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CUIDADOS-COM-INCONTINÊNCIA-URINÁRIA-E-ANAL

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Cuidado com 
Incontinência 
Urinária e Anal
 
 02 
 
 
 
1. Exame Físico 4 
Exame Físico nos Homens 6 
Exame Físico nas Mulheres 6 
Exames Complementares 6 
Outros Exames Especiais 7 
Conduta proposta 7 
Tratamento 7 
Não farmacológico 7 
Farmacológico 11 
Incontinência Urinária em Homens 14 
Incontinência Urinária em Mulheres 16 
 
2. Abordagem Clínica da Incontinência Fecal 20 
Exame Físico 22 
Exames Complementares de Diagnóstico 22 
Tratamento 22 
Fisioterapia do Pavimento Pélvico 23 
 
3. Estimulação do Nervo Sagrado 25 
 
4. eferências Bibliográficas 28 
 
 
 03 
 
 
 
 
 
 4 
CUIDADO COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA E ANAL 
1. Exame Físico 
 
 
Fonte: Saúde IG1 
 
a IU, deve-se começar com 
uma boa pesquisa para a iden-
tificação de motivos de risco predis-
ponentes e desencadeantes. Os sin-
tomas de IU são mais habituais em 
idosos, contudo acometem pessoas 
de todas as idades e dos dois sexos. 
Entretanto, em idosos, mesmo se 
não exixstir queixa, a IU precisa ser 
ativamente pesquisada. 
 
“[...] A história da IU deve in-
formar aspectos relativos ao 
início dos sintomas, à frequên-
cia, à gravidade, ao hábito in-
testinal e ao impacto na quali-
dade de vida. É de suma impor-
tância a caracterização da IU, 
valorizando principalmente 
quando e como iniciou a perda 
(p. ex., após acidente vascular 
 
1 Retirado em http://saude.ig.com.br 
encefálico [AVE] ou ao iniciar 
algum fármaco). A avaliação da 
gravidade deve ser feita não so-
mente com a pesquisa da quan-
tidade de urina perdida e da sua 
frequência, mas também me-
dindo o impacto que esse trans-
torno traz à qualidade de vida 
da pessoa. Observar o que de-
sencadeia a perda urinária e a 
presença ou a ausência do de-
sejo miccional antes do episó-
dio de perda são pontos funda-
mentais na abordagem inicial 
da IU. [...] (Gusso & Lopes, 
2013).” 
 
O emprego de medicamentos, 
vai além de álcool e cafeína, sempre 
precisa ser pesquisado, porquanto 
existem muitas classes de substân-
cias que possui a responsabilidade 
N 
 
 
5 
CUIDADO COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA E ANAL 
pela IU, como pode ser visto na ta-
bela abaixo. 
 
“[...] Um diário miccional pode 
auxiliar o médico de família no 
esclarecimento da fisiopatolo-
gia e da gravidade (D) das per-
das urinárias. O diário é com-
posto por anotações sobre to-
das as “entradas” e “saídas” de 
líquidos, anotações de todas as 
micções, anotações sobre esca-
pes de urinas, com data, hora e 
circunstâncias em que ocorre-
ram as perdas urinárias invo-
luntárias. [...] (Gusso & Lopes, 
2013).” 
 
Substancia que Influenciam na Continência 
 
 
Fonte: (Gusso & Lopes, 2013). 
 
Conforme as características da 
IU, pode-se desconfiar do motivo 
mais provável. Quando a inconti-
nência se exibe com amplos volu-
mes, pode aconselhar IUE por de-
formidade de esfincter ou IUU por 
contração do músculo detrusor. A 
apresentação de gotas ou jatos ne-
cessita ser correlacionada a acres-
cente da pressão abdominal ou asso-
reamento infravesical. As perdas 
consecutivas são mais característi-
cas de fístulas, más-formações ou 
IUEV; se a pessoa consegue neces-
sitar o início da IU, tem uma forte 
suspeita de IUEV decorrente de ITU. 
 
“[...] O exame físico geral pode 
ser útil na definição etiológica 
da IU, assim como fornecer da-
dos que possibilitem diferen-
ciar causas de IU permanente 
de transitória. Deve conter o 
índice de massa corporal para 
melhor avaliação da obesidade. 
Especial atenção deve ser dada 
ao exame abdominal, pesqui-
sando-se por distensão vesical e 
massas abdominais ou pélvicas 
que possam comprimir a bexi-
ga. O exame neurológico certa-
mente é fundamental quando 
 
 
6 
CUIDADO COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA E ANAL 
há suspeita de acometimento 
neurológico que leve à IU, como 
na bexiga neurogênica.[...] 
(Gusso & Lopes, 2013).” 
 
Exame Físico nos Homens 
 
Nos homens, a realização do 
toque retal é obrigatória para a pes-
quisa da elevação do tamanho da 
próstata, que pode principiamente 
ocasionar obstrução uretral e depois 
provocar o extravasamento com IU. 
No toque retal, olhase-se ainda a 
presença de fecaloma, o tônus do 
esfincter e seu controle, bem como a 
presença do reflexo bulbocavernoso 
(sua modificação pode apontar um 
comprometimento do arco reflexo 
sacral, S2-S4, no qual é basilarl para 
a continência urinária). 
 
“[...] Para testar a IUE, pede-se 
que a pessoa relaxe o períneo e 
tussa vigorosamente uma única 
vez enquanto permanece em 
pé; a perda instantânea pode 
indicar IU. Um atraso de alguns 
segundos ou a perda persis-
tente sugere que o problema 
seja causado por uma contração 
vesical não inibida induzida 
pela tosse. [...] (Gusso & Lopes, 
2013).” 
 
Exame Físico nas Mulheres 
 
No exame ginecológico, neces-
sita-se procurar por cisto, reto ou 
enterocele, juntamente com o pro-
lapso uterino, existindo, muitas ve-
zes, a precisão de manobras, assim 
como Valsalva ou tosse incitada. 
 
“[...] O trofismo vulvovaginal 
também deve ser observado, 
principalmente em mulheres 
no climatério. O médico deve 
asber precisar se ocorre perda 
urinária uretral ou extrauretral, 
assim como notar corrimento 
vaginal que possa irritar a ure-
tra ou ser fator predisponente 
de ITU. [...] (Gusso & Lopes, 
2013).” 
 
Exames Complementares 
 
Para iniciar uma investigação 
inicial, podem ser requeridos análise 
de urina, sedimentos urinários, 
além da cultura. Na suspeita de dife-
rentes comorbidades, glicose, ureia, 
creatinina séricas e ainda o hemo-
grama poderá ser requerido. 
 
“[...] A ultrassonografia de rins 
e vias urinárias pode ser útil 
para avaliar a presença de mal-
formações e de resíduo pós-
miccional. No entanto, até o 
momento, nenhuma recomen-
dação pode ser feita a respeito 
desse exame de forma rotineira. 
Como opção para avaliação de 
resíduo pós-miccional, é pos-
sível realizar sondagem uretral 
(D). Caso ocorra a saída de mais 
de 200 mL de urina, o exame é 
considerado anormal; caso 
ocorra saída entre 50 e 200 mL, 
deve-se repetir o teste. A son-
dagem deve ser realizada em 
mulheres com ITU de repeti-
ção. [...] (Gusso & Lopes, 
2013).” 
 
 
7 
CUIDADO COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA E ANAL 
Outros Exames Especiais 
 
Os exames complementares 
que serão citados a seguir poderão 
ser requiridos, de acordo com a 
indicação, por especialistas focais. 
 
“[...] Estudo urodinâmico: é útil 
quando há recidiva de IU ou em 
avaliações pós-operatórias. 
Avalia o funcionamento do tra-
to urinário inferior durante as 
fases de enchimento e esvazia-
mento da bexiga, por meio das 
pressões vesicais e abdominais, 
além de fluxo e volume uri-
nários. 
Cistoscopia: exame endoscópi-
co que observa a uretra e as pa-
redes internas da bexiga. É útil 
nos casos de obstrução pós-
operatória e nas suspeitas de 
corpo estranho, neoplasia, he-
matúria persistente, entre ou-
tros problemas. Pode ser rea-
lizada a biópsia vesical durante 
esse procedimento.8 
Urografia excretora: exame ra-
diológico com contraste, nor-
malmente azul de metileno, que 
evidencia fístulas por pertuitos 
não anatômicos, como, por 
exemplo, os ureterovaginais. 
[...] (Gusso & Lopes, 2013).” 
 
Conduta proposta 
 
Tratamento 
 
Desse modo, o treinamento 
dos músculos do assoalho pélvico é 
empregado no tratamento da IU de 
determinada etiologia. Versa em te-
rapia conservadora de principal li-
nha, em específico na IUE e na IUM. 
 
“[...] Medicamentos são úteis, 
no entanto, são mais bem uti-
lizados como adjuvantes, tanto 
no tratamento conservador co-
mo no cirúrgico, apresentando 
diferentes graus de recomen-
dação conforme a fisiopatologia 
dos quadros de incontinência; 
podem apresentar efeitos cola-
terais bastante danosos, como 
quedas, retenção urinária e al-
terações cognitivas, sobretudo 
na população mais idosa. Tam-
bém se deve abordar a eventual 
importância dos fatores com-
portamentais e do estilode vida 
da pessoa com IU. [...] (Gusso & 
Lopes, 2013).” 
 
Não farmacológico 
 
Este compreende o treina-
mento dos músculos do assoalho 
pélvico (acompanhantes ou não as 
soluções auxiliares), o treinamento 
vesical, as influências no estilo de 
vida e, por sua vez, os produtos de 
contenção. 
 
“[...] O treinamento dos múscu-
los do assoalho pélvico é eficaz 
no tratamento da IUE ou da 
IUM. No entanto, não existem 
evidências suficientes para ava-
liar sua eficácia no tratamento 
da IUU. A opinião de especia-
listas sugere que os exercícios 
do assoalho pélvico podem ser 
úteis na IUU em combinação 
com o treinamento vesical té-
cnica em que o indivíduo realiza 
 
 
 
8 
CUIDADO COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA E ANAL 
micções programadas e vai au-
mentando gradativamente o 
tempo entre as micções. [...] 
(Gusso & Lopes, 2013).” 
 
Sendo que na disponibilidade 
de fisioterapia em grupo ou parti-
cular, deve-se proporcionar aos por-
tadores dessa categoria a possibili-
dade de opção. 
 
 
Fonte: (Gusso & Lopes, 2013). 
 
Excelentes estudos se depara-
ram com a eficácia semelhante na 
melhora dos sintomas, assim como 
na modalidade como na outra. Nas 
pessoas sob regime de grupo, não 
devem ser perdidas nas avaliações 
individuais periódicas e o desenvol-
vimento do acompanhamento de ca-
da caso. Do mesmo modo. Na inter-
venção fisioterápica, pode-se fazer 
uma avaliação funcional singelas 
dos músculos do assoalho pélvico. 
 
“[...] A avaliação digital por 
meio do toque vaginal ou retal é 
adequada para medir a força e a 
capacidade da musculatura do 
assoalho pélvico em mulheres e 
homens. Existem vários regi-
mes de treinamento muscular 
disponíveis, e todos são válidos 
desde que obedeçam a alguns 
critérios, havendo, muitas ve-
zes, a necessidade de se ade-
quar um programa para cada 
indivíduo1 – daí a importância 
de existir um profissional habi-
litado como recurso da rede. 
Não há dúvida de que a maneira 
mais adequada de orientar o 
paciente seria por um profis-
sional fisioterapeuta ou enfer-
meiro treinado em reabilitação 
pélvica, mas é um recurso in-
disponível em boa parte das 
situações, de forma que o pró-
prio médico ou enfermeiro po-
de orientá-la, se for o caso. [...] 
(Gusso & Lopes, 2013).” 
 
A abertura da cinesioterapia 
de reabilitação é fundamentada nas 
contraturas da musculatura do as-
soalho pélvico ou músculo pubococ-
cígeo, isto é, exercícios de Kegel. Um 
modo simples e objetivo de compro-
var qual a musculatura enredada é 
guiar a pessoa de que se trata exata-
mente da musculatura responsável 
pelas contrações pélvicas feitas 
quando algum indivíduo continente 
se exibe com necessidade de fazer 
um esvaziamento vesical ou evacua-
ção, contudo encontra-se social-
mente incapaz para tanto. 
 
“[...] Sugere-se realizar esvazia-
mento vesical antes do início 
dos exercícios e que o espaço 
para a fisioterapia ofereça ba-
nheiro de fácil acesso. Pode-se 
iniciar com uma série de exer-
cícios com poucas repetições, 
com contrações musculares de 
características iguais ou dife-
rentes, evitando-se a monoto-
nia e a fadiga muito precoce dos 
diferentes tipos de fibras mus-
culares (rápidas e lentas). [...] 
(Gusso & Lopes, 2013).” 
 
 
 
9 
CUIDADO COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA E ANAL 
 
Fonte: (Gusso & Lopes, 2013). 
 
É importante dividir os perío-
dos de descanso, podendo ser se-
gundos entre as séries, ressaltando a 
pessoa de respirar no decorrer da 
execução dos exercícios, e mais in-
tensamente ao longo dos intervalos. 
Pode-se começar, por exemplo, uma 
série com 5 ou 10 reproduções de 
exercícios de contrações musculares 
isotônicas, sendo não sustentadas, 
com acrescente progressiva tanto no 
número das reproduções quanto das 
séries de acordo com a resposta ou a 
tolerância do(s) sujeito(s). 
Ainda conforme Gusso & Lo-
pes (2013): 
 
“[...] A velocidade das contra-
ções isotônicas é aspecto que 
deve ser trabalhado, realizan-
do-se contrações ora mais rápi-
das, ora mais lentas, intercala-
das na mesma série ou em sé-
ries diferentes. Contrações iso-
métricas (sustentadas) também 
devem fazer parte das séries de 
exercícios, isoladamente (série 
isométrica) ou alternadas por 
contrações isotônicas na mes-
ma série (série mista). Normal-
mente, vai depender de cada ca-
so, mas, em grupo, todas as mo-
dalidades de exercícios podem 
ser trabalhadas. Recomenda-se 
que os exercícios sejam repeti-
dos à exaustão, várias vezes ao 
dia, todos os dias; podem ser 
executados durante a realização 
de outras atividades, por exem-
plo, assistindo à televisão, tra-
balhando, dirigindo ou execu-
tando tarefas domésticas. No 
início, sugere-se maior concen-
tração para que a contração 
muscular seja bem compreen-
dida e para que a propriocepção 
muscular seja mais bem trei-
nada. Também podem ser úteis 
os exercícios que envolvam a 
musculatura adutora do qua-
dril. [...].” 
 
Assim os recursos secundários 
frequentemente empregados nos 
trabalhos com os músculos do as-
soalho pélvico, biofeedback e exci-
tação elétrica funcional, semelham-
se não ter comprovado grande uti-
lidade. Estudos com o máximo nível 
de evidência despontaram que o uso 
de biofeedback, essencialmente uma 
metodologia em que o terapeuta aju-
da a execução dos exercícios com 
aparelhos de aferição de atividade 
muscular especial, porém não foi 
mais ativa para o alívio dos sintomas 
de IU do mesmo que a execução dos 
exercícios de modo isolada. 
 
“[...] Quanto à estimulação elé-
trica funcional, pode-se tirar 
poucas conclusões, sobretudo 
devido ao amplo espectro de 
parâmetros de estimulação elé-
trica utilizados nos vários estu-
dos realizados até hoje. Sabe-se 
que, em homens submetidos à 
prostatectomia radical, parece 
não haver qualquer benefício 
adicional. Um terceiro recurso 
auxiliar, os cones vaginais, po-
dem ser oferecidos como tera-
pia conservadora de primeira 
 
 
10 
CUIDADO COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA E ANAL 
linha no treinamento dos mús-
culos do assoalho pélvico para 
aquelas mulheres que possam e 
estejam preparadas para usá-
los, principalmente porque me-
lhoram a propriocepção muscu-
lar. [...] (Gusso & Lopes, 2013).” 
 
O treinamento vesical, como 
alegado anteriormente, constitui 
técnica cujo o indivíduo faz micções 
programadas e vai acrescentando 
gradativamente o período entre as 
micções. A título de exemplo, se o 
costume do indivíduo é fazer mic-
ções a cada 1 hora, eleva-se o inter-
valo em meio a as micções para 1 ho-
ra e 15 minutos e, deste modo, pro-
gressivamente, de acordo com a 
tolerância individual. É processo 
bem recomendado como terapia de 
primeira linha para mulheres com 
IUU e que pode ser empregado em 
associação ao trabalhos com os mús-
culos do assoalho pélvico nas um-
lheres com IUE e IUM. 
 
“[...] Intervenções no estilo de 
vida podem ser úteis. Em um-
lheres com obesidade mórbida, 
uma grande perda de peso in-
duzida por cirurgia mostrou di-
minuição significativa na in-
continência; moderada perda 
de peso também pode resultar 
em diminuição dos sintomas. A 
ingesta hídrica costuma ter um 
papel menor na patogênese da 
incontinência, mas muitas pes-
soas costumam restringir a in-
gesta de líquidos por conta pró-
pria; no entanto, a urina con-
centrada pode irritar o trato 
urinário e piorar a condição, 
podendo ser medida recomen-
dada apenas para o período no-
turno, diminuindo a noctúria. 
[...] (Gusso & Lopes, 2013).” 
 
 
Intervenções no Estilo de Vida 
 
Reduzir o peso em indivíduos obesos. 
Reduzir a ingesta de cafeína e álcool. 
Reduzir a ingesta hídrica – apenas para indivíduos com elevada ingesta, já que a diminuição 
de fluidos pode levar a infecções urinárias, obstipação, desidratação. Sugere-se volume de 
urina de 24 h entre 1.000 e 2.000 mL. 
Curvar-se para frente durante a tosse. 
Fonte: Adaptado de Thüroff e colaboradores e Scottish Intercolligate Guidelines 
Network. 
 
Desse modo, de acordo comGusso & Lopes (2013): 
 
“[...] Sugere-se que os indiví-
duos ajustem sua ingesta hídri-
ca de forma a produzir um volu-
me de urina de 24 horas entre 
1.000 e 2.000 mL. Abolir ou 
diminuir o consumo de álcool e 
cafeína pode ser medida eficaz, 
 
 
11 
CUIDADO COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA E ANAL 
notadamente em idosos e na-
quelas pessoas com dificulda-
des cognitivas ou físicas em 
conseguir acesso rápido e segu-
ro a um banheiro. Os produtos 
de contenção são um compo-
nente essencial no manejo da 
incontinência, mas são recursos 
que não devem ser considera-
dos em detrimento de outras 
tentativas de intervenção tera-
pêutica. Todas as pessoas com a 
comorbidade devem ser sub-
metidas a uma avaliação de 
continência antes de se abordar 
a possibilidade de sua utiliza-
ção. [...] 
 
Dessa forma, oferecer fraldas 
prematuramente pode levar depen-
dência psicológica e aversão em 
aceitar tratamentos ativos. Indiví-
duos que estejam começando trata-
mento fisioterápico acompanhante 
ou não de tratamento farmacológico 
podem carecer de produtos de pro-
teção por um período curto, confor-
me o grau dos sintomas, prioridades 
pessoais e estilo de vida. As pessoas 
com incontinência intratável serão 
usufrutuários crônicos. 
 
“[...] Vários fatores irão influen-
ciar a escolha dos produtos, 
como preferência do usuário, 
nível de incapacidade, gênero, 
integridade da pele, história de 
alergia, incidência de infecções, 
disponibilidade de cuidadores e 
história de falha com outros 
produtos já utilizados. Diferen-
tes tipos de produtos encon-
tram-se disponíveis no merca-
do: fraldas descartáveis (sem 
evidências claras que sugiram 
maior eficácia de algum tipo de 
fralda em particular), absor-
ventes para roupa íntima e uri-
nóis feminino ou masculino 
(para pessoas com reduzida 
mobilidade). [...] (Gusso & 
Lopes, 2013).” 
 
Farmacológico 
 
Os fármacos anticolinérgicos, 
ainda denominados antimuscaríni-
cos, empregados no tratamento da 
IUU, têm indicado benefício clínico 
expressivo, apesar que nenhum dos 
fármacos comumente empregados 
possam ser estimado de primeira 
linha. 
Desse modo, o tratamento 
precisa ser particularizado, levando-
se em conta comorbidades, uso de 
outros fármacos e perfil farmacoló-
gico das díspares substâncias em-
pregadas pelo mesmo indivíduo. 
 
 
Fármacos Usados no Tratamento de IUU/BHA 
 
Fármacos NE GR 
Anticolinérgicos 
(antimuscarínicos) 
 
Tolterodina 1 A 
 
 
12 
CUIDADO COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA E ANAL 
Tróspio 1 A 
Solifenacina 1 A 
Darifenacina 1 A 
Propantelina 2 B 
Atropina, hiosciamina 3 C 
Fármacos que atuam sobre 
os canais da membrana 
 
Antagonistas do canal de 
cálcio 
2 NR 
Agonistas do canal de 
potássio 
2 NR 
Fármacos com efeitos mistos 
Oxibutinina 1 A 
Propiverina 1 A 
Diciclomina 3 C 
Flavoxato 2 NR 
Antidepressivos 
Duloxetina 2 B 
Imipramina 3 C 
Antagonistas dos receptores 
a-adrenérgicos 
 
Alfuzosina 3 C 
Doxazosina 3 C 
Prazosina 3 C 
Terazosina 3 C 
Tansulosina 3 C 
Antagonistas dos receptores 
ß-adrenérgicos 
 
YM-178 (ß-3) 2 B 
Terbutalina (ß-2) 3 C 
Salbutamol (ß-2) 3 C 
Inibidores da PDE-5 (para 
homens com STUI/BHA) 
 
Sildenafil 2 B 
Tadalafil 2 B 
 
 
13 
CUIDADO COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA E ANAL 
Vardenafil 
Inibidores da COX 
Indometacina 2 C 
Flubiprofeno 2 C 
Toxinas 
Toxina botulínica 
(neurogênica), injetada na 
parede da bexiga 
2 A 
Toxina botulínica (idiopática), 
injetada na parede da bexiga 
3 B 
Capsaicina (neurogênica), 
intravesical 
2 C 
Resiniferatoxina 
(neurogênica), intravesical 
2 C 
Outros fármacos 
Baclofeno, intratecal 3 C 
Hormônios 
Estrogênios, tópicos 2 C 
Desmopressina, noctúria 
(exceto condições de 
fragilidade e/ou idosos) 
1 A 
Fonte: Adaptada de Thüroff e colaboradores. 
 
BHA – bexiga hiperativa; NE – 
nível de evidência; GR – grau de re-
comendação; NR – nenhuma reco-
mendação possível; PDE-5 – fosfo-
diesterase tipo 5; STUI – sintomas 
do trato urinário inferior; COX – 
cicloxigenase. 
Dessa forma, os farmacos em-
pregados no tratamento da IUE têm 
por desígnio elevar a força do fecha-
mento uretral através do aumento 
do tônus da musculatura lisa e es-
triada de acordo com a tabela acima. 
 
“Evidências têm demonstrado 
que uma grande parte do tônus 
uretral é mediado pela estimu-
lação de receptores a-adrenér-
gicos localizados na musculatu-
ra lisa pela liberação de nora-
drenalina. A deterioração na 
função de coaptação da mucosa 
pode ser um fator contribuinte 
na IUE, sobretudo em mulheres 
mais velhas, devido à falta de 
estrogênio. Muitos medica-
mentos podem contribuir para 
esse aumento, mas têm uso li-
mitado pela baixa eficácia ou 
elevada incidência de efeitos 
colaterais. (Gusso & Lopes, 
2013).” 
 
 
 
14 
CUIDADO COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA E ANAL 
Fármacos Usados no Tratamento de IUE
 
Fármacos NE GR 
Duloxetina 1 B 
Midodrina 2 C 
Clembuterol 3 C 
Estrogênios 2 NR 
Metoxamina 2 NR 
Imipramina 3 NR 
Efedrina 3 NR 
Norefedrina 
(fenilpropanolamina) 
3 NR 
Fonte: Thüroff e colaboradores. 
 
NE – nível de evidência; GR – 
grau de recomendação; NR – ne-
nhuma recomendação possível. 
Assim as evidências atualiza-
das discorrer contra o tratamento de 
IU com estrogênios orais, ou seja, 
com ou sem progestogênios. Algu-
mas pesquisas corroboraram que es-
trogênios orais acrescentaram a in-
continência, contudo estrogênios tó-
picos constituíram ser úteis tanto na 
IUE (B) assim como na IUU, agindo 
na atrofia urogenital. Contudo, são 
aspectos que nem sempre simples de 
serem aplicadas pelos indivíduos 
mais idosos ou seus cuidadores. 
Desse modo, o anel de estrogênio 
torna-se mais bem tolerado nesses 
casos. 
 
“[...] Estudos recentes demons-
traram que a desmopressina, 
um hormônio vasopressor, foi 
bem tolerada e apresentou efi-
cácia na redução noctúria, no 
aumento das horas de sono não 
interrompido e, por conseguin-
te, na melhora da qualidade de 
vida. Entretanto, a hiponatre-
mia foi um dos principais efei-
tos colaterais clinicamente rele-
vantes, podendo levar a um es-
pectro de manifestações adver-
sas, desde uma leve cefaleia, hi-
porexia, náusea e vômitos até 
perda de consciência, convul-
sões e morte. Em uma metaná-
lise, o risco de hiponatremia 
chegou a quase 8% e parece 
aumentar com a idade, com 
doenças cardíacas e com um 
volume elevado de urina de 24 
horas. [...]” 
 
Incontinência Urinária em Ho-
mens 
 
Note que o tratamento conser-
vador demonstrado no quadro abai-
xo, é aquele que se refere a alterna-
tivas terapêuticas que não traba-
lhem com intervenções farmacológi-
 
 
15 
CUIDADO COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA E ANAL 
cas ou cirúrgicas, incide na basilar 
abordagem à IU em homens na apli-
cação primária. 
 
“[...] Entretanto, na IUU, abor-
dagens conservadoras são co-
mumente combinadas ao uso 
de medicamentos. Mudanças 
comportamentais nem sempre 
são fáceis de serem implemen-
tadas. A maior parte dos indi-
víduos com sintomas leves a 
moderados desejam aborda-
gens menos agressivas; por ou-
tro lado, aqueles com apresen-
tação clínica mais grave irão re-
querer a utilização de terapêu-
tica farmacológica ou mesmo, 
eventualmente, de pronto refe-
renciamento a outros níveis de 
atenção. [...] (Gusso & Lopes, 
2013).” 
 
 
Recomendações para Tratamento Conservador de IU em Homens 
 
Parece adequado que profissionais da saúde ofereçam aconselhamento a homens sobre 
opções saud•veis de estilo de vida que possam reduzir ou prorrogar o início de IU (NR). 
Pode ser útil orientar TMAP pré-operatório ou no pós-operatório imediato para homens 
submetidos à prostatectomia radical (B). 
Não est• claro se reabilitação ensinada por exame de toque retal tem mais benefício que 
orientações verbais ou escritas para TMAP (B). 
A utilização de biofeedback na assistência de TMAP é atualmente uma decisão conjunta de 
terapeuta e pessoa baseada na preferência pessoal eno custo econômico (B). 
Para homens com incontinência pós-prostatectomia, a adição de estimulação elétrica 
funcional ao programa de TMAP não parece ter benefício (B). 
Fonte: Adaptado de Thüroff e colaboradores. 
 
NR – nenhuma recomendação 
possível; TMAP – treinamento dos 
músculos do assoalho pélvico. 
Desse modo, homens com go-
tejamento pós-miccional comumen-
te não carecem de investigação adi-
cional, devendo-se orientá-los a 
conseguir forte contração da mus-
culatura do assoalho pélvico depois 
esvaziamento vesical com a constri-
ção manual da uretra bulbar e região 
perineal, depois micção. 
 
[...] Para homens com IUE, IUU 
ou IUM, o tratamento inicial 
(Quadro 125.6) deve incluir 
treinamento da musculatura do 
assoalho pélvico, aconselha-
mento sobre estilo de vida, mic-
ções com horário determinado, 
treinamento vesical e uso ra-
cional de medicamentos; embo-
ra, em geral, esses tratamentos 
iniciais, com exceção do treina-
mento muscular pélvico, pos-
suam grau de recomendação 
fraco.1 Boa parte deles consiste 
em hipóteses que precisam ser 
testadas em estudos de maior 
qualidade. Não havendo boa 
resposta com uma abordagem 
inicial adequada dentro de um 
período entre 8 a 12 semanas, 
sugere-se referenciamento. [...] 
(Gusso & Lopes, 2013). 
 
 
16 
CUIDADO COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA E ANAL 
Recomendações para Tratamento Inicial de IU em Homens 
 
Intervenções no estilo de vida (NR). 
TMAP supervisionado na IUE pós-prostatectomia (B). 
Micções de horário para BHA (C). 
Duloxetina combinada com TMAP, para homens com incontinência pós-prostatectomia, 
mostrou-se como opção eficaz de tratamento (B). 
Anticolinérgicos para sintomas de BHA, com ou sem IUU, quando não h• evidência de volume 
residual pós-miccional (C). 
Antagonistas dos receptores a-adrenérgicos podem ser associados se existir também 
obstrução do colo vesical (C). 
Fonte: Adaptado de Thüroff e colaboradores e Scottish Intercollegiate 
Guidelines Network. 
 
NR – nenhuma recomendação 
possível; TMAP – treinamento dos 
músculos do assoalho pélvico; BHA 
– bexiga hiperativa. 
 
Incontinência Urinária em Mu-
lheres 
 
Do mesmo modo, o tratamen-
to em mulheres com IUE, IUU ou 
IUM precisa incluir tratamento con-
servador de acordo com o quadro 
abaixo, assim contemple aconselha-
mento correspondente ao estilo de 
vida, trabalho com os músculos do 
assoalho pélvico, micções progra-
madas, trabalho vesical, ainda alia-
do ao emprego de fármacos. 
 
“[...] Algumas das recomenda-
ções são baseadas em evidên-
cias bastante consistentes, e ou-
tras são essencialmente hipóte-
ses que carecem de compro-
vações de melhor qualidade. No 
Quadro 125.8, constam algu-
mas recomendações para trata-
mento inicial e, no Quadro 
125.9, recomendações para um-
lheres em circunstâncias espe-
cíficas. [...] (Gusso & Lopes, 
2013).” 
 
 
Intervenções no estilo de vida 
Para mulheres moderadamente obesas ou obesas mórbidas, a perda de peso auxilia na 
redução da prevalência de IU (A). 
Redução da ingesta de cafeína pode beneficiar a sintomatologia de IU (B). 
Redução da ingesta hídrica (apenas para indivíduos com elevada ingesta, já que a diminuição 
de fluidos pode levar a infecções urinárias, obstipação, desidratação). 
 
 
17 
CUIDADO COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA E ANAL 
Sugere-se volume de urina de 24 h entre 1.000 e 2.000 mL (C). 
Cruzar as pernas e curvar-se para frente pode ajudar a reduzir escapes durante tosse ou 
espirro (C). 
Treinamento dos músculos do assoalho pélvico 
TMAP deve ser oferecido como terapia conservadora de primeira linha para mulheres com IUE 
e IUM (A). 
TMAP é útil na IUU em combinação com o TV (D). 
Deve-se oferecer o programa mais intensivo possível de TMAP (ou seja, com quantidade de 
exercícios e de supervisão habilitada) dentro de instalações de saúde, já que programas 
supervisionados são mais eficazes que programas não supervisionados. Além disso, mais 
contato com os profissionais da saúde é melhor que menos contato (A). 
Adição de biofeedback ao programa de TMAP não parece ter benefício (A). 
Treinamento vesical 
TV é tratamento de primeira linha apropriado para mulheres com IUU (A). 
TV, tanto quanto anticolinérgicos, pode ser eficaz para tratar IUU (B). 
Algumas mulheres podem preferir TV, pois não produz os efeitos colaterais associados à 
terapia medicamentosa (NR). 
A associação de breves instruções escritas de TV ao tratamento medicamentoso não tem 
benefício (B). 
Para mulheres com IUE ou IUM, uma combinação de TMAP e TV, a curto prazo, pode ser 
melhor que TMAP isoladamente (B). 
Cones vaginais 
CV podem ser oferecidos a mulheres realizando TMAP com IUE ou IUM (NR). 
CV podem ser oferecidos como terapia conservadora de primeira linha no TMAP para aquelas 
mulheres que possam e estejam preparadas para usá-los (B). 
CV podem não ser úteis devido a possíveis efeitos colaterais (microlesões na mucosa vaginal) e 
desconforto (NR). 
CV associados à estimulação elétrica funcional parecem igualmente eficazes em IUE ou IUM, 
mas com utilidade limitada devido a efeitos colaterais e desconforto (B). 
Fonte: Adaptado de Thüroff e colaboradores. 
 
TMAP – treinamento dos 
músculos do assoalho pélvico; TV – 
treinamento vesical; NR – nenhuma 
recomendação possível; CV – cones 
vaginais. 
 
 
 
 
18 
CUIDADO COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA E ANAL 
Recomendações para Tratamento Inicial de IU em Mulheres 
 
Duloxetina é eficaz para a redução dos sintomas, não para a cura (A). 
TMAP é mais bem tolerado que clembuterol ou fenilpropanolamina como terapia de 
primeira linha devido aos efeitos colaterais associados a esses fármacos (B). 
TMAP é mais eficaz que estimulação elétrica funcional como terapia conservadora de 
primeira linha, sobretudo se os exercícios são intensivamente supervisionados (B). 
TMAP é mais eficaz que TV como terapia conservadora de primeira linha (B). 
TMAP é eficaz, tanto isoladamente quanto associado a CV. TMAP de forma isolada é 
preferencialmente a primeira escolha, pois h• menos escape e algumas mulheres não podem 
ou não gostam de usar CV (B). 
TMAP e cirurgia são eficazes. Muitos clínicos e mulheres podem preferir exercícios como 
primeira escolha, pois são menos invasivos (C). 
Mulheres com IUU ou IUM 
TMAP e TV são ambos eficazes como terapias conservadoras de primeira linha (B). 
TMAP é melhor que oxibutinina como terapia de primeira linha (B). 
Fonte: Adaptado de Thüroff e colaboradores. 
 
TMAP – treinamento dos 
músculos do assoalho pélvico; TV – 
treinamento vesical; CV – cones 
vaginais. 
 
Recomendações para Tratamento de IU em Mulheres em Circunstâncias Específicas 
 
Gestante primigesta 
Oferecer fortalecimento intensivo com TMAP anteparto (NR). 
Proporcionar contato regular com profissional da saúde para supervisão de TMAP para 
prevenção de IU pós-parto (NR). 
Proporcionar contato regular com profissional para supervisão de TMAP para prevenção de 
IU pós-parto em mulheres continentes até 18 semanas (A). 
Abordagem de grupo populacional, intervenções com TMAP oferecidas independentemente 
de gestantes serem continentes ou não com 20 semanas de gestação (B). 
Mulheres com sintomas persistentes no 3º mês pós-parto 
O TMAP é oferecido como terapia conservadora de primeira linha (A). 
Oferecer programas intensivos de TMAP, ou seja, altamente supervisionados e em grande 
quantidade (B). 
Fonte: Adaptado de Thüroff e colaboradores. 
 
 
 1
9
 
 
 
 
 20 
CUIDADO COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA E ANAL 
2. Abordagem Clínica da Incontinência Fecal 
 
 
Fonte: Saúde IG2 
 
incontinência fecal pode ser 
motivada por fatores singelos 
ou complexos que, visto que, podem 
ser reversíveis ou irreversíveis. Des-
se modo, não se refere um diagnós-
tico por si só, sendo que os médicos 
necessitam ser proativos e compas-
sivos na abordagem do problema. 
 
“[...] A avaliação da incontinên-
cia fecal deve ser dirigida para a 
causa e para o estado funcional 
dodoente, sendo importante 
que a história clínica seja deta-
lhada, abordando as suas possí-
veis causas e a frequência, se-
veridade e duração dos episó-
dios, bem como o impacto na 
qualidade de vida do doente, in- 
 
2 Retirado em http://saude.ig.com.br 
cluindo a capacidade deste sair 
de casa para o trabalho ou para 
atividades sociais. Este deverá 
também ser questionado sobre 
a existência de outros sinais/ 
sintomas abdominais, doenças 
sistémicas conhecidas, procedi-
mentos anorretais locais como 
hemorroidectomia, partos vagi-
nais, medicação e dieta. [...] 
(RIBEIRO, 2013).” 
 
Assim, o médico precisará le-
var em conta que a incontinência po-
derá ter uma causa secundária a ou-
tras categorias, que podem ser gra-
ves, especialmente se existir uma 
modificação inexplicada da função 
A 
 
 21 
CUIDADO COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA E ANAL 
intestinal, anemia, perda de peso, 
hemorragias retais, diarreia noturna 
ou rigorosa e massas abdominais ou 
pélvicas. 
Assim, ainda de acordo com 
Ribeiro (2013): 
 
“Depois da entrevista clínica, o 
médico deverá ser capaz de ca-
tegorizar o tipo de incontinên-
cia e classificá-la como ligeira, 
moderada ou severa. No que 
concerne esta classificação, de-
ve-se ter em conta que se a en-
trevista focar apenas nas ques-
tões fisiopatológicas do proble-
ma, pode ocorrer uma subvalo-
rização da classificação, dado 
que vez que os doentes ficam 
particularmente ansiosos com a 
imprevisibilidade dos episó-
dios, comprometendo severa-
mente as suas atividades.” 
 
De tal modo, têm diversas es-
calas e questionários convalidados 
que, para além de auxiliarem a de-
terminar o tipo. 
 
Informação importante a obter na 
história clínica do doente com 
incontinência fecal 
 
 
Fonte: (RIBEIRO, 2013). 
A intensidade dos sintomas e a 
eficácia das terapêuticas instituídas, 
admitem avaliar choque psicossocial 
do problema. O Cleveland Clinic 
grading system admite aferir, para 
além do grau de incontinência, a 
potência terapêutica, fundando-se 
em sete parâmetros que abarcam: 
 
“[...] tipo de incontinência sóli-
da, líquida e/ou gases; altera-
ções no estilo de vida; necessi-
dade de usar um penso anal ou 
medicação antidiarreica; capa-
cidade de deferir a defecação. O 
score, neste caso, varia de 0-
continente- a 24- incontinência 
severa. A escala de incontinên-
cia de St. Mark é uma escala 
muito utilizada, sendo uma mo-
dificação da de Cleveland e con-
sistindo nos seguintes itens: 
tipo e frequência da incontinên-
cia, alteração no estilo de vida, 
necessidade de usar penso anal, 
mudar constantemente de rou-
pa interior ou uso de antidiar-
reicos e capacidade de deferir a 
defecação em 15 minutos. Estes 
scores podem ser complemen-
tados com questionários como 
o Symptom Checklist 90 Re-
vised (SCL-90) ou o Short Form 
36 (SF36) que ajudam a corre-
lacionar a saúde e o bem-estar 
do ponto de vista dos doentes. 
[...] (RIBEIRO, 2013).” 
 
Isto é, aferem o choque da 
incontinência fecal na qualidade de 
vida do paciente. 
 
 
 
 
 22 
CUIDADO COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA E ANAL 
Exame Físico 
 
No que fala sobre o exame físi-
co, é conexo que este seja detalhado 
e apontado a todos os sistemas uma 
vez que, assim como já foi mencio-
nado, a incontinência pode ter ra-
zões secundária a doenças sistémi-
cas ou neurológicas. Esta precisa 
abarcar, individualmente, inspeção 
do períneo, exame neurológico, que 
pode ser nomeadamente a sensibili-
dade perianal e os automáticos cu-
tâneos anais, exame por tato do reto, 
protoscopia e rectossigmoidoscopia. 
 
Exames Complementares de 
Diagnóstico 
 
Exames complementares de 
diagnóstico característicos auxiliam 
a complementar a avaliação clínica e 
admitem uma avaliação objetiva, 
auxiliando a fazer um diagnóstico 
mais conciso da motivação da incon-
tinência. Contudo, apesar de serem 
benéficos para determinar o melhor 
tratamento a estabelecer conforme o 
motivo da incontinência, não existe 
nenhum teste prático que possa ser 
estimado como o definitivo para a 
estimativa da função anorretal ou 
para o diagnóstico da sua etiologia. 
 
Tratamento 
 
Note que a partir dos 4 anos, a 
incontinência fecal passa não ser 
considerada normal ou adequada à 
idade. O tratamento do distúrbio 
necessita ser tanto quanto admissí-
vel dirigido o agente e sempre foca-
lizado no paciente como ser parti-
cular, contudo, são usadas típica-
mente uma abundância de estra-
tégias. 
 
 
Fonte: (RIBEIRO, 2013). 
 
“[...] Existem fármacos que exa-
cerbam a incontinência fecal e a 
medicação do doente deve, por 
isso, ser revista (tabela 5). No 
entanto, alguns podem ser be-
néficos para o doente, apesar de 
haver pouca evidência sobre 
quais são os mais indicados pa-
ra um dado problema, o que le-
va muitas vezes à instituição de 
um tratamento empírico. [...] 
(RIBEIRO, 2013).” 
 
Assim, entre estes deparam-
se: “agentes formadores de volume, 
agentes antidiarreicos, injeções di-
retas no esfíncter, fármacos que au-
mentam a função do esfíncter e a 
desimpactação fecal.” (RIBEIRO, 
2013). 
Os agentes formadores de vo-
lume podem ser vistos como as fi-
bras naturais ou sintéticas geral-
 
 23 
CUIDADO COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA E ANAL 
mente usuais no tratamento da in-
continência incitada por diarreia 
moderada, porquanto atenuam a 
frequência da defecação e a perda de 
fezes. 
 
“[...] Apesar de haver poucos 
estudos sobre a sua eficácia, é o 
tratamento mais frequente-
mente recomendado para esta 
condição. Salienta-se o psilium, 
a goma arábica, a meticelulose 
e o policarbofilo de cálcio. Entre 
os agentes antidiarreicos en-
contram-se a loperamida, a co-
deína, o difenoxilato com atro-
pina e a amitriptilina. Quando a 
diarreia é persistente, e já foi 
adequadamente investigada, 
estes fármacos podem ser utili-
zados. A primeira opção é, ger-
almente a loperamida (que, em 
adição ao efeito opióide pode 
melhorar o tónus do esfíncter 
anal e a compliance retal), se-
guida dos restantes. [...] (RI-
BEIRO, 2013).” 
 
Determinadas anormalidades 
corriqueiras em doentes mais ido-
sos, quão intensamente a esclerose 
do esfíncter interno e a redução da 
pressão de repouso do esfíncter 
anal, possuem uma abordagem cin-
gida no que respeita a tratamento. 
 
“[...] Assim, injeções intraes-
finctéricas diretas de substân-
cias não absorvíveis têm sido 
propostas para melhorar a sua 
função de barreira mecânica. 
Estes agentes atuam essencial-
mente pelo aumento da pressão 
de repouso através da criação 
de um efeito semelhante ao 
exercido pelos coxins anais e os 
que já foram avaliados para o 
efeito são: colágenio gluteral-
deído reticulado (GAX colla-
gen), politetrafluoretileno (Te-
flon), silicone, óxido de zircónio 
e gordura autóloga. Dor no local 
da injeção, ulceração e embolia 
gorda são alguns dos efeitos 
laterais. [...] (RIBEIRO, 2013).” 
 
Fisioterapia do Pavimento Pél-
vico 
 
Tratamentos executados por 
fisioterapeutas particularizados 
possuem grande benefício na in-
continência fecal. Nesta situação, o 
principal desígnio é estabilizar o 
pavimento pélvico, juntamente com 
o esfíncter. 
 
“[...] O treino dos músculos do 
pavimento pélvico aumenta a 
sua força e resistência, estimula 
o seu suprimento nervoso, au-
menta o fluxo sanguíneo para o 
reto, região anal e pavimento 
pélvico, bem como melhora a 
“consciência” anatómica para 
diminuir os episódios de incon-
tinência. As fases de treino do 
pavimento pélvico envolvem o 
desenvolvimento de sensibili-
dade, contração e relaxamento 
de músculos isolados, exercita-
mento de cadeias musculares e 
integração da atividade no su-
porte de peso diário. [...] 
(RIBEIRO, 2013).” 
 
Além disso podem ser traba-
lhados gradualmente programas de 
treino auxiliados no domicílio. Estes 
procedimentos podem ser comple-
tados com biofeedback ou eletoesti-
mulação.25 
CUIDADO COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA E ANAL 
3. Estimulação do Nervo Sagrado 
 
 
Fonte:3 Saúde IG 
 
sta é uma metodologia reco-
nhecida e diligente para o tra-
tamento da incontinência, de tal ma-
neira fecal assim como urinária. É 
minimamente hostil e com reco-
mendações muito abertas, o que a 
torna por diversas vezes na primeira 
linha de tratamento em determina-
das maneiras de incontinência fecal, 
principalmente se associada a in-
continência urinária. 
 
“[...] Apesar do seu mecanismo 
de funcionamento ainda não 
estar completamente esclareci-
do, sabe-se que a estimulação 
 
3 Retirado em http://saude.ig.com.br 
no nervo sagrado espinhal en-
tre S2 e S4 modula a atividade 
cólica por um mecanismo de 
neuromodulação local, com 
contribuição da atividade ner-
vosa central. Assim, recruta-se 
a função residual do mecanis-
mo de continência através da 
estimulação elétrica de nervos 
periféricos em três fases: a pri-
meira para identificar o nervo 
sagrado que melhor se correla-
ciona com a contração do es-
fíncter, a segunda que consiste 
num ensaio de 2 semanas para 
verificar o potencial terapêutico 
no doente e, finalmente, a 
terceira fase em que se faz a 
implantação de um elétrodo 
permanente junto do buraco 
E 
 
 26 
CUIDADO COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA E ANAL 
sagrado selecionado, ligado 
através de uma extensão percu-
tânea a um pacemaker perma-
nente. [...] (RIBEIRO, 2013).” 
 
Estimulação do Nervo Sagrado 
 
 
Fonte: Urologymatch 
 
Observe que as indicações 
apesar não estão claramente defi-
nidas, contudo podem incluir distor-
ções ou alteração do esfíncter inter-
no, esfíncter externo mortiço, contu-
do estruturalmente intacto e doen-
tes cujos o tratamento conservador 
tenha fracassado, sendo uma esco-
lha a graciloplastia dinâmica ou co-
lostomia. 
 
“[...] A experiência com esta 
técnica indica que o principal 
critério de inclusão é, de facto, 
um EAE estruturalmente intac-
to, documentado clinicamente 
e por ecografia endoanal. A es-
timulação sagrada requer ma-
nutenção contínua, sendo um 
tratamento com um custo rela-
tivamente elevado. Os doentes 
necessitam frequentemente de 
reprogramar os parâmetros de 
estimulação para otimizar a 
eficácia e, como a bateria não é 
recarregável, quando se acaba é 
necessária a reimplantação de 
um novo estimulador. [...] (RI-
BEIRO, 2013).” 
 
Por fim, complicações assim 
como dor e infeção por causa do dis-
positivo são via de regra resolvidas 
tão-somente por cirurgia. 
 
27 
 
 
28 
 
 
CUIDADO COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA E ANAL 
4. eferências Bibliográficas 
 
BARROSO, Aline Maria Francia, et al. 
Abordagem fisioterapêutica na inconti-
nência fecal: revisãode literatura. 
 
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família e comunidade: princípios, forma-
ção e prática (2 vols., Porto Alegre: 
Artmed, 2012). 
 
HIGA, Rosângela; LOPES, Maria Helena 
Baena de Moraes; REIS, Maria José dos. 
Factores de riesgo para incontinencia uri-
naria en la mujer. Revista da Escola de 
Enfermagem da USP, 2008, 42.1: 187-192. 
 
REIS, Rodolfo Borges dos, et al. Incon-
tinência urinária no idoso. Acta Cirúrgica 
Brasileira, 2003, 18: 47-51. 
 
RIBEIRO, Fani Susana Leite. Inconti-
nência fecal: Abordagem passo a passo. 
Universidade do Porto, 2013. 
 
RODRIGUES, Ana Rita Queiroz. Incon-
tinência fecal: abordagem, tratamento e 
perspetivas futuras. 2017. 
 
 
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