, tam-
bém, o deficiente mental será imputável, se na época da açãoera 
consciente, tendo sofrido moléstia mental tão somente na época 
do resultado.
Novamente, observa-se a respeito dos crimes permanentes, tal 
como o sequestro, nos quais a ação se prolonga no tempo, de modo 
que em se tratando de “novatio legis in pejus”, nos termos da Sú-
mula 711 do STF, a lei mais grave será aplicada.
Lei Excepcional ou Temporária
(art. 3º do Código Penal)
Lei excepcional é aquela feita para vigorar em épocas espe-
ciais, como guerra, calamidade etc. É aprovada para vigorar en-
quanto perdurar o período excepcional.
Lei temporária é aquela feita para vigorar por determinado 
tempo, estabelecido previamente na própria lei. Assim, a lei traz 
em seu texto a data de cessação de sua vigência.
Nessas hipóteses, determina o art. 3º do Código Penal que, 
embora cessadas as circunstâncias que a determinaram (lei excep-
cional) ou decorrido o período de sua duração (lei temporária), 
aplicam-se elas aos fatos praticados durante sua vigência. São, 
portanto, leis ultra ativas, pois regulam atos praticados durante sua 
vigência, mesmo após sua revogação.
Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
3. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL. 
3. INFRAÇÃO PENAL: ESPÉCIES.
Interpretação da Lei Penal
A interpretação é medida necessária para que compreendamos 
o verdadeiro sentido da norma e seu alcance.
Na interpretação, há lei para regular o caso em concreto, as-
sim, apenas deverá ser extraído do conteúdo normativo sua vonta-
de e seu alcance para que possa regular o fato jurídico.
1. Interpretação quanto ao sujeito
Autêntica ou legislativa- aquela fornecida pela própria lei 
(exemplo: o art. 327 do CP define quem pode ser considerado fun-
cionário público para fins penais);
doutrinária ou científica- aquela aduzida pelo jurista por meio 
de sua doutrina;
Jurisprudencial- é o significado da lei dado pelos Tribunais 
(exemplo: súmulas) Ressalte-se que a Exposição dos Motivos do 
Código Penal configura uma interpretação doutrinária, pois foi 
elaborada pelos doutos que criaram o Código, ao passo que a Ex-
posição de Motivos do Código de Processo Penal é autêntica ou 
legislativa, pois foi criada por lei.2. Interpretação quanto ao modo
- gramatical, filológica ou literal- considera o sentido literal 
das palavras;
- teleológica- se refere à intenção objetivada pela lei (exem-
plo: proibir a entrada de acessórios de celular, mesmo que a lei se 
refira apenas ao aparelho);
- histórica- indaga a origem da lei;
- sistemática- interpretação em conjunto com a legislação em 
vigor e com os princípios gerais do direito;
- progressiva ou evolutiva- busca o significado legal de acordo 
com o progresso da ciência.
Interpretação quanto ao resultado
declarativa ou declaratória- é aquela em que a letra da lei cor-
responde exatamente àquilo que a ela quis dizer, sem restringir ou 
estender seu sentido;
restritiva- a interpretação reduz o alcance das palavras da lei 
para corresponder à intenção do legislador;
extensiva- amplia o alcance das palavras da lei para corres-
ponder à sua vontade.
Interpretação sui generis
A interpretação sui generis pode ser exofórica ou endofórica. 
Veja-se:
Exofórica- o significado da norma interpretativa não está no 
ordenamento normativo (exemplo: erro de tipo);
Endofórica- o texto normativo interpretado empresta o senti-
do de outros textos do próprio ordenamento jurídico (muito usada 
nas normas penais em branco).
Interpretação conforme a Constituição
A Constituição Federal informa e conforma as normas hierar-
quicamente inferiores. Esta é uma importante forma de interpreta-
ção no Estado Democrático de Direito.
Distinção entre interpretação extensiva e interpretação analógica
Enquanto a interpretação extensiva amplia o alcance das pala-
vras, a analógica fornece exemplos encerrados de forma genérica, 
permitindo ao juiz encontrar outras hipóteses, funcionando como 
uma analogia in malan partem admitida pela lei.
Rogério Greco fala em interpretação extensiva em sentido 
amplo, a qual abrange a interpretação extensiva em sentido estrito 
e interpretação analógica.
Analogia
Analogia não é forma de interpretação, mas de integração de 
lacuna, ou seja, sendo omissa a lei acerca do tema, ou ainda em 
caso da Lei não tratar do tema em específico o magistrado irá re-
correr ao instituto. São pressupostos da analogia: certeza de que 
sua aplicação será favorável ao réu; existência de uma efetiva lacu-
na a ser preenchida (omissão involuntária do legislador).
Irretroatividade da Lei Penal
Dita o Código Penal em seu artigo 2º:
Art. 2.“Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior 
deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e 
os efeitos penais da sentença condenatória”. 
O parágrafo único do artigo trata da exceção a regra da irre-
troatividade da Lei, ou seja, nos casos de benefício ao réu, ainda 
que os fatos já tenham sidos decididos por sentença condenatória 
transitada em julgado.
Outrossim, o Código dispõe que a Lei Penal só retroagirá em 
benefício do réu. 
Frise-se todavia que tal regra restringe-se somente às normas 
penais.
Do Princípio da Legalidade
Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há 
pena sem prévia cominação legal.
Princípio: Nullum crimen, nulla poena sine praevia lege
Constituição Federal, art. 5º, XXXIX.
Princípio da legalidade: a maioria dos nossos autores conside-
ra o princípio da legalidade sinônimo de reserva legal.
A doutrina, orienta-se maciçamente no sentido de não haver 
diferença conceitual entre legalidade e reserva legal. Dissentindo 
desse entendimento o professor Fernando Capez diz que o prin-
cípio da legalidade é gênero que compreende duas espécies: re-
serva legal e anterioridade da lei penal. Com efeito, o princípio 
da legalidade corresponde aos enunciados dos arts. 5º, XXXIX, 
da Constituição Federal e 1º do Código Penal (“não há crime sem 
lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”) 
e contém, nele embutidos, dois princípios diferentes: o da reserva 
legal, reservando para o estrito campo da lei a existência do crime 
e sua correspondente pena (não há crime sem lei que o defina, nem 
pena sem prévia cominação legal), e o da anterioridade, exigin-
do que a lei esteja em vigor no momento da prática da infração 
penal (lei anterior e prévia cominação). Assim, a regra do art. 1º, 
denominada princípio da legalidade, compreende os princípios da 
reserva legal e da anterioridade.
INFRAÇÃO PENAL
Elementos da Infração Penal
A infração penal ocorre quando uma pessoa pratica qualquer 
conduta descrita na lei e, através dessa conduta, ofende um bem 
jurídico de uma terceira pessoa.
Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Ou seja, as infrações penais constituem determinados compor-
tamentos humanos proibidos por lei, sob a ameaça de uma pena.
Espécies de Infração Penal
A legislação brasileira, apresenta um sistema bipartido sobre 
as espécies de infração penal, uma vez que existem apenas duas 
espécies (crime = delito ≠ contravenção). Situação diferente ocorre 
com alguns países tais como a França e a Espanha que adotaram o 
sistema tripartido (crime ≠ delito ≠ contravenção).
As duas espécies de infração penal são: o crime, considerado 
o mesmo que delito, e a contravenção. Ilustre-se, porém que, ape-
sar de existirem duas espécies, os conceitos são bem parecidos, 
diferenciando-se apenas na gravidade da conduta e no tipo (natu-
reza) da sanção ou pena.
No que diz respeito à gravidade da conduta, os crimes e deli-
tos se distinguem por serem infrações mais graves, enquanto que a 
contravenção refere-se às infrações menos graves.
Em relação ao tipo da sanção, a diferença tem origem no Art. 
1º da Lei de Introdução ao Código Penal (Decreto-Lei 3.914/41).
Art. 1º - Considera-se crime a infração penal que a lei comina 
penade reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alter-
nativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a 
infração penal a que a lei comina, isoladamente, penas de prisão 
simples ou de multa, ou ambas. Alternativa ou cumulativamente.
Em razão dos crimes serem condutas mais graves, então eles 
são repelidos através da imposição de penas mais graves (reclusão 
ou detenção e/ou multa). 
As contravenções, todavia, por serem condutas menos gra-
ves, são sancionadas com penas menos graves (prisão simples e/
ou multa).
A escolha se determinada infração penal será crime/delito ou 
contravenção é puramente política, da mesma forma que o critério 
de escolha dos bens que devem ser protegidos pelo Direito Penal. 
Além disso, o que hoje é considerado crime pode vir, no futuro, 
a ser considerada infração e vice-versa. O exemplo disso acon-
teceu com a conduta de portar uma arma ilegalmente. Até 1997, 
tal conduta caracterizava uma mera contravenção, porém, com o 
advento da Lei 9.437/97, esta infração passou a ser considerada 
crime/delito.
4. SUJEITO ATIVO E SUJEITO 
PASSIVO DA INFRAÇÃO PENAL.
Sujeito Ativo 
Sujeito Ativo ou agente: é aquele que ofende o bem jurídico 
protegido por lei. Em regra só o ser humano maior de 18 anos 
pode ser sujeito ativo de uma infração penal. A exceção acontece 
nos crimes contra o meio ambiente onde existe a possibilidade da 
pessoa jurídica ser sujeito ativo, conforme preconiza o Art. 225, § 
3º da Constituição Federal.
Art. 225 [...].
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio 
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a 
sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação 
de reparar os danos causados.
Sujeito Passivo
O Sujeito Passivo pode ser de dois tipos. O sujeito passivo 
formal é sempre o Estado, pois tanto ele como a sociedade são 
prejudicados quando as leis são desobedecidas. O sujeito passivo 
material é o titular do bem jurídico ofendido e pode ser tanto pes-
soa física como pessoa jurídica.
*É possível que o Estado seja ao mesmo tempo sujeito passivo 
formal e sujeito passivo material. Como exemplo, podemos citar o 
furto de um computador de uma repartição pública.
* Princípio da Lesividade: uma pessoa não pode ser, ao mes-
mo tempo, sujeito ativo e sujeito passivo de uma infração penal.
O princípio da lesividade diz que, para haver uma infração 
penal, a lesão deve ocorrer a um bem jurídico de alguém diferente 
do seu causador, ou seja, a ofensa deva extrapolar o âmbito da 
pessoa que a causou.
Dessa forma, se uma pessoa dá vários socos em seu próprio 
rosto (autolesão), não há crime de lesão corporal (Art. 129 do CP), 
pois não foi ofendido o bem jurídico de uma terceira pessoa.
Entretanto, a autolesão pode caracterizar o crime de fraude 
para recebimento de seguro (Art. 171, § 2o, V do CP) ou criação de 
incapacidade para se furtar ao serviço militar (Art. 184 do CPM).
Diferenças práticas entre crimes e contravenções
a) Tentativa: no crime/delito a tentativa é punível, enquanto 
que na contravenção, por força do Art. 4º do Decreto-Lei 3.688/41, 
a tentativa não é punível.
b) Extraterritorialidade: no crime/delito, nas situações do Art. 
7º do Código Penal, a extraterritorialidade é aplicada, enquanto 
que nas contravenções a extraterritorialidade não é aplicada.
c) Tempo máximo de pena: no crime/delito, o tempo máximo 
de cumprimento de pena é de 30 anos, enquanto que nas contra-
venções, por serem menos graves, o tempo máximo de cumpri-
mento de pena é de 5 anos.
d) Reincidência: de acordo com o Art. 7º do Decreto-Lei 
3.688/41, é possível a reincidência nas contravenções. A reinci-
dência ocorrerá após a prática de crime ou contravenção no Brasil 
e após a prática de crime no estrangeiro. Não há reincidência após 
a prática de contravenção no estrangeiro.
“Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente pratica 
uma contravenção depois de passar em julgado a sentença que o 
tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, 
ou, no Brasil, por motivo de contravenção.”
Semelhança no estudo dos crimes e contravenções.
Vimos que em termos práticos existem algumas diferenças 
entre crime e contravenção, porém, não podemos falar o mesmo 
sobre a essência dessas infrações. Tanto a contravenção como o 
crime, substancialmente, são fatos típicos, ilícitos e, para alguns, 
culpáveis.
Ou seja, possuem a mesma estrutura.
Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
5. TIPICIDADE, ILICITUDE, 
CULPABILIDADE, PUNIBILIDADE.
 5. EXCLUDENTES DE ILICITUDE E 
DE CULPABILIDADE.
Tipicidade
A Tipicidade é a relação de enquadramento entre o fato de-
lituoso (concreto) e o modelo (abstrato) contido na lei penal. É 
preciso que todos os elementos presentes no tipo se reproduzam 
na situação de fato
Assim, o Fato Típico é denominado como o comportamento 
humano que se molda perfeitamente aos elementos constantes do 
modelo previsto na lei penal. 
A primeira característica do crime é ser um fato típico, des-
crito, como tal, numa lei penal. Um acontecimento da vida que 
corresponde exatamente a um modelo de fato contido numa norma 
penal incriminadora, a um tipo.
Para que o operador do Direito possa chegar à conclusão de 
que determinado acontecimento da vida é um fato típico, deve 
debruçar-se sobre ele e, analisando-o, decompô-lo em suas faces 
mais simples, para verificar, com certeza absoluta, se entre o fato 
e o tipo existe relação de adequação exata, fiel, perfeita, completa, 
total e absoluta. Essa relação é a tipicidade.
Para que determinado fato da vida seja considerado típico, é 
preciso que todos os seus componentes, todos os seus elementos 
estruturais sejam, igualmente, típicos.
Os elementos de um fato típico são a conduta humana, a con-
sequência dessa conduta se ela a produzir (o resultado), a relação 
de causa e efeito entre aquela e esta (nexo causal) e, por fim, a 
tipicidade.
Conduta
Considera-se conduta a ação ou omissão humana consciente e 
voluntária dirigida a uma finalidade. A conduta compreende duas 
formas: o agir e o omitir-se.
Resultado
A expressão resultado tem natureza equívoca, já que possui 
dois significados distintos em matéria penal. Pode se falar, assim, 
em resultado material ou naturalístico e em resultado jurídico ou 
normativo.
O resultado naturalístico ou material consiste na modificação 
no mundo exterior provocada pela conduta. Trata-se de um evento 
que só se faz necessário em crimes materiais, ou seja, naqueles 
cujo tipo penal descreva a conduta e a modificação no mundo ex-
terno, exigindo ambas para efeito de consumação.
O resultado jurídico ou normativo reside na lesão ou ameaça 
de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma penal. Todas as infra-
ções devem conter, expressa ou implicitamente, algum resultado, 
pois não há delito sem que ocorra lesão ou perigo (concreto ou 
abstrato) a algum bem penalmente protegido.
A doutrina moderna dá preferência ao exame do resultado ju-
rídico . Este constitui elemento implícito de todo fato penalmente 
típico , pois se encontra ínsito na noção de tipicidade material.
O resultado naturalístico, porém, não pode ser menosprezado, 
uma vez que se cuida de elementar presente em determinados ti-
pos penais, de tal modo que desprezar sua análise seria malferir o 
princípio da legalidade.
Ilicitude
Ilícito penal, é o crime ou delito. Ou seja, é o descumprimen-
to de um dever jurídico imposto por normas de direito público, 
sujeitando o agente a uma pena.
Na ilicitude penal, a antijuridicidade é a contradição entre 
uma conduta e o ordenamento jurídico. O fato típico, até prova 
em contrário, é um fato que, ajustando-se a um tipo penal, é an-
tijurídico. 
Exclusão de ilicitude é uma causa excepcional que retira o 
caráter antijurídico de uma conduta tipificada comocriminosa 
(fato típico).
Art. 23 - Exclusão da ilicitude
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: 
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício 
regular de direito.
Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste 
artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
 A ação do homem será típica sob o aspecto criminal quan-
do a lei penal a descreve como sendo um delito. Numa primeira 
compreensão, isso também basta para se afirmar que ela está em 
desacordo com a norma, que se trata de uma conduta ilícita ou, 
noutros termos, antijurídica.
 Essa ilicitude ou antijuridicidade, contudo, consistente na 
relação de contrariedade entre a conduta típica do autor e o or-
denamento jurídico, pode ser suprimida, desde de que, no caso 
concreto, estejam presentes uma das hipóteses previstas no artigo 
23 do Código Penal: o estado de necessidade, a legítima defesa, 
o estrito cumprimento do dever legal ou o exercício regular de 
direito.
 O estado de necessidade e a legítima defesa são conceituados 
nos artigos 24 e 25 do Código Penal, merecendo destaque, neste 
tópico, apenas o estrito cumprimento do dever legal e o exercício 
regular de um direito, como excludentes da ilicitude ou da anti-
juridicidade.
 A expressão estrito cumprimento do dever legal, por si só, 
basta para justificar que tal conduta não é ilícita, ainda que se 
constitua típica. Isso porque, se a ação do homem decorre do cum-
primento de um dever legal, ela está de acordo com a lei, não 
podendo, por isso, ser contrária a ela. Noutros termos, se há um 
dever legal na ação do autor, esta não pode ser considerada ilícita, 
contrária ao ordenamento jurídico.
 Um exemplo possível de estrito cumprimento do dever legal 
pode restar configurado no crime de homicídio, em que, durante 
tiroteio, o revide dos policiais, que estavam no cumprimento de 
um dever legal, resulta na morte do marginal. Neste sentido - RT 
580/447.
 O exercício regular de um direito, como excludente da ilici-
tude, também quer evitar a antinomia nas relações jurídicas, posto 
que, se a conduta do autor decorre do exercício regular de um 
direito, ainda que ela seja típica, não poderá ser considerada anti-
jurídica, já que está de acordo com o direito.
 Um exemplo de exercício regular de um direito, como exclu-
dente da ilicitude, é o desforço imediato, empregado pela vítima 
da turbação ou do esbulho possessório, enquanto possuidor que 
pretende reaver a posse da coisa para si (RT - 461/341).
Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
 A incidência da excludente da ilicitude, conduto, não pode 
servir de salvo conduto para eventuais excessos do autor, que ve-
nham a extrapolar os limites do necessário para a defesa do bem 
jurídico, do cumprimento de um dever legal ou do exercício regu-
lar de um direito. Havendo excesso, o autor do fato será responsá-
vel por ele, caso restem verificados seu dolo ou sua culpa. Nesse 
sentido é a regra do parágrafo único do artigo 23 do Código Penal.
Culpabilidade
No âmbito do direito penal, um de seus postulados é o princí-
pio da culpabilidade, que, basicamente, consiste na inexistência de 
um delito sem que o agente do fato tenha a possibilidade exigível 
de conduzir-se conforme o direito, não podendo ser penalmente 
responsabilizado quem não é culpável, em razão dos fundamentos 
que exporemos nas linhas que se seguem.
O princípio da culpabilidade é o aspecto basilar da respon-
sabilidade da pessoa humana por um fato típico e ilícito. E assim 
é porque o Direito Penal não pode punir, de igual forma, quem 
pratica fatos reprováveis e legítimos.
Com efeito, bem leciona o professor Bitencourt (2003, p. 14):
“(...) A culpabilidade, como fundamento da pena, refere-se ao 
fato de ser possível ou não a aplicação de uma pena ao autor de um 
fato típico e antijurídico, isto é, proibido pela lei penal. Para isso, 
exige-se a presença de uma serie de requisitos – capacidade de 
culpabilidade, consciência da ilicitude e exigibilidade da conduta 
– que constituem os elementos positivos específicos do conceito 
dogmático de culpabilidade. A ausência de qualquer desses ele-
mentos é suficiente para impedir a aplicação de uma sanção penal”.
Punibilidade
A punibilidade é uma das condições para o exercício da ação 
penal (CPP, art. 43, II) e pode ser definida como a possibilidade 
jurídica de o Estado aplicar a sanção penal (pena ou medida de 
segurança) ao autor do ilícito.
Punibilidade e pena envolvem natureza e conceito muito dis-
tintos, constituindo erro primário unificar os institutos em uma 
concepção generalizadora, como sugerem os vocábulos. A diferen-
ça resulta claríssima com a simples conclusão de que pode haver o 
ilícito sem aplicação de pena, como nas hipóteses dos arts.121, § 
5º ; 129, § 8º ; 140, § 1º; 181; 242, parágrafo único e 348, § 2º do 
Código Penal (escusas absolutórias), posto que a isenção da pena 
pressupõe a existência do ilícito, enquanto que sem a punibilidade 
é logicamente inadmissível falar-se em crime (ou delito) e contra-
venção.
As causas extintivas da punibilidade são atos ou fatos que im-
pedem a aplicação da sanção penal.
As causas extintivas da punibilidade se distinguem das causas 
de exclusão do crime, posto que nestas a conduta humana é lícita, 
isto é, autorizada pelo Direito. Elas também não se confundem 
com as causas de isenção de pena, que impedem a aplicação da 
sanção apesar de caracterizada a ilicitude da conduta.
A sua natureza jurídica é mista, por constituírem institutos de 
Direito Penal e de Direito Processual Penal, estando previstas e 
reguladas em ambos os códigos.
Como é sabido, existem institutos que têm uma dupla face, isto 
é, são previstos tanto pelo Código Penal como pelo Código de Pro-
cesso Penal ou pela Lei de Execução Penal (suspensão condicional 
da pena, livramento condicional, ação, renúncia, perdão etc.).
Parte deste texto adaptado de René Ariel Dotti
6. IMPUTABILIDADE PENAL.
TÍTULO III
DA IMPUTABILIDADE PENAL
Inimputáveis
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo 
da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter 
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimen-
to. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Redução de pena
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois ter-
ços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteira-
mente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
se de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984)
Menores de dezoito anos
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente 
inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legisla-
ção especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Emoção e paixão
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - a emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984)
Embriaguez
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou subs-
tância de efeitos análogos.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984)
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, 
proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação 
ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito 
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Re-
dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agen-
te, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, 
não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade 
de entender o caráter ilícitodo fato ou de determinar-se de acor-
do com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984)
7. CONCURSO DE PESSOAS.
O concurso de pessoas é o cometimento da infração penal por 
mais de uma pessoa. Tal cooperação da prática da conduta delitiva 
pode se dar por meio da coautoria, participação, concurso de de-
linquentes ou de agentes, entre outras formas. Existem ainda três 
teorias sobre o concurso de pessoas, vejamos:
Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
a) teoria unitária: quando mais de um agente concorre para a práti-
ca da infração penal, mas cada um praticando conduta diversa do outro, 
obtendo, porém, um só resultado. Neste caso, haverá somente um deli-
to. Assim, todos os agentes incorrem no mesmo tipo penal. Tal teoria é 
adotada pelo Código Penal.
b) teoria pluralista: quando houver mais de um agente, praticando 
cada um conduta diversa dos demais, ainda que obtendo apenas um re-
sultado, cada qual responderá por um delito. Esta teoria foi adotada pelo 
Código Penal ao tratar do aborto, pois quando praticado pela gestante, 
esta incorrerá na pena do art. 124, se praticado por outrem, aplicar-se-á 
a pena do art. 126. O mesmo procedimento ocorre na corrupção ativa 
e passiva.
c) teoria dualista: segundo tal teoria, quando houver mais de um 
agente, com diversidades de conduta, provocando-se um resultado, de-
ve-se separar os coautores e partícipes, sendo que cada “grupo” respon-
derá por um delito.
Autoria Coautoria e Participação
Autoria
No concurso é possível o reconhecimento das figuras de autor e 
partícipe. Então o tema concurso de pessoas comporta como espécies, 
de um lado, a autoria, de outro lado, a participação. Assim, a distinção 
entre o que é autoria e o que é participação parte, necessariamente, da 
definição do que seria o partícipe.
Coautoria
Na coautoria, há a divisão de trabalho para a prática criminosa. 
Nessa divisão, cada autor terá o domínio das funções que lhe foram 
confiadas pelo grupo, todos com o intento de atingir a finalidade última, 
a execução do crime. Assim, mesmo que seja A quem tenha matado C, 
B, que estava responsável por vigiar a casa para que ninguém evitasse 
o crime, será coautor.
Participação
A participação e a cumplicidade são sempre atividades acessórias 
da autoria. Partícipe e cúmplice são coadjuvantes, os quais apenas in-
fluenciam na prática da infração penal. A participação ocorre pelo au-
xílio psicológico (participação moral), seja pelo induzimento, seja pela 
instigação.
Há dois posicionamentos sobre o assunto, embora ambos dentro 
da teoria objetiva:
a) teoria formal: de acordo com a teoria formal, autor é o agente 
que pratica a figura típica descrita no tipo penal, e partícipe é aquele que 
comete ações não contidas no tipo, respondendo apenas pelo auxílio 
que prestou (entendimento majoritário). Exemplo: o agente que furta 
os bens de uma pessoa, incorre nas penas do art. 155 do CP, enquanto 
aquele que o aguarda com o carro para ajudá-lo a fugir, responderá ape-
nas pela colaboração.
b) teoria normativa: aqui o autor é o agente que, além de praticar 
a figura típica, comanda a ação dos demais (“autor executor” e “autor 
intelectual”). Já o partícipe é aquele colabora para a prática da conduta 
delitiva, mas sem realizar a figura típica descrita, e sem ter controle das 
ações dos demais. Assim, aquele que planeja o delito e aquele que o 
executa são coautores.
Sendo assim, de acordo com a opinião majoritária - teoria formal, o 
executor de reserva é apenas partícipe, ou seja, se João atira em Pedro e 
o mata, e logo após Mario também desfere tiros em Pedro, Mario (exe-
cutor de reserva) responderá apenas pela participação, pois não praticou 
a conduta matar, já que atirou em um cadáver. Ressalta-se, porém, que 
o juiz poderá aplicar penas iguais para autor e partícipe, e até mesmo 
pena mais gravosa a este último, quando, por exemplo, for o mentor 
do crime. Sobre o assunto, dita o art. 29 do CP que, “quem, de qual-
quer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na 
medida de sua culpabilidade”, dessa forma deve-se analisar cada caso 
concreto de modo a verificar a proporção da colaboração. Além disso, 
se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída 
de um sexto a um terço, segundo disposição do § 1º do artigo supramen-
cionado, e se algum dos concorrentes quis participar de crime menos 
grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até 
metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave (art. 
29, § 2º, do CP). 
Ademais, quando o autor praticar fato atípico ou se não houver 
antijuridicidade, não há o que se falar em punição ao partícipe - teoria 
da acessoriedade limitada.
Requisitos do Concurso de Agentes
Para que haja o concurso, é necessária a presença dos seguintes 
requisitos:
a) Pluralidade de agentes e de condutas: deve haver, no mínimo, 
duas pessoas para se caracterizar o concurso.
b) Relevância causal de cada conduta: deve-se analisar se a con-
duta de cada agente influenciou na prática do crime. V.g: A, para ma-
tar B, pede emprestada arma a C por ter perdido a de sua propriedade. 
Antes de matar B, porém, acha sua arma e a utiliza para o crime. As 
condutas de C, no caso, foram irrelevantes.
c) Liame subjetivo entre os agentes: deve haver um vínculo sub-
jetivo entre os agentes, uma unidade de desígnios, eles não podem agir 
de forma independente um do outro em relação ao resultado, caso con-
trário, restará descaracterizado o concurso, podendo no máximo existir 
a autoria colateral.
d) Identidade de infração penal: os esforços dos agentes devem 
ser voltados à prática da mesma infração penal. Caso tenham objetivos 
diferentes, não haverá concurso. Excetuam-se aqui as exceções pluralís-
ticas, chamadas de desvios subjetivos de conduta.
A falta de um desses requisitos descaracteriza a existência do con-
curso de pessoas.
Desvio Subjetivo de Conduta é o ato de se imputar a agentes que 
praticaram o crime em concurso enquadramentos típicos diversos, ex-
cluindo-se a teoria monista.
Acerca do concurso de pessoas é importante destacar que:
- A participação pode ocorrer por omissão por crime comissivo, 
assim como por ação em crime omissivo próprio ou impróprio.
- É possível a coautoria em delitos culposos; porém, não é possível 
a participação.
- Impossível a participação dolosa em crime culposo, apesar de ser 
possível a coautoria.
Dita o Código Penal:
(...)
TÍTULO IV
DO CONCURSO DE PESSOAS
Regras comuns às penas privativas de liberdade
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide 
nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser 
diminuída de um sexto a um terço. 
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos 
grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até 
metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
8. DAS PENAS.
Das penas
Teoria das Penas
a) Teoria absoluta ou retributiva: a teoria absoluta da pena 
prevê que a condenação é um fim em si mesma, ou seja, é um cas-
tigo, uma reação, uma retribuição ao autor de um crime pelo fato 
por ele cometido. O mal que é imposto ao autor equilibra e expia a 
sua culpabilidade. A teoria é absoluta pois não visa qualquer efeito 
social.
b) Teoria relativa ou preventiva: defende que a pena é meio 
de se evitar futuros crimes, ou seja, ao invés de afirmar que a pena 
serve como retribuição ao condenado, diz-se que ela serve somen-
te como meio de proteção social.
O Brasil adotou a teoria mista, eclética ou unificadora da pena 
no art. 59, CP, já que ela tem, de acordo com nosso ordenamento 
jurídico, função retributiva e preventiva.
Para justificaras penas, inicialmente havia as teorias morais 
ou absolutas ou retributivas, que não se vinculam ou pretendem 
justificar a pena a partir de um fim socialmente útil, pois se fun-
damentam numa ideia abstrata de justiça (ex.: Lei de Talião). A 
Lei de Talião foi relevante no momento de seu surgimento, pois 
estabeleceu um parâmetro para a pena, evitando a desproporcio-
nalidade. 
Uma das teorias desse grupo é a da retribuição divina: o delito 
seria um pecado, e a punição seria uma reação divina. Essa ideia 
esteve presente na Antiguidade e na Idade Média. Há também a 
teoria da retribuição expiatória, segundo a qual todo sofrimento 
teria um poder de purificação dos pecados: quanto maior o sofri-
mento, maior a purificação. É uma teoria muito perigosa, pois não 
tem limites e depende de crenças. A teoria da retribuição moral de 
Kant dizia que a aplicação da pena era uma questão de justiça, 
uma exigência ética absoluta. Impõe-se um mal em razão de um 
mal causado. Não há, em Kant, qualquer viés utilitarista na pena, 
ou seja, ela não tem a finalidade de exemplo na sociedade ou algo 
do tipo. “Apenas” é algo cuja necessidade se impõe por si mesma.
Por fim, há a teoria da retribuição jurídica de Hegel, pela qual 
a pena não deveria ser considerada como um mal. O crime nega o 
direito; assim, a pena seria uma negação do delito, e, portanto, uma 
reafirmação do direito.
Bettiol é o grande defensor do caráter exclusivamente retri-
butivo da pena privativa de liberdade. Para o pensador italiano “a 
ideia da retribuição é ideia central do Direito Penal. A pena en-
contra razão de ser no seu caráter retributivo. A retribuição é uma 
das ideias-força de nossa civilização. Pode mesmo dizer-se que a 
ideia da retribuição é própria de todo tipo de civilização que não 
renegue os valores supremos e se ajuste às exigências espirituais 
da natureza humana”. 
Para Bettiol a pena é, portanto, um sofrimento impingido ao 
delinquente por causa do delito praticado. A ideia de retribuição 
encontra-se de tal modo intrinsecamente ligada ao conceito de 
pena, fora dessa justificação a pena não existe. 
A doutrina critica essas teorias, pois não seria razoável que 
um Estado de Direito impusesse um mal sem utilidade, apenas por 
uma questão abstrata de justiça. Desta forma, as teorias absolutas 
são adotadas por poucas legislações. Assim, surgiram as teorias re-
lativas (do latim refere, estar vinculado) ou utilitárias, que pregam 
uma finalidade socialmente útil para a pena. Platão dizia que não 
faz sentido punir pelo pecado causado, mas sim para evitar que se 
peque no futuro.
Deve-se a Feuerbach a formulação da teoria da coação psico-
lógica, que alicerça a prevenção geral, sustentando que através da 
pena combate-se a criminalidade: com a cominação penal intimi-
da-se, a ameaça da pena informa aos membros da sociedade con-
tra quais condutas injustas o direito reagirá; por outro lado, com 
a aplicação da pena cominada, deixa-se patente a disposição de 
cumprir a ameaça realizada. 
Nesse contexto enquadram-se as teorias da prevenção geral: o 
fim da pena seria evitar que outras pessoas da sociedade, e não o 
agente do crime em questão, venham a cometer crimes. 
A prevenção geral negativa (Feuerbach) baseava-se na teoria 
da coação psicológica, isto é, o poder de intimidação da pena, que 
impediria a prática de crimes. 
Zaffaroni critica essa ideia, pois a imensa maioria dos crimes 
não é punida: assim, a coação psicológica seria muito fraca. Isso 
acaba fomentando a criatividade do agente para não ser punido, 
mas não coíbe a prática de crimes. 
Guilherme Raposo discorda em parte, pois entende que o di-
reito penal exerce algum grau de coação psicológica como forma 
de controle social. Mas este não é o papel preponderante da pena: 
do contrário, quanto maior a pena, maior seria a coação psicoló-
gica, e menor o número de crimes. Porém, a coação psicológica 
teria o seu papel.
A teoria da prevenção geral positiva diz que a pena tem a fun-
ção de reforçar ou conservar a crença das pessoas na validade da 
norma. O descumprimento reiterado e não-sancionado de uma nor-
ma faz com que as pessoas acreditem que ela não vale. A pena teria 
ainda uma função educativa: a sanção pela violação a um valor 
mostra que tal valor é relevante, e que as pessoas devem pautar sua 
conduta para não violar este valor. Assim, a pena não só impediria 
a violação do valor, como faria com que as pessoas se comportas-
sem positivamente de acordo com o valor. Critica-se a teoria, pois 
segundo essa ideia o direito penal não protegeria bens jurídicos, e 
sim a validade de normas. 
Já a prevenção especial se dirige ao agente do fato específico, 
procurando evitar que ele cometa novos crimes. Pode ser positiva 
ou negativa. A positiva é a ideia de ressocialização. Na prática, 
essa ideia é uma falácia, mas não deixa de ser um ideal a ser perse-
guido. Já a negativa é relacionada à segregação: coíbe-se a prática 
de crimes trancafiando o agente. Critica-se essa teoria por utilizar 
o indivíduo como um meio para um fim socialmente útil (isto se 
aplica a todas as teorias relativas, mas especialmente à prevenção 
especial negativa). Em última análise, o sujeito poderia ser preso 
para o resto da vida em nome desta finalidade da pena, segundo a 
crítica de Kant. A objeção é pertinente, mas, para Raposo, se leva-
da ao extremo, invalidaria qualquer pena. A imposição de sanções 
no direito em geral é necessária para permitir a vida em sociedade. 
De certa forma, a pessoa pode ser usada como um meio para atin-
gir alguns fins. Não se deve adotar uma concepção liberal clássica 
de 300 anos atrás sobre o indivíduo. Mas deve-se ter cuidado para 
evitar o totalitarismo.
As teorias da prevenção dividem-se em gerais e especiais. São 
gerais, quando consideram a pena em face da coletividade, no mo-
mento preciso de exercer a sua ação intimidativa; são especiais, 
Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
quando consideram a pena em face de determinado delinquente, 
que já cometeu o crime, como meio idôneo de evitar a reincidên-
cia. Em resumo, a prevenção geral encerra a função social; a pre-
venção especial, a função individual da pena.
Zaffaroni propõe a teoria negativa ou agnóstica (gnose = co-
nhecimento). A pena seria uma manifestação do Estado de Polícia 
no Estado Democrático. Não há como fundamentar positivamente 
a pena num Estado Democrático. Assim, o correto seria ter uma 
postura crítica. Ele reconhece que não consegue identificar o fim 
da pena. Portanto, a pena deveria ser reconhecida como um mal, 
e aplicada de forma excepcional. Para Raposo, se se admitir essa 
ideia, a pena deveria ser extinta. Mas abolir o direito penal seria 
voltar à barbárie. A violência do Estado é muito mais controlável 
do que a violência particular do mais forte.
TEORIAS SOBRE AS PENAS
Teorias absolutas ou retributivas
(não se vinculam a um fim socialmente útil)
Retribuição divina
Retribuição expiatória
Retribuição moral (Kant)
Retribuição jurídica (Hegel)
Retribuição teleológica (Bettiol)
Prevenção geral negativa (coação psicológica para a inocor-
rência de crimes)
Teorias relativas, utilitárias ou preventivas 
Prevenção geral positiva (reafirmar a norma)
(vinculam-se a um fim socialmente útil)
Prevenção especial negativa (trancafiamento, evita que sujeito 
volte a delinquir)
Prevenção especial positiva (ressocialização)
Teorias mistas ou ecléticas ou unificadoras
(conciliam retribuição e prevenção)
Exemplos: CP, art. 59
Teoria unificadora dialética (Roxin)
Teoria negativa ou agnóstica
Não há nada de positivo na pena (Zaffaroni)
Neorretribucionismo penal
Confirmar a autoridade da norma pela retribuição ao seu 
transgressor (Jakobs)
Teoria preventiva pode ser:
Geral (voltada para a sociedade)
Especial (voltada para o infrator)
Positiva (valor da norma)
Negativa (coibira criminalidade)
O Brasil adota o sistema prisional progressivo, por meio do 
qual o condenado deverá, necessariamente, começar a cumprir a 
pena em regime mais grave, obtendo gradação de regime na medi-
da em que cumpre os requisitos objetivos e subjetivos previstos na 
Lei de Execução Penal.
Espécies de Penas
Em nosso Código Penal somente são admitidos três tipos de 
pena:
a) Pena privativa de liberdade: reclusão, detenção e prisão 
simples (esta aplicável somente às contravenções penais).
b) Pena restritiva de direitos: perda de bens e valores, pres-
tação de serviços à comunidade, interdição temporária de direitos, 
limitação de fim de semana e prestação pecuniária.
c) Multa: a multa, hoje em dia, é chamada, geralmente, de 
dia-multa. Antigamente, ela era chamada apenas de multa, calcu-
lada sobre o salário mínimo.
A Constituição, entretanto, prevê outras penas em ROL NÃO 
TAXATIVO, enquanto veda expressamente determinados tipos. 
Isso está no art. 5º, XLVI e XLVII:
XLVI - a Lei regulará a individualização da pena e adotará, 
entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do 
art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis.
Penas Privativas de Liberdade
Reclusão e Detenção e os Regimes da Pena
A pena privativa de liberdade vem prevista no preceito se-
cundário dos tipos penais. Existem diferenças entre reclusão e de-
tenção, logicamente, caso contrário não haveria que se falar nessa 
dicotomia. Entretanto, parte da doutrina afirma que, na prática, em 
se tratando de execução penal, não há qualquer diferença entre 
ambas.
O regime fechado é aquele cumprido em estabelecimento de 
segurança máxima ou média, em penitenciária. O regime semia-
berto é aquele executado em colônia agrícola, industrial ou estabe-
lecimento similar. Já o regime aberto é aquele cumprido em casa 
de albergado ou estabelecimento adequado (art. 33, § 1º, CP).
Lei de Organizações Criminosas
Art. 10 Os condenados por crime decorrentes de organização 
criminosa iniciarão o cumprimento da pena em regime fechado.
Fixação do Regime Inicial de Cumprimento da Pena
A fixação do regime de cumprimento da pena ocorre duran-
te o processo de conhecimento, ou seja, na vara criminal. Após 
a sentença, transitada em julgado, inicia-se a execução perante a 
Vara de Execução Penal, salvo se não houver, caso em que será o 
próprio juízo da Vara Criminal quem deverá acompanhar o cum-
primento da pena.
O Código Penal estabelece dois critérios para a fixação do 
regime inicial da pena, ambos devendo ser observados cumula-
tivamente:
a) Critério temporal (art. 33, § 2º):
i. O condenado a pena de reclusão superior a oito anos (re-
incidente ou não) deverá, necessariamente, começar a cumprir a 
pena em regime inicialmente fechado.
ii. O condenado não reincidente, cuja pena for superior a 
quatro anos e inferior a oito, poderá cumpri-la desde o início em 
regime semiaberto.
iii. Os condenados reincidentes a pena não superior a 4 anos 
poderão cumprir a pena desde o início em regime semiaberto, se 
favoráveis as circunstâncias judiciais (Súmula 269, STF).
Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
iv. O condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou 
inferior a quatro anos, poderá cumprir a pena desde o início em 
regime aberto.
v. O condenado reincidente deverá cumprir a pena, neces-
sariamente, em regime inicialmente fechado, independentemente 
do quantum da pena aplicada (exceção no item iii).
vi. Os crimes classificados como hediondos (Lei nº 8.072/90) 
têm previsão de cumprimento inicial no regime fechado .
b) Condições judiciais: esse critério é o disposto no art. 59 
do Código Penal, referente às circunstâncias do crime, periculosi-
dade do agente, antecedentes sociais etc. Assim, mesmo que ele 
seja não-reincidente e tenha sido condenado a uma pena de quatro 
anos, ele poderá começar a cumprir pena em regime fechado, caso 
o juiz entenda, fundamentadamente, ser necessário. 
Impossibilidade de Cumprimento de Pena em Regime Mais 
Gravoso do que o Fixado na Sentença Penal Condenatória
Não obstante a previsão legal dos regimes de cumprimento de 
pena, poucos ou nenhum estados-membros nacionais possuem ca-
sas de albergado ou colônias agrícolas. Assim, presos condenados 
a penas de 2 anos, muitas vezes, ao invés de serem detidos em casa 
de albergado, cumprem a pena em regime fechado, com evidente 
prejuízo e ilegalidade.
Porém, grande parte dos magistrados, com fundamento exa-
tamente sobre a inexistência dos referidos estabelecimentos, colo-
cam os reclusos em regimes mais gravosos, adotando o princípio 
pro societate. 
Porém, o STJ vem decidindo pela ilegalidade desta conduta 
(que é evidente), permitindo, até mesmo, que determinados con-
denados cumpram sentença em regime domiciliar, mesmo fora das 
hipóteses previstas na Lei de Execução Penal, sob o fundamento 
de que o preso não pode arcar com o despreparo do Estado em 
cumprir a legislação que ele próprio produziu.
Regras dos Regimes 
Regime Fechado
O condenado somente poderá ser encaminhado à penitenciá-
ria após expedição da Guia de Recolhimento (art. 107, LEP). O 
condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a 
exame criminológico (art. 34, CP) para a obtenção dos elementos 
necessários a uma adequada classificação e com vista à individua-
lização da execução.
Ele ficará sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento 
durante o repouso noturno (isolamento com mais 60 pessoas em 
cela de 10 m²...). O trabalho deverá ser viabilizado de acordo com 
as aptidões do preso e desde que compatível com a execução da 
pena (arts. 34, § § 1º e 2º, CP).
Somente se admite o trabalho externo em serviços ou obras 
públicas realizadas por órgãos da administração direta e indireta, 
ou entidades privadas, desde que garantida a disciplina e a segu-
rança contra fugas, e que não ultrapasse 10% da mão de obra.
Regime Semiaberto
No regime semiaberto, poderá ser inicializado o cumprimento 
da pena com a realização do exame criminológico, diferentemente 
do fechado, no qual o exame deverá ser realizado. De qualquer 
forma, é imprescindível a expedição da Guia de Recolhimento 
para que a pena seja cumprida em colônia agrícola, industrial ou 
estabelecimento similar.
É admissível o trabalho externo, bem como a frequência a cur-
sos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou 
superior. Seu trabalho também possibilita a remição da pena, na 
proporção de três dias trabalhados para um dia remido (art. 35, § 
2º, CP), assim como o estudo, na proporção de 3 dias de estudo, 
com carga horária diária de 4 horas, para cada dia de pena. (Ver 
comentários à LEP sobre esse assunto).
De acordo com a Súmula 269, STJ, é admissível a adoção do 
regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena 
igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias ju-
diciais.
Regras do Regime Aberto
Seu cumprimento deve ser realizado na Casa de Albergado. 
Este regime permite que o condenado, fora do estabelecimento e 
sem vigilância, trabalhe, frequente curso ou exerça outra atividade 
autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e 
nos dias de folga.
Também é exigida a Guia de Recolhimento. O preso TERÁ 
direito à remição no regime aberto, somente pelo estudo (pelo tra-
balho não, pois é obrigatório) de acordo com modificação promo-
vida na LEP:
Art. 126 (...)
§ 6o O condenado que cumpre pena em regime aberto ou se-
miaberto e o que usufrui liberdade condicional poderão remir, pela 
frequência a curso de ensino regular ou de educação profissional, 
parte do tempode execução da pena ou do período de prova, ob-
servado o disposto no inciso I do § 1o deste artigo.(Incluído pela 
Lei nº 12.433, de 2011)
A LEP excepciona a exigência do trabalho nas hipóteses do 
art. 117, a saber:
a) Condenado maior de setenta anos;
b) Condenado acometido de doença grave;
c) Condenada com filho menor ou deficiente físico e/ou 
mental;
d) Condenada gestante.
A LEP fala em trabalho, não em emprego. Logo, qualquer 
atividade lícita serve, mesmo não havendo vínculo empregatício.
Também é exigido, além do trabalho, que o condenado apre-
sente, pelos seus antecedentes, ou pelo resultado dos exames a que 
foi submetido, fundados indícios de que irá ajustar-se.
Comparação entre os Regimes
Regime Fechado: o condenado fica completamente isolado 
do meio social, privado de sua liberdade de locomoção, sendo a 
pena cumprida em penitenciária. Regime Semiaberto: o condena-
do fica privado de sua liberdade de locomoção, mas não comple-
tamente isolado do meio social, pois que o trabalho externo e a 
freqüência a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de 
segundo grau ou superior são admitidos, sendo a pena cumprida 
em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. Regime 
Aberto: baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do 
condenado, o condenado não fica completamente isolado do meio 
social, nem privado totalmente de sua liberdade de locomoção, já 
que deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, 
freqüentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permane-
cendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga em 
casa do albergado.
Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Progressão e Regressão de Regime
A progressão é um misto de tempo mínimo de cumprimento 
de pena (critério objetivo) com o mérito do condenado (critério 
subjetivo). Ela está determinada no art. 112 da LEP, e estabelece 
como critério objetivo mínimo o cumprimento de, pelo menos, um 
sexto (2/5 ou 3/5 da pena, em caso de crimes hediondos ou equi-
parados, se primário ou reincidente, respectivamente) da pena no 
regime anterior. Em seguida, deverá ser analisado o comportamen-
to do preso, comprovado pelo diretor do estabelecimento prisional.
Não se admite a progressão por saltos, ou seja, que o preso 
passe diretamente do regime fechado para o aberto. O cálculo da 
segunda progressão deverá ocorrer somente pelo tempo restante da 
pena, e não sobre a pena total.
De acordo com a Súmula 716, STF, admite-se a progressão de 
regime de cumprimento de pena ou a aplicação imediata de regime 
menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da 
sentença condenatória. Nesse caso, a progressão se fará com base 
na pena in abstracto.
Também, conforme Súmula 717, STF, não impede a progres-
são de regime de execução da pena, fixada em sentença não tran-
sitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial.
É permitida a regressão de regime caso o preso pratique falta 
grave (LEP, Art. 118, I). É considerada falta grave (rol taxativo, 
somente ampliável por Lei nacional):
a) Incitar ou participar de movimento para subverter a or-
dem ou a disciplina;
b) Fugir;
c) Possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a 
integridade física de outrem;
d) Provocar acidente de trabalho;
e) Descumprir, no regime aberto, as condições impostas;
f) Tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefô-
nico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros 
presos ou com o ambiente externo;
g) Prática de fato definido como crime doloso (art. 52, 
LEP).
No caso de falta grave, a regressão somente poderá ser deter-
minada após ser ouvido o condenado, numa audiência de justifica-
ção (art. 118, § 2º, LEP).
Regime Especial (art. 37, CP)
Consiste na separação entre homens e mulheres dentro do es-
tabelecimento prisional. Determina o art. 83, § 2º, LEP, que os 
estabelecimentos penais destinados às mulheres serão dotados de 
berçário.
O regime especial não é necessariamente regime fechado, o 
regime especial é o das mulheres, previsto no art. 37, do CP, segun-
do o qual as mulheres cumprem pena em estabelecimento próprio, 
observando-se os deveres e direitos inerentes à sua condição pes-
soal, bem como, no que couber, o disposto neste Capítulo. Assim, 
quanto a última parte do dispositivo, embora o regime especial 
não seja necessariamente regime fechado, nada impede que as mu-
lheres, de forma inicial ou por regressão, cumpram suas penas em 
regime fechado, o qual não é incompatível com sua singular con-
dição pessoal de mulher.
Trabalho de Preso e Remição de Pena
A LEP (art. 31) determina que o condenado à pena privativa 
de liberdade está obrigado ao trabalho interno na medida de suas 
aptidões e capacidade.
Somente não estão obrigados os presos provisórios e o conde-
nado por crime político. O trabalho do preso deverá ser remunera-
do, não podendo seu salário ser inferior a três quartos do mínimo. 
A ele se lhe garantem os benefícios do RGPS.
A remição somente tem cabimento para os condenados aos 
regimes fechado e semiaberto. A contagem do tempo será na pro-
porção de um dia de pena para três de trabalho. De acordo com a 
LEP, art. 126, § § 1º e 2º, o preso que estiver impossibilitado de 
prosseguir no trabalho em virtude de acidente continuará a benefi-
ciar-se da remição.
O condenado que for punido por falta grave perderá até 1/3 do 
direito ao tempo remido (art. 127):
Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 
1/3 (um terço) do tempo remido, observado o disposto no art. 57, 
recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar. 
(Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)
Superveniência de Doença Mental
O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser reco-
lhido a hospital de custódia ou tratamento psiquiátrico. Somente se 
aplica essa disposição àquele que, à época da prolação da sentença, 
era imputável.
Isso porque, se era inimputável, deverá ser proferida sentença 
absolutória imprópria.
Detração
É o instituto jurídico mediante o qual se computa, na pena 
privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de pri-
são provisória cumprido no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão 
administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos 
referidos no art. 41 do CP.
Importante ilustrar que, somente existem como prisão provi-
sória:
a) Prisão em flagrante;
b) Prisão temporária;
c) Prisão preventiva.
Se o condenado estiver preso cautelarmente por um crime, 
mas estiver sendo processado simultaneamente por vários, for ab-
solvido naquele em que foi preso, o tempo de prisão deverá ser 
considerado para fins de detração no caso de condenação em ou-
tros crimes.
Logo, vê-se que os processos devem ser simultâneos. Se ele 
estava sendo processado apenas por um crime, preso provisoria-
mente, sendo absolvido, e logo em seguida passa a ser processado 
por outro e condenado, não poderá ele computar aquele tempo de 
prisão antigo para fins de detração neste crime.
Isso porque, caso possível fosse, haveria um verdadeiro “cré-
dito” para os delinquentes. Sobre o instituto:
Prisão Especial
A prisão especial terá cabimento para as pessoas arroladas no 
art. 295 do CPP, somente quando sujeitos a prisão antes de conde-
nação definitiva.
Caso não exista estabelecimento específico para o preso espe-
cial, ele não mais poderá receber o benefício de prisão especial em 
sua própria residência. Ele deverá ser recolhido dentro do próprio 
sistema carcerário, mas em cela distinta da dos demais presos.
De acordo com a Súmula 717, STF, não impede a progressão 
de regime de execução da pena, fixada em sentença não transitada 
em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial.
Didatismo e Conhecimento 14
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Prisão-Albergue Domiciliar
Prevista,no art. 117 da LEP, em quatro hipóteses:
a) Maior de 70 anos;
b) Portador de doença grave;
c) Condenada com filho menor ou deficiente físico ou 
mental;
d) Condenada gestante.
Aqui, o condenado que cumpre sua pena em regime aberto 
poderá cumpri-la em residência particular.
A doutrina tem considerado as hipóteses acima como taxa-
tivas.
Penas Restritivas de Direitos
Espécies de Penas Restritivas de Direitos (art. 43, CP)
Existem cinco penas restritivas de direitos:
a) Prestação pecuniária;
b) Perda de bens e valores;
c) Prestação de serviço à comunidade ou a entidades pú-
blicas;
d) Interdição temporária de direitos. Esta, por sua vez, se 
subdivide nas seguintes:
1. Proibição do exercício de cargo;
2. Proibição do exercício de profissão;
3. Suspensão da habilitação para dirigir veículo;
4. Proibição de frequentar determinados lugares.
e) Limitação de fim de semana.
Essas penas são substitutivas, ou seja, primeiramente se apli-
ca a pena privativa de liberdade e, quando possível, presentes os 
requisitos legais, procede-se a substituição.
Requisitos para a Substituição (art. 44, CP)
Os requisitos previstos no art. 44 do CP são cumulativos. 
São eles:
a) Pode-se fazer a substituição quando aplicada pena pri-
vativa de liberdade não superior a 04 anos e o crime não for co-
metido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer 
que seja a pena aplicada, se o crime for culposo. Aqui, deve-se 
ressaltar: se a infração penal for da competência do JECrim, em 
virtude da pena máxima a ela cominada, mesmo que haja o em-
prego de violência ou grave ameaça será possível a substituição.
b) Inexistência de reincidência em crime doloso: se o se-
gundo crime for doloso, após o trânsito em julgado do primeiro, 
não será cabível a substituição. Porém, o CP, no art. 44, § 3º, faz 
uma ressalva: mesmo sendo reincidente, o juiz poderá aplicar a 
substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medi-
da seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha 
operado em virtude de prática do mesmo crime. Logo, tal ressal-
va não se aplica se o condenado for reincidente específico.
c) Culpabilidade, antecedentes, conduta social e persona-
lidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias 
indicarem que essa substituição seja suficiente (requisito subjeti-
vo).
Duração das Penas Restritivas de Direitos (art. 55, CP)
As penas restritivas de direito terão a mesma duração das 
privativas de liberdade substituídas. Obviamente que tal dispo-
sição não se aplica à prestação pecuniária e à perda de bens e 
valores.
Prestação Pecuniária (art. 45, § 1º)
Consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus depen-
dentes ou a entidade pública ou privada, com destinação social, 
de importância fixada pelo juiz, não inferior a um salário mí-
nimo nem superior a 360. O valor será deduzido do montante de 
eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes 
os beneficiários.
Somente haverá o direcionamento da prestação pecuniária 
a entidade pública ou privada quando se tratar de infração penal 
em que não houver vítima.
Para que ocorra a substituição, não é necessário que tenha 
ocorrido um prejuízo material à vítima, podendo ser aplicada 
quando houver apenas danos morais.
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher
No caso da Lei Maria da Penha, seu art. 17 dispõe que é 
vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar 
contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação 
pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pa-
gamento isolado de multa.
Isso não impede que ao autor de uma das infrações tratadas 
na Lei se aplique as demais penas substitutivas previstas no art. 
43 do CP, e nem mesmo que se cumule a prestação pecuniária a 
outra PRD.
Perda de Bens e Valores (art. 45, § 3º)
A perda de bens e valores se dará em benefício do Fundo 
Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto o montante 
do prejuízo causado ou do proveito obtido pelo agente ou por 
terceiro, em consequência da prática do crime.
Diferencia-se a perda de bens e valores do confisco, pois este 
só é cabível sobre os instrumentos do crime, de seus produtos ou 
do proveito com ele obtido, enquanto aquela recai sobre o patri-
mônio lícito do agente.
A perda de bens e valores, de acordo com o CPP, sempre 
será revestida à União, jamais ao Estado-membro ou Município, 
mesmo que a condenação tenha sido proferida perante a Justiça 
Estadual.
Art. 122, CPP. Sem prejuízo do disposto nos arts. 120 e 133, 
decorrido o prazo de 90 dias, após transitar em julgado a sentença 
condenatória, o juiz decretará, se for caso, a perda, em favor da 
União, das coisas apreendidas (art. 74, II, a e b do Código Penal) 
e ordenará que sejam vendidas em leilão público.
Art. 243. As glebas de qualquer região do País onde forem 
localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão ime-
diatamente expropriadas e especificamente destinadas ao assen-
tamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e 
medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e 
sem prejuízo de outras sanções previstas em Lei.
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico 
apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e 
drogas afins será confiscado e reverterá em benefício de insti-
tuições e pessoal especializados no tratamento e recuperação de 
viciados e no aparelhamento e custeio de atividades de fiscaliza-
ção, controle, prevenção e repressão do crime de tráfico dessas 
substâncias.
Didatismo e Conhecimento 15
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Prestação de Serviços à Comunidade ou a Entidades Públi-
cas (art. 46)
A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públi-
cas consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado em 
entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros esta-
belecimentos congêneres, devendo ser cumprida à razão de uma 
hora de tarefa por dia de condenação (art. 46, § 3º), fixada de forma 
a não prejudicar a jornada de trabalho do condenado.
Será o juiz da vara de execuções penais quem designará onde 
o apenado prestará os serviços, determinará a intimação do conde-
nado e alterará a forma de execução a fim de ajustá-la às modifica-
ções eventualmente ocorridas na jornada de trabalho.
Porém, ainda que o condenado queira cumprir mais de uma 
hora por dia para que sua pena termine mais rapidamente, o art. 55 
da LEP e o art. 46, § 4º, CP determinam que o tempo de cumpri-
mento da pena substitutiva nunca poderá ser inferior à metade da 
pena privativa de liberdade. 
Veja, então, quer por essa lógica, o tempo máximo de cumpri-
mento da pena restritiva de direitos será de 02 (dois) anos.
Interdição Temporária de Direitos (art. 47)
A interdição de direitos terá a mesma duração da pena privati-
va de liberdade substituída.
-Proibição do Exercício de Cargo, Função ou Atividade Públi-
ca, bem como de Mandato Eletivo
Essa pena é temporária. Logo, a proibição vigorará somente 
por um tempo pré-determinado, não causando a perda do cargo, 
conforme art. 92, I, do CP.
-Proibição do Exercício de Profissão, Atividade ou Ofício que 
dependam de Habilitação Especial, de Licença ou de Autorização 
do Poder Público
A proibição em tela se dirigirá somente a determinada ativi-
dade, profissão ou ofício, podendo o condenado atuar em outras 
áreas fora da proibida. O juiz não pode fixar essa PRD de forma 
aleatória, deve ela ter algum vínculo com o crime praticado e ter 
caráter sancionatório/preventivo de outros crimes.
-Suspensão de Autorização ou de Habilitação para Dirigir Veí-
culo
Somente será cabível quando a infração penal cometida pelo 
condenado for de natureza culposa e relacionada com a condução 
de veículo automotor, uma vez que, se o crime tiver sido doloso e 
se o agente tiver utilizado o seu veículo como instrumentopara o 
cometimento do delito, não terá aplicação tal modalidade de inter-
dição temporária de direitos. Nesse caso, poderá ser determinada a 
inabilitação para dirigir, nos termos do art. 92, III, CP.
-Proibição de Frequentar Determinados Lugares
É uma das coisas mais inúteis inventadas pelo Direito Penal 
brasileiro, já que o Estado não possui aparato mínimo para fisca-
lizar o condenado.
Entretanto, há pelo menos iniciativa legislativa para que isso 
venha a se consolidar, visto que a Lei de medidas cautelares (Lei 
nº 12.403/11) inseriu, entre as medidas cautelares do CPP, o mo-
nitoramento eletrônico. Evidente é que as cautelares têm diferente 
aplicabilidade e natureza jurídica em comparação a essa pena res-
tritiva de direitos, que é efetivamente algo que será cumprido após 
o trânsito em julgado.
-Proibição de se Inscrever em Concursos Públicos
Trata-se de restrição de direitos implementada pela Lei nº 
11.250, de 2011, que deve ser intimamente ligada aos crimes 
de fraude a certames públicos inseridos no Código Penal pela 
mesma Lei.
Limitação de Fim de Semana (art. 48, CP)
Consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domin-
gos, por cinco horas diárias, em casa de albergado ou outro estabe-
lecimento adequado.
Caberá ao juiz da execução determinar a intimação do con-
denado, cientificando-o do local, dias e horários em que deverá 
cumprir a pena (art. 151, LEP), sendo que a execução terá início a 
partir da data do primeiro comparecimento.
O estabelecimento designado encaminhará mensalmente ao 
juiz da execução relatório de frequência do condenado.
Conversão das Penas Restritivas de Direito em PPL (art. 44, 
§ 4º)
A pena restritiva de direitos será convertida em pena priva-
tiva de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado 
da restrição imposta. No cálculo do tempo da pena privativa de 
liberdade será deduzido o tempo cumprido da restritiva de direitos, 
respeitado o saldo mínimo de 30 dias de detenção ou reclusão (art. 
44, § 4º, CP). Isso quer dizer que, mesmo que faltasse apenas 1 dia 
para se findar a conclusão da pena restritiva, havendo descumpri-
mento injustificado, o preso deverá cumprir mais, pelo menos, 30 
dias de pena.
A conversão ocorrerá, de acordo com o art. 181, § 1º, LEP, 
quando o condenado:
a) Não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabi-
do, ou desatender à intimação por edital;
b) Não comparecer, injustificadamente, à entidade ou pro-
grama em que deva prestar serviço;
c) Recusar-se, injustificadamente, a prestar o serviço que 
lhe foi imposto;
d) Praticar falta grave;
e) Sofrer condenação por outro crime à pena privativa de 
liberdade, cuja execução não tenha sido suspensa: neste caso, o 
crime deve ser praticado durante o cumprimento da pena alter-
nativa, já que o condenado estará demonstrando sua inaptidão ao 
cumprimento da pena substitutiva.
Antes de ser levada a efeito a conversão, deverá o juiz da exe-
cução designar uma audiência de justificação, a fim de que o con-
denado nela exponha os motivos pelos quais não está cumprindo o 
disposto na sentença.
Modificação Superveniente da Pena Restritiva de Direitos
A pena restritiva de direitos que o acusado irá cumprir deve 
ter sido previamente fixada na sentença condenatória definitiva. 
Após o trânsito em julgado desta, não pode o juízo da execução 
determinar o cumprimento de pena substitutiva diversa, sob pena 
de ofensa à coisa julgada.
Pena de Multa
A multa é uma das três modalidades de penas cominadas pelo 
CP (reclusão, detenção e multa) e consiste no pagamento ao Fundo 
Penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-
-multa. Logo, vemos que sua destinação é diferente daquela da 
pena pecuniária, cujo beneficiário é a vítima.
Didatismo e Conhecimento 16
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
De acordo com o art. 44, § 2º, CP, a multa poderá substituir a 
pena aplicada desde que a condenação seja igual ou inferior a um 
ano (multa substitutiva ou vicariante).
A Multa Substitutiva Da Ppl Prevista No Art. 44, § 2º, Não 
Substitui A Multa Decorrente Do Preceito Secundário Do Tipo Pe-
nal, A Qual Tem Autonomia.
Sistema de Dias-Multa
A sistemática de dias-multa permite que o valor da multa apli-
cado seja sempre atual, já que a pena de multa estava desmoralizada 
face os movimentos inflacionários da moeda.
Hoje em dia, a pena de multa será de, no mínimo, 10 dias-mul-
ta, e, no máximo, 360. O seu valor será fixado pelo juiz, não poden-
do ser inferior a um trigésimo do valor do maior salário-mínimo 
mensal vigente à época do fato, nem cinco vezes superior a esse 
salário (art. 49, § 1º, CP).
O valor da pena de multa poderá ser aumentado até o triplo se o 
juiz a considerar ineficaz, face a situação econômica do réu. Logo, 
o valor do dia-multa será de até 15 vezes o salário-mínimo.
Aplicação da Pena de Multa
A aplicação da pena de multa segue critério bifásico, conforme 
seguinte ordem:
a) Fixação do total de dias multa: primeiro, fixa-se a pena-
-base, variando entre o mínimo de 10 e o máximo de 360 dias-mul-
ta, com base no art. 59 do CP. Em seguida, aplicam-se as agravantes 
e as atenuantes, se houverem e, logo após, as causas de aumento e 
diminuição de pena. Há juízes que não seguem o critério trifásico 
de determinação da PPL para fixar a quantidade de dias multa, fi-
xando-as em ato único.
b) Fixação do valor dos dias-multa: esse valor poderá variar 
entre o mínimo de um trigésimo até cinco vezes o valor do salá-
rio-mínimo vigente à época do fato, podendo o juiz aumentar esse 
máximo em até três vezes.
Assim, verifica-se que o juiz, a princípio, não leva em consi-
deração a situação econômica do acusado para fixar os dias-multa, 
podendo considerá-la, entretanto, para a fixação de seu valor.
Pagamento da Pena de Multa
Uma vez transitada em julgado a sentença penal condenatória, 
a multa deverá ser paga dentro de 10 dias. A requerimento do con-
denado, o juiz poderá permitir o parcelamento mensal (art. 50, CP).
A cobrança de multa pode efetuar-se mediante o desconto no 
vencimento ou no salário do condenado, quando:
a) Aplicada isoladamente;
b) Aplicada cumulativamente com pena restritiva de di-
reitos;
c) Concedida a suspensão condicional da pena.
O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis 
ao sustento do condenado e de sua família (art. 50, § § 1º e 2º, CP).
A sentença valerá como título executivo judicial para fins de 
execução. A pena de multa ficará suspensa se sobrevier ao conde-
nado doença mental.
Execução, Pagamento e Prescrição da Pena de Multa
Não é possível a conversão da pena de multa em pena privativa 
de liberdade, por razões de política criminal e justiça social. 
Não confundir a impossibilidade de conversão da pena de mul-
ta substitutiva com a possibilidade de conversão da PRD prestação 
pecuniária em PPL. Neste caso, perfeitamente possível. 
De acordo com a redação do art. 51 do CP, a multa é conside-
rada dívida de valor, devendo sua cobrança ser realizada de acordo 
com a legislação da dívida ativa da Fazenda Pública. Daqui, surgiu 
a dúvida sobre a responsabilidade de executá-la, se seria uma das 
Varas de Execuções Criminais, por intermédio do MP, ou se seria 
numa Vara de Fazenda Pública Estadual, por meio de um Procu-
rador da Fazenda.
Aplicação da Pena ou Dosimetria Penal
Sabe-se que a pena é individualizada em três momentos dis-
tintos. O primeiro ocorre na fase legislativa, pela fixação das espé-
cies delituosas e dos mínimos e máximos cominados. O segundo 
momento é de competência do julgador, quando se aplica àquele 
que praticou um fato típico, antijurídico e culpável a pena necessá-
ria. O último seria o momento de execução.
Cálculo da Pena
O Juiz, atendendo as circunstâncias judiciais as quais são dis-
criminadas no caput do art. 59, estabelecerá a pena base, de acordo 
comuma proporcionalidade que visa a aferir a necessidade e a 
suficiência para a reprovação e prevenção do crime.
A pena será aplicada em três fases distintas, de acordo com o 
art. 68. Primeiramente, deve-se encontrar a pena-base, sobre a qual 
incidirão os demais cálculos.
A pena-base é calculada levando em consideração as circuns-
tâncias judiciais mencionadas no art. 59, CP, devendo cada uma 
delas ser analisada individualmente. A prática normal no Judiciá-
rio é que cada circunstância aumente ou diminua a pena em 1/6 ou 
1/8 dentro do intervalo cominado. Entretanto, a pena-base deve 
sempre partir do mínimo legal.
Após fixar a pena-base, o juiz deverá considerar as atenuantes 
e agravantes, que se encontram previstas na parte geral do CP, arts. 
61 e 65. Além disso, o quantum de agravação ou atenuação de pena 
não vem determinado em Lei.
As atenuantes e agravantes somente poderão ser aplicadas se 
não forem elementares ou qualificadoras do crime.
A terceira fase do cálculo da pena diz respeito às causas de 
diminuição e aumento. Estas se encontram previstas tanto na parte 
geral quanto na parte especial do CP, e o seu quantum de aumento 
ou diminuição sempre será fornecido em frações pela Lei, fixas ou 
variáveis.
Neste terceiro momento, certamente poderá a pena ser fixada 
aquém do mínimo ou além do máximo. Vê-se, portanto, que no 
Brasil foi adotado o sistema trifásico, idealizado internamente por 
Nelson Hungria, em detrimento do sistema bifásico idealizado por 
Roberto Lyra.
Circunstâncias Judiciais
As circunstâncias judiciais, em número de 08 (oito), são as 
previstas no art. 59 do Código Penal. Lembrando que, para os cri-
mes de drogas, há circunstâncias preponderantes previstas no art. 
42 da Lei nº 11.343/06.
Elas são assim chamadas porque são de apreciação exclusiva 
e reservada do julgador, o qual usará de seu poder discricionário, 
devidamente motivado, para avaliar cada uma delas. É o juiz que 
irá determinar se elas terão carga positiva ou negativa, ao contrário 
das demais circunstâncias, que têm sua valoração previamente de-
terminada pelo legislador.
Didatismo e Conhecimento 17
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
a) Culpabilidade: é a análise da censurabilidade do ato rea-
lizado pelo agente, com base em sua imputabilidade e no conheci-
mento da ilicitude.
b) Antecedentes: se referem ao histórico criminal do agente, 
não se confundindo com a reincidência. Somente as condenações 
anteriores com trânsito em julgado, que não sirvam para forjar a 
reincidência, é que poderão ser consideradas em prejuízo do sen-
tenciado, e desde que não decorrido o período depurador de cinco 
anos. Suponhamos que o agente tenha sido condenado por crimes 
anteriores, mas que estes não transitaram em julgado. Poderá, nes-
te caso, sobrevindo condenação por novo crime, o juiz considerar 
aqueles como maus antecedentes. 
c) Conduta social: é o comportamento do agente perante 
a sociedade, perante seus pares. Não se pode levantar aqui nada 
ligado a infrações antigas cometidas, mas sim ao seu portar na co-
munidade. A conduta social pode ser demonstrada por intermédio 
de meros depoimentos testemunhais de pessoas que conhecem a 
vida anteacta do agente. É importante lembrar que o silêncio sobre 
essa circunstância judicial, como ocorre em qualquer outra, milita 
a favor do agente, em virtude do benefício da dúvida.
d) Personalidade do agente: é circunstância judicial bastan-
te criticada pela doutrina, já que o juiz não é psicólogo para ava-
liar a personalidade de alguém. Além disso, tal análise acaba por 
priorizar questões subjetivas, ao invés de objetivas, como deveria 
ocorrer no direito penal do fato.
e) Motivos: razões que antecederam e levaram o agente a 
cometer a infração penal. Caso os motivos já estejam incluídos no 
tipo penal, ainda que derivado, não poderá ser reconsiderado para 
agravar ainda mais a pena do agente, como ocorre no homicídio 
praticado por motivo torpe. É a proibição do bis in idem.
f) Circunstâncias: são elementos acidentais que não parti-
cipam da estrutura própria de cada tipo, mas que, embora estra-
nhas à configuração típica, influem sobre a quantidade punitiva 
para efeito de agravá-la ou abrandá-la. V.g., lugar do crime, tempo 
de sua duração, relacionamento existente entre autor e vítima, ati-
tude assumida pelo delinquente no decorrer da realização do fato 
etc. Essas circunstâncias não se confundem com as circunstâncias 
legais, atenuantes ou agravantes, a serem aferidas no segundo mo-
mento de aplicação da pena. 
g) Consequências do crime: são as consequências para a 
família da vítima ou para a sociedade quando, v.g., ocorre o assas-
sinato de um pai cuja família dele dependia inteiramente.
h) Comportamento da vítima: caso a vítima tenha contribuí-
do para o cometimento da infração, tal fato deverá ser considerado. 
Porém, se o comportamento da vítima já se encontra previsto em 
determinado tipo penal, diminuindo a reprimenda, a exemplo da 
injusta provocação da vítima prevista no art. 121, § 1º, do CP, não 
poderá ele ser novamente considerado em favor do agente.
As circunstâncias judiciais que forem, ao mesmo tempo, ele-
mentares do tipo, não podem ser consideradas novamente para fins 
de afastar a pena-base do mínimo legal.
Circunstâncias Atenuantes e Agravantes (arts. 61, 62 e 65)
Circunstâncias são dados periféricos que gravitam ao redor 
da figura típica e têm por finalidade diminuir ou aumentar a pena 
aplicada ao sentenciado. Elas em nada interferem na definição ju-
rídica da infração penal.
Diferenciam-se das elementares, que são dados essenciais à 
definição da figura típica. Essas, caso afastadas do tipo penal, ge-
ram, no mínimo, uma desclassificação típica (atipicidade relativa), 
ou, no máximo, a atipicidade da conduta.
O CP não fornece um quantum para fins de atenuação ou agra-
vação da pena. Pela ausência de critério, a doutrina tem entendido 
razoável agravar ou atenuar em até um sexto, fazendo-se, pois, uma 
comparação com as causas de diminuição e de aumento de pena.
Circunstâncias Agravantes
As circunstâncias agravantes são previstas no Código Penal de 
forma taxativa.
a) Reincidência: ocorre quando a pessoa é condenada por 
crime novo praticado após o trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória de crime anterior no brasil ou no estrangeiro. Não se 
pode cogitar de reincidência se a infração penal anterior foi uma 
contravenção penal. Porém, para fins de contravenções penais, con-
siderar-se-á reincidência a prática anterior transitada em julgado de 
crime ou contravenção (art. 7º, LCP).
Sentença anterior extintiva de punibilidade do agente pela 
prescrição da pretensão punitiva não gera a reincidência; decisão 
anterior extintiva da punibilidade do agente pela prescrição da 
pretensão executória gera reincidência, uma vez que pressupõe a 
existência de sentença penal condenatória transitada em julgado; a 
concessão de indulto gera reincidência; aceitação proposta de tran-
sação penal e de sursis processual não gera reincidência.
A reincidência deverá ser provada mediante certidão expedida 
pelo cartório criminal. Ela é circunstância preponderante. Entretan-
to, o STF tem decidido que não há documento específico exigido 
em Lei como necessário para se provar a reincidência.
b) Ter o agente cometido o crime:
I. Por motivo fútil ou torpe: motivo fútil é aquele motivo 
insignificante, desproporcional. Torpe é o motivo vil, abjeto, que 
causa repugnância.
II. Para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a im-
punidade ou vantagem de outro crime:
III. À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou 
outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofen-
dido: traição é o delito cometido mediante ataque súbito e sorratei-
ro, atingindo a vítima confiante. Emboscada é a tocaia, o aguardo 
da passagem da vítima. Dissimulaçãoé a ocultação da intenção 
hostil, para pegar a vítima de surpresa.
IV. Com o emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou 
outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resulta perigo co-
mum:
V. Contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge: a pro-
va do parentesco deve constar obrigatoriamente nos autos, median-
te documento próprio.
VI. Com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações 
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência 
contra a mulher na forma da Lei específica:
VII. Com abuso de poder ou violação de dever inerente a car-
go, ofício, ministério ou profissão:
VIII. Contra criança, maior de 60 anos, enfermo ou mulher grá-
vida: criança é a pessoa que tem até 12 anos. Porém, essa idade 
não está prevista no CP, e sim no ECA (norma penal em branco 
homogênea). Para que a agravante da gravidez da vítima seja con-
siderada, necessário é que o agente tenha conhecimento do estado 
gravídico à época do crime.
Didatismo e Conhecimento 18
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
IX. Quando o ofendido estava sob a imediata proteção da au-
toridade:
X. Em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qual-
quer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido: 
esta última hipótese pode ser qualquer uma que deprima a vítima, 
como o luto, acidente etc.
XI. Em estado de embriaguez preordenada: é a embriaguez 
voluntária em sentido estrito. Porém, a finalidade do agente não é 
a de somente embriagar-se, mas de se colocar em estado de em-
briaguez com o fim de praticar determinada infração penal.
c) Agravantes no caso de concurso de pessoas:
i. Agente que promove, ou organiza a cooperação no cri-
me ou dirige a atividade dos demais agentes: aqui, permite-se 
agravar a pena do chefe do grupo criminoso.
ii. Coage ou induz outrem à execução material do crime: a 
agravante somente recai sobre o coator, não sobre o coacto, ainda 
que a coação tenha sido resistível. Também é agravada a pena 
daquele que cria a ideia delituosa na cabeça do agente, por inter-
médio da indução à execução material.
iii. Instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à 
sua autoridade ou não punível em virtude de condição ou qualida-
de pessoal: 
iv. Executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou 
promessa de recompensa.
Circunstâncias Atenuantes
a) Ser o agente menor de 21 anos, na data do fato, ou maior 
de 70 na data da sentença: para efeitos de aplicação da atenuante, 
foi publicada a Súmula 74, STJ, pela qual, “para efeitos penais, o 
reconhecimento da menoridade do réu requer prova por documen-
to hábil”. O mesmo se aplica para o septuagenário. Em relação ao 
septuagenário, os tribunais têm sido unânimes e resistentes em 
não reconhecer o benefício se os 70 anos somente forem comple-
tos após a sentença, mas antes do acórdão confirmatório.
b) Desconhecimento da Lei: aqui, quanto maior a influência 
que o desconhecimento da Lei tenha causado, maior deverá ser 
a redução da pena. O desconhecimento da Lei pode ser aplicado 
como circunstância atenuante; ele simplesmente não tem a força 
de afastar a infração penal, salvo se constituir erro de proibição 
justificável.
c) Ter o agente:
i. Cometido o crime por motivo de relevante valor social ou 
moral: valor social é aquele que atende mais aos interesses da 
sociedade do que aos do próprio agente. É crime cuja motivação 
está em conformidade com os padrões de valores morais do meio 
em que vive o agente, ou da própria classe social a que pertence.
ii. Procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, 
logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, 
ou ter, antes do julgamento, reparado o dano: não se confunde 
a hipótese com arrependimento eficaz ou arrependimento poste-
rior. Isso porque, no arrependimento eficaz, o agente não causa 
danos, enquanto aqui, ele causa mas buscar minorar seus efeitos. 
Já no arrependimento posterior, o agente busca reparar o dano 
até o recebimento da denúncia ou da queixa, enquanto aqui, até 
o julgamento.
iii. Cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em 
cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência 
de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima:
iv. Confessado espontaneamente, perante a autoridade, a au-
toria do crime: a confissão pode ser tanto perante a autoridade 
policial quanto judiciária. Se o agente confessar perante a auto-
ridade policial e voltar atrás perante o juiz, não deve ser aplicada 
a atenuante.
Por sua vez, a confissão deve ser pura e simples. Se o agente 
confessa, mas alega em seu favor a existência de uma excludente 
de ilicitude ou de culpabilidade (confissão qualificada, agregação 
de teses discriminantes ou exculpantes), não fará jus ao benefí-
cio. Ainda sobre essa atenuante, vide:
A circunstância atenuante de confissão espontânea é de cará-
ter subjetivo, pessoal, uma vez que o ato de reconhecer e decla-
rar o ocorrido é prestado pela própria parte à qual a benesse se 
destina. O que busca a norma é agraciar o agente que contribui 
com a Justiça. 
v. Cometido o crime sob a influência de multidão em tu-
multo, se não o provocou: ocorre nos crimes multitudinários, 
aplicando-se sempre que o agente não tenha sido o provocador 
da baderna.
Circunstâncias Atenuantes Inominadas
O art. 66, CP, dispõe que a pena poderá ser ainda atenua-
da em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao 
crime, embora não prevista expressamente em Lei. É conceito 
jurídico indeterminado. O juiz poderá, pois, atenuar a pena caso, 
v.g., o agente tenha crescido num ambiente negativo que influen-
ciou a formação de seu caráter.
A atenuante inominada é de aplicação obrigatória, quando 
verificada pelo juiz. 
Concurso de Circunstâncias Agravantes e Atenuantes
De acordo com o art. 67, CP, no concurso de agravantes e 
atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas 
circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que 
resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade 
do agente e da reincidência. Logo, são três as espécies de cir-
cunstâncias preponderantes:
a) Motivos determinantes: aqueles que impulsionaram o 
agente ao cometimento do delito.
b) Personalidade do agente: dados pessoais, inseparáveis da 
pessoa, como o caso de ser menor de 21 ou maior de 70 anos.
c) Reincidência.
De acordo com o STF, a menoridade do réu (21 anos) pre-
pondera sobre todas as demais circunstâncias legais.
Se houve concurso de uma circunstância preponderante com 
outra que não tenha essa natureza, prevalecerá aquela do segundo 
momento da aplicação da pena. No concurso de circunstâncias 
agravantes e atenuantes de idêntico valor, a existência de ambas 
levará ao afastamento das duas.
Causas de Aumento e de Diminuição de Pena
Muito corrente também é o equívoco provocado pela con-
fusa redação do parágrafo único do artigo 68 do Código Penal, 
que se refere ao concurso entre causas de aumento e, também 
no concurso entre causas de diminuição. Muitos se confundem 
entendendo que o concurso previsto neste dispositivo é entre as 
causas de aumento e diminuição. O parágrafo único do artigo 68 
teve escopo de orientar os magistrados nestes casos. Portanto, 
Didatismo e Conhecimento 19
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
quando houver concurso entre duas ou mais causas de aumento 
aplica-se a que mais aumenta, por outro lado, se houver concurso 
entre causas de diminuição, aplica-se a que mais diminua. Ilustre-
se que esta prerrogativa somente poderá ser usada pelo juiz quando 
o concurso for entre causas majorantes ou minorantes inseridas na 
parte especial do código penal.
Aplicação das Penas por Particulares
A aplicação das penas é um poder/dever exclusivo do Estado. 
Porém, no ordenamento jurídico brasileiro, há uma hipótese em que 
se admite aos particulares exercer o jus puniendi. Vide:
Estatutodo índio
Art. 57°. Será tolerada aplicação, pelos grupos tribais, de acor-
do com as instituições próprias, de sanções penais ou disciplinares 
contra os seus membros, desde que não revistam caráter cruel ou 
infamante, proibida em qualquer caso a pena de morte.
9. CRIMES CONTRA A PESSOA.
Crimes. 
Dos crimes contra a pessoa - crimes contra a vida
HOMICÍDIO 
De forma geral, o homicídio é o ato de destruição da vida de 
um homem por outro homem. De forma objetiva, é o ato cometido 
ou omitido que resulta na eliminação da vida do ser humano.
Homicídio simples – Artigo 121 do CPB – É a conduta típica 
limitada a “matar alguém”. Esta espécie de homicídio não possui 
características de qualificação, privilégio ou atenuação. É o simples 
ato da prática descrita na interpretação da lei, ou seja, o ato de trazer 
a morte a uma pessoa.
Homicídio privilegiado - Artigo 121 - parágrafo primeiro – É 
a conduta típica do homicídio que recebe o benefício do privilégio, 
sempre que o agente comete o crime impelido por motivo de rele-
vante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, 
logo após a injusta provocação da vítima, podendo o juiz reduzir a 
pena de um sexto a um terço.
Homicídio qualificado - Artigo 121 - parágrafo segundo – É a 
conduta típica do homicídio onde se aumenta a pena pela prática do 
crime, pela sua ocorrência nas seguintes condições: mediante paga 
ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; por motivo 
fútil, com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou 
outro meio insidioso ou cruel, ou do qual possa resultar perigo co-
mum; por traição, emboscada, ou mediante dissimulação ou outro 
recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; e 
para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vanta-
gem de outro crime.
Homicídio Culposo - Artigo 121- parágrafo terceiro – É a con-
duta típica do homicídio que se dá pela imprudência, negligência 
ou imperícia do agente, o qual produz um resultado não pretendi-
do, mas previsível, estando claro que o resultado poderia ter sido 
evitado.
No homicídio culposo a pena é aumentada de um terço, se o 
crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou 
ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima. O 
mesmo ocorre se não procura diminuir as consequências do seu ato, 
ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo o homicídio doloso, 
a pena é aumentada de um terço se o crime é praticado contra pes-
soa menor de quatorze ou maior de sessenta anos.
Perdão Judicial - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz 
poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração 
atingirem o próprio agente de forma tão grave que torne desneces-
sária a sanção penal.
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio - Artigo 122 do 
CPB – Ato pelo qual o agente induz ou instiga alguém a se suici-
dar ou presta-lhe auxílio para que o faça. Reclusão de dois a seis 
anos, se o suicídio se consumar, ou reclusão de um a três anos, se 
da tentativa de suicídio resultar lesão corporal de natureza grave.
A pena é duplicada se o crime é praticado por motivo egoísti-
co, se a vítima é menor ou se tem diminuída, por qualquer causa, 
a capacidade de resistência. Neste crime não se pune a tentativa.
Infanticídio - Artigo 123 – Homicídio praticado pela mãe con-
tra o filho, sob condições especiais (em estado puerperal, isto é, 
logo pós o parto).
Aborto - Artigo 124 – Ato pelo qual a mulher interrompe a 
gravidez de forma a trazer destruição do produto da concepção. 
No auto aborto ou no aborto com consentimento da gestante, esta 
sempre será o sujeito ativo do ato, e o feto, o sujeito passivo. No 
aborto sem o consentimento da gestante, os sujeitos passivos serão 
o feto e a gestante. 
Aborto provocado por terceiro – É o aborto provocado sem 
o consentimento da gestante. Pena: reclusão, de três a dez anos.
Aborto provocado com o consentimento da gestante – Reclu-
são, de um a quatro anos. A pena pode ser aumentada para reclusão 
de três a dez anos, se a gestante for menor de quatorze anos, se for 
alienada ou débil mental, ou ainda se o consentimento for obtido 
mediante fraude, grave ameaça ou violência.
Forma qualificada - As penas são aumentadas de um terço se, 
em consequência do aborto ou dos meios empregados para pro-
vocá-lo, a gestante sofrer lesão corporal de natureza grave. São 
duplicadas se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Aborto necessário - Não se pune o aborto praticado por médi-
co: se não há outro meio de salvar a vida da gestante; e se a gravi-
dez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da 
gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
Lesões corporais
Lesão corporal - Ofensa à integridade corporal ou a saúde de 
outra pessoa. 
Lesão corporal de natureza grave - Artigo 129 - parágrafo 
primeiro - Se resulta: incapacidade para as ocupações habituais, 
por mais de trinta dias; perigo de vida; debilidade permanente de 
membro, sentido ou função; ou aceleração de parto. 
Lesão corporal de natureza gravíssima - Artigo 129 - parágra-
fo primeiro - Se resulta: incapacidade permanente para o trabalho; 
enfermidade incurável; perda ou inutilização do membro, sentido 
ou função; deformidade permanente; ou aborto. 
Lesão corporal seguida de morte - Se resulta morte e as cir-
cunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem 
assumiu o risco de produzi-lo (é o homicídio preterintencional). 
Diminuição de pena - Se o agente comete o crime impelido 
por motivo de relevante valor social ou moral, ou ainda sob o do-
mínio de violenta emoção, seguida de injusta provocação da víti-
ma, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
Didatismo e Conhecimento 20
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Lesão corporal culposa – Se o agente não queria o resultado 
do ato praticado, mesmo sabendo que tal resultado era previsível. 
Violência doméstica - Se a lesão for praticada contra ascen-
dente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem 
conviva ou tenha convivido; ou ainda prevalecendo-se o agente 
das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade. Pena: 
detenção, de três meses a três anos.
10. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO.
O Título II da parte especial do Código Penal Brasileiro, faz 
referências aos Crimes Contra o Patrimônio.
Considera-se patrimônio de uma pessoa , os bens, o poderio 
econômico, a universalidade de direitos que tenham expressão 
econômica para a pessoa. Considera-se em geral, o patrimônio 
como universalidade de direitos. Vale dizer como uma unidade 
abstrata, distinta, diferente dos elementos que a compõem isola-
damente considerados.
Além desse conceito jurídico, que é próprio do direito pri-
vado, há uma noção econômica de patrimônio e, segundo a qual, 
ele consiste num complexo de bens, através dos quais o homem 
satisfaz suas necessidades.
Cabe lembrar, que o direito penal em relação ao direito civil, 
ao direito econômico, ele é autônomo e constitutivo, e por isso 
mesmo quando tutela bens e interesses jurídicos já tutelados por 
outros ramos do direito, ele o faz com autonomia e de um modo 
peculiar.
A tutela jurídica do patrimônio no âmbito do Código Penal 
Brasileiro, é sem duvida extensamente realizada, mas não se pode 
perder jamais em conta, a necessidade de que no conceito de patri-
mônio esteja envolvida uma noção econômica, um noção de valor 
material econômico do bem.
FURTO
O primeiro é o crime de furto descrito no artigo 155 do Código 
Penal Brasileiro, em sua forma básica: “subtrair, para si ou para 
outrem, coisa alheia móvel: pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) 
anos, e multa”. 
O conceito de furto pode ser expresso nas seguintes palavras: 
furto é a subtração de coisa alheia móvel para si ou para outrem 
sem a pratica de violência ou de grave ameaça ou dequalquer es-
pécie de constrangimento físico ou moral à pessoa. Significa pois o 
assenhoramento da coisa com fim de apoderar-se dela com ânimo 
definitivo.
Quanto a objetividade jurídica do furto é preciso ressaltar uma 
divergência na doutrina: entende-se que é protegida diretamente a 
posse e indiretamente a propriedade ou, em sentido contrário, que 
a incriminação no caso de furto, visa essencial ou principalmente a 
tutela da propriedade e não da posse. É inegável que o dispositivo 
protege não só a propriedade como a posse, seja ela direta ou indi-
reta além da própria detenção1.
Devemos si ter primeiro o bem jurídico daquele que é afetado 
imediatamente pela conduta criminosa. Vale dizer que a vítima de 
furto não é necessariamente o proprietário da coisa subtraída, po-
dendo recair a sujeição passiva sobre o mero detentor ou possuidor 
da coisa.
Qualquer pessoa pode praticar o crime de furto, não exige 
além do sujeito ativo qualquer circunstância pessoal específica. 
Vale a mesma coisa para o sujeito passivo do crime, sendo ela físi-
ca ou jurídica, titular da posse, detenção ou da propriedade.
O núcleo do tipo é subtrair, que significa tirar, retirar, abran-
gendo mesmo o apossamento à vista do possuidor ou proprietário.
O crime de furto pode ser praticado também através de ani-
mais amestrados, instrumentos etc. Esse crime será de apossa-
mento indireto, devido ao emprego de animais, caso contrário é de 
apossamento direto.
Impera uma única controvérsia, tendo em vista o desenvolvi-
mento da tecnologia, quanto a subtração praticada com o auxílio 
da informática, se ela resultaria de furto ou crime de estelionato. 
O objeto material do furto é a coisa alheia móvel. Coisa em 
direito penal representa qualquer substância corpórea, seja ela 
material ou materializável, ainda que não tangível, suscetível de 
apreciação e transporte, incluindo aqui os corpos gasosos, os ins-
trumentos , os títulos, etc.2.
O homem não pode ser objeto material de furto, conforme o 
fato, o agente pode responder por sequestro ou cárcere privado, 
conforme artigo 148 do Código Penal Brasileiro, ou subtração de 
incapazes artigo 249.
Afirma-se na doutrina que somente pode ser objeto de furto a 
coisa que tiver relevância econômica, ou seja, valor de troca, in-
cluindo no conceito, a ideia de valor afetivo (o que eu acho que não 
tem validade jurídica penal). Já a jurisprudência invoca o princípio 
da insignificância, considerando que se a coisa furtada tem valor 
monetário irrisório, ficará eliminada a antijuridicidade do delito e, 
portanto, não ficará caracterizado o crime.
Furto é crime material, não existindo sem que haja desfalque 
do patrimônio alheio. Coisa alheia é a que não pertence ao agente, 
nem mesmo parcialmente. Por essa razão não comete furto e sim o 
crime contido no artigo 346 (Subtração ou Dano de Coisa Própria 
em Poder de Terceiro) do Código Penal Brasileiro, o proprietário 
que subtrai coisa sua que está em poder legitimo de outro3.
O crime de furto é cometido através do dolo que é a vontade 
livre e consciente de subtrair, acrescido do elemento subjetivo do 
injusto também chamado de “dolo específico”, que no crime de 
furto está representado pela ideia de finalidade do agente, conti-
da da expressão “para si ou para outrem”. Independe todavia de 
intuito, objetivo de lucro por parte do agente, que pode atuar por 
vingança, capricho, liberalidade. 
O consentimento da vítima na subtração elide o crime, já que 
o patrimônio é um bem disponível, mas se ele ocorre depois da 
consumação, é evidente que sobrevivi o ilícito penal.
O delito de furto também pode ser praticado entre: cônjuges, 
ascendentes e descendentes, tios e sobrinhos, entre irmãos.
O direito romano não admitia, nesses casos, a ação penal. Já 
o direito moderno não proíbe o procedimento penal, mas isenta de 
pena, como elemento de preservação da vida familiar.
Para se definir o momento da consumação, existem duas po-
sições:
1) atinge a consumação no momento em que o objeto material 
é retirado de posse e disponibilidade do sujeito passivo, ingres-
sando na livre disponibilidade do autor, ainda que não obtenha a 
posse tranqüila4;
2) quando exige-se a posse tranqüila, ainda que por breve tem-
po. 5
Didatismo e Conhecimento 21
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Temos a seguinte classificação para o crime de furto: comum 
quanto ao sujeito, doloso, de forma livre, comissivo de dano, ma-
terial e instantâneo.
A ação penal é pública incondicionada, exceto nas hipóteses 
do artigo 182 do Código Penal Brasileiro, que é condicionada à 
representação.
O crime de furto pode ser de quatro espécies: furto simples, 
furto noturno, furto privilegiado e furto qualificado 
FURTO DE USO
Furto de uso é a subtração de coisa apenas para usufruí-la 
momentaneamente, está prevista no art. 155 do Código Penal 
Brasileiro, para que seja reconhecível o furto de uso e não o furto 
comum, é necessário que a coisa seja restituída, devolvida, ao 
possuidor, proprietário ou detentor de que foi subtraída, isto é, 
que seja reposta no lugar, para que o proprietário exerça o po-
der de disposição sobre a coisa subtraída. Fora daí a exclusão do 
“animus furandi” dependerá de prova plena a ser oferecida pelo 
agente.
Os tribunais tem subordinado o reconhecimento do furto de 
uso a efetiva devolução ou restituição, afirmando que há furto 
comum se a coisa é abandonada em local distante ou diverso ou 
se não é recolocada na esfera de vigilância de seu dono. Há ainda 
entendimentos que exigem que a devolução da coisa, além de ser 
feita no mesmo lugar da subtração seja feita em condições de res-
tituição da coisa em sua integridade e aparência interna e externa, 
assim como era no momento da subtração.
Vale dizer a coisa devolvida assemelha-se em tudo e por 
tudo em sua aparência interna e externa à coisa subtraída6.
FURTO NOTURNO
O Furto Noturno, está previsto no § 1º do artigo 155: “apena 
aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso 
noturno”7.
É furto agravado ou qualificado o praticado durante o repou-
so noturno, aumenta-se de 1/3 artigo 155 §1º , a razão da majo-
rante está ligada ao maior perigo que está submetido o bem jurí-
dico diante da precariedade de vigilância por parte de seu titular.
Basta que ocorra a cessação da vigilância da vítima, que, 
dormindo, não poderá efetivá-la com a segurança e a amplitude 
com que a faria, caso estivesse acordada, para que se configure a 
agravante do repouso noturno. 
Repouso noturno é o tempo em que a cidade repousa, é va-
riável, dependendo do local e dos costumes.
É discutida pela doutrina e pela jurisprudência a cerca da 
necessidade do lugar, ser habitado ou não, para se dar a agra-
vante. A jurisprudência dominante nos tribunais é no sentido de 
excluir a agravante, se o furto é praticado em lugar desabitado, 
pois evidente se praticado desta forma não haveria, mesmo du-
rante a época o momento do não repouso, a possibilidade de vi-
gilância que continuaria a ser tão precária quanto este momento 
de repouso.
Porém, como diz o mestre Magalhães Noronha “para nós, 
existe a agravante quando o furto se dá durante o tempo em que a 
cidade ou local repousa, o que não importa necessariamente seja 
a casa habitada ou estejam seus moradores dormido. Podem até 
estar ausente, ou desabitado o lugar do furto”.
A exposição de motivos como a do mestre Noronha, é a que 
se iguala ao meu parecer, pois é prevista como agravante especial 
do furto a circunstância de ser o crime praticado durante o pe-
ríodo do sossego noturno8, seja ou não habitada a casa, estejam 
ou não seus moradores dormindo, cabe a majoração se o delito 
ocorreu naquele período.
Furto em garagem de residência, também há duas posições, 
uma em que incide a qualificadora, da qual o Professor Damásio é 
partidário, e outra na qual não incidea qualificadora.
FURTO PRIVILEGIADO ou mínimo
O furto privilegiado está expresso no § 2º do artigo 155: “Se o 
criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz 
pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de 
um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa”.
Vale dizer que é uma forma de causa especial de diminuição 
de pena. Existem requisitos para que se dê essa causa especial: 
- O primeiro requisito para que ocorra o privilégio é ser o 
agente primário, ou seja, que não tenha sofrido em razão de outro 
crime condenação anterior transitada em julgado.
- O segundo requisito é ser de pequeno valor a coisa subtraída.
A doutrina e a jurisprudência têm exigido além desses dois 
requisitos já citados, que o agente não revele personalidade ou an-
tecedentes comprometedores, indicativos da existência de proba-
bilidade, de voltar a delinquir.
A pena pode-se substituir a de reclusão pela de detenção, di-
minuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a multa.
O § 3º do artigo 155 faz menção à igualdade entre energia elé-
trica, ou qualquer outra que tenha valor econômico à coisa móvel, 
também a caracterizando como crime10.
A jurisprudência considera essa modalidade de furto como 
crime permanente, pois o agente pratica uma só ação, que se pro-
longa no tempo.
FURTO QUALIFICADO
Em determinadas circunstâncias são destacadas o §4º do art. 
155, para configurar furto qualificado, ao qual é cominada pena 
autônoma sensivelmente mais grave: “reclusão de 2 à 8 anos se-
guida de multa”.
São as seguintes as hipóteses de furto qualificado:
- se o crime é cometido com destruição ou rompimento de 
obstáculos à subtração da coisa; está hipótese trata da destruição, 
isto é, fazer desaparecer em sua individualidade ou romper, que-
brar, rasgar, qualquer obstáculo móvel ou imóvel a apreensão e 
subtração da coisa. 
A destruição ou rompimento deve dar-se em qualquer mo-
mento da execução do crime e não apenas para apreensão da coisa. 
Porém é imprescindível que seja comprovada pericialmente, nem 
mesmo a confissão do acusado supre a falta da perícia11 .
Trata-se de circunstância objetiva e comunicável no caso de 
concurso de pessoas, desde que o seu conteúdo haja ingressado na 
esfera do conhecimento dos participantes.
A segunda hipótese é quando o crime é cometido com abuso 
de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza.
Há abuso de confiança quando o agente se prevalece de qua-
lidade ou condição pessoal que lhe facilite à pratica do furto. Qua-
lifica o crime de furto quando o agente se serve de algum artifício 
para fazer a subtração12.
Mediante fraude é o meio enganoso capaz de iludir a vigilân-
cia do ofendido e permitir maior facilidade na subtração do objeto 
material. O furto mediante fraude distingue-se do estelionato, na-
quele a fraude é empregada para iludir a atenção e vigilância do 
Didatismo e Conhecimento 22
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
ofendido, que nem percebe que a coisa lhe está sendo subtraída; 
no estelionato, ao contrário, a fraude antecede o apossamento da 
coisa e é a causa de sua entrega ao agente pela vítima; esta entrega 
a coisa iludida, pois a fraude motivou seu consentimento.
É ainda qualificadora a penetração no local do furto por via 
que normalmente não se usa para o acesso, sendo necessário o em-
prego de meio artificial, é no caso de escalada, que não se relaciona 
necessariamente com a ação de galgar ou subir. Também deve ser 
comprovada por meio de perícia, assim como o rompimento de 
obstáculo.
Tentativa, é admissível. Via de regra, a prisão em flagrante 
indica delito tentado nos casos de furto, por não chegar o agente a 
ter a posse tranquila da coisa subtraída, que não ultrapassa a esfera 
de vigilância da vítima. 
Há ainda a tentativa frustrada, citarei um exemplo: um batedor 
de carteira segue uma pessoa durante vários dias. Decide, então, 
subtrair, do bolso interno do paletó da vítima, envelope que julga 
conter dinheiro. Furtado o envelope, o batedor de carteira é apa-
nhado. Chegando à Delegacia, verifica-se que o envelope estava 
vazio, pois, naquele dia, a vítima esquecera o dinheiro em casa. O 
agente será responsabilizado pelo crime nesse exemplo? Não, pois 
a ausência do objeto material do delito faz do evento um crime 
impossível.
O último é a qualificadora da destreza, que se dá quando a 
subtração se dá dissimuladamente com especial habilidade por 
parte do agente, onde a ação, sem emprego de violência, em situa-
ção em que a vítima, embora consciente e alerta, não percebe que 
está tendo os bens furtados. O arrebatamento violento ou inopina-
do não a configura.
A terceira hipótese é o emprego de chave falsa.
Constitui chave falsa qualquer instrumento ou engenho de que 
se sirva o agente para abrir fechadura e que tenha ou não o forma-
to de uma chave, podendo ser grampo, pedaço de arame, pinça, 
gancho, etc. O exame pericial da chave ou desse instrumento é 
indispensável para a caracterização da qualificadora
A Quarta e última hipótese é quando ocorre mediante concur-
so de duas ou mais pessoas, quando praticado nestas circunstân-
cias, pois isto revela uma maior periculosidade dos agentes, que 
unem seus esforços para o crime. 
No caso de furto cometido por quadrilha, responde por qua-
drilha pelo artigo 288 do Código Penal Brasileiro seguido de furto 
simples, ficando excluída a qualificadora13,
Concurso de qualificadoras, o agente incidindo em duas qua-
lificadoras, apenas uma qualifica, podendo servir a outra como 
agravante comum.
FURTO DE COISA COMUM
Este crime está definido no art. 156 do Código Penal Brasilei-
ro, que diz: “Subtrair o condômino, co-herdeiro, ou sócio, para si 
ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: 
pena – detenção, de 6 (seis) meses à 2 (dois) anos, ou multa”.
A razão da incriminação é de que o agente subtraia coisa que 
pertença também a outrem. Este crime constitui caso especial de 
furto, distinguindo-se dele apenas as relações existentes entre o 
agente e o lesado ou os lesados.
Sujeito ativo, somente pode ser o condômino, coproprietário, 
co-herdeiro ou o sócio. Esta condição é indispensável e chega a 
ser uma elementar do crime e por tanto é transmitido ao partícipe 
estranho nos termos do artigo 29 do Código Penal Brasileiro.
Sujeito passivo será sempre o condomínio, coproprietário, co-
-herdeiro ou o sócio, não podendo excluir-se o terceiro possuidor 
legítimo da coisa.
A vontade de subtrair configura o momento subjetivo, fala-se 
em dolo específico na doutrina, na expressão “para si ou para ou-
trem”.
A pena culminada para furto de coisa comum é alternativa de 
detenção de 6 (seis) meses à 2 (dois) anos ou multa. Dá-se ao juiz 
a margem para individualização da pena tendo em vista as circuns-
tâncias do caso concreto.
ROUBO
A ação penal é pública, porém depende de representação da 
parte 
Como expresso no artigo 157 do Código Penal Brasileiro: 
“Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante gra-
ve ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer 
meio, reduzido à impossibilidade de resistência: pena – reclusão, de 
4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa”.
Trata-se de crime contra o patrimônio, em que é atingido tam-
bém a integridade física ou psíquica da vítima.
É um crime complexo, onde o objeto jurídico imediato do cri-
me é o patrimônio, e tutela-se também a integridade corporal, a saú-
de, a liberdade e na hipótese de latrocínio a vida do sujeito passivo.
O Roubo também é um delito comum, podendo ser cometi-
do por qualquer pessoa, dando-se o mesmo com o sujeito passivo. 
Pode ocorrer a hipótese de dois sujeitos passivos: um que sofre a 
violência e o titular do direito de propriedade.
Como no Furto, a conduta é subtrair, tirar a coisa móvel alheia, 
mas faça-se necessário que o agente se utilizede violência, lesões 
corporais, ou vias de fato, como grave ameaça ou de qualquer outro 
meio que produza a possibilidade de resistência do sujeito passi-
vo.14 
A vontade de subtrair com emprego de violência, grave amea-
ça ou outro recurso análogo é o dolo do delito de roubo. Exige-se 
porém, o elemento subjetivo do tipo, o chamado dolo específico, 
idêntico ao do furto, para si ou para outrem, é que se dá a subtração.
Há uma figura denominada roubo impróprio que vem definido 
no art.157 §1º do Código Penal Brasileiro: “na mesma pena incorre 
quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra 
pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime 
ou a detenção da coisa para si ou para terceiro”. Nesse caso a vio-
lência ou a grave ameaça ocorre após a consumação da subtração, 
visando o agente assegurar a posse da coisa subtraída ou a impuni-
dade do crime.
A violência posterior ou roubo para assegurar a sua impunida-
de, deve ser imediato para caracterização do roubo impróprio.
A consumação do roubo impróprio ocorre com a violência ou 
grave ameaça desde que já ocorrido a subtração, não se consuman-
do esta, tem se entendido que o agente deverá ser responsabilizado 
por tentativa de furto em concurso com o crime de lesões corporais.
Consuma-se no momento em que o agente retira o objeto ma-
terial da esfera de disponibilidade da vítima, mesmo que não haja 
a posse tranqüila. 
Tentativas, quanto ao roubo próprio ela é admitida, visto po-
dendo ocorrer quando o sujeito, após empregar a violência ou grave 
ameaça contra a pessoa, por motivos alheios a sua vontade, não 
consegue efetuar a subtração.
Didatismo e Conhecimento 23
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Já a tentativa para o crime de roubo impróprio temos duas 
correntes:
Sua classificação doutrinária é de crime comum quanto ao 
sujeito, doloso, de forma livre, de dano, material e instantâneo. 
Tendo ação penal pública incondicionada.
ROUBO E LESÃO CORPORAL GRAVE
Nos termos do artigo 157 § 3º do Código Penal Brasileira 
primeira parte, é qualificado roubo quando: “da violência resulta 
lesão corporal de natureza grave, fixando-se a pena num patamar 
superior ao fixado anteriormente, aqui reclusão de 5 (cinco) à 15 
(quinze) anos, além da multa”.
É indispensável que a lesão seja causada pela violência, não 
estando o agente, sujeito às penas previstas pelo dispositivo em 
estudo, se o evento decorra de grave ameaça, como enfarte, cho-
que ou do emprego de narcóticos. Haverá no caso roubo simples 
seguido de lesões corporais de natureza grave em concurso formal.
A lesão poderá ser sofrida pelo titular do direito ou em um 
terceiro.
Se o agente fere gravemente a vítima mas não consegue sub-
trair a coisa, há só a tentativa do artigo 157 § 3º 1ª parte (TACrim 
SP, julgados 72:214).
ROUBO SEGUIDO DE MORTE - LATROCÍNIO
Comina-se pena de reclusão de 20 à 30 anos se resulta a mor-
te, as mesmas considerações referentes aos crimes qualificados 
pelo resultado, podem ser aqui aplicadas. 
O artigo da Lei 8072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), em con-
formidade com o artigo 5º XLIII, da Constituição Federal Brasilei-
ra, considera crime de latrocínio Hediondo.
Nos termos legais o Latrocínio não exige que o evento morte 
seja desejado pelo agente, basta que ele empregue violência para 
roubar e que dela resulte a morte para que se tenha caracterizado 
o delito.
É indiferente porém, que a violência tenha sido exercida para 
o fim da subtração ou para garantir, depois desta, a impunidade do 
crime ou a detenção da coisa subtraída18 .
Ocorre latrocínio ainda que a violência atinja pessoa diversa 
daquela que sofre o desapossamento da coisa. Haverá no entanto 
um só crime com dois sujeitos passivos.
A consumação do latrocínio ocorre com a efetiva subtração 
e a morte da vítima, embora no latrocínio haja morte da vítima, 
ele é um crime contra o patrimônio, sendo Juiz singular e não do 
Tribunal do Júri, essa é a posição válida, 
Pena: reclusão de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa, 
conforme alteração do artigo 6º da Lei n.º. 8072/90. Conforme o 
artigo 9º dessa lei, a pena é agravada de metade quando a vítima se 
encontra nas condições do artigo 224 do Código Penal Brasileiro: 
“presunção de violência”. 
EXTORSÃO
O crime de extorsão é formal e consuma-se no momento e 
no local em que ocorre o constrangimento para que se faça ou se 
deixe de fazer alguma coisa. Súmula nº 96 do Superior Tribunal 
de Justiça.
Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou grave 
ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida 
vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer 
alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou 
com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o dis-
posto no § 3º do artigo anterior.
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade 
da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vanta-
gem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, 
além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-
se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (In-
cluído pela Lei nº 11.923, de 2009)
È um crime comum, formal ou material, de forma livre, ins-
tantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente, comissivo, doloso, de 
dano, complexo e admite tentativa.
A conduta consiste em constranger (obrigar, forcar, coagir), 
mediante violência (física: vias de fato ou lesão corporal) ou gra-
ve ameaça (moral: intimidação idônea explicita ou explicita que 
incute medo no ofendido) com o objetivo de obter para si ou para 
outrem indevida (injusta, ilícita) vantagem econômica (qualquer 
vantagem seja de coisa móvel ou imóvel).
Haverá constrangimento ilegal se a vantagem não for econô-
mica e exercício arbitrário das próprias razoes se a vantagem for 
devida.
Tipo subjetivo
O tipo é composto de dolo duplo: o primeiro constituído pela 
vontade livre e consciente de constranger alguém mediante violên-
cia ou grave ameaça, dolo genérico; o segundo exige o elemento 
subjetivo do tipo específico na expressão “com intuito de”.
Consumação
Discute-se na doutrina se o crime de extorsão é formal ou 
material. Para os que o consideram formal, a consumação ocorre 
independentemente do resultado. Basta ser idôneo ao constrangi-
mento imposto à vítima, sendo irrelevante a enfeitava obtenção da 
vantagem econômica indevida.
O comportamento da vítima nesse caso é fundamental para a 
consumação do delito. É a indispensabilidade da conduta do su-
jeito passivo para a consumação do crime, se o constrangimento 
for sério, idôneo o suficiente para ensejar a ação ou omissão da 
vítima em detrimento do seu patrimônio, perfaz-se o tipo penal do 
art. 168 do CP.
Da outra parte, se entendido como crime material, a consu-
mação se dará com obtenção de indevida vantagem econômica. 
Seguimos esse entendimento, para nós o crime de extorsão é ma-
terial consumando-se com a efetiva obtenção indevida vantagem 
econômica.
Tentativa
Admite-se quer considerando o crime formal ou material. Sur-
ge quando a vítima mesmo constrangida, mediante violência ou 
grave ameaça, não realiza a condita por circunstâncias alheias à 
vontade do agente. A vítima, então não se intimida, vence o medo 
e denuncia o fato a polícia.
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (art. 159)
Na extorsão mediante sequestro, diferentemente da extorsão 
do art. 158, a vantagem pode ser qualquer uma (inclusive econô-
mica). Trata-se de crime hediondo em todas as suas modalidades, 
Didatismo e Conhecimento 24
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
havendo privação da liberdade da vítima para se obter a vantagem. 
É crime complexo, resultante da extorsão + sequestro ou cárcereprivado (é o que diz a doutrina, mas eu não concordo, visto que a 
extorsão exige finalidade de obter vantagem econômica indevida).
Se o sequestro for para obtenção de qualquer vantagem devida, 
haverá o crime de exercício arbitrário das próprias razões em con-
curso material com o sequestro ou cárcere privado.
Apesar de o tipo se referir a “qualquer vantagem”, não haverá 
o crime se a vantagem não tiver algum valor econômico. Isso se 
depreende da interpretação sistêmica do tipo, que está inserido no 
Título II, relativo aos crimes contra o patrimônio.
Não influi na caracterização do crime o fato de a vítima ser trans-
portada para algum lugar ou ser retida em sua própria casa. Ademais, 
o sequestro deve se dar como condição ou preço do resgate.
Sujeito passivo
Pode ser qualquer pessoa, inclusive pessoa jurídica, que pode 
ter, v.g., um de seus sócios sequestrados para que seja efetuado o 
pagamento. Determina-se o sujeito passivo de acordo com a pessoa 
que terá o patrimônio lesado.
Se a pessoa que sofre a privação da liberdade for diferente da-
quela que terá seu patrimônio diminuído, haverá apenas um crime, 
não obstante existirem duas vítimas.
Consumação e tentativa
Ocorre a consumação quando o agente pratica a conduta pre-
vista no núcleo do tipo, quando realiza o sequestro privando a víti-
ma da liberdade por tempo juridicamente relevante, ainda que não 
aufira a vantagem qualquer e ainda que nem tenha sido pedido o 
resgate. Logo, o crime é formal.
“A extorsão mediante sequestro, como crime formal ou de con-
sumação antecipada, opera-se com a simples privação da liberdade 
de locomoção da vítima, por tempo juridicamente relevante. Ainda 
que o sequestrado não tenha sido conduzido ao local de destino, o 
crime está consumado” (MIRABETE, Julio Fabbrini. Código Penal 
Interpretado. 6ª edição. São Paulo: Atlas. 2007, pág. 1.476).
Perfeitamente possível a tentativa, já que a execução do crime 
requer um iter criminis desdobrado em vários atos. Porém, difícil 
de se configurar. Hipótese seria aquela em que os agentes são fla-
grados logo após colocarem a vítima no carro, pois aí não teriam 
privado sua liberdade por tempo juridicamente relevante.
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO QUALIFICADA
Se o sequestro dura mais de 24h, se o sequestrado é menor de 
18 e maior que 60 anos, ou se o crime é cometido por bando ou 
quadrilha a pena será de reclusão de 12 a 20 anos. Quanto maior o 
tempo em que a vítima estiver em poder do criminoso, maior será o 
dano à saúde e integridade física.
Quanto ao crime cometido por bando ou quadrilha, entende-se 
como a reunião permanente de mais de três pessoas para cometer e 
não uma reunião ocasional para cometer o sequestro
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO COM LESÃO 
CORPORAL GRAVE.
Se o fato resulta lesão corporal de natureza grave a pena será 
de reclusão de 16 a 24 anos; se resulta a morte a pena será de re-
clusão de 24 a 30 anos. Observa-se de imediato a diferença deste 
delito com o de roubo qualificado pelo resultado. No art. 157 do 
CP a lei diz: “se da violência resultar lesão grave ou morte”; logo, 
num roubo em que vítima cardíaca diante de uma ameaça vem a 
falecer, haverá roubo em concurso material com homicídio e não 
latrocínio. O tipo exige o emprego da violência. Na extorsão me-
diante sequestro a lei menciona: “se dos ato resultar lesão grave ou 
morte”, pouco importando para qualificar o delito que a lesão grave 
seja culposa ou dolosa.. Evidentemente, se a lesão grave ou morte 
resultar de caso fortuito ou força maior, o resultado agravados não 
poderá ser imputado ao agente.
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO E TORTURA
Entendemos que os institutos possuem objetividades jurídicas 
distintas e autônomas. Na extorsão são mediante sequestro ofende-
se o patrimônio, a liberdade de ir e vir e a vida. Na tortura atinge-se 
a dignidade humana, consubstanciada na integridade física e men-
tal. Cm efeito, a nosso, juízo, nada impede o reconhecimento do 
concurso material de infrações.
DELAÇÃO PREMIADA
O benefício somente se aplica quando o crime for cometido em 
concurso de pessoas, devendo o acusado fornecer às autoridades 
elementos capazes de facilitar a resolução do crime. Causa obriga-
tória de diminuição de pena se preenchidos os requisitos estabele-
cidos pelo parágrafo 4º do art. 159, qual seja, denúncia à autoridade 
(juiz, delegado ou promotor) feita por um dos concorrentes, e esta 
facilitar a libertação da vítima. Faz-se mister salientar que, se não 
houver a libertação do seqüestrado, mesmo havendo delação do 
coautor, não haverá diminuição de pena.
Não se confunde com a confissão espontânea, pois nesta o 
agente garante confessa sua participação no crime, sem incriminar 
outrem.
EXTORSÃO INDIRETA
Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando 
da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedi-
mento criminal contra a vítima ou contra terceiro:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Classificação doutrinária
Crime comum, doloso, de dano, formal (exigir) e material (re-
ceber), instantâneo, comissivo, de forma vinculada, unissubjetivo, 
unissubsistente (exigir) ou plurissubsistente (receber) e admite ten-
tativa.
A conduta recai sobre o documento que pode dar causa a um 
procedimento criminal contra o devedor, como a confissão de um 
crime, a falsificação de um título de crédito, uma duplicata fria etc.
A conduta consiste ainda em exigir (obrigar, ordenar) ou re-
ceber (aceitar) um documento que pode dar causa a procedimento 
criminal contra a vítima ou terceiro. É abusar da situação daquele 
que necessita urgentemente de auxílio financeiro. Necessário para 
a configuração do delito que o documento exigido ou recebido pelo 
agente, que pode ser público ou particular, se preste a instauração 
de inquérito policial contra o ofendido. Não se exige a instauração 
do procedimento criminal, basta que o documento em poder do cre-
dor seja potencialmente apto a iniciar o processo.
Consumação
Na ação de exigir, crime formal, a consumação ocorre com a 
simples exigência do documento pelo extorcionário. A iniciativa 
aqui é do agente, na conduta de receber, crime material, a con-
sumação ocorre com o efetivo recebimento do documento. Nesse 
caso a iniciativas provém da vítima.
Didatismo e Conhecimento 25
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Tentativa
Na modalidade exigir, entendemos não ser possível sua confi-
guração, embora uma parcela da doutrina a admita com o sovado 
exemplo, também oferecido nos crimes contra a honra, de a exi-
gência ser reduzida por escrito, mas não chegar ao conhecimento 
do ofendido. Na de receber, no entanto, é perfeitamente possí-
vel, podendo o iter criminis ser interrompido por circunstâncias 
alheias à vontade do agente.
11. CRIMES CONTRA A 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
O Capítulo I do Título XI do Código Penal trata dos crimes 
funcionais, praticados por determinado grupo de pessoas no exer-
cício de sua função, associado ou não com pessoa alheia aos qua-
dros administrativos, prejudicando o correto funcionamento dos 
órgãos do Estado.
A Administração Pública deste modo, em geral direta, indire-
ta e empresas privadas prestadoras de serviços públicos, contra-
tadas ou conveniadas será vítima primária e constante, podendo, 
secundariamente, figurar no polo passivo eventual administrado 
prejudicado.
O agente, representante de um poder estatal, tem por fun-
ção principal cumprir regularmente seus deveres, confiados pelo 
povo. A traição funcional faz com que todos tenhamos interesse 
na sua punição, até porque, de certa forma, somos afetados por 
elas. Dentro desse espírito, mesmo quando praticado no estrangei-
ro, logo, fora do alcance da soberania nacional, o delito funcional 
será alcançado, obrigatoriamente, pela lei penal.
Não bastasse, a Lei 10.763, de 12 de novembro de 2003, con-
dicionou a progressão deregime prisional nos crimes contra a 
Administração Pública à prévia reparação do dano causado, ou 
à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos 
legais.
A lei em comento não impede a progressão aos crimes fun-
cionais, mas apenas acrescenta uma nova condição objetiva, de 
cumprimento obrigatório para que o reeducando conquiste o re-
ferido benefício.
Crimes Funcionais 
Espécies
Os delitos funcionais são divididos em duas espécies: pró-
prios e impróprios. 
Nos crimes funcionais próprios, na qualidade de funcionário 
público ao autor, o fato passa a ser tratado como um tipo penal 
descrito.
Já nos impróprios desaparecendo a qualidade de servidor pu-
blico, desaparece também o crime funcional, desclassificando a 
conduta para outro delito, de natureza diversa.
Conceito de Funcionário Público para Efeitos Penais
Art. 327. Considera-se funcionário público, para os efeitos 
penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, 
exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, 
emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para 
empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a 
execução de atividade típica da Administração Pública.
§ 2º A pena será aumentada da terça parte quando os autores 
dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em 
comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da 
administração direta, sociedade de economia mista, empresa públi-
ca ou fundação instituída pelo poder público.
Contudo, ao considerar o que seja funcionário público para 
fins penais, nosso Código Penal nos dá um conceito unitário, sem 
atender aos ensinamentos do Direito Administrativo, tomando a ex-
pressão no sentido amplo. 
Dessa forma, para os efeitos penais, considera-se funcionário 
público não apenas o servidor legalmente investido em cargo pú-
blico, mas também o que servidor publico efetivo ou temporário.
Tipos penais Contra Administração Pública
O crime de Peculato, Peculato apropriação, Peculato desvio, 
Peculato furto, Peculato culposo, Peculato mediante erro de outrem, 
Concussão, Excesso de exação, Corrupção passiva e Prevaricação, 
são os crimes tipificado com praticados por agentes públicos.
Peculato 
Previsto no artigo 312 do C.P., a objetividade jurídica do pe-
culato é a probidade da administração pública. É um crime próprio 
onde o sujeito ativo será sempre o funcionário público e o sujeito 
passivo o Estado e em alguns casos o particular. Admite-se a par-
ticipação.
Peculato Apropriação
É uma apropriação indébita e o objeto pode ser dinheiro, valor 
ou bem móvel. É de extrema importância que o funcionário tenha 
a posse da coisa em razão do seu cargo. Consumação: Se dá no 
momento da apropriação, em que ele passa a agir como o titular da 
coisa apropriada. Admite-se a tentativa.
Peculato Desvio
O servidor desvia a coisa em vez de apropriar-se. Aqui o sujei-
to ativo além do servidor pode tem participação de uma 3a pessoa. 
Consumação: No momento do desvio e admite-se a tentativa.
Peculato Furto
Previsto no Art. 312 CP., aqui o funcionário público não detêm 
a posse, mas consegue deter a coisa em razão da facilidade de ser 
servidor público. Ex: Diretor de escola pública que tem a chave de 
todas as salas da escola, aproveita-se da sua função e facilidade e 
subtrai algo que não estava sob sua posse, tem-se o peculato furto. 
Peculato Culposo
Aproveitando o exemplo da escola, neste caso o diretor esque-
ce a porta aberta e alguém entra no colégio e subtrai um bem. A 
consumação se dá no momento em que o 3o subtrai a coisa. Não 
admite-se a tentativa. 
Peculato mediante Erro de Outrem
Art. 313 C.P., o seu objeto jurídico é a probidade administra-
tiva. Sujeito ativo: funcionário público; sujeito passivo: Estado e 
o particular lesado. A modalidade de peculato mediante erro de 
outrem, é um peculato estelionato, onde a pessoa é induzida a erro. 
Didatismo e Conhecimento 26
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Ex: Um fiscal vai aplicar uma multa a um determinado contribuin-
te e esse contribuinte paga o valor direto a esse fiscal, que embolsa 
o dinheiro. Só que na verdade nunca existiu multa alguma e esse 
dinheiro não tinha como destino os cofres públicos e sim o favore-
cimento pessoal do agente. É um crime doloso e sua consumação se 
dá quando ele passa a ser o titular da coisa. Admite-se a tentativa. 
Concussão
Art. 316 C.P., é uma espécie de extorsão praticada pelo servi-
dor público com abuso de autoridade. O objeto jurídico é a probida-
de da administração pública. Sujeito ativo: Crime próprio praticado 
pelo servidor e o seu jeito passivo é o Estado e a pessoa lesada. A 
conduta é exigir. Trata-se de crime formal pois consuma-se com a 
exigência, se houver entrega de valor há exaurimento do crime e a 
vítima não responde por corrupção ativa porque foi obrigada a agir 
dessa maneira. 
Excesso de Exação 
A exigência vai para os cofres públicos, isto é, recolhe aos 
cofres valor não devido, ou era para recolher aos cofres públicos, 
porém o funcionário se apropria do valor. 
Corrupção Passiva
Art. 317 C.P., o Objeto jurídico é a probidade administrativa. 
Sujeito ativo: funcionário público. A vítima é o Estado e apenas na 
conduta solicitar é que a vítima será, além do Estado a pessoa ao 
qual foi solicitada.
Condutas: Solicitar, receber e aceitar promessa, aumenta-se a 
pena se o funcionário retarda ou deixa de praticar atos de ofício. 
Não admite-se a tentativa, é no caso de privilegiado, onde cede ao 
pedido ou influência de 3a pessoa. Só se consuma pela prática do 
ato do servidor público. 
Prevaricação
Art. 319 C.P., aqui também tutela-se a probidade administra-
tiva. É um crime próprio, cometido por funcionário público e a ví-
tima é o Estado. A conduta é: retardar ou deixar de praticar ato 
de ofício. O Crime consuma-se com o retardamento ou a omissão, 
é doloso e o objetivo do agente é buscar satisfação ou vantagem 
pessoal. 
Os crimes contra a Administração Pública é demasiadamente 
prejudicial, pois refletem e afetam a todos os cidadãos dependentes 
do serviço publico, colocando em crédito e a prova a credibilidade 
das instituições públicas, para apenas satisfazer o egoísmo e ego-
centrismo desses agentes corruptos.
Tais mecanismos de combate devem ser aplicas com rigor e 
aperfeiçoados para que estes desviantes do serviço publico, tenham 
suas praticas de errôneas coibidas e extintas, podem assim fortale-
cer as instituições publicas.
QUESTÕES
01. (DPE/MA - Defensor Público – 2015 - FCC) A proscri-
ção de penas cruéis e infamantes, a proibição de tortura e maus-
tratos nos interrogatórios policiais e a obrigação imposta ao Esta-
do de dotar sua infraestrutura carcerária de meios e recursos que 
impeçam a degradação e a dessocialização dos condenados são 
desdobramentos do princípio da
(A) proporcionalidade.
(B) intervenção mínima do Estado.
(C) fragmentariedade do Direito Penal.
(D) humanidade.
(E) adequação social.
02. (DPE/MA - Defensor Público – 2015 - FCC) Para o Di-
reito Penal no Estado Social e Democrático de Direito, modelo 
de atuação do poder previsto na Constituição Federal, é correto 
afirmar que
(A) o poder do Estado é ilimitado e os direitos fundamentais 
têm concretização discricionária.
(B) o poder do Estado é limitado pelo princípio da legalidade 
e, aos cidadãos, está assegurada a plena garantia e juridicidade dos 
direitos fundamentais.
(C) o poder do Estado é limitado pela legalidade formal, mas 
não exerce a posição de garante dos direitos fundamentais muito 
embora haja sua juridicidade.
(D) o poder do Estado é ilimitado e os direitos fundamentais 
têm natureza cogente.
(E) o poder do Estado é limitado pelo princípio da legalidade e 
os direitos fundamentais têm efetividade condicionada.
03. (TRF -3ª REGIÃO - Analista Judiciário - Informática 
(+ provas) - 2014 - FCC)
No que concerne aos crimes contra o patrimônio,
(A) se o agente obteve vantagem ilícita, em prejuízo da víti-
ma, mediante fraude, responderá pelo delito de extorsão.
(B) se, no crime de roubo, em razão da violência empregada 
pelo agente, a vítima sofreu lesões corporais leves, a pena aumen-
ta-se de um terço.
(C) se configura o crime de receptação mesmo se a coisa tiver 
sido adquirida pelo agente sabendo ser produto de crime não clas-
sificado como de natureza patrimonial.
(D) não comete infração penal quem se apropria de coisa alheia 
vinda a seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza.
(E) o corte e a subtração de eucaliptos de propriedade alheia 
não configura, em tese, o crime de furto por não se tratar de bem 
móvel.
04. (PC-SP - Investigador de Polícia - 2014 - VUNESP) Nos 
termos do Código Penal, assinale a alternativa que contenha ape-
nas crimes contra o patrimônio.
(A) Homicídio; estelionato; extorsão
(B) Estelionato; furto; roubo.
(C) Dano; estupro; homicídio
(D) Furto; roubo; lesão corporal.
(E) Extorsão; lesão corporal; dano.
Didatismo e Conhecimento 27
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
05. (PC-TO - Delegado de Polícia – 2014 - Aroeira) É crime 
contra o patrimônio, em que somente se procede mediante repre-
sentação,
(A) o furto de coisa comum.
(B) a alteração de limites.
(C) o dano simples.
(D) a fraude à execução.
06. (CAIP-IMES - Câmara Municipal de São Caetano do 
Sul – SP - Procurador – CAIP – 2014 - IMES) A respeito do 
concurso de agentes (ou de pessoas), assinale a alternativa correta.
(A) Se a participação for de menor importância, a pena pode 
ser diminuída de um sexto até metade.
(B) Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos 
grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada 
em até um terço, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais 
grave
(C) Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide 
nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
(D) Se algum dos concorrentes quis participar de crime mais 
grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada 
até o triplo, na hipótese de ter sido previsível o resultado almejado.
07. (UFES - Assistente em Administração – 2012 - UFES) 
São crimes contra a Administração Pública, EXCETO:
(A) Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informa-
ções ou programa de informática sem autorização ou solicitação 
de autoridade competente.
(B) Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, 
a exercer, ou não exercer, arte, ofício, profissão ou indústria, ou a 
trabalhar, ou não trabalhar, durante certo período, ou em determi-
nados dias.
(C) Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no 
exercício do cargo, recebeu por erro de outrem.
(D) Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou 
qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a pos-
se em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio.
(E) Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem 
a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou par-
cialmente.
08. (TRF - 3ª REGIÃO - Técnico Judiciário - Informática 
(+ provas) -2016- FCC A respeito dos Crimes contra a Adminis-
tração pública, 
(A) o crime de resistência não se configura se a oposição do 
agente, mediante violência ou grave ameaça, não obstar a execu-
ção do ato legal do funcionário público.
(B) o não atendimento a ordem ilegal de funcionário público 
caracteriza o crime de desobediência. 
(C) no crime de denunciação caluniosa, o uso do anonimato 
agrava a pena a ser aplicada. 
(D) quem esconde em sua residência autor de crime de roubo 
para evitar a sua prisão em flagrante comete o crime de favoreci-
mento real. 
(E) o empréstimo de sacola para permitir o transporte e ocul-
tação de objetos furtados por outrem configura o crime de favore-
cimento pessoal.
09. (TJ-PB - Juiz Substituto – 2015 - CESPE) Constitui cau-
sa de aumento de pena o fato de o crime de incêndio ser praticado
(A) mediante utilização de explosivos.
(B) em situação de violência doméstica ou familiar contra a 
mulher
(C) em estaleiro, fábrica ou oficina. 
(D) em canteiro de obras em área de grande densidade demo-
gráfica e populacional. 
(E) por motivo fútil ou torpe.
10. (TJ/SP - Juiz – 2014- VUNESP) Assinale a opção ver-
dadeira. No Direito brasileiro posto, é elemento do tipo penal da 
Associação Criminosa:
(A) Voltar-se à prática de delitos cuja pena máxima supera 
cinco anos.
(B) Possuir ao menos três pessoas.
(C) Estruturação hierarquizada, com divisão de tarefas entre 
os seus membros.
(D) Possuir ao menos quatro pessoas.
RESPOSTAS
01. D.
O princípio da humanidade relaciona-se com os direitos hu-
manos, garantindo a dignidade da pessoa. O direito penal tem que 
ser humanitário quando aplica suas penas. Assim, este princípio 
determina a inconstitucionalidade de qualquer pena ou consequên-
cia do delito que crie uma deficiência física (morte, amputação, 
castração ou esterilização, intervenção neurológica etc.), como 
também qualquer consequência jurídica inapagável do delito.
02. B.
O princípio da legalidade trata-se de real limitação ao poder 
estatal de interferir na esfera de liberdades individuais, daí sua inclu-
são na Constituição entre os direitos e garantias fundamentais. Con-
siderando tal prerrogativa, o legislador constitucional fez expressa 
previsão desse princípio em duas oportunidades: art. 5, II, CF/88: 
“ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, 
senão em virtude de lei”; art. 5, XXXIX, CF/88: “Não há crime sem 
lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”.
03. C.
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, 
em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, 
ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
04. B.
Código Penal:
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, 
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-
-la, por qualquer meio,
05. A.
Furto de coisa comum
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para 
si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
Didatismo e Conhecimento 28
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, 
cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.
Embora o direito de punir continue sendo estatal, a iniciativa 
se transfere ao ofendido quando os delitos atingem sua intimidade, 
de forma que pode optar por não levar a questão a juízo, assim a 
legitimidade ativa é do próprio particular ofendido.
06. C.
Código Penal:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime in-
cide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade
07. B.
Constrangimento ilegal, Código Penal:
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave 
ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, 
a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a 
fazer o que ela não manda.
08. C.
Código Penal:
Denunciação caluniosa
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, 
de processo judicial, instauração de investigação administrativa, 
inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra al-
guém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente: (Redação dada 
pela Lei nº 10.028, de 2000)
(...)
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve 
de anonimato ou de nome suposto.
09. C.
Código Penal:
Art. 250, § 1º são causas que aumentam de um terço a pena de 
quem pratica o crimede incêndio:
I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem pecu-
niária em proveito próprio ou alheio;
II - se o incêndio é:
a) em casa habitada ou destinada a habitação;
b) em edifício público ou destinado a uso público ou a obra de 
assistência social ou de cultura;
c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de trans-
porte coletivo;
d) em estação ferroviária ou aeródromo;
e) em estaleiro, fábrica ou oficina;
f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável;
g) em poço petrolífico ou galeria de mineração;
h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.
10. B.
Código Penal:
Artigo 288: Associação Criminosa: Associarem-se 3 (três) ou 
mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes.
NOÇÕES DE DIREITO 
CONSTITUCIONAL
Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
1. DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS.
1) Fundamentos da República
O título I da Constituição Federal trata dos princípios funda-
mentais do Estado brasileiro e começa, em seu artigo 1º, traba-
lhando com os fundamentos da República Federativa brasileira, ou 
seja, com as bases estruturantes do Estado nacional.
Neste sentido, disciplina: 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união 
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, cons-
titui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamen-
tos: 
I - a soberania; 
II - a cidadania; 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce 
por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos des-
ta Constituição.
Vale estudar o significado e a abrangência de cada qual destes 
fundamentos.
1.1) Soberania
Soberania significa o poder supremo que cada nação possui de 
se autogovernar e se autodeterminar. Este conceito surgiu no Es-
tado Moderno, com a ascensão do absolutismo, colocando o reina 
posição de soberano. Sendo assim, poderia governar como bem 
entendesse, pois seu poder era exclusivo, inabalável, ilimitado, 
atemporal e divino, ou seja, absoluto. 
Neste sentido, Thomas Hobbes1, na obra Leviatã, defende que 
quando os homens abrem mão do estado natural, deixa de predo-
minar a lei do mais forte, mas para a consolidação deste tipo de 
sociedade é necessária a presença de uma autoridade à qual todos 
os membros devem render o suficiente da sua liberdade natural, 
permitindo que esta autoridade possa assegurar a paz interna e a 
defesa comum. Este soberano, que à época da escrita da obra de 
Hobbes se consolidava no monarca, deveria ser o Leviatã, uma 
autoridade inquestionável. 
No mesmo direcionamento se encontra a obra de Maquiavel2, 
que rejeitou a concepção de um soberano que deveria ser justo e 
ético para com o seu povo, desde que sempre tivesse em vista a 
finalidade primordial de manter o Estado íntegro: “na conduta dos 
homens, especialmente dos príncipes, contra a qual não há recur-
so, os fins justificam os meios. Portanto, se um príncipe pretende 
conquistar e manter o poder, os meios que empregue serão sempre 
tidos como honrosos, e elogiados por todos, pois o vulgo atenta 
sempre para as aparências e os resultados”.
1 MALMESBURY, Thomas Hobbes de. Leviatã. 
Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. [s.c]: 
[s.n.], 1861. 
2 MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Tradução Pietro 
Nassetti. São Paulo: Martin Claret, 2007, p. 111.
A concepção de soberania inerente ao monarca se quebrou 
numa fase posterior, notadamente com a ascensão do ideário ilu-
minista. Com efeito, passou-se a enxergar a soberania como um 
poder que repousa no povo. Logo, a autoridade absoluta da qual 
emana o poder é o povo e a legitimidade do exercício do poder no 
Estado emana deste povo.
Com efeito, no Estado Democrático se garante a soberania 
popular, que pode ser conceituada como “a qualidade máxima do 
poder extraída da soma dos atributos de cada membro da socie-
dade estatal, encarregado de escolher os seus representantes no 
governo por meio do sufrágio universal e do voto direto, secreto 
e igualitário”3.
Neste sentido, liga-se diretamente ao parágrafo único do ar-
tigo 1º, CF, que prevê que “todo o poder emana do povo, que o 
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos ter-
mos desta Constituição”. O povo é soberano em suas decisões e as 
autoridades eleitas que decidem em nome dele, representando-o, 
devem estar devidamente legitimadas para tanto, o que acontece 
pelo exercício do sufrágio universal.
Por seu turno, a soberania nacional é princípio geral da ativi-
dade econômica (artigo 170, I, CF), restando demonstrado que não 
somente é guia da atuação política do Estado, mas também de sua 
atuação econômica. Neste sentido, deve-se preservar e incentivar 
a indústria e a economia nacionais.
1.2) Cidadania
Quando se afirma no caput do artigo 1º que a República Fe-
derativa do Brasil é um Estado Democrático de Direito, remete-se 
à ideia de que o Brasil adota a democracia como regime político. 
Historicamente, nota-se que por volta de 800 a.C. as comuni-
dades de aldeias começaram a ceder lugar para unidades políticas 
maiores, surgindo as chamadas cidades estado ou polis, como Te-
bas, Esparta e Atenas. Inicialmente eram monarquias, transforma-
ram-se em oligarquias e, por volta dos séculos V e VI a.C., torna-
ram-se democracias. Com efeito, as origens da chamada democra-
cia se encontram na Grécia antiga, sendo permitida a participação 
direta daqueles poucos que eram considerados cidadãos, por meio 
da discussão na polis.
Democracia (do grego, demo+kratos) é um regime político 
em que o poder de tomar decisões políticas está com os cidadãos, 
de forma direta (quando um cidadão se reúne com os demais e, 
juntos, eles tomam a decisão política) ou indireta (quando ao cida-
dão é dado o poder de eleger um representante). 
Portanto, o conceito de democracia está diretamente ligado ao 
de cidadania, notadamente porque apenas quem possui cidadania 
está apto a participar das decisões políticas a serem tomadas pelo 
Estado. 
Cidadão é o nacional, isto é, aquele que possui o vínculo 
político-jurídico da nacionalidade com o Estado, que goza de 
direitos políticos, ou seja, que pode votar e ser votado (sufrágio 
universal).
Destacam-se os seguintes conceitos correlatos:
a) Nacionalidade: é o vínculo jurídico-político que liga um in-
divíduo a determinado Estado, fazendo com que ele passe a integrar 
o povo daquele Estado, desfrutando assim de direitos e obrigações.
b) Povo: conjunto de pessoas que compõem o Estado, unidas 
pelo vínculo da nacionalidade.
c) População: conjunto de pessoas residentes no Estado, na-
cionais ou não.
3 BULOS, Uadi Lammêngo. Constituição federal ano-
tada. São Paulo: Saraiva, 2000.
Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Depreende-se que a cidadania é um atributo conferido aos na-
cionais titulares de direitos políticos, permitindo a consolidação do 
sistema democrático.
1.3) Dignidade da pessoa humana
A dignidade da pessoa humana é o valor-base de interpretação 
de qualquer sistema jurídico, internacional ou nacional, que possa se 
considerar compatível com os valores éticos, notadamente da moral, 
da justiça e da democracia. Pensar em dignidade da pessoa humana 
significa, acima de tudo, colocar a pessoa humana como centro e nor-
te para qualquer processo de interpretação jurídico, seja na elabora-
ção da norma, seja na sua aplicação.
Sem pretender estabelecer uma definição fechada ou plena, é 
possível conceituar dignidade da pessoa humana como o principal 
valor do ordenamento ético e, por consequência, jurídico que pre-
tende colocar a pessoa humana como um sujeito pleno de direitos e 
obrigações na ordem internacional e nacional, cujo desrespeito acar-
reta a própria exclusãode sua personalidade.
Aponta Barroso4: “o princípio da dignidade da pessoa humana 
identifica um espaço de integridade moral a ser assegurado a todas 
as pessoas por sua só existência no mundo. É um respeito à criação, 
independente da crença que se professe quanto à sua origem. A dig-
nidade relaciona-se tanto com a liberdade e valores do espírito como 
com as condições materiais de subsistência”. 
O Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, do Tri-
bunal Superior do Trabalho, trouxe interessante conceito numa das 
decisões que relatou: “a dignidade consiste na percepção intrínseca 
de cada ser humano a respeito dos direitos e obrigações, de modo a 
assegurar, sob o foco de condições existenciais mínimas, a participa-
ção saudável e ativa nos destinos escolhidos, sem que isso importe 
destilação dos valores soberanos da democracia e das liberdades in-
dividuais. O processo de valorização do indivíduo articula a promo-
ção de escolhas, posturas e sonhos, sem olvidar que o espectro de 
abrangência das liberdades individuais encontra limitação em outros 
direitos fundamentais, tais como a honra, a vida privada, a intimida-
de, a imagem. Sobreleva registrar que essas garantias, associadas ao 
princípio da dignidade da pessoa humana, subsistem como conquista 
da humanidade, razão pela qual auferiram proteção especial consis-
tente em indenização por dano moral decorrente de sua violação”5.
Para Reale6, a evolução histórica demonstra o domínio de um 
valor sobre o outro, ou seja, a existência de uma ordem gradativa 
entre os valores; mas existem os valores fundamentais e os secundá-
rios, sendo que o valor fonte é o da pessoa humana. Nesse sentido, 
são os dizeres de Reale7: “partimos dessa ideia, a nosso ver básica, de 
que a pessoa humana é o valor-fonte de todos os valores. O homem, 
como ser natural biopsíquico, é apenas um indivíduo entre outros 
indivíduos, um ente animal entre os demais da mesma espécie. O 
homem, considerado na sua objetividade espiritual, enquanto ser que 
só realiza no sentido de seu dever ser, é o que chamamos de pessoa. 
Só o homem possui a dignidade originária de ser enquanto deve 
ser, pondo-se essencialmente como razão determinante do proces-
so histórico”. 
4 BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação 
da Constituição. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 382.
5 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Recurso de 
Revista n. 259300-59.2007.5.02.0202. Relator: Alberto Luiz Bresciani de 
Fontan Pereira. Brasília, 05 de setembro de 2012j1. Disponível em: www.tst.
gov.br. Acesso em: 17 nov. 2012.
6 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2002, p. 228.
7 Ibid., p. 220.
Quando a Constituição Federal assegura a dignidade da pes-
soa humana como um dos fundamentos da República, faz emergir 
uma nova concepção de proteção de cada membro do seu povo. Tal 
ideologia de forte fulcro humanista guia a afirmação de todos os 
direitos fundamentais e confere a eles posição hierárquica superior 
às normas organizacionais do Estado, de modo que é o Estado que 
está para o povo, devendo garantir a dignidade de seus membros, 
e não o inverso.
1.4) Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
Quando o constituinte coloca os valores sociais do trabalho em 
paridade com a livre iniciativa fica clara a percepção de necessário 
equilíbrio entre estas duas concepções. De um lado, é necessário 
garantir direitos aos trabalhadores, notadamente consolidados nos 
direitos sociais enumerados no artigo 7º da Constituição; por outro 
lado, estes direitos não devem ser óbice ao exercício da livre ini-
ciativa, mas sim vetores que reforcem o exercício desta liberdade 
dentro dos limites da justiça social, evitando o predomínio do mais 
forte sobre o mais fraco.
Por livre iniciativa entenda-se a liberdade de iniciar a explora-
ção de atividades econômicas no território brasileiro, coibindo-se 
práticas de truste (ex.: monopólio). O constituinte não tem a in-
tenção de impedir a livre iniciativa, até mesmo porque o Estado 
nacional necessita dela para crescer economicamente e adequar sua 
estrutura ao atendimento crescente das necessidades de todos os 
que nele vivem. Sem crescimento econômico, nem ao menos é pos-
sível garantir os direitos econômicos, sociais e culturais afirmados 
na Constituição Federal como direitos fundamentais.
No entanto, a exploração da livre iniciativa deve se dar de ma-
neira racional, tendo em vista os direitos inerentes aos trabalhadores, 
no que se consolida a expressão “valores sociais do trabalho”. A pes-
soa que trabalha para aquele que explora a livre iniciativa deve ter a 
sua dignidade respeitada em todas as suas dimensões, não somente 
no que tange aos direitos sociais, mas em relação a todos os direitos 
fundamentais afirmados pelo constituinte.
A questão resta melhor delimitada no título VI do texto constitu-
cional, que aborda a ordem econômica e financeira: “
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do tra-
balho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos 
existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados 
os seguintes princípios [...]”. Nota-se no caput a repetição do funda-
mento republicano dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.
Por sua vez, são princípios instrumentais para a efetivação 
deste fundamento, conforme previsão do artigo 1º e do artigo 170, 
ambos da Constituição, o princípio da livre concorrência (artigo 
170, IV, CF), o princípio da busca do pleno emprego (artigo 170, 
VIII, CF) e o princípio do tratamento favorecido para as empresas 
de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham 
sua sede e administração no País (artigo 170, IX, CF). Ainda, asse-
gurando a livre iniciativa no exercício de atividades econômicas, o 
parágrafo único do artigo 170 prevê: “é assegurado a todos o livre 
exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de 
autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei”.
1.5) Pluralismo político
A expressão pluralismo remete ao reconhecimento da multi-
plicidade de ideologias culturais, religiosas, econômicas e sociais 
no âmbito de uma nação. Quando se fala em pluralismo político, 
afirma-se que mais do que incorporar esta multiplicidade de ideo-
logias cabe ao Estado nacional fornecer espaço para a manifesta-
ção política delas.
Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Sendo assim, pluralismo político significa não só respeitar a 
multiplicidade de opiniões e ideias, mas acima de tudo garantir 
a existência dela, permitindo que os vários grupos que compõem 
os mais diversos setores sociais possam se fazer ouvir mediante a 
liberdade de expressão, manifestação e opinião, bem como possam 
exigir do Estado substrato para se fazerem subsistir na sociedade.
Pluralismo político vai além do pluripartidarismo ou multi-
partidarismo, que é apenas uma de suas consequências e garante 
que mesmo os partidos menores e com poucos representantes se-
jam ouvidos na tomada de decisões políticas, porque abrange uma 
verdadeira concepção de multiculturalidade no âmbito interno.
2) Separação dos Poderes
São três os Poderes do Estado, independentes e harmônicos 
entre si: Executivo, Legislativo e Judiciário. A separação de Pode-
res é inerente ao modelo do Estado Democrático de Direito, impe-
dindo a monopolização do poder e, por conseguinte, a tirania e a 
opressão. Resta garantida no artigo 2º da Constituição Federal com 
o seguinte teor: 
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos 
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 
Se, por um lado, o Estado é uno, até mesmo por se legitimar 
na soberania popular; por outro lado, é necessária a divisão de fun-
ções das atividades estatais de maneira equilibrada, o que se faz 
pela divisão de Poderes.
O constituinte afirma queestes poderes são independentes e 
harmônicos entre si. Independência significa que cada qual possui 
poder para se autogerir, notadamente pela capacidade de organi-
zação estrutural (criação de cargos e subdivisões) e orçamentária 
(divisão de seus recursos conforme legislação por eles mesmos 
elaborada). Harmonia significa que cada Poder deve respeitar os 
limites de competência do outro e não se imiscuir indevidamente 
em suas atividades típicas.
A noção de separação de Poderes começou a tomar forma com 
o ideário iluminista. Neste viés, o Iluminismo lançou base para os 
dois principais eventos que ocorreram no início da Idade Contem-
porânea, quais sejam as Revoluções Francesa e Industrial. Entre os 
pensadores que lançaram as ideias que vieram a ser utilizadas no 
ideário das Revoluções Francesa e Americana se destacam Locke, 
Montesquieu e Rousseau, sendo que Montesquieu foi o que mais 
trabalhou com a concepção de separação dos Poderes.
Montesquieu (1689 – 1755) avançou nos estudos de Locke, 
que também entendia necessária a separação dos Poderes, e na 
obra O Espírito das Leis estabeleceu em definitivo a clássica di-
visão de poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. O pensador 
viveu na França, numa época em que o absolutismo estava cada 
vez mais forte.
O objeto central da principal obra de Montesquieu8 não é a lei 
regida nas relações entre os homens, mas as leis e instituições cria-
das pelos homens para reger as relações entre os homens. Segundo 
Montesquieu9, as leis criam costumes que regem o comportamento 
humano, sendo influenciadas por diversos fatores, não apenas pela 
razão.
8 MONTESQUIEU, Charles de Secondat. O Espírito 
das Leis. Tradução Fernando Henrique Cardoso e Leôncio Martins Rodri-
gues. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 25.
9 Ibid., p. 26.
Quanto à fonte do poder, diferencia-se, segundo Montes-
quieu10, do modo como se dará o seu exercício, uma vez que o 
poder emana do povo, apto a escolher mas inapto a governar, sen-
do necessário que seu interesse seja representado conforme sua 
vontade.
Montesquieu11 estabeleceu como condição do Estado de Di-
reito a separação dos Poderes em Legislativo, Judiciário e Exe-
cutivo – que devem se equilibrar –, servindo o primeiro para a 
elaboração, a correção e a ab-rogação de leis, o segundo para a 
promoção da paz e da guerra e a garantia de segurança, e o terceiro 
para julgar (mesmo os próprios Poderes).
Cada Poder possui funções típicas e atípicas. Por função 
típica entenda-se aquela para a qual o Poder foi criado. 
a) Função típica do Poder Executivo: administrar – gerir a 
coisa pública e aplicar a lei; 
b) Funções típicas do Poder Legislativo: legislar – alterando 
e criando a ordem jurídica vigente – e fiscalizar o Executivo – fis-
calizando a contabilidade, o orçamento, as finanças e o patrimônio 
do Executivo;
c) Função típica do Poder Judiciário: julgar – solucionar 
litígios e fazer valer a lei no caso concreto e, eventualmente, em 
casos abstratos, como no controle de constitucionalidade. 
Funções atípicas são aquelas que tradicionalmente pertence-
riam a outro Poder, mas por ser tal função inerente à sua natureza 
será por ele mesmo desempenhada.
a) Funções atípicas do Poder Executivo: legislar – notada-
mente quando o Presidente da República adota uma medida pro-
visória (art. 62, CF) – e julgar –no que tange a defesas e recursos 
administrativos;
b) Funções atípicas do Poder Legislativo: auto organizar-se 
(função executiva) – dispondo sobre organização, provimento de 
cargos, concessão de férias e licenças a seus servidores, etc. – e 
julgar – a exemplo do julgamento do Presidente da República por 
crime de responsabilidade pelo Senado Federal (art. 52, I, CF);
c) Funções atípicas do Poder Judiciário: auto organizar-se 
(função executiva) – dispondo sobre organização, estrutura, con-
cessão de férias e licenças a seus servidores, etc. – e legislar – ela-
borando o regimento interno de seus Tribunais, por exemplo (art. 
96, CF).
3) Objetivos fundamentais
O constituinte trabalha no artigo 3º da Constituição Federal 
com os objetivos da República Federativa do Brasil, nos seguintes 
termos: 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Fe-
derativa do Brasil: 
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II - garantir o desenvolvimento nacional; 
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi-
gualdades sociais e regionais; 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, 
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
10 Ibid., p. 32.
11 Ibid., p. 148-149.
Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
3.1) Construir uma sociedade livre, justa e solidária
O inciso I do artigo 3º merece destaque ao trazer a expres-
são “livre, justa e solidária”, que corresponde à tríade liberdade, 
igualdade e fraternidade. Esta tríade consolida as três dimensões 
de direitos humanos: a primeira dimensão, voltada à pessoa como 
indivíduo, refere-se aos direitos civis e políticos; a segunda dimen-
são, focada na promoção da igualdade material, remete aos direitos 
econômicos, sociais e culturais; e a terceira dimensão se concentra 
numa perspectiva difusa e coletiva dos direitos fundamentais. 
Sendo assim, a República brasileira pretende garantir a pre-
servação de direitos fundamentais inatos à pessoa humana em 
todas as suas dimensões, indissociáveis e interconectadas. Daí o 
texto constitucional guardar espaço de destaque para cada uma 
destas perspectivas. 
3.2) Garantir o desenvolvimento nacional
Para que o governo possa prover todas as condições necessá-
rias à implementação de todos os direitos fundamentais da pessoa 
humana mostra-se essencial que o país se desenvolva, cresça eco-
nomicamente, de modo que cada indivíduo passe a ter condições 
de perseguir suas metas.
3.3) Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as 
desigualdades sociais e regionais
Garantir o desenvolvimento econômico não basta para a cons-
trução de uma sociedade justa e solidária. É necessário ir além e 
nunca perder de vista a perspectiva da igualdade material. Logo, 
a injeção econômica deve permitir o investimento nos setores me-
nos favorecidos, diminuindo as desigualdades sociais e regionais e 
paulatinamente erradicando a pobreza. 
O impacto econômico deste objetivo fundamental é tão rele-
vante que o artigo 170 da Constituição prevê em seu inciso VII a 
“redução das desigualdades regionais e sociais” como um princí-
pio que deve reger a atividade econômica. A menção deste princí-
pio implica em afirmar que as políticas públicas econômico-finan-
ceiras deverão se guiar pela busca da redução das desigualdades, 
fornecendo incentivos específicos para a exploração da atividade 
econômica em zonas economicamente marginalizadas.
3.4) Promover o bem de todos, sem preconceitos de ori-
gem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de dis-
criminação
Ainda no ideário de justiça social, coloca-se o princípio da 
igualdade como objetivo a ser alcançado pela República brasileira. 
Sendo assim, a república deve promover o princípio da igualdade 
e consolidar o bem comum. Em verdade, a promoção do bem co-
mum pressupõe a prevalência do princípio da igualdade.
Sobre o bem de todos, isto é, o bem comum, o filósofo Jacques 
Maritain12 ressaltou que o fim da sociedade é o seu bem comum, 
mas esse bem comum é o das pessoas humanas, que compõem a 
sociedade. Com base neste ideário, apontou as características es-
senciais do bem comum: redistribuição, pela qual o bem comum 
deve ser redistribuído às pessoas e colaborar para o desenvolvi-
mento delas; respeito à autoridade na sociedade, pois a autoridade 
é necessária para conduzir a comunidade de pessoas humanas para 
o bem comum; moralidade, que constitui a retidão de vida, sendo 
a justiça e a retidãomoral elementos essenciais do bem comum.
12 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a 
lei natural. 3. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967, 
p. 20-22. 
4) Princípios de relações internacionais (artigo 4º)
O último artigo do título I trabalha com os princípios que re-
gem as relações internacionais da República brasileira: 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas rela-
ções internacionais pelos seguintes princípios: 
I - independência nacional; 
II - prevalência dos direitos humanos; 
III - autodeterminação dos povos; 
IV - não-intervenção; 
V - igualdade entre os Estados; 
VI - defesa da paz; 
VII - solução pacífica dos conflitos; 
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humani-
dade; 
X - concessão de asilo político. 
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará 
a integração econômica, política, social e cultural dos povos da 
América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-a-
mericana de nações.
De maneira geral, percebe-se na Constituição Federal a com-
preensão de que a soberania do Estado nacional brasileiro não per-
mite a sobreposição em relação à soberania dos demais Estados, 
bem como de que é necessário respeitar determinadas práticas ine-
rentes ao direito internacional dos direitos humanos.
4.1) Independência nacional
A formação de uma comunidade internacional não significa a 
eliminação da soberania dos países, mas apenas uma relativização, 
limitando as atitudes por ele tomadas em prol da preservação do 
bem comum e da paz mundial. Na verdade, o próprio compromisso 
de respeito aos direitos humanos traduz a limitação das ações esta-
tais, que sempre devem se guiar por eles. Logo, o Brasil é um país 
independente, que não responde a nenhum outro, mas que como 
qualquer outro possui um dever para com a humanidade e os direi-
tos inatos a cada um de seus membros.
4.2) Prevalência dos direitos humanos
O Estado existe para o homem e não o inverso. Portanto, toda 
normativa existe para a sua proteção como pessoa humana e o Es-
tado tem o dever de servir a este fim de preservação. A única forma 
de fazer isso é adotando a pessoa humana como valor-fonte de todo 
o ordenamento, o que somente é possível com a compreensão de 
que os direitos humanos possuem uma posição prioritária no orde-
namento jurídico-constitucional.
Conceituar direitos humanos é uma tarefa complicada, mas, 
em síntese, pode-se afirmar que direitos humanos são aqueles ine-
rentes ao homem enquanto condição para sua dignidade que usual-
mente são descritos em documentos internacionais para que sejam 
mais seguramente garantidos. A conquista de direitos da pessoa 
humana é, na verdade, uma busca da dignidade da pessoa humana.
4.3) Autodeterminação dos povos
A premissa dos direitos políticos é a autodeterminação dos po-
vos. Neste sentido, embora cada Estado tenha obrigações de direito 
internacional que deve respeitar para a adequada consecução dos 
fins da comunidade internacional, também tem o direito de se auto-
determinar, sendo que tal autodeterminação é feita pelo seu povo.
Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Se autodeterminar significa garantir a liberdade do povo na 
tomada das decisões políticas, logo, o direito à autodeterminação 
pressupõe a exclusão do colonialismo. Não se aceita a ideia de que 
um Estado domine o outro, tirando a sua autodeterminação.
4.4) Não-intervenção
Por não-intervenção entenda-se que o Estado brasileiro irá 
respeitar a soberania dos demais Estados nacionais. Sendo assim, 
adotará práticas diplomáticas e respeitará as decisões políticas to-
madas no âmbito de cada Estado, eis que são paritários na ordem 
internacional.
4.5) Igualdade entre os Estados
Por este princípio se reconhece uma posição de paridade, ou 
seja, de igualdade hierárquica, na ordem internacional entre todos 
os Estados. Em razão disso, cada Estado possuirá direito de voz e 
voto na tomada de decisões políticas na ordem internacional em 
cada organização da qual faça parte e deverá ter sua opinião res-
peitada.
4.6) Defesa da paz
O direito à paz vai muito além do direito de viver num mundo 
sem guerras, atingindo o direito de ter paz social, de ver seus direi-
tos respeitados em sociedade. Os direitos e liberdades garantidos 
internacionalmente não podem ser destruídos com fundamento nas 
normas que surgiram para protegê-los, o que seria controverso. Em 
termos de relações internacionais, depreende-se que deve ser sem-
pre priorizada a solução amistosa de conflitos.
4.7) Solução pacífica dos conflitos
Decorrendo da defesa da paz, este princípio remete à necessi-
dade de diplomacia nas relações internacionais. Caso surjam con-
flitos entre Estados nacionais, estes deverão ser dirimidos de forma 
amistosa.
Negociação diplomática, serviços amistosos, bons ofícios, 
mediação, sistema de consultas, conciliação e inquérito são os 
meios diplomáticos de solução de controvérsias internacionais, 
não havendo hierarquia entre eles. Somente o inquérito é um pro-
cedimento preliminar e facultativo à apuração da materialidade 
dos fatos, podendo servir de base para qualquer meio de solução 
de conflito13. Conceitua Neves14: 
- “Negociação diplomática é a forma de auto composição em 
que os Estados oponentes buscam resolver suas divergências de 
forma direta, por via diplomática”;
- “Serviços amistosos é um meio de solução pacífica de con-
flito, sem aspecto oficial, em que o governo designa um diplomada 
para sua conclusão”;
- “Bons ofícios constituem o meio diplomático de solução pa-
cífica de controvérsia internacional, em que um Estado, uma orga-
nização internacional ou até mesmo um chefe de Estado apresenta-
se como moderador entre os litigantes”;
- “Mediação define-se como instituto por meio do qual uma 
terceira pessoa estranha à contenda, mas aceita pelos litigantes, de 
forma voluntária ou em razão de estipulação anterior, toma conhe-
cimento da divergência e dos argumentos sustentados pelas partes, 
e propõe uma solução pacífica sujeita à aceitação destas”;
13 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional Pú-
blico & Direito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009, p. 123.
14 Ibid., p. 123-126.
- “Sistema de Consultas constitui-se em meio diplomático de 
solução de litígios em que os Estados ou organizações internacio-
nais sujeitam-se, sem qualquer interferência pessoal externa, a en-
contros periódicos com o objetivo de compor suas divergências”.
4.8) Repúdio ao terrorismo e ao racismo
Terrorismo é o uso de violência através de ataques localizados 
a elementos ou instalações de um governo ou da população civil, 
de modo a incutir medo, terror, e assim obter efeitos psicológicos 
que ultrapassem largamente o círculo das vítimas, incluindo, antes, 
o resto da população do território. 
Racismo é a prática de atos discriminatórios baseados em di-
ferenças étnico-raciais, que podem consistirem violência física ou 
psicológica direcionada a uma pessoa ou a um grupo de pessoas 
pela simples questão biológica herdada por sua raça ou etnia.
Sendo o Brasil um país que prega o pacifismo e que é assumi-
damente pluralista, ambas práticas são consideradas vis e devem 
ser repudiadas pelo Estado nacional. 
4.9) Cooperação entre os povos para o progresso da hu-
manidade
A cooperação internacional deve ser especialmente econômi-
ca e técnica, a fim de conseguir progressivamente a plena efeti-
vidade dos direitos humanos fundamentais internacionalmente 
reconhecidos. 
Os países devem colaborar uns com os outros, o que é possível 
mediante a integração no âmbito de organizações internacionais 
específicas, regionais ou globais.
Em relação a este princípio, o artigo 4º se aprofunda em seu 
parágrafo único, destacando a importância da cooperação brasilei-ra no âmbito regional: “A República Federativa do Brasil buscará 
a integração econômica, política, social e cultural dos povos da 
América Latina, visando à formação de uma comunidade latino
-americana de nações”. Neste sentido, o papel desempenhado no 
MERCOSUL.
4.10) Concessão de asilo político
Direito de asilo é o direito de buscar abrigo em outro país 
quando naquele do qual for nacional estiver sofrendo alguma per-
seguição. Tal perseguição não pode ter motivos legítimos, como a 
prática de crimes comuns ou de atos atentatórios aos princípios das 
Nações Unidas, o que subverteria a própria finalidade desta prote-
ção. Em suma, o que se pretende com o direito de asilo é evitar a 
consolidação de ameaças a direitos humanos de uma pessoa por 
parte daqueles que deveriam protegê-los – isto é, os governantes e 
os entes sociais como um todo –, e não proteger pessoas que justa-
mente cometeram tais violações.
“Sendo direito humano da pessoa refugiada, é obrigação do 
Estado asilante conceder o asilo. Entretanto, prevalece o entendi-
mento que o Estado não tem esta obrigação, nem de fundamentar 
a recusa. A segunda parte deste artigo permite a interpretação no 
sentido de que é o Estado asilante que subjetivamente enquadra o 
refugiado como asilado político ou criminoso comum”15.
15 SANTOS FILHO, Oswaldo de Souza. Comentários aos 
artigos XIII e XIV. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declara-
ção Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 83.
Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
2. DOS DIREITOS E GARANTIAS 
FUNDAMENTAIS (DIREITOS E DEVERES 
INDIVIDUAIS E COLETIVOS).
O título II da Constituição Federal é intitulado “Direitos e Ga-
rantias fundamentais”, gênero que abrange as seguintes espécies 
de direitos fundamentais: direitos individuais e coletivos (art. 5º, 
CF), direitos sociais (genericamente previstos no art. 6º, CF), di-
reitos da nacionalidade (artigos 12 e 13, CF) e direitos políticos 
(artigos 14 a 17, CF). 
Em termos comparativos à clássica divisão tridimensional dos 
direitos humanos, os direitos individuais (maior parte do artigo 5º, 
CF), os direitos da nacionalidade e os direitos políticos se encai-
xam na primeira dimensão (direitos civis e políticos); os direitos 
sociais se enquadram na segunda dimensão (direitos econômicos, 
sociais e culturais) e os direitos coletivos na terceira dimensão. 
Contudo, a enumeração de direitos humanos na Constituição vai 
além dos direitos que expressamente constam no título II do texto 
constitucional.
Os direitos fundamentais possuem as seguintes características 
principais:
a) Historicidade: os direitos fundamentais possuem antece-
dentes históricos relevantes e, através dos tempos, adquirem novas 
perspectivas. Nesta característica se enquadra a noção de dimen-
sões de direitos.
b) Universalidade: os direitos fundamentais pertencem a to-
dos, tanto que apesar da expressão restritiva do caput do artigo 5º 
aos brasileiros e estrangeiros residentes no país tem se entendido 
pela extensão destes direitos, na perspectiva de prevalência dos 
direitos humanos.
c) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não possuem 
conteúdo econômico-patrimonial, logo, são intransferíveis, inego-
ciáveis e indisponíveis, estando fora do comércio, o que evidencia 
uma limitação do princípio da autonomia privada.
d) Irrenunciabilidade: direitos fundamentais não podem ser 
renunciados pelo seu titular devido à fundamentalidade material 
destes direitos para a dignidade da pessoa humana.
e) Inviolabilidade: direitos fundamentais não podem deixar de 
ser observados por disposições infraconstitucionais ou por atos das 
autoridades públicas, sob pena de nulidades.
f) Indivisibilidade: os direitos fundamentais compõem um 
único conjunto de direitos porque não podem ser analisados de 
maneira isolada, separada.
g) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não se perdem 
com o tempo, não prescrevem, uma vez que são sempre exercíveis 
e exercidos, não deixando de existir pela falta de uso (prescrição).
h) Relatividade: os direitos fundamentais não podem ser uti-
lizados como um escudo para práticas ilícitas ou como argumento 
para afastamento ou diminuição da responsabilidade por atos ilí-
citos, assim estes direitos não são ilimitados e encontram seus li-
mites nos demais direitos igualmente consagrados como humanos.
O capítulo I do título II é intitulado “direitos e deveres indivi-
duais e coletivos”. Da própria nomenclatura do capítulo já se extrai 
que a proteção vai além dos direitos do indivíduo e também abran-
ge direitos da coletividade. A maior parte dos direitos enumerados 
no artigo 5º do texto constitucional é de direitos individuais, mas 
são incluídos alguns direitos coletivos e mesmo remédios consti-
tucionais próprios para a tutela destes direitos coletivos (ex.: man-
dado de segurança coletivo).
1) Brasileiros e estrangeiros
O caput do artigo 5º aparenta restringir a proteção conferida 
pelo dispositivo a algumas pessoas, notadamente, “aos brasileiros 
e aos estrangeiros residentes no País”. No entanto, tal restrição é 
apenas aparente e tem sido interpretada no sentido de que os direi-
tos estarão protegidos com relação a todas as pessoas nos limites 
da soberania do país. 
Em razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode ingressar 
com habeas corpus ou mandado de segurança, ou então intentar 
ação reivindicatória com relação a imóvel seu localizado no Brasil 
(ainda que não resida no país). 
Somente alguns direitos não são estendidos a todas as pessoas. 
A exemplo, o direito de intentar ação popular exige a condição 
de cidadão, que só é possuída por nacionais titulares de direitos 
políticos. 
3) Relação direitos-deveres
O capítulo em estudo é denominado “direitos e garantias de-
veres e coletivos”, remetendo à necessária relação direitos-deve-
res entre os titulares dos direitos fundamentais. Acima de tudo, 
o que se deve ter em vista é a premissa reconhecida nos direitos 
fundamentais de que não há direito que seja absoluto, correspon-
dendo-se para cada direito um dever. Logo, o exercício de direitos 
fundamentais é limitado pelo igual direito de mesmo exercício por 
parte de outrem, não sendo nunca absolutos, mas sempre relativos.
Explica Canotilho quanto aos direitos fundamentais: “a ideia 
de deveres fundamentais é suscetível de ser entendida como o ‘ou-
tro lado’ dos direitos fundamentais. Como ao titular de um direito 
fundamental corresponde um dever por parte de um outro titu-
lar, poder-se-ia dizer que o particular está vinculado aos direitos 
fundamentais como destinatário de um dever fundamental. Neste 
sentido, um direito fundamental, enquanto protegido, pressuporia 
um dever correspondente”. Com efeito, a um direito fundamental 
conferido à pessoa corresponde o dever de respeito ao arcabouço 
de direitos conferidos às outras pessoas.
4) Direitos fundamentais implícitos
Nos termos do § 2º do artigo 5º da Constituição Federal:
Art.go 5º, §2º, CF. Os direitos e garantias expressos nes-
ta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos 
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que 
a República Federativa do Brasil seja parte
Daí se depreende que os direitos ou garantias podem estar ex-
pressos ou implícitos no texto constitucional. Sendo assim, o rol 
enumerado nos incisos do artigo 5º é apenas exemplificativo, não 
taxativo.
5) Tratados internacionais incorporados ao ordenamento in-
terno
Estabelece o artigo 5º, § 2º, CF que os direitos e garantias 
podem decorrer, dentre outras fontes, dos “tratados internacionais 
em que a República Federativa do Brasil seja parte”.
Para o tratado internacional ingressar no ordenamento jurídi-
co brasileiro deve ser observado um procedimento complexo, que 
exige o cumprimento de quatro fases: a negociação (bilateralou 
multilateral, com posterior assinatura do Presidente da República), 
submissão do tratado assinado ao Congresso Nacional (que dará 
Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
referendo por meio do decreto legislativo), ratificação do tratado 
(confirmação da obrigação perante a comunidade internacional) 
e a promulgação e publicação do tratado pelo Poder Executivo . 
Notadamente, quando o constituinte menciona os tratados interna-
cionais no §2º do artigo 5º refere-se àqueles que tenham por fulcro 
ampliar o rol de direitos do artigo 5º, ou seja, tratado internacional 
de direitos humanos.
O §1° e o §2° do artigo 5° existiam de maneira originária na 
Constituição Federal, conferindo o caráter de primazia dos direi-
tos humanos, desde logo consagrando o princípio da primazia dos 
direitos humanos, como reconhecido pela doutrina e jurisprudên-
cia majoritários na época. “O princípio da primazia dos direitos 
humanos nas relações internacionais implica em que o Brasil deve 
incorporar os tratados quanto ao tema ao ordenamento interno bra-
sileiro e respeitá-los. Implica, também em que as normas voltadas 
à proteção da dignidade em caráter universal devem ser aplicadas 
no Brasil em caráter prioritário em relação a outras normas” .
Regra geral, os tratados internacionais comuns ingressam com 
força de lei ordinária no ordenamento jurídico brasileiro porque 
somente existe previsão constitucional quanto à possibilidade da 
equiparação às emendas constitucionais se o tratado abranger ma-
téria de direitos humanos. Antes da emenda alterou o quadro quan-
to aos tratados de direitos humanos, era o que acontecia, mas isso 
não significa que tais direitos eram menos importantes devido ao 
princípio da primazia e ao reconhecimento dos direitos implícitos.
Por seu turno, com o advento da Emenda Constitucional nº 
45/04 se introduziu o §3º ao artigo 5º da Constituição Federal, de 
modo que os tratados internacionais de direitos humanos foram 
equiparados às emendas constitucionais, desde que houvesse a 
aprovação do tratado em cada Casa do Congresso Nacional e ob-
tivesse a votação em dois turnos e com três quintos dos votos dos 
respectivos membros:
Art.go 5º, §3º, CF. Os tratados e convenções internacionais 
sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do 
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos 
dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas consti-
tucionais.
Logo, a partir da alteração constitucional, os tratados de direi-
tos humanos que ingressarem no ordenamento jurídico brasileiro, 
versando sobre matéria de direitos humanos, irão passar por um 
processo de aprovação semelhante ao da emenda constitucional.
Contudo, há posicionamentos conflituosos quanto à possi-
bilidade de considerar como hierarquicamente constitucional os 
tratados internacionais de direitos humanos que ingressaram no 
ordenamento jurídico brasileiro anteriormente ao advento da re-
ferida emenda. Tal discussão se deu com relação à prisão civil 
do depositário infiel, prevista como legal na Constituição e ilegal 
no Pacto de São José da Costa Rica (tratado de direitos humanos 
aprovado antes da EC nº 45/04), sendo que o Supremo Tribunal 
Federal firmou o entendimento pela supra legalidade do tratado 
de direitos humanos anterior à Emenda (estaria numa posição que 
paralisaria a eficácia da lei infraconstitucional, mas não revogaria 
a Constituição no ponto controverso).
6) Tribunal Penal Internacional
Preconiza o artigo 5º, CF em seu § 4º
Art.go 5º, §4º, CF. O Brasil se submete à jurisdição de Tribu-
nal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional foi pro-
mulgado no Brasil pelo Decreto nº 4.388 de 25 de setembro de 
2002. Ele contém 128 artigos e foi elaborado em Roma, no dia 17 
de julho de 1998, regendo a competência e o funcionamento deste 
Tribunal voltado às pessoas responsáveis por crimes de maior gra-
vidade com repercussão internacional (artigo 1º, ETPI). 
“Ao contrário da Corte Internacional de Justiça, cuja jurisdi-
ção é restrita a Estados, ao Tribunal Penal Internacional compete o 
processo e julgamento de violações contra indivíduos; e, distinta-
mente dos Tribunais de crimes de guerra da Iugoslávia e de Ruan-
da, criados para analisarem crimes cometidos durante esses con-
flitos, sua jurisdição não está restrita a uma situação específica” . 
Resume Mello : “a Conferência das Nações Unidas sobre a 
criação de uma Corte Criminal Internacional, reunida em Roma, 
em 1998, aprovou a referida Corte. Ela é permanente. Tem sede 
em Haia. A corte tem personalidade internacional. Ela julga: a) 
crime de genocídio; b) crime contra a humanidade; c) crime de 
guerra; d) crime de agressão. Para o crime de genocídio usa a de-
finição da convenção de 1948. Como crimes contra a humanidade 
são citados: assassinato, escravidão, prisão violando as normas in-
ternacionais, violação tortura, apartheid, escravidão sexual, prosti-
tuição forçada, esterilização, etc. São crimes de guerra: homicídio 
internacional, destruição de bens não justificada pela guerra, de-
portação, forçar um prisioneiro a servir nas forças inimigas, etc.”.
3. DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO 
(ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-
ADMINISTRATIVA, UNIÃO, ESTADOS FE-
DERADOS, MUNICÍPIOS, DISTRITO FE-
DERAL E TERRITÓRIOS, MILITARES 
DOS ESTADOS, DISTRITO 
FEDERAL E TERRITÓRIOS).
Da organização político-administrativa
O artigo 18 da Constituição Federal tem caráter genérico e 
regulamenta a organização político-administrativa do Estado. Ba-
sicamente, define os entes federados que irão compor o Estado 
brasileiro.
Neste dispositivo se percebe o Pacto Federativo firmado en-
tre os entes autônomos que compõem o Estado brasileiro. Na fe-
deração, todos os entes que compõem o Estado têm autonomia, 
cabendo à União apenas concentrar esforços necessários para a 
manutenção do Estado uno.
O pacto federativo brasileiro se afirmou ao inverso do que os 
Estados federados geralmente se formam. Trata-se de federalismo 
por desagregação – tinha-se um Estado uno, com a União centra-
lizada em suas competências, e dividiu-se em unidades federadas. 
Difere-se do denominado federalismo por agregação, no qual uni-
dades federativas autônomas se unem e formam um Poder federal 
no qual se concentrarão certas atividades, tornando o Estado mais 
forte (ex.: Estados Unidos da América). 
Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
No federalismo por agregação, por já vir tradicionalmente das 
bases do Estado a questão da autonomia das unidades federadas, 
percebe-se um federalismo real na prática. Já no federalismo por 
desagregação nota-se uma persistente tendência centralizadora.
Prova de que nem mesmo o constituinte brasileiro entendeu 
o federalismo que estava criando é o fato de ter colocado o muni-
cípio como entidade federativa autônoma. No modelo tradicional, 
o pacto federativo se dá apenas entre União e estados-membros, 
motivo pelo qual a doutrina afirma que o federalismo brasileiro é 
atípico. 
Além disso, pelo que se desprende do modelo de divisão de 
competências a ser estudado neste capítulo, acabou-se esvaziando 
a competência dos estados-membros, mantendo uma concentra-
ção de poderes na União e distribuindo vasta gama de poderes aos 
municípios.
Art. 18, caput, CF. A organização político-administrativa da 
República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, 
o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos 
desta Constituição.
Ainda assim, inegável, pela redação do caput do artigo 18, 
CF, que o Brasil adota um modelo de Estado Federado no qual são 
considerados entes federados e, como tais, autônomos, a União, 
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Esta autonomia se 
reflete tanto numa capacidade de auto-organização (normatizaçãoprópria) quanto numa capacidade de autogoverno (administrar-se 
pelos membros eleitos pelo eleitorado da unidade federada).
Art.go 18, §1º, CF. Brasília é a Capital Federal.
Brasília é a capital da República Federativa do Brasil, sendo 
um dos municípios que compõem o Distrito Federal. O Distrito 
Federal tem peculiaridades estruturais, não sendo nem um Municí-
pio, nem um Estado, tanto é que o caput deste artigo 18 o nomeia 
em separado. Trata-se, assim, de unidade federativa autônoma.
Art.go 18, §2º, CF. Os Territórios Federais integram a União, 
e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado 
de origem serão reguladas em lei complementar.
Apesar dos Territórios Federais integrarem a União, eles não 
podem ser considerados entes da federação, logo não fazem parte 
da organização político-administrativa, não dispõem de autonomia 
política e não integram o Estado Federal. São meras descentrali-
zações administrativo-territoriais pertencentes à União. A Consti-
tuição Federal de 1988 aboliu todos os territórios então existentes: 
Fernando de Noronha tornou-se um distrito estadual do Estado de 
Pernambuco, Amapá e Roraima ganham o status integral de Esta-
dos da Federação. 
Art.go 18, §3º, CF. Os Estados podem incorporar-se entre si, 
subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou for-
marem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação 
da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do 
Congresso Nacional, por lei complementar.
Art.go 18, §4º, CF. A criação, a incorporação, a fusão e o des-
membramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do 
período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão 
de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Mu-
nicípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade 
Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.
Como se percebe pelos dispositivos retro, é possível criar, in-
corporar e desmembrar os Estados-membros e os Municípios. No 
caso dos Estados, exige-se plebiscito e lei federal. No caso dos 
municípios, exige-se plebiscito e lei estadual.
Ressalta-se que é aceita a subdivisão e o desmembramento no 
âmbito interno, mas não se permite que uma parte do país se separe 
do todo, o que atentaria contra o pacto federativo. 
Art. 19, CF. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Fede-
ral e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, 
embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus re-
presentantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na 
forma da lei, a colaboração de interesse público;
II - recusar fé aos documentos públicos;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
Embora o artigo 19 traga algumas vedações expressas aos en-
tes federados, fato é que todo o sistema constitucional traz impe-
dimento à atuação das unidades federativas e de seus administra-
dores. Afinal, não possuem liberdade para agirem como quiserem 
e somente podem fazer o que a lei permite (princípio da legalidade 
aplicado à Administração Pública).
Repartição de competências e bens
O título III da Constituição Federal regulamenta a organiza-
ção do Estado, definindo competências administrativas e legislati-
vas, bem como traçando a estrutura organizacional por ele tomada.
Bens Públicos são todos aqueles que integram o patrimônio 
da Administração Pública direta e indireta, sendo que todos os de-
mais bens são considerados particulares. Destaca-se a disciplina 
do Código Civil:
Art.go 98, CC. São públicos os bens de domínio nacional per-
tencentes as pessoas jurídicas de direito público interno; todos os 
outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
Art.go 99, CC. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, 
ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos desti-
nados a serviço ou estabelecimento da administração federal, es-
tadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas 
jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou 
real, de cada uma dessas entidades.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, conside-
ram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de 
direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado.
Art.go 100, CC. Os bens públicos de uso comum do povo e 
os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua 
qualificação, na forma que a lei determinar.
Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Art.go 101, CC. Os bens públicos dominicais podem ser alie-
nados, observadas as exigências da lei.
Art.go 102, CC. Os bens públicos não estão sujeitos a usuca-
pião.
Art.go 103, CC. O uso comum dos bens públicos pode ser 
gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela 
entidade a cuja administração pertencerem.
Os bens da União estão enumerados no artigo 20 e os bens 
dos Estados-membros no artigo 26, ambos da Constituição, que 
seguem abaixo. Na divisão de bens estabelecida pela Constituição 
Federal denota-se o caráter residual dos bens dos Estados-mem-
bros porque exige-se que estes não pertençam à União ou aos Mu-
nicípios.
Art.go 20, CF. São bens da União:
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser 
atribuídos;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, 
das fortificações e construções militares, das vias federais de co-
municação e à preservação ambiental, definidas em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos 
de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de 
limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro 
ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias 
fluviais;
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com ou-
tros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, 
excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto 
aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental 
federal, e as referidas no art. 26, II; 
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona 
econômica exclusiva;
VI - o mar territorial;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológi-
cos e pré-históricos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito 
Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração di-
reta da União, participação no resultado da exploração de petróleo 
ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia 
elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, pla-
taforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, 
ou compensação financeira por essa exploração.
§ 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, 
ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de frontei-
ra, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e 
sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.
Art.go 26, CF. Incluem-se entre os bens dos Estados:
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes 
e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decor-
rentes de obras da União;
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no 
seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios 
ou terceiros;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.
Competência material e legislativa da União, Estados e Mu-
nicípios
1) Competência organizacional-administrativaexclusiva da 
União
A Constituição Federal, quando aborda a competência da 
União, traz no artigo 21 a expressão “compete à União” e no artigo 
22 a expressão “compete privativamente à União”. Neste sentido, 
questiona-se se a competência no artigo 21 seria privativa. Ob-
viamente, não seria compartilhada, pois os casos que o são estão 
enumerados no texto constitucional.
Com efeito, entende-se que o artigo 21, CF, enumera com-
petências exclusivas da União. Estas expressões que a princípio 
seriam sinônimas assumem significado diverso. Privativa é a com-
petência da União que pode ser delegada a outras unidades fede-
radas e exclusiva é a competência da União que somente pode ser 
exercida por ela.
O artigo 21, que traz as competências exclusivas da União, 
trabalha com questões organizacional-administrativas.
Art.go 21, CF. Compete à União:
I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de 
organizações internacionais;
II - declarar a guerra e celebrar a paz;
III - assegurar a defesa nacional;
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que 
forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele per-
maneçam temporariamente;
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a interven-
ção federal;
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material 
bélico;
VII - emitir moeda;
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar 
as operações de natureza financeira, especialmente as de crédito, 
câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência 
privada;
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de orde-
nação do território e de desenvolvimento econômico e social;
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, conces-
são ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da 
lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um 
órgão regulador e outros aspectos institucionais; 
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, conces-
são ou permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; 
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveita-
mento energético dos cursos de água, em articulação com os Esta-
dos onde se situam os potenciais hidro energéticos;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeropor-
tuária;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre por-
tos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limi-
tes de Estado ou Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e interna-
cional de passageiros;
Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Pú-
blico do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública 
dos Territórios;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o 
corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar 
assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de servi-
ços públicos, por meio de fundo próprio; 
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, 
geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional;
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diver-
sões públicas e de programas de rádio e televisão;
XVII - conceder anistia;
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as 
calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos 
hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso; 
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, in-
clusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos;
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacio-
nal de viação;
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária 
e de fronteiras;
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qual-
quer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a la-
vra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o 
comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os se-
guintes princípios e condições:
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será 
admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso 
Nacional;
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercializa-
ção e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, 
agrícolas e industriais; 
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, co-
mercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou 
inferior a duas horas; 
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da 
existência de culpa; 
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da 
atividade de garimpagem, em forma associativa.
Envolve a competência organizacional-administrativa da 
União a atuação regionalizada com vistas à redução das desigual-
dade regionais, descrita no artigo 43 da Constituição Federal:
Art.go 43, CF. Para efeitos administrativos, a União poderá 
articular sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e so-
cial, visando a seu desenvolvimento e à redução das desigualdades 
regionais.
§ 1º Lei complementar disporá sobre:
I - as condições para integração de regiões em desenvolvi-
mento;
II - a composição dos organismos regionais que executarão, 
na forma da lei, os planos regionais, integrantes dos planos nacio-
nais de desenvolvimento econômico e social, aprovados juntamen-
te com estes.
§ 2º Os incentivos regionais compreenderão, além de outros, 
na forma da lei:
I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens de custos 
e preços de responsabilidade do Poder Público;
II - juros favorecidos para financiamento de atividades prio-
ritárias;
III - isenções, reduções ou diferimento temporário de tributos 
federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas;
IV - prioridade para o aproveitamento econômico e social dos 
rios e das massas de água represadas ou represáveis nas regiões de 
baixa renda, sujeitas a secas periódicas.
§ 3º Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União incentivará 
a recuperação de terras áridas e cooperará com os pequenos e mé-
dios proprietários rurais para o estabelecimento, em suas glebas, 
de fontes de água e de pequena irrigação.
2) Competência legislativa privativa da União
A competência legislativa da União é privativa e, sendo assim, 
pode ser delegada. As matérias abaixo relacionadas somente po-
dem ser legisladas por atos normativos com abrangência nacional, 
mas é possível que uma lei complementar autorizar que determina-
do Estado regulamente questão devidamente especificada.
Art.go 22, CF. Compete privativamente à União legislar so-
bre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, 
marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
II - desapropriação;
III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo 
e em tempo de guerra;
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radio-
difusão;
V - serviço postal;
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos 
metais;
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de 
valores;
VIII - comércio exterior e interestadual;
IX - diretrizes da política nacional de transportes;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, 
aérea e aeroespacial;
XI - trânsito e transporte;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
XIV - populações indígenas;
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão 
de estrangeiros;
XVI - organização do sistema nacional de emprego e condi-
ções para o exercício de profissões;XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Dis-
trito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territó-
rios, bem como organização administrativa destes
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia 
nacionais;
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança 
popular;
XX - sistemas de consórcios e sorteios;
Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, 
garantias, convocação e mobilização das polícias militares e cor-
pos de bombeiros militares;
XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviá-
ria e ferroviária federais;
XXIII - seguridade social;
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
XXV - registros públicos;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as 
modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas 
e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, 
obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas 
e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; 
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa maríti-
ma, defesa civil e mobilização nacional;
XXIX - propaganda comercial.
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Esta-
dos a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas 
neste artigo.
3) Competência organizacional-administrativa compartilhada
União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios com-
partilham certas competências organizacional-administrativas. 
Significa que qualquer dos entes federados poderá atuar, desenvol-
ver políticas públicas, nestas áreas. Todas estas áreas são áreas que 
necessitam de atuação intensa ou vigilância constantes, de modo 
que mediante gestão cooperada se torna possível efetivar o máxi-
mo possível os direitos fundamentais em casa uma delas. 
Art.go 23, CF. É competência comum da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios:
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições 
democráticas e conservar o patrimônio público;
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garan-
tia das pessoas portadoras de deficiência;
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor 
histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens natu-
rais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de 
obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cul-
tural;
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à 
ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação;
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qual-
quer de suas formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abas-
tecimento alimentar;
IX - promover programas de construção de moradias e a me-
lhoria das condições habitacionais e de saneamento básico;
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginali-
zação, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direi-
tos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em 
seus territórios;
XII - estabelecer e implantar política de educação para a se-
gurança do trânsito.
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a 
cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
cípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar 
em âmbito nacional.
4) Competência legislativa compartilhada
Além de compartilharem competências organizacional-adminis-
trativas, os entes federados compartilham competência para legislar 
sobre determinadas matérias. Entretanto, excluem-se do artigo 24, CF, 
os entes federados da espécie Município, sendo que estes apenas le-
gislam sobre assuntos de interesse local.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal le-
gislar concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e ur-
banístico;
II - orçamento;
III - juntas comerciais;
IV - custas dos serviços forenses;
V - produção e consumo;
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa 
do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle 
da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico 
e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumi-
dor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e 
paisagístico;
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pes-
quisa, desenvolvimento e inovação;
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas 
causas;
XI - procedimentos em matéria processual;
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de de-
ficiência;
XV - proteção à infância e à juventude;
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da 
União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais 
não exclui a competência suplementar dos Estados.
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exer-
cerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiari-
dades.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende 
a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
O estudo das competências concorrentes permite vislumbrar os 
limites da atuação conjunta entre União, Estados e Distrito Federal 
no modelo Federativo adotado no Brasil, visando à obtenção de uma 
homogeneidade nacional, com preservação dos pluralismos regionais 
e locais. 
O cerne da distinção da competência entre os entes federados re-
pousa na competência da União para o estabelecimento de normas 
gerais. A competência legislativa dos Estados-membros e dos Muni-
cípios nestas questões é suplementar, ou seja, as normas estaduais 
agregam detalhes que a norma da União não compreende, notada-
mente trazendo peculiaridades regionais.
Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
No caso do artigo 24, CF, a União dita as normas gerais e as 
normas suplementares ficam por conta dos Estados, ou seja, as pe-
culiaridades regionais são normatizadas pelos Estados. As normas 
estaduais, neste caso, devem guardar uma relação de compatibili-
dade com as normas federais (relação hierárquica). Diferentemen-
te da competência comum em que as leis estão em igualdade de 
condições, uma não deve subordinação à outra.
Entretanto, os Estados não ficam impedidos de criar leis regu-
lamentadoras destas matérias enquanto a União não o faça. Sobre-
vindo norma geral reguladora, perdem a eficácia os dispositivos de 
lei estadual com ela incompatível. 
5) Limitações e regras mínimas aplicáveis à competência or-
ganizacional-administrativa autônoma dos Estados-membros
Art.go 25, CF. Os Estados organizam-se e regem-se pelas 
Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta 
Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes 
sejam vedadas por esta Constituição.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante con-
cessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, veda-
da a edição de medida provisória para a sua regulamentação. 
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir 
regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, 
constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para inte-
grar a organização, o planejamento e a execução de funções públi-
cas de interessecomum.
O documento que está no ápice da estrutura normativa de um 
Estado-membro é a Constituição estadual. Ela deve guardar com-
patibilidade com a Constituição Federal, notadamente no que tan-
ge aos princípios nela estabelecidos, sob pena de ser considerada 
norma inconstitucional.
A competência do Estado é residual – tudo o que não obrigato-
riamente deva ser regulamentado pela União ou pelos Municípios, 
pode ser legislado pelo Estado-membro, sem prejuízo da já estuda-
da competência legislativa concorrente com a União.
O §3º do artigo 25 regulamenta a conurbação, que abrange 
regiões metropolitanas (um município, a metrópole, está em des-
taque) e aglomerações urbanas (não há município em destaque), 
e as microrregiões (não conurbadas, mas limítrofes, geralmente 
identificada por bacias hidrográficas). 
A estrutura e a organização dos Poderes Legislativo e Execu-
tivo no âmbito do Estado-membro é detalhada na Constituição es-
tadual, mas os artigos 27e 28 trazem bases regulamentadoras que 
devem ser respeitadas.
Art.go 27, CF. O número de Deputados à Assembleia Legisla-
tiva corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara 
dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido 
de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze.
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, 
aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema elei-
toral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de manda-
to, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei 
de iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão de, no máximo, 
setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em espécie, para os 
Deputados Federais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, 
§ 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. 
§ 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre seu 
regimento interno, polícia e serviços administrativos de sua secre-
taria, e prover os respectivos cargos.
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legis-
lativo estadual.
Art.go 28, CF. A eleição do Governador e do Vice-Gover-
nador de Estado, para mandato de quatro anos, realizar-se-á no 
primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último do-
mingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior 
ao do término do mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá 
em primeiro de janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao 
mais, o disposto no art. 77. 
§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir outro cargo 
ou função na administração pública direta ou indireta, ressalvada 
a posse em virtude de concurso público e observado o disposto no 
art. 38, I, IV e V. 
§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e dos 
Secretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa da Assem-
bleia Legislativa, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 
4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. 
6) Limitações e regras mínimas aplicáveis à competência or-
ganizacional-administrativa autônoma dos Municípios
Os Municípios gozam de autonomia no modelo federativo 
brasileiro e, sendo assim, possuem capacidade de auto-organiza-
ção, normatização e autogoverno. 
Notadamente, mediante lei orgânica, conforme se extrai do 
artigo 29, caput, CF, o Município se normatiza, devendo esta lei 
guardar compatibilidade tanto com a Constituição Federal quanto 
com a respectiva Constituição estadual. O dispositivo mencionado 
traça, ainda, regras mínimas de estruturação do Poder Executivo e 
do Legislativo municipais.
Por exemplo, só haverá eleição de segundo turno se o muni-
cípio tiver mais de duzentos mil habitantes. Destaca-se, ainda, a 
exaustiva regra sobre o número de vereadores e a questão dos sub-
sídios. Incidente, também a regra sobre o julgamento do Prefeito 
pelo Tribunal de Justiça.
O artigo 29-A, CF, por seu turno, detalha os limites de despe-
sas com o Poder Legislativo municipal, permitindo a responsabi-
lização do Prefeito e do Presidente da Câmara por violação a estes 
limites.
Art.go 29, CF. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada 
em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada 
por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promul-
gará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na 
Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos:
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para 
mandato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo reali-
zado em todo o País;
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no pri-
meiro domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato 
dos que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de 
Municípios com mais de duzentos mil eleitores; 
III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro 
do ano subsequente ao da eleição;
IV - para a composição das Câmaras Municipais, será obser-
vado o limite máximo de: (Vide ADIN 4307)
Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000 (quinze 
mil) habitantes; 
b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de 15.000 
(quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil) habitantes; 
c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de 30.000 
(trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta mil) habitantes; 
d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de 50.000 
(cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta mil) habitantes; 
e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de 
80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento e vinte mil) 
habitantes; 
f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de 
120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000 (cento ses-
senta mil) habitantes; 
g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de 
160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até 300.000 (trezen-
tos mil) habitantes; 
h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais de 
300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000 (quatrocentos 
e cinquenta mil) habitantes; 
i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 
450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e de até 600.000 
(seiscentos mil) habitantes; 
j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de 
600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000 (setecentos 
cinquenta mil) habitantes; 
k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de 
750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e de até 900.000 
(novecentos mil) habitantes; 
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de 
900.000 (novecentos mil) habitantes e de até 1.050.000 (um mi-
lhão e cinquenta mil) habitantes; 
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais 
de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e de até 
1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes; 
n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 
1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e de até 1.350.000 
(um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes; 
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de 1.350.000 
(um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes e de até 
1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes; 
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais 
de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes e de até 
1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes; 
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais 
de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes e de até 
2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes; 
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de 
2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes e de até 
3.000.000 (três milhões) de habitantes; 
s) 45 (quarenta e cinco)Vereadores, nos Municípios de mais 
de 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até 4.000.000 (qua-
tro milhões) de habitantes; 
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de 
4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de até 5.000.000 (cinco 
milhões) de habitantes; 
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais 
de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de até 6.000.000 (seis 
milhões) de habitantes; 
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais 
de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até 7.000.000 (sete 
milhões) de habitantes; 
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais 
de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até 8.000.000 (oito 
milhões) de habitantes; e 
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais 
de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; 
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários 
Municipais fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal, ob-
servado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 
153, § 2º, I; 
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas 
Câmaras Municipais em cada legislatura para a subsequente, obser-
vado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios estabe-
lecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites máximos: 
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máxi-
mo dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do subsídio dos 
Deputados Estaduais; 
b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habitantes, 
o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a trinta por cento 
do subsídio dos Deputados Estaduais; 
c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil habitantes, 
o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a quarenta por 
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; 
d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes, 
o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a cinquenta por 
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; 
e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil habi-
tantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a sessenta 
por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; 
f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o sub-
sídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e cinco por 
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; 
VII - o total da despesa com a remuneração dos Vereadores 
não poderá ultrapassar o montante de cinco por cento da receita do 
Município; 
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, pala-
vras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Muni-
cípio; 
IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, 
similares, no que couber, ao disposto nesta Constituição para os 
membros do Congresso Nacional e na Constituição do respectivo 
Estado para os membros da Assembleia Legislativa; 
X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça; 
XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras da 
Câmara Municipal; 
XII - cooperação das associações representativas no planeja-
mento municipal; 
XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse especí-
fico do Município, da cidade ou de bairros, através de manifestação 
de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado; 
XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, 
parágrafo único (assumir outro cargo). 
Art.go 29-A, CF. O total da despesa do Poder Legislativo Mu-
nicipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos os gastos 
com inativos, não poderá ultrapassar os seguintes percentuais, rela-
tivos ao somatório da receita tributária e das transferências previs-
tas no § 5o do art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetivamente realizado 
no exercício anterior: 
Didatismo e Conhecimento 14
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
I - 7% (sete por cento) para Municípios com população de 
até 100.000 (cem mil) habitantes; (Redação dada pela Emenda 
Constituição Constitucional nº 58, de 2009) (Produção de efeito)
II - 6% (seis por cento) para Municípios com população entre 
100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil) habitantes; 
III - 5% (cinco por cento) para Municípios com população 
entre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (quinhentos mil) ha-
bitantes; 
IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) para 
Municípios com população entre 500.001 (quinhentos mil e um) e 
3.000.000 (três milhões) de habitantes; 
V - 4% (quatro por cento) para Municípios com população 
entre 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 (oito milhões) de 
habitantes; 
VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para Mu-
nicípios com população acima de 8.000.001 (oito milhões e um) 
habitantes. 
§ 1o A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por 
cento de sua receita com folha de pagamento, incluído o gasto com 
o subsídio de seus Vereadores. 
§ 2o Constitui crime de responsabilidade do Prefeito Muni-
cipal: 
I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste artigo; 
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou 
III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei 
Orçamentária. 
§ 3o Constitui crime de responsabilidade do Presidente da 
Câmara Municipal o desrespeito ao § 1o deste artigo.
As competências legislativas e administrativas dos municí-
pios estão fixadas no artigo 30, CF. Quanto à competência legisla-
tiva, é suplementar, garantindo o direito de legislar sobre assuntos 
de interesse local. 
Art.go 30, CF. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que cou-
ber;
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem 
como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de pres-
tar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legisla-
ção estadual;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces-
são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído 
o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União 
e do Estado, programas de educação infantil e de ensino funda-
mental; 
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União 
e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento terri-
torial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento 
e da ocupação do solo urbano;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural lo-
cal, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.
A fiscalização dos Municípios se dá tanto no âmbito interno 
quanto no externo. Externamente, é exercida pelo Poder Legislati-
vo com auxílio de Tribunal de Contas. A constituição, no artigo 31, 
CF, veda a criação de novos Tribunais de Contas municipais, mas 
não extingue os já existentes.
Art.go 31, CF. A fiscalização do Município será exercida pelo 
Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos 
sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na 
forma da lei.
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido 
com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Muni-
cípio ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, 
onde houver.
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre 
as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de 
prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Mu-
nicipal.
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, 
anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e 
apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos ter-
mos da lei.
§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de 
Contas Municipais.7) Peculiaridades da competência organizacional-administra-
tiva do Distrito Federal e Territórios
O Distrito Federal não se divide em Municípios, mas em re-
giões administrativas. Se regulamenta por lei orgânica, mas esta lei 
orgânica aproxima-se do status de Constituição estadual, cabendo 
controle de constitucionalidade direto de leis que a contrariem pelo 
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios.
O Distrito Federal possui um governador e uma Câmara Le-
gislativa, eleitos na forma dos governadores e deputados estaduais. 
Entretanto, não tem eleições municipais. O Distrito Federal tem 3 
senadores, 8 deputados federais e 24 deputados distritais. 
Quanto aos territórios, não existem hoje no país, mas se vie-
rem a existir serão nomeados pelo Presidente da República.
 
Art.go 32, CF. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Mu-
nicípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com 
interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câ-
mara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios esta-
belecidos nesta Constituição.
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legis-
lativas reservadas aos Estados e Municípios.
§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, obser-
vadas as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá 
com a dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de 
igual duração.
§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se 
o disposto no art. 27.
§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do 
Distrito Federal, das polícias civil e militar e do corpo de bombei-
ros militar.
Didatismo e Conhecimento 15
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Art.go 33, CF. A lei disporá sobre a organização administrati-
va e judiciária dos Territórios.
§ 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos 
quais se aplicará, no que couber, o disposto no Capítulo IV deste 
Título.
§ 2º As contas do Governo do Território serão submetidas ao 
Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal de Contas 
da União.
§ 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes, 
além do Governador nomeado na forma desta Constituição, ha-
verá órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros 
do Ministério Público e defensores públicos federais; a lei disporá 
sobre as eleições para a Câmara Territorial e sua competência de-
liberativa.
Intervenção nos Estados e Municípios
A intervenção consiste no afastamento temporário das prer-
rogativas totais ou parciais próprias da autonomia dos entes fe-
derados, por outro ente federado, prevalecendo a vontade do ente 
interventor. Neste sentido, necessária a verificação de:
a) Pressupostos materiais – requisitos a serem verificados 
quanto ao atendimento de uma das justificativas para a interven-
ção.
b) Pressupostos processuais – requisitos para que o ato da in-
tervenção seja válido, como prazo, abrangência, condições, além 
da autorização do Poder Legislativo (artigo 36, CF).
A intervenção pode ser federal, quando a União interfere nos 
Estados e no Distrito Federal (artigo 34, CF), ou estadual, quando 
os Estados-membros interferem em seus Municípios (artigo 35, 
CF).
Art.go 34, CF. A União não intervirá nos Estados nem no Dis-
trito Federal, exceto para:
I - manter a integridade nacional;
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federa-
ção em outra;
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas 
unidades da Federação;
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois 
anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fi-
xadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judi-
cial;
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios cons-
titucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime demo-
crático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e in-
direta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de im-
postos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na 
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços 
públicos de saúde”. 
Art.go 35, CF. O Estado não intervirá em seus Municípios, 
nem a União nos Municípios localizados em Território Federal, 
exceto quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois 
anos consecutivos, a dívida fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita mu-
nicipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e 
serviços públicos de saúde; 
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para 
assegurar a observância de princípios indicados na Constituição 
Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão 
judicial”.
Art.go 36, CF. A decretação da intervenção dependerá:
I - no caso do art. 34, IV (livre exercício dos Poderes), de 
solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou 
impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coa-
ção for exercida contra o Poder Judiciário;
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de 
requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de 
Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;
III de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de repre-
sentação do Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 
34, VII (observância de princípios constitucionais), e no caso de 
recusa à execução de lei federal. 
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, 
o prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o 
interventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacional 
ou da Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro 
horas.
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a 
Assembleia Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no 
mesmo prazo de vinte e quatro horas.
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII (execução de decisão/lei fe-
deral e violação de certos princípios constitucionais), ou do art. 35, 
IV (idem com relação à intervenção em municípios), dispensada a 
apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembleia Legisla-
tiva, o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impug-
nado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afas-
tadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal.
4. DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES 
(PODER LEGISLATIVO, PODER 
EXECUTIVO, PODER JUDICIÁRIO).
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos 
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 
Se, por um lado, o Estado é uno, até mesmo por se legitimar 
na soberania popular; por outro lado, é necessária a divisão de fun-
ções das atividades estatais de maneira equilibrada, o que se faz 
pela divisão de Poderes.
Didatismo e Conhecimento 16
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
O constituinte afirma que estes poderes são independentes e 
harmônicos entre si. Independência significa que cada qual possui 
poder para se autogerir, notadamente pela capacidade de organi-
zação estrutural (criação de cargos e subdivisões) e orçamentária 
(divisão de seus recursos conforme legislação por eles mesmos 
elaborada). Harmonia significa que cada Poder deve respeitar os 
limites de competência do outro e não se imiscuir indevidamente 
em suas atividades típicas.
A noção de separação de Poderes começou a tomar forma com 
o ideário iluminista. Neste viés, o Iluminismo lançou base para os 
dois principais eventos que ocorreramno início da Idade Contem-
porânea, quais sejam as Revoluções Francesa e Industrial. Entre os 
pensadores que lançaram as ideias que vieram a ser utilizadas no 
ideário das Revoluções Francesa e Americana se destacam Locke, 
Montesquieu e Rousseau, sendo que Montesquieu foi o que mais 
trabalhou com a concepção de separação dos Poderes.
Montesquieu (1689 – 1755) avançou nos estudos de Locke, 
que também entendia necessária a separação dos Poderes, e na 
obra O Espírito das Leis estabeleceu em definitivo a clássica di-
visão de poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. O pensador 
viveu na França, numa época em que o absolutismo estava cada 
vez mais forte.
O objeto central da principal obra de Montesquieu não é a lei 
regida nas relações entre os homens, mas as leis e instituições cria-
das pelos homens para reger as relações entre os homens. Segundo 
Montesquieu , as leis criam costumes que regem o comportamento 
humano, sendo influenciadas por diversos fatores, não apenas pela 
razão.
Quanto à fonte do poder, diferencia-se, segundo Montesquieu 
, do modo como se dará o seu exercício, uma vez que o poder 
emana do povo, apto a escolher mas inapto a governar, sendo ne-
cessário que seu interesse seja representado conforme sua vontade.
Montesquieu estabeleceu como condição do Estado de Direi-
to a separação dos Poderes em Legislativo, Judiciário e Executivo 
– que devem se equilibrar –, servindo o primeiro para a elabora-
ção, a correção e a ab-rogação de leis, o segundo para a promoção 
da paz e da guerra e a garantia de segurança, e o terceiro para 
julgar (mesmo os próprios Poderes).
Cada Poder possui funções típicas e atípicas. Por função típica 
entenda-se aquela para a qual o Poder foi criado. 
a) Função típica do Poder Executivo: administrar – gerir a coi-
sa pública e aplicar a lei; 
b) Funções típicas do Poder Legislativo: legislar – alterando 
e criando a ordem jurídica vigente – e fiscalizar o Executivo – fis-
calizando a contabilidade, o orçamento, as finanças e o patrimônio 
do Executivo;
c) Função típica do Poder Judiciário: julgar – solucionar lití-
gios e fazer valer a lei no caso concreto e, eventualmente, em casos 
abstratos, como no controle de constitucionalidade. 
Funções atípicas são aquelas que tradicionalmente pertence-
riam a outro Poder, mas por ser tal função inerente à sua natureza 
será por ele mesmo desempenhada.
a) Funções atípicas do Poder Executivo: legislar – notadamen-
te quando o Presidente da República adota uma medida provisória 
(art. 62, CF) – e julgar –no que tange a defesas e recursos admi-
nistrativos;
b) Funções atípicas do Poder Legislativo: auto organizar-se 
(função executiva) – dispondo sobre organização, provimento de 
cargos, concessão de férias e licenças a seus servidores, etc. – e 
julgar – a exemplo do julgamento do Presidente da República por 
crime de responsabilidade pelo Senado Federal (art. 52, I, CF);
c) Funções atípicas do Poder Judiciário: auto organizar-se 
(função executiva) – dispondo sobre organização, estrutura, con-
cessão de férias e licenças a seus servidores, etc. – e legislar – ela-
borando o regimento interno de seus Tribunais, por exemplo (art. 
96, CF).
Poder Legislativo
1) Do Congresso Nacional
O Legislativo Federal brasileiro adota um sistema bicameral, 
contando com uma casa representativa do Povo e uma casa repre-
sentativa dos Estados-membros. No caso, a Câmara dos Deputa-
dos desempenha um papel de representação do povo; ao passo que 
o Senado Federal é responsável pela representação das unidades 
federadas da espécie Estados-membros. 
No Congresso Nacional se desempenham as atividades legis-
lativas e determinadas atividades fiscalizatórias. Uma legislatura 
tem a duração de quatro anos, ao passo que uma sessão legislati-
va tem duração de um ano, sendo esta dividida em dois períodos 
legislativos cada qual com duração de 6 meses. Por seu turno, o 
Deputado Federal tem mandato equivalente a uma legislatura (4 
anos), ao passo que o Senador tem mandato equivalente a duas 
legislaturas (8 anos).
A respeito, destaca-se o artigo 44 da Constituição Federal:
Art.go 44, CF. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso 
Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado 
Federal.
Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro 
anos.
Por sua vez, o artigo 45 da Constituição Federal expõe como 
se dá a composição da Câmara dos Deputados:
Art.go 45, CF. A Câmara dos Deputados compõe-se de repre-
sentantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Es-
tado, em cada Território e no Distrito Federal.
§ 1º O número total de Deputados, bem como a representação 
por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei com-
plementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos 
ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma 
daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de 
setenta Deputados.
§ 2º Cada Território elegerá quatro Deputados.
Nota-se que na Câmara dos Deputados é adotado um siste-
ma proporcional de composição – quanto maior a população de 
um Estado, maior o número de representantes que terá, respeitado 
o limite de setenta deputados; quanto menos a população de um 
Estado, menor o número de representantes que terá, respeitado 
o limite mínimo de oito deputados. O Distrito Federal recebe o 
mesmo tratamento de um Estado e por ser menos populoso pos-
sui a representação mínima – quatro deputados. Já os Territórios, 
se existentes, teriam cada qual 4 deputados. No total, a Câmara é 
composta por 513 deputados.
O artigo 46 da Constituição Federal disciplina a composição 
do Senado Federal nos seguintes termos:
Didatismo e Conhecimento 17
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Art.go 46, CF. O Senado Federal compõe-se de representan-
tes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio 
majoritário.
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, 
com mandato de oito anos.
§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será 
renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois 
terços.
§ 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes.
O Senado Federal é composto por 81 Senadores, sendo que 
78 representam cada um dos Estados brasileiros, que são 26, e 3 
representam o Distrito Federal. O mandato do Senador é de duas 
legislaturas, ou seja, 8 anos. No entanto, a cada 4 anos sempre 
são eleitos Senadores, garantindo a alternância no Senado a cada 
novas eleições. Por isso, nunca vagam as 3 cadeiras no Senado Fe-
deral de um Estado para a mesma eleição; alternadamente, vagam 
2 cadeiras ou 1 cadeira (ex.: nas eleições de 2014 vagou apenas 1 
cadeira no Senado para cada unidade federativa com representa-
ção; nas eleições de 2010 vagaram 2 cadeiras). 
Note que, diferente do que ocorre na Câmara dos Deputados, 
não há um maior número de representantes por ser a unidade fe-
derativa mais populosa, o número de cadeiras é fixo por Estado/
Distrito Federal. Adota-se, assim, o princípio majoritário e não o 
princípio proporcional.
Finalmente, o artigo 47 da Constituição prevê: 
Art. 47, CF. Salvo disposição constitucional em contrário, as 
deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por 
maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros. 
Logo, em regra, o quórum de instalação de sessão é de maioria 
absoluta dos membros da Casa ou Comissão (metade mais um), ao 
passo que o quórum de deliberação é de maioria simples (metade 
mais um dos membros presentes).
2) Atribuições do Congresso Nacional
A União, como visto no capítulo anterior, possui competência 
para legislar sobre determinadas matérias, sendo esta competência 
por vezes privativa e por vezes concorrente. A atividade legislati-
va, por seu turno, em regra será desempenhada pelo Poder Legisla-
tivo, exercidopelo Congresso Nacional. Neste sentido, a disciplina 
do artigo 48 da Constituição.
Art.go 48, CF. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do 
Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos 
arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da 
União, especialmente sobre:
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento 
anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso 
forçado;
III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;
IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de 
desenvolvimento;
V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e 
bens do domínio da União;
VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas 
de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembleias Le-
gislativas;
VII - transferência temporária da sede do Governo Federal;
VIII - concessão de anistia;
IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Pú-
blico e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organi-
zação judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal; 
X - criação, transformação e extinção de cargos, empregos e 
funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b; 
XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da administra-
ção pública; 
XII - telecomunicações e radiodifusão;
XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições fi-
nanceiras e suas operações;
XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida 
mobiliária federal.
XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal 
Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, 
III; e 153, § 2º, I. 
Contudo, a competência do Congresso Nacional não é exclu-
sivamente legislativa, de forma que possuem funções atípicas de 
caráter administrativo, além da função típica de controle.
Art.go 49, CF. É da competência exclusiva do Congresso Na-
cional:
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos in-
ternacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos 
ao patrimônio nacional;
II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a 
celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo 
território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressal-
vados os casos previstos em lei complementar;
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República 
a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias;
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, auto-
rizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas;
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbi-
tem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;
VI - mudar temporariamente sua sede;
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os 
Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, 
II, 153, III, e 153, § 2º, I; 
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da 
República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os 
arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; 
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da 
República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de 
governo;
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas 
Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração 
indireta;
XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em 
face da atribuição normativa dos outros Poderes;
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão 
de emissoras de rádio e televisão;
Didatismo e Conhecimento 18
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Con-
tas da União;
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a ati-
vidades nucleares;
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o apro-
veitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas 
minerais;
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de ter-
ras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares.
Com vistas à consecução destas tarefas, o artigo 50 da Cons-
tituição disciplina providências que podem ser tomadas por cada 
qual das Casas do Congresso Nacional:
Art.go 50, CF. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, 
ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de Es-
tado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à 
Presidência da República para prestarem, pessoalmente, informa-
ções sobre assunto previamente determinado, importando crime de 
responsabilidade a ausência sem justificação adequada. 
§ 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado 
Federal, à Câmara dos Deputados, ou a qualquer de suas Comis-
sões, por sua iniciativa e mediante entendimentos com a Mesa res-
pectiva, para expor assunto de relevância de seu Ministério.
§ 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Fede-
ral poderão encaminhar pedidos escritos de informações a Minis-
tros de Estado ou a qualquer das pessoas referidas no caput deste 
artigo, importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o 
não-atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação de 
informações falsas. 
3) Da Câmara dos Deputados
Delimitada a competência do Congresso Nacional, necessário 
definir a competência de cada uma de suas Casas, sendo que o 
artigo 51 da Constituição cumpre este papel em relação à Câmara 
dos Deputados.
Art.go 51, CF. Compete privativamente à Câmara dos Depu-
tados:
I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração 
de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República 
e os Ministros de Estado;
II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, 
quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessen-
ta dias após a abertura da sessão legislativa;
III - elaborar seu regimento interno;
IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, 
criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e fun-
ções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respecti-
va remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de 
diretrizes orçamentárias; 
V - eleger membros do Conselho da República, nos termos 
do art. 89, VII.
4) Do Senado Federal
Na mesma toada do artigo 51, o artigo 52 da Constituição de-
limita as competências da outra Casa do Congresso Nacional, o 
Senado Federal.
Art.go 52, CF. Compete privativamente ao Senado Federal:
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da Re-
pública nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de 
Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáuti-
ca nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; 
II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Fe-
deral, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho 
Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República 
e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; 
III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pú-
blica, a escolha de:
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo 
Presidente da República;
c) Governador de Território;
d) Presidente e diretores do banco central;
e) Procurador-Geral da República;
f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em 
sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de ca-
ráter permanente;
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de in-
teresse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios 
e dos Municípios;
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites 
globais para

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