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SOBRE AS AUTORAS Olá, alunos! Sou a professora Andrea Escame Brandani, formada em Letras, Habilitação em Língua Portuguesa e Francesa pela Universidade Estadual de Maringá. Sempre fui apaixonada pela Língua Portuguesa e com a graduação descobri uma linguagem fascinante, por meio do discurso publicitário. O TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) me direcionou ao mestrado em Estudos da Linguagem, com a dissertação “A argumentação no discurso publicitário da Bombril”, na Universidade Estadual de Londrina. Ao terminar a pós-graduação, cursei duas disciplinas como aluna especial do programa de doutorado da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Continuei aprofundando meus estudos com a especialização "Educação a Distância: novas práticas pedagógicas", na UNIFAMMA (Centro Universitário Metropolitano de Maringá). Em relação ao desenvolvimento do meu trabalho, enquanto docente, ministrei aulas para curso preparatório para concursos e, também, para cursos técnicos e Ensino Médio. Enquanto pesquisadora meus trabalhos apresentam reflexões sobre: linguagem, discurso, argumentação, além do ensino e aprendizagem de língua. Prezado(a) aluno(a), sou a professora Érica Danielle Silva, formada em Letras, com habilitação em Língua Portuguesa e Inglesa, pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Na mesma universidade, também obtive o título de Mestre em Letras e atualmente sou doutoranda, com Estágio Sanduíche na Sorbonne Nouvelle, Paris 3. Tenho desenvolvido pesquisas, desde a graduação, sobre as práticas discursivas e a representação do sujeito com deficiência nas mídias, sob a perspectiva da Análise de Discurso de linha francesa. Participo como pesquisadora no Grupo de Estudos em Análise do Discurso da UEM – GEDUEM (CNPq), que se caracteriza por um espaço permanente de discussão intercultural e multidisciplinar sobre aspectos teóricos e analíticos que concernem aos estudos do texto e do discurso em suas formas variadas de manifestação e sobre questões ligadas ao ensino de línguas sob uma perspectiva discursiva da linguagem. Também sou tutora do curso de Letras na modalidade de Educação a Distância (UAB/UEM). Em meu percurso profissional, tive o privilégio de vivenciar a prática pedagógica em diferentes níveis de ensino, desde a pré-escola até a pós-graduação lato sensu, tanto na modalidade presencial como a distância. Devo ressaltar que estou muito satisfeita em poder compartilhar com você um pouco do que tenho aprendido nessa caminhada acadêmica e profissional. CONSIDERAÇÕES INICIAIS Prezado(a) aluno(a), A língua é o principal veículo de comunicação por meio do qual os sujeitos atuam na sociedade em que vivem. E você deve estar atento às práticas pedagógicas que podem corroborar para que o ensino seja concretizado de uma forma mais consciente em relação à adequação dos recursos linguísticos disponíveis para a produção e circulação de sentidos. Os eixos da Língua Portuguesa que sustentam as práticas sociais envolvem tanto a leitura quanto a escrita. É provável que você já tenha ouvido, ou até mesmo dito, reclamações do tipo: “Eu não gosto de ler!” ou “Eu não sei escrever!”. Infelizmente, essas afirmações são muito comuns, sobretudo no âmbito escolar. E, no 3º grau, elas se tornam ainda mais salientes. Muitos alunos não sabem ler textos acadêmicos e, em muitos casos, por falta de orientação, também se formam sem saber produzir alguns textos típicos do meio acadêmico, como resumo, resenha e artigo. Para que essas dificuldades não atrapalhem seu desempenho acadêmico, temos a satisfação de apresentar a você esse material que reúne os conteúdos previstos no componente de Oficina de leitura e escrita em Língua Portuguesa. Uma vez denominado “Oficina”, entende-se que esse componente prevê momentos de participação e de reflexão por parte dos acadêmicos, fundamentados na relação entre teoria e prática. Isso significa que, a partir das reflexões suscitadas e das atividades propostas, você terá a oportunidade de participar de um espaço coletivo de construção do conhecimento, de análise da realidade e de troca de experiências. A fim de propiciar esses momentos, cada unidade será uma oficina: primeiramente, haverá um momento de Sensibilização, em que você terá a oportunidade de resgatar experiências pessoais, de acordo com o tema da unidade. Em seguida, na seção de Compreensão Teórica, você encontrará a discussão de algumas noções que ajudarão na fundamentação das análises e práticas posteriores, bem como nos futuros encaminhamentos pedagógicos que você escolherá para desenvolver em sua prática em sala de aula. A terceira seção, que comporá cada unidade, diz respeito à prática de Análise, em que você terá a oportunidade de verificar atividades propostas em materiais didáticos ou textos diversos, articulando-os às reflexões teóricas desenvolvidas anteriormente. Por fim, a quarta seção diz respeito à Ação. Como o próprio título indica, você será convidado a relacionar teoria e prática, a partir da análise empreendida e a produzir relatos e textos de gêneros específicos. Ressaltamos que ao realizar as atividades propostas nessas Unidades-oficinas você não tenha apenas a oportunidade de entrar em contato com algumas noções teóricas sobre o texto e os processos de leitura e de escrita, mas também que possa começar a perceber algumas problematizações importantes que estão envolvidas no processo de ensino e aprendizagem dessas práticas. Além disso, ao elaborar esse material, também objetivamos instrumentalizá-lo quanto aos gêneros textuais recorrentes no meio acadêmico. A fim de alcançar esses objetivos, organizamos esse material em quatro Unidades- oficina. A primeira, intitulada O texto e a construção dos sentidos, será a porta de entrada para discutirmos uma definição adequada para “texto” e para compreendermos quais são os fatores de textualidade que o caracterizam. Destacaremos com maior extensão os princípios de coesão e de coerência, dada a importância desses elementos na construção de um texto, sobretudo no meio acadêmico, onde muitas vezes são considerados como critérios de avaliação de trabalhos e provas. Na unidade II, A prática de leitura e de escrita, serão abordados os processos de leitura e de produção textual. Abordaremos algumas problematizações acerca desse processo, tendo como foco o tratamento atribuído ao texto no ambiente escolar. O que significa ler e escrever na escola? Já a unidade III, Leitura e redação de trabalhos acadêmicos, dedicamos à leitura e à produção de textos que circulam com frequência no meio acadêmico. Abordamos, inicialmente, a importância das etapas do processo de leitura, análise e interpretação de textos acadêmicos. Destacamos, ainda, algumas questões sobre o gênero resumo, no que concerne a sua estrutura e função retórica. Por fim, na Unidade IV, intitulada Resenha, identificaremos a estrutura e a função do gênero resenha e conheceremos algumas orientações básicas de formatação, determinadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A partir desse percurso, gostaríamos de destacar que os aspectos eleitos para este componente serão complementados por abordagens de outros componentes no decorrer do curso. E, também, que as noções e práticas trazidas neste momento inicial do curso sustentarão sua vida acadêmica, já que alguns encaminhamentos poderão ser utilizados em praticamente todos os demais componentes, seja como forma de avaliação, seja como estratégia de estudo pessoal. Esperamos que no decorrer das atividades você perceba que ler e escrever com proficiência é um processo que requer muita disciplina, concentração e muita, muita prática! Passar por esse processo permitirá que você, hoje acadêmico, seja capaz de levar essas atitudes para sua futura prática pedagógica, conscientizando e preparando seus alunos para compreender o papel da linguagem nas relações sociais e, consequentemente, atuar no meio em que vivem de forma mais ativa e participativa. Bons estudos! Profa. Me. Andrea Escame Brandani Profa. Me. Érica Danielle Silva UNIDADE I O TEXTO E A CONSTRUÇÃO DOS SENTIDOS Profa Me. Andrea Escame Brandani Profa Me. Érica Danielle Silva OBJETIVOS Como objetivo principal, ao finalizar esta unidade você poderá identificar diferentes possibilidades para a definição de “texto”. Além disso, é imprescindível que você reconheça os fatores de textualidade. Por isso, buscamos fornecer os subsídios para que você compreenda a coesão e a coerência como fatores indispensáveis no estabelecimento de relações textuais. PLANO DE ESTUDO Nesta unidade, serão abordados os seguintes tópicos: O que é texto? Fatores de textualidade Coerência Coesão CONVERSA INICIAL Para começar nossa conversa, você saberia definir o que é um texto? Fonte: http://www.shutterstock.com/ ID da Imagem: 119155525 Essa tarefa parece simples, não é? Afinal, lemos, escutamos e falamos essa palavra com muita frequência. No decorrer dessa disciplina, em sua totalidade, você perceberá que esse é um conceito essencial que todos os professores precisam dominar. Na mesma medida, perceberá que essa noção pode variar a partir da posição teórico-metodológica assumida. Neste componente, serão introduzidos alguns conceitos fundamentais para que você comece a fundamentar e construir uma noção de texto que atenda às necessidades didático-pedagógicas para a prática da docência. Vamos a nossa primeira atividade, a sensibilização. Sensibilização Você gosta de ler? Que tipo de texto? Você gosta de escrever? Que tipo de texto? Pense sobre sua última semana: com que tipo de texto/gênero textual você teve contato com mais frequência? Quais são os critérios que você considera fundamentais para dizer que uma composição linguística é um texto? Agora imagine duas situações e responda à questão que segue: (a) Você está andando pela rua e encontra um papel escrito “ouro”; (b) Você está estacionado na frente de um hospital e lê uma placa “Silêncio”. http://www.shutterstock.com/ Você acredita que podemos considerar as palavras “Ouro” e “Silêncio” como textos, mesmo sendo apenas palavras? 1. O QUE É TEXTO? Retome sua reflexão sobre as duas situações expostas no item inicial, de sensibilização. Se você respondeu que na situação (a) não temos um texto, você acertou, pois é apenas um pedaço de papel escrito e pelo contexto não há como saber o que quer dizer. Entretanto, se a palavra “ouro” estivesse escrita, por exemplo, em um cartaz pendurado nas costas daquelas pessoas que ficam nas esquinas anunciando a compra de ouro, a situação seria outra e a palavra constituiria um texto, pois se encontra em um contexto em que alguém quer transmitir algo para outra pessoa. Já a palavra “Silêncio” é um texto, porque está em um contexto no qual as pessoas por meio da placa interagem, ou seja, os responsáveis pelo hospital têm a intenção de informar aos interlocutores, isto é, as pessoas que leem a placa, de que naquele local precisa haver silêncio. Acredito que com esta explicação ficou muito mais fácil entender o conceito básico de texto, não é mesmo? Poderíamos elaborar, então, uma noção geral de texto que seria: xxx Texto é uma sequência verbal, oral ou escrita, que forma um todo de sentido para seus interlocutores em determinado contexto. Seu tamanho pode variar de uma palavra, uma oração ou um conjunto de enunciados, mas necessariamente precisa de um contexto significativo para existir. xxx Conforme alertamos anteriormente, dadas as diferentes vertentes teórico- metodológicas existentes nos estudos da Língua Portuguesa, essa noção que acabamos de elaborar não é suficiente. Por isso, trazemos alguns autores que poderão auxiliar você a ampliar os elementos que estão implicados na compreensão do conceito de texto. O professor José Luiz Fiorin, em entrevista à revista eletrônica Letra Magna, foi questionado sobre qual a noção mais coerente para texto e explicou que [...] Dizer que é um todo organizado de sentido implica afirmar que o sentido de uma parte depende do sentido das outras. No caso dos textos verbais, isso significa que ele não é um amontoado de frases, ou seja, nele as frases não estão simplesmente dispostas umas depois das outras, mas mantêm relação entre si. Isso quer dizer que o sentido de uma frase depende dos sentidos das demais, o sentido de uma parte do texto depende do sentido das outras [...]1 1 Disponível em: http://www.letramagna.com/fiorin.htm. Acesso: 10 de dez. de 2014. A professora Nínive Pignatari (2010, p. 17) esclarece que [...] a palavra texto deriva do latim e significa trama, malha, tecido. É uma unidade significativa, ou seja, uma estrutura organizada com um só sentido, constituída de coerência e coesão. Conjunto de palavras com conteúdo semântico eficiente para transmitir a mensagem do autor para o receptor. Outro estudioso da área, Ulisses Infante (1991), elucida que [...] a palavra texto provém do latim textum, que significa tecido, entrelaçamento. (...) O texto resulta de um trabalho de tecer, de entrelaçar várias partes menores a fim de se obter um todo inter- relacionado. Daí poder falar em textura ou tessitura de um texto: é a rede de relações que garantem sua coesão, sua unidade. Finalmente, o professor Luiz Carlos Travaglia (1997, p. 67) também explana o conceito dizendo que [...] o texto será entendido como uma unidade linguística concreta (perceptível pela visão ou audição), que é tomada pelos usuários da língua (falante, escritor/ouvinte, leitor), em uma situação de interação comunicativa específica, como uma unidade de sentido e como preenchendo uma função comunicativa reconhecível e reconhecida, independentemente da sua extensão. Observe que, de modo geral, um pesquisador acaba complementando a definição dada pelo outro. E, em linhas gerais, um texto possui coerência de sentido, o que significa que ele não é um amontoado de enunciados. É só pensar, por exemplo, na própria origem da palavra texto, derivada do verbo latino texo, que significa “tecer”. Ora, o texto é um tecido e não um aglomerado desconexo de fios. Nele, o sentido de suas partes é dado pelo todo, ou seja, ele só será constituído e compreendido como um texto tendo em vista a sua totalidade. Por isso, em um texto, o significado de uma parte não é autônomo, mas depende das outras partes com que se relaciona. E o significado global não é resultado, somente, da soma de suas partes componentes, mas também de uma combinação geradora de sentidos. Ao realizar essas considerações, é inevitável esclarecer que para que um texto seja considerado verdadeiramente um texto, é preciso que ele produza sentido. Isso acontece por meio das palavras desde que mantenham entre si uma relação. Assim, é necessário levar em conta o contexto e toda sua composição de construção, que se dá por meio de determinadas expressões. Então, como identificar um texto? Leonor Fávero (1991) destaca o conjunto de princípios que fazem com que um texto seja um texto, e não apenas uma sequência de frases. São fatores de textualidade: coesão e coerência - relacionados ao material conceitual e linguístico do texto; intencionalidade e aceitabilidade - fatores relacionados aos interlocutores da mensagem; e informatividade, situacionalidade, contextualização e intertextualidade - que têm a ver com os fatores pragmáticos envolvidos no processo de comunicação. Destacaremos a definição de cada um deles, mas daremos, neste momento, atenção mais prolongada à coesão e à coerência. xxx Fique por dentro Os fatores de textualidade foram desenvolvidos por Beaugrade & Dressler, cujos estudos estão inseridos no campo da Linguística Textual. Você terá a oportunidade de estudar essa perspectiva teórica com mais profundidade no decorrer do curso. Entretanto, se você já quiser saber um pouco mais sobre esse ramo da linguística, você pode ler o primeiro capítulo do livro Linguística Textual: Introdução, de Leonor Lopes Fávero e Ingedore G. Villaça Koch, e a primeira parte do livro Introdução a Linguística Textual, de Ingedore G. Villaça Koch. xxx 2. FATORES DE TEXTUALIDADE 2.1. Situacionalidade Segundo Koch (2009), a situacionalidade pode ser considerada tanto da situação para o texto, como do texto para a situação. Sobre a primeira direção, a autora explica que [...] a situacionalidade refere-se ao conjunto de fatores que tornam um texto relevante para uma situação comunicativa em curso ou passível de ser reconstruída. Trata-se, neste caso, de determinar em que medida a situação comunicativa, tanto o contexto imediato de situação, como o entorno sócio-político-cultural em que a interação está inserida, interfere na produção/recepção do texto, determinando escolhas em termos, por exemplo, de grau de formalidade, regras de polidez, variedade linguística a ser empregada, tratamento a ser dado ao tema etc. (KOCH, 2009, p. 40) Sobre o movimento inverso, Koch salienta que o texto também pode interferir na situação porque tanto o autor quando o leitor, ao (re)construírem um texto, (re)constroem também o mundo a partir de suas crenças, experiências, sua visão de mundo, propósitos, perspectivas. Trata-se de um processo de mediação entre o mundo real e aquele construído pelo texto. 2.2 Informatividade A informatividade diz respeito tanto à distribuição da informação no texto quanto ao grau de previsibilidade e redundância que essas informações são veiculadas. Para que a distribuição de informações em um texto esteja adequada, é preciso que exista um equilíbrio entre a informação dada e a nova. Atenção: Um texto que contenha apenas informação conhecida caminha em círculos, é inócuo, pois falta-lhe a progressão necessária à construção do mundo textual. Por outro lado, é cognitivamente impossível a existência de textos que contenham unicamente informação nova, visto que seriam improcessáveis, devido à falta das âncoras necessárias para o processamento. (KOCH, 2009, p. 41) Quanto ao grau de previsibilidade, existem alguns: quanto mais previsível a informação, menor o grau de informatividade. Já o grau máximo de informatividade exigirá um grande esforço para o processamento, já que toda informação é apresentada de maneira imprevisível. Esse grau máximo é comum na linguagem poética e metafórica. 2.3 Intertextualidade A intertextualidade tem grande relevância na construção do sentido. Em linhas gerais, segundo Koch (2009), trata-se da relação que um texto estabelece com outros textos que precisa ser reconhecida na produção/recepção de um texto. xxx Fique por dentro Koch, Bentes e Cavalcante escreveram um livro excelente sobre a intertextualidade. Segue a referência completa: KOCH, Ingedore G. Villaça; BENTES, Anna Christina; CAVALCANTE, Mônica Magalhães. Intertextualidade: diálogos possíveis. 2ª. ed. São Paulo: Cortez, 2008. Resumo: A intertextualidade constitui um dos grandes temas cujo estudo se tem dedicado tanto a Linguística Textual, como uma série de outras disciplinas, particularmente a Teoria Literária, no interior da qual o conceito teve origem. A Linguística Textual incorporou o postulado dialógico de Bakhtin, de que um texto não existe nem pode ser avaliado e/ou compreendido isoladamente: ele está sempre em diálogo com outros textos. Assim, todo texto revela uma relação radical de seu interior com seu exterior. Este livro tem como principal objetivo analisar, com o auxílio de muitos exemplos, essa necessária presença do outro naquilo que dizemos (escrevemos) ou ouvimos (lemos), procurando dar conta desse fenômeno. Fonte: Saraiva. Disponível em <https://www.saraiva.com.br/intertextualidade-dialogos-possiveis- 1799003.html>. Acesso em 29 de jun. de 2018. xxx 2.4 Intencionalidade Para realizar suas intenções comunicativas, os sujeitos envolvidos na produção e recepção de um texto mobilizam diferentes recursos linguísticos. Koch (2009) ressalta, ainda, que a aceitabilidade também pode referir-se, em sentido estrito, à intenção do locutor de produzir um texto coeso e coerente. 2.5 Aceitabilidade Conforme explica Koch (2009, p. 42-43), a aceitabilidade é a contraparte da intencionalidade. Dessa maneira, está relacionada “à concordância do parceiro em entrar num ‘jogo de atuação comunicativa’ e agir de acordo com suas regras”, isso porque “como postula Grice (1975), a comunicação humana é regida pelo Princípio de Cooperação” (KOCH, 2009, p. 42-43). 3. COERÊNCIA Um dos fatores fundamentais para a construção do sentido do texto é a coerência, que não é uma marca textual, mas diz respeito aos aspectos lógicos e semânticos que permitem a união dos elementos textuais. A origem da palavra é do latim coherens, de cohaerere, “juntar, unir”, formada por com, “junto”, mais haerere, “grudar, colar”2. O termo, no dicionário, significa, de acordo com o Aurélio (2013)3, “ligação, conexão, de um conjunto de ideias ou de fatos, formando um todo lógico”. Sob uma perspectiva linguística, Koch explica que a coerência “[...] diz respeito ao modo como os elementos subjacentes à superfície textual vem a constituir, na mente dos interlocutores, uma configuração veiculadora de sentidos” (2003, p. 52). Nessa perspectiva, podemos considerar que um texto é coerente quando apresenta uma configuração conceitual compatível com o conhecimento de mundo do recebedor. Seu sentido é construído não só pelo produtor como também pelo recebedor, que precisa deter os conhecimentos necessários à sua interpretação. Essa interferência do interlocutor na construção do sentido do texto não só não é ignorada pelo produtor como ele conta com ela. É por causa dessa capacidade de o interlocutor participar da construção dos sentidos que muitos dos elementos necessários para se entender um texto nem sempre vêm explícitos, mas dependem das pressuposições/inferências do recebedor. Leia o exemplo abaixo. Você acha que é um texto coerente? DROGAS Antes seus pais davam-lhe tudo o que queria: roupas, comida e dinheiro. Não lhe deixavam faltar nada, mas tudo que é bom dura pouco. Além de seus pais pagarem colégios caros para ele estudar, ele nunca se interessou em aprender nada. Quando se apaixonou por uma garota e poucos meses ela ficou grávida aí precisou arrumar um emprego, tinha perdido seus pais num acidente e seu pai passava por varias dificuldades financeira e tinha grandes dividas e não o deixou nada em bens financeiros. Mais os empregos que conseguia não lhe ofereciam melhores condições aí que ele percebeu o quanto lhe fazia falta o estudo naquele momento. Para a piora do seu estado ele perdeu o emprego, já ganhava pouco, passavam-se os dias só piorava a sintuação, quando no dia bem cedo saiu a procura emprego passou a manhã e a tarde, quando retornava para sua casa ao atravessar a rua ele viu um velho amigo que logo convidou para ir na sua casa. Ao chegar, ele convidou para acender o cachimbo. Ele muito revoltado da vida ele acendeu, logo se viciou. Como tinha o corpo muito fraco para aquela droga, apenas 6 meses foram suficientes para cometer suicídio e pôr um fim por causa dessa maldita droga. (Disponível em <http://www.geocities.ws/esquinadaliteratura/autores/benedito/benedito05.html>. Acesso em 23/07/2012) 2Disponível em: http://origemdapalavra.com.br/palavras/coerencia/. Acesso: 08/2013 3Disponível em: http://www.dicionariodoaurelio.com/Coerencia.html. Acesso: 08/2013 http://www.geocities.ws/esquinadaliteratura/autores/benedito/benedito05.html http://origemdapalavra.com.br/palavras/coerencia/ http://www.dicionariodoaurelio.com/Coerencia.html Se você achou que o texto não é coerente, você está certo! Este texto foi analisado por Benedito Gomes Bezerra em sua monografia de Especialização em Língua Portuguesa, em que toma as quatro meta-regras propostas pelo linguista Michel Charolles – a repetição, a progressão, a não-contradição e a relação – para verificar em textos produzidos por alunos do Ensino Médio como ocorre a manutenção da coerência textual. O texto que vocês acabaram de ler é uma produção que apresenta, segundo Bezerra (2012), baixo padrão de coerência. Além dos desvios ortográficos, de acentuação gráfica e de pontuação, há problemas de desarticulação entre o texto e o tema proposto, ressaltado apenas no título “Drogas” e no último parágrafo. Vejamos algumas observações feitas por Bezerra: O texto começa com um indicador temporal ("antes") que logo faz surgir a pergunta pelo antecedente: antes de quê? Como se notará no decorrer do texto, o autor faz referência a um período anterior à morte dos pais de seu personagem, onde a vida era tranquila e confortável. Do mesmo modo, "seus pais" levanta a pergunta: pais de quem? A pronominalização, característica do uso da meta-regra de repetição (MR1), foi pouco efetiva, neste caso, por ter sido usada cataforicamente num período longo onde o sintagma "ele" aparece muito tardiamente. E, sobretudo, porque "ele" já remete a um referente que não foi expresso. "...quando retornava para sua casa, ao atravessar a rua, ele viu um velho amigo que logo convidou para ir na sua casa. Ao chegar, ele convidou para acender o cachimbo..." A ambiguidade é completa. O verbo "convidou", se aceitarmos a frase como está, tem como sujeito um elíptico "ele" que só podemos identificar como sendo o nosso personagem central. O mesmo se aplica aos outros termos destacados ("sua" e "ele"): ambos se referem ao personagem de quem o texto fala. No entanto, uma visão global do texto deixa claro que o sujeito de "convidou" é, na verdade, o "velho amigo", a quem também se referem os termos "sua" e "ele". Outra sequência mal construída, ainda no segundo parágrafo, diz que "tinha perdido seus pais num acidente", mas imediatamente nos surpreende com a afirmação de que "seu pai passava por varias dificuldades financeira", configurando uma nova e gravíssima contradição. A recuperação da real intenção do escritor se dá no final do parágrafo com a afirmação de que o pai "não o deixou nada em bens financeiro", quando se entende que ele tinha dificuldades financeiras antes de morrer em um acidente. (BEZERRA, 2012) Notamos, a partir do exemplo, que a coerência é muito importante na produção de sentido. Escrever com coerência é organizar, relacionar o que escreveu produzindo sentido a quem vai ler. As palavras de Viana colaboram com esta visão e auxiliam uma melhor compreensão sobre o conceito: Uma palavra isolada remete a um conceito isolado. Ela não pode surgir de repente, sem nenhuma relação com as anteriores. Faz parte de um todo que lhe dá sentido, desde que forme uma cadeia com as outras que a antecedem ou a sucedem. Interligadas, as palavras devem trabalhar a favor da unidade de sentido. Um texto resulta incoerente quando há falhas na continuidade de suas partes, quando as palavras aparecem de forma gratuita. Não é raro ouvirmos alguém dizer que determinada palavra está imprecisa, não diz com exatidão aquilo que pretendíamos dizer. A imprecisão resulta da falta de motivação entre as palavras que se sucedem numa cadeia em que um elo foi rompido. Para evitar isso, elas devem manter entre si um vínculo muito estreito. (VIANA, 2004, p. 18) Diante do exposto, um texto possui coerência quando ele produz sentido, quando há nele relação lógica entre as ideias que se complementam, é o resultado da não contradição entre suas partes. A coerência de um texto inclui fatores como o conhecimento que o escritor e o leitor possuem do tema abordado, o conhecimento de mundo que eles partilham, o conhecimento que esses têm da língua que usam e da intertextualidade presente no texto. Em outras palavras, a coerência não é algo inerente ao próprio texto, mas é construída na relação desses fatores com os seus interlocutores. Assim, para que um texto seja coerente devemos atentar para algumas exigências: apresentação clara do assunto e argumentos que o sustentem; encadeamento das ideias, de modo que cada parágrafo apresente informações novas, coerentes com o que foi apresentado anteriormente, sem repetições ou saltos temáticos; congruência entre as informações do texto e a realidade; e precisão vocabular. A partir do que foi dito, você deve ter percebido que a coerência se refere à construção de sentidos pelo recebedor. Entretanto, a coerência também pode manifestar-se linguisticamente. Isso significa que um texto objetivo também é coerente e coeso. Coesão é o modo como ligamos os elementos textuais numa sequência, articulação esta responsável pela unidade formal do texto. É sobre essa noção que estudaremos no próximo tópico. xxx Indicação de leitura A Coerência Textual Autores: Ingedore Villaça Koch; Luiz Carlos Travaglia Editora: Contexto, 2003. Sinopse: O objetivo principal é apresentar as ideias predominantes atuais sobre a coerência textual, por meio de exemplos e aspectos teóricos mínimos e essenciais. Fonte: autoras. xxx 4. COESÃO Para começar, leia atentamente o texto abaixo: Uma provocação: gramática é fundamental para escrever ou para aprender a escrever? Eu não sei se é. Tem uma frase do Autran Dourado que diz assim com relação à gramática: “É preciso aprender a gramática, para depois esquecê-la”. Vamos colocar isso de outro jeito: para você refinar a sua expressão escrita é importante desenvolver consciência sobre como a língua é e como ela funciona estruturalmente. Vamos pensar sobre a organização sintática como parte do processo. Então, quando eu estou lendo um texto, de repente parar num determinado momento, destacar e analisar um segmento e perceber que o autor usou orações coordenadas, que ele poderia ter usado subordinadas. É importante ter essa consciência, assim como ter consciência do funcionamento social da língua, de que você varia a língua conforme o contexto em que você está, conforme o gênero. Quer dizer, escrever um conto é diferente de escrever um poema; fazer um sermão é diferente de narrar um jogo de futebol. Há um processo todo que nós fazemos na adequação da linguagem. As duas coisas são importantes: língua na dinâmica interacional, social, e a estrutura da língua. A possibilidade de você rastrear no vocabulário palavras mais precisas para aquilo que você quer dizer, essa reflexão é fundamental. Agora, qual é o problema da gramática? A gramática é ensinada escolasticamente: você dá o conceito, o exemplo, e faz exercício. Isso não faz sentido para quem está se aproximando da língua e precisa compreender como ela funciona. (GURGEL, 2011) Este texto faz parte de uma entrevista na qual o professor Carlos Alberto Faraco reflete sobre a Língua Portuguesa. Veja como é importante compreender como ela funciona. Será que você percebeu que a articulação entre as partes dessa entrevista a tornou compreensível? Pois é, a língua possui vários recursos linguísticos, indispensáveis, para se compreender a relação de sentido entre as ideias. Portanto, a fim de aprimorar nossa competência no que tange às técnicas composicionais da linguagem escrita estudaremos, a partir de agora, o recurso linguístico coesão, elemento primordial que colabora para a clareza textual. Certamente você já escutou a palavra ou até estudou o recurso textual coesão, não é mesmo? Mas o que é coesão? A seguir veja a definição encontrada no dicionário Aurélio: “Qualidade de uma coisa cujas partes estão todas ligadas entre si: a coesão de uma narrativa. / Harmonia”4. A sua origem é latina cohesio e significa “adesão”, adharere, de ad-, “a”, mais haerere, significa “grudar, colar”5. Observe, então, que coesão nada mais é que a forma como você une as partes de um texto. Ela simboliza a ligação entre nossas ideias, nossos pensamentos, ou seja, a coesão representa a conexão estabelecida entre cada parte do texto, determina a 4Disponível em: http://www.dicionariodoaurelio.com/Coesao.html. Acesso: 10/04/2013 5Disponível em: http://www.dicionariodoaurelio.com/Coesao.html. Acesso: 10/04/2013 http://www.dicionariodoaurelio.com/Coesao.html http://www.dicionariodoaurelio.com/Coesao.html transição de ideias entre as frases e os parágrafos. De modo geral, a coesão textual é a conexão estabelecida entre as partes de um texto por meio de conectivos – conjunções, advérbios, pronomes e preposições. Para esclarecer melhor este conceito leia o exemplo abaixo: MENINO Menino, vem pra dentro, olha o sereno! Vai lavar essa mão. Já escovou os dentes? Toma a benção a seu pai. Já pra cama! Onde aprendeu isso menino? – coisa mais feia. Toma modos. Hoje você fica sem sobremesa. Onde é que você estava? Agora chega, menino, tenha santa paciência. De quem você gosta mais, do papai ou da mamãe? Isso, assim que eu gosto: menino educado, obediente. Está vendo? É só a gente falar. Desce daí, menino! Me prega cada susto...para com isso! Joga isso fora. Uma boa surra dava jeito nisso. Que é que você andou arranjando? Quem te ensinou esses modos? Passe pra dentro. Isso não é gente para ficar andando com você. Avise seu pai que o jantar tá na mesa. Você prometeu, tem de cumprir. Que é que você vai ser quando crescer? Não, chega: você já repetiu duas vezes. Por que você está quieto aí? Alguma coisa está tramando...não anda descalço, já disse! – vai calçar o sapato. Já tomou remédio? Tem de comer tudo, você tá virando um palito. Quantas vezes já te disse para não mexer aqui? Esse barulho, menino! – teu pai tá dormindo. Para com essa correria dentro de casa, vai brincar lá fora. Você vai acabar caindo daí. Pede licença a seu pai primeiro. Isso é maneira de responder à sua irmã? Se não fizer, fica de castigo. Segura o garfo direito. Põe a camisa pra dentro da calça. Fica perguntando, tudo você quer saber! Isso é conversa de gente grande. Depois eu te dou. Depois eu deixo. Depois eu te levo. Depois eu conto. Agora não, depois! Deixa seu pai descansar – ele está cansado, trabalhou o dia todo. Você precisa ser muito bonzinho com ele, meu filho. Ele gosta tanto de você. Tudo que ele faz é para seu bem. Olha aí, vestiu essa roupa agorinha mesmo, já está toda suja. Fez seus deveres? Você vai chegar atrasado. Chora não filhinho, mamãe está aqui com você. Nosso Senhor não vai deixar doer mais. Quando você for grande, você também vai poder. Já disse que não, e não, e não! Ah, é assim? – pois você vai ver só quando seu pai chegar. Não fale de boca cheia. Junta a comida no meio do prato. Por causa disso é preciso gritar? Seja homem. Você ainda é muito pequeno pra saber essas coisas. Mamãe tem muito orgulho de você. Cale essa boca! Você precisa cortar esse cabelo. Sorvete não pode, você tá resfriado. Não sei como você tem coragem de fazer assim com sua mãe. Se você comer agora, depois não janta. Assim você se machuca. Deixa de fita. Um menino desse tamanho, que é que os outros hão de dizer? Você queria que fizessem o mesmo com você? Continua assim que eu te dou umas palmadas. Pensa que a gente tem dinheiro pra jogar fora? Toma juízo menino! Ganhou agora mesmo e já acabou de quebrar. Que é que você vai querer no dia de seus anos? Agora não, depois, tenho mais o que fazer. Não fica triste não, depois mamãe te dá outro. Você teve saudades de mim? Vou contar só mais uma, tá na hora de dormir. Vem que a mamãe te leva pra caminha. Mamãe te ama, viu! Dá um beijo aqui. Dorme com Deus meu filho! Fernando Sabino Você percebeu, ao ler o texto de Sabino, alguma coisa diferente? Na verdade, o que falta é a conexão entre suas partes. Esse texto é, então, um excelente exemplo de texto sem coesão, mas coerente, porque embora as frases estejam soltas, desconexas, elas são totalmente compreensíveis. Koch (2003, p.45) define coesão como: [...] fenômeno que diz respeito ao modo como os elementos linguísticos presentes na superfície textual se encontram interligados entre si, por meio de recursos também linguísticos, formando sequências veiculadoras de sentidos. Note que nós, constantemente, utilizamos elementos coesivos em nossos textos e falas, mas nem sempre nos damos conta disso. Lembra quando foi dito que a Língua Portuguesa nos é tão essencial que nem percebemos suas sutilezas? Pois é. É importante esclarecer, ainda, que a coesão é a união íntima das partes de um texto, mas não é um agrupamento de ideias aleatórias; é uma ligação que garante uma sequência lógica do texto. Diante disso, a coesão é obtida quando acontece a devida conexão entre as palavras, as orações e os parágrafos. Viana (2004, p. 28) explica: [...] A cada frase enunciada devemos ver se ela mantém um vínculo com a anterior ou anteriores para não perdemos o fio do pensamento. De outra forma, teremos uma sequência de frases sem sentido, sucedendo-se umas às outras sem muita lógica, sem nenhuma coerência. A coesão, no entanto, não é só esse processo de olhar constantemente para trás. É também o de olhar para adiante. Um termo pode esclarecer-se somente na frase seguinte... O importante é cada enunciado estabelecer relações estreitas com os outros a fim de tornar sólida a estrutura do texto. Mas, como sabemos se estamos sendo coesos ou não? Na Língua Portuguesa percebemos a coesão por meio de algumas palavras, denominadas conectivos ou elementos coesivos, que estabelecem esta relação entre as ideias. Vamos reconhecer estes elementos a partir de um poema: Neologismo Beijo pouco, falo menos ainda. Mas invento palavras Que traduzem a ternura mais funda E mais cotidiana. Inventei, por exemplo, o verbo teadorar. Intransitivo: Teadoro, Teodora. Observe que a conjunção adversativa “mas” estabelece uma relação de oposição entre as palavras “beijo-falo” X “invento”. Já a conjunção explicativa “que” estabelece relação de explicação com o termo “palavras” e a conjunção aditiva “e” exprime a ideia de adição em relação à palavra “ternura” + funda e + cotidiana. Diante do exposto, verificamos que o uso dessas conjunções permitiu a retomada das palavras resgatando o encadeamento das ideias. Recapitulando... Conjunção é a palavra invariável que relaciona duas orações ou dois termos que exercem a mesma função sintática. Quando duas ou mais palavras desempenham o papel de conjunção recebem o nome de locução conjuntiva. Veja alguns exemplos: apesar de, à medida que, a fim de que, à proporção que, desde que, visto que, ainda que etc. As conjunções são classificadas de acordo com o tipo de relação que estabelecem. As conjunções que relacionam orações independentes ou sintaticamente equivalentes são chamadas de conjunções coordenativas. Já, as conjunções que relacionam orações dependentes, ou seja, que ligam a oração principal a uma oração que lhe é subordinada são chamadas de conjunções subordinativas. As conjunções coordenativas são classificadas em aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas, de acordo com o sentido das relações que estabelecem. Veja alguns exemplos: e, nem, mas, porém, contudo, pois, porque, etc. As conjunções subordinativas são classificadas em integrantes e adverbiais. As integrantes introduzem orações subordinadas substantivas. As adverbiais introduzem orações que indicam uma circunstância adverbial relacionada à oração principal, são subdivididas em: causais, condicionais, consecutivas, comparativas, conformativas, concessivas, temporais, finais, proporcionais. Veja alguns exemplos: que, visto que, desde que, de modo que, como, conforme, quando, antes que, a fim de que, etc. As conjunções, assim como as preposições, não exercem função sintática na oração, apenas ligam termos de mesma função sintática ou orações, por isso, são consideradas conectivos. No entanto, estabelecem relações lógicas essenciais para a construção de textos coerentes e coesos. Neste exemplo, destacamos as conjunções, mas estes conectivos podem se manifestar por intermédio, também, das preposições (a, de, para, com), dos pronomes (ele, ela, sua, este, aquele, o qual), dos advérbios e das locuções adverbiais (aqui, lá, logo, antes, dessa maneira). Desta forma, os conectivos são [...] responsáveis pela coesão de nosso pensamento e tornam a leitura mais fácil e fluente. Por isso temos de saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto ao passar de um enunciado a outro, se a clareza assim o exigir. Sem esses conectores – preposições, advérbios, conjunções, termos denotativos, pronomes relativos – o pensamento não flui, muitas vezes não se completa, e o texto torna-se obscuro, sem nenhuma coerência. (VIANA, 2004, p. 51) A coesão textual, ainda, pode ser dividida em duas formas, sendo sequencial ou referencial. Vamos compreender as diferenças de cada uma delas nas próximas seções. 4.1 Coesão sequencial A coesão sequencial é responsável pela ordem, sequência, continuidade do texto. Ela ocorre por meio das palavras que estabelecem relações de significado entre as orações, períodos ou parágrafos à medida que o texto evolui. Poucas pessoas atentam para este fato de que os conectivos, geralmente, têm valor semântico, ou seja, embora sejam vocábulos relacionais, preservam um discreto conteúdo significativo e ao ligarem as expressões, palavras ou orações, exprimem uma relação semântica (relação de sentido). Todavia, há conectivos que estabelecem relações somente sintáticas, sem estabelecerem relações semânticas (lógicas). Nesse caso, costumam ser chamados de relacionais. Compare as duas orações: a. Creio que a verdade aparecerá. b. O passeio estava tão bom que resolvemos ficar um pouco mais. No primeiro exemplo, a conjunção que não estabelece uma relação semântica, apenas, relaciona a oração subordinada “a verdade aparecerá” à principal “Creio”. E na segunda oração, podemos afirmar que existe uma coesão sequencial que garante a textualidade? Embora a conjunção que, da mesma maneira, relaciona a oração subordinada “resolvemos ficar um pouco mais” à principal “O passeio estava tão bom”, neste caso, ela estabelece entre as orações uma relação de causa e consequência (relação lógica ou semântica). Importa lembrar ainda, que com o mesmo exemplo, adaptado, poderíamos ter outro tipo de relação semântica. Reflita: “O passeio estava bom, logo resolvemos ficar um pouco mais”. Perceba que agora teríamos outro tipo de relação entre as orações, pois o passeio estava tão bom que ficamos mais, estabelecendo, assim, uma relação de conclusão. Sendo assim, os conectivos estabelecem ligação entre os termos ou as orações e além de garantir a coerência do texto, são primordiais como elementos de coesão textual, porque explicitam as relações entre as ideias, assegurando não só a progressão do texto, mas tornando o encadeamento das ideias mais claro e fácil de ser compreendido. Atente, a partir de agora, para alguns exemplos de relações semânticas que podem ser estabelecidas por meio da coesão sequencial. Ela pode, por exemplo, estabelecer uma relação que indique condição. Observe a frase neste exemplo a seguir: “Se você rouba ideias de um autor, é plágio. Se você rouba de muitos autores, é pesquisa”. (Wilson Mizner, 2013) A coesão sequencial também pode, por meio do conectivo “ou”, estabelecer uma ideia de alternância ou de inclusão. Como você pode ver neste exemplo: “Ou se tem chuva e não se tem sol, ou se tem sol e não se tem chuva! [...]”. (Cecília Meireles) Observe outro exemplo de como a coesão sequencial ainda pode acontecer. Quando, por meio de um segundo enunciado, se corrige ou redefine o conteúdo do primeiro. "Amar não é aceitar tudo. Aliás: onde tudo é aceito, desconfio que há falta de amor”. (Vladimir Maiakovski) Então, é preciso não esquecer que não se pode utilizar aleatoriamente qualquer conectivo para fazer essas relações/ligações/conexões, pois cada elemento coesivo carrega consigo uma relação semântica, isto é, um significado. 4.2. A coesão referencial Koch (1988) explica: coesão referencial [...] é a que se estabelece entre dois ou mais componentes da superfície textual que remetem a (ou permitem recuperar) um mesmo referente (que pode, evidentemente, ser acrescido de outros traços que se lhe vão agregando textualmente). (KOCH, 1988, p. 76) [...] Ela ocorre por meio de dois mecanismos básicos: a. substituição, “[...] quando um componente da superfície textual é retomado (anaforicamente) ou precedido (cataforicamente) por uma proforma [...]” (KOCH, 1988, p. 75), e b. reiteração que pode se fazer por meio de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos, expressões nominais definidas ou repetição do mesmo item lexical (KOCH, 1988). De uma forma mais simplificada, a coesão referencial consiste na utilização de palavras que fazem alusão a um termo já citado, para enfatizá-lo, repeti-lo ou substituí-lo. Os conectivos de referência são aqueles que não têm um significado por si mesmo, pois remetem a outras palavras do texto que são necessárias à sua interpretação. Deste modo, a coesão referencial pode estabelecer, por substituição, uma conexão que indique catáfora, ou seja, quando o termo referente aparece após o termo coesivo. Observe o exemplo a seguir: “Há três coisas que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada, e a oportunidade perdida”. (Provérbio Chinês)6 Ela também pode ocorrer por meio da elipse, isto é, quando alguma palavra é retirada, visto que pode ser subentendida, evitando assim a repetição. Como podemos constatar neste exemplo: “Me arrependo de coisas que disse, mas jamais Ø do meu silêncio”. (Xenócrates)7 Note nesta frase que o termo “me arrependo” pode ser facilmente suprimindo e mesmo assim continuamos compreendendo o seu sentido. 6 Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues- portugues&palavra=anáfora. 7 Disponível em: http://pensador.uol.com.br/frase/MTM0MjEw/. Acesso: 08/2013. Termo referente Termo coesivo http://pensador.uol.com.br/frase/MTM0MjEw/ A coesão referencial, ainda, pode ocorrer por reiteração, isto é, quando se repete um mesmo item lexical já utilizado na oração. Veja o exemplo a seguir: O fogo acabou com tudo, da casa não sobrara nada, a casa estava totalmente destruída. Portanto, a coesão referencial acontece quando determinado elemento textual se refere a outro, substituindo-o. Entre os elementos de referência temos os pronomes pessoais (ele, ela, o, a, lhe, etc.), possessivos (meu, teu, seu, etc.), demonstrativos (este, esse aquele, etc.) e os advérbios de lugar (aqui, ali, etc.). O dicionário Michaelis (2013) registra os termos “anáfora” e “catáfora” da seguinte forma: Anáfora a.ná.fo.ra sf (gr anaphorá) Ret. Repetição de uma ou mais palavras no começo de dois ou mais versos, orações subordinadas ou sucessivas, para efeitos retóricos ou poéticos (MICHAELIS, 2013). Catáfora ca.tá.fo.ra sf [...] 3 Ling Antecipação de um signo, a ser enunciado na sequência. Em: Aqui, em São Paulo, todos correm, o signo aqui é catafórico, porque se refere a um item que vem enunciado depois (MICHAELIS, 2013). Para melhor compreensão dos conceitos expostos vamos considerar os exemplos abaixo: Mariana está viajando. Ela foi passar as férias na casa da irmã. Anáfora Ligia ganhou uma menina. A menina chamava-se Valentina. Catáfora xxx Reflita O texto abaixo circula na internet, sobretudo nos sites de variedades que satirizam notícias. Está presente, por exemplo, no site Jacaré Banguela <http://www.jacarebanguela.com.br/2012/11/01/a- prova-da-segunda-guerra-mundial/>. Tomando-o como referência, reflita sobre os aspectos até então estudados nessa unidade, sobretudo no que concerne os fatores de textualidade, coerência e coesão. http://www.jacarebanguela.com.br/2012/11/01/a-prova-da-segunda-guerra-mundial/ http://www.jacarebanguela.com.br/2012/11/01/a-prova-da-segunda-guerra-mundial/ xxx Indicação de leitura A Coesão Textual Autores: Ingedore Villaça Koch; Luiz Carlos Travaglia Editora: Contexto Sinopse: Nesta obra, os autores se dedicam ao estudo da coesão textual, identificada como um dos fatores responsáveis pela textualidade. Identificam, por meio de exemplos e comentários, os mecanismos constitutivos do texto e alguns fenômenos linguísticos. Fonte: autoras. xxx ANÁLISE O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) tem por objetivo avaliar o desempenho dos estudantes da educação básica. Atualmente, a avaliação é composta por uma redação e por quatro provas objetivas, que avaliam quatro áreas de conhecimento: Ciências Humanas e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias; Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação; Matemática e suas Tecnologias. A redação é avaliada a partir de 5 competências: (1) Competência 1: Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa. (2) Competência 2: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa. (3) Competência 3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. (4) Competência 4: Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação. (5) Competência 5: Elaborar uma proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos. Reproduzimos abaixo uma redação do ano de 2013. Leia: A imigração no Brasil Durante, principalmente, a década de 1980, o Brasil mostrou-se um país de emigração. Na chamada década perdida, inúmeros brasileiros deixaram o país em busca de melhores condições de vida. No século XXI, um fenômeno inverso é evidente: a chegada ao Brasil de grandes contingentes imigratórios, com indivíduos de países subdesenvolvidos latino- americanos. No entanto, as condições precárias de vida dessas pessoas são desafios ao governo e à sociedade brasileira para a plena adaptação de todos os cidadãos à nova realidade. A ascensão do Brasil ao posto de uma das dez maiores economias do mundo é um importante fator atrativo aos estrangeiros. Embora o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, segundo previsões, seja menor em 2012 em relação a anos anteriores, o país mostra um verdadeiro aquecimento nos setores econômicos, representado, por exemplo, pelo aumento do poder de consumo da classe C. Esse aspecto contribui para a construção de uma imagem positiva e promissora do Brasil no exterior, o que favorece a imigração. A vida dos imigrantes no país, entretanto, exibe uma diferente e crítica faceta: a exploração da mão-de-obra e a miséria. Portanto, para impedir a continuidade dessa situação, é imprescindível a intervenção governamental, por meio da fiscalização de empresas que apresentem imigrantes como funcionários, bem como a realização de denúncias de exploração por brasileiros ou por imigrantes. Ademais, é necessário fomentar o respeito e a assistência a eles, ideais que devem ser divulgados por campanhas e por propagandas do governo ou de ONGs, além de garantir seu acesso à saúde e à educação, por meio de políticas públicas específicas a esse grupo. Agora você será o avaliador dessa redação, considerando os fatores de textualidade discutidos nessa unidade, que dizem respeito às Competências 3 e 4. Para avaliar, considere os seguintes aspectos: Há relação de sentido entre as partes do texto? Há precisão vocabular? A progressão temática está adequada ao desenvolvimento do tema, revelando que a redação foi planejada e que as ideias são apresentadas em uma ordem lógica? Apresenta de forma clara a tese e a seleção dos argumentos que a sustentam? Há encadeamento de ideias, de modo que cada parágrafo apresenta informações novas, coerentes com o que foi apresentado anteriormente e sem repetições ou saltos temáticos? Dentre os elementos coesivos: a) Há substituição de termos ou expressões por pronomes pessoais, possessivos e demonstrativos, advérbios que indicam localização, artigos; b) Há substituição de termos ou expressões por sinônimos, antônimos, hipônimos, hiperônimos, expressões resumitivas ou expressões metafóricas? c) Há substituição de substantivos, verbos, períodos ou fragmentos do texto por conectivos ou expressões que resumam o que já foi dito? d) Há elipses ou omissão de elementos que já tenham sido citados ou sejam facilmente identificáveis? Se você pudesse atribuir uma nota de 0 a 400, para essas competências, que nota você atribuiria? Agora leia os comentários sobre esta redação, disponíveis na Guia do participante, na página 29, Redação 2013. Após a leitura, responda: os aspectos levantados coincidem com aqueles que você destacou? Comentários O texto demonstra excelente domínio da modalidade escrita formal e não apresenta problemas linguísticos, a não ser a falta de acento em “saúde”, sem reincidência em inadequações de grafia. Demonstra também que a proposta de redação foi compreendida e que o tema foi desenvolvido dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo. O texto é objetivo e impessoal. A redação organiza-se em quatro parágrafos bem construídos. A tese desenvolvida é a de que o Brasil atrai muitos imigrantes devido a sua excelente situação econômica. O texto diz que o governo deve interferir para evitar a exploração da mão de obra e assegurar os direitos dos imigrantes à saúde e à educação. Na introdução, o texto alude ao fato de muitos brasileiros terem emigrado na década de 1980 e afirma que agora houve uma inversão de fluxo. As ideias são desenvolvidas esclarecendo que o Brasil está entre as dez maiores economias do mundo, houve um aquecimento econômico e a classe C tem tido acesso a maior nível de consumo. Essa imagem positiva atrai imigrantes, mas favorece a exploração da mão de obra. O texto apresenta como conclusão uma proposta ampla e abrangente de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos: intervenção governamental e fiscalização sobre empresas que empregam imigrantes. Propõe também campanhas para fomentar o respeito aos que vêm de fora e sugere a assistência aos novos cidadãos, por meio de políticas públicas que assegurem acesso à saúde e à educação. As propostas são coerentes com as ideias desenvolvidas no texto. A redação apresenta encadeamento de ideias e demonstra competência em selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos e argumentos em defesa de um ponto de vista: o tema é desenvolvido de forma coerente, os argumentos selecionados são consistentes e a conclusão é relacionada ao ponto de vista adotado. O emprego de elementos coesivos torna o texto bem articulado e garante a sua continuidade, revelando conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários à construção da argumentação. O texto recorre a vários recursos coesivos, por exemplo: no primeiro parágrafo, a expressão “Na chamada década perdida” retoma “a década de 1980”; o termo “Esse aspecto” retoma a informação antecedente sobre a situação econômica do Brasil. São empregados ainda diversos conectores que contribuem para a sequenciação das ideias: “no entanto”, “Embora”, “entretanto”, “Portanto”, “bem como”, “Ademais”, “além de”. Disponível em <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/guia_participante/2013/guia_de_redacao_enem _2013.pdf>. Acesso em 05 de fev. de 2015. Leia mais um texto e faça o mesmo processo de avaliação anterior: Imigração ilegal Não é de hoje que o Brasil é alvo de imigrantes ilegais, não é a primeira e não será a última vez que isso vai acontecer. Por ser o Brasil um país muito extenso, fica difícil o controle dos imigrantes, que vem a procura de uma oportunidade tentando mudar de vida, a procura de trabalho. Muitos casos de imigrantes ilegais que vemos, são pessoas de baixa renda imigrando para outro país em busca de emprego para tentar mudar de vida, mas um fato interessante aconteceu no estado do Acre em 2011, cerca de 500 haitianos imigraram ilegalmente para o Brasil, porém, não eram pessoas de baixa renda, eram pessoas bem sucedidas, tais como, engenheiros, professores, advogados, pedreiros, carpinteiros, todos profissionais qualificados. Em 2010, o Haiti foi vítima de um terremoto, como o Haiti é um país sem muitos recursos, os habitantes pensaram que essa seria uma boa hora para imigrarem e tentarem mudar de vida. Para não ficar muito cansativo vou agora ensinar a fazer um belo miojo, ferva trezentos ml’s de água em uma panela, quando estiver fervendo, coloque o miojo, espere cozinhar por três minutos, retire o miojo do fogão, misture bem e sirva. Uma boa solução para o problema o governo brasileiro está fazendo, que é acolher os imigrantes e dar a eles uma nova oportunidade para melhorar suas vidas. Qual seria a sua nota em relação às Competências 3 e 4 para essa redação? Este texto teve grande repercussão na mídia, e vários profissionais criticaram a nota atribuída. Leia alguns comentários nos sites abaixo e reflita: como você justificaria sua nota? AGÊNCIA ESTADO. Redação do Enem com receita de Miojo leva nota média, 2013. Disponível em <http://www.em.com.br/app/noticia/especiais/educacao/2013/03/19/internas_educacao,359825/redac ao-do-enem-com-receita-de-miojo-leva-nota-media.shtml>. Acesso em 29 de jun. de 2018. http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/guia_participante/2013/guia_de_redacao_enem_2013.pdf http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/guia_participante/2013/guia_de_redacao_enem_2013.pdf http://www.em.com.br/app/noticia/especiais/educacao/2013/03/19/internas_educacao,359825/redacao-do-enem-com-receita-de-miojo-leva-nota-media.shtml http://www.em.com.br/app/noticia/especiais/educacao/2013/03/19/internas_educacao,359825/redacao-do-enem-com-receita-de-miojo-leva-nota-media.shtml ESTADÃO. Candidato escreve receita de Miojo em redação do Enem e tira 560, 2013. Disponível em <http://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,candidato-escreve-receita-de-miojo- em-redacao-do-enem-e-tira-560,1010640>. Acesso em 29 de jun. de 2018. O GLOBO. Enem 2012: estudante escreve receita de miojo na redação e recebe nota 560. 2013. Disponível em <http://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/enem-2012-estudante-escreve-receita- de-miojo-na-redacao-recebe-nota-560-7877681>. Acesso em 29 de jun. de 2018. REVISTA VEJA. MEC: redação com receita de macarrão não fugiu ao tema. 2013. Disponível em <http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/para-mec-redacao-do-enem-com-receita-de-miojo-nao- fugiu-ao-tema/>. Acesso em 29 de jun. de 2018. UOL EDUCAÇÃO. Candidato escreve receita de miojo na redação do Enem e tira nota 560. http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/03/19/candidato-escreve-receita-de-miojo-na-redacao-do- enem-2012-e-tira-nota-560.htm. Acesso em 29 de jun. de 2018. ESTADÃO. Inep estuda regra contra 'deboche' em redações. 2013. Disponível em <http://www.estadao.com.br/noticias/geral,inep-estuda-regra-contra-deboche-em-redacoes- imp,1011721>. xxxx Indicações de leitura O Texto e a Construção dos Sentidos Autor: Ingedore Villaça Koch Editora: Contexto Sinopse: A autora aborda as atividades discursivas e suas marcas na materialidade linguística, que são responsáveis pela produção de sentidos em um texto. Na primeira parte, Koch trata das questões gerais relativas à produção de sentido, presentes tanto na modalidade escrita como na falada. Na segunda parte, a autora centra-se no texto falado. Fonte: autoras. xxxx AÇÃO Chegou, finalmente, o momento de escrever um texto e colocar em prática o que estudamos nesta unidade! Para isso: Imagine que criaremos um blog da turma e semanalmente discutiremos sobre um tema/uma notícia que se destacou na mídia/ na sociedade em geral. Cada aluno deve contribuir com um texto principal. Seu texto deve ter, obrigatoriamente, três parágrafos e no máximo 20 linhas. http://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,candidato-escreve-receita-de-miojo-em-redacao-do-enem-e-tira-560,1010640 http://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,candidato-escreve-receita-de-miojo-em-redacao-do-enem-e-tira-560,1010640 http://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/enem-2012-estudante-escreve-receita-de-miojo-na-redacao-recebe-nota-560-7877681 http://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/enem-2012-estudante-escreve-receita-de-miojo-na-redacao-recebe-nota-560-7877681 http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/para-mec-redacao-do-enem-com-receita-de-miojo-nao-fugiu-ao-tema/ http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/para-mec-redacao-do-enem-com-receita-de-miojo-nao-fugiu-ao-tema/ http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/03/19/candidato-escreve-receita-de-miojo-na-redacao-do-enem-2012-e-tira-nota-560.htm http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/03/19/candidato-escreve-receita-de-miojo-na-redacao-do-enem-2012-e-tira-nota-560.htm http://www.estadao.com.br/noticias/geral,inep-estuda-regra-contra-deboche-em-redacoes-imp,1011721 http://www.estadao.com.br/noticias/geral,inep-estuda-regra-contra-deboche-em-redacoes-imp,1011721 Para esta produção, cada aluno pode escolher um tema que preferir. Primeiro, pesquise algo que tenha se destacado na mídia e que você se sinta à vontade para discutir. Procure o tema em fontes e textos variados. Liste as ideias que apareceram. Em seguida, agrupe essas ideias por afinidade. Elimine as menos importantes ou as que não se encaixam em nenhum grupo. Considerando os grupos formadores, planeje o que vai ser tratado em cada parágrafo do seu texto. A partir do planejamento, desenvolva os parágrafos. Revise cuidadosamente seu texto e faça as correções necessárias. Para ajudá-lo na revisão de seu texto, reproduzimos abaixo, um roteiro elaborado por Guimarães (2012, p. 161-162), que pode auxiliar também nas demais produções que serão solicitadas nessa disciplina. Como veremos na segunda unidade, esse processo de autoavaliação é fundamental no processo de escrita. 1. Estrutura – a estrutura contém todos os elementos que normalmente aparecem no gênero textual em questão? As informações estão organizadas de maneira clara e coerente? Faça um teste: o leitor conseguiria realizar um scanning, ou seja, localizar rapidamente determinada informação? Ou será que é necessário aumentar a letra dos títulos, usar destaque nos dados mais importantes, acrescentar imagens que facilitem a identificação dos assuntos? 2. Extensão dos parágrafos – os parágrafos estão equilibrados, com extensão semelhante? Em caso negativo, isso contribui para acrescentar algum sentido especial ao texto ou se trata de mero descuido? 3. Extensão e construção das frases – verifique se elas não estão curtas nem longas demais e se há variação e ritmo na combinação das diferentes formas e extensões. 4. Hierarquia das informações – se o texto tiver títulos e subtítulos, verifique se há coerência na atribuição dos níveis, bem como paralelismo na construção das frases. [...] 5. Padronização – um texto padronizado transmite uma imagem de profissionalismo e cuidado. Verifique: se o uso de maiúsculas e minúsculas está uniforme ao longo do texto – ex.: não misture as formas a Nota Fiscal, a nota fiscal, a Nota fiscal; se a tipologia está coerente – ex.: se você está usando negrito para títulos e itálico para subtítulos, isso deve ser mantido ao longo de todo o texto; se houver consistência na escolha de determinadas regras opcionais da língua – ex.: se você está usando vírgula antes de etc., faça desse modo em todo o texto; se não há mistura entre tu e você – ex.: Ontem tentei te telefonar para saber o que você tinha achado do novo projeto. (errado) Ontem tentei lhe telefonar para saber o que você tinha achado do novo projeto. (certo) se não há troca de denominações – ex.: em um contrato de empréstimo, se você começou chamando as partes de prestamista e prestatário, não pode passar a chamá-la de credor e devedor, investidor e gestor etc., senão o documento ficará confuso ou até mesmo juridicamente inválido. 6. Obediência à norma padrão – verifique cuidadosamente a ortografia, a pontuação, a concordância, a regência e a colocação dos pronomes oblíquos. Para tanto, tenha à mão seu kit básico de consulta linguística: um dicionário completo e um bom manual de redação. Se o texto é predominantemente formal, e você usou algumas gírias ou expressões coloquiais, coloque-as entre aspas. 7. Coerência – primeiro, verifique a coerência em nível local: observe se não foram usados conectivos ou outras palavras com sentido diferente do pretendido. Depois, avalie a coerência global – o texto acrescenta novas informações a cada trecho, porém sempre na mesma direção, ou há ideias que se contradizem? 8. Coesão e clareza – os mecanismos coesivos permitem ao leitor reconstruir o sentido do texto ou ele precisa fazer inferências demais? 9. Concisão – como dizia Carlos Drummond de Andrade, “escrever é cortar as palavras”. Verifique se há palavras ou expressões que podem ser cortadas sem prejuízo ao entendimento. Veja algumas sugestões: elimine os pleonasmos (redundâncias) – ex.: todos os países do mundo, elo de ligação, encarar/enfrentar de frente, inaugurar uma nova filial, monopólio exclusivo, surpresa inesperada; prefira o sinônimo mais simples e curto – ex.: entretanto mas; consistir em ou constituir ser; a fim de para (deixe de usar os mais longos apenas quando já tiver usado bastante os outros); elimine as perífrases – perífrase é uma “frase ou recurso verbal que exprime aquilo que poderia ser expresso por menor número de palavras”; transforme-a em uma palavra só [...]. (GUIMARÃES, 2012, p. 161-162, grifos do autor) Bom trabalho! Indicação de filme Língua, Vidas em Português Para saber mais e refletir sobre a riqueza e diversidade da Língua Portuguesa assista ao documentário Língua Vidas em Português. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=XUz- zGBd_QU xxxx http://www.youtube.com/watch?v=XUz-zGBd_QU http://www.youtube.com/watch?v=XUz-zGBd_QU http://www.unilab.edu.br/wp-content/uploads/2012/03/videolingua.jpg CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao fim da primeira unidade! Esperamos que o conteúdo lido possa ter ajudado a começar a pensar sobre o conceito de texto a partir da posição de professor. O que é preciso considerar para ensinar os alunos a lerem e produzirem bons textos? Para começar nossas discussões, nesta unidade, apresentamos várias definições de texto, elaboradas por alguns autores. Ressaltamos, mais uma vez, que no decorrer do curso, você estudará o texto a partir de outras perspectivas e perceberá que cada corrente teórica toma essa noção de uma forma distinta. Portanto, este é só o começo! Aproveite as leituras sugeridas para aprofundar-se no assunto, principalmente sobre a coesão e a coerência. Esses dois fatores estarão presentes nas avaliações de nossos textos, aqui no meio acadêmico, e serão, também, elementos que tomaremos como critério de avaliação dos textos de nossos alunos. E esta é a oportunidade de aprender a usar conscientemente os recursos linguísticos disponíveis para construir textos coerentes. Na próxima unidade, discutiremos algumas noções fundamentais para compreender as práticas escolares que tomam o texto como eixo: a leitura e a escrita. Até lá! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BANDEIRA, Manuel. Meus poemas preferidos. São Paulo: Ediouro, 2002. BEZERRA, Benedito Gomes. A coerência em Textos de alunos do Ensino Médio – Análise de dados. Disponível em <http://www.geocities.ws/esquinadaliteratura/autores/benedito/benedito05.html>. Acesso em 22/06/2012. FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e Coerência Textuais. São Paulo: Ática, 1991. FÁVERO, Leonor Lopes; KOCH, Ingedore G. Villaça. Linguística Textual: introdução. São Paulo: Cortez, 2005. (Série gramática portuguesa na pesquisa e no ensino; 9). GUIMARÃES, Thelma de Carvalho. Comunicação e Linguagem. São Paulo: Pearson, 2012. GURGEL, Luiz Henrique. Olhai a beleza da diversidade linguística. Entrevista com Carlos Alberto Faraco. Disponível em: https://www.escrevendoofuturo.org.br/index.php?option=com_content&view=article&i d=219:olhai-a-beleza-da-diversidade-linguis tica&catid=24:entrevistas&Itemid=34. INFANTE, Ulisses. Do texto ao texto: Curso prático de leitura e redação. Editora Scipione. São Paulo. 1991. KOCH, Ingedore G. Villaça. Principais mecanismos de coesão textual em Português. In: Cadernos de Estudos Linguísticos. Campinas: UNICAMP/IEL, jul/dez, 1988: 73-80. Disponível em: http://revistas.iel.unicamp.br/index.php/cel/article/view/3231/2710. Acesso: 12/12/2014. ______. O Texto e a Construção de sentidos. 7. ed. São Paulo: Contexto, 2003. ______. Introdução à Linguística Textual. 2. ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009 (Coleção linguagem). MEIRELES, Cecília. Ou isto ou aquilo. Disponível em: http://zezepina.utopia.com.br/poesia/poesia128.html. MICHAELIS, Anáfora e Catáfora. 2013. Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues- portugues&palavra=catáfora. Acesso em ago. de 2013. MIZNER, Wilson, 2013. Disponível em: http://pensador.uol.com.br/frase/NDgzNzUw/. Acesso: ago. de 2013. PIGNATARI, Nínive. Como escrever textos dissertativos. São Paulo: Ática, 2010. (Fundamentos). https://www.escrevendoofuturo.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=219:olhai-a-beleza-da-diversidade-linguis https://www.escrevendoofuturo.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=219:olhai-a-beleza-da-diversidade-linguis http://revistas.iel.unicamp.br/index.php/cel/article/view/3231/2710 http://zezepina.utopia.com.br/poesia/poesia128.html http://pensador.uol.com.br/frase/NDgzNzUw/ SABINO, Fernando. Menino. Crônica de Fernando Sabino, (de A Mulher do Vizinho). In: Elenco de cronistas modernos, Drummond de Andrade e outros. Livraria José Olympio Editora, Rio de Janeiro, 1974. Disponível em: http://blog- literaturando.blogspot.com.br/2011/04/menino.html. Acesso: 10/06/2013. SBROGIO, Patrícia Cordeiro. Conjunção: E, mas, ou, logo, pois, que, como, porque. (adaptado). Disponível em: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/conjuncao-e-mas-ou-logo-pois-que- como-porque.htm. Acesso: 12/05/2014. TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1º e 2º graus. São Paulo: Cortez, 1997. VIANA, Antonio Carlos (Coord.). Roteiro de redação: lendo e argumentando. São Paulo: Scipione, 2004.
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