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Resposta de hipersensibilidade: Os distúrbios causados por respostas imunes exagerados ou inapropriados são chamados de hipersensibilidade. A hipersensibilidade surgiu como uma sensibilidade, baseando-se na observação de que um indivíduo que tenha sido exposto a um antígeno exibe uma reação ou torna-se sensível a encontros posteriores com esse antígeno. Em geral, as respostas imunes erradicam os organismos infectantes sem provocar graves lesões aos tecidos do hospedeiro. No entanto, essas respostas são, algumas vezes, controladas de maneira inadequada. Em determinadas circunstâncias, a resposta imunológica produz danos e algumas vezes resultados fatais. Estas reações deletérias são coletivamente conhecidas como hipersensibilidade. Os mecanismos celular e molecular destas reações são praticamente idênticos às respostas normais de defesa de um hospedeiro. O problema é que essas reações ocorrem com intensidade muito mais alta, sendo reações exageradas a antígenos estranhos, que não representam nenhuma ameaça e/ou estão ocorrendo em locais inapropriados no corpo, bem como quando o sistema imune reage contra o próprio organismo. Na alergia, a resposta imune estende-se além de seu limite habitual de reconhecimento exclusivo de patógenos estranhos para incluir também o que deveriam ser antígenos ambientais inócuos. Essa resposta é uma forma de hipersensibilidade, uma imunidade excessivamente zelosa que também pode assumir a forma de reatividade a antígenos próprios ou a antígenos de outra espécie. As respostas de hipersensibilidade levam à lesão tecidual: a imunopatologia As doenças de hipersensibilidade são geralmente classificadas de acordo com o tipo de resposta imune e o mecanismo efetor responsável pela lesão celular e tecidual. A maioria das reações de hipersensibilidade ocorre por Ag estranhos, e em sua maioria precisa de intervenções (histamínicos, antialérgicos). Defesa: barreiras físicas, componentes humorais (lágrimas – lisozimas que são antibacterianas), componentes celulares, leucócitos. Causas da hipersensibilidade: As respostas imunes contra antígenos de diferentes fontes podem ser a causa subjacente de distúrbios de hipersensibilidade ✓ Autoimunidade: reações contra antígenos próprios. A falha dos mecanismos normais de autotolerância resulta em reações contra as próprias células e tecidos. As doenças causadas por reações de autoimunidade são denominadas doenças autoimunes. ✓ Reações contra microrganismos. As respostas imunes contra antígenos microbianos podem causar doença se as reações forem excessivas ou se os microrganismos forem anormalmente persistentes. As respostas das células T contra microrganismos persistentes podem dar origem a uma inflamação grave, algumas vezes, com a formação de granulomas; esta é a causa da lesão tecidual observada na tuberculose e algumas outras infecções crônicas. Se forem produzidos anticorpos contra antígenos microbianos, eles podem se ligar aos antígenos para produzir imunocomplexos, que se depositam nos tecidos e desencadeiam inflamação. ✓ Reações contra antígenos ambientais. A maioria dos indivíduos saudáveis não reage contra substâncias ambientais comuns, em geral inofensivas, mas quase 20% da população é anormalmente responsiva a uma ou mais destas substâncias. Esses indivíduos produzem anticorpos imunoglobulina E (IgE) que causam doenças alérgicas. IgM- primeira Ig sintetizada na resposta primária Ex: vírus. Faz parte do receptor de membrana dos linfócitos B virgens (BCR) IgG- é a mais abundante; Ig de fase tardia; principal imunoglobulina da imunidade adquirida; Única que atravessa a placenta, fazendo parte da imunidade passiva. *Toxoplasmose: doença que não tem vacinação e que pode causar complicações para gestantes e pessoas com o sistema imunológico debilitado. Quando a criança nasce ela faz IgG de alta afinidade. Quando é detectada IgG de baixa quantidade é porque veio da mãe (que passou pela placenta, mas a criança não desenvolveu a doença), porém se tiver em alta quantidade é porque o próprio bebê produziu, então ela pegou a doença. IgA- segunda mais abundante, encontrada em secreções; encontrada nas mucosas do TGI, sistema respiratório, na saliva, nas lagrimas, no leite. IgE- encontra-se em níveis muito baixos; aumenta em resposta a parasitas e reações alérgicas. Níveis de IgE mais elevados propicia o desenvolvimento de alergias. Hipersensibilidade tipo 1: Degranulação dos mastócitos mediada por IgE Hipersensibilidade imediata, devido a sua resposta acontecer entre 3-30 minutos. O indivíduo deve ter sido sensibilizado pelo antígeno previamente para correr o risco de desenvolver essa hipersensibilidade. A primeira exposição produziria IgE específicas ao antígeno, então uma memória para esse IgE é guardada pelas células de memória., e há a ligação do IgE aos receptores Fcε dos mastócitos. A interação dos mastócitos ligados a IgE com o antígeno, na reexposição ao antígeno, ativa os mastócitos e induz a sua degranulação e libera mediadores inflamatórios. Mastócitos contem histamina, e quando eles degranulam a histamina liberada causa o aumento da permeabilidade vascular e vasodilatação – contribuem para o efeito imediato. Essa reação vascular e do músculo liso pode ocorrer minutos após a reintrodução do antígeno em um indivíduo pré-sensibilizado – daí a designação hipersensibilidade imediata. Outros mediadores de mastócitos são citocinas que recrutam neutrófilos e eosinófilos ao local da reação durante muitas horas. Esse componente inflamatório da hipersensibilidade imediata é denominado reação de fase tardia, e é responsável principalmente pela lesão tecidual que resulta de ataques repetidos de hipersensibilidade imediata. Dessa forma, a reação de hipersensibilidade imediata em geral possui componentes mais lentos, que ocorrerem de 4 a 6 horas depois. Estas reações mais demoradas possuem duas etiologias: a síntese de leucotrienos e prostaglandinas, que possuem propriedades vasoativas semelhantes à histamina e a liberação de IL-4 pelas células Th2, resultando em um recrutamento ainda maior de células inflamatórias. Este secundo pico da reação é conhecido como a fase tardia e pode durar até 24 horas após a exposição. corticosteroides na fase imediata irá reduzir ou eliminar esta reação secundária. Sequência de eventos na hipersensibilidade imediata: A diferenciação em TH2 é estimulada pela citocina IL-4 (produzida por mastócito e eosinófilo) A produção de IgE é dependente da ativação das células Th2 produtoras, que também produz IL-4. Sequência de eventos na hipersensibilidade imediata: -Exposição a um Ag; -Mastócitos estimulam a diferenciação da TCD4+ para Th2, pela liberação de IL-4 -Ativação dos linfócitos (Th2, células T foliculares auxiliares (TFH) produtoras de IL-4 e células B) -IL-4 e IL-13 produzidas pela Th2 estimulam a mudança de classe dos linfócitos B para IgE -Produção de IgE. -Ligação do IgE aos receptores Fc de mastócitos. -Exposição repetida ao alérgeno. -Ativação de mastócitos através da reexposição ao Ag, resultando na liberação de mediadores pelos mastócitos e a reação patológica. Vale ressaltar que a ligação de IgE a mastócitos também é chamada de sensibilização, pois os mastócitos revestidos por IgE estão prontos para serem ativados no encontro com o Ag. A alergia é mediada por Th2 e muitos dos primeiros acontecimentos da reação são desencadeados por citocinas Th2, que podem ser produzidas por células TFH nos órgãos linfoides e por Th2 clássicas. Ativação de células Th2 e produção de IgE Nas doenças alérgias, as celulas TFH são necessárias para a diferenciação das células B produtoras de IgE e as células Th2 têm papel central na Em indivíduos propensos a alergias, a exposição a alguns antígenos resulta na ativação de célulasTH2 e na produção de anticorpos IgE. Duas das citocinas secretadas pelas células TH2, interleucina-4 (IL-4) e IL-13, estimulam a mudança da classe dos anticorpos de células B para IgE. Em resposta ao ligante de CD40 e às citocinas, principalmente IL-4 e IL-13, produzidos por estas células T auxiliares, as células B são submetidas a mudança da cadeia pesada do isotipo e produzem IgE. Sendo assim, a quantidade de IgE sintetizada depende da propensão de um indivíduo a gerar células T auxiliares especificas de alérgenos que produzem IL-4 e IL-13. O IgE é responsável pela sensibilização dos mastócitos e fornece o reconhecimento de antígenos para as reações de hipersensibilidade imediata -Os antígenos que provocam reações de hipersensibilidade imediata (alérgenos) são proteínas ou produtos químicos ligados às proteínas- Os alérgenos típicos incluem proteínas no pólen, ácaros domésticos, pelos de animais, alimentos e produtos químicos como o antibiótico penicilina. Papel das células Th2, mastócitos, basófilos e eosinófilos As células TH2, mastócitos, basófilos e eosinófilos, são as principais células efetoras das reações de hipersensibilidade imediata e das doenças alérgicas. Todos os quatro secretam mediadores das reações alérgicas. Os mastócitos, basófilos e eosinófilos, diferentemente das células Th2, possuem grânulos citoplasmáticos que contêm enzimas e aminas, e todos três tipos de células produzem citocinas e mediadores lipídicos que induzem a inflamação. As células Th2 contribuem para a inflamação através da secreção de citocinas. As células TH2 secretam IL-4, IL-5, e IL-13, que trabalham em combinação com mastócitos e eosinófilos para promover respostas inflamatórias a alérgenos nos tecidos. IL-4 induz a expressão do VCAM-1 endotelial que promove o recrutamento de eosinófilos e de Th2 adicionais em tecidos. IL-5 ativa os eosinófilos. Il-13 estimula as células epiteliais (ex: nas vias respiratórias) para secretar muco. Mastócitos e basófilos: Armazenados em grânulos citoplasmáticos: Histamina: aumento da permeabilidade vascular; estímulo da contração do musculo liso. Enzimas – proteases neutras, hidrolases ácidas, catepsina G, carboxipeptidase: degradação de estruturas microbianas, danos teciduais/remodelamento. Mediadores lipídicos produzidos na ativação: Prostaglandina D2: Vasodilatação; broncoespasmo, quimiotaxia de leucócitos; Broncoconstricção prolongada; secreção de muco; aumento da permeabilidade vascular. Leucotrienos C4, D4, E4: Vasodilatação; aumento da permeabilidade vascular; Fator de ativação plaquetária: Adesão de leucócitos, quimiotaxia, degranulação. Citocinas produzidas na ativação: IL-3: proliferação de mastócitos. TNF, MIP-1a: inflamação/reação de fase tardia. IL-4, IL-13: produção de IgE e secreção de muco. Eosinófilos: Armazenados em grânulos citoplasmáticos: Proteína básica principal, proteína catiônica dos eosinófilos: Tóxico para helmintos, bactérias, células hospedeiras Peroxidase de eosinófilos, hidrolases, lisossomais lisofosfolipase: Degradação de parede celular de helmintos e protozoários; dano tecidual/remodelamento Mediadores produzidos na ativação Leucotrienos C4, D4, E4: Broncoconstrição prolongada; secreção de muco; aumento da permeabilidade vascular. Citocinas produzidas na ativação: IL-3, IL-5, GM-CSF: produção e ativação dos leucócitos IL-8, IL-10, RANTES, MIP-1a, eotaxina: quimiotaxia dos leucócitos. Ativação dos mastócitos: Anticorpos IgE produzidos em resposta a um alérgeno ligam-se a receptores de Fc de alta afinidade específicos da cadeia pesada e são expressos nos mastócitos. A ligação do antígeno à IgE gera ligações cruzadas das moléculas FcεRI em mastócitos, o que induz a liberação dos mediadores que causam a reação de hipersensibilidade (A, B). Outros estímulos, incluindo o fragmento de complemento C5a, também podem ativar mastócitos. Mastócitos estão presentes em todos os tecidos conjuntivos, especialmente sob o epitélio, e normalmente ficam adjacentes aos vasos sanguíneos. Os mastócitos do corpo que são ativados pela ligação cruzada de IgE específica do alérgeno em geral dependem da via de entrada do alérgeno. Por exemplo, alérgenos inalados ativam mastócitos nos tecidos submucosos dos brônquios, enquanto alérgenos ingeridos ativam mastócitos na parede do intestino. Quando mastócitos sensibilizados por IgE são expostos ao alérgeno, as células são ativadas para secretar os seus mediadores. A ativação do mastócito resulta da ligação do alérgeno a dois ou mais anticorpos IgE na célula. Quando isso acontece, as moléculas do FcRI que carregam a IgE se entrecruzam, desencadeando sinais bioquímicos das cadeias transdutoras de sinais do Fc RI. Os sinais levam a três tipos de respostas no mastócito: • liberação rápida de conteúdos granulosos (degranulação) • síntese e secreção de mediadores lipídicos • síntese e secreção de citocinas. Os mediadores mais importantes produzidos pelos mastócitos são aminas vasoativas e proteases armazenadas nos grânulos e liberadas deles. A principal amina, a histamina, causa a dilatação de pequenos vasos sanguíneos, aumenta a permeabilidade vascular e estimula a contração temporária do músculo liso. As proteases podem lesar tecidos locais. Os metabólitos do ácido araquidônico incluem as prostaglandinas, que causam dilatação vascular, e os leucotrienos, que estimulam a contração prolongada do músculo liso. As citocinas induzem inflamação local (a reação de fase tardia). Assim, os mediadores dos mastócitos são responsáveis por reações agudas vasculares e do músculo liso e pela inflamação, os principais atributos da hipersensibilidade imediata. Citocinas produzidas pelos mastócitos estimulam o recrutamento de leucócitos, causando a reação de fase tardia. Os principais leucócitos envolvidos nessa reação são eosinófilos, neutrófilos e células TH2. O fator de necrose tumoral (TNF) derivado dos mastócitos e a IL-4 promovem inflamação rica em neutrófilos e eosinófilos. Quimiocinas produzidas pelos mastócitos e pelas células epiteliais nos tecidos também contribuem para o recrutamento de leucócitos. Os eosinófilos e os neutrófilos liberam proteases, que causam lesão tecidual, e as células TH2 podem exacerbar a reação ao produzir mais citocinas. Os eosinófilos são componentes notórios de muitas reações alérgicas e uma causa importante de lesão tecidual nessas reações. Essas células são ativadas pela citocina IL-5, produzida por células TH2 e mastócitos. Reações dependentes de IgE e mastócitos: Reação Imediata: As alterações vasculares precoces, que ocorrem durante as reações de hipersensibilidade imediata são demonstradas pela reação pápula (inchaço suave) e de halo eritematoso (borda vermelha) para a injeção intradérmica de um alérgeno. A reação da pápula e do halo eritematoso é dependente de IgE e de mastócitos. A reação da pápula e do halo eritematoso resulta na sensibilização de mastócitos da derme pela IgE que se liga ao FcεRI, ligação cruzada de IgE pelo antígeno e ativação de mastócitos com liberação de mediadores, a histamina. Reação de Fase Tardia A reação imediata de pápula e halo eritematoso é seguida 2 a 4 horas mais tarde por uma reação de fase tardia que consiste no acúmulo de leucócitos inflamatórios, incluindo neutrófilos, eosinófilos, basófilos e células T auxiliares A reação de fase tardia pode ocorrer sem uma reação de hipersensibilidade imediata anterior detectável. A atopia é uma hipersensibilidade ao ambiente, de origem genética, ou seja, a predisposição a se tornar IgE. Por múltiplas e complexas razões, o corpo reage excessivamente a certos alergénios e irritantes como as poeiras, os pólens, etc. dessa forma, uma criança, cujos pais são atópicos, tem 40 a 60% de chance de desenvolver uma alergia mediadapor IgE. A marca de doenças alérgicas é a produção do anticorpo IgE, que é dependente da ativação doas células T auxiliares produtoras de IL-4. A sequência típica de eventos na hipersensibilidade imediata consiste na: • Exposição a um antígeno • Ativação dos linfócitos (células TH2, células T foliculares auxiliares [TFH] produtoras de IL-4 e células B), específicos para o antígeno • Produção do anticorpo IgE • Ligação do anticorpo aos receptores Fc de mastócitos • Ativação de mastócitos através da reexposição ao antígeno, resultando na liberação de mediadores a partir de mastócitos e a subsequente reação patológica A ligação de IgE a mastócitos é também chamada de sensibilização, porque os mastócitos revestidos por IgE estão prontos para serem ativados no encontro com o antígeno (ou seja, eles são sensíveis ao antígeno). A alergia é a doença mediada pelo TH2 prototípico. Muitos dos primeiros acontecimentos e características patológicas da reação são desencadeados por citocinas TH2, que podem ser produzidas por células TFH nos órgãos linfoides e por células TH2 clássicas nos tecidos. As manifestações clínicas e patológicas da alergia consistem na reação vascular e do músculo liso que se desenvolvem rapidamente após a exposição repetida ao alérgeno (hipersensibilidade imediata) e uma fase tardia retardada de reação inflamatória. As reações alérgicas se manifestam de formas diferentes, dependendo dos tecidos afetados, incluindo erupções cutâneas na pele, congestão nasal, constrição brônquica, dor abdominal, diarreia e choque sistêmico. Na forma sistêmica mais extrema, chamada de anafilaxia, os mediadores derivados de mastócitos podem restringir as vias aéreas para o ponto de asfixia e produzir colapso cardiovascular, levando à morte. O desenvolvimento de alergias é o resultado das complexas e mal compreendidas interações gene- ambiente. Doenças alérgicas: A degranulação de mastócitos é um componente central de muitas doenças alérgicas, e as manifestações clínicas e patológicas das doenças dependem dos tecidos em que os mediadores de mastócitos têm efeitos bem como da cronicidade do processo inflamatório resultante. A Anafilaxia Sistêmica Reação de hipersensibilidade imediata sistêmica caracterizada por edema em muitos tecidos e uma diminuição da pressão sanguínea, secundária à vasodilatação. Esses efeitos geralmente resultam da presença sistêmica do antígeno introduzido por uma injeção, uma picada de inseto, ou absorção através de uma superfície epitelial, tais como a mucosa intestinal. O alérgeno ativa os mastócitos em vários tecidos, resultando na liberação de mediadores que ganham acesso aos leitos vasculares em todo o corpo. A diminuição do tônus vascular e extravasamento de plasma causado pelos mediadores dos mastócitos podem levar a uma diminuição significativa na pressão arterial ou ao choque, chamado choque anafilático, que é muitas vezes fatal Os efeitos cardiovasculares são acompanhados pela constrição das vias aéreas superiores e inferiores, edema na laringe, hipermotilidade do intestino, extravasamento de muco do intestino e trato respiratório e lesões de urticária na pele. Não se sabe quais são os mediadores dos mastócitos mais importantes no choque anafilático. Asma Brônquica Doença inflamatória causada por repetidas reações alérgicas de hipersensibilidade de fase imediata e de fase tardia no pulmão que conduzem à tríade clinicopatológica de obstrução intermitente e reversível das vias aéreas, inflamação crônica dos brônquios com eosinófilos, e a hipertrofia das células do músculo liso brônquico e a hiperreatividade aos broncoconstritores. Os pacientes sofrem paroxismos de broncoespasmo e aumento da produção de muco espesso, o que leva à obstrução brônquica e agrava as dificuldades respiratórias. A asma frequentemente coexiste com a doença pulmonar obstrutiva crônica, e a combinação dessas doenças pode causar severa obstrução do fluxo aéreo de maneira irreversível. Os indivíduos afetados podem sofrer considerável morbidade, e a asma pode ser fatal. A taxa de prevalência é semelhante à de outros países industrializados, mas pode ser menor em áreas menos desenvolvidas do mundo. Cerca de 70% dos casos de asma estão associados às reações mediadas por IgE que refletem atopia. Mesmo entre os asmáticos não atópicos, o processo fisiopatológico da constrição das vias aéreas é semelhante, o que sugere que os mecanismos alternativos de degranulação de mastócitos (p. ex., por neurotransmissores produzidos localmente) podem ser a base da doença. A sequência fisiopatológica da asma atópica é provavelmente iniciada pela ativação de mastócitos em resposta à ligação do alérgeno a IgE, bem como por células TH2 que reagem aos alérgenos. Os mediadores lipídicos e citocinas produzidos pelos mastócitos e células T conduzem ao recrutamento de eosinófilos, basófilos, e mais células TH2. Reações de Hipersensibilidade Imediata no Trato Respiratório Superior, Trato Gastrintestinal e Pele A rinite alérgica, também chamada de febre do feno, é talvez a doença alérgica mais comum e é uma consequência das reações de hipersensibilidade imediata aos alérgenos comuns, tais como pólen de plantas ou de ácaros da poeira doméstica localizados no trato respiratório superior por inalação. As manifestações patológicas e clínicas incluem edema da mucosa, infiltração de leucócitos com eosinófilos, secreção de muco, tosse, espirros e dificuldade para respirar. A conjuntivite alérgica com coceira nos olhos é comumente associada à rinite. As saliências focais da mucosa nasal, chamados de pólipos nasais, cheias de líquido de edema e eosinófilos podem se desenvolver em pacientes que sofrem frequentes ataques repetitivos de rinite alérgica. Os anti-histamínicos são os medicamentos mais comuns utilizados para o tratamento da rinite alérgica. As alergias alimentares são reações de hipersensibilidade imediata aos alimentos ingeridos que levam à liberação dos mediadores a partir da mucosa e submucosa intestinal dos mastócitos do trato gastrintestinal, incluindo a orofaringe. As manifestações clínicas resultantes incluem prurido, edema do tecido, peristaltismo reforçado, aumento da secreção de fluido epitelial, e sintomas associados ao inchaço da orofaringe, vômitos e diarreia. A rinite, a urticária e o broncoespasmo leve também são frequentemente associados a reações alérgicas a alimentos, sugerindo a circulação sistêmica do antígeno e uma anafilaxia sistêmica pode ocorrer ocasionalmente. As reações alérgicas a muitos tipos diferentes de alimentos têm sido descritas, mas alguns dos mais comuns são amendoins, crustáceos e moluscos. Os indivíduos podem ser suficientemente sensíveis a esses alérgenos de maneira que as reações sistêmicas graves podem ocorrer em resposta a até mesmo pequenas ingestões acidentais. As reações alérgicas comuns na pele incluem a urticária e a dermatite atópica. A erupção cutânea ou urticária é uma reação aguda de pápula e halo induzida pelos mediadores de mastócitos e ocorre em resposta ao contato direto local com um alérgeno ou após a entrada do alérgeno na circulação. Uma vez que a reação que se segue é, em grande parte mediada pela histamina, os anti-histamínicos (antagonistas do receptor H1) podem atenuar esta resposta e são o pilar da terapia. A urticária pode persistir por várias horas ou dias. A dermatite atópica (também comumente chamada de eczema) faz parte da tríade atópica (dermatite atópica, rinite alérgica e asma), mas também pode ocorrer em isolamento. É um distúrbio comum da pele que pode ser causada por uma reação de fase tardia de um alérgeno na pele. Na reação de fase tardia cutânea, o TNF, a IL-4 e outras citocinas, provavelmente derivadas de células TH2 e mastócitos, agem sobre as células endoteliaispara promover a inflamação. Tal como pode ser esperado para uma resposta mediada por citocinas, o atraso da reação de fase inflamatória não é inibido pelos anti-histamínicos. Ela pode ser bloqueada pelo tratamento com os corticosteroides, que inibem a síntese de citocinas. As crianças com alteração genética no funcionamento da barreira da pele, devido a mutações no gene que codifica a filagrina, são altamente suscetíveis à dermatite atópica e essas crianças muitas vezes podem vir a desenvolver asma Hipersensibilidade do tipo 2: Mediada por anticorpos IgM e IgG (contra Ag da superfície celular ou da matriz extracelular). Ocorre em torno de 5-8h depois da exposição. Ocorrem quando um anticorpo ou imunoglobulina é produzida em resposta a um antígeno não danoso, resultando em uma reação imunológica indesejável. Os anticorpos IgG e IgM podem causar lesão tecidual por meio da ativação do sistema complemento, recrutando células inflamatórias e interferindo nas funções celulares normais. Quando existe um antígeno presente na superfície de uma célula, o seu reconhecimento por um anticorpo tem o potencial de levar à morte dessa célula por citotoxicidade mediada por complemento ou celular. Ex: transfusões sanguíneas Os anticorpos contra antígenos celulares ou da matriz causam doenças que afetam especificamente as células ou tecidos onde esses Ag estão presentes e, frequentemente essas doenças não são sistêmicas. Os anticorpos contra antígenos de tecidos produzem doenças por três mecanismos principais. Opsonização e fagocitose. Os anticorpos que se ligam a Ag da superfície celular podem opsonizar diretamente as células ou ativar o sistema complemento, resultando na produção de proteínas do complemento que opsonizam as células. Essas células opsonizadas são fagocitadas e destruídas pelos fagócitos, que expressam receptores para as porções Fc dos anticorpos IgG e receptores para proteínas do complemento. Este é o principal mecanismo de destruição celular na anemia hemolítica autoimune e púrpura trombocitopênica autoimune, nas quais os anticorpos específicos para os eritrócitos ou para as plaquetas, respectivamente, levam à opsonização e remoção dessas células da circulação. O mesmo mecanismo é responsável pela hemólise nas reações transfusionais. Inflamação Os anticorpos depositados nos tecidos recrutam neutrófilos e macrófagos, que se ligam aos anticorpos ou às proteínas do complemento ligadas pelos receptores de Fc de IgG e do complemento. Esses leucócitos são ativados pela sinalização dos receptores (particularmente receptores de Fc) e produtos de leucócitos, incluindo enzimas lisossomais e espécies reativas de oxigênio, que são liberados e produzem lesão tecidual. O mecanismo de lesão na glomerulonefrite mediada por anticorpos e em muitas outras doenças é a inflamação e ativação de leucócitos. Funções celulares anormais. Os anticorpos que se ligam a receptores celulares normais ou outras proteínas podem interferir nas funções destes receptores ou proteínas e causar doença sem inflamação ou dano tecidual. Os anticorpos específicos para o receptor do hormônio estimulante da tireoide ou o receptor nicotínico da acetilcolina provocam anormalidades funcionais que levam à doença de Graves e à miastenia grave, respectivamente. Os anticorpos específicos para o fator intrínseco, necessários para a absorção de vitamina B12, causam anemia perniciosa. REAÇÕES TRANSFUSIONAIS: Ocorrem anticorpos contra os antígenos A ou B dos grupos sanguíneos AB0 espontaneamente quando não há antígeno na superfície dos eritrócitos; por conseguinte, uma pessoa do grupo A irá apresentar anti- B, uma pessoa do grupo sanguíneo B irá apresentar anti- A, e a pessoa com grupo sanguíneo 0 terá ambos os anticorpos anti-A e anti-B. Em geral, essas iso-hemaglutininas consistem em IgM e pertencem à classe dos “anticorpos naturais”. Pessoas que recebem transfusões sanguineas não podem ser liberadas imeadiatamente. Pessoa O- que recebe O+ pela primeira vez não terá resposta imune, devido ao fato de ser a primeira vez que o individuo entra em contato com Rh positivo, contudo o organismo produz anticorpo anti-Rh. Sendo assim, se o individuo receber sangue O+ novamente ela pode entrar em choque, e terá uma reação exarcebada, que é a hemólise (destruição de hemácias). Dessa forma, é possivel perceber que a transfusão de eritrócitos para um receptor que possui anticorpos contra essas célula há uma reação significativa nesse caso, no qual os sintomas incluem: febre, hipotensão, náusea, vômito, dor nas costas e tórax. DOENÇA HEMOLÍTICA DO RECEM NASCIDO Hipersensibilidade do tipo 3: Envolvem anticorpos contra antígenos solúveis circulantes no soro. A hipersensibilidade por imunocomplexos (IC) ocorre quando complexos antígeno-anticorpo induzem uma reação inflamatória nos tecidos. Em geral, imunocomplexos são logo removidos pelo sistema reticulo endotelial, mas às vezes eles persistem e são depositados nos tecidos, resultando em distúrbios graves. Em infecc ̧ões microbianas ou virais persistentes, imunocomplexos são depositados em órgãos (p. ex., nos rins), o que resulta em dano. Em doenças autoimunes, antígenos “próprios” podem induzir a produc ̧ão de anticorpos que se ligam aos antígenos dos o ́rgãos ou se depositam nestes na forma de complexos, principalmente nas articulac ̧o ̃es (artrite), nos rins (nefrite) ou nos vasos sanguíneos (vasculite). Os IC ativam o complemento e iniciam, desta forma, uma sequência de eventos que resulta na migração de células polimorfonucleares e liberação de enzimas proteolíticas lisossômicas e fatores de permeabilidade em tecidos, produzindo uma inflamação aguda. Sendo assim, um excesso de anticorpos leva à formação de complexos de fixação do complemento, que são removidos por fagocitose. As consequências da formação de IC dependem, em parte, das proporções relativas de antígeno e anticorpo contidas no IC. Com um excesso de anticorpo, os IC se precipitam rapidamente onde o antígeno está localizado (por exemplo, dentro das articulações, na artrite reumatóide) ou são fagocitados por macrófagos e, desta maneira, não causam nenhum dano. Com um leve excesso de antígeno, os imunocomplexos tendem a ser mais solúveis e podem causar reações sistêmicas ao serem depositados em vários tecidos. Doença Antígeno envolvido Manifestações clinicopatológica s Lúpus eritematoso sistêmico DNA, nucleoproteínas , outros Nefrite, artrite, vasculite Poliarterite nodosa Ag da superficie do vírus da hepatite B Vasculite Glomerulonefrit e pós- estreptocócica Ag da parede celular do estreptococo Nefrite Doença do soro Diversas proteínas Nefrite, artrite, vasculite Hipersensibilidade do tipo 4: As principais causas de reações de hipersensibilidade mediadas por células T são autoimunidade e respostas exageradas ou persistentes aos antígenos ambientais. Os linfócitos T danificam os tecidos pelo desencadeamento de inflamação ou por matar diretamente as células-alvo As reações inflamatórias são desencadeadas principalmente por células T CD4+ das subpopulações TH1 e TH17, que secretam citocinas que recrutam e ativam os leucócitos. Em algumas doenças mediadas por células T, os CTLs CD8+ matam as células hospedeiras. As células T que causam lesão dos tecidos podem ser autorreativas ou específicas para os antígenos proteicos estranhos que são apresentados no interior ou ligados a células ou tecidos. A lesão tecidual mediada por linfócitos T também pode ser acompanhada de fortes respostas imunes protetoras contra microrganismos persistentes, especialmente microrganismos intracelulares que resistem à erradicação pelos fagócitos e anticorpos. Mecanismo de lesão tecidual: Em diferentes doenças mediadas pela célula T,a lesão tecidual é provocada pela inflamação induzida pelas citocinas que são produzidas principalmente pelas células T CD4 + ou pela eliminação das células do hospedeiro pelos CTL CD8 +. Os mecanismos da lesão tecidual são os mesmos que os mecanismos usados pelas células T para eliminar os microrganismos associados à célula. As células T CD4 + podem reagir contra antígenos celulares ou teciduais e secretar citocinas que induzem inflamação local e ativam macrófagos. Diferentes 363 doenças podem ser associadas à ativação de células TH1 e TH17. As células TH1 são a fonte de interferon-γ (IFN-γ), a principal citocina ativadora de macrófagos, e as células TH17 são responsáveis pelo recrutamento de leucócitos, incluindo neutrófilos. A lesão tecidual verdadeira nessas doenças é causada, principalmente, por macrófagos e neutrófilos. A reação típica mediada pelas citocinas da célula T é a hipersensibilidade de tipo tardio (HTT), assim chamada porque ocorre de 24 a 48 horas após um indivíduo anteriormente exposto a um antígeno proteico ser desafiado com o antígeno (i.e., a reação é tardia ). A reação ocorre tardiamente, porque leva muitas horas para os linfócitos T efetores circulantes voltarem ao local de teste do antígeno, responderem ao antígeno nesse local e induzirem uma reação detectável. Reações de HTT são frequentemente utilizadas para determinar se indivíduos foram expostos previamente ao antígeno e responderam a ele. Por exemplo, uma reação de HTT para um antígeno micobacteriano, PPD (derivado de proteína purificada, do inglês, purified protein derivative), é indicativa de uma resposta de célula T para micobactéria. Esta é a base para o teste epidérmico de PPD usado para detectar infecções micobacterianas prévias ou ativas. As células T CD8 + específicas para antígenos em células do hospedeiro podem destruir diretamente essas células. As células T CD8 + também produzem citocinas que induzem à inflamação, mas elas normalmente não são as principais fontes de citocinas nas reações imunológicas. Em muitas doenças autoimunes mediadas por células T, tanto células T CD4 + quanto células T CD8 + específicas para antígenos próprios estão presentes, e ambas contribuem para a lesão tecidual. Doença Especificidade das células T patogênicas Manifestações clinicopatológicas Esclerose múltipla Proteinas mielínicas Desmielinizalçao do SNC, disfunção sensorial e motora Artrite reumatoide Antígenos desconhecidos na articulação Erosão de cartilagem e ossos nas articulações Diabete melito Antígenos na ilhota pancreática Metabolismo de glicose comprometido, doença vascular Doença de crohn Inflamação na parede intestinal, dor abdominal, diarreia, hemorragia Sensibilidade de contato Proteinas cutâneas modificadas Reação de DTH na pele Infecções crônicas Proteínas codificadas viralmente Inflamação crônica Hepatite viral Policlonal Morte de hepatócitos mediada por CTL, disfunção hepática, fibrose Doenças mediadas por superantígenos Febre, choque relacionado com a liberação sistêmica de citocina. Tipo Mediada Reações imunes imediata, anafilática IgE O antígeno (alérgeno) induz anticorpos IgE que se ligam a mastócitos e baso ́filos. Em uma nova exposição ao alérgeno, este estabele uma ligação cruzada com a IgE ligada às cé- lulas, o que causa degranulac ̧ão e liberac ̧ão de mediadores (p. ex., histamina). citotóxica IgG Os antígenos presentes em uma superfície celular se combinam com o anticorpo IgG, o que conduz à lise mediada por complemento dessas células (p. ex., reac ̧ões transfusio- nais ou de Rh) ou à anemia hemolítica autoimune. imunocompl exo IgG Imunocomplexos antígeno-anticorpo são depositados nos tecidos, o complemento é ativado e as ce ́lulas polimorfonucleares são atraídas para o local. Elas liberam enzimas lisossomais, causando dano ao tecido Tardia Célula Linfócitos T ativados/sensibilizados por um antígeno liberam linfocinas em um segundo contato com o mesmo antígeno. As linfocinas induzem inflamac ̧ão e ativam macrófa- gos, os quais, por sua vez, liberam vários mediadores inflamatórios
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