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RESPONSABILIDADE CIVIL (OAB) Conceito: responsabilidade civil é a obrigação de reparar um dano injustamente sofrido por alguém. ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE a) Contratual/negocial: art. 389 - Decorre do inadimplemento culposo de uma obrigação que foi voluntariamente assumida. É aquela em que, não cumprida a obrigação estabelecida em contrato, deve o inadimplente responder por perdas e danos + juros e atualização monetária + honorários advocatícios. O prazo prescricional é de 10 anos, de acordo com entendimento do STJ. b) Extracontratual/aquiliana: Decorre do descumprimento do dever genérico de não causar danos injustos/injustificados a outrem. O prazo prescricional é de 3 anos no Código Civil - salvo quando se tratar de responsabilidade do Estado, prazo de 5 anos, e transporte aéreo, prazo de 2 anos. Tal responsabilidade se subdivide em duas: i) subjetiva - é a regra do Código Civil (a culpa de alguém é mais importante). ii) objetiva - hipótese de responsabilidade sem culpa, havendo a obrigação de reparar o dano quando conforme os casos previstos em lei ou quando a atividade desenvolvida pelo autor normalmente implicar em risco para os direitos de outrem, devido sua natureza (art. 927 CC) - (não importa quem tem culpa, o importante é indenizar a vítima) ★ Responsabilidade civil objetiva: é aquela em que a lei dispensa prova sobre a culpa. ★ Responsabilidade civil subjetiva: somente recai sobre o agente após comprovada culpa ou dolo. EXEMPLOS DE RESPONSABILIDADE OBJETIVA (resumo): - art. 37, §6 - responsabilidade civil do Estado pelos danos causados por seus agentes. - CDC - responsabilidade pelo acidente de consumo - chamado de FATO. Exceção quando forem profissionais liberais (responsabilidade subjetiva). - art. 929 - responsabilidade pelo dano causado em estado de necessidade (desvio de uma criança e bato no muro - responsabilidade de indenizar pelo muro) - art. 932 a 934 - responsabilidade daqueles que respondem por ato de terceiro. Sujeito responsável pela situação mesmo que não tenha sido ele o causador - Aquele que ressarcir o dano causado por outrem, pode reaver o valor com quem deveria ter pago - salvo se o causador do dano for descendente seu, dependente ou incapaz. - art. 936 - responsabilidade do dono ou detentor do animal pelo dano causado por ele - salvo se comprovar que a culpa foi da vítima. - art. 937 - responsabilidade do dono de edifício ou construção que vier a desabar. - art. 938 - responsabilidade do habitante de prédio ou imóvel sobre o dano de coisas lançadas ou caídas em locais indevidos. (não sabendo de onde caiu, a responsabilidade é do condomínio) ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE (subjetiva) ● conduta ○ própria/ de terceiro ○ ação ou omissão (omissão só é relevante quando houver o dever jurídico de agir - pode surgir da lei, contrato ou criação de uma situação de risco) ● culpa ○ dolo - intenção de violar direito alheio ○ culpa stricto sensu - imprudência, imperícia e negligência (não queria o resultado mas ainda assim ele ocorreu) ○ Em regra o grau de culpa não importa, princípio da reparação integral do dano. Salvo quando houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano (art. 944), ou quando a vítima tiver concorrido culposamente para o dano (confrontando a culpa da vítima com a do autor - art. 945), nesses casos o juiz poderá reduzir equitativamente a indenização. ● nexo causal - excludentes são as seguintes hipóteses: ○ causas excludentes de responsabilidade: culpa exclusiva da vítima ○ caso fortuito ou força maior: evento imprevisível, inevitável E externo. ● dano ou prejuízo ○ patrimonial: podendo ser patrimonial emergente (vítima efetivamente perdeu) ou lucros cessantes (o que a vítima deixou de lucrar). ○ moral: podendo ser individual, coletivo ou difuso. Pode ainda ser in re ipsa/ presumido ou indireto/por ricochete/reflexo. ○ estético ○ pelo desvio produtivo (perda de tempo produtivo) OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR ● quem causar dano a outrem por ato ilícito: reparar o dano, independente de culpa, quando a atividade, por sua natureza, gera risco aos direitos de outrem. ● incapaz pelos prejuízos que causar quando seus responsáveis não tiverem condição de fazê-lo: indenização equitativa (não será cobrada se privar o incapaz do mínimo necessário) ● pessoa lesada ou dono da coisa deteriorada/destituída sem culpa do perigo: indenização do prejuízo que sofreram ○ no caso de deterioração ou destituição de coisa alheia se o perigo ocorreu por culpa de terceiro: autor do dano tem direito a ação regressiva sobre ele pelo valor ressarcido ao lesado. ● empresário individual e empresa pelos produtos postos em circulação: respondem independente de culpa pelos danos causados ● Entende o STF que a vítima deve demandar diretamente o causador do dano, não o intermediário quando este não tiver culpa (ex: um carro A bate no carro B da frente, e este acaba batendo no carro C seguinte por conta do impulso causado. O motorista do carro A responde única e exclusivamente pelos danos ao carro B e C) - já foi questão de prova RESPONSABILIDADE DE REPARAÇÃO CIVIL POR DANO DE TERCEIRO: ● pais, pelos filhos menores (sob sua autoridade e companhia) ● tutor e curador, pelos pupilos e curatelados (sob sua autoridade e companhia) ● empregador, por seus empregados (no exercício do trabalho ou em razão dele) ● dono de hotel, pelos seus hóspedes (também se aplica aos estabelecimentos para albergue e casas pensão, mesmo que para fins de educação) ● os que gratuitamente participarem nos produtos do crime, até a concorrente quantia > respondem pelos atos praticados pelos terceiros indicados, ainda que não haja culpa de sua parte. > aquele que ressarcir o dano alheio, tem direito a reaver o valor do causador - salvo se for seu descendente ou incapaz. > a responsabilidade civil é independente da criminal, ou seja, uma vez decidido no juízo criminal, os fatores do crime (existência do fato e autoria do crime) não poderão ser discutidos no âmbito civil. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DE REPARAÇÃO ● dono, pelo dano causado pelo animal (desde que não provada culpa da vítima ou força maior) ● dono de edifício, pelos danos decorrentes de sua ruína (quando por manifesta falta de reparos) - caiu na prova XXXII 2021 ● habitante de prédio, pelos danos causados por objetos caídos ou lançados em local indevido. A jurisprudência entende que, não sendo possível identificar de qual apartamento caiu o objeto, será responsabilizado todo o condomínio pela teoria da causalidade alternativa - responderá todos os possíveis autores - caiu na prova XXV 2018 ● credor que demandar o devedor antes da dívida vencer, fica obrigado a esperar o fim do prazo de pagamento, descontar os juros correspondentes desse tempo e pagar as custas em dobro ● autor de ofensa ou violação do direito de outrem, responde com seus bens ○ havendo mais de um autor, todos respondem solidariamente ○ os co-autores e os responsáveis por terceiros também respondem solidariamente ● o devedor em mora, pela perda da coisa/objeto ocorrida durante o atraso da entrega, ainda que por caso fortuito ou força maior - caiu na prova XXXII 2021 ★ O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança INDENIZAÇÃO Em regra, é medida pela extensão do dano causado. Se existir desproporção entre a gravidade da culpa e o dano resultado, o juiz pode reduzir o valor da indenização de forma equitativa. ● havendo concorrência culposa da vítima para o resultado (dano): indenização é fixada confrontando a gravidade da culpa de cada um (vítima e autor) ● havendo lesão ou ofensa à saúde, o autor deve indenizar as despesas do tratamento, lucros cessantes e eventual prejuízo sofrido pela vítima ● ofensa que impossibilite continuação de serviço ou profissão, ou lhe diminua a capacidade de trabalho, o autor deve indenizar as despesas do tratamento, lucros cessantes e eventual prejuízo sofrido pela vítima + pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu- caiu na prova XXXIII 2021 ○ esta pensão poderá ser paga parcelada ou de uma só vez INDENIZAÇÃO POR HOMICÍDIO ● pagamento das despesas de tratamento da vítima, funeral e luto familiar ● prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, pelo tempo médio de vida de um ser humano nas condições da vítima. EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE ● estado de necessidade e legítima defesa ● caso fortuito ou força maior ● estrito cumprimento do dever legal e exercício regular do direito ● fato de terceiro ● culpa exclusiva da vítima JURISPRUDÊNCIA STJ - omissão de socorro à vítima de acidente de trânsito ● não configura hipótese de dano moral o simples fato de evasão do local com omissão de socorro ● devem ser analisadas as particularidades envolvidas - se houve ofensa à integridade física e psicológica da vítima ● mero aborrecimento não constitui indenização STJ - indenização por perdas e danos reconhecida pela perda de uma chance ● no caso concreto ocorreu o pedido de perdas e danos pelo autor e o juiz condenou o réu à indenização por perda de chance. A dúvida prevaleceu quanto à existência de julgamento extra petita. ● o STJ entendeu que não houve tal julgamento, uma vez que o juiz condenou o réu em conformidade com o pedido utilizando como fundamento jurídico a teoria da perda de uma chance. ● aplicam-se as máximas “da-me os fatos que te darei o direito” e “o juiz é quem conhece o direito” STF - É constitucional a responsabilização objetiva do empregador pelos danos decorrentes de acidente de trabalho - também trata da constitucionalidade do adicional de insalubridade ou periculosidade STJ - Parceiro que suspeitar de condição soropositiva e continuar tendo relações sexuais com sua companheira sem alertá-la, assume os riscos de sua conduta ● havendo contaminação, responderá civilmente pelos danos causados ● evidente negligência, incúria e imprudência, visto a suspeita e não realização de exame de HIV, além de não informar ao parceiro ou utilizar-se de métodos de proteção. STJ - responsabilidade civil decorrente de acidente de trânsito ● presume-se culpado o condutor que se encontra embriagado ● cabe a ele o ônus de provar a ocorrência de excludente de nexo causal SÚMULAS SÚMULA 37 STJ - SÃO CUMULÁVEIS AS INDENIZAÇÕES POR DANO MATERIAL E DANO MORAL ORIUNDOS DO MESMO FATO. SÚMULA 43 STJ - INCIDE CORREÇÃO MONETARIA SOBRE DIVIDA POR ATO ILÍCITO A PARTIR DA DATA DO EFETIVO PREJUÍZO. SÚMULA 54 STJ - OS JUROS MORATÓRIOS FLUEM A PARTIR DO EVENTO DANOSO, EM CASO DE RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL SÚMULA 132 STJ - A AUSÊNCIA DE REGISTRO DA TRANSFERÊNCIA NÃO IMPLICA A RESPONSABILIDADE DO ANTIGO PROPRIETÁRIO POR DANO RESULTANTE DE ACIDENTE QUE ENVOLVA O VEÍCULO ALIENADO. SÚMULA 221 STJ - SÃO CIVILMENTE RESPONSÁVEIS PELO RESSARCIMENTO DE DANO, DECORRENTE DE PUBLICAÇÃO PELA IMPRENSA, TANTO O AUTOR DO ESCRITO QUANTO O PROPRIETÁRIO DO VEÍCULO DE DIVULGAÇÃO. SÚMULA 227 STJ - A PESSOA JURÍDICA PODE SOFRER DANO MORAL. SÚMULA 326 STJ - NA AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL, A CONDENAÇÃO EM MONTANTE INFERIOR AO POSTULADO NA INICIAL NÃO IMPLICA SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. SÚMULA 362 STJ - A CORREÇÃO MONETÁRIA DO VALOR DA INDENIZAÇÃO DO DANO MORAL INCIDE DESDE A DATA DO ARBITRAMENTO. SÚMULA 387 STJ - É LÍCITA A CUMULAÇÃO DAS INDENIZAÇÕES DE DANO ESTÉTICO E DANO MORAL SÚMULA 479 STJ - AS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS RESPONDEM OBJETIVAMENTE PELOS DANOS GERADOS POR FORTUITO INTERNO RELATIVO A FRAUDES E DELITOS PRATICADOS POR TERCEIROS NO ÂMBITO DE OPERAÇÕES BANCÁRIAS. SÚMULA 642 STJ - O DIREITO À INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS TRANSMITE-SE COM O FALECIMENTO DO TITULAR, POSSUINDO OS HERDEIROS DA VÍTIMA LEGITIMIDADE ATIVA PARA AJUIZAR OU PROSSEGUIR A AÇÃO INDENIZATÓRIA SÚMULA 490 STF - A PENSÃO CORRESPONDENTE À INDENIZAÇÃO ORIUNDA DE RESPONSABILIDADE CIVIL DEVE SER CALCULADA COM BASE NO SALÁRIO MÍNIMO VIGENTE AO TEMPO DA SENTENÇA E AJUSTAR-SE-Á ÀS VARIAÇÕES ULTERIORES. SÚMULA 491 STF - É INDENIZÁVEL O ACIDENTE QUE CAUSE A MORTE DE FILHO MENOR, AINDA QUE NÃO EXERÇA TRABALHO REMUNERADO SÚMULA 492 STF - A EMPRESA LOCADORA DE VEÍCULOS RESPONDE, CIVIL E SOLIDARIAMENTE COM O LOCATÁRIO, PELOS DANOS POR ESTE CAUSADOS A TERCEIRO, NO USO DO CARRO LOCADO. SÚMULA 562 STF - NA INDENIZAÇÃO DE DANOS MATERIAIS DECORRENTES DE ATO ILÍCITO CABE A ATUALIZAÇÃO DE SEU VALOR, UTILIZANDO-SE, PARA ESSE FIM, DENTRE OUTROS CRITÉRIOS, DOS ÍNDICES DE CORREÇÃO MONETÁRIA.
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