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INSTITUTO ITAPETININGANO DE ENSINO SUPERIOR – IIES DIREITO CONDIÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO - ASILO POLÍTICO DALETE PRADO DE LIMA DANIELA FERNANDES VIEIRA LUIZA BARELLI HORIY THAIENY SOUZA OLIVEIRA VINICIUS AUGUSTO MACHADO MARTINS ITAPETININGA – SP 2022 INSTITUTO ITAPETININGANO DE ENSINO SUPERIOR – IIES DIREITO DALETE PRADO DE LIMA - 83010004614 DANIELA FERNANDES VIEIRA - 83010005924 LUIZA BARELLI HORIY – 83010004208 THAIENY SOUZA OLIVEIRA - 83010004680 VINICIUS AUGUSTO MACHADO MARTINS - 83010004586 Trabalho apresentado ao Instituto Itapetiningano de Ensino Superior – IIES, como requisito básico para a obtenção do título de Bacharel em Direito. Orientador: Professa Gisele Sacco ITAPETININGA – SP 2022 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como tema a Condição Jurídica no Estrangeiro, em suma, tratará do Asilo Político, suas características e discussões, bem como, demais assuntos relacionados. “Em caso de perseguição, toda pessoa tem direito de buscar asilo, e a desfrutar dele, em qualquer país. Este direito não poderá ser invocado contra uma ação judicial realmente originada por delitos comuns ou por atos opostos aos propósitos e princípios das Nações Unidas.” Encontramos o instituto da Asilo através da evolução histórica e política da humanidade, originando o Asilo Criminal na Grécia e o Asilo Político na Revolução Francesa. O Asilo Político também poderá corresponder a Asilo Interno ou Diplomático, tendo como principal referência a proteção oferecida através de um Estado, operando em território estrangeiro com o objetivo de auxiliar pessoas que solicitam essa proteção. A finalidade do Direito de Asilo, é a proteção da pessoa humana através da Declaração Universal dos Direitos Humanos, contudo, ainda não se trata de um direito do indivíduo, mas tão somente do Estado, concedendo este asilo de maneira discricionária. O Direito de Asilo será concedido para aqueles que sofrem perseguições políticas, religiosas ou raciais, diferente da proteção ao refugiado, a qual irá tratar de um número elevado de pessoas as quais possuem os mais variados aspectos, como temas de vida e liberdade, ambos institutos visam proteger o ser humano diante da perseguição, sendo o Estado responsável por similar a essência de proteção e dignidade entre eles. Quando se aborda o tema “refúgio”, tem-se um instituto atual do Direito Internacional que passou a ser referência no período da Guerra Fria quando do conflito entre Estados Unidos e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, onde os refugiados passaram ser usados inclusive, como propaganda eleitoral. Quando se aborda o tema dos Refugiados, é valido destacar os Princípios da Solidariedade e da Cooperação Internacional, trazendo uma breve síntese acerca de cada um deles: O Princípio da Solidariedade já tem sua existência firmada a muito tempo em obras de ordem Internacional, porém somente ganhou destaque após o término da Segunda Guerra Mundial, onde a sociedade passou a ter consciência sobre a necessidade da cooperação, instituindo a justiça social e as soluções para gerenciamento da população. O princípio da Cooperação Internacional, assim como o Princípio da Solidariedade, também foi fortemente assegurado após o fim da Segunda Guerra Mundial, tendo criado os seus fundamentos legais através da divisão do mesmo território por diferentes Estados. O mencionado princípio está diretamente ligado a proteção dos refugiados, principalmente por tal proteção ser relacionada através de acordo entre as organizações internacionais, como se destaca o ACNUR. Através da ACNUR, abre-se um novo horizonte para a proteção internacional dos refugiados, com a positivação das fontes do Direito Internacional dos Refugiados e a Convenção de 1951, contribuindo para o início de um programa internacional de proteção. Dessa maneira, pode-se afirmar que ambos os institutos visam a proteção do indivíduo através de outro estado e se fundamentam através da cooperação internacional, respaldados assim pelos Direitos Humanos e suas Garantias Fundamentais. 2. CONDIÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO – ASILO POLÍTICO 2.1. DA CONDIÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO A nacionalidade e a condição jurídica do estrangeiro são de suma importância, pois são um dos assuntos mais relevantes tratados pelo direito constitucional internacional. Sobre esta questão, cada país tem é soberano para definir sua legislação concernente ao assunto. As garantias e direitos concedidos aos estrangeiros estão contidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Convenção Americana, mas não afetam outros documentos. Deve-se notar também que é de extrema importância para um país definir quem é estrangeiro, pois através desta definição pode-se ver quem é nacional de um determinado país. A Condição Jurídica do Estrangeiro é abordada em três grandes grupos: entrada, direitos e deveres dos estrangeiros admitidos e saída compulsória. O tratamento dispensado ao estrangeiro, por um Estado, tem como fundamentos: a manutenção da sua soberania, a segurança nacional e os interesses nacionais. Além disso, o status legal dos estrangeiros inclui questões que podem afetar a soberania nacional e a segurança nacional. Veremos apenas alguns exemplos, como a entrada e permanência de estrangeiros no território do país, bem como diversos vistos, direitos, obrigações, saídas etc. Temas como nacionalidade, aquisição e perda de nacionalidade são de importância imensurável. A partir da nacionalidade, a mesma nacionalidade pode ser adquirida de forma derivada ou originária. A forma original leva em consideração os seguintes critérios, ius soli, que é a nacionalidade decorrente do país de nascimento, e o segundo, ius sanguinis, que é baseado na nacionalidade do país em que o indivíduo nasceu. Em casos especiais, ambos os critérios podem ser usados ao mesmo tempo, ou um segundo critério pode ser adicionado ao papel desempenhado por seus pais, por exemplo, na situação de estes estarem à serviço de seu país no exterior. No tocante ao modo de aquisição de nacionalidade derivado se dá pela naturalização, que na maioria das vezes decorre de uma liberalidade do indivíduo. Tal modo de aquisição é tratado no Art., II, a e b da Constituição Federal de 1988. 2.2. OS REFUGIADOS NO BRASIL A existência de refugiados é tão antiga quanto a humanidade, desde os primórdios já se via a necessidade de buscar a proteção internacional em outros países, seja por temores de razões políticas, sociais, religiosas, culturais, de gênero, ente outras. No entanto somente em 1951 é aprovada a Convenção sobre o Estatuto de Refugiados, conhecida como Convenção de 1951 das Nações Unidas, que só foi adota no Brasil em 1960, que em seguida em Julho de 1997 decide aprovar sua própria lei sobre refúgio a Lei nº 9.474/97, que vige em consonância técnica e jurídica com a Convenção de 1951, a aprovação da Lei define os mecanismos de implementação do Estatuto dos Refugiados de 1951, transmite regras mais claras e mais diretas aos órgãos da administração pública, e determina providências. A Lei n° 9.474/97 vai além do conceito desenvolvido pela Convenção de 1951 e reconhece como refugiado todas as pessoas que sofrem com graves e generalizadas violações dos direitos humanos, e da grave perturbação da ordem pública. E definiu também a criação do Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), um órgão multiministerial do qual participam o governo, a sociedade civil e a ONU, via ACNUR, que tem por competência analisar todas as solicitações de refúgio no Brasil. Ligado ao Ministério Público da Justiça e Cidadania (que o preside), é constituído pelos seguintes ministérios, e acessórios: a) Ministério das Relações Exteriores. b) Ministério do Trabalho e Previdência Social.c) Ministério da Saúde. d) Ministério da Educação. e) Departamento de Polícia Federal. f) Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro, como representantes da sociedade civil organizada, e a Caritas Arquidiocesana de São Paulo, como suplente. g) ACNUR, como membro consultivo com direito a voz, sem voto. h) Defensoria Pública da União, sem voto. i) Organizações da sociedade civil dedicadas à assistência. j) Integração local e proteção dos refugiados no Brasil. Todo o procedimento do CONARE, desde sua competência, estrutura e funcionamento, e todo seu procedimento, bem como: autorizações, instrução, decisão, recursos, efeitos, extradição, expulsão, da cessão e da perda da condição de refugiado, encontram-se elencados à partir do artigo 12 e seguintes da Lei n° 9.474/97. Garantindo então seu objetivo principal de reconhecer e tomar decisões sobre a condição dos refugiados no Brasil, e promovendo a integração local dos mesmos. Além de proteção física os refugiados têm o direito de usufruir, da mesma assistência e direitos garantidos para os estrangeiros que residem legalmente no Brasil, incluindo os direitos fundamentais que são inerentes a todo indivíduo, como por exemplo, os direitos econômicos e sociais, assistência médica, direito a trabalhar, liberdade de expressão e pensamento, não sujeição a tratamentos vexatórios ou degradantes, entre outros. Projetos de formação profissional, e geradoras de rendas também são uma das medidas adotas, a fim de assegurar que os refugiados possam se tornar autossuficientes o mais breve possível. Além dos seus direitos garantidos os refugiados também têm por obrigação respeitar as Leis do país. Entre 2015 e 2019 o número de refugiados no Brasil cresceu maciçamente, devido à crise econômica e social da Venezuela, onde o Brasil registrou mais de 178 mil solicitações de refúgio, e de residência temporária, que para acolher parte dessa população mais de 10 novos abrigos foram criados, administrados por agências da ONU, e pelas Forças Armadas, estima-se que vivam ali mais de 6,3 mil pessoas, entre elas, crianças e idosos. Projeções das autoridades locais e agência humanitárias, indicam que mais de 32 mil venezuelanos vivem em Boa Vista, e aproximadamente 1,5 mil estão em situação de rua na capital, entre eles, quase 500 têm menos de 18 anos de idade. Matéria publicada pela CNN em fevereiro de 2022, aponta que o número de refugiados no Brasil em 2021 reduziu em 88,3% quando comparado ao ano de 2020, taxa essa que vinha em constante crescimento desde o ano de 2015, queda tão bruta e repentina é explicada pelos especialistas que apontam como sua principal causa a pandemia, que fechou as fronteiras durante a pandemia do COVID-19. Sávia Cordeiro, cofundadora do instituto Migração Gênero e Raça (I-MiGRA) ainda destaca que: “A redução no número de refugiados se deu basicamente devido ao fechamento de fronteira. O que afetou a entrada de migrantes, incluindo solicitantes de refúgio. Mesmo com a abertura da fronteira aérea, a terrestre ficou fechada por muito tempo. Isso dificultou a entrada das pessoas em situação de vulnerabilidade, entre elas, solicitantes de refúgio, principalmente na fronteira Norte. Mesmo quando houve a reabertura da fronteira, houve dificuldade em 2021 para a regularização de documentação.” O Brasil atualmente conta com refugiados de 77 nacionalidades, sendo composto em sua maior parte por Venezuelanos, que representam um montante de mais de 90% dos casos totais, de acordo com Savia Cordeiro, os refugiados em especial os venezuelanos, optam por ficam próximos as fronteiras, geralmente se concentrando na região Norte do país, no entanto, muitos partem para os Estados do Rio de Janeiro e São Paulo em busca de novas oportunidades e melhor qualidade de vida. Apesar Do Brasil ser visto como país acolhedor e além de todas as garantias já citadas, os refugiados podem se deparar com grandes dificuldades para se integrar a sociedade brasileira. Como diferenças culturais, e dificuldade com o idioma, e em acesso à educação, saúde e moradia, além de problemas que já são comumente enfrentados pelos brasileiros como dificuldade de inserção no mercado de trabalho. Porém, um estudo realizado pela Agência da ONU para refugiados (ACNUR), em que ouviram mais de 600 refugiados para identificar suas maiores preocupações, oportunidades e recomendações para população refugiada no Brasil, aponta que em 55% dos entrevistados a geração de renda foi a maior preocupação expressa, indicando as barreiras de idioma, e dificuldade no reconhecimento de habilidades, que dificultam a inclusão no mercado de trabalho, e geram dependência de assistência financeira para o fornecimento de itens básicos e alimentos para a supervivência. Situações de violência, insegurança e riscos na comunidade foi o segundo item mais listado pelos entre os entrevistados (42%), e ainda uma em cada três das pessoas entrevistadas relatam terem sofrido violência, ou terem casos de algum outro membro da família, o que tem causado inúmeros danos à saúde, incluindo traumas e danos físicos. Em seguida foram elencados como preocupações, acesso a moradia, água, saneamento, higiene, saúde e educação. O que deixa claro que ainda temos muito a melhorar em principal um lugar adequado para oferecer aos recém-chegados para estruturarem e recomeçarem suas vidas. Para facilitar o acesso de refugiados e outras populações de interesse às políticas públicas existentes no Brasil, a cooperação com governos e embaixadas, organizações da sociedade civil, o Poder Judiciário, o setor privado, universidades e indivíduos que contribuem para o fortalecimento de uma grande rede de apoio. Por meio de parcerias estabelecidas com a sociedade civil, refugiados e o Poder Público, busca fortalecer iniciativas que apresentem soluções inovadoras para os desafios enfrentados pelas populações refugiadas. 2.3. O QUE É ASILO POLÍTICO Nos casos em que o direito à vida e à integridade de uma pessoa estão sendo ameaçados, em decorrência de questões políticas, religiosas, ideológicas, conflitos armados, dentre outras hipóteses, em seu país de origem, é prerrogativa desse indivíduo solicitar a proteção de outro Estado. Esse direito é inclusive garantido no art. XIV da Declaração Universal dos Direitos Humanos. O asilo é a proteção dada por um Estado a uma pessoa que tenha sua vida, liberdade ou dignidade ameaçadas por autoridades estatais; independe a pessoa ser nacional desse Estado ou não. Como essa perseguição geralmente tem viés político, também pode ser denominado de “asilo político”. Seu objeto é justamente a perseguição além da adequada em um estado democrático de direito, então, o asilo não pode se basear em crimes comuns. Os refugiados são pessoas que abandonaram tudo com o objetivo de escapar de conflitos e perseguições. Eles sofrem situações perigosas ao cruzarem fronteiras internacionais buscando um local seguro nos países mais próximos, tornando-se então refugiados, desde que, se enquadrem dentre os cinco motivos previstos internacionalmente: a raça, a nacionalidade, a opinião política, a religião e o pertencimento a um grupo social. 2.4. CARACTERÍSTICAS DO ASILO POLÍTICO O asilo tem previsão no art. 27 ao art. 29 da Lei de Migração, onde há a previsão de que a concessão do asilo é ato discricionário do Estado, não existindo um direito ao asilo (somente o direito a solicitá-lo). Sua concessão também é tida como um dos princípios das relações internacionais do Brasil, no art. 4º, X, da Constituição Federal. Não obstante, não será concedido asilo se o indivíduo tiver cometido crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão, nos termos do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional (Decreto no 4.388/2002).O refúgio é concedido ao imigrante por conta do constante medo de ser perseguido em seu país de origem, seja por conta sua raça, crença, descendentes, grupo social ou grupos políticos. Esse instrumento possui regulação através do organismo internacional ACNUR - Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, e em nosso país, Brasil, a matéria vem sendo tratada através da Lei nº 9.474, de 22 de julho de 1997, criando assim o Comitê Nacional para os Refugiados – Conare, e pela Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto dos Refugiados, de 28 de julho de 1951. 2.5. DIFERENÇAS ENTRE ASILO POLÍTICO E REFÚGIO Por sua vez, o refúgio, apesar de ser um instituto muito parecido com o do asilo, possui certas peculiaridades que permitem que a doutrina os distinga. Os mecanismos para a implementação do Estatuto dos Refugiados de 1951 e para o processo de refúgio estão previstos na Lei no 9474/1997. Enquanto a concessão de asilo é ato discricionário, a concessão de refúgio será obrigatória para o Estado para atender as exigências definidas em eventuais tratados. A concessão do refúgio pode se fundamentar em perseguições por motivo de raça, religião, grupo social e penúria (asilo é só política). Para o refúgio, não importa se o ato que levou à perseguição tem natureza política ou comum (no asilo, importa). Ademais, o refúgio é um instrumento de caráter universal e apolítico, sendo mais aplicado nos casos em que a necessidade de proteção atinge um número maior de pessoas, pois a perseguição possui um aspecto mais generalizado (quando comparado com os casos de asilo). ASILO REFÚGIO Concessão: ato discricionário e soberano (sem regulação por tratados) Concessão: dever do Estado no caso detratado ou promessa de reciprocidade Fundamento: perseguições de caráterpolítico Fundamento: perseguições de caráterpolítico, racial, religioso, social, sexual etc. Os motivos da perseguição importam Os motivos da perseguição não importam Perseguição mais individualizada Perseguição mais generalizada Sendo assim, o reconhecimento de “ser” refugiado tem como principal objetivo, preservar e assegurar os direitos fundamentais do individuo, tendo a liberdade como principal direito fundamental através dessa ótica, buscando alcançar a dignidade própria de cada ser humano, para que finalmente possam agir de modo independente, como cita Hannah Arendt: “O milagre da liberdade está contido neste poder-começar que, por seu lado, está contido no fato de que cada homem é em si mesmo um novo começo, uma vez que por meio do nascimento, veio ao mundo que existia antes dele e vai continuar existindo depois dele”. 3. CONCLUSÃO Pelo exposto, ao longo do presente trabalho, podemos verificar que tanto o Asilo Político, como o Refúgio são institutos jurídicos de caráter universal e humanitário, podendo a proteção ser alcançada em território estrangeiro ou até mesmo dentro do próprio país em sua embaixada. Dessa maneira, podemos tratar o asilo político ou diplomático, como instituto em que o indivíduo se encontra em estado de perseguição política em seu país, mas sempre destacando, que o asilo ainda não se trata de direito constituído pelo individuo, mas tão somente do Estado, o qual irá optar pela concessão da proteção, sendo uma prática basicamente esporádica. Já o Refúgio, trata-se de um instituto do Direito Internacional Público, onde se tem um indivíduo que sofre perseguições relacionadas a nacionalidade, religião, grupo social ou até mesmo opinião, entre outros, encontrando-se assim fora de seu país de origem em razão do medo. Atualmente, temos a ACNUR, que cuida de três estratégias para o melhor acolhimento e gestão desses institutos, buscando realizar a integração local, a repatriação voluntária e o reassentamento, sendo essas práticas somente viabilizadas em função do sistema global de proteção e cuidado aos refugiados, afinal, se existisse somente o Direito de Asilo, baseado na discricionariedade de cada Estado, não teríamos a devida proteção aos indivíduos. Traz-se então um importante conceito: “non-refoulement”, que cuida da “não devolução”, constituindo aos refugiados uma significativa base de direito, onde o indivíduo possa encontrar verdadeira estabilidade em um novo território, podendo constituir livremente o seu lar, sua casa e sua família, buscando uma nova chance de viver, deixando assim de ser perseguido e enfrentar os temores de sua origem. Cumpre ressaltar que, o acolhimento humanitário dos refugiados não trata apenas de uma boa ação, mas sim a concretização dos sistemas de proteção dos direitos humanos, o qual se trata de uma verdadeira conquista do Direito Internacional Público, norteado através do princípio básico da solidariedade humana, sendo o Brasil um exemplo, através da Convenção de 51 e o Protocolo de 67. Por fim, pode-se concluir que a falta de informação acerca da temática em conjunto com a discricionariedade dos Estados, criam obstáculos quanto a efetivação do direito dos institutos trabalhados , porém, apesar disso, percebe-se que ocorre a efetiva manutenção da proteção aos refugiados, e busca-se constantemente o fortalecimento do sistema internacional de proteção aos direitos humanos com o objetivo de reprimir causas que aumentem o número de refugiados, priorizando a concretização dos direitos humanos em seus acordos internacionais, garantindo sempre de maneira efetiva a proteção e a dignidade dos seres humanos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACNUR. Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados. ACNUR. O Conceito de Pessoa Apátrida segundo o Direito Internacional. Resumo das Conclusões. Reunião de especialistas organizada pelo escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, Prato, Itália, 27-28 de maio de 2010, p. 7. Disponível em: <http://www.acnur.org/portugues/quem- ajudamos/apatridas/> Acesso em: 20 de Maio de 2022. ACNUR: mais de 1,4 milhão de refugiados vão precisar de reassentamento em 2020. Disponível em: https://nacoesunidas.org/acnur-mais-de-14-milhao-de- refugiadosvao-precisar-de-reassentamento-em-2020/ acesso em: 22 de Maio de 2022. AMARAL JUNIOR, Alberto do. O diálogo das fontes: fragmentação e coerência no direito internacional contemporâneo. In: BENEVITES, Maria Victoria; BERCOVICI, Gilberto; MELO, Claudineu de (orgs.). Direitos humanos, democracia e república: homenagem a Fábio Konder Comparato. São Paulo: Quartier Latin, 2009. BARICHELLO, Stefania Eugenia; ARAUJO, Luiz Ernani Bonesso de. Aspectos históricos da evolução e do reconhecimento internacional do status de refugiado. 2014. 12 v. Tese (Doutorado) - Curso de Relações Internacionais, Unb, Brasília, 2014. ARENDT, H. O que é política? Fragmentos das obras póstumas, compilados por Ursula. Ludz. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, p. 43-44. 17
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