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Luiza Marinho Motta – 2021 Malária Filo – possuem complexo apical; Ordem – esporozoítos livres em oocistos (saem deles); microgametócito produz 8 microgametas flagelados. REINO Protozoa FILO Apicomplexa ORDEM Haemosporida FAMÍLIA Plasmodiidae GÊNERO Plasmodium ESPÉCIES: Plasmodium vivax Plasmodium falciparum Plasmodium malariae Plasmodium ovale Plasmodium knolesli Hospedeiro invertebrado REINO Animalia FILO Arthropoda ORDEM Diptera FAMÍLIA Culicidae SUBFAMÍLIA Anophelinae GÊNERO Anopheles ESPÉCIES: Anopheles darlingi e Anopheles aquasalis (Brasil). Subfamília – grupo de mosquitos hematófagos (fêmea faz repasto sanguíneo, momento da infecção). Multiplicação em coleções de água limpa, quente, sombreada e de baixo fluxo. Anopheles sp. Aspectos epidemiológicos o Agente etiológico: protozoários do gênero Plasmodium. o Vetores: mosquitos do gênero Anopheles. o Hospedeiros vertebrados: mamíferos, aves e répteis (+150 espécies). *Plasmodium knowlesli → 5ª espécie, recente. Encontrado em primatas, macacos e passado para seres humanos = antropozoonose. P. vivax é + comum no Brasil e falciparum é + patogênica. Estimativa mundial de risco coincide com áreas de pobreza; África, Brasil e proximidades da Linha do Equador. Malária no mundo – 2018 Brasil: não restrita, mas concentrada na região da Amazônia Legal (>99% dos casos). Amazonificação da malária a partir dos anos 80, ações de controle por todo o país (DTT e cloroquina; sal cloroquinado). Eliminada em outras regiões. Grande redução P. falciparum (inversão), hoje vivax é predominante. • 2018 – 169 mil casos; 74% P. vivax. Vetor em todo o território nacional, risco de surto em áreas extra-amazônicas por indivíduos provenientes de locais endêmicos. Casas junto de rios, mata, sem paredes; condições de eliminação quase impossível. Luiza Marinho Motta – 2021 Regiões de mata atlântica – casos mantidos; P. simium e P. brasilianum – parasitos de primatas não humanos, infectados por ida para áreas de mata (Antropozoonose? Acredita-se que sim). MG – casos autóctones (vindos para regiões não endêmicas, se espalham). Maior surto em Rio Manso, 2003, atingindo 25 pessoas. • Atenção para suspeita fora de áreas endêmicas, evita complicação dos casos e óbito por doença tratável! Formas de vida Esporozoítos Alongado, com núcleo central. Proteínas CSP e TRAP em sua membrana mais externa – importantes para adesão e reconhecimento da célula que parasito vai invadir. Exo-eritrocítica • Fora do ciclo sanguíneo. Esporozoíto perde organelas do complexo apical (expõe organelas e proteínas, capazes de interagir e invadir cél do hospedeiro). Arredondados, formam esquizontes teciduais (hepatócito, 1º órgão invadido, > 10 mil merozoítos). Merozoítos Células arredondadas, com complexo apical (reconhecer e invadir). Invadem eritrócitos, fazendo ciclo sanguíneo. • Formas eritrocíticas (espécie dependente) Trofozoíto jovem – forma de anel; Trofozoíto maduro. *Falciparum forma gametócito em forma de “banana”, + alongado. Esquizonte sanguíneo. Difícil diferenciação das espécies, visivelmente iguais, mas morfologicamente distintos. Formas de vida no Anopheles Ovo ou zigoto: após fecundação do macrogameta (masculino) pelo micro (feminino). Oocineto: forma móvel, faz contrações até alcançar intestino médio do mosquito, onde se prende ao epitélio e vira oocisto. Oocisto: sofre esporogonia e forma esporozoítos. 9-14 dias após sua formação há ruptura da parede e liberação, migram para aparelho bucal do mosquito que infecta novo hospedeiro vertebrado. Ciclo biológico • Heteroxênico • Ocorre em duas etapas: Hospedeiro vertebrado → intermediário, ciclo assexuado. Hospedeiro invertebrado → definitivo, ciclo sexuado. Luiza Marinho Motta – 2021 Vertebrado • Etapa exo-eritrocítica, ocorre no fígado: silenciosa. Inoculação dos esporozoítos na pele do indivíduo, migram pela corrente sanguínea até fígado. Seleciona hepatócito com ambiente viável para ocupar e se desenvolver. *P. vivax e P. ovale fazem hipnozoítos. Forma tecidual em que parasito fica latente, parado, sem metabolismo; volta a se desenvolver sem fator determinante único meses ou até anos após inoculação (responsável pelas recaídas – importância do tratamento). Por esquizogonia forma esquizontes teciduais, esporozoíto se transforma em merozoíto, enchendo células (10-40 mil). Saem através de vesículas = merossomas que se rompem e liberam na corrente sanguínea. • Etapa eritrocítica, na corrente sanguínea: sintomatologia clínica. Iniciada quando merozoítos originados no fígado conseguem invadir célula do sangue (P. vivax são reticulócitos, hemácias muito jovens, preferencialmente, e P. falciparum são hemácias) por interação de proteínas de membrana (do parasito, receptor na superfície da célula do hospedeiro). Dentro se desenvolvem em trofozoítos, jovens e então maduros, até esquizontes (8-32 merozoítos no interior da célula); rompimento e invasão de novas células. Após várias gerações, merozoítos passaram a se desenvolver em gametócitos, ingeridos pelo mosquito vetor e responsáveis por iniciar o ciclo no hospedeiro invertebrado. Invertebrado Formação do zigoto; gametócitos se desenvolvem em micro e macrogametas no intestino médio do Anopheles. Micro sofre exflagelação e consegue fecundar macro. Zigoto se desenvolve em oocineto, forma móvel que encontra parede do intestino, onde adere e se torna oocisto. Por esporogonia forma esporozoítos, migram para aparelho bucal do vetor quando há rompimento. Inoculado em hospedeiros vertebrados. Imunidade Inata • Muito relacionada à sintomatologia, patogenia; alguns indivíduos para de ter sintomas por conta da resposta imune. Ausência de receptores específicos na superfície de eritrócitos que impede a interiorização dos merozoítos (P. vivax – precisa do antígeno sanguíneo Duffy para invadir reticulócitos; ausência comum em afrodescendentes, maioria P. falciparum* na África). *Diferentes vias, mais difícil de abordar imunidade inata. Adquirida Ativa: ocorre após a infecção, resposta imune desenvolvida gradualmente ao longo da vida. Varia conforme espécie de Plasmodium e estado nutricional. Contra formas sanguíneas (sintomatologia clínica). Passiva: via placenta ou colostro. *Justifica por que maioria das mortes por malária na África são entre crianças. Sintomatologia e Patogenia Acesso malárico → conjunto de sintomas que ocorre a cada vez que o parasito completa o ciclo eritrocítico. Febre, calafrio e sudorese (40 min), ocorre nesse momento a ruptura das hemácias pelos esquizontes e liberação de grande quantidade de antígeno na corrente sanguínea. Induz resposta imune momentânea, com liberação de muitas citocinas inflamatórias (IL-6, IL-1, IL-8, TNF-alfa e IFN-gama). Luiza Marinho Motta – 2021 Destruição de eritrócitos (corrente sanguínea e baço, pelo imunocomplexo); Supressão da eritropoiese; = Anemia grave (P. vivax). Se repetem em intervalos diferentes de acordo com a espécie do plasmódio: • P. falciparum – 36 a 48h, terçã maligna; • P. vivax – 48h, terçã benigna; • P. malariae – 72h, febre quartã. Hoje: febre é irregulardevido ao tratamento eficaz. Não mais tão comuns intervalos fixos. Sintomas: Mal-estar, cefaleia, vômito, diarreia, dor abdominal, mialgia, fadiga, hipoglicemia, insuficiência renal, convulsão. Malária grave: anemia grave e trombocitopenia (vivax); malária cerebral (falciparum). Patogênese malária cerebral • Sequestramento de hemácias nos capilares periféricos; Bolinhas chamadas de “knobs”, espículas na superfície membranar da hemácia. Cheios de moléculas responsáveis pela adesão celular → fazem com que hemácias saudáveis passem a aderir à membrana das infectadas = rosetas. Depósito nos microcapilares, impedindo fluxo sanguíneo em vários órgãos, inclusive cérebro. Hipóxia, cefaleia, alterações de comportamento, convulsões e coma. P. vivax: Incapacidade de aderir ao endotélio microvascular. Nos últimos anos tem sido mostrado que alguns eritrócitos infectados têm sido capazes de aderir ao endotélio pulmonar; capazes também in vitro (camundongo) → citoaderência e sequestramento em P. vivax permanecem pouco esclarecidos. • Produção excessiva de citocinas pró- inflamatórias; Tempestade de citocinas (presente também no COVID), inflamação disseminada (sistêmica – em circulação). Célula parasitada com grande liberação de antígenos (agentes que corpo reconhece como estranho). Citocinas em excesso causam endoteliotoxicidade → lesão endotelial, coagulação intravascular disseminada, pontos hemorrágicos e então fenômenos. • Produção de vesículas extracelulares; Constantemente liberadas pelas células (pedaços celulares). VEs derivadas do hospedeiro – liberadas por vários tipos celulares (endotélio, plaquetas, hemácias) induzem citoaderência no cérebro. Associadas à malária grave. VEs de origem parasitária – contém material do parasito, induzem aumento na resposta pró- inflamatória. Diagnóstico Microscopia; é padrão-ouro há mais de 100 anos. Permite visualização do parasito, diferenças morfológicas, diagnóstico de espécie para tratamento adequado. Feito por gota espessa, hemácias são lisadas ~ 5-20 parasitos Desvantagens → baixas parasitemias, infecções mistas, plasmódios simianos X plasmódios humanos. Necessidade de microscopista especialista muito bom. Outros: RDTs – diagnóstico rápido (1 gota de sangue/plasma); comumente 1 linha negativo, 2 para P. vivax e 3 para P. falciparum. Aplicabilidade Luiza Marinho Motta – 2021 principalmente fora da área endêmica (poucos microscopistas especialistas), menor sensibilidade. ~100 parasitos Métodos moleculares – caros e difíceis (especialmente com baixas parasitemias); usados para estudos. Mais comum é NESTED-PCR. Sequências específicas para gênero e espécie, boa separação e mais sensíveis. < 5 parasitos / microlitro (até < 1) Tratamento Seleção de drogas segundo série de critérios: Espécie parasitária, grau de parasitemia / gravidade do caso, idade do paciente, se feminino, gestante?, experiência prévia com malária (casos de resistência – sal cloroquinado). Por P. vivax, ovale e malariae • Cloroquina via oral por 3 dias + Primaquina VO por 7 dias Cloroquina é esquizonticida eritrocitário rápido, mas é necessário hipnoticida (matar formas teciduais). Efeitos adversos, evitado na gestação. Não complicada por P. falciparum Síndrome do chinchonismo: zumbido, déficit auditivo transitório, tremores, distúrbios visuais discretos, hipoglicemia grave e arritmias. Intoxicação por quinina. Mefloquina: distúrbios GI, prurido, bradiarritmias em crianças < 15kg, psiquiátricos, cardiopatas, epilepsia. → Segunda escolha utilizada em casos de resistência, mais de um medicamento simultâneo. Malária grave Potencialmente fatal – UTI. Exame neurológico minucioso – Glasgow (observação constante). Início imediato com altas doses de ataque para negativação da parasitemia. • Sempre com tratamento de suporte! 1ª escolha: Derivados da artemisina (EV ou IM) + clindamicina. 2ª escolha: Quinina (EV) + clindamicina (EV) Gestantes no 1º trimestre, crianças < 1 mês, quinino em monoterapia, clindamicina não utilizada nessa faixa etária. Tafenoquina Droga nova aprovada pelo FDA. Dose única e capaz de matar hipnozoíto → nova opção para recaídas após 40 anos. Grande problema são efeitos colaterais, anemia grave em G6PD – observação, necessário teste de viabilidade. Aprovado no Brasil em 2019, ainda não em uso – atrasado pela pandemia (Dr. Marcus Lacerda; Manaus e porto Velho). Profilaxia Tratamento do homem doente e proteção do sadio; Combate ao vetor (mosquiteiro, repelente, mangas compridas em áreas de possível contato, inseticidas); Luiza Marinho Motta – 2021 Uso de quimioprofiláticos (cloroquina, amodiaquina, proguanil e pirimetamina) – proibidos no Brasil, principalmente por conta de resistência. Início 1 semana antes de entrar na área malarígena e término 30 dias após saída. Vacinas em teste para vivax e falciparum. A cada 2 minutos morre uma criança de malária, uma doença tratável. (OMS, 2019) • Redução da doença elevará número de crianças saudáveis, felizes e produtivas. Pontos de ação das drogas no ciclo biológico.
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