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Engenharia de Processos - Aula 6 Índices de Capacidade de Processo Há indústrias que possuem profissionais dedicados à aplicação do Lean Manufacturing – ou produção enxuta – no chão de fábrica. A produção enxuta é baseada no pressuposto de que os processos de fabricação são operados de forma capaz e previsível. O contrário de produção enxuta é a produção tradicional em massa, onde primeiro o item é produzido, para em seguida ser inspecionado para remoção de produtos não conformes. Em função da busca pela produção enxuta por grande parte das indústrias, é comum tratar sobre capacidade e performance de processo, bem como seus índices Cp e Cpk. Quando é medida a capacidade do processo, estamos extrapolando o que sabemos sobre o produto que produzimos para o produto que ainda não produzimos. É razoável fazê-lo quando sabe-se que o processo se comportou de forma previsível no passado, isto é, se comportou dentro de seus Limites de Controle, ou esteve sob Controle Estatístico. Índices de capacidade O Cp compara a tolerância especificada com a variação potencial do processo: O Cp descreve a relação entre o espaço disponível para variação de acordo com as especificações e o espaço ocupado pela variação do processo. Para caracterizar a localização do processo usamos o Cpk, que avalia a distância da média do processo com a especificação mais próxima dela, da seguinte forma: Quando o processo opera centralizado na nominal (alvo da especificação), os dois índices (Cp e Cpk) terão o mesmo valor, ou valores muito próximos. A medida que a média do processo se desvia da nominal, o Cpk vai ficando menor que o Cp. A interpretação dos valores do Cp e Cpk depende de o processo estar sob ou fora de controle estatístico: · Se o processo está sob controle, o Cp e o Cpk representam a capacidade real do processo – como se comportou no passado e o que se espera que continue a fazer no futuro. · Se o processo é imprevisível – ou fora de controle – o Cp e Cpk não são representativos. --------- http://www.portalaction.com.br/analise-de-capacidade/21-indices-de-capacidade-do-processo-cp-e-cpk Nesta seção, vamos apresentar o índice de capacidade do processo sob a hipótese de normalidade dos dados. Para um processo sob controle estatístico (estável), o índice de capacidade determina o que pode ser esperado para o processo em relação às especificações. Como apresentamos na seção introdutória, os índices de capacidade do processo podem ser estabelecidos somente para um processo estável ao longo do tempo (sob controle). O índice Cp é definido, quando os dados seguem uma distribuição normal, por ou seja, em que LSE é o Limite Superior de Especificação e LIE o Limite Inferior de Especificação. Um processo centrado, isto é, μ = (1/2)(LIE + LSE) com uma distribuição (estável) normal e com um Cp = 1 produzirá 0,27% dos itens fora de especificação. Também, para um processo centrado e estável com Cp = 1, os limites de controle para o gráfico da média e de especificação estão relacionados da seguinte forma em que n é o tamanho dos subgrupos racionais no gráfico de controle. Temos assim que, a menos da constante , os dois limites coincidem para processos com Cp = 1. O índice Cp é uma medida da capacidade do processo e pode ser estimado por no qual é uma estimativa da variabilidade de curto prazo do processo. A maioria das empresas adotam o valor Cp = 1,67 (ou Cp = 1,33) conforme recomendação de Juran e Gryna (1980). Um índice utilizado, equivalente ao Cp, é a "Razão de Capacidade" Rc que é definida como o recíproco do Cp . Em porcentagem o Rc é dado por: • Rc = % da especificação usada; • Rc = [6σ/(LSE - LIE)]×100% ; • Rc = (1/Cp)×100%; Para Cp = 1,33 (dados normais, processo sob controle e centrado) temos um valor correspondente de Rc = 75%. Da mesma forma, um RC=60% está relacionado com um Cp=1,67. Quanto menor o Rc de um processo melhor o seu comportamento. Para avaliar mais eficientemente a capacidade do processo foi introduzido no Japão o índice Cpk, que leva em conta não somente a variabilidade do processo como também sua localização com respeito aos limites de especificação. Antes de entrarmos na análise do índice Cpk consideremos dois outros índices, que juntos com Cp e Cpk revelam diferentes aspectos do processo. Para a especificação superior definimos Analogamente, para a especificação inferior tomamos em que μ é a média do processo. A relação entre Cp e a dupla (CPI, CPS) é dada por Desta forma, definimos o índice por: No caso de especificações bilaterais, o índice Cpk permite a avaliação da capacidade do processo na "pior situação possível". Neste sentido, a utilização do Cpk determina a estratégia "mais conservadora". Assim, um processo com Cpk alto oferece garantias de um comportamento satisfatório, enquanto a estabilidade seja mantida. A relação entre Cp e Cpk é definida por em que k é o fator que representa o quanto o processo está centrado sendo m = (LSE - LIE)/2 o ponto central da especificação. Apresentamos os índices de capacidade na Figura 2.1.1. Figura 2.1.1: Índices de capacidade do processo. Estimativa do desvio padrão A seguir vamos apresentar diversos métodos para estimar o desvio padrão de curto prazo, que é utilizado para cálcular o índice de Capacidade do Processo. Variabilidade a curto prazo • Método 1: Tradicionalmente, ao estimar a variabilidade em um gráfico e R temos em que é a média das amplitudes dos subgrupos e a constante d2 é tabelada no Apêndice. A seguir são analisadas algumas situações práticas: · Observação 1: Quando os dados são retirados de forma sequencial (ao longo do tempo) e avaliados a estabilidade via um gráfico e R, a estimativa tradicional () não é influenciada pela variabilidade ocorrida entre os subgrupos. Por isso, admitimos que o processo está sob controle. · Observação 2: Quando retiramos uma amostra de uma população (que não realizado ao longo do tempo), o desvio padrão amostral (s) é a única forma de estimarmos a variabilidade. Além disso, o índice de capacidade não é aplicável. • Método 2: Outra maneira de estimar a variabilidade de curto prazo é definida por em que é a média dos desvios padrão amostral dos subgrupos e uma constante tabelada no Apêndice. Esta estratégia é aplicada quando retiramos amostras sequenciais (ao longo do tempo) e avaliamos a estabilidade via o gráfico de médias e desvio padrão. A constante de correção de vício pode ser aplicada para corrigir o desvio padrão. Abaixo apresentamos a fórmula da constante e na seção "Propriedade dos Estimadores" esta fórmula é deduzida, • Método 3: Desvio padrão agrupado Outro método utilizado para estimarmos a variabilidade a curto prazo. É usado quando as amostras têm subgrupos de tamanhos variáveis, sendo definido por em que sp representa o desvio padrão agrupado (Spooled) e é dado por sendo Podemos também utilizar um fator de correção c4(d) com o objetivo de reduzir o vício da estimativa, com isso temos em que Os valores de c4(d) podem ser determinados através da relação sendo a função gama. A seguir apresentamos um exemplo envolvendo os conceitos discutidos. Exemplo 2.1.1: Consideremos um processo sob controle cujos dados seguem distribuição normal. Para este processo temos as seguintes especificações: LSE = 10,9 , VN = 10,7 e LIE = 10,5 Vamos supor que a média amostral do processo seja dada por = 10,662 e = 0,2, para um amostra com 3 elementos em cada subgrupo. Vamos calcular a capacidade do processo como discutido acima. Primeiramente calcula-se o desvio padrão em que d2 = 1,693 (para n = 3) tabelado no Apêndice. A pior situação (aquela em que o processo gera a maior porcentagem de defeitos) é avaliada pelo Cpk, ou seja, Assim, Tratamento de tolerâncias unilaterais Em alguns casos, temos apenas limites superiores ou inferiores de engenharia. Assim, não temos como calcular o índice Cp. Nestes casos, o manual de CEP (2ª Edição) propõea seguinte estratégia: · Apenas limite Superior · Cpk = CPS; · Cp não se aplica; · CPI não se aplica. · Apenas limite Inferior · Cpk = CPI; · Cp não se aplica; · CPS não se aplica. Exemplo 2.1.2: Considere um processo por batelada no qual reaizamos três medidas por lote, início, meio e fim de cada lote. As especificações são dadas por LSE=12 e LIE=9. Vamos avaliar a capacidade e performance do processo. Lote Medições 1 10,69 10,80 10,39 2 10,20 10,30 10,72 3 10,42 10,61 10,54 4 10,98 10,27 10,50 5 10,61 10,52 10,67 6 10,57 10,46 10,50 7 10,44 10,29 9,86 8 10,20 10,29 10,41 9 10,46 10,76 10,74 10 10,11 10,33 10,98 11 10,29 10,57 10,65 12 10,83 11,00 10,65 13 10,35 10,07 10,48 14 10,69 10,54 10,61 15 10,44 10,44 10,57 16 10,63 9,86 10,54 17 10,54 10,82 10,48 18 10,50 10,61 10,54 19 10,29 10,79 10,74 20 10,57 10,44 10,52 Primeiramente vamos fazer uma análise de estabilidade do processo através de um gráfico de controle: O gráfico X-Barra com todos os valores dentro dos 3 desvios padrão do limite central, indica que o processo é estável. O gráfico de amplitude indica que todos os valores estão dentro do limite de controle. Em seguida, iremos verificar se os dados tem distribuição normal: Como todos os p-valores associados aos testes são maiores do que 0,05, não rejeitamos a hipótese de que os dados tem distribuição aproximadamente normal. Com isso, podemos fazer uma análise da capacidade do processo. Para este processo temos as seguintes especificações: LIE = 9 e LSE = 12 Calculamos então a média amostral do processo: = 10,51 e a média das amplitudes dos subgrupos = 0,365, para uma amostra com 3 elementos cada subgrupo. Para calcular a capacidade do processo conforme discutido acima, primeiramente calcula-se o desvio padrão: Para calcular Cp e Cpk primeiramente obtemos os índices laterais A pior situação (aquela em que o processo gera a maior porcentagem de defeitos) é avaliada pelo Cpk, ou seja, Também obtemos o Cp -----------