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Conteudista: Prof. Dr. João Luiz de Souza Lima Revisão Textual: Maria Thereza Carvalho Rodriguez Guisande Objetivos da Unidade: Aplicar conceitos próprios da Teoria Keynesiana ao contexto de enfrentamento das crises econômicas; Analisar a enorme repercussão do trabalho de Maynard Keynes (1883 – 1946) e o momento histórico do lançamento de sua obra “Teoria geral do emprego, do juro e da moeda” (1936): a Grande Depressão Econômica, ocorrida na década de 1930, no século XX. Material Teórico Material Complementar Referências Crises Econômicas e a Aplicação da Teoria Keynesiana Introdução Esta Unidade tem como objetivo discorrer acerca das soluções contidas no célebre pensamento de John Maynard Keynes (1883-1946), que foi um economista inglês e um dos intelectuais mais influentes do século XX. Nascido em Cambridge, John Keynes estudou na universidade local, onde posteriormente lecionou. Em 1919, renunciou ao cargo de delegado britânico, na conferência do Tratado de Versalhes, por discordar das indenizações exorbitantes impostas à Alemanha no pós-Primeira Guerra Mundial. Além disso, expôs as suas críticas na obra “As Consequências Econômicas da Paz” (1919). As ideias de John Keynes foram introduzidas em seu principal trabalho: a obra “A Teoria Geral do Emprego, do Juro e do Dinheiro”, que foi publicada no ano de 1936. Esse livro é considerado a base principal da chamada "Revolução ou Teoria Keynesiana". Nele, John Keynes contraria a Teoria Clássica ou Liberal, segundo a qual as economias tenderiam naturalmente ao equilíbrio e ao pleno emprego. Ao contrário disso, John Keynes defendeu que o desemprego poderia perdurar indefinidamente se os governos não fizessem gastos para estimular a economia e o crescimento. Em 1944 ele representou o Reino Unido na Conferência de Bretton Woods, que definiu a instituição do Fundo Monetário Internacional (FMI), o qual tinha a missão de regular a economia ocidental no pós-Segunda Guerra Mundial. Em 1907, John Keynes também foi frequentador assíduo do chamado grupo de Bloomsbury, nome do bairro em que residia a escritora Virginia Woolf, cuja casa representava local de reunião de destacados intelectuais londrinos, como o romancista E. M. Forster e o poeta T. S. Eliot. 1 / 3 Material Teórico John Keynes morreu em Firle, no condado de Sussex, na Inglaterra. Veja, a seguir, a foto do pensador (Figura 1). Figura 1 – John Maynard Keynes Fonte: kuer.org Crises Econômicas Segundo Sandroni (1999), a uma crise econômica pode ser entendida como perturbação na vida econômica, atribuída pela economia clássica a um desequilíbrio entre produção e consumo, localizado em setores isolados da produção. As crises econômicas podem causar inúmeras desestabilidades de cunho social, envolvendo: recessão, desemprego e incremento da violência. As crises mais impactantes sofridas pela humanidade foram as crises ocorridas em 1929 (quebra da Bolsa de Valores de Nova York, nos EUA), em 2008 (crise imobiliária e os subprimes nos EUA), em 2010 (déficit público nos países componentes da União Europeia – UE) e em 2020 (devido à pandemia do Covid-19). Esta, em especial, será tratada em um item a parte, devido a uma conjuntura envolvendo a saúde pública da população mundial. Crise Econômica de 1929 A crise de 1929 aconteceu no dia 24 de outubro de 1929 e teve repercussão mundial. O crash, ou seja, a forte queda nas Bolsas de Valores, ocorreu especificamente na Bolsa de Valores de Nova York, causando o desemprego direto de 13 milhões de norte-americanos e mergulhando os Estados Unidos da América (EUA) numa séria depressão econômica. Você Sabia? A depressão representa uma fase do ciclo econômico em que ocorre um declínio acentuado da produção, gerando queda nos lucros das A crise de 1929 configurou o desfecho de um período de grande expansão dos EUA, que, após a Primeira Guerra Mundial, assumiram a hegemonia econômica do mundo contemporâneo. O aumento da produção industrial, a melhora do poder aquisitivo da população e a liberalização do crédito provocou a explosão de consumo. Os investidores, por sua vez, atraídos pela expansão das empresas, tomaram empréstimos bancários para comprar ações e revendê-las com lucro. Esse processo especulativo fez com que, de 1925 a 1929, o valor das ações das empresas subissem de US$ 27 bilhões para US$ 87 bilhões. A capacidade de consumo interno da população dos EUA não acompanhou o crescimento da produtividade, resultando em um enorme excedente. A partir disso, o preço dos produtos agrícolas começou a baixar, ocasionando a falência de fazendeiros, e as indústrias começaram a reduzir a produção, gerando muito desemprego. Alarmados com a situação das empresas, os acionistas venderam todos os papéis na Bolsa, gerando uma superoferta de ações à venda. A expansão do crédito bancário e a especulação financeira nos EUA atingiram o limite com a quebra da Bolsa de Nova York em 24 de outubro de 1929. Isso provocou a falência de 9.096 bancos e 85 mil empresas, além da queda de 85% na cotação das ações entre 1929 e 1932, quando a redução de salários chegou a 60%. Além disso, a baixa do preço de matérias-primas e a diminuição das exportações e dos créditos norte-americanos a outros países deram amplitude mundial à crise. No auge da crise, em 1933, o democrata Franklin Delano Roosevelt assumiu a Presidência dos EUA. Ele iniciou um programa de reformas econômicas e sociais conhecido como New Deal (Novo Acordo, em português). Roosevelt foi influenciado diretamente pelas ideias do economista inglês John Maynard Keynes. Nesse sentido, Franklin Delano Roosevelt criou mecanismos de controle de crédito e um banco estatal para financiar as exportações. Entre outras medidas, ele estabeleceu: empresas, perda do poder aquisitivo da população e, consequentemente, o desemprego. Em 1937, o número de desempregados havia sido reduzido para quase a metade do início da crise, a renda nacional crescido em 70% e a produção industrial crescido em 64%. Desde o fim da Primeira Guerra Mundial, os EUA eram os maiores credores e financiadores das nações capitalistas europeias. Por isso, a crise econômica de 1929 se alastrou com rapidez pelos países que dependiam fortemente do capital norte-americano: no Reino Unido, em 1931, e na Alemanha, em 1932, o desemprego chegou a atingir 25% da força de trabalho. Para enfrentar a crise, esses dois países e a França seguiram o modelo norte-americano de interferência do Estado na economia e instituíram políticas de bem-estar social. Por outro lado, a crise econômica de 1929 diminuiu o prestígio da democracia em vários países e acabou encorajando movimentos extremistas, como o fascismo, na Itália, e o nazismo, na Alemanha. No Brasil, o corte dos empréstimos necessários à política de valorização do café e a impossibilidade de exportar o produto para os EUA contribuíram para a derrubada da República Velha e a ascensão de Getúlio Vargas no poder. Crise Econômica de 2008 Ao final do ano de 2008, o mundo encontrava-se mergulhado em uma grave e grande crise econômica-financeira iniciada nos Estados Unidos da América (EUA), que representava a economia mais poderosa do globo, responsável por pouco mais de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Embora já houvesse sinais anteriores, o estopim dessa crise ocorreu em 14 de setembro de 2008, com a quebra do quarto maior banco de investimentos norte-americano, o Lehman Brothers. Fixação de salários-mínimos; Limitação da jornada de trabalho; Ampliação do sistema de previdência social. A crise de 2008 estava ligada ao estouro da bolha imobiliária, que ocorreu um anos antes (agosto de 2007) nos EUA, relacionada a hipotecas de alto risco, chamadas de “subprimes”. Esse estouro, por sua vez, teve origens em medidas tomadas a partir de 2002, com as baixas taxas de juros nos EUA, que configuravam em torno de 1% a.a. Essas medidas tiveram relação com o efeito causado pelos atentados terroristas sofridos pelos EUA em 11 de setembro de 2001. A crise econômica de 2008 foi motivada pelos muitos empréstimos para a compra de casas cedidos a pessoas que não tinham boa avaliação de crédito, como forma de fomentar a expansão do mercado imobiliário com crédito em longo prazo (até 30 anos), ampliando a base de eventuais compradores. Os compradores subprimes puderam pagar suas prestações durante certo tempo, graças aos juros baixos. Essas operações se tornaram bastantes lucrativas para bancos e empresas de crédito imobiliário, que negociavam títulos no mercado financeiro, tendo como garantia os empréstimos subprimes. Com o aumento da procura, os preços dos imóveis subiram e as aplicações se tornaram um ótimo negócio para os investidores, ajudando também a impulsionar a economia norte-americana por anos. Quando, porém, esse impulso foi se esgotando e as dificuldades próprias da economia dos EUA (déficits elevados nas contas internas e externas, pressões inflacionárias etc.) levaram à elevação das taxas de juros, as prestações dos imóveis subiram e muitos compradores deixaram de pagá-las. Como a garantia dos empréstimos eram os próprios imóveis, as hipotecas começaram a ser executadas e os imóveis foram retomados para venda. Como resultado, os valores dos imóveis caíram e os títulos com base nos empréstimos perderam valor rapidamente. Houve uma reação em cadeia: com muitos compradores perdendo seus imóveis, os bancos e as financeiras ficaram com o prejuízo da inadimplência, incapacitados de conceder novos empréstimos, e a indústria da construção civil sofreu uma queda brutal. Portanto, toda a economia norte-americana sentiu os efeitos desse recuo econômico. Para muitos economistas, inclusive, os EUA entraram em recessão em dezembro de 2007. Foi a primeira recessão econômica do país desde os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Tecnicamente, uma economia entra em recessão quando registra-se dois trimestres consecutivos de queda do Produto Interno Bruto (PIB), fato que ainda não havia ocorrido com os EUA até dezembro de 2008. A seguir, são apresentadas algumas das consequências da crise econômica-financeira mundial de 2008: Você Saiba? A recessão econômica consiste numa conjuntura de declínio da atividade econômica como um todo, caracterizada por queda da produção, aumento do desemprego, diminuição da taxa de lucro e crescimento dos índices de falências e concordatas de empresas. Grandes instituições financeiras sofreram enormes prejuízos, levando a uma redução drástica do crédito; Muitas instituições financeiras deixam de ter todo o dinheiro necessário para honrar os compromissos; Eclosão da crise dos alimentos no primeiro semestre de 2008, quando parte dos ativos financeiros pelo mundo passou a migrar para o segmento de matérias- primas, levando a uma alta nos preços; Desconfiança crescente, fazendo com que os bancos parassem de emprestar dinheiro uns para os outros; Quebra do banco de investimento Lehman Brothers, tradicional instituição financeira de 158 anos; A partir da concordata do Lehman Brothers, o governo dos EUA passou a injetar dinheiro público no mercado para evitar a quebra de outras importantes instituições, incluindo a maior seguradora do mundo, a AIG, e o banco de investimentos Merrill Lynch, comprado pelo Bank of America por US$ 50 bilhões de dólares. O Tesouro norte-americano ainda colocou US$ 20 bilhões de dólares no Citibank, além de garantir US$ 306 bilhões de dólares por seus papéis ligados ao setor imobiliário de alto risco. O primeiro país a tomar medidas agressivas para tentar modificar o cenário foi o Reino Unido, que anunciou um plano de US$ 87 bilhões de dólares para salvar o sistema financeiro, prevendo até a nacionalização parcial de bancos. O pacote também disponibilizava US$ 350 bilhões de dólares para garantir créditos entre as instituições financeiras. O banco britânico Bradford & Bingley, o nono maior do setor habitacional, foi estatizado e parte de seus ativos foi vendida ao grupo espanhol Santander. De acordo com os cálculos efetuados pelo Banco da Inglaterra (o Banco Central Britânico), no fim de 2008, os governos já haviam gastado cerca de US$ 6,8 trilhões de dólares, ou seja, mais de 11% do Produto Interno Bruto (PIB) do mundo, visando salvar bancos. Além de injetarem dinheiro, as autoridades econômicas de vários países optaram por reduzir as taxas de juros de forma coordenada. Porém, apesar dos esforços dos governos, em 2008, o conjunto de países da União Europeia (UE) e o Japão entraram oficialmente em recessão, além dos EUA. Crise Econômica de 2010 No ano de 2010, três anos após a eclosão da crise de 2008, a mais grave desde a Grande Depressão de 1929, a economia global correu o risco de mergulhar numa nova recessão. A ameaça dessa vez foi o elevado endividamento público, que afetou dois dos principais motores da economia mundial: os Estados Unidos da América (EUA) e a União Europeia (UE). O exemplo mais dramático de como o rombo fiscal corroeu as economias nacionais ocorreu na Grécia. Uma das nações menos desenvolvidas da zona do euro, a Grécia já apresentava desequilíbrios orçamentários antes de 2008. Quando as fontes de crédito secaram, o governo Quebra de outros bancos, financeiras, seguradoras e montadoras de veículos. grego ampliou ainda mais seus gastos para incentivar a economia, no entanto sem obter sucesso. A dívida pública, que já estava bem acima do teto de 60% do PIB estipulado pela União Europeia (UE), saltou para 144,9% do PIB em 2010. Em diferentes graus, esse ciclo econômico, que envolveu a injeção de dinheiro público, a elevação da dívida, a desconfiança dos mercados e a falta de crédito, repetiu-se em países como Portugal, Itália, Irlanda, Espanha e Chipre, entre 2010 e 2011, aumentando o risco de contaminação generalizada no bloco econômico. Em 2011, a crise se agravou. Percebendo o risco de calote, os investidores pediam juros cada vez mais altos para financiar a dívida das economias da União Europeia (UE). Até mesmo a França e a Alemanha, as duas potências da zona do euro, passaram a enfrentar a desconfiança dos mercados por possuírem muitos papéis das nações endividadas. Um dos fatores que tornou a crise econômica de 2010 mais aguda na zona do euro foi o fato de que os países não têm soberania sobre a política monetária nem cambial, atribuições que cabem ao Banco Central Europeu (BCE). Entretanto, a centralização das ações junto ao BCE garantem a estabilidade econômica dos países que compõe a zona do euro. O controle sobre a emissão de moeda e a sua cotação diante do dólar norte-americano são recursos adotados por bancos centrais nacionais para poder pagar sua dívida e estimular as exportações. Em partes, esse fator explica por que os países da União Europeia (UE) que não estavam na zona do euro e possuíam soberania sobra a sua moeda, como Polônia e Suécia, foram menos afetadas pela crise. O aprofundamento da crise, em 2011, levou os dezessete governos da zona do euro, naquela época, a agirem. Em outubro do mesmo ano, veio um novo pacote, que previu ajuda financeira de 130 bilhões de euros à Grécia e anulação de 50% da dívida grega para com os bancos. Além disso, os bancos tiveram que aumentar o capital em relação ao valor que movimentaram e o fundo europeu foi ampliado de 440 bilhões de euros para mais de um trilhão, a fim de melhorar sua capacidade para resgatar governos em dificuldade. No entanto, as medidas foram consideradas insuficientes diante do tamanho da crise. Em dezembro, os líderes europeus deram um passo além e aceitaram os termos de um pacto fiscal. O principal ponto do acordo foi o controle da Comissão Europeia sobre as contas públicas, prevendo punição para os países que não conseguissem manter o déficit a um nível inferior a 3% do PIB. A única nação que não quis se comprometer com o acordo foi o Reino Unido, evidenciando as divergências entre os membros do bloco. Assim, o pacto foi ratificado pelos governos dos países da zona do euro em 2012. No entanto, as ações culminaram como o BREXIT em 31 de janeiro de 2020. A adesão ao acordo representou uma vitória da Alemanha, que conseguiu impor sua receita de disciplina fiscal e vetou a proposta de compra sem restrições dos títulos dos países endividados da zona do euro pelo BCE. Em tese, essa decisão compartilharia a dívida pública da zona do euro – que soma dez trilhões de euros – entre todos os países-membros. Você Sabia? O BREXIT é uma abreviação de British Exit (ou "saída britânica", na tradução literal para o português). Esse é o termo mais comumente utilizado quando se fala sobre a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia (UE). Em um plebiscito, realizado em 23 de junho de 2016, eleitores britânicos decidiram se o Reino Unido deveria permanecer ou deixar a UE. A maioria — 52% contra 48% — decidiu que o país deveria deixar o bloco. A saída definitiva do Reino Unido ocorreu no dia 31 de janeiro de 2020. Pandemia do Covid-19 (Coronavírus) O mundo vem enfrentado, desde março de 2020, uma pandemia (pelo Covid-19) que causou a morte de milhões de pessoas e a necessidade da manutenção de um distanciamento social, visando salvaguardar a preservação contra a doença. No entanto, grandes complexos farmacêuticos conseguiram, num curto espaço de tempo, criar vacinas para a imunização da população. A Organização Mundial da Saúde (OMS) está prestando apoio técnico aos países do mundo inteiro na resposta à pandemia de Covid-19. Da mesma forma, os governos estão se utilizando de medidas keynesianas, visando diminuir o impacto causado pelo problema nas atividades econômicas. Os sintomas mais comuns da Covid-19 são febre, cansaço e tosse seca. Alguns pacientes podem apresentar dores, congestão nasal, dor de cabeça, conjuntivite, dor de garganta, diarreia, perda de paladar ou olfato, erupção cutânea na pele ou descoloração dos dedos das mãos ou dos pés. Esses sintomas geralmente são leves e começam gradualmente. A morte geralmente é a consequência das pessoas que não conseguem respirar e ficam entubadas, numa tentativa final de auxílio artificial à sua respiração. Esse foi o cenário global enfrentado pelas autoridades sanitárias e equipes clínicas em todos os países do planeta. Por sua vez, o distanciamento social e a baixa atividade econômica levou o mundo a uma nova recessão. Você Sabia? A definição de epidemia para a Organização Mundial da Saúde (OMS) Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), os efeitos da crise econômica em virtude da pandemia do Covid-19 vai reverter todo o progresso feito desde a década de 1990 em relação à redução da pobreza global. Ainda segundo o FMI, a economia mundial só deve se recuperar de fato quando os riscos da pandemia do Covid-19 forem mitigados, especialmente com a disponibilização da vacina completa contra todas as variantes do vírus, obtendo-se, consequentemente, a imunização definitiva de toda a população do planeta. Antes disso, a atividade econômica deve permanecer subjugada. Sendo assim, os governos devem propiciar o apoio econômico rápido às organizações diretamente envolvidas no contexto da pandemia do Covid-19, mantendo os gastos com redes de segurança social, conforme aponta o relatório do ano de 2020 do FMI. Em termos de Brasil, o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 4,1% e fechou o ano de 2020 em 7.4 trilhões de reais (aproximadamente 1,317 Trilhões de US$). O resultado consistiu na menor taxa da série histórica, iniciada em 1996 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta ocorreu somente no setor de Agropecuária (+2,0%), enquanto a queda ocorreu nos setores de Indústria (-3,5%) e Serviços (-4,5%). O PIB per capita alcançou R$ 35.172 em 2020, com queda de 4,8% em termos reais. Essa também foi a menor taxa da série histórica. O PIB é a sigla de Produto Interno Bruto e consiste no principal indicador da atividade econômica. O PIB é o valor de todos os bens e serviços produzidos dentro das fronteiras de um país, independentemente da nacionalidade do produtor. corresponde à propagação de uma nova doença, em uma região específica, entre muitos indivíduos sem imunização adequada para tal. Uma pandemia, por sua vez, diz respeito a uma doença que se alastra em escala mundial, em mais de dois continentes. No Brasil, o cálculo do PIB é realizado pelo IBGE. Para isso, soma-se o valor de todos os bens materiais e serviços destinados ao consumo (C), o valor de todos os bens e serviços destinados ao investimento (I), o valor dos gastos governamentais em bens e serviços (G) e o valor em moeda nacional das exportações (X) do país durante o ano, subtraindo-se o valor em moeda nacional das importações (M). A Figura 2, a seguir, apresenta a fórmula do PIB. Figura 2 – Fórmula do cálculo do PIB Na análise da despesa, houve variação negativa de 0,8% da formação bruta de capital fixo. Além disso, a despesa de consumo das famílias recuou 5,5% em relação a 2019, principalmente pela piora no mercado de trabalho e pelo distanciamento social causado pela pandemia de Covid-19 em 2020. A despesa do consumo do governo, por sua vez, recuou 4,7%. No setor externo, por fim, as exportações de bens e serviços caíram 1,8%, enquanto as importações de bens e serviços caíram 10,0%. Embora os dados econômicos brasileiros e globais ainda continuem negativos, o FMI aponta que existem algumas razões para ter esperança, pois os testes foram acelerados, os tratamentos estão melhorando, e os testes de vacinas prosseguiram em um ritmo sem precedentes, com alguns agora na fase final. Aplicabilidade da Teoria Keynesiana A Teoria Keynesiana envolve um conjunto de ideias do economista inglês John Maynard Keynes (1883-1946). A sua obra, intitulada “Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda” (1936), revolucionou o pensamento econômico e teve enorme repercussão, que deveu-se também ao momento histórico de seu lançamento: a Grande Depressão Econômica da década de 1930. John Keynes contestou as hipóteses neoclássicas de que as forças do mercado conduziriam ao equilíbrio econômico. Nesse sentido, ele mostrou que era possível, em uma economia de mercado, a permanência de longas crises, marcadas pela recessão e pelo desemprego. Segundo Keynes, elas ocorrem quando o investimento na economia é relativamente reduzido, não sendo suficiente para garantir o pleno emprego da força de trabalho existente. Para superá-las, então, ele recomendava o aumento do gasto público, com o objetivo de suprir a deficiência de demanda do setor privado. As obras estatais, por exemplo, criam postos de trabalho, diminuindo o desemprego. As ideias de John Keynes foram empregadas ao longo das crises econômicas de 1929, 2008 e 2010. Além disso, elas estão sendo empregadas atualmente na crise gerada pela pandemia do Covid-19. Vale lembrar que a crise econômica de 1929 envolveu a quebra da Bolsa de Valores de Nova York/EUA; a crise econômica de 2008 foi motivada pela crise imobiliária e os subprimes nos EUA; e a crise econômica de 2010 foi marcada pelo déficit público nos países-membros da União Europeia (UE). Atualmente, enfrenta-se a crise da pandemia do Covid-19, que se iniciou em março de 2020. Esta está sendo tratada por muitas Organizações Internacionais (OIs), que foram derivadas do Tratado de Bretton Woods e serão abordadas num item específico desta Unidade. As propostas keynesianas foram empregadas em todas as crises econômicas citadas, além de estarem sendo aplicadas pelos governos de todos os países do mundo no atual momento vivido pela pandemia do Covid-19. A escola de John Keynes prega a intervenção do Estado na economia para diminuir os focos de tensão social por meio de grandes investimentos públicos: construção de obras públicas, financiamento de pesquisas, compras de vacinas, valores monetários subsidiados destinados à população, oferta de crédito às empresas, diminuição da carga tributária, proteção ao pleno emprego etc. O objetivo é, em suma, melhorar a distribuição de renda, a fim de aumentar a capacidade de absorção do mercado interno. Neoliberalismo A expressão “neoliberalismo” é usada para designar as políticas econômicas com ênfase no livre mercado, que vêm sendo adotadas pela maioria dos países ao longo do tempo. Atualmente, uma das principais expressões do neoliberalismo são as medidas estabelecidas no chamado Consenso de Washington, que foi um encontro realizado no início da década de 1990, em Washington (EUA), onde políticos, economistas e sociólogos trataram desse sistema econômico. As ideias neoliberais enfatizam os seguintes aspectos: No neoliberalismo, o papel do Estado se restringe a disciplinar o mercado com o objetivo de combater os excessos da livre concorrência e, dessa forma, garantir sua sobrevivência. Na Europa, o país que mais avançou em política neoliberal foi o Reino Unido, particularmente no período do governo de Margareth Thatcher. Outras nações, como França, Alemanha e Suécia, adotaram algumas dessas políticas, ao mesmo tempo que mantiveram forte participação estatal, proteção ao comércio, regulamentações e políticas de bem-estar social. Os Estados Unidos da América (EUA) seguem a receita neoliberal, embora permaneçam protecionistas em alguns setores e com enorme déficit público (que ocorreu principalmente durante o governo de Ronald Reagan). O Brasil persegue a maioria desses objetivos neoliberais, mas ainda não atingiu o equilíbrio fiscal nem a reforma tributária. O país também impõe restrições ao comércio, assim como ainda é forte a participação estatal na sua economia. Abertura da economia por meio da liberalização financeira e comercial e da eliminação de barreiras aos investimentos estrangeiros diretos; Estabilização econômica, obtida pela disciplina fiscal, pela reforma tributária, pela estabilidade da taxa de câmbio e pelo redirecionamento dos gastos do Estado, dando prioridade à saúde, à educação e à infraestrutura; Diminuição da participação do Estado na economia para permitir maior autonomia ao setor privado, que ocorre, por exemplo, através dos programas de privatização e de desregulamentação do preço de alguns produtos, antes controlados pelo Estado. Ao que tudo indica, com o fim da pandemia do Covid-19, o neoliberalismo voltará a ser o sistema econômico predominante em termos de economia globalizada. Importância das OLS no Contexto das Crises Econômicas Com o objetivo de facilitar as operações financeiras de venda, troca ou compra de valores, em moedas, entre países, a Conferência de Bretton Woods, realizada em New Hampshire, nos Estados Unidos da América (EUA), adotou o dólar norte-americano como base do Sistema Monetário Mundial, em substituição ao padrão ouro. Na conferência, também foi criado o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. As Organizações Internacionais (OIs) derivadas da Conferência de Bretton Woods têm e tiveram grande importância nas ações de combate às crises econômicas, bem como durante a pandemia do Covid-19. Fundo Monetário Internacional (FMI) O Fundo Monetário Internacional (FMI) iniciou as suas operações em 1945. Como objetivos, ele busca assegurar a estabilidade do sistema financeiro mundial, promover a cooperação monetária e oferecer ajuda financeira aos países-membros em dificuldades. Em parceria com o Banco Mundial, o FMI coordena pacotes de empréstimos aos países. No entanto, sindicatos e organizações não governamentais (ONGs) argumentam que seus programas aprofundam a pobreza e as desigualdades, ao promover, entre outras medidas, cortes nos gastos sociais. O FMI funciona como um banco cujo capital é constituído de cotas subscritas pelos países- membros. A quantidade de cotas que cada um possui determina seu acesso às reservas financeiras do fundo e o poder de voto. No ano de 2020, os EUA detinham o maior peso nas decisões do fundo. Na década de 1990, por sua vez, a importância do FMI como fonte de empréstimos diminuiu e o órgão passou a funcionar principalmente como supervisor das dívidas externas. Banco Mundial O Banco Mundial compreende duas instituições: o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e a Associação de Desenvolvimento Internacional (IDA). O BIRD capta dinheiro no mercado financeiro e empresta a países em desenvolvimento a taxas de juros baixas. A IDA, por outro lado, retira dos seus fundos de doadores, representados por governos de países desenvolvidos, e empresta aos países mais pobres. Criado em 1945, com o objetivo de reconstruir a Europa Ocidental e o Japão do pós-Segunda Guerra Mundial, na década de 1970, o organismo direcionou suas atividades para nações em desenvolvimento. Nesse sentido, além de conceder créditos, presta assistência técnica, realiza pesquisas e produz relatórios periódicos. O Banco Mundial também tem buscado a colaboração da sociedade civil. Durante a década de 2010, 72% dos seus projetos contavam com a parceria de Organizações Não Governamentais (ONGs). Organização Mundial do Comércio (OMC) A Organização Mundial do Comércio (OMC) busca promover e regular o comércio entre as nações. A OMC representa uma derivação do GATT (General Agreement on Tari�s and Trade ou Acordo Geral de Tarifas e Comércio, na língua portuguesa). Desde a Segunda Guerra Mundial, os partidários do liberalismo econômico promovem campanha contra os impostos sobre produtos importados, considerados um entrave ao desenvolvimento geral por inibirem as trocas entre as nações. Em 1947, representantes de 23 países firmaram o GATT, com o intuito de estimular o livre- comércio. Foram realizadas, depois disso, oito rodadas de negociações entre os países- membros. A última delas, a rodada do Uruguai (1986-1994), foi a mais abrangente e determinou expressiva redução de tarifas alfandegárias sobre mercadorias industriais. A OMC, criada em 1995 no lugar do GATT, contava, na década de 2000, com quase todos os países do mundo como membros. A China, potencialmente o maior mercado consumidor do planeta, ingressou na organização em 2001. Além de supervisionar acordos assinados sobre temas como agricultura, indústria, serviços e propriedade intelectual, a OMC acompanha negociações multilaterais e resolve disputas. Assim, Estados que se sentem prejudicados podem recorrer à organização para pedir sanções comerciais. O processo de decisões da OMC é considerado avançado, pois se baseia na busca do consenso. Isso confere legitimidade às deliberações e permite que as sanções decididas sejam de fato implementadas. A Terceira Conferência Ministerial da OMC, realizada em 1999, em Seattle, nos EUA, fracassou. Seu objetivo era dar início à “Rodada do Milênio”, na qual se discutiria a liberalização total do comércio mundial. Porém, divergências entre países ricos e pobres impossibilitaram a abertura da rodada. Na década de 2000, o tema voltou ao plenário durante a Conferência de Doha, no Catar, quando foi estabelecida a "Rodada Doha", a qual ainda não surtiu os efeitos esperados em termos de consenso nas negociações envolvidas. Outras OIs de Importância no Contexto Econômico OCDE A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) é um fórum para discussão, consulta e coordenação da política econômica e social de 30 países, que, juntos, produzem cerca de dois terços dos bens e serviços mundiais. Por isso, é chamada de clube dos países ricos. A entidade foi criada em 1961 para substituir a Organização para Cooperação Econômica Europeia, que, desde 1948, administrava a ajuda dos EUA e do Canadá para a reconstrução da Europa no pós-guerra, sob o Plano Marshall. Dentre as múltiplas atividades da organização, destaca-se o seu papel como centro de análises, discussões e levantamento de dados econômicos e sociais dos países-membros. OPEP Criada em 1960, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) tem como objetivo administrar de forma centralizada a política petroleira de seus membros. Atua como cartel dos principais exportadores, controlando seu volume de produção, com o objetivo de alcançar os melhores preços no mercado mundial. A OPEP responde por dois terços das reservas conhecidas de petróleo e detém mais da metade das exportações mundiais desse mineral. Por isso, sua política de preços afeta diretamente a economia dos países importadores. Em 1973, a OPEP embargou o fornecimento do produto ao Ocidente, em represália à ocupação de territórios egípcios e sírios por Israel, durante a Guerra do Yom Kipur. Em seguida, decidiu quadruplicar os preços, o que provocou recessão mundial. Em 1979, a Revolução Iraniana e uma política de encolhimento da produção causou nova alta nos preços e crise em vários países. Desde a década de 1980, o cartel estabelece cotas de produção para os países-membros. Ela pode aumentar ou diminuir as cotas para tentar manter o preço do barril numa faixa compreendida entre 22 e 28 dólares norte-americanos (US$), considerada ideal tanto para países produtores como para os compradores. A OPEP não conseguiu conter, na década de 2000, a alta nos preços do petróleo, que atingiu recorde histórico na Bolsa de Nova York, passando de 55 dólares o preço do barril. Os principais fatores da disparada foram o aumento da demanda, liderada pela China, os baixos estoques de petróleo e de combustível nos EUA, os conflitos no Oriente Médio e a instabilidade política na Venezuela e na Nigéria, grandes exportadores do produto. OIT A Organização Internacional do Trabalho (OIT) é uma agência especializada da Organização das Nações Unidas (ONU), que foi criada em 1919 para garantir o respeito aos direitos do trabalhador no mundo. Em 1944, a Declaração de Filadélfia reafirmou os objetivos a serem alcançados nos países- membros: Com o aumento do desemprego na década de 1990, a criação de postos de trabalho também se tornou uma meta prioritária da OIT. A OIT elabora normas (chamadas de convenções) e define suas políticas de aplicação (recomendações), aprovadas na Conferência Internacional do Trabalho (CIT), realizada anualmente entre os seus Estados membros. Cada país envia dois delegados do governo: um representando os empregadores e o outro, os trabalhadores. Nesse sentido, são os Estados que ratificam as convenções da OIT, comprometendo-se a seguir as normas definidas e a permitir a fiscalização de peritos independentes. A 87ª sessão da CIT, realizada em junho de 1999, aprovou a Convenção 182, contrária ao trabalho infantil. Na 88ª sessão, realizada em junho de 2000, foi modificada a Convenção 103, que trata da proteção à maternidade da mulher trabalhadora e aprovada uma recomendação sobre o mesmo tema. Liberdade de associação para os empregados; Criação de um sistema de previdência social; Melhora das condições de vida por meio de salários dignos e adequados; Proteção contra doenças do trabalho. Em Síntese Nesta Unidade, foram discutidas as crises econômicas de 1929, 2008, 2010 e a da pandemia do Covid-19. Além disso, foram abordados as ações da Teoria Keynesiana, que prega o enfrentamento das crises econômicas através das ações de recuperação promovidas diretamente pelo Estado. Por fim, foi discutido sobre o sistema econômico neoliberal, que deve substituir as ações keynesianas no final da pandemia do Covid-19, e a importância das Organizações Internacionais (OIs) nas ações de combate às crises econômicas. Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Organização das Nações Unidas – ONU (Brasil) Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Banco Mundial (Brasil) Clique no botão para conferir o conteúdo. 2 / 3 Material Complementar https://bit.ly/3ov12qe https://bit.ly/3rCVPPb ACESSE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE Site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que apresenta os indicadores de desenvolvimento econômico. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OECD Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Organização Mundial de Saúde – OMS (Brasil) Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Organização Mundial do Comércio Clique no botão para conferir o conteúdo. https://bit.ly/3rEN1ID https://bit.ly/3InHVGD https://bit.ly/3dsUpyg https://bit.ly/3otpAzM ACESSE Fundo Monetário Internacional – FMI Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Organização Internacional do Trabalho – OIT Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE https://bit.ly/3IttPn5 https://bit.ly/3rKubQ8 https://bit.ly/3y1Xdfg ALMEIDA, P. R. Relações Internacionais e Política Externa do Brasil. 1. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. (e-book) ARON, R. Paz e Guerra entre as Nações. 1. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2018. COHEN, S. B. Geopolitics the geography of International Relations. 3. ed. London: Rowman & Littlefield, 2015. HERZ, M.; HOFFMAN, A. R. Organizações Internacionais: História e Práticas. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. KISSINGER, H. Diplomacia. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. KRIEGER, C. A. Direito Internacional Humanitário: o Precedente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e o Tribunal Penal Internacional. 3. ed. Curitiba: Juruá, 2004. MESSARI, N.; NOGUEIRA, J. P. Teoria das Relações Internacionais – Correntes e Debates. 1. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2005. MINGST, K. A. Princípios de Relações internacionais. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. PECEQUILO, C. S. Introdução às Relações Internacionais: Temas, Atores e Visões. 1. ed. Petrópolis: Vozes, 2017. 3 / 3 Referências SANDRONI, P. Dicionário de Economia. 1. ed. São Paulo: Best Seller, 1999.
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