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UNICNEC – UNIVERSIDADE CENECISTA DE OSÓRIO CASO CLÍNICO VITÓRIA NUNES GOTHE OSÓRIO 2020 Vitória Nunes Gothe CASO CLÍNICO Trabalho Acadêmico apresentado à cadeira de Fisioterapia Uroginecológica e Obstétrica como parte da avaliação do primeiro bimestre de 2020/1. Orientador (a): Professora Verônica Vargas. OSÓRIO 2020 SUMÁRIO Revisão da Patologia ................................................................................................. 1 Avaliação Fisioterapêutica .......................................................................................... 2 Plano de Tratamento .................................................................................................. 3 Embasamento de Condutas ....................................................................................... 4 Referencias Bibliográficas .......................................................................................... 5 REVISÃO DA PATOLOGIA O presente trabalho trata-se de um caso clínico e tem como objetivo agregar o conhecimento sobre a anamnese, o diagnóstico fisiopatológico, os objetivos que visam os benefícios provindos do tratamento e as condutas que podem ser utilizadas no contexto a ser abordado. Este caso trata-se de uma paciente de 52 anos, do sexo feminino que se encontra acometida por um quadro de Incontinência Urinária Mista (IUM). A Incontinência Urinária é uma patologia que consiste em toda a perda involuntária de urina e pode ser classificada em três tipos, incontinência de urgência, incontinência de esforço ou estresse e incontinência mista. Incontinência Urinaria de Urgência (IUU): é assim classificada quando o paciente é acometido pela vontade incontrolável de urinar e com perda do controle sobre os Músculos do Assoalho Pélvico (MAP) não permitindo que o indivíduo consiga segurar a necessidade miccional até o momento apropriado resultando na perda de urina. Incontinência Urinaria de Esforço ou Estresse (IUE): classificação obtida quando o paciente é acometido pela perda de urina durante algum esforço físico, como a relação sexual, exercícios de resistência como a prancha abdominal e exercícios ativos de alta intensidade como o Jumping. Incontinência Urinaria Mista (IUM): é a classificação dada ao paciente que possui não só uma das classificações e sintomas acima, mas sim as duas. O que torna a forma mais difícil de convivência com a patologia, tendo em vista a qualidade de vida do paciente, onde mais as suas funções rotineiras podem ser complicadas por estes sintomas, principalmente o convívio social, o que por diversas vezes faz com que o paciente não busque ajuda por sentir-se envergonhado pela sua condição. A anatomia e a neurofisiologia da micção funcionam da seguinte forma, a bexiga é um órgão muscular oco que tem como função o armazenamento da urina. A urina é o produto obtido através de três etapas que ocorrem nos rins, órgão responsável pela filtração de todo o sangue e líquidos do corpo. A primeira etapa é a filtração onde os néfrons, unidades funcionais dos rins, filtram todo o sangue. A segunda é a reabsorção onde toda a agua, minerais, sódio, aminoácidos e glicose possível são reabsorvidos e voltam para o sangue. E a terceira é a secreção onde os produtos não reabsorvidos como a amônia, hidrogênio, potássio e ureia são secretados pelos rins através das uretras até a bexiga. Os receptores sensoriais presentes no interior da bexiga percebem o estiramento da parede vesical, que ocorre após o seu enchimento, esses sinais sensoriais são conduzidos para os segmentos sacrais da medula espinhal pelos nervos pélvicos, à medida que a bexiga continua se enchendo os reflexos de micção tornam-se mais frequentes mais intensos causando contrações cada vez maiores do músculo detrusor, num ciclo repetitivo e contínuo, até que a bexiga atinja um alto grau de contração, quando o reflexo da micção se tornar suficientemente intenso, outro reflexo é desencadeado que determina o relaxamento esfincteriano liberando a urina para a micção. O ato apesar de simples envolve estruturas complexas como o Sistema Nervoso Central (SNC) e o Sistema Nervoso Periférico (SNP), são responsáveis por inibir a micção até o momento oportuno, coordenar e facilitar as mensagens enviadas pelo sistema urinário. O sistema nervoso simpático atua na fase do armazenamento urinário promovendo a contração do esfíncter externo e relaxamento do musculo detrusor, o sistema nervoso parassimpático atua na fase do esvaziamento da bexiga contraindo o musculo detrusor e relaxando o esfíncter externo uretral, e o sistema nervoso somático atua controlando voluntariamente a contração e o relaxamento dos músculos do assoalho pélvico e musculatura estriada da uretra, controlando previamente os reflexos autonômicos através do nervo pudendo. À interação dessas estruturas e o sistema urinário é que faz a micção funcionar corretamente. Antigamente acreditava-se que a incontinência urinaria acometia apenas as pessoas com idade mais avançada. Hoje, através de diversos estudos que vem sendo realizados ao longo dos anos, nota-se que esta patologia não é um referencial de idade e sim de fraqueza. Trata-se de uma flacidez muscular, nos Músculos do Assoalho Pélvico (MAP), os mesmos que são responsáveis pela contração e relaxamento que fazem a abertura e fechamento do esfíncter da bexiga que libera ou segura à urina. Depois de diagnosticada a incontinência urinaria pode ser tratada de diversas formas como através de medicamentos, fisioterapia para o fortalecimento dos Músculos do Assoalho Pélvico (MAP) e nos casos mais severos, onde estão correlacionadas a outros problemas no trato urinário e uterino, cirúrgico. A fisioterapia tem um campo específico para tratar estas patologias que seria a Fisioterapia Uroginecológica e Obstétrica, na qual a incontinência urinaria é uma das mais frequentes. A fisioterapia ajuda não só com o fortalecimento da MAP, mas na melhora da qualidade de vida destes pacientes trazendo-os de volta as suas atividades laborais, melhorando a percepção psicossocial e sequencialmente sua reinclusão social. Métodos como ginasticas hipopressivas, exercícios de Kegel, biofeedback eletromiográfico, questionários de incontinência urinaria e de qualidade de vida podem ser utilizados para o fortalecimento dessa musculatura, assim como algumas automassagens que podem ser ensinadas ao paciente pelo terapeuta para trazer relaxamento aquela musculatura. AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA Paciente: V. R. Sexo: Feminino Idade: 52 anos Número de gestações: 2 Complicações: Não Tipo de parto: Ambos vaginais Vida sexual: Ativa Dor ou desconforto: Não Menopausa: Há um ano e sem reposição hormonal Queixa principal: perda de urina em gotas desde o início desse ano, ao realizar atividades físicas de alto impacto, como o Jumping, quando sente vontade de ir ao banheiro tem que ir com urgência, pois não consegue segurar a urina, alguns dos episódios ocorrem quando espirra ou tosse. Faz uso de protetor diário para não vazar na calcinha e já teve infecções urinárias. Foi realizado teste de força muscular da MAP com base no esquema PERFECT, onde a paciente obteve nota 3 – contração moderada. Diagnostico clinico: Incontinência Urinaria Mista Diagnostico cinético funcional: Disfunção da musculatura do assoalho pélvico sugestivo a fraqueza da MAP que dificulta suas atividades laborais. Uso de musculatura acessória como o abdômen e glúteos. PLANO DE TRATAMENTO OBJETIVO Fortalecer a MAP cessando a incontinência, prevenindo a atrofia desta musculatura, reeducando a MAP e deixar de fazer uso de musculatura acessória para realizar a sua contração. CONDUTAS FISIOTERAPÊUTICAS A paciente realizara exercícios de Kegel em como finalidade fortalecer o músculo pubococcígeo. Este exercício consiste na contração e descontração destes músculos precisa ser realizada diariamente, pelo menos 3 vezes ao dia, e é importante saber qual o músculo que precisa ser ativado para que o fortalecimento da região aconteça de forma eficaz. Biofeedback eletromiográfico, uma técnica de conscientização que mostra ao paciente, com o auxilio da tecnologia, quais os músculos corretos a serem contraídos e relaxados, obtendo maior controle dessa função, melhorando a continência urinaria e a descontinua o uso de musculatura acessória. Cones vaginais que são pesos que variam de 20g a 100g para o treinamento funcional dos músculos do assoalho pélvico nas atividades diárias, orienta-se a inserir o cone na vagina durante 15 a 20 minutos e caminhar, há uma sensação de perda do cone ocorrendo uma contração dos músculos do assoalho pélvico. Aconselhar a trocar o Jumping por outra atividade física de menor impacto. Aconselhar a terapia comportamental, onde o paciente é alertado sobre a ingesta de alimentos e líquidos que irritam a bexiga podendo torna-la mais hiperativa. Aplicação do King’s Health Questionarie (KHQ) e do ICIQ – Fluts a partir do inicio da segunda sessão de fisioterapia, que são questionários para medir o impacto da incontinência urinária no estado de saúde e qualidade de vida. EMBASAMENTO DAS CONDUTAS Durante o estudo realizei buscas para a verificação da eficácia das condutas aplicada neste caso clinico. Dentre essas condutas estão exercícios de Kegel, Biofeedback eletromiográfico, cones vaginais, aplicação de questionários de qualidade de vida para incontinência urinaria, bem como aconselhar sobre o desuso do protetor diário e da ingesta de alimentos e líquidos que possam provocar a hiperatividade da bexiga. Segundo um estudo de revisão sistemática publicado pela REVISTA ELETRÔNICA ACERVO SAÚDE são recomendados como primeira opção de tratamento por serem menos invasivo e menos perigoso, entre eles destacam-se os Exercícios de Kegel que são feitos para fortalecer os músculos do assoalho pélvico e melhorar a função do esfíncter uretral. Esses exercícios vêm sendo muito estudado pela fisioterapia uroginecológica. Além disso, estudos mostram resultados significativos no que se refere ao tratamento de pacientes que apresentam o quadro de incontinência urinária. (SOUZA JG et al., 2017; TOPUZ S e SEVIG EU, 2016 aput SILVEIRA, CELIANE 2019 pág. 2). Este outro estudo mostra que o feedback aplicado ao ser humano passou a ser chamado de Biofeedback, definido como “técnica que utiliza um equipamento habitualmente eletrônico de monitorização para revelar aos indivíduos de maneira contínua e instantânea, alguns eventos fisiológicos ou condições do corpo, que as pessoas não estão conscientes, na tentativa de desenvolver controle consciente sobre estes processos” (BASMAJAN, 1981 aput RETT, 2004, pág. 22). Uma das suas principais características é prover informações de forma direta ao indivíduo, através dos sinais representados, despertando-o para suas capacidades fisiológicas através da retroalimentação (KNIGHT e LAYCOCOK, 1994; BOURCIER, 1999 aput RETT, 2004, pág. 22). Seu objetivo é, portanto, transformar a atividade muscular em um evento compreensível e melhorar a coordenação e utilização correta do músculo desejado (BOURCIER, 1999; GROSSE e SENGLER, 2002 aput RETT, 2004, pág. 22). O mecanismo de aprendizagem com o biofeedback é feito através da detecção de uma função, e em seguida esta função é amplificada e traduzida em um sinal visual e/ou sonoro, imediatamente disponível para o indivíduo (GROSSE e SENGLER, 2002 aput RETT, 2004, pág. 22). Em uroginecológica, o termo biofeedback é comumente usado de maneira inadequada para classificar um método ou técnica diferente dos exercícios do assoalho pélvico. Entretanto, o biofeedback não é um tratamento por si só, mas um adjuvante ao treinamento que mensura e demonstra uma simples contração muscular. Portanto, ele participa da conscientização da função e controle seletivo dos músculos do assoalho pélvico e potencializa os efeitos dos exercícios perineais, favorecendo o recrutamento das unidades motoras ligadas ao nervo pudendo (KNIGHT e LAYCOCK, 1994; GROSSE e SENGLER, 2002 aput RETT, 2004, pág. 23). Outro estudo realizado em Porto Alegre pela PUCRS mostra que fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico (MAP) traz vários benefícios para as pacientes, com a possibilidade de garantir a diminuição ou ausência da perda de urina. Dentre os tratamentos indicados para IUE, o fortalecimento dos MAP através de exercícios cinesioterapêuticos com utilização de cones vaginais é uma opção pouco invasiva e de baixo custo. Essa técnica terapêutica permite o recrutamento das fibras musculares dos tipos I e II, além de melhorar a propriocepção das pacientes, contribuindo para contrações mais eficazes. (Dreher DZ et al. 2009 pág. 44). Alguns autores preconizam o uso de cones vaginais somente na fase passiva. Neste estudo idealizou-se a utilização em duas fases distintas, passiva e ativa, para obter recrutamento distinto das fibras do tipo I e II. Na fase passiva, há um maior recrutamento das fibras musculares do tipo I, pois o cone estimula contrações musculares por tempo prolongado, além de estimular as fibras musculares do tipo “IIa” a se adaptarem com características fisiológicas semelhantes às do tipo I. Na fase ativa, mesmo com o tempo de repouso igual ao da contração, há um maior recrutamento das fibras musculares do tipo II em relação à fase passiva. A atrofia muscular é específica para cada fibra, predominando nos músculos que contém maior quantidade de fibras tipo II. Relata-se que há diminuição linear da proporção de fibras tipo II e que este efeito pode ser prevenido através de exercícios. (Dreher DZ et al. 2009 pág. 44). Neste estudo Santos et al. (2009) relata que a maior incidência encontrada na literatura de Incontinência Urinária é entre jovens praticantes de Jumping (cama elástica), sendo que, entre 35 atletas que praticavam esse esporte, 80% informaram perder urina durante essa atividade. Esta informação corrobora com os achados no presente estudo, pois a incidência maior da IU foi na prática do Jumping entre as mulheres entrevistadas, demonstrando haver alto impacto intra-abdominal durante os saltos na cama elástica. (PRIGOL, S. et al, 2014, pág. 125). Os efeitos na qualidade de vida do portador são de grande importância, porém às vezes não são valorizados por profissionais de saúde por não estarem atentos a essa questão. A Sociedade Internacional de Continência (ICS) tem recomendado que um questionário de qualidade de vida fosse incluído em todo e qualquer estudo sobre incontinência urinária. (Avery et al., 2007 aput PORTAL EDUCAÇÃO, 2009). A avaliação da qualidade de vida foi acrescentada aos ensaios clínicos randomizados como terceira dimensão a ser considerada além da eficácia e da segurança. A definição da Organização Mundial de Saúde (OMS) para qualidade de vida é “a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura de sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. As pacientes com queixas de urge-incontinência urinária têm um maior impacto na qualidade de vida que as pacientes com queixas de incontinência urinária de esforço, e que a incontinência urinária afeta mais a função social e psicológica que a função física da paciente (Sthephenson e O’Connor, 2004 aput PORTAL EDUCAÇÃO, 2009). Os questionários genéricos, como o SF-36, são de fácil administração e compreensão, mas que podem ser pouco sensíveis às alterações clínicas que as pacientes venham a apresentar. Já os questionários específicos avaliamaspectos próprios da gravidade e do impacto dos sintomas na vida das pacientes como: “Bristol Female Lower Urinary Tract Symptoms” (BFLUTS), “Quality of life in Persons with Urinary Incontinence” (I- QoL), “Stress Incontinence Questionnaire” (SIQ) e “King’s Health Questionnaire” (KHQ) (Kelleher C, 2000 aput PORTAL EDUCAÇÃO, 2009). Dentre os específicos, destaca-se o KHQ por usar ambos os métodos de avaliação, tanto a presença de sintomas da incontinência urinária, quanto seu impacto relativo, o que leva a resultados mais consistentes. (Kelleher, 2000 aput PORTAL EDUCAÇÃO, 2009). Com base nessas informações e algumas que obtivemos em aula montei meu plano de tratamento, visando o maior resultado possível para a paciente e principalmente sua qualidade de vida, objetivando a volta as suas atividades laborais e AVD’S de costume. REFERENCIAS RETT, Mariana Tirolli. Incontinência urinaria de esforço em mulheres no menacme: tratamento com exercícios do assoalho pélvico associados ao biofeedback eletromiográfico. 2004. 74fls. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Medicas, Campinas, SP. Disponível em: <http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/313253>. Acesso em: 17/04/2020 às 16:58. DREHER, Daniela Zeni et al. O fortalecimento do assoalho pélvico com cones vaginais: programa de atendimento domiciliar. Scientia Medica, Porto Alegre, v. 19, n. 1, p. 43-49, jan./mar. 2009. Disponível em: file:///C:/Users/Vgoth/Downloads/2612-42376-1-PB.pdf Acesso em: 17/04/2020 às 17:55. SILVEIRA, Celiane da Mota. Os efeitos dos Exercícios de Kegel em idosas com Incontinência Urinária: uma Revisão Sistemática. Revista Eletrônica Acervo Saúde / Electronic Journal Collection Health. Vol. Sup. 26 | e734, 2019. Disponível em: file:///C:/Users/Vgoth/Downloads/734-Artigo-5740-2-10-20190708%20(3).pdf Acesso em: 17/04/2020 às 14:37. PRIGOL, Sandra. et al. Prevalência Da Incontinência Urinária Em Mulheres Praticantes De Atividade Física Nas Academias Da Cidade De Erechim. Erechim Perspectiva. V. 38, n.141, p. 121-130, março/2014. Disponível em: http://www.uricer.edu.br/site/pdfs/perspectiva/141_397.pdf Acesso em: 17/04/2020 às 15:25. EDUCAÇÃO, portal da. Incontinência Urinária e Qualidade de Vida. PORTAL DA EDUCAÇÃO. Home > Artigos > Fisioterapia. 2009. Disponível em: https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/fisioterapia/incontinencia- urinaria-e-qualidade-de-vida/22111 Acesso em: 17/04/2020 às 20:46. file:///C:/Users/Vgoth/Downloads/2612-42376-1-PB.pdf file:///C:/Users/Vgoth/Downloads/734-Artigo-5740-2-10-20190708%20(3).pdf http://www.uricer.edu.br/site/pdfs/perspectiva/141_397.pdf https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/fisioterapia/incontinencia-urinaria-e-qualidade-de-vida/22111 https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/fisioterapia/incontinencia-urinaria-e-qualidade-de-vida/22111
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