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AUXILIAR DE ANÁLISES CLÍNICAS 1 ÍNDICE • Introdução: Fisiologia do corpo e homeostase • Níveis de organização do corpo humano • Exame físico, anamnese e semiologia • Fisiologia renal • Tipos sanguíneos • Doenças hematológicas • Análises Clínicas • Setores de um Laboratório de Análises Clínicas • Bioquímica • Hematologia • Urinálise e avaliação do sedimento urinário • Hormonologia • Imunologia • Microbiologia • Parasitologia • Anatomia patológica • Coleta de amostras biológicas • Características para rejeição de amostras biológicas • Bibliografia 2 INTRODUÇÃO: FISIOLOGIA DO CORPO HUMANO E HOMEOSTASE A Fisiologia estuda as funções de todos os organismos vivos, e a Fisiologia humana se dedica a estudar, compreender e explicar o funcionamento do corpo humano. Dentro da Fisiologia existem o mecanismo e a finalidade. O Mecanismo aborda como ocorre um processo (ou vários processos), e a Finalidade explica o objetivo dos mecanismos corporais. O corpo humano é observado como sendo uma máquina repleta de mecanismos, e esses podem e devem ser analisados em suas causas e consequências. Por exemplo: Por que o corpo treme quando sente frio? Fisiologicamente, as células nervosas que detectam alterações na temperatura (tanto ambiente quanto corporal) sinalizam quando ocorre uma queda de temperatura e enviam ao cérebro a informação sobre esse fato. Essa área cerebral ativa caminhos do sistema nervoso que promovem contração muscular na pele, que são os tremores. Vemos nesse exemplo uma íntima relação entre estrutura e função, algo totalmente corriqueiro na Fisiologia. A anatomia está intrinsecamente correlacionada à Fisiologia, pois através do estudo dos órgãos e dos organismos é possível compreender os mecanismos fisiológicos do corpo. Sendo assim, durante o estudo fisiológico, a abordagem dos aspectos anatômicos contribui para a compreensão dessa ciência. 3 HOMEOSTASE É a capacidade que tem um organismo vivo em regular, equilibrar e sempre tentar equilibrar situações que podem promover instabilidade fisiológica, ou seja, a homeostase é um trabalho de constante promoção de estabilidade em todas as funções corporais, sejam essas funções a nível intracelular ou a nível extracelular. A regulação da pressão arterial é um exemplo de homeostase, dentre tantos outros. Portanto, Homeostase é o trabalho de promover equilíbrio em todas as demandas corporais. O fisiologista francês Claude Bernard utilizou esse termo pela primeira vez em 1865, ao afirmar que os mecanismos vitais possuem a única finalidade de promover constância fisiológica, tanto interna quanto externamente ao corpo humano. Anos depois o termo Homeostase passou a ser amplamente empregado para tratar da regulação homeostática do corpo humano. 4 NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DO CORPO HUMANO O nosso corpo é uma unidade funcional constituída de níveis de organização, e tais níveis trabalham tanto separadamente quanto em conjunto com o mesmo objetivo: viabilizar a vida. Nível celular: tem a célula como sua unidade principal, que é a menor unidade habilitada a promover processos fisiológicos para a manutenção da vida no corpo. A célula é formada por: - Membrana plasmática: barreira que separa o conteúdo celular de todos os demais conteúdos extracelulares, e que também é responsável por controlar a troca de materiais, tanto de dentro para fora quanto de fora para dentro da célula. - Núcleo: local onde se encontra o material genético, que é o DNA. - Citoplasma: guarda substâncias químicas importantes para a manutenção da vida celular, além de ser também responsável pela sustentação esquelética através do citoesqueleto. - Organelas: cada qual com suas funções. São elas: mitocôndrias, retículo endoplasmático, lisossomos, peroxissomos, complexo de Golgi, vacúolos e centríolos. Nível químico: formado por átomos de hidrogênio, oxigênio, carbono, nitrogênio, que somados, constituem 96% da parte química corporal. Esses átomos se combinam e formam moléculas essenciais à vida, como carboidratos, proteínas, ácidos nucleicos, gorduras, dentre outros. Todos esses componentes químicos são imprescindíveis para a preservação da vida. Nível tecidual: os tecidos do corpo humano são agrupamentos celulares com funções pré-determinadas. - Tecido muscular: produz movimento através de sua contração. Esse tecido é dividido em músculo cardíaco (bombeia o sangue), músculo liso (controla o movimento de conteúdos, como o movimento dos alimentos, por exemplo) e músculo esquelético (move o esqueleto). 5 - Tecido epitelial: suas células participam ativamente na troca de materiais entre esse tecido e o ambiente ao seu redor. O tecido epitelial é dividido em glândulas secretoras (liberam, através de estímulo, produtos produzidos pela célula) e em lâminas epiteliais (revestem diversas partes do corpo, como a nossa pele, por exemplo). - Tecido nervoso: suas células dão início e transmitem impulsos elétricos que levam informações a toda e qualquer parte do corpo. Tais sinais são necessários na coordenação, na comunicação e no controle corporal. O tecido nervoso está presente na medula espinhal, no cérebro, nos órgãos sensoriais e nos nervos. - Tecido conectivo: faz conexão e oferece apoio a várias estruturas corporais. Um exemplo de tecido conectivo pode ser visto na união entre músculos e ossos. Nível dos órgãos: cada órgão realiza suas funções determinadas, de forma a promover o bom funcionamento tanto local quanto sistêmico. Um órgão que apresenta algum problema certamente trará prejuízos a pelo menos uma função essencial à vida. Nível do sistema: o agrupamento de órgãos é denominado sistema, e cada sistema é composto por órgãos que possuem funções relacionadas, interagindo e proporcionando a perfeita execução de uma determinada atividade. Um exemplo de sistema: boca, glândulas salivares, esôfago, estômago, fígado, vesícula biliar, pâncreas, intestinos grosso e delgado, em conjunto, quebram os alimentos em pequenas porções, que são absorvidas e distribuídas para todo o corpo através do sangue. Ao todo, temos os sistemas digestório, circulatório, respiratório, esquelético, urinário, tegumentar, muscular, nervoso, endócrino, imunitário e reprodutivo. Nível do organismo: a soma das atividades de todos os órgãos e sistemas resulta no nível do organismo. É impossível, por exemplo, que um problema no sistema nervoso não afete o bom funcionamento dos demais sistemas. Os processos fisiológicos influenciam e são influenciados mutuamente entre os sistemas. 6 EXAME FÍSICO, ANAMNESE E SEMIOLOGIA Diante de um ou mais sintomas, é normal e até mesmo necessário que seja realizado um atendimento médico, a fim de averiguar a causa de tais sintomas. Para tanto, é preciso que o paciente se submeta a uma avaliação médica, na qual o profissional irá fazer perguntas e também fará uma avaliação física, a fim de encontrar o agente causador do transtorno. O ato do exame clínico é formado pela observação médica, na qual ocorre o relato do paciente sobre sua história clínica, e pelo exame físico. Semiologia é o estudo dos sinais e dos sintomas relatados pelo paciente ao médico. É importante observar a diferença entre sinais, sintomas e quadro clínico: Sinais: conjunto de características do mal que está acometendo o paciente, e que são observados pelo médico até mesmo quando o paciente, por algum motivo, não relata o que está sentindo. Exemplos: edema, febre, lesões. Sintomas: conjunto de características analisadas e presentes de forma subjetiva, que devem ser relatadas para que o médico saiba da sua presença e da sua intensidade. Exemplos: mal-estar, dor, azia, sensibilidade à luz, angústia, medo. Quadro clínico: também conhecido como sintomatologia,é o quadro de sintomas e de sinais que são característicos em um determinado problema. Exemplo: dor e demais consequências advindas da DTM (Disfunção Temporomandibular). Já a anamnese é o momento em que o médico realiza uma entrevista com perguntas direcionadas ao paciente, visando iniciar um diagnóstico, e é também o momento da consulta onde se estabelecem a queixa, a história da queixa, a identificação do paciente, os hábitos e os fatores sociais e econômicos que podem interferir no quadro apresentado durante a consulta, bem como o levantamento dos antecedentes familiares que podem ter influência no problema. Sendo assim, podemos dizer que a anamnese tem grande importância, pois nela o médico pode descrever uma hipótese diagnóstica com mais propriedade, bem como pode determinar a melhor conduta a ser tomada, para o melhor desfecho possível. O exame físico é realizado após a anamnese, e pode ter o emprego de aparelhos como o termômetro, o oxímetro, o estetoscópio, o esfigmomanômetro, dentre outros, por 7 exemplo. Durante o exame físico, o médico pode auscultar, apalpar, analisar visualmente, sempre buscando avaliar melhor um determinado órgão que pode apresentar alterações. Nesse momento, o médico também avalia a hidratação, a orientação, o nível de consciência, os sinais vitais, a dicção do paciente. Realizada essa primeira etapa do atendimento, caso seja necessário, o médico encaminha o paciente para exames, que podem ser laboratoriais ou de imagem. Esses exames têm a função de mostrar de forma mais clara a causa do mal que acomete o paciente. É comum também que o paciente seja encaminhado para a administração de medicamentos, sejam por via endovenosa, oral, intramuscular, subcutânea, por inalação, a fim de diminuir ou até mesmo erradicar a dor ou o mal estar que o acomete no momento. Outra possibilidade ao término do atendimento médico é o paciente receber prescrição de medicamentos para uso domiciliar por um determinado período. Em outros casos é necessária uma investigação mais profunda, na qual o paciente deve procurar atendimento ambulatorial para receber um acompanhamento médico de maior prazo. Um paciente que sofre uma fratura, por exemplo, precisará não apenas de medicamentos no pronto atendimento, e sim o uso de prótese imobilizadora, além do uso de medicamentos em domicílio e um retorno ao hospital / clínica, no prazo determinado, para a retirada da prótese e para a avaliação médica após o período da imobilização, e para a reavaliação após o uso dos medicamentos prescritos. 8 FISIOLOGIA RENAL Nas ciências responsáveis por estudar o corpo humano (sejam as medicinais, as biológicas, as farmacêuticas, as biomédicas...) a fisiologia renal estuda os rins, que trabalham em conjunto com o sistema urinário e tem funções de suma importância na homeostase, tais como: - Manutenção e regulação do pH plasmático, a fim de preservar seu potencial hidrogeniônico; - Filtração sanguínea; - Produção e secreção de determinados hormônios que agem na produção eritrocitária e que também auxiliam na regulação da pressão sanguínea através do sistema renina – angiotensina – aldosterona; - Regulação do líquido extracelular, visando a normalidade da pressão sanguínea; - Eliminação de subprodutos de processos metabólicos, que não são mais necessários ao organismo; - Manutenção do equilíbrio de íons; - Controle da concentração de solutos e de eletrólitos. Os rins são compostos de Córtex (camada externa) e Medula (camada interna). A Medula renal é formada por néfrons, estruturas que filtram o sangue e produzem a saliva. Durante a filtração, o plasma sai do glomérulo para a cápsula de Bowman, e de todo plasma filtrado pelos néfrons, uma porção é enviada para os vasos capilares. Essa troca entre capilares e cápsulas não requer muita seletividade, no entanto, os poros capilares aceitam a passagem de alguns componentes do plasma, exceto as células do sangue. Existe na lâmina basal uma fenda responsável pela filtração, que não aceita que proteínas passem para a cápsula. 9 Esse processo de filtração que ocorre nos glomérulos é realizado sob três forças de pressão: gradiente de concentração (o solvente passa do local menos concentrado para o mais concentrado), hidrostática (força do sangue na parede capilar), e travessia do líquido para os capilares (pressionando as paredes da cápsula para impedir a entrada de mais líquido). Desta forma, os rins controlam a filtração e equilibram tanto a entrada quanto a saída de líquidos, promovendo uma autorregulação de suas funções. Depois dessas etapas, o filtrado glomerular passa pelo túbulo proximal, pela alça de Henle, pelo túbulo distal, pelo túbulo coletor e pelo ducto coletor. Por fim, é eliminado na forma que conhecemos e chamamos de urina. De todo o líquido filtrado, apenas 1% é eliminado, e o restante é reabsorvido. A urina, portanto, é formada depois das fases de filtração, reabsorção e secreção, que será enviada para a bexiga, de onde será eliminada no momento da micção. A reabsorção ocorre nos túbulos, por isso é denominada reabsorção tubular, e ela se dá através de mecanismos ativos e passivos. A reabsorção da água se dá por osmose, que é um processo de transporte passivo, e a reabsorção do cloreto e da ureia ocorre por difusão passiva. Os mecanismos ativos são classificados em primário (como no caso da bomba de sódio – potássio de ATP) e secundário (utiliza a energia do mecanismo primário). O sódio é reabsorvido nos túbulos, e esse processo tem auxílio dos aminoácidos e da glicose, que atuam como proteínas transportadoras. 10 TIPOS SANGUÍNEOS A tipagem sanguínea é caracterizada por dois fatores a) imunológicos dos eritrócitos quando os mesmos se encontram na presença de determinados antígenos na superfície eritrocitária; b) presença de anticorpos (naturais ou adquiridos pelas imunidades natural e adquirida respectivamente) contra grupos sanguíneos diferentes do seu grupo sanguíneo. Atualmente se sabe que há mais de 30 grupos sanguíneos importantes numa transfusão, dentre eles, os maiores são os pertencentes ao sistema ABO (Tipo A, Tipo B, Tipo O e Tipo AB), além do sistema Rh. A expressão de antígenos na superfície eritrocitária é realizada pelo lócus ABO do cromossomo 9, pois esse cromossomo apresenta 3 genes alelos (genes A, B e O) que realizam a expressão de seus respectivos antígenos. O grupo ABO apresenta anticorpos naturais sintetizados pelo corpo: os anticorpos anti- A e anti-B. Uma pessoa do grupo A sintetiza anticorpos anti-B, e uma pessoa do grupo B sintetiza anticorpos anti-A. Já a pessoa do grupo AB não sintetiza esses anticorpos, visto que apresenta a expressão desses dois antígenos na superfície das hemácias. Existem outros tipos sanguíneos já conhecidos, porém, são considerados raros. São eles: Duffy, MNSs, Kidd, Bombay, Lewis, que necessitam da correta classificação para que não ocorra qualquer reação transfusional, como no caso da doença hemolítica no fator Rh. O fenótipo Bombay, por exemplo, é um grupo sanguíneo hh, descoberto na Índia, cidade de Bombaim. Suas hemácias não possuem os tradicionais antígenos ABO. O fator Rh é formado por antígenos C,c,D,d,E,e que se encontram na superfície das hemácias. Se uma pessoa expressa o antígeno D, a mesma possui fator Rh positivo, e se uma pessoa não expressa o antígeno D, e sim o antígeno d, ela possui fator Rh negativo. O fator Rh positivo é o mais prevalente na população, com uma porcentagem em torno de 85%. 11 O paciente que não apresenta um desses antígenos na superfície das hemácias passa a produzir tais antígenos ao entrar em contato com sangue de outra pessoa que possua esses antígenos, como é o caso de gestações (onde há contato entre o sangue da mãe e do feto) e das transfusões sanguíneas. Compatibilidade sanguíneaDiante da necessidade de uma transfusão, é preciso que a seleção dos componentes sanguíneos passe por testes de compatibilidade no sistema ABO, e se o paciente for Rh negativo, é necessário que também seja realizado o teste de compatibilidade do fator Rh entre os antígenos do sangue a ser transfundido e os anticorpos que estão no plasma do receptor. 12 DOENÇAS HEMATOLÓGICAS - Anemia falciforme: hemoglobinopatia onde ocorre uma mutação que provoca alteração estrutural na hemoglobina, que passa a formar agregados e também passa a apresentar formato diferente do normal, levando a hemácia a ter formato de foice (daí veio a nomenclatura falciforme). É um formato curvo e longo, fazendo com que as hemácias tenham dificuldade em seu deslocamento nos capilares e nas arteríolas e provocando obstrução na circulação sanguínea e dor disseminada. Essa obstrução na circulação também acarreta o impedimento do transporte de oxigênio e de nutrientes presentes no sangue. O tempo médio de vida de uma hemácia é entre 90 a 120 dias, porém, na anemia falciforme, esse prazo cai para 20 dias. Seu tratamento propõe acompanhar as obstruções, administrar medicamentos que diminuem a velocidade em que tais obstruções ocorrem e medicamentos analgésicos, infundir sangue e transplantar medula óssea em pacientes que precisem desse recurso. Os principais sintomas são desânimo, fraqueza, palidez. - Anemia ferropriva: classificada como anemia hemolítica, onde ocorre diminuição na vida média das hemácias. Sua causa, como o nome sugere, é a carência de Ferro, que pode ocorrer por hemorragias, por problemas na absorção do Ferro ou por ingestão insuficiente. Alimentos como carne, peixe, frango e vegetais são ricos em Ferro. O tratamento consiste em adotar dieta alimentar rica em Ferro e em suplementação endovenosa a critério médico, por um determinado prazo. - Talassemia: hemoglobinopatia na qual existe uma mutação que acarreta na deficiência de produção das cadeias polipeptídicas da hemoglobina, e essa característica leva a uma produção alterada de hemoglobina nos valores de referência, resultando na anemia. Por ter origem genética, a Talassemia não pode ser transmitida a outras pessoas e também não pode ser resultado de carências de nutrientes. Os sintomas clínicos mais comuns são anemia, palidez, crescimento atrasado, fadiga, respiração ofegante, 13 sistema imune debilitado, apetite reduzido, irritabilidade. Esses sintomas variam de acordo com a gravidade do quadro. Com o passar dos anos, o paciente também pode apresentar sequelas como icterícia, problemas no coração, ossos, baço e fígado. O tratamento pode necessitar de dieta exclusiva para cada caso, visto que existe mais de um tipo dessa desordem, além de transfusões de sangue em intervalos regulares. - Alfa Talassemia: apresenta diminuição ou até ausência da síntese das cadeias alfa da hemoglobina, sendo subdividida em: 1 – Traço alfa talassêmico: anemia leve, pois ocorre diminuição de uma cadeia alfa- globina; 2 – Síndrome da hidropsia fetal na hemoglobina Bart´s: subtipo grave, onde todas as cadeias alfa estão ausentes, ocasionando na morte ainda durante a gestação; 3 – Doença da hemoglobina H: ausência da síntese de 3 cadeias alfa, por esse motivo, é classificada como uma das formas graves de Talassemia. - Beta Talassemia: apresenta diminuição ou até ausência da síntese das cadeias beta da hemoglobina, sendo subdividida em: 1 – Traço beta talassêmico (ou Talassemia menor): o paciente não tem sintomas e só descobre a doença em exames de sangue, por esse motivo, é aconselhável que se faça acompanhamento e o uso de ácido fólico para prevenir anemia; 2 – Beta Talassemia intermediária: acarreta na presença de anemia nas formas leve, moderada ou grave, levando o paciente a necessitar de transfusão sanguínea; 3 – Beta Talassemia maior: forma mais grave da Beta Talassemia, onde a produção das cadeias beta globinas são ausentes, levando o paciente a precisar de transfusões de sangue de forma regular, para evitar anemias intensas. Já nos primeiros anos de vida os sintomas surgem, sendo os mais comuns: proeminência óssea na face, desalinhamento dos dentes, aumentos dos órgãos do abdome, causados pela 14 esplenomegalia, palidez, forte cansaço, irritabilidade, sonolência, fadiga, atraso no crescimento, magreza. O diagnóstico é laboratorial e envolve os exames de hemograma, eletroforese de hemoglobina e testes genéticos. É importante ressaltar que o teste do pezinho não detecta essa doença, pois nos primeiros meses de vida, a hemoglobina não apresenta deficiência e nem ausência na produção das cadeias alfa e beta. O tratamento das Talassemias varia de acordo com sua classificação e precisa de acompanhamento médico constante, para tentar, sempre que possível, evitar complicações como anemia, osteoporose, cálculos na vesícula, problemas renais, deformidades ósseas, problemas cardíacos, trombose e deformidades nos dentes. LEUCEMIA Desordem sanguínea grave, onde os leucócitos perdem sua função de defender o organismo e passam a ser sintetizados de forma descontrolada e muito acima dos valores normais. Existem dois tipos de Leucemia: mieloide e linfoide. Dentro dessas duas formas, existem subdivisões. Uma leucemia pode ser aguda (quando as células imaturas apresentam rápido crescimento) ou crônica (quando as células imaturas apresentam apenas o crescimento anormal). - Leucemia Mieloide Crônica (LMC): em geral, acomete adultos a partir de 50 anos, apresentando alteração genética nos leucócitos no cromossomo Philadelphia e uma translocação (união de parte de um cromossomo com parte de um outro cromossomo), gerando o surgimento do gene BCR-ABL, gene esse característico da LMC. O paciente pode apresentar hematomas em qualquer parte do corpo, aumento do baço, palidez, fadiga, perda de peso, mal estar. O tratamento pode envolver o uso de quimioterápicos, como o Mesilato de Imatinibe, o Dasatinibe ou o Nilotinibe, por exemplo, além da terapia alvo, que ataca somente as 15 células portadoras da doença, com a vantagem de apresentar poucos efeitos colaterais e proporcionar maior qualidade de vida ao paciente. - Leucemia Mieloide Aguda (LMA): acomete qualquer faixa etária, porém tem maior probabilidade de ser diagnosticada em pacientes acima de 65 anos. Nela ocorre produção exacerbada de células jovens, os mieloblastos, obstruindo a produção das demais células sanguíneas. Esse tipo de leucemia é subdividido em grupos que vão de M0 a M7, conforme o desenvolvimento celular. De M0 a M5 o diagnóstico é nos leucócitos imaturos, em M6 o diagnóstico é nas hemácias e em M7 o diagnóstico é nas células precursoras das plaquetas. M0: Leucemia mieloblástica aguda não diferenciada; M1: Leucemia mieloblástica aguda com mínimo amadurecimento celular; M2: Leucemia mieloblástica com amadurecimento; M3: Leucemia Promielocítica aguda (ou LPA); M4: Leucemia mielomonocítica aguda (ou LMMA); M4 EOS: Leucemia mielomonocítica com eosinofilia; M5: Leucemia monocítica aguda; M6: Leucemia eritróide aguda; M7: Leucemia megacarioblástica aguda. Os sinais mais corriqueiros nessa Leucemia são redução de peso, febre, fraqueza, dor óssea, sangramentos, hematomas, fadiga, infecções recorrentes. O tratamento envolve o emprego de quimioterapia e o transplante de medula óssea de um doador compatível (transplante alogênico). 16 - Leucemia Linfoide Crônica (LLC): nesse caso, os linfócitos cessam sua função de proteção do organismo. É uma forma crônica por provocar crescimento desajustado de linfócitos B maduros, mas não há empecilho na síntese de novas células normais, ou seja, a medula óssea produz linfócitos B maduros de forma desordenada e também produz células saudáveis como antes. É necessário acompanhamento médico para avaliar se há a necessidadede tratamento. A LLC também tem tipos raros (subtipos), nos quais há desordem na produção dos linfócitos T, como na Leucemia Prolinfocítica, Tricoleucemia e Leucemia de linfócitos grandes granulares. - Leucemia linfoide aguda (LLA): é um tipo que evolui de forma rápida e que pode acometer tanto adultos quanto crianças. Os linfoblastos, que são células jovens, não exercem mais sua função de combater infecções e passam a apresentar reprodução desenfreada na medula óssea. O paciente apresenta dor nos ossos, nas articulações, cansaço, aumento no baço e nos linfonodos, sonolência, palidez, sangramentos, hematomas e infecções recorrentes. O tratamento atual envolve transfusão de sangue quando necessário, quimioterapia, terapia alvo quando o paciente tem o cromossomo Philadelphia, e transplante de medula óssea. - Tricoleucemia: acomete as células pilosas (células cabeludas), com crescimento lento e é considerada uma leucemia rara. Seu nome é pela característica peculiar das células, que apresentam formato de cabelo na análise microscópica. - Leucemia Prolinfocítica: apresenta formas jovens (imaturas) dos linfócitos B ou T, com chance de ser uma leucemia mais agressiva do que a leucemia linfoide crônica tradicional. Mesmo com tratamentos, é um tipo de leucemia que pode ter recidiva. 17 - Leucemia de linfócitos grandes granulares: como o nome sugere, acomete os linfócitos granulares, apresenta lento crescimento e é de difícil abordagem no tratamento. O paciente geralmente apresenta sudorese noturna, falta de ar em exercícios físicos, aumento de gânglios (popularmente conhecidos como ínguas), infecções recorrentes, perda de peso e cansaço. Seu tratamento é baseado no uso de quimioterapia, transplante alogênico de medula óssea e imunoterapia. - Leucemia bifenotípica: pode ter seu início nas células que não passaram pela diferenciação celular que lhes proporciona as características típicas das linhagens linfoide e mieloide. O hemograma apresenta o distúrbio tanto nessa fase das células imaturas quanto nas células já maduras, sejam elas de uma ou outra linhagem. Esse tipo de leucemia é raro e muito agressivo. O paciente sente dor óssea, apresenta hematomas, febre, sangramentos, redução de peso, palidez, fraqueza, infecções recorrentes, cansaço. O tratamento é quimioterápico e em alguns casos é necessário o transplante de medula óssea. - Leucemia mielomonocítica crônica (LMMC): disfunção da medula óssea, que apresenta falência na produção de células de ambas as linhagens, por isso é também denominada Síndrome Mielodisplásica. Os monócitos passam a se reproduzir de forma desenfreada e não exercem mais sua função de proteção do organismo. Muitos casos acabam se tornando num quadro de LMA (leucemia mieloide aguda), por ter a presença de blastos, que são leucócitos jovens, na circulação sanguínea. Os sintomas mais comuns são fadiga, palidez, anemia, hemorragias, falta de ar, infecções recorrentes e hematomas. O tratamento se dá por quimioterapia e por transplante alogênico de medula óssea. - Leucemia mielomonocítica juvenil (LMMJ): geralmente acomete crianças com menos de dois anos, sendo um tipo de leucemia muito agressivo. 18 Os sintomas em geral são tosse, sangramentos, febre, falta de ar, palidez, lesões na pele, aumento do fígado e do baço. Atualmente o tratamento viável é o transplante de medula. - Leucemia / Linfoma de células T: se desenvolve através da infecção pelo vírus HTLV- 1, que afeta os linfócitos T, células responsáveis pela defesa do corpo. Esse tipo de câncer é classificado como linfoma leucêmico agudo, linfoma crônico, linfoma sem sintomas, onde as características auxiliam no diagnóstico clínico, que também conta com o auxílio importante do diagnóstico laboratorial. É um tipo raro de desordem hematológica, no qual os pacientes que apresentam os tipos mais agressivos (leucêmico agudo e linfoma crônico) podem apresentar lesões na pele, esplenomegalia, lesões nos ossos, linfonodos aumentados nas axilas, virilhas e pescoço, infiltração pulmonar e infecções recorrentes. Em relação ao diagnóstico, é de suma importância a realização de biópsia medular, hemograma, exames de imagem, mielograma, citometria de fluxo e cariótipo e citogenética molecular (conhecida também como FISH). No tratamento há a indicação de quimioterapia, uso de antivirais combinados com Interferon e o transplante de medula óssea. - Leucemia eosinofílica crônica (LEC): neste tipo de leucemia ocorre exagerada produção de eosinófilos pela medula óssea, sendo algo mais encontrado em homens a partir de 40 anos. Os sintomas mais comuns são cansaço, tosse, febre, diarreia, prurido na pele, mialgia, baço aumentado e anemia. O tratamento é realizado com o uso de Mesilato de Imatinibe. 19 ANÁLISES CLÍNICAS É recomendação médica que ao menos uma vez ao ano exames laboratoriais sejam realizados, como forma de prevenir possíveis diagnósticos precoces em doenças que podem ser melhor controladas quando descobertas ainda no início de seu desenvolvimento. Porém muitos pacientes só buscam realizar esse check up quando sentem que algo em seu organismo não está bem. É possível observar que os exames laboratoriais são uma ferramenta que permite uma avaliação mais precisa sobre a saúde do paciente e os próximos passos quando um tratamento é necessário. Quando o paciente precisa passar por exames laboratoriais, o mesmo deve se dirigir a um laboratório, seja ele independente ou localizado dentro de um hospital ou de uma clínica. No laboratório, o paciente passará pela recepção e logo após será submetido à coleta das amostras biológicas solicitadas pelo médico. Realizada essa coleta, o material biológico será encaminhado aos devidos setores para que seja analisado. Em alguns casos, a coleta do material pode ser realizada no lar do paciente, no seu local de trabalho ou em um posto de coleta que lhe for conveniente. Sendo assim, o paciente está utilizando o serviço prestado pelas Análises Clínicas, que abarca uma gama de exames que investigam possíveis doenças e auxiliam a equipe médica a descrever um parecer mais específico sobre a saúde do paciente. Vários são os tipos de amostras biológicas coletadas pela equipe de Análises Clínicas: sangue, fezes, urina, esperma, saliva, líquido sinovial, fragmentos teciduais, líquido cefalorraquidiano, dentre outros. Cada amostra é analisada em setores especializados dentro do laboratório. Dentre esses setores, podemos destacar: bioquímica, hematologia, imunologia, uroanálise (ou urinálise), parasitologia, microbiologia e hormônios (ou hormonologia). 20 SETORES DE UM LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS Vamos ver agora alguns dos setores de um laboratório de análises clínicas e o que esses setores realizam em suas rotinas. BIOQUÍMICA: Analisa os materiais biológicos e investiga se há algum desequilíbrio nos processos metabólicos do organismo do paciente. Por exemplo: um paciente portador de diabetes precisa fazer periodicamente o exame bioquímico que analisa sua taxa de glicose, de colesterol e de triglicerídeos, a fim de ajustar, se necessário, a dosagem dos medicamentos de uso contínuo. A bioquímica analisa o metabolismo corporal, e a bioquímica clínica utiliza os dados levantados na investigação para encontrar alterações a nível molecular, que podem estar contribuindo para o surgimento de doenças, síndromes ou distúrbios passageiros. Os exames mais solicitados na bioquímica são: bilirrubinas, ácido fólico, cálcio, alanina aminotransferase, colesterol, glicose, creatinina, cloro, CKMB, curva glicêmica, HDL, LDL, VLDL, ferritina, fosfatase, gama GT, clearance de creatinina, TGO, TGP, proteínas. Neste setor, as amostras biológicas são analisadas nos seguintes aspectos / componentes: - Densidade: quando está abaixo do normal, aponta para hidratação endovenosaintensa, diabetes, hipotermia, hipertensão ou quadro de insuficiência renal. Já a densidade acima do normal indica insuficiência cardíaca, desidratação, diabetes mellitus, dentre outros problemas que alteram a capacidade renal em concentrar a urina. - pH: importante para constatar a presença de doenças renais que alteram sensivelmente todas as fases do sistema renal (excreção, absorção, reabsorção...), bem como a fisiologia relacionada à secreção de bases e de ácidos. Quando valores 21 elevados são constatados, o paciente pode estar passando por um quadro de nefrolitíase (popularmente conhecida como cálculo renal ou pedra nos rins), cistite, infecção urinária, dentre outros transtornos. Já o pH em valores menores aponta para alto consumo de proteínas, quadros diarreicos intensos, infecção intestinal ou também perda de potássio. - Glicose: quando o sistema renal não tem problemas em sua fisiologia, a glicose não é encontrada na urina, portanto, o contrário (que é a presença de glicose na urina) significa alterações, como diabetes, por exemplo. - Proteína: o normal é que não esteja presente na urina, mas quando encontrada, indica diabetes ou alguma doença na fisiologia renal. - Bilirrubina: é o produto final do metabolismo da hemoglobina, e é também o responsável pela coloração amarela da urina. Quando encontrado em valores aumentados indica problemas a nível hepático (como num quadro de cirrose hepática) ou a nível biliar (como por exemplo a obstrução das vias biliares); nesses quadros pode estar ocorrendo hemólise, ou o sangue pode estar sendo extravasado para os tecidos, causando icterícia. Esse problema pode necessitar de intervenção medicamentosa. - Urobilinogênio: assim como a bilirrubina, essa substância também é produto do metabolismo da hemoglobina, e se for encontrada em valores fora do habitual, pode indicar hemólise ou alguma doença hepática, como a cirrose por exemplo. - Hemoglobina: não se encontra na urina em um organismo livre de determinados problemas de saúde. Portanto, se for constatada na urina, significa que algum problema está ocorrendo, como no caso da nefrolitíase, da pielonefrite, da infecção urinária, dentre outros. O uso de cateter também pode provocar sangramento no canal. - Nitrato: em um sistema renal saudável, o nitrato não é detectado na urina, porém, se isso ocorrer, indica a presença de uma infecção de origem bacteriana. 22 Vamos observar os biomarcadores analisados na Bioquímica, de acordo com sua função: Função hepática: Aspartato aminotransferase, Albumina, Bilirrubinas, Fosfatase alcalina; Função cardíaca: Homocisteína, Creatinoquinase, Mioglobina, Troponinas; Metabolismo de glicose: Lactato, Insulina, glicemias (jejum e pós-prandial), Hemoglobina glicada; Função renal: Proteinúria 24 horas, Uréia, Urina, Creatinina; Função tireoidiana: TSH, T3 total, T4 total, T4 livre. Fase aguda: VHS, PCR, TNF, Interleucinas; Metabolismo de lipídeos: Apo A, Apo B, Colesterol total, Lipoproteína de alta e baixa densidade; Equilíbrio de eletrólitos: Cloreto, Sódio, Magnésio, Potássio; Metabolismo ósseo: Vitamina D, Ferro, Cálcio, Paratormônio; Eletroforese de proteínas: Alfa, Beta e Gama globulinas, Albumina. Equilíbrio ácido-básico: íons bicarbonato, pH, pressão parcial de Oxigênio e de Gás carbônico; Função reumática: FAN, P-anca, C-anca, fator reumatoide, anticoagulante lúpico; Metabolismo do Ferro: Transferrina, Ferro sérico, Hemossiderina; Anemias: vitamina B12, Homocisteína, ácido fólico, ácido metilmalônico; Função pancreática: amilase, lipase; 23 LCR: glicose, lactato, cloretos, proteínas totais; Desnutrição: transferrina, proteína transportadora de retinol, albumina, balanço nitrogenado; Função pulmonar: D-dímero, alfa-1-antitripsina. 24 HEMATOLOGIA É o setor que analisa os componentes sanguíneos. Dentre todos os exames, o hemograma é o mais solicitado, visto que o sangue demonstra alterações diante de desordens no organismo. Uma leucocitose, por exemplo, pode significar que o corpo está combatendo uma infecção. Mas antes, vamos estudar o conceito dos componentes sanguíneos, pois assim podemos compreender muitas patologias. - Hemoglobina (Hb): proteína presente nos eritrócitos (hemácias). Sua função é levar o oxigênio dos pulmões para o corpo. Quando chega aos pulmões, o oxigênio migra para a corrente sanguínea e se conecta aos átomos de Ferro que estão presentes nos grupos Heme. A hemoglobina é formada por cadeias globinas alfa, beta, gama ou delta, e por subunidades polipeptídicas, e essas subunidades apresentam um elemento denominado grupo Heme. - Eritrócitos: são as hemácias, a série vermelha do sangue. - Eritrocitose: valor aumentado do hematócrito. Essa condição também é denominada Policitemia. A viscosidade sanguínea é maior que o normal e causa diminuição do fluxo sanguíneo no organismo. As causas mais comuns são tumores, mutações genéticas e o uso de esteroides classificados como androgênicos. No quadro de eritrocitose, o paciente pode ter sintomas como presença de sangue na urina (hematúria), convulsão, hemorragia na retina (dentre outros problemas na acuidade visual), fraqueza, sangramentos pelo rompimento de vasos. O tratamento envolve o uso de medicamentos que diminuem a concentração de hemácias na corrente sanguínea. - Eritropenia: valor eritrocitário menor que o normal. Nessa condição, as hemácias (eritrócitos / glóbulos vermelhos) estão sendo produzidos pela medula óssea em quantidade insuficiente ou estão sendo destruídos precocemente. - Grupo Heme: elemento que faz parte da formação da hemoglobina. Apresenta um átomo de Ferro que se une ao oxigênio com o objetivo de levar oxigênio aos tecidos. Ele é também responsável pela cor vermelha do sangue. 25 Algumas hemoglobinas podem apresentar anormalidades funcionais ou estruturais, como no caso da anemia falciforme, por exemplo, visto que o formato normal da hemácia é o de um disco bicôncavo, porém, na anemia falciforme a hemácia tem formato de foice ou de meia-lua. https://medicoresponde.com.br/o-que-e-anemia-falciforme/ Existem formas de verificar a concentração de hemoglobina e existem também valores de referência de acordo com a faixa etária e com o gênero. Crianças (2 – 6 anos): 11,5 a 13,5 g/dL Crianças (6 – 12 anos): 11,5 a 15,5 g/dL Mulheres: 12 a 16 g/dL Gestantes: 11 g/dL Homens: 14 a 18 g/dL É importante lembrar que os valores podem variar entre os laboratórios. Como sabemos, existem situações que promovem alterações nos níveis de vários componentes sanguíneos, e quando isso ocorre com a hemoglobina em valores altos, pode significar desidratação, Policitemia, uso de cigarro, fibrose ou enfisema pulmonar, tumor renal, administração de eritropoetina ou de anabolizantes. Os 26 sintomas mais comuns são lábios e pontas dos dedos azulados, vertigem, alterações na audição e na visão. Quando a hemoglobina se encontra em valores baixos, as causas mais comuns são leucemia, anemia, linfoma, cirrose hepática, talassemia, porfiria, hipotireoidismo, insuficiência renal, carência de ferro ou de vitaminas, medicamentos para tratamentos oncológicos e quadro de síndrome de imunodeficiência adquirida. Seus principais sintomas são palidez, cansaço, falta de ar. - Hemoglobina glicada: é o resultado da reação entre moléculas de açúcar e hemoglobina, e através de um exame laboratorial, é importante para avaliar a glicemia média dos últimos noventa dias do paciente, visto que nesse período a hemoglobina se une à glicose que está livre no sangue durante o seu tempo de disponibilidade. Esse exame auxilia no diagnóstico, no acompanhamento na avaliação da gravidade e no tratamento de diabetes. Seu valor habitual é de 5,7%, porém, quando se encontra igual ou maior que 6,5% indica diabetes mellitus. - Leucócitos:são as células que atuam na proteção do organismo, combatendo infecções e alergias e seus agentes causadores, como bactérias, parasitas e vírus. São também denominadas de glóbulos brancos e são a série branca do hemograma. Sua produção ocorre na medula óssea, e seu valor de referência está entre 3.700 a 10.000/mm³. - Leucocitose: valor aumentado de leucócitos. Infecções, leucemia, tumores, prática intensiva de exercícios físicos, gravidez, parto, estresse estão entre as causas mais comuns da alteração de leucócitos. - Leucopenia: valor diminuído de leucócitos, interferindo diretamente na capacidade do corpo em combater infecções. As causas mais comuns nessa alteração são quimioterapia, radioterapia, hemorragias, anemia, cirurgias, transplante de medula óssea, doenças autoimunes e predisposição genética. Quando um hemograma mostra uma leucocitose muito acentuada, é importante que haja uma investigação adequada para descartar ou para confirmar um quadro de leucemia, doença considerada como o câncer do tecido sanguíneo. Nessa doença é 27 observada uma proliferação desenfreada e anormal dos leucócitos, fazendo com que os mesmos apresentem valores extremamente elevados, como 150.000, por exemplo, num exame de sangue. Na leucemia, o paciente apresenta fraqueza, sangramentos, febre, hematomas, aumento de gânglios linfáticos (popularmente conhecidos como ínguas). O sangramento ocorre porque a produção de plaquetas sofre prejuízo. A fraqueza se dá pela anemia instalada com a doença, visto que a produção eritrocitária pela medula óssea se encontra diminuída. - Plaquetas: produzidas na medula óssea, as plaquetas são responsáveis pela coagulação do sangue. Seu valor de referência está entre 150.000 e 450.000/µL. - Plaquetocitose: também denominada trombocitose, é o aumento do número de plaquetas no sangue, que pode ter origem tanto fisiológica quanto patológica. Exemplos de situações que podem causar esse distúrbio: tabagismo, uso de adrenalina, prática intensa de exercícios físicos, distúrbios na coagulação, trabalho de parto, anemias (ferropriva, hemolítica), leucemia, pós-operatórios, neoplasias, hemorragia aguda, infecções agudas. - Plaquetopenia: é o contrário da plaquetopenia, onde as plaquetas estão em valores abaixo do normal. Alguns medicamentos, anemia, carências de nutrientes, doenças autoimunes, leucemias podem causar essa alteração. - Linfócitos: células formadoras do tecido sanguíneo linfoide, que trabalha na manutenção da imunidade. Esse tecido está presente em linfonodos, no baço, nas amídalas, na medula óssea e no aparelho digestivo. O corpo possui linfócitos B, T e células NK (Natural Killer). - Linfocitose: aumento nos valores dos linfócitos, que são as células de defesa do organismo. - Granulócitos: células de defesa, e seu nome se deve à presença de grânulos em seu interior. Tais grânulos possuem enzimas que têm a capacidade de destruir bactérias e 28 outros microrganismos. Os granulócitos são divididos em basófilos, neutrófilos e eosinófilos, cada qual se diferencia em uma leitura microscópica através da coloração dos grânulos e do tamanho. - Monócitos: auxiliam na defesa do organismo, assim como os granulócitos. Os monócitos macrófagos se dirigem para os tecidos e atuam na proteção tecidual. - Basófilos: fazem parte da série branca do tecido sanguíneo e agem na detecção e destruição de microrganismos e também de vários tipos de câncer em estágio inicial, visto que atuam como vigilantes na defesa do organismo. Os basófilos podem, em algumas situações, liberar histamina e outros mediadores diante de processos alérgicos. - Basopenia: diminuição no número de basófilos, que pode ocorrer em casos como hipersensibilidade aguda em infecções. - Basofilia: aumento no número de basófilos, que ocorre em pacientes portadores de hipotireoidismo, em casos de Policitemia vera e em neoplasias mieloproliferativas. - Agranulocitose: é a redução ou até mesmo a ausência de leucócitos polimorfonucleares na contagem sanguínea. Os sintomas mais comuns são sangramento de mucosas, ulceras intestinais e lesões na pele. - Eosinófilos: fazem parte da série branca do tecido sanguíneo e atuam na resposta do organismo a reações alérgicas, infecções parasitárias e asma. - Eosinopenia: é a redução na contagem de eosinófilos, algo que pode ocorrer na síndrome de Cushing, no tratamento a base de corticosteroides e em quadros de septicemia. - Eosinofilia: número elevado de eosinófilos, que ocorre em infecções parasitárias, algumas neoplasias malignas, sensibilidade a alguns medicamentos, dermatites, linfoma de Hodgkin, leucemia e em processos alérgicos. Quando a eosinofilia é muito elevada, o paciente pode apresentar danos em alguns órgãos (pulmões, sistema nervoso, pele, coração são os mais afetados), além de 29 sintomas relacionados ao local afetado. Quadros de colite, esofagite, pneumonia, cardiomiopatia, gastrite, enterite, quando são de origem eosinofílica, apresentam sintomas de acordo com o órgão afetado. Os sintomas mais tradicionais são febre, fadiga, dor torácica, dor estomacal, rash cutâneo, suor noturno, fraqueza, inchaço. O tratamento em geral é medicamentoso, envolvendo o uso de prednisona ou de fármacos quimioterápicos (como o imatinibe por exemplo), que elevam sensivelmente a taxa de sobrevida do paciente. Outra forma de tratar a eosinofilia é através da eliminação de eosinófilos do sangue. - Plasma: porção que representa 55% do volume total do sangue, formado por água, na qual estão presentes sais minerais, açúcares, proteínas e gorduras. É nele que circulam os nutrientes importantes para a vida celular. - Mioglobina: proteína que, assim como a hemoglobina, se liga ao oxigênio e que tem como função acumular oxigênio nas células dos músculos para produzir energia para a contração muscular. Devido a sua função, a mioglobina se encontra no citoplasma do músculo cardíaco e do músculo esquelético. Diante de um episódio de destruição de tecido muscular, a mioglobina apresenta valores aumentados na circulação sanguínea, como é o caso da rabdomiólise, da insuficiência renal, da isquemia e do infarto do miocárdio. Esses valores podem ser detectados num período de uma a duas horas após o surgimento dos sintomas do infarto, por exemplo, e tem seu pico num prazo de 12 horas, onde a mioglobina é o marcador cardíaco que apresenta alterações antes dos demais. Nessa situação, creatinoquinases (CK e CKMB), desidrogenase láctica (DHL), aspartato aminotransferase, troponinas (cTnI e cTnT) e mioglobina mostram um aumento temporário na circulação sanguínea, nesse prazo, as dosagens séricas mostram que todos esses componentes atingem seus picos séricos e voltam aos seus valores normais com o passar do tempo, contudo, a dosagem, se realizada o quanto antes, auxilia grandemente o atendimento de urgência dos hospitais, tanto em quadros de infarto agudo do miocárdio quanto em quadros de rabdomiólise. 30 - Rabdomiólise: em músculos esqueléticos saudáveis ocorrem processos de troca de eletrólitos, metabolismo de ATP (adenosina trifosfato) e é necessário também que a membrana plasmática dos miócitos esteja íntegra, porém, na destruição do tecido muscular esquelético esses processos fisiológicos se encontram alterados, provocando a rabdomiólise, na qual os componentes dos miócitos são liberados para o plasma, provocando sintomas como dores musculares (mialgias) na região lombar, panturrilhas, ombros e coxas., urina de coloração marrom-avermelhada, febre, confusão mental e fraqueza muscular. O diagnóstico se dá pelo exame físico e pela confirmação das análises clínicas que detecta a creatinoquinase (CK) com valor em torno de 5 vezes acima do normal na circulação sanguínea, presença de mioglobina na urina, rápido aumento nos níveis séricos de creatinina, além da constatação de hipocalcemia, hipercalcemia,acidose láctica, hiperuricemia e trombocitopenia. As causas mais comuns são atividades físicas realizadas de forma intensiva, convulsões, choques elétricos, problemas endócrinos (cetoacidose diabética, por exemplo), uso de fármacos (ansiolíticos, estatinas, anfetaminas, antipsicóticos, antibióticos), ingestão de álcool, uso de cocaína, infecções (S. aureus, influenza A e B), desequilíbrio de eletrólitos (hipofosfatemia, hipopotassemia), hipotermia, insolação e doenças genéticas. O tratamento deve ser realizado imediatamente, com administração de hidratação endovenosa e de administração de medicamentos quando ocorrerem complicações, principalmente no sistema renal. Quando há lesão renal aguda, além da hidratação endovenosa, realiza-se hemodiálise. Caso a rabdomiólise cause coagulação intravascular disseminada, o tratamento envolve o uso de plasma fresco congelado (PFC). 31 URINÁLISE E AVALIAÇÃO DO SEDIMENTO URINÁRIO A análise do sedimento urinário através da microscopia tem tanto valor quanto tem um hemograma na análise sanguínea, pois o exame de urina oferece observações importantes acerca do sistema renal, da função hepática, do funcionamento pancreático e de outros órgãos. Doenças como infecção renal, hipertensão, diabetes podem ser monitoradas através da análise de uma amostra de urina, que se mostra importante também na monitorização de tratamentos medicamentosos em algumas situações. Apesar da grande importância, para a análise é necessário apenas uma pequena quantidade de urina, que é formada por elementos sólidos como hemácias, cristais, leucócitos, bactérias, células epiteliais e também pode apresentar parasitas em algumas situações. Após o processo de centrifugação da urina, tais elementos passam a se encontrar na parte inferior do tubo, por esse motivo são denominados sedimento urinário (ou depósito urinário). A análise do sedimento urinário se chama sedimentoscopia, e é realizada no setor de Urinálise (ou Uroanálise) do laboratório. Nessa análise a concentração, o conteúdo e outros aspectos da amostra são observados e descritos, sempre visando detectar algum problema. Existem diversas nomenclaturas empregadas para se referir ao exame de urina: urina simples, urina parcial, análise físico-química da urina e sedimentos, EAS (elementos anormais e sedimentoscopia), uranálise, dentre outros. Neste exame, através de diversos métodos, aspectos químicos e físicos da amostra são analisados e são utilizados no diagnóstico do exame. O exame tem a fase da análise física, a fase da análise dos sedimentos e a fase química. Na fase física da análise a densidade, a coloração e o odor são observados. Na fase de análise dos sedimentos, a amostra é observada com uso de microscópio ou através de aparelhos. Já a análise química se realiza com tiras reagentes e outros tipos de reagentes, que avaliam se há alguma alteração nos componentes da urina, a fim de encontrar o que está a causar algum distúrbio. É importante observar que mesmo 32 sendo importante estar atento para a coloração e a aparência da amostra, a análise microscópica é a que mostra a nível microscópico a presença de algum problema. Ao chegar ao setor, a amostra é primeiramente centrifugada, a fim de promover a deposição dos sedimentos na parte inferior do tubo onde a amostra foi colocada. Após a centrifugação, os sedimentos, já separados da outra parte da urina, são analisados, e comumente se encontram leucócitos, hemácias, cristais, fungos, cilindros, bactérias, células epiteliais, espermatozoides (quando a amostra for de paciente masculino). A centrifugação separa fisicamente os componentes da urina valendo-se da densidade de cada componente do sedimento urinário. Tal procedimento deve ser feito durante 10 minutos, na velocidade de 1500 a 2000 rpm. O sobrenadante, que é a parte livre de sedimentos, é retirado sem agitação, para que os sedimentos não voltem à parte líquida. O sedimento é então ressuspenso, e uma gota dele é colocado em uma lâmina simples, ou numa câmara de contagem (conhecida como câmara de Neubauer) ou em uma lâmina K-cell, a fim de realizar a leitura microscópica e a contagem celular. Na análise que se segue deve haver a descrição quantitativa e qualitativa dos componentes do sedimento urinário. A descrição quantitativa é responsável pela contagem de células por campo de grande aumento, e/ou de cilindros por campo de aumento. A descrição qualitativa é a que descreve os artefatos urinários encontrados: cilindros, cristais, células epiteliais, bactérias, fungos, hemácias, leucócitos, espermatozoides e parasitas. É preciso que haja ao menos entre 10 a 20 campos microscópicos analisados. Existe um valor de referência para os elementos do sedimento urinário, sendo assim, se eles se encontram em um número elevado na amostra analisada, os mesmos indicam a presença de algum problema. A presença de hemácias: quadro conhecido como hematúria, que pode indicar trauma renal, infecção urinária, infecção renal, nefrolitíase. A presença de leucócitos: quadro conhecido como piúria, que mostra a presença de linfócitos, neutrófilos e de eosinófilos na urina, que em grande quantidade, podem 33 significar tanto contaminação da amostra quanto uma lesão inflamatória, uma lesão traumática ou uma lesão infecciosa no trato urinário. A presença de células epiteliais: quando células transacionais ou escamosas são encontradas na amostra, normalmente não apresentam significado e importância clínica, pois o trato urinário pode passar por descamação em seu revestimento epitelial. No entanto, se a amostra apresentar anormalidades na morfologia das células, é importante estar atento para a possibilidade de uma neoplasia. A presença de cristais: esses elementos são comumente encontrados no sedimento urinário, mas em alguns casos pode significar distúrbio tanto de origem infecciosa quanto de origem metabólica. É importante analisar a forma e a quantidade dos cristais presentes na amostra, para uma possível correlação com um problema no sistema renal. Por exemplo: o processo de catabolismo de proteínas resulta na síntese de leucina e de tirosina, e quando presentes na urina, podem sugerir um quadro de degeneração ou de necrose. A presença de bactérias: ocorre diante de infecções urinárias, e a confirmação desse diagnóstico de infecção ocorre quando, junto à presença de bactérias, também há a presença de leucócitos em um número elevado. No entanto, é válido também lembrar que bactérias podem estar presentes na amostra caso a mesma tenha sido coletada sem a devida higienização prévia. A presença de parasitas: pode indicar contaminação por secreções em casos de uretrite ou de vaginite, e também por contaminação com material fecal. O parasita mais encontrado na amostra de urina é o Trichomonas vaginalis. A presença de cilindros: pode ocorrer após uso de diuréticos, em quadros febris ou após atividade física intensa. São de grande importância na determinação da origem da lesão renal e na localização dessa lesão, também auxiliando no prognóstico e na conduta a ser tomada. Quadros de insuficiência renal, pielonefrite, doença renal aguda e rejeição a um órgão transplantado comumente apresentam cilindros na urina. 34 Existe também outra forma de análise da urina que emprega a tira reagente, também conhecida como fita reagente. Estas tiras analisam de forma objetiva aspectos importantes, como glicose, pH, cetonas, proteínas, bilirrubina, nitrito, hemoglobina, urobilinogênio, leucócitos, bactérias e a densidade na urina. Veja abaixo os indicadores de uma tira reagente. Veja a seguir as cores de uma fita reagente e os seus significados: https://mobile.twitter.com/biomedinstrui/status/1271218213859266561?lang=de 35 HORMONOLOGIA Setor de um laboratório de análises clínicas que tem por objetivoanalisar as funções hormonais e detectar disfunções que causam comorbidades. Os hormônios são sintetizados em glândulas e liberados na circulação sanguínea, até que encontrem receptores e atuem em suas funções de reparo, controle de permeabilidade da membrana das células, restauração e controle das funções do corpo. Por essas funções, é natural que a ação hormonal promova repercussão em todo o corpo humano. Dentro de um laboratório de análises clínicas, o setor de Hormonologia emprega métodos de radioimunoensaio, imunofluorescência e quimioluminescência. É importante observar que a Endocrinologia é responsável por analisar as funções hormonais, para detectar disfunções metabólicas ou doenças provocadas por tais disfunções, como no caso do hipotireoidismo, por exemplo. É através dos exames hormonais que a Endocrinologia adota o melhor tratamento a seguir. Alguns sintomas como cansaço, queda de cabelo, dor nas articulações, dor óssea, ganho ou perda de peso podem sugerir que um ou mais hormônios podem estar circulando no organismo em níveis alterados. Diante de sintomas como esses, exames são solicitados: insulina, estradiol, glicose, triglicérides, cálcio, T4, TSH, T3, PTH, GH, colesterol, dentre outros. O paciente deve submeter-se a jejum para a maior parte desses exames. É importante que o analista esteja ciente de qualquer medicamento que o paciente esteja tomando, pois o exame de sangue pode sofrer alteração em seus resultados durante o uso de medicamentos. Dentre algumas doenças, destacamos as seguintes: - Hipotireoidismo: causada por disfunção na tireoide, onde essa glândula apresenta baixa atividade, provocando cansaço, queda de cabelo, aumento de peso, alterações de memória, sede constante, frequência maior na micção, dificuldade na cicatrização. Os hormônios analisados são TSH (hormônio tireoestimulante), T3 (triidotironina) e T4L (T4 livre). 36 - Hipertireoidismo: a glândula tireoide apresenta alta atividade, provocando sintomas como emagrecimento, taquicardia, irritabilidade, insônia, transpiração aumentada. Os hormônios analisados são T3, T4L e TSH. - Diabetes: doença na qual o pâncreas apresenta metabolização insuficiente da insulina, fazendo com que haja aumento da glicose na circulação sanguínea. O paciente apresenta visão turva, cansaço, emagrecimento, micção frequente, dificuldade em cicatrizar ferimentos, boca seca, formigamento nos pés. 37 IMUNOLOGIA Neste setor, a pesquisa é voltada para detecção de doenças de origem infecciosa, que surgem através da resposta a microrganismos. O sistema imune é formado por linfócitos, fagócitos, leucócitos que, juntos, defendem o organismo contra fungos, vírus, bactérias e demais microrganismos que invadem o nosso corpo. As imunoglobulinas são proteínas que defendem o organismo contra agentes patológicos (bactérias, fungos, vírus, toxinas, substâncias químicas). Os anticorpos se conectam aos antígenos e formam os complexos imunes. Quando a exposição ao patógeno é recente, o sistema imune sintetiza os anticorpos denominados IgM (Imunoglobulina M). Quando a exposição ao patógeno não é recente, ou quando o organismo já teve contato anterior com esse mesmo patógeno, o sistema imune sintetiza os anticorpos denominados IgG (Imunoglobulina G). Então se você estiver, pela primeira vez em sua vida, tendo um quadro de dengue por exemplo, seu exame mostrará IgM reagente, ou IgM positivo. O contrário também ocorre, ou seja, se você já teve contato com o vírus, seu exame mostrará IgG reagente, ou IgG positivo. Porém, se seu exame mostrar ambos não reagentes, ou seja, IgG e IgM não reagentes, significa que você não teve contato com o agente infeccioso. Uma boa forma de memorizar IgG e IgM é usando a seguinte dica: IgM: priMeiro contato; IgG: seGundo contato. Em muitas ocasiões, coceiras, tosse, alergias, edemas são consequências da ação exacerbada do próprio sistema de defesa, e a Imunologia Clínica é responsável por tratar desses episódios. Essa clínica também é responsável por tratar doenças autoimunes e doenças que ao longo da vida podem desencadear imunodepressão. Em geral, o paciente deve realizar jejum de no mínimo 4 horas, além de evitar ingerir álcool nas 48 horas que antecedem o momento da coleta. 38 Dentro da Imunologia, é possível trabalhar nas seguintes áreas: Imunogenética: responsável por identificar genes que provocam doenças; Imunoterapia: área que analisa a ação de defesa do corpo diante de patologias, especialmente as autoimunes; Imunologia clínica: atua estudando as desordens do sistema imune em si; Imunologia reprodutiva: analisa as alterações no sistema imune durante a evolução das espécies, inclusive a humana; Imunologia celular: estuda as células que atuam na defesa do organismo; Imunoparasitologia: aborda os mecanismos, a fisiologia da defesa do organismo quando há a invasão de protozoários, parasitas, vírus, helmintos; Imunologia da reprodução: estuda o processo de reprodução humana. A Imunologia também atua no desenvolvimento de vacinas e de medicamentos, visto que estuda os mecanismos de fortalecimento e também de enfraquecimento do sistema de defesa. 39 MICROBIOLOGIA Nesse setor as amostras biológicas são diversas (sangue, urina, fezes, escarro, esperma, fragmentos de tecidos, saliva...), e nele alguns exames podem necessitar de alguns dias para que o laudo fique pronto, visto que alguns microrganismos se desenvolvem nos meios de cultura dentro de um determinado prazo, que pode levar de horas até dias (como no caso dos fungos). A Microbiologia realiza a cultura, o isolamento, a classificação de fungos, bactérias e de leveduras que provocam doenças. Todas essas etapas devem ser realizadas na exata sequência e envolvem o emprego de provas bioquímicas, meios seletivos (como Agar chocolate, por exemplo) e de aparelhos eletrônicos, sempre visando a detecção de tais microrganismos. A cultura de uma amostra de urina, por exemplo, pode apresentar bactérias que precisam ser isoladas e que devem passar pelo exame denominado antibiograma, a fim de identificar quais medicamentos são eficientes no tratamento do problema. Vamos observar as etapas envolvidas na coleta de material biológico para realizar a cultura de aeróbios: Faça assepsia no local lesionado, e se a lesão for seca, umedeça-a com soro fisiológico. Passe o swab estéril na lesão e depois coloque-o no gel (dentro do tubo). Caso o swab seja seco (sem gel), umedeça-o em soro fisiológico para preservar a integridade do material biológico. Este material coletado terá 48 horas de viabilidade para ser usado. Faça a identificação do swab com nome completo do paciente, data de nascimento e tipo de material coletado. Não abrevie nenhuma dessas informações, pois a abreviação ou a ausência de tais dados pode resultar na rejeição da amostra e na necessidade de recoleta da mesma. Se a cultura for de fezes, envie o swab ao laboratório tão logo tenha feito a coleta do material. O swab deve ser acondicionado em local livre de umidade, sem luz direta do sol, e em temperatura adequada de acordo com o tipo de amostra coletada. No caso de fezes ou 40 urina, a temperatura ideal é entre 2°C e 8°C, e a análise não pode ser realizada após 12 horas de coleta. Agora vejamos como é realizada a coleta para a cultura de anaeróbios: Faça assepsia do local e logo após realize a punção, diretamente no local do abscesso. Evite a entrada de ar na seringa, para que o processo anaeróbico não sofra alterações. Também visando o mesmo objetivo, envie o material coletado na seringa, e se o material estiver em um swab, o mesmo deve ser enviado ao laboratório dentro do seu meio de transporte (tubo com gel). Se a coleta foi feita com seringa, ao término lacre a agulha para que não entre ar, elogo após faça a identificação da amostra (nome completo do paciente, data de nascimento, material coletado). Enquanto não for analisada, a amostra deve ficar em local livre de umidade, sem luz solar direta, na temperatura adequada ao tipo de material coletado, pelo tempo máximo de 6 horas. Se um desses requisitos não for observado, a amostra deverá ser rejeitada. Abaixo veremos as etapas para a coleta de hemocultura (HEC): Calçar luvas estéreis, fazer a assepsia do local da punção e puncionar 3 mL de sangue. Transferir o sangue coletado para o frasco de Hemocultura. Se não houver o frasco apropriado, colete o sangue em tubo com EDTA. Durante 30 segundos realize a homogeneização da amostra. Faça a identificação do tubo (nome completo do paciente, data de nascimento). Até o momento de ser analisada, a amostra deve ser acondicionada por um período máximo de 6 horas, entre 2°C a 8°C. 41 Podemos observar que a assepsia, a identificação correta, o correto acondicionamento da amostra são quesitos essenciais e que devem ser aplicados na coleta de qualquer material biológico, tanto na Microbiologia quanto nos demais setores de um laboratório de análises clínicas. A não observação dessas etapas pode gerar consequências diversas, como por exemplo a necessidade de solicitar nova coleta, o gasto duplo com os materiais utilizados (luvas, seringas, swabs, agulhas etc), dentre outros. 42 PARASITOLOGIA O setor de Parasitologia estuda os microrganismos que provocam diversas doenças no homem, doenças essas que podem trazer grande impacto na saúde pública. Mesmo que seja uma ciência antiga, a Parasitologia se depara frequentemente com novas informações, visto que muitos microrganismos passam a apresentar resistência e adaptação ao ambiente, fazendo com que sua erradicação cada vez mais necessite de tecnologias e de fármacos mais potentes. Além da adaptação e da resistência, esses agentes provocam mudanças no sistema de defesa do hospedeiro, e também participam da degradação do meio ambiente. Nele, as amostras são analisadas para verificar se há a presença de parasitoses causadoras de doenças, bem como a presença de proteínas, de sangue e também a consistência fecal. Exemplos de exames: PSO (pesquisa de sangue oculto) e parasitológico de fezes. Na Parasitologia, o material é analisado em seus aspectos morfológicos, proporcionando grande auxílio no diagnóstico laboratorial de queixas que envolvem problemas ou incômodos no trato digestivo. Esses microrganismos são classificados em endoparasitas e ectoparasitas. Os endoparasitas mais conhecidos são os vermes. Os ectoparasitas mais conhecidos são os piolhos. A coleta do material em geral é realizada pelo próprio paciente, em seu próprio lar, e o material deve ser acondicionado em frasco esterilizado e entregue tão logo tenha sido acondicionado. É uma coleta sem riscos, porém o paciente não pode estar sob uso de anti-inflamatórios, antibióticos, anti-helmínticos, como também não pode ter realizado exames com contraste radiológico, para que esses fármacos não interfiram no resultado do exame. Em relação ao laudo, este deve constar o nome do agente causador da doença, caso a amostra possua tal agente, para que a conduta médica decida qual tratamento o paciente deve seguir, e se a amostra estiver livre de parasitas, ovos, larvas, sangue ou proteína, o laudo deverá informar sua negatividade. 43 Os exames mais solicitados no setor de Parasitologia são: swab anal, PSO (pesquisa de sangue oculto), tripsina nas fezes, pH fecal, parasitológico, pesquisa de gordura nas fezes, coprológico (infantil ou adulto), parasitológico com contagem de ovos, parasitológico com pesquisa de Schistossoma mansoni, pesquisa de Tênia, leucócitos e hemácias nas fezes, alfa-1 anti-tripsina (dosagem fecal), pesquisa fecal para Cryptosporidium, pesquisa de vermes adultos. O setor de Parasitologia deve estar atento e capacitado para constatar parasitoses em vários locais do corpo, e não apenas no intestino. Portanto, o setor pode receber amostras biológicas como escarro, líquidos, tecidos, sangue, secreções, dentre outros. Para encontrar os microrganismos, vários métodos de análise podem ser empregados neste setor, como por exemplo imunoensaios (para detectar antígenos de Cryptosporidium), método de Faust e de Hoffman, colorações pré-determinadas de acordo com características do parasito que está sendo investigado (exemplo: na pesquisa de coccídeos, usa-se álcool-ácido). Dentre todos os parasitos pesquisados, é importante estar atento à detecção do helminto Strongyloides stercorali, pois em um paciente com sistema imune normal, não provoca sintomas, porém, em um paciente imunodeprimido, este parasito pode provocar a síndrome da hiper infecção, que pode levar ao óbito. Nesta doença, em um paciente com comprometimento de seu sistema imune, ocorre grande reprodução de larvas, que são detectadas nos pulmões, nos quais provoca broncopneumonia difusa e consequentemente hemorragia intra-alveolar. 44 ANATOMIA PATOLÓGICA É responsável por analisar modificações a nível morfológico que algumas doenças podem promover, como o câncer, por exemplo. O trabalho da Anatomia Patológica se baseia em exame macroscópico e microscópico do material, que é retirado de tecidos, de fluidos, de células ou de órgãos. Desta forma, é possível detectar diversas doenças, especialmente vários tipos de câncer. A amostra pode ser coletada através de excisão cirúrgica, biópsia, aspiração ou exame citológico. A análise deste setor possibilita definir o estágio da doença e seu respectivo tratamento, que é decidido pela equipe médica. Podemos ver, até este momento, que a Anatomia Patológica é um setor de extrema importância tanto em um laboratório de análises clínicas quanto em um hospital, e que trabalha em consonância com muitas especialidades médicas, principalmente a clínica médica, a cirurgia e a oncologia. Patologia cirúrgica: responsável pela excisão de tecidos ou órgãos para análise. Citopatologia: analisa as células coletadas em uma raspagem, uma aspiração, um esfregaço ou numa centrifugação de líquidos. Um exemplo é o exame colpocitológico, mais conhecido como Papanicolau, exame modelo no rastreio de lesão que pode provocar câncer de colo de útero. Como este exame é importante, vamos falar sobre ele. Este exame foi criado pelo Dr. Georgios Papanicolau, por isso recebeu o seu nome. Trata-se de um exame ginecológico, no qual o seu material biológico é analisado pela Citopatologia, e que deve ser realizado em mulheres a partir de 25 anos ou com vida sexual ativa. O mesmo é de grande importância para a prevenção do câncer de colo uterino, uma das neoplasias malignas mais recorrentes em mulheres e que apresenta alta taxa de mortalidade. Durante o exame, células do colo uterino são coletadas e levadas para uma leitura microscópica, a fim de detectar a presença de alterações ou de lesões provocadas pelo 45 HPV (Papilomavirus humano). Porém este exame também detecta outras doenças, como gonorreia, sífilis, candidíase, tricomoníase, clamídia, cistos e nódulos, além de fungos ou bactérias. A amostra biológica deve ser coletada entre o décimo e o vigésimo dia após o primeiro dia da menstruação. Essa mesma amostra é colocada em uma lâmina e é enviada para o laboratório, para ser analisada. A paciente deve observar algumas orientações antes de passar pela coleta deste exame: - Não usar sabonetes íntimos, lubrificantes ou cremes vaginais; - Não ter relação sexual 72 horas antes do exame; - Não realizar duchas íntimas. Caso a mulher esteja grávida, o exame pode ser feito até o 4º mês de gestação, e após o parto, é necessário esperar entre 6 e 8 semanas. As duas primeiras vezes em que a mulher passa pelo exame devem ter um intervalo de1 ano, e se nessas vezes o resultado for satisfatório, o exame pode ser feito com intervalo de 2 anos. No entanto, se alguma alteração for constatada, o médico determinará a periodicidade da realização do exame. Independente de qual seja a amostra coletada, as etapas a seguir devem ser observadas: - Coleta da amostra; - Identificação da amostra coletada, com nome completo do paciente, data de nascimento, sexo, tipo de amostra (local do corpo onde a amostra foi obtida). - Encaminhamento da amostra para o setor responsável por sua análise. - Antes que se faça a análise, o material é processado para que se torne adequado à técnica que será empregada. Por exemplo, um tecido pode ser dividido em vários 46 fragmentos para, logo a seguir, ser colocado em blocos de parafina. O tecido pode passar pela fase da coloração antes de ser analisado microscopicamente. - Após todas as etapas necessárias para o diagnóstico, o laudo é emitido, e o mesmo deve abordar o procedimento adotado na análise, o tipo de material recebido, o que foi encontrado durante o exame, e por fim o diagnóstico. Caso haja necessidade de exames complementares, o profissional responsável pela análise e pela emissão do laudo deve declarar por escrito, no laudo, tal necessidade. 47 COLETA DE AMOSTRAS BIOLÓGICAS A coleta das amostras biológicas requer que o profissional siga algumas etapas que não devem ser ignoradas. São elas: - Fase pré-analítica: momento antecedente à coleta, que deve agir na prevenção de problemas nos resultados e na comunicação entre o laboratório e o paciente. Sendo assim, o profissional deve estar atento para receber a solicitação com a descrição exata do exame, a assinatura e o carimbo do médico solicitante. Após essa etapa, deve ocorrer a identificação do paciente nos tubos e demais recipientes deve ser completa. A coleta deve ser realizada, sempre proporcionando ao paciente um momento de tranquilidade, para que o mesmo sinta segurança e aceite a realização do procedimento. O profissional deve ter sempre em mente que muitos pacientes apresentam fobia a agulhas, a materiais de laboratórios, a ambiente hospitalar etc, e por esse motivo necessitam primeiramente de um atendimento respeitoso, e em segundo lugar, necessitam de compreensão e segurança para que vençam suas dificuldades relacionadas aos seus receios. Realizada a coleta, a amostra, acondicionada em local apropriado, deve ser enviada para o setor de triagem, que se encarrega de transportar a amostra para o setor que realizará a análise clínica. Os principais erros que podem ocorrer na fase da coleta são: - Troca de tubos (cada um tem seu uso adequado, por isso é imperativo respeitar as cores dos tubos); - Falta de informação por parte do paciente, caso o mesmo esteja usando medicamentos / drogas; - Erro nos dados do paciente (nome, idade etc); - Garroteamento prolongado; 48 - Interpretação errada sobre o conteúdo descrito no papel; - Tubo sem EDTA; - Orientação errada ou ausente ao paciente, antes da coleta; - Contaminação do material de coleta; - Centrifugação errada; - Amostra coletada em local que anteriormente foi realizada uma infusão; - Proporção errada entre anticoagulante e sangue; - Coleta nos tubos em sequência errada. - Hemólise na amostra; - Acondicionamento em temperatura inadequada. Existem também outros fatores que podem provocar alterações nos resultados: - Coleta de cortisol e de ferro no período vespertino (que podem apresentar valores até 50% menores do que os valores de amostras coletadas no período matutino); - Coleta de aldosterona apresenta valor até 100% maior se for coletado antes da ovulação, no caso de paciente do sexo feminino; - Valores de alguns hormônios podem apresentar variações quando coletados no período vespertino; por esse motivo, é importante indicar o horário da coleta; - Fatores como idade, sexo, dieta, uso de drogas ou medicamentos, garroteamento prolongado, posição durante a coleta, tempo de jejum, infusão de medicamentos por via endovenosa antes da coleta da amostra, realização de atividades físicas podem afetar os valores dos exames. Por exemplo: Aspartato Aminotransferase pode apresentar aumento em seu valor após a realização intensa de atividades físicas. 49 Alguns exames só apresentarão resultado real mediante suspensão temporária de alguns medicamentos, e essa suspensão só pode ser autorizada e acompanhada por equipe médica. O paciente deve ter ciência antecipada de quais medicamentos deve suspender o uso, e por quanto tempo essa suspensão deve ser realizada. Todos os demais medicamentos que não forem suspensos devem ser relatados no momento do cadastro do paciente no local da coleta, visto que a equipe responsável pela liberação do laudo deve estar ciente de tais medicamentos que podem interferir no resultado do exame. Antes da coleta, é permitido que o paciente faça ingestão de pequenina quantidade de água, caso seja necessário, no entanto não é permitido tomar café, fumar ou ingerir qualquer outro produto alimentício, por menor que seja a quantidade. A equipe que realiza a coleta deve estar amparada com os seguintes equipamentos: - EPI´S (máscara, óculos, luvas descartáveis, jaleco de manga longa); - Calçado fechado, cabelo preso, livre de relógios, anéis, brincos grandes, pulseiras ou outros tipos de adornos; - Álcool, algodão hidrófilo, seringa e agulha descartáveis, suporte para coleta à vácuo, tubos para coleta de sangue, caneta, etiquetas para identificação, caixa para descarte de perfurocortantes (RDC 306-04), estantes para tubos. PARA INICIAR A COLETA: O profissional deverá fazer a observação das veias cefálica, basílica mediana e do arco venoso central, que são geralmente as melhores opções para punção venosa. Sempre que possível, evitar locais com hematomas, cicatrizes por queimaduras, locais próximos a cateterismo, locais próximos a mastectomia e locais próximos a qualquer procedimento cirúrgico. Com a solicitação do profissional que realizará a coleta, o paciente abaixa o braço e simultaneamente faz movimentos de abrir e fechar a mão do braço já garroteado (é 50 importante que o garroteamento não ultrapasse dois minutos). Após alguns segundos, o coletor analisa as melhores opções para a punção. O braço do paciente deve estar inclinado sempre para baixo. O garrote deve estar uma distância média de 8 cm do local da punção, e quando realizar o garroteamento, o coletor deve solicitar ao paciente que permaneça com a mão fechada. Outro fator importante: o garrote não pode estar apertando em demasia, para não provocar dor e não interromper o fluxo sanguíneo das artérias. Não é apropriado bater os dedos na veia do paciente, na intenção de evidenciar as veias, pois este procedimento pode levar à coleta de sangue em processo de hemólise, e também pode provocar inflamação no local. O paciente deve estar sentado confortavelmente, e seu braço deve estar apoiado no descanso, tendo o cotovelo reto, para facilitar a punção. Caso o paciente esteja acamado, posicionar um travesseiro abaixo do braço onde será feita a coleta. ASSEPSIA DAS MÃOS PARA O COLETOR: - Sabonete comum ou líquido, e papel toalha; - Antes de realizar a assepsia, o coletor deve estar livre de adornos (anéis, relógios etc); - Sem encostar no lavabo, o profissional deve abrir a torneira com a mão não dominante, ensaboar as mãos e esfrega-las por 20 a 30 segundos, com especial atenção à limpeza da palma, do polegar, do dorso, das articulações, unhas e punhos; - Enxaguar em água corrente e secar com papel toalha; - Fechar a torneira com papel toalha ou com cotovelo; - Calçar as luvas, que devem ser retiradas e descartadas ao final dos exames de cada paciente, retirando-as pelo avesso e descartando-as em lixeira para material infectante; 51 -
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