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ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS

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1 
 
 ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS 
A crescente necessidade de cooperação internacional, nos mais diversos campos de aplicação 
do Direito, fez levar à criação e desenvolvimento de instituições internacionais, capazes 
de coordenar os interesses da sociedade internacional relativos a diversas 
finalidades. À medida que o Direito Internacional se institucionaliza, ele deixa de ser um 
direito das relações bilaterais ou multilaterais entre os Estados para tornar-se um direito cada 
vez mais presente nas chamadas organizações internacionais (ditas intergovernamentais, 
porque constituídas por tratados entre Estados e detentoras de personalidade 
jurídica internacional). 
As organizações internacionais intergovernamentais são um fenômeno da modernidade. Tal 
como conhecemos atualmente, as organizações intergovernamentais são produto da lenta 
evolução das relações (bilaterais ou multilaterais) entre Estados, tendo os seus contornos 
contemporâneos sido definidos a partir do início do século XIX. Seu aparecimento no cenário 
internacional tem por fundamento a impossibilidade que Estados têm (seja por questões de 
ordem estrutural, econômica, militar, política, social etc.) de conseguir realizar, sozinhos, 
alguns de seus objetivos comuns no âmbito de um contexto determinado, o que os induz a 
organizarem-se dentro de um novo quadro, criando organismos internacionais capazes de 
atender aos seus anseios e de realizar os seus objetivos mais prementes. Sendo os Estados 
os senhores absolutos do Direito Internacional Público, podem eles ceder parte de suas 
competências funcionais a tais entidades criadas por acordo mútuo para agir em seu nome 
reservando-lhes as atribuições necessárias para o cumprimento de suas funções. 
Atualmente, em virtude da complexidade das relações internacionais, o número de 
organizações internacionais existentes já ultrapassa o número de Estados componentes da 
sociedade internacional, e isso sem se considerar as organizações internacionais não 
governamentais que também interagem com as organizações intergovernamentais na busca 
dos seus respectivos propósitos e interesses. 
O desenvolvimento de organizações internacionais de caráter global e regional impulsionou-
se grandemente depois do final da Segunda Guerra, momento a partir do qual os Estados 
passaram a unir-se em grupos para defender seus interesses comuns. Mas, diferentemente 
dos Estados, que sempre tiveram um papel qualitativamente semelhante, qual seja, o de 
manter a paz, a segurança e fomentar o desenvolvimento de certo grupo de pessoas reunidas 
em seu território, as organizações intergovernamentais têm finalidades das mais diversas. 
Seus objetivos variam, segundo Rezek, entre a suprema ambição de uma ONU – que pretende 
manter a paz mundial, trazendo estabilidade e harmonia para as relações internacionais – e 
o singelo desígnio de uma União Postal Universal, cujo objetivo é ordenar o trânsito postal 
extrafronteiras. É enorme, portanto, a heterogeneidade daqueles entes que podem ser 
designados estritamente de organizações internacionais. 
Esta atuação positiva das organizações internacionais, nos seus mais diversos campos, é 
normalmente autorizada por meio de decisões das suas respectivas Assembleias-Gerais, 
traduzindo aquilo que se convencionou chamar de poder quase legislativo das organizações 
internacionais. Tais decisões podem impor obrigações aos seus Estados-partes e devem ser 
por eles respeitadas. Tais obrigações variam caso a caso, dependendo da organização 
internacional de que se trata. Uma “resolução” do Conselho de Segurança das Nações Unidas 
que verse sobre o uso da força ou outro tema de direito humanitário diverge em conteúdo de 
uma “decisão” da Diretoria Executiva do Fundo Monetário Internacional que trata, por 
exemplo, da liberação de certo numerário em dinheiro decorrente da conclusão de um acordo 
stand—by. Mas isso não significa que tais manifestações internacionais, de cunho 
eminentemente obrigacional, não devam ser igualmente cumpridas pelos Estados-membros 
da ONU e do FMI. 
2 
 
Não existe em Direito Internacional Positivo uma definição precisa de organização 
internacional capaz de expor, de maneira satisfatória, toda a complexidade do fenômeno 
organizacional. Por exemplo, tanto a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (1969) 
quanto a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados entre Estados e Organizações 
Internacionais ou entre Organizações Internacionais (1986), ambas no art. 2º, § 1º, alínea i, 
simploriamente definem organização internacional como “uma organização 
intergovernamental”, o que evidentemente não é o suficiente para o correto entendimento 
do tema. 
Ademais, a multiplicidade de organizações hoje existentes (distintas umas das outras em 
estrutura e natureza) está a impedir uma conceituação tão estrita. No entanto, a prática de 
sua formação e funcionamento ao longo dos anos, parece permitir uma definição mais 
completa e capaz de entender o fenômeno com mais propriedade. 
Assim, para os fins do Direito Internacional Público, pode-se conceituar “organização 
internacional” como a associação voluntária de sujeitos do Direito Internacional, 
criada mediante tratado internacional (nominado de convênio constitutivo) e com 
finalidades predeterminadas, regida pelas normas do Direito Internacional, dotada 
de personalidade jurídica distinta da dos seus membros, que se realiza em um 
organismo próprio e estável, dotado de autonomia e especificidade, possuindo 
ordenamento jurídico interno e órgãos auxiliares, por meio dos quais realiza os 
propósitos comuns dos seus membros, mediante os poderes próprios que lhes são 
atribuídos por estes. 
As organizações internacionais intergovernamentais, assim como os Estados, têm 
personalidade jurídica internacional (podendo contrair obrigações e reclamar 
direitos) e esfera própria de atuação no cenário internacional. São criadas por 
acordos (tratados) entre diversos Estados soberanos, por meio de um ato 
constitutivo, regidas pelo Direito Internacional, e têm personalidade jurídica 
distinta da dos seus membros. 
Essa personalidade jurídica pode ser aferida da prática da organização, tal como reconheceu 
a CIJ no parecer consultivo de 11 de abril de 1949. O que elas não têm é soberania, uma 
vez que esta é atributo dos Estados, e como elas são criadas por Estados tem-se como certo 
que o poder que tais organizações detêm são apenas mediatos. Nem a mais importante delas 
– a Organização das Nações Unidas – é soberana no sentido técnico da palavra. Sua 
Assembleia-Geral também não o é, ainda que se possa dizer que os Estados a ela delegam 
poderes excepcionais de decisão (o mesmo sucedendo relativamente ao Conselho de 
Segurança). 
É de suma importância aqui fazer uma distinção entre tais organizações internacionais (ORGS) 
e aquelas organizações internacionais privadas ou não governamentais (ONGs), sendo certo 
que ambas não se confundem. Esta última expressão apareceu pela primeira vez no art. 71, 
primeira parte, da Carta das Nações Unidas de 1945, segundo o qual “o Conselho Econômico 
e Social poderá entrar nos entendimentos convenientes para a consulta com organizações não 
governamentais, encarregadas de questões que estiverem dentro da sua própria 
competência”. 
Tanto as organizações intergovernamentais como as organizações não governamentais 
são produto de um ato de vontade que, no primeiro caso, promana dos Estados, quando 
elaboram um tratado multilateral constitutivo da organização e, no segundo, da vontade de 
particulares, com ou sem a interveniência de órgãos públicos, almejando criar uma 
organização não governamental para finalidades lícitas. Entretanto, tais organizações 
internacionais não governamentais, como a Anistia Internacional (AI), a União 
3 
 
Internacional para a Conservação da Natureza e seus Recursos (UICN), os Médicos Sem 
Fronteiras (MSF) e o Fundo Mundial da Vida Selvagem (WWF), não se confundem 
com as organizações internacionaisintergovernamentais por não deterem (pelo menos por 
enquanto) personalidade jurídica de Direito Internacional. Apenas estas últimas (as 
ORGS) são verdadeiros sujeitos do Direito Internacional Público e detêm o poder de celebrar 
tratados com os Estados e com outras organizações internacionais da mesma natureza. 
As organizações não governamentais, apesar de sua grande relevância para as relações 
internacionais contemporâneas e não obstante o seu papel cada vez mais crescente em todo 
o planeta, têm a característica de serem criadas por particulares e não por Estados 
soberanos, não havendo tratado instituidor, o que as destitui de personalidade jurídica 
internacional, não podendo assim celebrar tratados, manter relações diplomáticas com outros 
sujeitos internacionais etc. As ONGs são sempre organizações não resultantes de um acordo 
intergovernamental. São instituições criadas por normas jurídicas internas de determinado 
Estado e regidas por tais normas, não pelas regras do Direito Internacional Público. 
São inúmeras as ONGs existentes na atualidade, podendo ser citadas também, a título de 
exemplo, a FIFA (que atua em relação ao futebol), o Greenpeace (em relação à proteção 
do meio ambiente) e a Human Rights Watch (no que tange à proteção dos direitos 
humanos). 
As organizações internacionais intergovernamentais, como a Organização das Nações 
Unidas (ONU) e a Organização dos Estados Americanos (OEA), são instituições 
internacionais criadas por tratados e regidas pelo Direito Internacional. O seu poder 
para celebrar tratados vem regulado pela Convenção de Viena sobre Direito dos 
Tratados entre Estados e Organizações Internacionais ou entre Organizações 
Internacionais, de 1986. 
Depois do fim da Primeira Guerra Mundial, criam-se organizações internacionais como a OIT. 
Mas o Direito Internacional somente vai conhecer a avalanche crescente de tais organizações 
a partir da Segunda Guerra, quando então são criadas as Nações Unidas e a grande maioria 
das organizações internacionais globais e regionais atualmente existentes. 
As Organizações Internacionais Intergovernamentais são sujeitos de DIP e 
apresentam as seguintes característica: 
a) são criadas por Estados e, por isso, devem ser tidas como interestatais (essa 
“interestatalidade” é, aliás, imprescindível à noção de organização internacional), excluindo-
se, assim, as organizações de natureza privada; 
b) são instituídas por meio de tratados internacionais multilaterais, que as 
constituem e estabelecem suas regras e competências, sendo eles a verdadeira 
constituição (ou a “certidão de nascimento”) da organização; são neles que se preveem os 
direitos e as obrigações dos Estados-membros para com a organização. Daí se entender terem 
natureza dúplice os tratados instituidores dessas entidades: são acordos multilaterais e 
também a sua constituição; 
c) são criadas à base de um acordo de vontades, pela associação livre dos Estados, que não 
podem ser coagidos a ingressar na organização se esta não lhe for de interesse; 
d) têm capacidade civil e personalidade jurídica própria, ou seja, distinta da dos seus 
membros (v. item nº 5, infra), o que faz com que a base voluntarista de sua criação perca 
terreno para uma vontade de status superior à dos próprios Estados que as criaram; 
e) compõem-se de órgãos de caráter permanente, que são distintos e independentes dos 
demais membros da organização (v.ġ., um Conselho, uma Assembleia e um Secretariado); 
4 
 
f) seus órgãos têm vontade própria e primam pelos interesses da organização e não dos 
Estados que a compõem, o que não significa, em última análise, que não exista o objetivo de 
atingir o interesse comum desses Estados; e 
g) gozam, junto aos seus órgãos e delegados governamentais acreditados, dos 
privilégios e imunidades necessários ao exercício de suas funções (a exemplo da 
isenção de impostos diretos, bem assim de direitos aduaneiros e de vedações à 
importação ou exportação de bens de uso oficial etc.). 
As organizações internacionais intergovernamentais são sujeitos derivados (ou secundários) 
do Direito Internacional Público, de natureza funcional, eis que criadas por Estados (sujeitos 
primários e plenos da sociedade internacional). Sua criação se dá por meio de um convênio 
constitutivo, ou seja, por um tratado internacional multilateral. Não há organização 
internacional que não seja criada por meio de tratado concluído entre Estados. Normalmente 
dá-se o nome de Carta, Estatuto, ou Constituição ao tratado multilateral 
constitutivo da organização. O convênio constitutivo da organização é a sua carta 
orgânica, sua constituição, em relação à qual todas as demais normas inferiores devem ser 
subordinadas. 
Tais instrumentos não estão sujeitos a reservas e têm primazia sobre quaisquer outros 
tratados internacionais comuns. 
Aos Estados-membros originários do tratado constitutivo da organização podem ser agregados 
outros que venham a ela futuramente aderir, assim como algum Estado originário pode, 
dependendo do caso, retirar-se da organização por ato de vontade própria (denunciando o 
tratado constitutivo da organização, tal como fez o Brasil em 1926, quando resolveu se 
desligar da Liga das Nações) ou perder o status de membro, ocorrido algum fato que o possa 
levar a esta penalidade. A composição das organizações internacionais é, portanto, bastante 
variável, não contando com um número certo de membros. 
Toda organização internacional, assim como sucede com as sociedades privadas, possuem 
também um Estatuto interno, que regula as relações dos órgãos da sociedade. Este Estatuto, 
que não se confunde com o acordo constitutivo, não tem natureza jurídica convencional, isto 
é, não se consubstancia num tratado, sendo emanação espontânea dos órgãos de cúpula da 
própria organização, apesar de terem o seu fundamento de validade no convênio constitutivo 
da organização que autorizou a sua criação. O Estatuto é a regulamentação do direito interno 
da organização. Nele estão contidas as regras de auto-organização do organismo 
internacional, as relativas ao funcionamento dos principais órgãos deliberativos, dos órgãos 
subsidiários, as suas normas procedimentais e administrativas etc. 
Ademais, as organizações internacionais têm de ser permanentes. E essa permanência é a 
chave para a independência e autonomia da organização frente aos seus Estados-membros. 
Daí serem compostas de órgãos igualmente permanentes, distintos e independentes dos 
demais componentes da organização. 
Essas características são comuns a todas as organizações internacionais intergovernamentais, 
isso não impedindo que outras organizações sejam dotadas de características e peculiaridades 
próprias, a exemplo de eventuais diferenças no sistema de votação, de eleição de seus 
membros, poder decisório etc. Mas, pelo menos em dois aspectos, essas entidades têm algo 
em comum: a existência de uma assembleia-geral, na qual todos os seus membros 
têm direito ao voto, e de uma secretaria, responsável pelo funcionamento 
operacional e administrativo da organização. 
As organizações internacionais podem ser classificadas, dentre outros critérios, em relação 
às suas finalidades, suA natureza e em relação ao âmbito territorial de sua atuação. 
5 
 
No que tange aos fins que perseguem, as organizações podem ser classificadas em 
organizações internacionais de fins gerais e de fins específicos. 
São exemplos das primeiras (fins gerais) a Organização das Nações Unidas (ONU), cujos 
objetivos principais são a manutenção da paz e da segurança internacionais, e a Organização 
dos Estados Americanos (OEA), que atua num âmbito territorial mais restrito e tem por 
finalidade a segurança continental, a solução pacífica de controvérsias e a cooperação dos 
Estados Americanos. 
São organizações de finalidades específicas, por sua vez, aquelas destinadas à 
cooperação econômica (como a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico 
– OCDE, o FMI e o Banco Mundial), as de cooperação social,cultural e humanitária, 
como a UNESCO e a OIT, as de cooperação técnica, como a União Postal Universal (UPU), 
a União Internacional de Telecomunicações (UIT) e a Agência Internacional de Energia 
Atômica (AIEA), e as de cooperação militar, como a Organização do Tratado do Atlântico Norte 
– OTAN. 
Tanto as organizações internacionais de fins gerais quanto as de fins específicos, podem ter 
alcance universal ou regional. 
Assim, tanto a ONU como a OEA são organizações internacionais de fins gerais, mas a primeira 
é universal (pois admite o ingresso de qualquer Estado, sem qualquer discriminação) e a 
segunda regional (uma vez que dela só podem participar Estados americanos). Da mesma 
forma, a OIT, o FMI, o BIRD, a UNESCO, a FAO, a OACI e a OMS – chamadas de “agências 
especializadas” –, são todos organismos universais, mas de fins técnicos específicos. 
Existem também organizações de alcance regional com finalidade técnica específica, 
a exemplo da então Comunidade Econômica Europeia (CEE), da Associação Latino-
Americana de Integração (ALADI) e o Acordo de Livre Comércio da América do Norte 
(NAFTA). Aqui também se incluem a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) e a 
Comunidade Europeia da Energia Atômica (CEEA). 
As organizações internacionais universais ou regionais também podem ter finalidade política, 
quando atuam em situações de conflito e exercem influência sobre temas importantes para o 
Estado (como os ligados à soberania e independência, bem como os relativos à proteção dos 
direitos humanos etc.). 
Quanto à participação de Estados, as organizações internacionais podem ser abertas 
ilimitadamente (caso permitam o ingresso de qualquer Estado indiscriminadamente, como a 
ONU), abertas limitadas (caso permitam o ingresso de apenas alguns Estados, tais como a 
União Europeia e a OEA, normalmente levando-se em conta a situação geográfica deles, ou, 
menos comumente, as afinidades econômicas entre eles – como é o caso da OPEPE) ou 
fechadas (as quais não permitem o ingresso de nenhum Estado que não participou 
originariamente de sua criação). 
Conforme a sua base territorial, as organizações internacionais classificam-se em globais (ou 
universais) e regionais. As primeiras são aquelas que admitem qualquer país do mundo como 
membro (ou, pelo menos, estão abertas ao maior número de Estados possível) e as segundas 
aquelas que somente permitem o ingresso de países pertencentes à sua base territorial, como 
a OEA, que só admite o ingresso de Estados pertencentes ao continente americano, assim 
como a Liga Árabe, que somente permite o ingresso de Estados Árabes. 
As organizações internacionais – como já falamos por mais de uma vez – têm personalidade 
jurídica internacional, da mesma forma que os Estados, podendo participar da cena 
internacional em seus mais variados campos de atuação. Contudo, a personalidade jurídica 
das organizações internacionais não se confunde com a dos seus membros, o que lhes dá 
6 
 
total autonomia e independência funcional para gerir os seus interesses e alcançar as 
finalidades para as quais foram criadas. Em outras palavras, essa personalidade jurídica 
autônoma e não vinculada à dos seus membros permite-lhe atender às expectativas do 
conjunto de Estados que dela fazem parte, independentemente da vontade individualizada de 
cada um deles. Tal personalidade jurídica tem início na data em que as mesmas começam a 
funcionar efetivamente. Pode-se então considerar que a existência jurídica de uma 
organização internacional depende integralmente da sua condição de poder decidir autônoma 
e livremente sem se vincular à vontade dos seus Estados-membros. 
A personalidade jurídica das organizações internacionais tem atualmente 
fundamento convencional, uma vez que é no seu instrumento constitutivo que 
normalmente vêm expressos os seus poderes específicos (nada obstando que o 
reconhecimento da personalidade jurídica venha expresso num tratado sobre privilégios e 
imunidades). Nesse caso, entende-se que os Estados cedem parcela de sua soberania para a 
criação de uma organização com vontade própria, distinta da vontade dos seus criadores. 
Dizer que as organizações internacionais têm vontade própria, contudo, não significa dizer 
que ela poderá se desvirtuar dos propósitos (para os quais foi criada) estabelecidos no seu 
tratado-fundação que, em última análise, consiste em expressar a vontade coletiva dos seus 
membros. O Protocolo Adicional ao Tratado de Assunção sobre a Estrutura Institucional do 
Mercosul (Protocolo de Ouro Preto) de 1994, é exemplo claro dessa cessão de poderes 
soberanos, feita pelos Estados em instrumento convencional, em virtude do disposto no art. 
34, segundo o qual o “Mercosul terá personalidade jurídica de Direito Internacional”. 
Contudo, falar em personalidade jurídica internacional não significa, ipso jure, o 
poder imediato para celebrar tratados. Esta faculdade (chamada de jus tractuum ou 
direito de convenção) deve vir expressa no convênio constitutivo da organização. 
Pode-se dizer que a capacidade das organizações internacionais para firmar tratados, tanto 
com outras potências estrangeiras quanto com outras organizações internacionais, é essencial 
para “implementar as atribuições e a autoridade que lhes foram concedidas pelo seu 
instrumento constitutivo; e sua responsabilidade por direitos dos Estados membros”. Não se 
pode confundir, porém, os tratados em que a organização é parte com outros Estados ou com 
outras organizações internacionais (ou seja, os tratados que ela celebra com outros sujeitos 
do Direito Internacional em decorrência do jus tractuum ou direito de convenção de que 
dispõe nos termos do seu convênio constitutivo) com aqueles apenas celebrados sob sua 
égide, em que são partes apenas os Estados. 
A personalidade jurídica internacional das organizações internacionais é raramente prevista, 
de forma expressa, nos respectivos convênios constitutivos. 
Todas as organizações internacionais têm competência para expressar, por meio de atos dos 
seus órgãos decisórios, sua própria vontade, que é em tudo distinta da dos seus membros. 
Esses atos provêm sempre de um processo decisório tomado no seio da organização, o qual 
pode resultar de procedimentos dos mais diversos, a depender do tipo e da finalidade da 
organização. Normalmente, as decisões e deliberações das organizações intergovernamentais 
são tomadas por votações em assembleias-gerais ou órgãos congêneres. Tais votações 
representam a vontade conjunta dos Estados-membros da organização, sendo totalmente 
autônomas e independentes da vontade unilateral e individualizada destes. Assim, ainda que 
da formação da sua vontade participem ativamente os seus Estados-membros, esta vontade, 
quando manifestada, é independente da vontade individual daqueles e tem total autonomia. 
A regra quase absoluta nesse campo (salvo raras exceções que veremos a seguir) é a de valer 
a vontade da maioria dos Estados para tornar vinculativo o que ali se decide, conforme o 
sistema de votação eleito em cada organização. Mas, não obstante esse fato constatado, ainda 
é nebuloso nos textos dos respectivos tratados constitutivos essa caracterização. 
7 
 
Talvez o primeiro exemplo de texto claro a esse respeito seja o art. 39 do Convênio 
Constitutivo da OIT, de 1919, segundo o qual: “A Organização Internacional do Trabalho deve 
ter personalidade jurídica, e, precipuamente, capacidade para: 
a) adquirir bens, móveis e imóveis, e dispor dos mesmos; 
b) contratar; 
c) intentar ações”. 
Às vezes, dos órgãos deliberativos de certas organizações não participam todos os Estados, 
podendo-se já distinguir aqueles em que todos os membros têm direito de voto e aqueles em 
que apenas alguns deles o têm. Tal pode dar-se, inclusive, dentro de uma mesma organização 
internacional, como é o caso das Nações Unidas, em que todos os Estados participam das 
votações da Assembleia-Geral, mas apenas quinze participam das decisões do Conselho de 
Segurança. 
Há duasclasses de membros de uma organização internacional: os originários e os 
admitidos. Os membros originários são os que participaram do processo de formação da 
organização em sua gênese, tendo subscrito ab initio (e, claro, ratificado) o seu tratado 
constitutivo. São membros admitidos aqueles que, não tendo participado da elaboração do 
ato constitutivo da organização, a este aderiram por meio de ratificação posterior. É quanto a 
estes últimos que o problema da admissão se coloca. 
A admissão de novos membros à organização deve vir obrigatoriamente disciplinada no seu 
tratado constitutivo. É a adesão ao convênio constitutivo da organização (nos termos 
estabelecidos pelo próprio convênio) que atribui a um Estado o status de “membro”. Tal 
ingresso, no entanto, não é sempre livre e sem qualquer restrição. Há certos limites de 
admissão de novos membros nos próprios instrumentos constitutivos que devem ser 
observados, ainda que alguns desses limites soem um tanto quanto românticos a quem os 
interpreta. 
Tais condições prévias de ingresso para não membros variam de organização para 
organização. Assim, não é incomum impor-se aos Estados tais condições de ingresso na 
organização, as quais podem ser inclusive geográficas, como fazem as Comunidades 
Europeias, que limitam o ingresso no instrumento respectivo aos Estados 
europeus. A Carta da OEA, de 1948, diz serem “membros da Organização todos os Estados 
americanos” que a ratificarem (art. 4º). A Liga Árabe, por sua vez, estabelece que somente 
um “Estado árabe” pode tornar-se membro da organização (art. 1º). A Carta das Nações 
Unidas limita a admissão como membro da organização aos “Estados amantes da paz que 
aceitarem as obrigações contidas na presente Carta e que, a juízo da Organização, estiverem 
aptos e dispostos a cumprir tais obrigações” (art. 4º, § 1º), devendo tal admissão ser 
“efetuada por decisão da Assembleia-Geral, mediante recomendação do Conselho de 
Segurança” (art. 4º, § 2º). 
Manifestada a sua vontade expressa, a adesão ao convênio constitutivo da organização se 
presume integral, isto é, sem reservas. Os tratados constitutivos de organizações 
internacionais são, pela sua própria natureza, contrários à ratificação ou à adesão 
com reservas. 
- A ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS 
Antes do final do conflito que ensanguentou a Europa entre 1939 e 1945, as potências que 
combatiam o Eixo, levando em consideração o fracasso completo da Liga das Nações na 
tentativa de evitar as guerras, tiveram a intenção de estabelecer, em período não muito longo 
de tempo, uma organização internacional, de caráter geral e fundada na igualdade soberana 
8 
 
de todos os Estados pacíficos, que tivesse por propósito a manutenção da paz e da segurança 
internacionais, nos termos do que foi reconhecido pelo Reino Unido, Estados Unidos da 
América, União Soviética e China na Declaração de Moscou de 1º de novembro de 1943. 
Depois de várias propostas e discussões, foram elaborados, nos encontros aliados de 
Dumbarton Oaks (Washington, D.C.), em agosto e setembro de 1944, os projetos para a 
reconstrução jurídico-política do mundo, bem como as “propostas para o estabelecimento de 
uma Organização Internacional Geral”, posteriormente modificadas em Yalta, em fevereiro de 
1945, que serviram de base para a elaboração da Carta da Organização das Nações Unidas e 
do novo Estatuto da CIJ. 
A referida Carta foi assinada em 26 de junho de 1945, na cidade de São Francisco (Califórnia), 
juntamente com o ECIJ. Mas foi somente em 24 de outubro de 1945 que as Nações 
Unidas efetivamente se constituíram, quando entrou em vigor internacional a carta 
constitutiva da organização (Carta da ONU), tendo a Assembleia-Geral deliberado 
estabelecer sua sede em Nova York. 
O tratado-fundação da ONU, que é a carta orgânica da instituição, foi firmado inicialmente 
por 51 Estados-membros.78 Desde então, passou a abarcar de maneira crescente e 
progressiva inúmeros outros Estados, contando hoje com quase todos os Estados 
independentes do mundo. É fora de propósito, entretanto, considerar a Organização das 
Nações Unidas uma entidade supranacional – como é a União Europeia, ainda único exemplo 
desse tipo organizacional – uma vez que os seus atos unilaterais (decisões, resoluções etc.) 
não integram imediatamente os ordenamentos internos dos seus Estados-partes, não 
revogando, ipso jure, as normas domésticas com eles incompatíveis. 
Os propósitos da Organização das Nações Unidas vêm indicados tanto no preâmbulo de sua 
Carta constitutiva quanto no art. 1º desse mesmo instrumento. Fazendo-se uma síntese 
desses propósitos, pode-se dizer que suas intenções consubstanciam-se em: 
a) preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra, que por duas vezes trouxe 
sofrimentos indizíveis à humanidade; 
b) reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, da dignidade e no valor do ser 
humano, na igualdade de direito dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes 
e pequenas; 
c) estabelecer condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de 
tratados e de outras fontes do direito internacional possam ser mantidos; 
d) promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade mais 
ampla; 
e) praticar a tolerância e viver em paz, uns com os outros, como bons vizinhos, e unir as 
nossas forças para manter a paz e a segurança internacionais, e a garantir, pela aceitação de 
princípios e a instituição dos métodos, que a força armada não será usada a não ser no 
interesse comum; 
f) empregar um mecanismo internacional para promover o progresso econômico e social de 
todos os povos; 
g) manter a paz e a segurança internacionais e, para esse fim, tomar coletivamente, medidas 
efetivas para evitar ameaças à paz e reprimir os atos de agressão ou outra qualquer ruptura 
da paz e chegar, por meios pacíficos e de conformidade com os princípios da justiça e do 
direito internacional, a um ajuste ou solução das controvérsias ou situações que possam levar 
a uma perturbação da paz; 
9 
 
h) desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito ao princípio de 
igualdade de direito e de autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas apropriadas 
ao fortalecimento da paz universal; 
i) conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas internacionais de 
caráter econômico, social, cultural ou humanitário, e para promover e estimular o respeito 
aos direitos humanos e às liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, 
língua ou religião; e 
j) ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a consecução desses 
objetivos comuns. 
Para a realização desses propósitos, devem os Estados-membros da ONU proceder de acordo 
com os princípios seguintes: igualdade soberana de todos os membros; boa-fé no 
cumprimento das obrigações; solução pacífica das controvérsias; abstenção do uso da 
força contra a integridade territorial ou a independência política de qualquer 
Estado; não intervenção em assuntos essencialmente internos dos Estados. 
A ONU é composta por dois tipos de membros: os originários e os admitidos (ou eleitos). 
A matéria vem regulada pelo Capítulo II da Carta das Nações Unidas (arts. 3º ao 6º). 
Os chamados membros originários são aqueles cinquenta e um Estados que estiveram 
presentes à Conferência de São Francisco e ali assinaram (e posteriormente ratificaram) a 
Carta. 
O Brasil é membro originário das Nações Unidas. 
Os segundos (membros admitidos) são os que ingressaram na instituição após a sua 
criação. 
Os últimos países a ingressar nas Nações Unidas foram a Suíça e o Timor Leste, ambos 
em 2002. 
Nos termos do art. 4º, § 1º, da Carta da ONU, a admissão como membro das Nações Unidas 
está aberta “a todos os Estados amantes da paz que aceitarem as obrigações” ali 
contidas. 
Nesse caso, a admissão como membro das Nações Unidas fica condicionada à obediência a 
três condições, quais sejam: 
a) ser um Estado amanteda paz; 
b) aceitar as obrigações impostas pela Carta; e 
c) estarem aptos e dispostos a cumpri-las. 
Em 1945, quando foi firmada a Carta da ONU, a organização contava com 51 membros. A 
partir de 2011, já são 193 o número de Estados-membros das Nações Unidas. 
A admissão de quaisquer Estados como membros das Nações Unidas é efetuada por 
decisão da Assembleia-Geral, mediante recomendação do Conselho de Segurança. 
A suspensão e a expulsão de um membro das Nações Unidas vêm reguladas nos arts. 5º 
e 6º da Carta da ONU. Nos termos do art. 5º da Carta, o membro das Nações Unidas contra 
o qual for levada a efeito ação preventiva ou coercitiva por parte do Conselho de Segurança 
poderá ser suspenso do exercício dos direitos e privilégios de membros pela 
Assembleia-Geral, mediante recomendação do Conselho de Segurança. O exercício 
desses direitos e privilégios poderá, no entanto, ser restabelecido pelo Conselho de 
10 
 
Segurança. Segundo o seu art. 6º, por sua vez, o Estado-membro “que houver violado 
persistentemente os princípios contidos na presente Carta”, poderá ser expulso da 
ONU, cabendo tal decisão à Assembleia-Geral “mediante recomendação do Conselho de 
Segurança”. Nesse último caso, por se tratar de medida de extrema gravidade, perceba-se 
que a expulsão somente poderá operacionalizar-se – tal como prevê a Carta – se a violação 
que a determinou houver sido persistente. A decisão sobre a expulsão de Estado-membro 
deve dar-se pela deliberação da maioria de dois terços dos membros presentes e votantes à 
Assembleia-Geral, segundo disposição expressa do art. 18, § 2º, da mesma Carta. 
Todos os Estados-membros das Nações Unidas – que nela mantêm uma representação 
permanente – são representados por delegados. A escolha dos representantes do Estado 
fica a cargo de cada governo, devendo passar pelo crivo de uma comissão de verificação dos 
poderes, que examina as credenciais de tais representantes, faz seu relatório (art. 28 do 
Regulamento Interno da Assembleia-Geral) e decide sobre o aceite dos agentes eleitos. 
Praticamente todo o sistema das Nações Unidas foi estabelecido com base no princípio da 
segurança coletiva mundial, segundo o qual a paz internacional só pode ser alcançada 
respeitando-se certos parâmetros mínimos de convivência entre os Estados, entre elas a 
segurança e a proteção dos direitos humanos. 
Entendeu a Carta que a proteção dos direitos humanos é conditio sine qua non para 
o bem-estar da sociedade internacional. Essa intenção da Carta de São Francisco pode 
ser percebida com a leitura do seu Preâmbulo, segundo o qual – como já se falou – os povos 
das Nações Unidas têm por propósitos, dentre outros, “preservar as gerações vindouras 
do flagelo da guerra, que por duas vezes, no espaço da nossa vida, trouxe 
sofrimentos indizíveis à humanidade”, bem assim “reafirmar a fé nos direitos 
fundamentais do homem, na dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direito dos 
homens e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e a estabelecer 
condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras 
fontes do direito internacional possam ser mantidos”. Diz ainda o mesmo Preâmbulo que, para 
tais fins, devem os povos das Nações Unidas “praticar a tolerância e viver em paz, uns com 
os outros, como bons vizinhos”, unindo suas forças “para manter a paz e a segurança 
internacionais, e a garantir, pela aceitação de princípios e a instituição dos métodos, que a 
força armada não será usada a não ser no interesse comum”. 
Para o alcance dos objetivos contidos em sua Carta, as Nações Unidas foram organizadas em 
diversos órgãos, dentre os quais, nos termos do seu art. 7º, os principais são 
- Assembleia-Geral, 
- Conselho de Segurança, 
- Corte Internacional de Justiça, 
- Conselho de Tutela, 
- Secretariado e 
- Conselho Econômico e Social. 
Assembleia-Geral. É a Assembleia-Geral o órgão principal das Nações Unidas e o único 
composto por representantes de todos os Estados-membros, com um máximo de 
5 (cinco) delegados por Estado, que representa o maior foro de discussões que se tem 
notícia – tem competência para discutir e fazer recomendações relativamente a qualquer 
matéria que for objeto da Carta ou se relacionarem com as atribuições e funções de qualquer 
dos órgãos nela previstos. 
11 
 
São exemplos de atribuições da Assembleia-Geral matérias como: paz e segurança 
internacionais, eleição dos membros não permanentes do Conselho de Segurança, eleição dos 
membros do Conselho Econômico e Social, eleição dos membros do Conselho de Tutela, 
admissão de novos membros para a organização e suspensão ou expulsão dos já 
existentes, aprovação de emendas à Carta etc. Daí se dizer ser a Assembleia-Geral o único 
órgão das Nações Unidas dotado de competência totalmente genérica. Mas não obstante essa 
competência ampla, relativa a “quaisquer” assuntos das Nações Unidas, a Assembleia-Geral 
às vezes fica subordinada aos assuntos de competência específica do Conselho de Segurança, 
devendo ceder às suas decisões, nos termos do art. 12, § 1º, da Carta da ONU (verbis: 
“Enquanto o Conselho de Segurança estiver exercendo, em relação a qualquer controvérsia 
ou situação, as funções que lhe são atribuídas na presente Carta, a Assembleia-Geral não fará 
nenhuma recomendação a respeito dessa controvérsia ou situação, a menos que o Conselho 
de Segurança a solicite”). 
Cada membro da Assembleia-Geral da ONU tem direito a um voto (art. 18, § 1º), sendo que 
as decisões importantes (fundamentais para a própria Organização e para os Estados) seguem 
o princípio majoritário, devendo ser tomadas pelo voto da maioria de 2/3 dos membros 
presentes e votantes. 
Incluem as questões “importantes” aquelas enunciadas no art. 18, § 2º (recomendações 
relativas à manutenção da paz e da segurança internacionais, a eleição dos membros não 
permanentes do Conselho de Segurança, a eleição dos membros do Conselho Econômico e 
Social, a eleição dos membros do Conselho de Tutela, a admissão de novos membros das 
Nações Unidas, a suspensão dos direitos e privilégios de membros, a expulsão dos membros, 
questões referentes ao funcionamento do sistema de tutela e questões orçamentárias), além 
de outras, a depender do voto da maioria dos membros presentes e votantes (art. 18, § 3º). 
A Assembleia-Geral da ONU se manifesta por meio de resoluções, declarações ou 
recomendações, de efeito não vinculante aos seus Estados-membros. 
 
b) Conselho de Segurança. É o órgão das Nações Unidas que tem como principal 
atribuição a “manutenção da paz e segurança internacionais” (art. 24, § 1º),89 sendo 
atualmente considerado – ao menos teoricamente – como o órgão primordial da organização. 
É composto por cinco membros permanentes e dez não permanentes. 
Membros permanentes são (segundo a ordem da Carta da ONU): a China, a França, a 
Rússia (desde 1992, tendo sucedido à implosão da ex-URSS), o Reino Unido e os Estados 
Unidos da América. 
Os membros não permanentes são eleitos pela Assembleia-Geral, com mandato de 
dois anos, considerando sua contribuição para os propósitos das Nações Unidas (em especial, 
para a manutenção da paz e da segurança internacionais) e a distribuição geográfica 
equitativa (art. 23, §§ 1º e 2º). 
A distribuição de vagas para membros não permanentes no Conselho de Segurança foi 
regulamentada pela Resolução 1991, de 17 de dezembro de 1963, da Assembleia-Geral, que 
dividiu geograficamente os Estados em quatro grupos: 
Europa Ocidental e “outras potências”; 
Europa Oriental; 
América Latina; e 
12 
 
África e a Ásia. 
Com a passagem dos membros não permanentes de 6 para 10, o primeiro desses grupos 
passou a ter dois lugares, o segundo, um, o terceiro, dois, e o grupo da África e da Ásia, 
cinco. 
Cada membro do Conselho de Segurança tem, dentro do órgão, um representante 
e, portanto, o direito de um voto apenas. Nos termos do art. 32 da Carta da ONU, qualquer 
Membro da Organização “quenão for Membro do Conselho de Segurança, ou qualquer Estado 
que não for Membro das Nações Unidas será convidado, desde que seja parte em uma 
controvérsia submetida ao Conselho de Segurança, a participar, sem voto, na discussão dessa 
controvérsia”. 
O Conselho de Segurança determinará, também, “as condições que lhe parecerem justas para 
a participação de um Estado que não for membro das Nações Unidas”. Entre as suas 
atribuições, podem ser destacadas as relativas à aplicação de sanções econômicas aos Estados 
ou outra medida capaz de evitar qualquer tipo de agressão, atinente às recomendações à 
Assembleia-Geral de admissão de novos membros, bem como as condições sob as quais os 
Estados poderão tornar-se parte do Estatuto da CIJ, a relativa à suspensão ou expulsão de 
Estados-membros da Organização etc. 
É o Conselho de Segurança da ONU o único órgão das Nações Unidas com poder para 
tomar decisões mandatórias, as quais os demais membros da Organização têm de 
fielmente acatar e executar, nos termos do art. 25 da Carta.102 Frise-se que todas as 
decisões do Conselho de Segurança são obrigatórias (em virtude do que dispõe o referido art. 
25). 
Por fim, cumpre dizer que o Conselho de Segurança é assessorado, em questões de caráter 
militar, por uma comissão de Estado-Maior formada pelos Chefes de Estado-Maior, dos 
membros permanentes do Conselho de Segurança, investida das responsabilidades de direção 
das forças armadas colocadas por tais membros à disposição do Conselho. 
 
c) Corte Internacional de Justiça. A Corte é o principal órgão judicial das Nações 
Unidas, com sede na Haia (Holanda). 
Compõe-se de quinze juízes (art. 3º, § 1º, do Estatuto da Corte) eleitos pela 
Assembleia-Geral em ato conjunto com o Conselho de Segurança, para um mandato de 
nove anos, com possibilidade de reeleição. Tais juízes são eleitos entre as pessoas indicadas 
pelos grupos nacionais da Corte Permanente de Arbitragem. 
A escolha não se dá em razão de sua nacionalidade, mas sim levando-se em conta sua 
capacitação pessoal. No seu conjunto, o corpo de juízes deve representar as mais altas formas 
de civilização e os principais sistemas jurídicos do mundo contemporâneo. São vedados dois 
juízes da mesma nacionalidade na Corte. 
O disciplinamento da CIJ é fixado pelo seu Estatuto, que foi anexado à Carta das Nações 
Unidas. Tem a Corte competência contenciosa e consultiva, estando somente os 
Estados, contudo, habilitados a serem partes em questões perante ela (art. 34, § 1º, do ECIJ). 
Todos os membros das Nações Unidas, nos termos do art. 93 da Carta, são, ipso facto, partes 
do ECIJ. Isso não impede que um Estado que não seja membro das Nações Unidas se torne 
parte no Estatuto da Corte, o que irá depender das condições que serão determinadas pela 
Assembleia-Geral, mediante recomendação do Conselho de Segurança. 
13 
 
Cada Estado-membro das Nações Unidas se compromete a aceitar as decisões 
proferidas pela CIJ em qualquer caso em que esse Estado for parte. 
Se uma das partes num caso deixar de cumprir as obrigações que lhe incumbem em virtude 
de sentença proferida pela Corte, a outra terá direito de recorrer ao Conselho de 
Segurança que poderá, se julgar necessário, fazer recomendações ou decidir sobre medidas 
a serem tomadas para o cumprimento da sentença (art. 94, §§ 1º e 2º). 
 
Organismos internacionais de cooperação social: 
 
1) Organização Internacional do Trabalho (OIT). Trata-se de organização internacional 
criada pelo Tratado de Paz de 1919 (Tratado de Versailles). Nasceu como uma forma de 
anexo à Liga das Nações, não obstante dotada de total autonomia. Anos mais tarde, em 
outubro de 1946, a organização incorporou a Declaração de Filadélfia, de 1944, como anexo 
à Constituição da OIT. 
 
2) Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). 
A conhecida UNESCO (sigla de United Nations Educational Scientific Cultural Organization) 
nasceu em 4 de dezembro de 1946, com sede em Paris, resultado da Conferência de 
Londres, dos ministros da Educação de quarenta e quatro países. O seu lema é: “Se a guerra 
nasce na mente dos homens, é na mente dos homens que devem ser construídas as defesas 
da paz”. 
Seu principal objetivo consiste em fomentar a educação, a ciência e a cultura da 
sociedade internacional e, ao mesmo tempo, auxiliar os Estados-partes na busca de 
soluções para os problemas que desafiam as sociedades interna e internacional, a exemplo 
do grave problema do analfabetismo e outros congêneres. Dentre as suas funções, estão a 
de colaborar na tarefa de difundir os conhecimentos mútuos e o entendimento entre os povos 
por meio de todas as comunicações possíveis; impulsionar a educação popular e a 
difusão da cultura; e ajudar na conservação, progresso e difusão do saber. Para o 
alcance desses misteres “deve ela colaborar na obra destinada a promover o conhecimento e 
compreensão dos povos entre si, através de todos os meios de comunicações; dar impulso à 
educação popular e à disseminação da cultura; desenvolver e difundir conhecimentos”. Seus 
principais órgãos são a Conferência Geral, o Conselho Executivo e o Secretariado. 
 
3) Organização Mundial de Saúde (OMS). Criada em 1946, com sede em Genebra, a 
finalidade da OMS é alcançar o mais elevado índice de saúde para todos os povos do planeta, 
combatendo a mortalidade infantil, fomentando a recuperação de pessoas com 
deficiência etc. Tal como se estabelece em sua Constituição, o objetivo da OMS é que todos 
os povos possam gozar do máximo grau de saúde possível. Para a Constituição da OMS, a 
expressão “saúde” não significa apenas a ausência de doenças ou enfermidades, mas o 
estado de completo bem-estar físico, mental e social dos indivíduos. 
Entre as suas funções, podem ser destacadas: a erradicação das epidemias e endemias; 
a assistência técnica e os serviços sanitários; o auxílio aos governos; e as pesquisas sobre 
saúde. São órgãos da OMS a Assembleia Mundial de Saúde, o Conselho Executivo e o 
Secretariado. É importante frisar que a OMS nasceu de uma iniciativa do Brasil, por 
meio da delegação brasileira na Conferência de São Francisco, de 1945. 
14 
 
 
- Organismos internacionais de cooperação econômica: 
1) Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD ou Banco 
Mundial) e o Fundo Monetário Internacional (FMI). 
O FMI foi criado por força da Conferência Monetária e Financeira das Nações Unidas, de 
1944, já no quadro da preparação do pós-guerra, destinada a promover a cooperação 
internacional nos campos monetário e comercial, garantindo a estabilidade do câmbio 
e minimizando o desequilíbrio das balanças internacionais de pagamento, no intuito de evitar 
as políticas de “empobrecimento do vizinho” surgidas durante a grande depressão de 1929 a 
1933 e que, de alguma forma, estiveram na base da evolução econômica e política posterior 
a esse período. Sua sede é em Washington. 
Na mesma ocasião, juntamente com o FMI, também foi criado – por meio do Acordo de 
Bretton Woods – o BIRD, também chamado de Banco Mundial, responsável pelo 
empréstimo (a juros) de recursos financeiros aos seus Estados-membros, sobretudo para o 
financiamento de projetos de infraestrutura de médio e longo prazos nos países 
periféricos. 
 
2) Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Sua 
criação foi decorrência de uma ideia nascida durante a Segunda Guerra Mundial acerca da 
necessidade da criação de um organismo destinado ao exame e estudo constantes das 
condições mundiais de alimentação, especialmente no campo da agricultura. Sua 
criação efetiva se deu em 16 de outubro de 1945, num ato internacional assinado em Quebec, 
no Canadá. O lugar originalmente designado para a sua sede foi Washington, tendo sido 
transferida para Roma, em 1951. 
As principais metas e objetivos da FAO são: fomentar a pesquisa científica na área agrícola; 
aumentar o nível de alimentação e a expectativa de vida do planeta; melhorar a conservação 
osrecursos naturais; melhorar o sistema de distribuição de produtos agrícolas e da pesca; e 
como implementar melhoria das condições de vida das populações rurais. Pode-se dizer, 
entretanto, que a preocupação atual da FAO está mais ligada à segurança alimentar. 
Seus órgãos principais são a Conferência, o Conselho e o Secretariado. 
 
3) Organização Mundial do Comércio (OMC). A OMC não é uma “agência 
especializada” da ONU, não sendo qualquer das suas atividades coordenadas pelas 
Nações Unidas, como se depreende de sua política e do seu próprio acordo constitutivo. 
Mas ela será aqui estudada (até mesmo por questão didática) levando-se em consideração o 
fato de também ser uma organização internacional de cooperação econômica, que mantém 
inclusive mecanismos de cooperação com as Nações Unidas. 
De início, pode-se afirmar que a primeira tentativa de se criar uma organização internacional 
sobre comércio se deu em 1947, na chamada Conferência de Havana. Ali se pretendeu criar 
uma Organização Internacional do Comércio (OIC) que, entretanto, jamais se concretizou com 
a recusa de aprovação do Congresso dos Estados Unidos. Em virtude desse fato, novo acordo 
levou à conclusão do GATT (General Agreement of Tariffs and Trade - Acordo Geral de 
Tarifas e Comércio), com a finalidade de fomentar o comércio por meio da redução das 
tarifas alfandegárias. As reduções de tais tarifas passaram a ter lugar em negociações 
internacionais que levam o nome de rodadas. Durante oito rodadas de negociações no âmbito 
do GATT – das quais a mais audaciosa e completa foi a última, conhecida por Rodada 
15 
 
Uruguai, iniciada em Punta del Este em 1986 e finda em 1993, da qual participaram 117 
países representantes de 90% do comércio mundial – vários princípios de comércio 
internacional foram desenvolvidos na busca de melhorar as condições internacionais de 
comércio, abaladas pelo endividamento dos países periféricos, e na tentativa de estancar a 
consequente redução da produção que afeta o comércio internacional. Os acordos negociados 
no âmbito da Rodada Uruguai foram, ao final, assinados em Marraqueche, no Marrocos, em 
abril de 1994 (quando então o GATT se altera pelo Protocolo de Marraqueche), dando 
finalmente causa à criação da OMC (agora já como “sucessora” do GATT). Sua sede é em 
Genebra e suas atividades se iniciaram em 1º de janeiro de 1995 (tendo, a partir dessa data, 
as partes-contratantes do GATT se tornado, ipso jure, membros originários da OMC). 
A OMC nasce com a natureza jurídica de organização internacional 
intergovernamental (composta por Estados e também por territórios aduaneiros), com 
personalidade jurídica de Direito Internacional, ao contrário do GATT, que é 
simplesmente um tratado multilateral, sem qualquer personalidade jurídica de 
direito das gentes. 
O objetivo primordial da OMC consiste na supressão gradual das tarifas alfandegárias que 
tornam difíceis e discriminam as relações comerciais internacionais, servindo de foro para 
negociações de novas regras ou temas relativos ao comércio. Trata-se, atualmente, do único 
organismo internacional que se ocupa das normas que regem o comércio entre os Estados, 
objetivando ajudar os produtores de bens e serviços, exportadores e importadores a 
desenvolverem e levar adiante suas atividades. 
A organização também está dotada de um sistema de solução de controvérsias bem mais 
complexo que o existente no quadro organizacional do GATT. 
 
- ORGANIZAÇÕES REGIONAIS E SUPRANACIONAIS 
As organizações intergovernamentais regionais e sub-regionais compõem outro grupo 
importante de instituições internacionais. Tais instituições, da mesma forma que aquelas de 
caráter global, também são formadas por tratados constitutivos e têm atribuições 
especificadas pela respectiva carta instituidora. Tratam de problemas específicos das 
regiões a que pertencem, como política regional, integração cultural e econômica, bem como 
assuntos militares comuns etc. Algumas dessas organizações regionais, como veremos, gozam 
de poder supranacional, como é o caso da União Europeia. Outras apenas têm autoridade 
para formular recomendações de caráter obrigatório, bem como projetos de tratados. Muitas 
têm também autoridade para criar normas de direito internacional, contudo de forma um 
pouco mais limitada que as organizações internacionais de caráter global. 
Entre as organizações regionais de maior importância estão o Conselho da Europa (CE), a 
Organização dos Estados Americanos (OEA) e a União Africana (UA), que era a antiga 
Organização para a Unidade Africana (OUA). 
Destas organizações regionais, a mais antiga é a OEA, cuja Carta foi assinada em Bogotá 
(Colômbia) em 30 de abril de 1948, por ocasião da IX Conferência Interamericana, tendo 
entrado em vigor em 13 de dezembro de 1951. Posteriormente, a Carta da OEA foi reformada 
pelos Protocolos de Buenos Aires, em 1967, de Cartagena das Índias, em 1985, de 
Washington, em 1992, e de Manágua, em 1993. 
Cada uma dessas organizações acima citadas pode estabelecer regras específicas de admissão 
de determinado Estado como membro. O Conselho da Europa, por exemplo, coloca como 
condição de ingresso estarem os Estados comprometidos com a noção jurídica de Estado de 
Direito e que garantam o gozo dos Direitos Humanos (art. 3º do seu Estatuto). Este dispositivo 
16 
 
impediu, por exemplo, que Portugal e Espanha ingressassem no Conselho da Europa enquanto 
não estabelecessem regimes democráticos. 
Quanto à OEA, atualmente está aberta a todos os Estados independentes do 
hemisfério. E a União Africana está aberta a qualquer “Estado africano soberano e 
independente”, nos termos do art. IV da sua Carta. 
Apesar de suas diferenças institucionais, os objetivos das três instituições regionais 
assinaladas é o de promover a cooperação regional, em diferentes áreas, entre os 
Estados que as compõem. Para tanto foram concluídos inúmeros tratados internacionais sob 
os auspícios de tais organizações levando-se em conta estes objetivos e finalidades de tais 
instituições. Não se pode deixar de levar em conta que uma das preocupações de tais 
organizações é, também, a promoção e proteção dos direitos humanos. Nesse sentido, 
merece destaque, no âmbito da OEA, a Convenção Americana sobre Direitos Humanos 
(também chamada de Pacto de San Jose da Costa Rica), firmada pelos Estados 
interamericanos em 1969. 
 
MERCOSUL - O processo de integração dos países do sul do Continente Americano teve o 
seu momento mais marcante com a conclusão do Tratado de Assunção, entre Brasil, 
Argentina, Paraguai e Uruguai, concluído em Assunção (Paraguai) em 26 de março de 
1991. A estrutura formal do tratado não destoa dos demais acordos internacionais 
conhecidos, contendo um preâmbulo, o articulado (dispositivo) e as cláusulas finais. Referido 
tratado pode ser considerado o fundamento da estrutura do Mercosul, em que estão 
positivados os seus princípios elementares. 
O Tratado de Assunção teve como objetivo principal instituir um mercado comum entre os 
Estados-partes, como se percebe desde a leitura de seu Preâmbulo. Ali se lê que 
relativamente aos Estados-partes no acordo “a ampliação das atuais dimensões de seus 
mercados nacionais, através da integração, constitui condição fundamental para acelerar seus 
processos de desenvolvimento econômico com justiça social”, sendo que esse objetivo “deve 
ser alcançado mediante o aproveitamento mais eficaz dos recursos disponíveis, a preservação 
do meio ambiente, o melhoramento das interconexões físicas, a coordenação de políticas 
macroeconômicas e a complementação dos diferentes setores da economia, com base nos 
princípios de gradualidade, flexibilidade e equilíbrio”. Para a instituição do tratado, levou-se 
também em conta “a evolução dos acontecimentos internacionais, em especial a consolidação 
de grandes espaços econômicos, e a importância de lograr uma adequada inserção 
internacional para seus países”, reafirmando-se a vontade política de tais Estados “de deixar 
estabelecidasas bases para uma união cada vez mais estreita entre seus povos, com a 
finalidade de alcançar os objetivos supramencionados”. 
A estrutura institucional do Mercosul foi originalmente disciplinada no art. 9º do Tratado de 
Assunção, segundo o qual a administração e execução do tratado e dos acordos específicos e 
decisões que se adotem no quadro jurídico que o mesmo estabelece durante o período de 
transição estarão a cargo dos seguintes órgãos: a) Conselho do Mercado Comum; e b) Grupo 
Mercado Comum. 
Em 1994, com a celebração do Protocolo Adicional ao Tratado de Assunção sobre a Estrutura 
Institucional do Mercosul (Protocolo de Ouro Preto), ampliou a estrutura do Mercosul para 
seis órgãos. Nos termos do art. 1º do Protocolo esses órgãos são: 
1) Conselho do Mercado Comum (CMC). O Conselho é o órgão superior do Mercosul ao 
qual incumbe a condução política do processo de integração e a tomada de decisões para 
assegurar o cumprimento dos objetivos estabelecidos pelo Tratado de Assunção e para lograr 
17 
 
a constituição final do mercado comum (art. 3º). É integrado pelos Ministros das 
Relações Exteriores e pelos Ministros da Economia, ou seus equivalentes, dos Estados-
partes (art. 4º). Sua presidência é exercida por rotação dos Estados-partes, em ordem 
alfabética, pelo período de seis meses (art. 5º). Suas reuniões, coordenadas pelos Ministros 
das Relações Exteriores, devem realizar-se pelo menos uma vez por semestre com a 
participação dos Presidentes dos Estados-partes (arts. 6º e 7º). 
São funções e atribuições do Conselho do Mercado Comum (art. 8º): a) velar pelo 
cumprimento do Tratado de Assunção, de seus Protocolos e dos acordos firmados em seu 
âmbito; b) formular políticas e promover as ações necessárias à conformação do mercado 
comum; c) exercer a titularidade da personalidade jurídica do Mercosul; d) negociar e firmar 
acordos em nome do Mercosul com terceiros países, grupos de países e organizações 
internacionais; e) manifestar-se sobre as propostas que lhe sejam elevadas pelo Grupo 
Mercado Comum; f) criar reuniões de ministros e pronunciar-se sobre os acordos que lhe 
sejam remetidos pelas mesmas; g) criar órgãos que estime pertinentes, assim como modificá-
los ou extingui-los; h) esclarecer, quando estime necessário, o conteúdo e o alcance de suas 
Decisões; i) designar o Diretor da Secretaria Administrativa do Mercosul; j) adotar Decisões 
em matéria financeira e orçamentária; e l) homologar o Regimento Interno do Grupo Mercado 
Comum. O Conselho do Mercado Comum manifestar-se-á mediante Decisões, as 
quais serão obrigatórias para os Estados-partes (art. 9º). 
2) Grupo Mercado Comum (GMC). Este é o órgão executivo do Mercosul (art. 10). É 
integrado por quatro membros titulares e quatro membros alternos por país, designados pelos 
respectivos Governos, dentre os quais devem constar necessariamente representantes dos 
Ministérios das Relações Exteriores, dos Ministérios da Economia (ou equivalentes) e dos 
Bancos Centrais, sempre com a coordenação dos Ministérios das Relações Exteriores (art. 11). 
3) Comissão de Comércio do Mercosul (CCM). Trata-se do órgão encarregado de assistir 
o Grupo Mercado Comum. A ele compete velar pela aplicação dos instrumentos de política 
comercial comum acordados pelos Estados-partes para o funcionamento da união aduaneira, 
bem como acompanhar e revisar os temas e matérias relacionados com as políticas comerciais 
comuns, com o comércio intra-Mercosul e com terceiros países (art. 16). Integram-na quatro 
membros titulares e quatro membros alternos por Estado-parte, sendo coordenada pelos 
Ministérios das Relações Exteriores (art. 17). Suas reuniões têm lugar pelo menos uma vez 
por mês ou sempre que solicitado pelo Grupo Mercado Comum ou por qualquer dos Estados-
partes (art. 18). 
4) Parlamento do Mercosul (Parlasul). Originariamente, nos termos do Protocolo de Ouro 
Preto, havia uma a Comissão Parlamentar Conjunta (CPC) como órgão representativo dos 
Parlamentos dos Estados-partes do Mercosul (art. 22). Tal Comissão tinha por função, entre 
outras, encaminhar, por intermédio do Grupo Mercado Comum, recomendações ao Conselho 
do Mercado Comum. Em 15 de dezembro de 2004 tomou-se, porém, a decisão de criar um 
Parlamento do Mercosul, tal como previsto no regulamento da citada Comissão. Após a 
vigência do Protocolo que instituiu o Parlamento do Mercosul, adotado em 9 de dezembro de 
2005, a Comissão Parlamentar Conjunta passou a não mais integrar a estrutura institucional 
do bloco, dando lugar ao atual Parlasul (art. 1º do Protocolo). São propósitos do Parlamento: 
representar os povos do Mercosul, respeitando sua pluralidade ideológica e política; assumir 
a promoção e defesa permanente da democracia, da liberdade e da paz; promover o 
desenvolvimento sustentável da região com justiça social e respeito à diversidade cultural de 
suas populações; garantir a participação dos atores da sociedade civil no processo de 
integração; estimular a formação de uma consciência coletiva de valores cidadãos e 
comunitários para a integração; contribuir para consolidar a integração latino-americana 
mediante o aprofundamento e ampliação do Mercosul; e promover a solidariedade e a 
cooperação regional e internacional (art. 2º do Protocolo. 
18 
 
5) Foro Consultivo Econômico-Social (FCES). Este é o órgão de representação dos 
setores econômicos e sociais, estando integrado por igual número de representantes de cada 
Estado-parte (art. 28 do Protocolo de Ouro Preto). O Foro tem função consultiva e se 
manifesta mediante Recomendações no Grupo Mercado Comum (art. 29). Suas funções não 
destoam da desempenhada pelo Comitê Econômico e Social da União Europeia. 
6) Secretaria Administrativa do Mercosul (SAM). Trata-se do órgão de apoio 
operacional do Mercosul, responsável pela prestação de serviço aos demais órgãos do 
Mercosul, tendo sua sede na cidade de Montevidéu, no Uruguai. 
 
No que tange à solução de controvérsias no Mercosul, cabe destacar que, com a 
assinatura do Protocolo de Olivos (de 18 de fevereiro de 2002) foi criada uma instância 
decisória permanente – o Tribunal Permanente de Revisão, cuja natureza é a de tribunal 
arbitral – com competência para decidir sobre a interpretação, aplicação e cumprimento das 
normas jurídicas do processo de integração (art. 1º do Protocolo). 
O Tribunal é composto por um membro titular e um suplente de cada um dos Estados-partes 
(Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela). A competência contenciosa do 
Tribunal pode ser originária ou servir como instância recursal sobre questões decididas pelos 
Tribunais Arbitrais Ad Hoc (arts. 23 e 17); é também possível provocar o TPR no que tange à 
emissão de Opiniões Consultivas (art. 3º). 
Na sistemática atual do TPR, não se admite a provocação por particulares, os quais 
apenas pela via indireta – ou seja, pela representação diplomática – podem se fazer 
presentes diante do Tribunal. 
Destaque-se que, no ano de 2010, o Parlamento do Mercosul aprovou o Projeto de Norma 
(Decisão CMC) nº 02/10, por meio do qual se pretendia estabelecer uma Corte de Justiça do 
Mercosul, o qual foi levado à consideração e aprovação do Conselho do Mercado Comum na 
sua XLV reunião, ocorrida em Foz do Iguaçu em 16 de dezembro de 2010. O Projeto visava 
criar um tribunal jurisdicional – à diferença do TPR, cuja natureza é de tribunal arbitral – 
independente e essencial à garantia da interpretação e aplicação uniformes do Direito do 
Mercosul, a fim de consolidar o fortalecimento jurídico e institucional do processo de 
integração. O Projeto, contudo, foi arquivado e jamais considerado, não obstante ter sido 
apresentado pelo órgão com maior legitimidade democrática dentro do bloco. 
A União das Nações Sul-Americanas (Unasul) nasceu em decorrência do Tratado firmado 
em Brasília, em 23 de maio de 2008, pelas repúblicas da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, 
Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela, 
constituindo-se em “umaorganização dotada de personalidade jurídica internacional” 
(art. 1º).166 Entrou em vigor em 11 de março de 2011. 
A sede da organização está em Quito (Equador), onde funciona a Secretaria-Geral; seu 
Parlamento localiza-se em Cochabamba (Bolívia) e a sede de seu Banco em Caracas 
(Venezuela). 
Destaque-se que o desenho institucional da Unasul está fortemente marcado por traços da 
política exterior brasileira, responsável por influenciar a formação da organização desde a 
origem, em especial no que tange à esperança de torná-la uma potência tanto regional como 
global.168 Assim, crê-se que o Brasil há de ter um papel de liderança política dentro da Unasul, 
sem abandonar a cordialidade que a política externa brasileira sempre teve para com os 
vizinhos da América do Sul. 
19 
 
A Unasul tem como objetivo geral construir, de maneira participativa e consensual, um 
espaço de integração e união no âmbito cultural, social, econômico e político entre seus povos, 
priorizando o diálogo político, as políticas sociais, a educação, a energia, a infraestrutura, o 
financiamento e o meio ambiente, entre outros, com vistas a eliminar a desigualdade 
socioeconômica, alcançar a inclusão social e a participação cidadã, fortalecer a democracia e 
reduzir as assimetrias no marco do fortalecimento da soberania e independência dos Estados 
(art. 2º). Os seus objetivos específicos vêm enumerados no art. 3º do Tratado, que conta 
com vinte e uma alíneas. 
Destaque-se que a Unasul goza no território de cada um dos Estados-membros dos 
privilégios e imunidades necessários para a realização de seus propósitos. Da 
mesma forma, os representantes dos Estados-membros e os funcionários internacionais da 
Unasul gozam dos privilégios e imunidades necessários para desempenhar com independência 
suas funções relacionadas ao Tratado (art. 22). 
 
OEA – A Organização dos Estados Americanos (OEA) é uma organização 
internacional regional, cujo tratado institutivo foi assinado em Bogotá, Colômbia, em 30 
de abril de 1948, tendo entrado em vigor internacional em 13 de dezembro de 1951, 
quando foi depositado o seu 14º instrumento de ratificação. Juntamente com a Carta da OEA, 
foram assinados, naquela ocasião, o Tratado Americano de Soluções Pacíficas, a Declaração 
Americana dos Direitos e Deveres do Homem, o Convênio Econômico de Bogotá e a Carta 
Internacional Americana de Garantias Sociais, sendo que os dois últimos acabaram não 
vingando por falta das ratificações necessárias para a sua entrada em vigor. 
A Carta da Organização dos Estados Americanos é um tratado internacional multilateral 
aberto instituidor de organização internacional. Trata-se também de tratado constitutivo de 
uma organização regional, de conformidade com o art. 52, § 1º, da Carta da ONU, segundo 
o qual: “Nada na presente Carta impede a existência de acordos ou de entidades regionais, 
destinadas a tratar dos assuntos relativos à manutenção da paz e da segurança internacionais 
que forem suscetíveis de uma ação regional, desde que tais acordos ou entidades regionais e 
suas atividades sejam compatíveis com os Propósitos e Princípios das Nações Unidas”. 
Os 21 Estados fundadores, que participaram da criação da OEA em 1948 são: 
Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, República Dominicana, Equador, 
El Salvador, Estados Unidos, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, 
Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. 
E os novos Estados posteriormente incorporados à Carta, entre 1967 e 1990, foram: 
Antígua e Barbuda, Bahamas, Barbados, Belize, Canadá, Dominica, Granada, Guiana, Jamaica, 
Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Saint Kitts e Nevis, Suriname e Trinidad e Tobago, 
perfazendo atualmente 35 Estados. 
O princípio geral instituído pela Carta é o de que todos os Estados americanos são 
juridicamente iguais, desfrutam de iguais direitos e de igual capacidade para 
exercê-los, e têm deveres iguais, sendo que os direitos de cada um não dependem do poder 
de que dispõem para assegurar o seu exercício, mas sim do simples fato da sua existência 
como personalidade jurídica internacional (art. 10). 
Nos termos do art. 21 da Carta, o território de um Estado é inviolável, não podendo ser objeto 
de ocupação militar, nem de outras medidas de força tomadas por outro Estado, direta ou 
indiretamente, qualquer que seja o motivo, embora de maneira temporária. Também não se 
reconhecerão as aquisições territoriais ou as vantagens especiais obtidas pela força ou por 
qualquer outro meio de coação. 
20 
 
Consideram-se meios pacíficos de solução de controvérsias internacionais, nos termos 
do art. 25 da Carta da OEA, a negociação direta, os bons ofícios, a mediação, a 
investigação e conciliação, o processo judicial, a arbitragem e os que sejam 
especialmente combinados, em qualquer momento, pelas partes. A Carta assevera, 
ainda, que quando entre dois ou mais Estados americanos surgir uma controvérsia que, na 
opinião de um deles, não possa ser resolvida pelos meios diplomáticos comuns, as partes 
deverão convir em qualquer outro processo pacífico que lhes permita chegar a uma solução 
(art. 26). 
Os Estados Americanos podem escolher o sistema de solução de controvérsias da Carta das 
Nações Unidas, depois de não terem obtido resultado satisfatório de acordo com o sistema 
adotado pela OEA. 
É por meio dos seus órgãos que a OEA desempenha as funções a ela inerentes, estabelecidas 
pelo seu tratado constitutivo, sendo eles os seguintes: a Assembleia-Geral; a Reunião de 
Consulta dos Ministros das Relações Exteriores; os Conselhos; a Comissão Jurídica 
Interamericana; a Comissão Interamericana de Direitos Humanos; e a Secretaria-Geral.

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