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Semiologia do Edema

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Guizão 
Anamnese 
Exame físico 
Fisiopatologia 
Semiologia do edema 
 
 Edema é o acumulo de líquido no espaço 
intersticial ou dentro das células. A semiologia do edema 
começa pela anamnese e se complementa com o exame 
físico. 
 
Tempo de duração: data de início, quando o edema 
começou. 
Localização: onde se localiza o edema ou se é 
generalizado. 
Evolução: modo agudo? Progressivo? 
 
 No exame físico analisamos a localização, 
intensidade, consistência, elasticidade, sensibilidade, 
temperatura, cor e textura. 
 
Localização e distribuição 
Avalia-se se o edema é localizado ou generalizado. O 
edema localizado é restringido a apenas um membro, 
seja uma perna, um braço, um pé, um dedo. Se o edema 
for a mais de um membro, ele é classificado como 
edema generalizado. 
 
Intensidade 
 Para se avaliar a intensidade do edema, utiliza-
se o sinal de Cacifo, com a polpa do dedo indicador ou 
polegar e se faz uma compressão próxima a regiões 
rígidas do edema. Depois, avalia-se a profundidade da 
fóvea formada e o tempo de normalização da pele após 
formação da fóvea. Todo paciente com edema deve ser 
pesado diariamente, e em casos locais a circunferência 
deve ser medida para se comparar um membro com o 
outro diariamente. 
 
 
 
Consistência 
 Avalia-se a resistência para a formação da 
fóvea. Pode ser edema mole ou edema duro. No caso dos 
edemas moles, é um edema recente, de curta duração, 
facilmente depressível, indica água na tela subcutânea. 
No edema duro, é resistente, geralmente de uma duração 
mais longa, com infiltrado fibroblástico. 
 
Elasticidade 
 Avalia-se o grau de eslasticidade da pele ao 
retirar a polpa do dedo. Pode ser elástico ou inelástico. O 
elástico, a pele volta quase imediatamente, no inelástico a 
pele demora a voltar. 
 
Temperatura 
 Avalia-se com o dorso dos dedos ou da mão a 
temperatura do edema. Pode ser normal, quente ou frio. 
Geralmente edemas quentes estão relacionados à 
inflamação e edemas frios a falta de perfusão. 
 
Sensibilidade 
 Avalia-se se o paciente sente ou não dor a 
digitopressão. Pode ser doloroso ou indolor. 
Cor 
 Avalia-se se tem cianose, vermelhidão ou 
palidez. 
 
Textura 
 Avalia-se se é lisa, espessa ou enrugada. 
Geralmente no edema liso, é um edema de curta 
duração, a espessa de longa e a enrugada quando edema 
está diminuindo. 
 A fisiopatologia do edema tem como base duas 
classificações: o edema intracelular e o edema 
extracelular. 
 
 
Edema intracelular 
 Quando a permeabilidade da membrana 
plasmática é afetada, a maior pressão coloidosmótica 
intracelular faz com que maior quantidade de liquido 
entre na célula por osmose. Isso ocorre em inflamações 
ou em subnutrição quando há uma alta entrada de sódio 
e uma falha na bomba de sódio e potássio pra eliminar 
essa alta concentração de sódio, gerando um hipertonia 
celular. Outra causa de edema intracelular é a diminuição 
de sódio no plasma, condição conhecida como 
hiponatremia. 
 
Resumindo: Hiponatremia, aumento da permeabilidade de 
membrana, disfunção do sódio intracelular. 
 
Edema extracelular 
 Pode ser ocasionado por aumento da filtração 
capilar ou por comprometimento do sistema linfático. 
Para isso, devem-se levar em conta as forças de Starling 
de filtração capilar. Entre essas forças, as que atuam 
para a formação do edema são: 
- Aumento Pressão hidrostática capilar; 
- Aumento Pressão coloidosmótica do líquido intersticial; 
- Diminuição da Pressão hidrostática do líquido 
intersticial; 
- Diminuição da Pressão coloidosmótica capilar; 
 
Filtração = (área de superfície capilar * permeabilidade) 
(pressão hidrostática capilar + pressão coloidosmótica do 
líquido intersticial – pressão coloidosmótica do plasma – 
pressão hidrostática do líquido intersticial) 
 
Edema generalizado (anasarca) 
 O edema generalizado geralmente tem causas 
renais, cardíacas ou hepáticas. 
 
Edema na insuficiência cardíaca: na insuficiência cardíaca 
aguda, o débito cardíaco diminui, automaticamente 
fazendo com que o pCO2 aumente nos tecidos, gerando 
vasodilatação pelo controle metabólico local do fluxo 
sanguíneo que suprime o controle pelos reflexos 
Cruzes + ++ +++ ++++
Grau I II III IV
Profundidade 2mm 4mm 6mm 8mm
Tempo de 
normalização
Quase imediato 15s 1min >1min
Intensidade do edema
Guizão 
Diagnósticos 
Fácie nefrótica 
simpáticos. Consequentemente a resistência periférica cai 
e a pressão arterial diminui, não ocasionando edema. 
Porém, na insuficiência cardíaca crônica, a pressão 
arterial diminuída promove uma influência renal 
estimulando o sistema renina-angiotensina-aldosterona, o 
aumento do ADH, o aumento de potássio sanguíneo, a 
diminuição da filtração glomerular. Esses fatores geram 
anúria ou oligúria, aumento da pressão arterial e inicio do 
edema. 
 
Edema por causas renais: quando existe insuficiência de 
excreção de sais e água pelos rins, o volume sanguíneo 
aumenta. Num primeiro momento, mecanismos reflexos 
atuam estimulando o sistema nervoso parassimpático e 
inibindo o simpático, promovendo uma diminuição de 
resistência periférica e do débito cardíaco que irá 
compensar a hipervolemia. Porém, com o tempo, o 
reajuste dos barorreceptores vai fazer com que esse 
mecanismo se atenue e a grande quantidade de oxigênio 
vai promover uma vasoconstrição no fluxo local dos 
tecidos, aumentando a resistência periférica. O aumento 
da resistência periférica, e o comprometimento renal 
com deslocamento da curva de excreção de sal e água 
pelos rins, promove uma hipertensão que vai favorecer a 
formação de edema. 
 Um dos edemas renais pode ser causado por 
estenose ou aterosclerose da arteria renal. Isso vai 
promover uma diminuição do fluxo sanguíneo aos rins, 
estimular o sistema renina-angiotensina, promover 
vasoconstrição e aumento da pressão arterial sistêmica, 
favorecendo o edema. 
 Outra causa de edema renal seria por 
extravasamento de proteínas pelos glomérulos, conhecido 
como síndrome nefrótica, isso vai promover uma 
diminuição da pressão coloidosmótica do plasma e 
favorecer a formação de edemas. 
 
Edema por causas hepáticas: uma das condições 
hepáticas que mais causa edema é a cirrose. A cirrose é 
a formação de fibrose no parênquima hepático. Isso faz 
com que a produção de proteínas plasmática (sobretudo 
albumina) fique prejudicada. Isso diminui a pressão 
coloidosmótica do plasma e favorece a formação de 
edemas. Associado a isso, a cirrose também compromete 
o fluxo sanguíneo hepático, gerando uma compressão e 
aumento da pressão gastrointestinal, gerando um 
extravasamento de líquido e proteínas para o peritônio, 
gerando um edema conhecido como ascite. 
Edema renal 
- Síndrome nefrítica, síndrome nefrótica, pielonefrite e 
doença renal crônica. 
- Sintomas gerais: edema generalizado, ênfase periorbital 
bilateral, piora no período matutino, edema mole, 
inelástico, indolor. 
- A síndrome nefrótica geralmente o edema é intenso 
(+++) ou (++++). Na síndrome nefrítica e pielonefrite são 
mais brandas, (+) ou (++). 
- A síndrome nefrítica vem da maior absorção de sal e 
água, aumento da permeabilidade capilar. Pode se 
acompanhar de hipertensão arterial sistêmica, hematúria. 
- A síndrome nefrótica vem do hiperaldosteronismo 
secundário e da hipoproteinemia, hipoalbunemia. O 
paciente pode apresentar urina espumosa, devido à 
proteinúria, fácie nefrótica pronunciada. 
 
 
- A doença renal crônica acompanha-se de anemia e 
hálito urêmico. 
- A oliguria ou anuria vem da diminuição da filtração 
glomerular (vasoconstrição simpática das arteríolas 
renais), aumento da reabsorção de sal e água pelos rins, 
aumento do ADH, aumento da aldosterona, aumento do 
SNC simpático. Paciente 
hipertenso crônico tem curva 
renal desviada e uma 
reabsorção aumentada, deve 
ser administrado diurético e 
natriurético com o remédio 
pra pressão, para evitar 
anúria. 
 
 
 
Insuficiência cardíaca 
- Sintomas gerais: edema generalizado com 
predominância em membros inferiores, indolor, piora no 
período vespertino, inelástico,mole. Associado a dispneia 
a esforços, ortopneia, dispneia paroxística noturna, estase 
jugular, estertores pulmonares, presença de terceira bulha 
cardíaca. 
- Geralmente, quando a insuficiência é do lado esquerdo 
do coração, não há edema sistêmico, mas edema 
pulmonar. Quando afeta o lado direito, o edema se torna 
sistêmico com predomínio nas extremidades. 
- O edema decorre do aumento da pressão hidrostática 
capilar, advindo de um aumento da retenção pelo sistema 
renal, aumento da pressão pelo sistema renina-
angiotensina-aldosterona, aumento da permeabilidade 
capilar pelo fator natriurético atrial. A insuficiência direita 
do coração leva a um aumento da pressão venosa, 
dificuldade de retorno venoso, varizes em membros 
inferiores. 
 
Cirrose hepática 
- Sintomas gerais: edema generalizado, moderado (+) a 
(++), com enfoque em membros inferiores, mole, 
inelástico, indolor. Geralmente acompanhado de 
hipoalbuminemia, hipoproteinemia, ascite. Atentar-se para 
circulação colateral tipo cabeça de medusa, 
esplenomegalia, hematêmese, melena, telangiectasia, 
eritema palmar, icterícia, hematoma, equimose, 
encefalopatia hepática (flapping ou asterixis ou tremor 
palmar em bater de asa). 
 
Edema carencial ou discrásico 
- Sintomas gerais: generalizado, moderado, mole, 
inelástico, foco em membros inferiores e indolor. 
Associado hipoproteinemia e desnutrição. 
 
 
 
 
 
Guizão 
Casos Clínicos Trombose venosa profunda (TVP) 
- Edema mole, pode ser pálido no caso da flegmasia alba 
dolens, ou cianótico no caso da flegmasia cerúlea dolens, 
devido a extração do O2 da estase venosa. Geralmente 
localizado e unilateral. Pode apresentar os seguintes 
sinais: empastamento da panturrilha com diminuição da 
mobilidade (sinal da bandeira), dor a dorsiflexão do pé 
(sinal de Homans), dor na compressão da panturrilha 
contra osso (sinal de Bancroft). Confirmação com 
Doppler. 
 
Edema da flebite e celulite 
- Sinais flogisticos (calor, rubor, dor, edema e limitação 
funcional - CDEFR) Edema mole, elástico, doloroso, 
vermelhidão, aumento de temperatura, pele lisa e 
brilhante. 
 
Linfedema 
- Sintomas gerais: edema duro, inelástico, indolor, pele 
espessa e áspera. É o edema da Wuchereria bancrofti do 
mosquito Culex. 
 
Angioedema, Edema alérgico ou edema de Quincke 
- Sintomas gerais: edema local ou generalizado, com foco 
em face (olhos, boca e lingua), elástico, mole, 
avermelhado, temperatura aumentada, súbito, associado a 
permeabilidade capilar de histamina e cinina de 
mastócito e basófilo. Pode ser acompanhado de urticária 
e edema laríngeo. 
 
Edema medicamentoso 
- Principal causa é a retenção de sódio e vasodilatação 
arteriolar. Inclui os medicamentos anti-hipertensivos 
minoxidil, bloqueadores de canais de cálcio, hidralazina; os 
antivirais (aciclovir); glicocorticoides, etc. 
 
Mixedema 
- O mixedema é um tipo de 
edema caracterizado pela 
deposição de 
mucopolissacarídeo no espaço 
intersticial. É comum no 
hipotireoidismo com a 
apresentação de edema 
generalizado, ou localizado na 
face, dorso da mão, língua. Na 
doença de graves apresenta-se 
na região pré-tibial. 
 
Lipedema 
- Geralmente ocorre pelo acumulo de gordura e não pelo 
acumulo de líquido, sobretudo nos tornozelos, poupando 
os pés. 
 
Chagas 
- Sinal de Romaña (edema 
unilateral periorbital). Atentar-se 
a epidemiologia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Caso 1 
 Mulher, 50 anos, casada, 2 filhos, costureira, católica, 
parda, natural de Jaboatão dos Guararapes (PE) e procedente de São 
Paulo, onde reside há 30 anos. Apresenta-se à consulta ambulatorial 
com queixa de que há 1 mês notou o surgimento de edema 
generalizado, acometendo inclusive a face, associado a aumento do 
volume abdominal, com piora progressiva. O edema facial é pior pela 
manhã. Relata dispneia há 1 semana. Relata ganho de 5 kg no período 
(65 para 70 kg). Nega ortopneia ou dispneia paroxística noturna. Nega 
febre. AP: hipertensão arterial sistêmica há 5 anos; diabete melito tipo 
2 há 10 anos. Nega cirurgias prévias. Medicações em uso: atenolol 50 
mg 1 vez ao dia e metformina 500 mg 3 vezes ao dia (relata uso 
irregular da medicação). Nega tabagismo ou etilismo. 
 Exame clínico: REG, descorada +/4+, hidratada, anictérica, 
acianótica, taquipneica, consciente e orientada. Frequência cardíaca 70 
bpm; pressão arterial 160 x 98 mmHg; frequência respiratória 22 irpm; 
temperatura 36,5 oC; glicemia capilar 350 mg/dL. AR: MV+ 
bilateralmente sem RA, diminuídos em ambas as bases, com 
diminuição da ausculta da voz. ACV: bulhas rítmicas hipofonéticas em 
2T, sem sopros. Ausência de estase jugular a 45 graus. Abdome: 
globoso, flácido, macicez móvel e semicírculos de Skoda presentes, 
piparote ausente, sem visceromegalias, indolor. Membros inferiores: 
edema simétrico 2+/4+. 
 
Qual é a causa da anasarca apresentada por esta paciente? Quais 
dados corroboram sua hipótese? 
 
Caso 2 
 Homem, 42 anos, divorciado, pintor, natural de Campos 
(RJ), há 20 anos em São Paulo. Procura o pronto-socorro relatando 
que há cerca de 1 mês notou aumento do volume abdominal e edema 
de membros inferiores. Há 2 semanas, reparou que a pele estava 
amarelada e notou o surgimento de fezes escurecidas na última 
semana. Nega febre. Nega comorbidades. É etilista (consumo de 
destilados desde os 15 anos de idade – não “sabe” informar a 
quantidade). Nega tabagismo. 
 Exame clínico: regular estado geral, descorado +/4+, 
hidratado, ictérico 2+/4+, acianótico, eupneico. Frequência cardíaca 64 
bpm; pressão arterial 98 x 60 mmHg. Frequência respiratória 16 irpm; 
temperatura 36,7 °C. Neurológico: consciente, orientado, porém 
lentificado. Tórax: ginecomastia bilateral e presença de telangiectasias. 
MV+ bilateralmente sem ruídos adventícios. BRNF em 2T sem sopros. 
Exame abdominal: abdome globoso, presença de circulação colateral 
tipo “cabeça de medusa”, semicírculos de Skoda e sinal do piparote 
presentes, fígado palpável no rebordo costal direito, indolor. Membros 
superiores: eritema palmar e flapping. Membros inferiores: edema 
simétrico 2+/4+. 
 
Qual é a causa da anasarca apresentada por este paciente? Quais 
dados corroboram sua hipótese? 
 
Caso 3 
 Homem, 49 anos, casado, carpinteiro, natural da Bahia, há 
30 anos em São Paulo, católico. Apresenta-se à consulta ambulatorial 
com queixa de há 2 meses sentir “cansaço” para algumas atividades, 
como ir até à padaria (distante dois quarteirões da sua casa). Há um 
mês passou a utilizar dois travesseiros para conseguir dormir melhor e 
começou a apresentar episódios de tosse seca no período. 
Frequentemente, acorda no meio da noite com a sensação de 
afogamento. Há 1 mês notou edema de membros inferiores, que piora 
no final do dia, além de aumento do volume abdominal. Nega febre. 
Relata ganho de 7 kg (60 para 67 kg) no período. É hipertenso há 25 
anos. Não sabe relatar medicações de uso habitual. Tabagista (40 
anos-maço). Nega etilismo ou uso de drogas ilícitas. 
 Exame clínico: bom estado geral, corado, hidratado, 
anictérico, taquipneico. Frequência cardíaca 86 bpm; pressão arterial 
180 x 112 mmHg; frequência respiratória 24 irpm; temperatura 36,8 oC. 
Exame pulmonar: murmúrios vesiculares presentes bilateralmente, com 
estertores finos bibasais. ACV: bulhas rítmicas hipofonéticas em 2T, 
sem sopros. Presença de estase jugular a 45 graus. Abdome: globoso, 
flácido, fígado doloroso palpável a 4 cm do rebordo costal direito e 2 
cm do apêndice xifoide, macicez móvel presente, piparote ausente. 
Membros inferiores: Godet 2+/4+ bilateralmente. 
 
Qual é a causa da anasarca apresentada por este paciente? Quais 
dados corroboram sua hipótese? 
 
Caso 4 
 Jovem, 15 anos de idade, chega ao pronto-socorro, direto 
da escola, levado pela diretora, todos muito assustados com o inchaço 
súbito observado, dispneia e rouquidão, iniciados há 20 minutos, 
piorando. O rapaz conta que já teve outros episódios semelhantes 
anteriormente, com necessidade de ida ao pronto-socorro. Não se 
lembra de ter recebido orientação paratratamento. Nega 
comorbidades ou o uso de medicamentos. 
 
 Exame clínico: bom estado geral, corado, hidratado, 
anictérico, eupneico. Frequência cardíaca 110 bpm; pressão arterial 110 
Guizão 
x 60 mmHg; frequência respiratória 18 irpm. Face: edema palpebral 
bilateral e no lábio superior (muito pronunciado). AR: MV+ 
bilateralmente sem ruídos adventícios. ACV: BNRF em 2T sem sopros. 
Abdome: plano, flácido, indolor, sem visceromegalias. Membros 
inferiores: sem edemas. 
 
Qual é a causa do edema apresentado por este paciente? Quais dados 
corroboram sua hipótese? 
 
Caso 5 
 Mulher, 65 anos, casada, 5 filhos, doméstica, natural de 
Inhambupe (BA), em São Paulo (SP) há 45 anos. Apresenta-se à 
consulta ambulatorial queixando-se de edema nos membros inferiores 
há mais de 1 ano, com piora no último mês. Relata que o edema piora 
ao longo do dia (associa ao fato de trabalhar em pé o dia inteiro). 
Nega dispneia, ortopneia ou febre. É hipertensa em uso de losartan 
50 mg/dia. Obesidade grau 2. 
 Exame clínico: bom estado geral, corada, hidratada, 
anictérica, acianótica, eupneica. Frequência cardíaca 82 bpm; pressão 
arterial 138 x 82 mmHg; frequência respiratória 16 irpm; temperatura 
36,5 oC. AR: MV+ bilateralmente sem RA. ACV: bulhas rítmicas 
normofonéticas em 2T, sem sopros. Ausência de estase jugular a 45 
graus. Abdome: globoso, flácido, indolor, sem visceromegalias. Membros 
inferiores: coloração acastanhada na região distal de ambas as pernas 
(mais pronunciada à direita) com algumas varicosidades, edema 
simétrico 2+/4+, pouco depressível, indolor, pele endurecida. 
 
Qual é a causa do edema de membros inferiores apresentado por 
esta paciente? Quais dados corroboram sua hipótese? 
 
GABARITO 
CASO 1 
 Trata-se de anasarca de causa renal (provável síndrome 
nefrótica secundária ao diabete melito tratado de forma inadequada, 
além de possível doença renal crônica). Observam-se edema de face 
e presença de derrames cavitários (derrame pleural bilateral e ascite 
moderada). A dispneia é secundária ao derrame pleural associado. Não 
há comemorativos para pensar em anasarca por insuficiência cardíaca 
(apesar de a paciente ser hipertensa mal controlada), visto que ela 
nega ortopneia, a dispneia é de início recente e não há estase jugular 
a 45 graus. 
 
CASO 2 
 Trata-se de anasarca de causa hepática (provável cirrose 
hepática pelo álcool). O paciente apresenta antecedente de etilismo 
de longa data. Apesar de não relatar a quantidade, sabe-se que é 
comum etilistas importantes subestimarem a quantidade de álcool 
ingerido. Além disso, apresenta sinais de insuficiência hepática, a 
saber, icterícia, encefalopatia hepática (lentificação e presença de 
flapping), ginecomastia, telangiectasias (spiders), e de hipertensão 
portal (circulação colateral e ascite moderada). As fezes escurecidas 
podem denotar melena (secundário ao sangramento de varizes 
esofágicas). Neste caso de anasarca há predomínio de ascite 
moderada a volumosa (visto que sinal de piparote é presente, o que 
ocorre em ascites > 3 L) e de edema de membros inferiores. 
 
CASO 3 
 Trata-se de anasarca de causa cardíaca. A presença de 
ortopneia tem alto valor preditivo positivo para o diagnóstico de 
insuficiência cardíaca. Soma-se a isso a presença de dispneia 
paroxística noturna, estase jugular a 45 graus, estertores finos à 
ausculta pulmonar e hepatomegalia dolorosa (sinais de congestão 
sistêmica) e o fato de o paciente apresentar 2 fatores de risco para 
miocardiopatia: 1. É natural de região endêmica para doença de 
Chagas. 2. É hipertenso de longa data, com aderência questionável ao 
tratamento, visto que desconhecia medicações de uso habitual e se 
apresentava bastante hipertenso na consulta. A ascite é de pequena 
monta. 
 
CASO 4 
 Trata-se de angioedema. Chama a atenção o fato de ser 
um edema pronunciado de instalação rápida e súbita. Soma-se a isso 
sua localização (região periorbitária e lábios) e o antecedente de 
episódios semelhantes. Neste caso, o desencadeante pode ter sido 
algum alimento ingerido na escola (é muito comum angioedema por 
corantes utilizados pela indústria alimentícia). 
 
CASO 5 
 Trata-se de edema secundário a insuficiência venosa 
crônica. É um edema gravitacional, crônico, conforme relato da 
paciente (edema há mais de 1 ano), fato corroborado pelas 
características observadas no exame dos membros inferiores (pouco 
depressível e pele endurecida). Soma-se a isso a presença da 
coloração acastanhada (dermatite ocre) e de veias varicosas.

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