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PROCEDIMENTOS ESPECIAIS CÍVEIS Marcus Sobral Lima marcus.lima@ibmr.br AÇÃO DE USUCAPIÃO DE TERRA PARTICULARES Marcus Sobral Lima marcus.lima@ibmr.br 1. Identificar o procedimento especial das ações petitórias; 2. Identificar as diferenças entre o procedimento comum e as especificidades dos procedimentos especiais cíveis, reconhecendo aquilo que for cabível - comum em ambos; 3. Analisar casos práticos envolvendo situações-problema de procedimentos especiais cíveis; 4. Elaborar peças processuais adequadas aos procedimentos especiais cíveis estudados. AÇÃO DE USUCAPIÃO DE TERRA PARTICULARES INTRODUÇÃO A usucapião ocorre com a tomada da propriedade pela posse. E para Marco Evangelista, foi a terceira maior “desjurisdicização” que ocorreu em nosso ordenamento jurídico. Observa-se que a usucapião preza pelo princípio da função social da propriedade. A ação de usucapião é uma ação declaratória. A pessoa poderá usucapir de bens imóveis (mais comum) e bens móveis, exceto se eles forem considerados bens públicos (atenção para as zonas especiais de interesse social – ZEIS). A usucapião é encontrada na Constituição, no Código Civil, no Código de Processo Civil, na Lei 6.015/1973, no Estatuto das Cidades (lei 10.257/2001) e a Lei da Reurb (Lei 13.465/2017) INTRODUÇÃO A usucapião ocorrerá pelo decurso do tempo Será realizado pelo procedimento comum. O CPC revogou sua previsão específica, mas hoje é possível extrair seu procedimento dos arts. 246, § 3o, e 259, I, do CPC e 216-A, § 3o, da Lei n. 6.015/73). Cinco anos (art. 183 e 191, ambos da Constituição Federal); Quinze anos (art. 1.238 CC) ou reduzindo pela metade em ocorrência ao § único do art. 1.238 CC); Cinco Anos (art. 1.239 CC); Cinco anos (art. 1.240 CC); Dois anos (art. 1.240-A CC); Propriedade Imóvel Três anos (art. 1.260 CC); Cinco anos (art. 1.261 CC); Propriedade Móvel Dez anos (art. 1.379 CC); Vinte anos (§ único do art. 1.379 CC); Servidões REQUISITOS A posse será mansa e pacífica, e ocorrerá de forma ininterrupta e sem qualquer oposição. Estes são os requisitos essenciais, mas também temos: • O possuidor agirá como se dono fosse da coisa; • Realização de construções; • Precisa se prolongar no tempo. CONSEQUÊNCIA AO USUCAPIR Quando usucapir do bem, e sendo ele imóvel, gera-se, em regra, um novo registro para aquele imóvel. Ocorrendo, inclusive, a retirada de algum ônus que existia nele. É como que se a propriedade nascesse novamente recebendo uma nova matrícula. A usucapião também liberta a propriedade de qualquer ônus existente anteriormente sobre esta área de terras (Giovanini, Adenilson. Usucapião na prática: Tudo Que Você Precisa Saber a Respeito! (Topografia Cadastral) - pp. 27-28) Imposto de Transmissão de Bens Imóveis Usucapindo o imóvel não existirá incidência do ITBI, conforme Provimento 65 do CNJ (art. 24). Esse raciocínio segue pela forma de aquisição do bem, que no caso da usucapião é originária. PARTES Na usucapião temos os seguintes envolvidos, além do possuidor que deseja usucapir. • O proprietário; • Os que possuem algum outro direito sobre a coisa (usufrutuário, cônjuge); • As pessoas confinantes ao bem; • O Poder Público; e • Terceiros interessados. LITISCONSÓRCIO Na ação de usucapião o litisconsórcio é necessário, mas simples, conforme menciona Cassio Scarpinella Bueno. FORMAS DE USUCAPIR Usucapião ordinária Possuirá por dez anos de forma contínua, inconteste, de boa-fé e com justo título. Contínua – A pessoa utilizará de forma ininterrupta, vivendo no local. Inconteste – Não haverá contestação do fato pelo antigo proprietário ou qualquer outra pessoa. Justo título – Liga-se a algum documento que comprove a posse (ata notarial ou contrato “de gaveta”). Usucapião Extraordinário Possuirá por quinze anos de maneira continua e sem oposição. Não precisa possuir título e ter boa-fé. O prazo diminui para dez anos se construir moradia ou realizado obras de caráter produtivo. FORMAS DE USUCAPIR Usucapião especial urbano individual Possuirá por cinco anos de forma ininterrupta e sem oposição, ter 250m² no máximo, utilizar como sua moradia ou de sua família e não pode possuir uma propriedade em seu nome. Usucapião especial urbano coletivo Possuirá por cinco anos e pode-se requerer a uma área superior a 250m². Usucapião familiar Um dos cônjuges abandona o lar e não retorna. Ultrapassando dois anos do abandono, o cônjuge que ficou poderá requerer. Usucapião especial rural Possuirá por cinco anos de forma ininterrupta e sem oposição e a área não ultrapassará 50 hectares. FORMAS DE USUCAPIR https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fkesslerpatrick.jusbrasil.com.br%2Fartigos %2F746531148%2Fmodelo-de-peticao-inicial-de-usucapiao- extraordinaria&psig=AOvVaw34DGYWHUDsczVY8I0Ecxct&ust=1636653216157000&source=images &cd=vfe&ved=0CAsQjRxqFwoTCID15b6ujvQCFQAAAAAdAAAAABAD PROCEDIMENTO EXTRAJUDICIAL O procedimento extrajudicial é autorizado pelo artigo 216-A da Lei 6.015/1973 e Marco Evangelista, como dito anteriormente, informa que a “desjurisdização” da usucapião foi a terceira maior em nosso ordenamento jurídico, ficando atrás do inventário e do divórcio. Quanto ao procedimento extrajudicial, encontramos, também, o Provimento nº.: 65 do CNJ. A presença do advogado é obrigatória neste procedimento, e no pedido extrajudicial constará a prova da posse via ata notarial (art. 384 CPC), comprovante de impostos e taxas sobre o imóvel e qualquer título que comprove a posse. Se faz necessário a planta e memorial descritivo lavrado por profissional habilitado (engenheiro) e prova dos titulares do bem. Além destes, se faz necessária a certidão negativa para demonstrar que não existe nenhum embaraço sobre o bem. Apresentado o pedido e instruído com os documentos, o proprietário do bem e os demais envolvidos serão notificados para se manifestarem (15 dias). Cumpre destacar que é necessário, também, a publicação de edital. A manifestação, em caso da impugnação ao pedido de usucapião, não tem necessidade de acompanhar provas. Basta a simples alegação para levar às vias ordinárias. PROCEDIMENTO EXTRAJUDICIAL A falta de manifestação equivale a discordância? Antigamente, sim. Mas, com as alterações da Lei 6.015/1973, trazidas pela Reurb, agora é possível usucapir do bem, mesmo se a manifestação do titular. Vias ordinárias O procedimento extrajudicial será convolado para o judicial caso ocorra a discordância expressa. Logo, o advogado precisará adequar o pedido às vias ordinárias. O Poder Público A falta de manifestação do Poder Público não gera qualquer presunção de aceitação, porque eles poderão manifestar-se a qualquer tempo. PROCEDIMENTO JUDICIAL Autor A ação de usucapião seguirá pelo procedimento comum porque o legislador, quando reformou o CPC, o retirou do procedimento especial de jurisdição contenciosa. O Autor deverá seguir com os requisitos do artigo 319 do CPC e os documentos probatórios terão relação com o artigo 216-A da Lei 6.015/1973. Os confinantes serão citados pessoalmente (§ 3º do artigo 246 CPC), além do titular da coisa e as fazendas públicas, ocorrendo desta forma um litisconsórcio necessário, mas simples. O Edital é obrigatório porque existirá fundado receio da existência de outros interessados (inciso I do art. 259 CPC). O valor da causa será o do bem. Réu A defesa respeitará o artigo 335 do CPC Nas ações petitórias ou possessórias O réu, nestas ações, poderá, se for o caso, apresentar como defesa a usucapião. SENTENÇA A sentença irá declarar, em caso de procedência, o possuidor/autor como proprietário do bem. CASO CONCRETO Ação de usucapião ../Material de apoio/Usucapião/00075901120208190038.pdf REFERÊNCIAS Sá, Renato Montans D. Manual de direito processual civil. Disponível em: Grupo GEN, (5th edição). Editora Saraiva, 2019; Bueno, Cassio Scarpinella. Manual de Direito Processual Civil - 6ª Ed. 2020 (p. 417). Editora Saraiva. Edição do Kindle; Marcelo, ABELHA,. Manual de DireitoProcessual Civil, 6ª edição. Disponível em: Grupo GEN, Grupo GEN, 2016; EVANGELISTA, MARCO. Processo Civil Top! (p. 249). ArkiUltra. Edição do Kindle; Giovanini, Adenilson. Usucapião na prática: Tudo Que Você Precisa Saber a Respeito! (Topografia Cadastral). Edição do Kindle; https://www.aurum.com.br/blog/usucapiao-extrajudicial/. Acessado no dia 09/11/2021, às 15h20min. https://www.aurum.com.br/blog/usucapiao-extrajudicial/ DA REGULAÇÃO DE AVARIA GROSSA INTRODUÇÃO O tema está ligado ao risco de avarias que possam ocorrer nas embarcações ou em suas cargas. Para isso, o comandante (ou pessoa responsável) irá sacrificar o interesse particular para manter a salvo a embarcação e a carga. A Regulação de Avaria Grossa está regulamentado nos artigos 707 ao 711 do CPC, respeitando as normas de Direito Marítimo (Regras de York-Antuérpia). Forte ligação com comércio internacional. Trabalhando com avaria grossa o procedimento se complementa com a Ratificação de Protestos Marítimos e dos Processos Testemunháveis Formados a bordo (artigos 766 ao 770 do CPC). A FIGURA DO REGULADOR DE AVARIAS Ocorrendo a avaria, surge a figura do Regulador de Avarias, ou denominado, conforme Marcato, ajustador. O regulador, normalmente, é indicado pelas partes, mas não existindo consenso entre os interessados sobre o regulador escolhido o Juízo indicará um que tenha notório conhecimento do tema (auxiliar da justiça – art. 149 CPC). Função do Regulador (artigo 708, caput, CPC) • Liquidar as avarias; • Verificar o enquadramento na categoria de avaria grossa; • Exigir garantias para liberação da embarcação e, ou, carga. COMPETÊNCIA A competência é da Justiça Estadual, em raciocínio ao artigo 707 do CPC e conforme destaca Marcato: “A competência para a regulação é da Justiça estadual e será realizada perante ao Juízo da comarca onde o navio tenha primeiramente aportado”. FASES Ela apresenta 3 fases distintas e tem o prazo de 12 meses para o encerramento, contado da data da entrega dos documentos necessários para o Regulador. As fases • Preparatória – citação dos interessados e apresentação de impugnações; • Regulação propriamente dita – não ocorrendo impugnação, ou sendo ela rejeitada, entrega- se os documentos necessários para o regulador; e • Liquidação – o regulamento elaborado pelo regulador será homologado por sentença. REFERÊNCIA Marcato, Antonio Carlos. Procedimentos Especiais – 18 ed – São Paulo: Atlas, 2021. Ação de Despejo, Revisional Próxima semana Se cuidem!
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