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Camila Amaral – 5º semestre - Medicina Para que serve o rim? ▪ Função excretória ou de filtro ▪ Regulação do equilíbrio hidroeletrolítico o Potássio, sódio, magnésio, cálcio, fósforo, cloro ▪ Regulação do equilíbrio ácido base ▪ Produção de hormônios o Renina, eritropoetina, calcitriol INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA “A lesão renal aguda é uma perda súbita por horas ou dias da função renal e faz acúmulo das substâncias nitrogenadas, como ureia e creatinina” Uma anomalia funcional ou estrutural do rim que se manifesta em 48 horas, sendo determinada pelos exames de sangue, urina, biópsia ou exames de imagem Está associada ao aumento absoluto na creatinina sérica de 0,3mg/dL ou a um aumento percentual de 50% da creatinina sérica. Além disso, a redução do volume urinário, constituindo oligúria < 0,5 mL/kg/h por mais de 6 horas, também preenche os critérios diagnósticos da LRA Ou seja, a IRA corresponde à diminuição abrupta da filtração glomerular, que resulta em retenção das escórias nitrogenadas (ureia, creatinina), distúrbios hidreletrolíticos e alteração do equilíbrio ácido-base. Logo, o que é? Na teoria: ▪ Perda súbita (horas ou dias) da função renal o Acúmulo de substâncias nitrogenadas (Ur + Cr) o Disfunções do equilíbrio hidroeletrolítico de ácido-base ▪ Pode vir ou não acompanhada da redução de diurese ▪ Pode ser transitória e reversível ou evoluir com sequelas O que é? Com números ▪ Aumento de creatinina sérica 0,3mg/dL em 48h ▪ Aumento da creatinina sérica 1,5x o valor de base nos últimos 7 dias ▪ Débito urinário < 0,5mg/kg/h por mais de 6 horas Obs: diálise = KDIGO 3 Obs: qualquer um dos critérios é válido A maioria ocorre em ambientes hospitalares: UTIs... Fatores de risco: ▪ Idade avançada ▪ Doença hepática ▪ Doença renal prévia ▪ Diabetes mellitus As diversas causas estão divididas em 3 categorias: pré- renal, intrarrenal (renal) e pós-renal. A mais frequente é a pré-renal Insuficiência renal Insuficiência renal Definição Epidemiologia Estadiamento Camila Amaral – 5º semestre - Medicina Pré-renal: ▪ Azotemia pré-renal é a causa mais comum de LRA ▪ A diminuição da perfusão renal é vista em estados doentios que reduzem o volume intravascular, tais como a sepse, a insuficiência cardíaca ou a insuficiência hepática. Reduz o fluxo renal ou fluxo glomerular. Não comprometo o néfron. Ele entra em lesão renal, pois o sangue não chega para ser filtrado. Lesão renal aguda intrínseca: ▪ Muitas vezes é resultado da azotemia pré-renal não tratada ▪ Podem envolver qualquer porção da vasculatura renal, néfron, ou interstício renal ▪ Lesão séptica ou isquêmica são as principais causas ▪ As toxinas renais também podem danificar os túbulos Lesão renal aguda pós-renal: ▪ Pode ocorrer em caso de obstrução bilateral do fluxo urinário ou em um paciente com apenas um rim, quando um único trato do fluxo urinário é obstruído Ocorre pela redução do fluxo plasmático renal >> redução da filtração glomerular Pode ser causada pela redução no volume do fluido extracelular normal, ou até mesmo aumentado, mas com diminuições no volume arterial efetivo, tais como na sepse, na insuficiência cardíaca e na cirrose avançada Dentro dos limites da autorregulação, a redução da perfusão renal (quadros de baixo débito cardíaco e depleção volêmica) normalmente resulta em dilatação arteriolar aferente e constrição eferente, mantendo-se a pressão hidrostática do capilar glomerular e, portanto, a filtração permanecendo constante. Entretanto, o uso de medicações que possam comprometer a vasodilatação aferente (anti-inflamatórios não hormonais) ou a vasoconstrição eferente (inibidores da enzima de conversão) potencialmente diminui a pressão de filtração glomerular. Não há lesão estrutural no rim Não é obrigatória a oligúria Se tratada adequadamente, reverte em 1-2 dias -> se eu reverter o hipofluxo renal, seja por desidratação ou insuficiência cardíaca, se eu der sangue ao rim, ele reverte. Se eu não der, aí sim esse paciente entra em hipoperfusão renal, lesão isquêmica renal e aí eu passo a ter uma injúria estrutural renal (deixa de ser pré-renal). Se persistência, pode evoluir para injúria renal do tipo renal Na segunda situação, de redução do volume efetivo, eu tenho ativação do sistema renina-angiotensina- aldosterona, reabsorve sódio e água e o paciente fica oligúrico, com urina concentrada e pobre em sódio. Posso ter paciente que não está com volume reduzido e sim, com baixo fluxo, pois reduzir a pressão de perfusão renal. Tenho vasodilatação da arteríola aferente, aumento da resistência vascular do rim e hipofluxo renal que pode ser ajustado até 90. Abaixo de 90, esse hipofluxo não pode ser ajustado pela regulação renal local do fluxo (da pressão glomerular e fluxo glomerular) Causas: ▪ HIPOVOLEMIA: HEMORRAGIAS, DIARREIAS, VÔMITOS, QUEIMADURAS, DIURÉTICOS, FEBRE, PERDA PRO 3º ESPAÇO ▪ REDUÇÃO DO DÉBITO CARDÍACO: ARRITMIAS, ICC, IAM Classificação fisiopatológica Lesão pré-renal aguda Fisiopatologia Camila Amaral – 5º semestre - Medicina ▪ VASODILATAÇÃO PERIFÉRICA: CHOQUE ANAFILÁTICO, BACTEREMIA, ANTIHIPERTENSIVOS ▪ VASOCONSTRICÇÃO RENAL: ANESTESIAS, CIRURGIAS, SÍNDROME HEPARRENAL ▪ DROGAS: AINE, IECA, CICLOSPORINA, CONTRASTE, AMINOGLICOSÍDEOS Lesão estrutural do rim. Ou seja, tenho problema no glomérulo, nos túbulos ou no interstício. Se tenho um problema no interstício, eu chamo de uma nefrite intersticial ou túbulointersticial, se eu tenho isquemia renal, eu chamo de necrose tubular aguda. Além disso temos outras, como: pielonefrite, glomerulonefrite, necrose cortical, infarto renal... Necrose tubular aguda: 70% -> causada por isquemia Nefrites tubulointersticiais: 10-25% Outros: pielonefrites, glomerulonefrites, necrose cortical Necrose tubular aguda: Causado por isquemia: o sistema tubular é mais sensível a lesão isquêmica do que o glomérulo, logo, é o primeiro a sofrer Pode ser reversível e na sua reversão, passo por uma fase de poliúria. Pois a recuperação renal faz com que lave tudo isso, o paciente sai filtrando e expelindo a ponto de ficar desidratado de novo. Condições que levam à insuficiência renal aguda isquêmica: ▪ Depleção do volume intravascular e hipotensão ▪ Diminuição do volume intravascular efetivo ▪ Vasodilatação sistêmica, vasoconstrição renal ▪ Doença vascular renal de grandes vasos ▪ Doença vascular renal de pequenos vasos ▪ Fluo sanguíneo renal prejudicado Nefrite intersticial aguda: Tríade: febre, rash cutâneo e eosinofilia Manifestações periféricas de hipersensibilidade Pode se manifestar como um distúrbio tubular isolado, com poliúria, hiperpotassemia, perda urinária aumentada de sódio, acidose tubular renal ou um quadro de IRA. Causas: ▪ Uso de drogas ▪ Ciclosporina, quinolonas, alopurinol, penicilina, rifampicina ▪ LES, Sjogren, cirrose biliar primárias, crioglobulinemia Tratamento se forte suspeita Glomerulopatias: ▪ Sumário com proteinúria ▪ Hematúria com dismorfismo eritrocitário ▪ LES, SD. DE WEGNER, PAM Vascular: ▪ Dor lombar ▪ Hematúria macroscópica ▪ Confirmação com exame de imagem ▪ SHU, SÍNDROME HELLP (acontece na gravidez), Púrpura trombocitopênica trombótica, INFARTO RENAL Obstrução: ▪ OBSTRUÇÃO BILATERAL DE URETERES: tumores, complicações cirúrgicas, cálculo bilateral o Mais raro ▪ OBSTRUÇÃO DE BEXIGA: tumor, infecção, cálculos grandes ▪ OBSTRUÇÃO URETRAL: estenose, tumor, hiperplasia prostática o Mais comum, principalmente em homens PSA só é indicado se eu tiver suspeita de câncer de próstata Lesão renal aguda intrarrenal Lesão renal aguda pós-renal Camila Amaral – 5º semestre - Medicina Para descobrir se a próstata está obstruindo preciso avaliar de outra forma, não peloPSA, pode ser pelo toque retal ou com ultrassonografia (analiso a próstata e esvaziamento vesical) A IRA quando evolui rápida e grave, ela pode chegar a um quadro chamado de síndrome urêmica. A doença renal aguda é habitualmente assintomática. Como você faz o diagnóstico de IRA? Você geralmente analisa o paciente que tem os fatores de risco e consegue flagrar esse aumento da creatinina ou monitorizando o débito urinário do paciente (hora a hora) para ver a oligúria. É nosso dever identificar que o paciente tem risco e fazer o rastreamento Quais condições preciso identificar? Má perfusão renal, lesão renal e obstrução renal. Principalmente se tiver fatores de risco como: idade avançada, diabetes... Pacientes que chegam com síndrome urêmica podem ter: O que posso encontrar? Sumário de urina: ▪ Hematúria ▪ Leucocitúria ▪ Cilindrúria ▪ Cristalúria ▪ Proteinúria Urina 24h -> em lesão renal aguda tem menos utilidade US renal e vias urinários com doppler -> para avaliar o fluxo da artéria renal Hipercalemia é urgência -> faz todos os tipos de arritmia que pode fazer morte súbita. É um problema a parte, necessitando de medidas específicas, mesmo que o paciente tenha IRA. É até mais urgente INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA O que é? Estado de disfunção renal persistente, em geral secundário a um processo patológico lentamente progressivo e irreversível Queda progressiva na filtração em meses, ou até anos, e aí tem uma perda de função renal. Ou seja, a doença renal crônica é um outro processo fisiopatológico. Eu classifico a doença renal crônica em 6 estágios: Síndrome urêmica Exames Quando dialisar de emergência? Como classificar? Camila Amaral – 5º semestre - Medicina Estágio 1 – a taxa é maior do que 90 e ainda tenho função normal, mas já tenho lesão glomerular Estágio II – taxa de filtração ainda muito boa; discretamente reduzida Nessas duas situações acima, muitas vezes eu tenho microalbuminúria Estágio IIIA – tenho albuminúria e um clearance menor, que já está caindo Estágio IV – clearance menor que 30 com – nem preciso mais fazer albuminúria, pois já tenho disfunção renal, já está estabelecida Estágio V – crônica – tem falência renal, ou seja, tenho que trabalhar com o método de terapia renal substitutiva Disparado na frente temos a dupla hipertensão e diabetes A nefropatia diabética e nefropatia hipertensiva causam doenças glomerulares, vasculares, que levam a doença renal crônica muito facilmente. ▪ Glomerulopatia diabética > 40% ▪ Nefroesclerose hipertensiva 30% ▪ Glomerulopatias primárias 7% ▪ Doença renal policística 3% ▪ Doenças urológicas 2% Obs: Estudar síndrome cardiorrenal ▪ Idade ▪ Sexo ▪ Diabetes ▪ Hipertensão ▪ Presença de proteinúria ▪ Anemia ▪ Obesidade ▪ Tabagismo ▪ Dislipidemia Nefropatia diabética: Alterações metabólicas inflamatórias hemodinâmicas -> vão levar a Glicosilação de proteínas glomerulares -> Ativação do SRAA -> gera proliferação de células mesangiais, ↑ da pressão glomerular e hiperfiltração glomerular Microalbuminúria -> macroalbuminúria -> ↑ Proliferação e espessamento mesangial; Espessamento da membrana glomerular; Fibrose glomerular Obs: a nefropatia diabética pode cursar com doença renal crônica com rins grandes no US. Apenas duas patologias podem fazer isso: amiloidose e diabetes Geralmente os rins são pequenos A nefropatia diabética leva a lesão vascular por inflamação e perda da proteína (entra a microalbuminúria) como sinal de doença renal crônica antes da disfunção renal. Depois entra albuminúria e depois a disfunção renal propriamente dita. Muitas delas são vagas e inespecíficas Etiologias Quais os fatores de risco? Fisiopatologia Manifestações clínicas Camila Amaral – 5º semestre - Medicina As complicações podem ser bem parecidas com a insuficiência renal aguda, mas aqui a evolução é lenta ▪ Acúmulo de toxinas nitrogenadas dialisáveis ▪ Acúmulo de peptídeos ▪ Retenção de líquido (hipervolemia, HAS) ▪ Retenção de eletrólitos (Na, K , P) ▪ Acidose metabólica/ inflamação sistêmica/ aterosclerose acelerada ▪ Deficiência de eritropoietina (anemia) ▪ Deficiência de calcitriol (vit D ativa) ▪ Hiperparatireoidismo secundário Aterosclerose acelerada: a aguda não apresenta Anemia: a aguda não apresenta, pois não tenho destruição dos néfrons. E o estímulo da eritropoetina vai diminuindo ao longo do tempo, devagar Deficiência de calcitriol e hiperparatireoidismo secundário: não tenho na aguda ▪ Analisar exames anteriores ▪ Procurar anemia normocrômica, normocítica (IRC) ▪ Avaliar doenças pré-existentes ▪ Avaliar fatores de risco para doença crônica ▪ Realizar US renal (rins diminuídos – IRC) ▪ Desproporção entre o grau de azotemia e sintomas urêmicos (IRC) o Paciente vai se adaptando as escórias nitrogenadas. Paciente com insuficiência renal aguda entra em uremia com ureia de 100, já na crônica é 300 e está um pouquinho sonolento -> vem se adaptando a isso ▪ Presença de osteodistrofia renal -> típica da renal crônica A intenção é fazer com que essa linha vertical seja muito lenta. Esperamos que hoje, se tinha um clearance de 45, daqui a 10 anos tenha um de 35 ou 40. Terapia de substituição renal: ▪ Diálise peritoneal ▪ Hemodiálise Transplante renal Diálise peritoneal: ▪ Objetivos: tirar excesso de água e as substâncias que deveriam ter sido eliminados na urina ▪ Utiliza-se membrana peritoneal para filtrar o sangue ▪ Tipos: CAPD, CCPD, DPI Hemodiálise: ▪ Objetivos: tirar o excesso de água e as substâncias que deveriam ter sido eliminadas na urina Quais as complicações? Como diferenciar IRA da DRC? Tratamento Camila Amaral – 5º semestre - Medicina ▪ É feita com a ajuda de um dialisador (capilar ou filtro) ▪ O acesso a corrente sanguínea é via cateter venoso central (Sorensen) ou FAV Transplante renal: ▪ Indicado quando houver IRC em fase terminal, estando o paciente em diálise ou mesmo em fase pré dialítica (pré emptivo) ▪ O transplante pré emptivo pode ser oferecido a todos os candidatos a transplante renal, mas particularmente para diabéticos CASO CLÍNICO Lista de problemas do mais grave para o menos: 1. Hipercalemia 2. Disfunção renal 3. Diabetes 4. Hipertensão 5. Dislipidemia 6. Tabagismo 7. Etc Anemia sugere ser insuficiência renal crônica Quais exames devo pedir? Ultrassom de vias urinárias -> quero ver o tamanho do rim, quero ver se tem resíduo pós miccional Sumário de urina -> avaliar o segmento e a bioquímica – ver se ele tem cilindro, se dismorfismo, cilindros leucocitários, hialinos, proteinúria, glicosúria Gasometria arterial – analisar se tem acidose metabólica Urina de 24h – clearance de creatinina – mensuração da taxa de filtração glomerular que a gente calcula pela fórmula Ao colocar na fórmula a gente vê que está 24,32ml/min. Logo, ele está em estágio IV Referências: ▪ Antônio Carlos Lopes – Tratado de clínica médica ▪ Cecil ▪ Aula
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