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Auxiliar de Analises Clinicas

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AUXILIAR DE 
ANÁLISES CLÍNICAS 
 
1 
 
ÍNDICE 
 
• Introdução: Fisiologia do corpo e homeostase 
• Níveis de organização do corpo humano 
• Exame físico, anamnese e semiologia 
• Fisiologia renal 
• Tipos sanguíneos 
• Doenças hematológicas 
• Análises Clínicas 
• Setores de um Laboratório de Análises Clínicas 
• Bioquímica 
• Hematologia 
• Urinálise e avaliação do sedimento urinário 
• Hormonologia 
• Imunologia 
• Microbiologia 
• Parasitologia 
• Anatomia patológica 
• Coleta de amostras biológicas 
• Características para rejeição de amostras biológicas 
• Bibliografia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
INTRODUÇÃO: FISIOLOGIA DO CORPO HUMANO E HOMEOSTASE 
 
A Fisiologia estuda as funções de todos os organismos vivos, e a Fisiologia humana se 
dedica a estudar, compreender e explicar o funcionamento do corpo humano. 
Dentro da Fisiologia existem o mecanismo e a finalidade. O Mecanismo aborda como 
ocorre um processo (ou vários processos), e a Finalidade explica o objetivo dos 
mecanismos corporais. 
O corpo humano é observado como sendo uma máquina repleta de mecanismos, e 
esses podem e devem ser analisados em suas causas e consequências. Por exemplo: 
Por que o corpo treme quando sente frio? Fisiologicamente, as células nervosas que 
detectam alterações na temperatura (tanto ambiente quanto corporal) sinalizam 
quando ocorre uma queda de temperatura e enviam ao cérebro a informação sobre 
esse fato. Essa área cerebral ativa caminhos do sistema nervoso que promovem 
contração muscular na pele, que são os tremores. Vemos nesse exemplo uma íntima 
relação entre estrutura e função, algo totalmente corriqueiro na Fisiologia. 
A anatomia está intrinsecamente correlacionada à Fisiologia, pois através do estudo 
dos órgãos e dos organismos é possível compreender os mecanismos fisiológicos do 
corpo. Sendo assim, durante o estudo fisiológico, a abordagem dos aspectos 
anatômicos contribui para a compreensão dessa ciência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
HOMEOSTASE 
É a capacidade que tem um organismo vivo em regular, equilibrar e sempre tentar 
equilibrar situações que podem promover instabilidade fisiológica, ou seja, a 
homeostase é um trabalho de constante promoção de estabilidade em todas as 
funções corporais, sejam essas funções a nível intracelular ou a nível extracelular. A 
regulação da pressão arterial é um exemplo de homeostase, dentre tantos outros. 
Portanto, Homeostase é o trabalho de promover equilíbrio em todas as demandas 
corporais. 
O fisiologista francês Claude Bernard utilizou esse termo pela primeira vez em 1865, ao 
afirmar que os mecanismos vitais possuem a única finalidade de promover constância 
fisiológica, tanto interna quanto externamente ao corpo humano. Anos depois o termo 
Homeostase passou a ser amplamente empregado para tratar da regulação 
homeostática do corpo humano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DO CORPO HUMANO 
O nosso corpo é uma unidade funcional constituída de níveis de organização, e tais 
níveis trabalham tanto separadamente quanto em conjunto com o mesmo objetivo: 
viabilizar a vida. 
Nível celular: tem a célula como sua unidade principal, que é a menor unidade 
habilitada a promover processos fisiológicos para a manutenção da vida no corpo. A 
célula é formada por: 
- Membrana plasmática: barreira que separa o conteúdo celular de todos os demais 
conteúdos extracelulares, e que também é responsável por controlar a troca de 
materiais, tanto de dentro para fora quanto de fora para dentro da célula. 
- Núcleo: local onde se encontra o material genético, que é o DNA. 
- Citoplasma: guarda substâncias químicas importantes para a manutenção da vida 
celular, além de ser também responsável pela sustentação esquelética através do 
citoesqueleto. 
- Organelas: cada qual com suas funções. São elas: mitocôndrias, retículo 
endoplasmático, lisossomos, peroxissomos, complexo de Golgi, vacúolos e centríolos. 
Nível químico: formado por átomos de hidrogênio, oxigênio, carbono, nitrogênio, que 
somados, constituem 96% da parte química corporal. Esses átomos se combinam e 
formam moléculas essenciais à vida, como carboidratos, proteínas, ácidos nucleicos, 
gorduras, dentre outros. Todos esses componentes químicos são imprescindíveis para 
a preservação da vida. 
Nível tecidual: os tecidos do corpo humano são agrupamentos celulares com funções 
pré-determinadas. 
- Tecido muscular: produz movimento através de sua contração. Esse tecido é dividido 
em músculo cardíaco (bombeia o sangue), músculo liso (controla o movimento de 
conteúdos, como o movimento dos alimentos, por exemplo) e músculo esquelético 
(move o esqueleto). 
5 
 
- Tecido epitelial: suas células participam ativamente na troca de materiais entre esse 
tecido e o ambiente ao seu redor. O tecido epitelial é dividido em glândulas secretoras 
(liberam, através de estímulo, produtos produzidos pela célula) e em lâminas epiteliais 
(revestem diversas partes do corpo, como a nossa pele, por exemplo). 
- Tecido nervoso: suas células dão início e transmitem impulsos elétricos que levam 
informações a toda e qualquer parte do corpo. Tais sinais são necessários na 
coordenação, na comunicação e no controle corporal. O tecido nervoso está presente 
na medula espinhal, no cérebro, nos órgãos sensoriais e nos nervos. 
- Tecido conectivo: faz conexão e oferece apoio a várias estruturas corporais. Um 
exemplo de tecido conectivo pode ser visto na união entre músculos e ossos. 
Nível dos órgãos: cada órgão realiza suas funções determinadas, de forma a promover 
o bom funcionamento tanto local quanto sistêmico. Um órgão que apresenta algum 
problema certamente trará prejuízos a pelo menos uma função essencial à vida. 
Nível do sistema: o agrupamento de órgãos é denominado sistema, e cada sistema é 
composto por órgãos que possuem funções relacionadas, interagindo e 
proporcionando a perfeita execução de uma determinada atividade. Um exemplo de 
sistema: boca, glândulas salivares, esôfago, estômago, fígado, vesícula biliar, pâncreas, 
intestinos grosso e delgado, em conjunto, quebram os alimentos em pequenas 
porções, que são absorvidas e distribuídas para todo o corpo através do sangue. 
Ao todo, temos os sistemas digestório, circulatório, respiratório, esquelético, urinário, 
tegumentar, muscular, nervoso, endócrino, imunitário e reprodutivo. 
Nível do organismo: a soma das atividades de todos os órgãos e sistemas resulta no 
nível do organismo. É impossível, por exemplo, que um problema no sistema nervoso 
não afete o bom funcionamento dos demais sistemas. Os processos fisiológicos 
influenciam e são influenciados mutuamente entre os sistemas. 
 
 
 
6 
 
EXAME FÍSICO, ANAMNESE E SEMIOLOGIA 
Diante de um ou mais sintomas, é normal e até mesmo necessário que seja realizado 
um atendimento médico, a fim de averiguar a causa de tais sintomas. Para tanto, é 
preciso que o paciente se submeta a uma avaliação médica, na qual o profissional irá 
fazer perguntas e também fará uma avaliação física, a fim de encontrar o agente 
causador do transtorno. O ato do exame clínico é formado pela observação médica, na 
qual ocorre o relato do paciente sobre sua história clínica, e pelo exame físico. 
Semiologia é o estudo dos sinais e dos sintomas relatados pelo paciente ao médico. É 
importante observar a diferença entre sinais, sintomas e quadro clínico: 
Sinais: conjunto de características do mal que está acometendo o paciente, e que são 
observados pelo médico até mesmo quando o paciente, por algum motivo, não relata 
o que está sentindo. Exemplos: edema, febre, lesões. 
Sintomas: conjunto de características analisadas e presentes de forma subjetiva, que 
devem ser relatadas para que o médico saiba da sua presença e da sua intensidade. 
Exemplos: mal-estar, dor, azia, sensibilidade à luz, angústia, medo. 
Quadro clínico: também conhecido como sintomatologia,é o quadro de sintomas e de 
sinais que são característicos em um determinado problema. Exemplo: dor e demais 
consequências advindas da DTM (Disfunção Temporomandibular). 
Já a anamnese é o momento em que o médico realiza uma entrevista com perguntas 
direcionadas ao paciente, visando iniciar um diagnóstico, e é também o momento da 
consulta onde se estabelecem a queixa, a história da queixa, a identificação do 
paciente, os hábitos e os fatores sociais e econômicos que podem interferir no quadro 
apresentado durante a consulta, bem como o levantamento dos antecedentes 
familiares que podem ter influência no problema. Sendo assim, podemos dizer que a 
anamnese tem grande importância, pois nela o médico pode descrever uma hipótese 
diagnóstica com mais propriedade, bem como pode determinar a melhor conduta a 
ser tomada, para o melhor desfecho possível. 
O exame físico é realizado após a anamnese, e pode ter o emprego de aparelhos como 
o termômetro, o oxímetro, o estetoscópio, o esfigmomanômetro, dentre outros, por 
7 
 
exemplo. Durante o exame físico, o médico pode auscultar, apalpar, analisar 
visualmente, sempre buscando avaliar melhor um determinado órgão que pode 
apresentar alterações. Nesse momento, o médico também avalia a hidratação, a 
orientação, o nível de consciência, os sinais vitais, a dicção do paciente. 
Realizada essa primeira etapa do atendimento, caso seja necessário, o médico 
encaminha o paciente para exames, que podem ser laboratoriais ou de imagem. Esses 
exames têm a função de mostrar de forma mais clara a causa do mal que acomete o 
paciente. É comum também que o paciente seja encaminhado para a administração de 
medicamentos, sejam por via endovenosa, oral, intramuscular, subcutânea, por 
inalação, a fim de diminuir ou até mesmo erradicar a dor ou o mal estar que o acomete 
no momento. Outra possibilidade ao término do atendimento médico é o paciente 
receber prescrição de medicamentos para uso domiciliar por um determinado período. 
Em outros casos é necessária uma investigação mais profunda, na qual o paciente deve 
procurar atendimento ambulatorial para receber um acompanhamento médico de 
maior prazo. Um paciente que sofre uma fratura, por exemplo, precisará não apenas 
de medicamentos no pronto atendimento, e sim o uso de prótese imobilizadora, além 
do uso de medicamentos em domicílio e um retorno ao hospital / clínica, no prazo 
determinado, para a retirada da prótese e para a avaliação médica após o período da 
imobilização, e para a reavaliação após o uso dos medicamentos prescritos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
FISIOLOGIA RENAL 
Nas ciências responsáveis por estudar o corpo humano (sejam as medicinais, as 
biológicas, as farmacêuticas, as biomédicas...) a fisiologia renal estuda os rins, que 
trabalham em conjunto com o sistema urinário e tem funções de suma importância na 
homeostase, tais como: 
- Manutenção e regulação do pH plasmático, a fim de preservar seu potencial 
hidrogeniônico; 
- Filtração sanguínea; 
- Produção e secreção de determinados hormônios que agem na produção eritrocitária 
e que também auxiliam na regulação da pressão sanguínea através do sistema renina – 
angiotensina – aldosterona; 
- Regulação do líquido extracelular, visando a normalidade da pressão sanguínea; 
- Eliminação de subprodutos de processos metabólicos, que não são mais necessários 
ao organismo; 
- Manutenção do equilíbrio de íons; 
- Controle da concentração de solutos e de eletrólitos. 
Os rins são compostos de Córtex (camada externa) e Medula (camada interna). A 
Medula renal é formada por néfrons, estruturas que filtram o sangue e produzem a 
saliva. 
Durante a filtração, o plasma sai do glomérulo para a cápsula de Bowman, e de todo 
plasma filtrado pelos néfrons, uma porção é enviada para os vasos capilares. Essa troca 
entre capilares e cápsulas não requer muita seletividade, no entanto, os poros 
capilares aceitam a passagem de alguns componentes do plasma, exceto as células do 
sangue. Existe na lâmina basal uma fenda responsável pela filtração, que não aceita 
que proteínas passem para a cápsula. 
9 
 
Esse processo de filtração que ocorre nos glomérulos é realizado sob três forças de 
pressão: gradiente de concentração (o solvente passa do local menos concentrado 
para o mais concentrado), hidrostática (força do sangue na parede capilar), e travessia 
do líquido para os capilares (pressionando as paredes da cápsula para impedir a 
entrada de mais líquido). 
Desta forma, os rins controlam a filtração e equilibram tanto a entrada quanto a saída 
de líquidos, promovendo uma autorregulação de suas funções. Depois dessas etapas, o 
filtrado glomerular passa pelo túbulo proximal, pela alça de Henle, pelo túbulo distal, 
pelo túbulo coletor e pelo ducto coletor. Por fim, é eliminado na forma que 
conhecemos e chamamos de urina. De todo o líquido filtrado, apenas 1% é eliminado, 
e o restante é reabsorvido. A urina, portanto, é formada depois das fases de filtração, 
reabsorção e secreção, que será enviada para a bexiga, de onde será eliminada no 
momento da micção. 
A reabsorção ocorre nos túbulos, por isso é denominada reabsorção tubular, e ela se 
dá através de mecanismos ativos e passivos. A reabsorção da água se dá por osmose, 
que é um processo de transporte passivo, e a reabsorção do cloreto e da ureia ocorre 
por difusão passiva. 
Os mecanismos ativos são classificados em primário (como no caso da bomba de sódio 
– potássio de ATP) e secundário (utiliza a energia do mecanismo primário). 
O sódio é reabsorvido nos túbulos, e esse processo tem auxílio dos aminoácidos e da 
glicose, que atuam como proteínas transportadoras. 
 
 
 
 
 
10 
 
TIPOS SANGUÍNEOS 
A tipagem sanguínea é caracterizada por dois fatores 
a) imunológicos dos eritrócitos quando os mesmos se encontram na presença de 
determinados antígenos na superfície eritrocitária; 
b) presença de anticorpos (naturais ou adquiridos pelas imunidades natural e 
adquirida respectivamente) contra grupos sanguíneos diferentes do seu grupo 
sanguíneo. Atualmente se sabe que há mais de 30 grupos sanguíneos 
importantes numa transfusão, dentre eles, os maiores são os pertencentes ao 
sistema ABO (Tipo A, Tipo B, Tipo O e Tipo AB), além do sistema Rh. 
A expressão de antígenos na superfície eritrocitária é realizada pelo lócus ABO do 
cromossomo 9, pois esse cromossomo apresenta 3 genes alelos (genes A, B e O) que 
realizam a expressão de seus respectivos antígenos. 
O grupo ABO apresenta anticorpos naturais sintetizados pelo corpo: os anticorpos anti-
A e anti-B. Uma pessoa do grupo A sintetiza anticorpos anti-B, e uma pessoa do grupo 
B sintetiza anticorpos anti-A. Já a pessoa do grupo AB não sintetiza esses anticorpos, 
visto que apresenta a expressão desses dois antígenos na superfície das hemácias. 
Existem outros tipos sanguíneos já conhecidos, porém, são considerados raros. São 
eles: Duffy, MNSs, Kidd, Bombay, Lewis, que necessitam da correta classificação para 
que não ocorra qualquer reação transfusional, como no caso da doença hemolítica no 
fator Rh. 
O fenótipo Bombay, por exemplo, é um grupo sanguíneo hh, descoberto na Índia, 
cidade de Bombaim. Suas hemácias não possuem os tradicionais antígenos ABO. 
O fator Rh é formado por antígenos C,c,D,d,E,e que se encontram na superfície das 
hemácias. Se uma pessoa expressa o antígeno D, a mesma possui fator Rh positivo, e 
se uma pessoa não expressa o antígeno D, e sim o antígeno d, ela possui fator Rh 
negativo. O fator Rh positivo é o mais prevalente na população, com uma 
porcentagem em torno de 85%. 
11 
 
O paciente que não apresenta um desses antígenos na superfície das hemácias passa a 
produzir tais antígenos ao entrar em contato com sangue de outra pessoa que possua 
esses antígenos, como é o caso de gestações (onde há contato entre o sangue da mãe 
e do feto) e das transfusões sanguíneas. 
Compatibilidade sanguíneaDiante da necessidade de uma transfusão, é preciso que a seleção dos componentes 
sanguíneos passe por testes de compatibilidade no sistema ABO, e se o paciente for Rh 
negativo, é necessário que também seja realizado o teste de compatibilidade do fator 
Rh entre os antígenos do sangue a ser transfundido e os anticorpos que estão no 
plasma do receptor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
DOENÇAS HEMATOLÓGICAS 
- Anemia falciforme: hemoglobinopatia onde ocorre uma mutação que provoca 
alteração estrutural na hemoglobina, que passa a formar agregados e também passa a 
apresentar formato diferente do normal, levando a hemácia a ter formato de foice (daí 
veio a nomenclatura falciforme). É um formato curvo e longo, fazendo com que as 
hemácias tenham dificuldade em seu deslocamento nos capilares e nas arteríolas e 
provocando obstrução na circulação sanguínea e dor disseminada. Essa obstrução na 
circulação também acarreta o impedimento do transporte de oxigênio e de nutrientes 
presentes no sangue. O tempo médio de vida de uma hemácia é entre 90 a 120 dias, 
porém, na anemia falciforme, esse prazo cai para 20 dias. 
Seu tratamento propõe acompanhar as obstruções, administrar medicamentos que 
diminuem a velocidade em que tais obstruções ocorrem e medicamentos analgésicos, 
infundir sangue e transplantar medula óssea em pacientes que precisem desse 
recurso. Os principais sintomas são desânimo, fraqueza, palidez. 
- Anemia ferropriva: classificada como anemia hemolítica, onde ocorre diminuição na 
vida média das hemácias. Sua causa, como o nome sugere, é a carência de Ferro, que 
pode ocorrer por hemorragias, por problemas na absorção do Ferro ou por ingestão 
insuficiente. Alimentos como carne, peixe, frango e vegetais são ricos em Ferro. 
O tratamento consiste em adotar dieta alimentar rica em Ferro e em suplementação 
endovenosa a critério médico, por um determinado prazo. 
- Talassemia: hemoglobinopatia na qual existe uma mutação que acarreta na 
deficiência de produção das cadeias polipeptídicas da hemoglobina, e essa 
característica leva a uma produção alterada de hemoglobina nos valores de referência, 
resultando na anemia. 
Por ter origem genética, a Talassemia não pode ser transmitida a outras pessoas e 
também não pode ser resultado de carências de nutrientes. Os sintomas clínicos mais 
comuns são anemia, palidez, crescimento atrasado, fadiga, respiração ofegante, 
13 
 
sistema imune debilitado, apetite reduzido, irritabilidade. Esses sintomas variam de 
acordo com a gravidade do quadro. Com o passar dos anos, o paciente também pode 
apresentar sequelas como icterícia, problemas no coração, ossos, baço e fígado. O 
tratamento pode necessitar de dieta exclusiva para cada caso, visto que existe mais de 
um tipo dessa desordem, além de transfusões de sangue em intervalos regulares. 
- Alfa Talassemia: apresenta diminuição ou até ausência da síntese das cadeias alfa da 
hemoglobina, sendo subdividida em: 
1 – Traço alfa talassêmico: anemia leve, pois ocorre diminuição de uma cadeia alfa-
globina; 
2 – Síndrome da hidropsia fetal na hemoglobina Bart´s: subtipo grave, onde todas as 
cadeias alfa estão ausentes, ocasionando na morte ainda durante a gestação; 
3 – Doença da hemoglobina H: ausência da síntese de 3 cadeias alfa, por esse motivo, 
é classificada como uma das formas graves de Talassemia. 
- Beta Talassemia: apresenta diminuição ou até ausência da síntese das cadeias beta 
da hemoglobina, sendo subdividida em: 
1 – Traço beta talassêmico (ou Talassemia menor): o paciente não tem sintomas e só 
descobre a doença em exames de sangue, por esse motivo, é aconselhável que se faça 
acompanhamento e o uso de ácido fólico para prevenir anemia; 
2 – Beta Talassemia intermediária: acarreta na presença de anemia nas formas leve, 
moderada ou grave, levando o paciente a necessitar de transfusão sanguínea; 
3 – Beta Talassemia maior: forma mais grave da Beta Talassemia, onde a produção das 
cadeias beta globinas são ausentes, levando o paciente a precisar de transfusões de 
sangue de forma regular, para evitar anemias intensas. Já nos primeiros anos de vida 
os sintomas surgem, sendo os mais comuns: proeminência óssea na face, 
desalinhamento dos dentes, aumentos dos órgãos do abdome, causados pela 
14 
 
esplenomegalia, palidez, forte cansaço, irritabilidade, sonolência, fadiga, atraso no 
crescimento, magreza. 
O diagnóstico é laboratorial e envolve os exames de hemograma, eletroforese de 
hemoglobina e testes genéticos. É importante ressaltar que o teste do pezinho não 
detecta essa doença, pois nos primeiros meses de vida, a hemoglobina não apresenta 
deficiência e nem ausência na produção das cadeias alfa e beta. 
O tratamento das Talassemias varia de acordo com sua classificação e precisa de 
acompanhamento médico constante, para tentar, sempre que possível, evitar 
complicações como anemia, osteoporose, cálculos na vesícula, problemas renais, 
deformidades ósseas, problemas cardíacos, trombose e deformidades nos dentes. 
LEUCEMIA 
Desordem sanguínea grave, onde os leucócitos perdem sua função de defender o 
organismo e passam a ser sintetizados de forma descontrolada e muito acima dos 
valores normais. Existem dois tipos de Leucemia: mieloide e linfoide. Dentro dessas 
duas formas, existem subdivisões. Uma leucemia pode ser aguda (quando as células 
imaturas apresentam rápido crescimento) ou crônica (quando as células imaturas 
apresentam apenas o crescimento anormal). 
- Leucemia Mieloide Crônica (LMC): em geral, acomete adultos a partir de 50 anos, 
apresentando alteração genética nos leucócitos no cromossomo Philadelphia e uma 
translocação (união de parte de um cromossomo com parte de um outro 
cromossomo), gerando o surgimento do gene BCR-ABL, gene esse característico da 
LMC. 
O paciente pode apresentar hematomas em qualquer parte do corpo, aumento do 
baço, palidez, fadiga, perda de peso, mal estar. 
O tratamento pode envolver o uso de quimioterápicos, como o Mesilato de Imatinibe, 
o Dasatinibe ou o Nilotinibe, por exemplo, além da terapia alvo, que ataca somente as 
15 
 
células portadoras da doença, com a vantagem de apresentar poucos efeitos colaterais 
e proporcionar maior qualidade de vida ao paciente. 
- Leucemia Mieloide Aguda (LMA): acomete qualquer faixa etária, porém tem maior 
probabilidade de ser diagnosticada em pacientes acima de 65 anos. Nela ocorre 
produção exacerbada de células jovens, os mieloblastos, obstruindo a produção das 
demais células sanguíneas. Esse tipo de leucemia é subdividido em grupos que vão de 
M0 a M7, conforme o desenvolvimento celular. De M0 a M5 o diagnóstico é nos 
leucócitos imaturos, em M6 o diagnóstico é nas hemácias e em M7 o diagnóstico é nas 
células precursoras das plaquetas. 
M0: Leucemia mieloblástica aguda não diferenciada; 
M1: Leucemia mieloblástica aguda com mínimo amadurecimento celular; 
M2: Leucemia mieloblástica com amadurecimento; 
M3: Leucemia Promielocítica aguda (ou LPA); 
M4: Leucemia mielomonocítica aguda (ou LMMA); 
M4 EOS: Leucemia mielomonocítica com eosinofilia; 
M5: Leucemia monocítica aguda; 
M6: Leucemia eritróide aguda; 
M7: Leucemia megacarioblástica aguda. 
Os sinais mais corriqueiros nessa Leucemia são redução de peso, febre, fraqueza, dor 
óssea, sangramentos, hematomas, fadiga, infecções recorrentes. 
O tratamento envolve o emprego de quimioterapia e o transplante de medula óssea 
de um doador compatível (transplante alogênico). 
16 
 
- Leucemia Linfoide Crônica (LLC): nesse caso, os linfócitos cessam sua função de 
proteção do organismo. É uma forma crônica por provocar crescimento desajustado de 
linfócitos B maduros, mas não há empecilho na síntese de novas células normais, ou 
seja, a medula óssea produz linfócitos B maduros de forma desordenada e também 
produz células saudáveis como antes. 
É necessário acompanhamento médico para avaliar se há a necessidadede 
tratamento. 
A LLC também tem tipos raros (subtipos), nos quais há desordem na produção dos 
linfócitos T, como na Leucemia Prolinfocítica, Tricoleucemia e Leucemia de linfócitos 
grandes granulares. 
- Leucemia linfoide aguda (LLA): é um tipo que evolui de forma rápida e que pode 
acometer tanto adultos quanto crianças. Os linfoblastos, que são células jovens, não 
exercem mais sua função de combater infecções e passam a apresentar reprodução 
desenfreada na medula óssea. 
O paciente apresenta dor nos ossos, nas articulações, cansaço, aumento no baço e nos 
linfonodos, sonolência, palidez, sangramentos, hematomas e infecções recorrentes. 
O tratamento atual envolve transfusão de sangue quando necessário, quimioterapia, 
terapia alvo quando o paciente tem o cromossomo Philadelphia, e transplante de 
medula óssea. 
- Tricoleucemia: acomete as células pilosas (células cabeludas), com crescimento lento 
e é considerada uma leucemia rara. Seu nome é pela característica peculiar das 
células, que apresentam formato de cabelo na análise microscópica. 
- Leucemia Prolinfocítica: apresenta formas jovens (imaturas) dos linfócitos B ou T, 
com chance de ser uma leucemia mais agressiva do que a leucemia linfoide crônica 
tradicional. Mesmo com tratamentos, é um tipo de leucemia que pode ter recidiva. 
17 
 
- Leucemia de linfócitos grandes granulares: como o nome sugere, acomete os 
linfócitos granulares, apresenta lento crescimento e é de difícil abordagem no 
tratamento. O paciente geralmente apresenta sudorese noturna, falta de ar em 
exercícios físicos, aumento de gânglios (popularmente conhecidos como ínguas), 
infecções recorrentes, perda de peso e cansaço. Seu tratamento é baseado no uso de 
quimioterapia, transplante alogênico de medula óssea e imunoterapia. 
- Leucemia bifenotípica: pode ter seu início nas células que não passaram pela 
diferenciação celular que lhes proporciona as características típicas das linhagens 
linfoide e mieloide. O hemograma apresenta o distúrbio tanto nessa fase das células 
imaturas quanto nas células já maduras, sejam elas de uma ou outra linhagem. Esse 
tipo de leucemia é raro e muito agressivo. 
O paciente sente dor óssea, apresenta hematomas, febre, sangramentos, redução de 
peso, palidez, fraqueza, infecções recorrentes, cansaço. 
O tratamento é quimioterápico e em alguns casos é necessário o transplante de 
medula óssea. 
- Leucemia mielomonocítica crônica (LMMC): disfunção da medula óssea, que 
apresenta falência na produção de células de ambas as linhagens, por isso é também 
denominada Síndrome Mielodisplásica. Os monócitos passam a se reproduzir de 
forma desenfreada e não exercem mais sua função de proteção do organismo. Muitos 
casos acabam se tornando num quadro de LMA (leucemia mieloide aguda), por ter a 
presença de blastos, que são leucócitos jovens, na circulação sanguínea. 
Os sintomas mais comuns são fadiga, palidez, anemia, hemorragias, falta de ar, 
infecções recorrentes e hematomas. 
O tratamento se dá por quimioterapia e por transplante alogênico de medula óssea. 
- Leucemia mielomonocítica juvenil (LMMJ): geralmente acomete crianças com menos 
de dois anos, sendo um tipo de leucemia muito agressivo. 
18 
 
Os sintomas em geral são tosse, sangramentos, febre, falta de ar, palidez, lesões na 
pele, aumento do fígado e do baço. 
Atualmente o tratamento viável é o transplante de medula. 
- Leucemia / Linfoma de células T: se desenvolve através da infecção pelo vírus HTLV-
1, que afeta os linfócitos T, células responsáveis pela defesa do corpo. Esse tipo de 
câncer é classificado como linfoma leucêmico agudo, linfoma crônico, linfoma sem 
sintomas, onde as características auxiliam no diagnóstico clínico, que também conta 
com o auxílio importante do diagnóstico laboratorial. É um tipo raro de desordem 
hematológica, no qual os pacientes que apresentam os tipos mais agressivos 
(leucêmico agudo e linfoma crônico) podem apresentar lesões na pele, 
esplenomegalia, lesões nos ossos, linfonodos aumentados nas axilas, virilhas e 
pescoço, infiltração pulmonar e infecções recorrentes. 
Em relação ao diagnóstico, é de suma importância a realização de biópsia medular, 
hemograma, exames de imagem, mielograma, citometria de fluxo e cariótipo e 
citogenética molecular (conhecida também como FISH). 
No tratamento há a indicação de quimioterapia, uso de antivirais combinados com 
Interferon e o transplante de medula óssea. 
- Leucemia eosinofílica crônica (LEC): neste tipo de leucemia ocorre exagerada 
produção de eosinófilos pela medula óssea, sendo algo mais encontrado em homens a 
partir de 40 anos. Os sintomas mais comuns são cansaço, tosse, febre, diarreia, prurido 
na pele, mialgia, baço aumentado e anemia. 
O tratamento é realizado com o uso de Mesilato de Imatinibe. 
 
 
 
 
19 
 
ANÁLISES CLÍNICAS 
É recomendação médica que ao menos uma vez ao ano exames laboratoriais sejam 
realizados, como forma de prevenir possíveis diagnósticos precoces em doenças que 
podem ser melhor controladas quando descobertas ainda no início de seu 
desenvolvimento. Porém muitos pacientes só buscam realizar esse check up quando 
sentem que algo em seu organismo não está bem. 
É possível observar que os exames laboratoriais são uma ferramenta que permite uma 
avaliação mais precisa sobre a saúde do paciente e os próximos passos quando um 
tratamento é necessário. 
Quando o paciente precisa passar por exames laboratoriais, o mesmo deve se dirigir a 
um laboratório, seja ele independente ou localizado dentro de um hospital ou de uma 
clínica. No laboratório, o paciente passará pela recepção e logo após será submetido à 
coleta das amostras biológicas solicitadas pelo médico. Realizada essa coleta, o 
material biológico será encaminhado aos devidos setores para que seja analisado. Em 
alguns casos, a coleta do material pode ser realizada no lar do paciente, no seu local de 
trabalho ou em um posto de coleta que lhe for conveniente. Sendo assim, o paciente 
está utilizando o serviço prestado pelas Análises Clínicas, que abarca uma gama de 
exames que investigam possíveis doenças e auxiliam a equipe médica a descrever um 
parecer mais específico sobre a saúde do paciente. 
Vários são os tipos de amostras biológicas coletadas pela equipe de Análises Clínicas: 
sangue, fezes, urina, esperma, saliva, líquido sinovial, fragmentos teciduais, líquido 
cefalorraquidiano, dentre outros. Cada amostra é analisada em setores especializados 
dentro do laboratório. Dentre esses setores, podemos destacar: bioquímica, 
hematologia, imunologia, uroanálise (ou urinálise), parasitologia, microbiologia e 
hormônios (ou hormonologia). 
 
 
 
20 
 
SETORES DE UM LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS 
Vamos ver agora alguns dos setores de um laboratório de análises clínicas e o que 
esses setores realizam em suas rotinas. 
BIOQUÍMICA: 
Analisa os materiais biológicos e investiga se há algum desequilíbrio nos processos 
metabólicos do organismo do paciente. Por exemplo: um paciente portador de 
diabetes precisa fazer periodicamente o exame bioquímico que analisa sua taxa de 
glicose, de colesterol e de triglicerídeos, a fim de ajustar, se necessário, a dosagem dos 
medicamentos de uso contínuo. 
A bioquímica analisa o metabolismo corporal, e a bioquímica clínica utiliza os dados 
levantados na investigação para encontrar alterações a nível molecular, que podem 
estar contribuindo para o surgimento de doenças, síndromes ou distúrbios 
passageiros. 
Os exames mais solicitados na bioquímica são: bilirrubinas, ácido fólico, cálcio, alanina 
aminotransferase, colesterol, glicose, creatinina, cloro, CKMB, curva glicêmica, HDL, 
LDL, VLDL, ferritina, fosfatase, gama GT, clearance de creatinina, TGO, TGP, proteínas. 
Neste setor, as amostras biológicas são analisadas nos seguintes aspectos / 
componentes: 
- Densidade: quando está abaixo do normal, aponta para hidratação endovenosaintensa, diabetes, hipotermia, hipertensão ou quadro de insuficiência renal. Já a 
densidade acima do normal indica insuficiência cardíaca, desidratação, diabetes 
mellitus, dentre outros problemas que alteram a capacidade renal em concentrar a 
urina. 
- pH: importante para constatar a presença de doenças renais que alteram 
sensivelmente todas as fases do sistema renal (excreção, absorção, reabsorção...), bem 
como a fisiologia relacionada à secreção de bases e de ácidos. Quando valores 
21 
 
elevados são constatados, o paciente pode estar passando por um quadro de 
nefrolitíase (popularmente conhecida como cálculo renal ou pedra nos rins), cistite, 
infecção urinária, dentre outros transtornos. Já o pH em valores menores aponta para 
alto consumo de proteínas, quadros diarreicos intensos, infecção intestinal ou também 
perda de potássio. 
- Glicose: quando o sistema renal não tem problemas em sua fisiologia, a glicose não é 
encontrada na urina, portanto, o contrário (que é a presença de glicose na urina) 
significa alterações, como diabetes, por exemplo. 
- Proteína: o normal é que não esteja presente na urina, mas quando encontrada, 
indica diabetes ou alguma doença na fisiologia renal. 
- Bilirrubina: é o produto final do metabolismo da hemoglobina, e é também o 
responsável pela coloração amarela da urina. Quando encontrado em valores 
aumentados indica problemas a nível hepático (como num quadro de cirrose hepática) 
ou a nível biliar (como por exemplo a obstrução das vias biliares); nesses quadros pode 
estar ocorrendo hemólise, ou o sangue pode estar sendo extravasado para os tecidos, 
causando icterícia. Esse problema pode necessitar de intervenção medicamentosa. 
- Urobilinogênio: assim como a bilirrubina, essa substância também é produto do 
metabolismo da hemoglobina, e se for encontrada em valores fora do habitual, pode 
indicar hemólise ou alguma doença hepática, como a cirrose por exemplo. 
- Hemoglobina: não se encontra na urina em um organismo livre de determinados 
problemas de saúde. Portanto, se for constatada na urina, significa que algum 
problema está ocorrendo, como no caso da nefrolitíase, da pielonefrite, da infecção 
urinária, dentre outros. O uso de cateter também pode provocar sangramento no 
canal. 
- Nitrato: em um sistema renal saudável, o nitrato não é detectado na urina, porém, se 
isso ocorrer, indica a presença de uma infecção de origem bacteriana. 
22 
 
Vamos observar os biomarcadores analisados na Bioquímica, de acordo com sua 
função: 
Função hepática: Aspartato aminotransferase, Albumina, Bilirrubinas, Fosfatase 
alcalina; 
Função cardíaca: Homocisteína, Creatinoquinase, Mioglobina, Troponinas; 
Metabolismo de glicose: Lactato, Insulina, glicemias (jejum e pós-prandial), 
Hemoglobina glicada; 
Função renal: Proteinúria 24 horas, Uréia, Urina, Creatinina; 
Função tireoidiana: TSH, T3 total, T4 total, T4 livre. 
Fase aguda: VHS, PCR, TNF, Interleucinas; 
Metabolismo de lipídeos: Apo A, Apo B, Colesterol total, Lipoproteína de alta e baixa 
densidade; 
Equilíbrio de eletrólitos: Cloreto, Sódio, Magnésio, Potássio; 
Metabolismo ósseo: Vitamina D, Ferro, Cálcio, Paratormônio; 
Eletroforese de proteínas: Alfa, Beta e Gama globulinas, Albumina. 
Equilíbrio ácido-básico: íons bicarbonato, pH, pressão parcial de Oxigênio e de Gás 
carbônico; 
Função reumática: FAN, P-anca, C-anca, fator reumatoide, anticoagulante lúpico; 
Metabolismo do Ferro: Transferrina, Ferro sérico, Hemossiderina; 
Anemias: vitamina B12, Homocisteína, ácido fólico, ácido metilmalônico; 
Função pancreática: amilase, lipase; 
23 
 
LCR: glicose, lactato, cloretos, proteínas totais; 
Desnutrição: transferrina, proteína transportadora de retinol, albumina, balanço 
nitrogenado; 
Função pulmonar: D-dímero, alfa-1-antitripsina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
HEMATOLOGIA 
É o setor que analisa os componentes sanguíneos. Dentre todos os exames, o 
hemograma é o mais solicitado, visto que o sangue demonstra alterações diante de 
desordens no organismo. Uma leucocitose, por exemplo, pode significar que o corpo 
está combatendo uma infecção. Mas antes, vamos estudar o conceito dos 
componentes sanguíneos, pois assim podemos compreender muitas patologias. 
- Hemoglobina (Hb): proteína presente nos eritrócitos (hemácias). Sua função é levar o 
oxigênio dos pulmões para o corpo. Quando chega aos pulmões, o oxigênio migra para 
a corrente sanguínea e se conecta aos átomos de Ferro que estão presentes nos 
grupos Heme. A hemoglobina é formada por cadeias globinas alfa, beta, gama ou 
delta, e por subunidades polipeptídicas, e essas subunidades apresentam um 
elemento denominado grupo Heme. 
- Eritrócitos: são as hemácias, a série vermelha do sangue. 
- Eritrocitose: valor aumentado do hematócrito. Essa condição também é denominada 
Policitemia. A viscosidade sanguínea é maior que o normal e causa diminuição do fluxo 
sanguíneo no organismo. As causas mais comuns são tumores, mutações genéticas e o 
uso de esteroides classificados como androgênicos. No quadro de eritrocitose, o 
paciente pode ter sintomas como presença de sangue na urina (hematúria), convulsão, 
hemorragia na retina (dentre outros problemas na acuidade visual), fraqueza, 
sangramentos pelo rompimento de vasos. O tratamento envolve o uso de 
medicamentos que diminuem a concentração de hemácias na corrente sanguínea. 
- Eritropenia: valor eritrocitário menor que o normal. Nessa condição, as hemácias 
(eritrócitos / glóbulos vermelhos) estão sendo produzidos pela medula óssea em 
quantidade insuficiente ou estão sendo destruídos precocemente. 
- Grupo Heme: elemento que faz parte da formação da hemoglobina. Apresenta um 
átomo de Ferro que se une ao oxigênio com o objetivo de levar oxigênio aos tecidos. 
Ele é também responsável pela cor vermelha do sangue. 
25 
 
Algumas hemoglobinas podem apresentar anormalidades funcionais ou estruturais, 
como no caso da anemia falciforme, por exemplo, visto que o formato normal da 
hemácia é o de um disco bicôncavo, porém, na anemia falciforme a hemácia tem 
formato de foice ou de meia-lua. 
 
https://medicoresponde.com.br/o-que-e-anemia-falciforme/ 
Existem formas de verificar a concentração de hemoglobina e existem também valores 
de referência de acordo com a faixa etária e com o gênero. 
Crianças (2 – 6 anos): 11,5 a 13,5 g/dL 
Crianças (6 – 12 anos): 11,5 a 15,5 g/dL 
Mulheres: 12 a 16 g/dL 
Gestantes: 11 g/dL 
Homens: 14 a 18 g/dL 
É importante lembrar que os valores podem variar entre os laboratórios. 
Como sabemos, existem situações que promovem alterações nos níveis de vários 
componentes sanguíneos, e quando isso ocorre com a hemoglobina em valores altos, 
pode significar desidratação, Policitemia, uso de cigarro, fibrose ou enfisema 
pulmonar, tumor renal, administração de eritropoetina ou de anabolizantes. Os 
26 
 
sintomas mais comuns são lábios e pontas dos dedos azulados, vertigem, alterações na 
audição e na visão. Quando a hemoglobina se encontra em valores baixos, as causas 
mais comuns são leucemia, anemia, linfoma, cirrose hepática, talassemia, porfiria, 
hipotireoidismo, insuficiência renal, carência de ferro ou de vitaminas, medicamentos 
para tratamentos oncológicos e quadro de síndrome de imunodeficiência adquirida. 
Seus principais sintomas são palidez, cansaço, falta de ar. 
- Hemoglobina glicada: é o resultado da reação entre moléculas de açúcar e 
hemoglobina, e através de um exame laboratorial, é importante para avaliar a glicemia 
média dos últimos noventa dias do paciente, visto que nesse período a hemoglobina se 
une à glicose que está livre no sangue durante o seu tempo de disponibilidade. Esse 
exame auxilia no diagnóstico, no acompanhamento na avaliação da gravidade e no 
tratamento de diabetes. Seu valor habitual é de 5,7%, porém, quando se encontra 
igual ou maior que 6,5% indica diabetes mellitus. 
- Leucócitos:são as células que atuam na proteção do organismo, combatendo 
infecções e alergias e seus agentes causadores, como bactérias, parasitas e vírus. São 
também denominadas de glóbulos brancos e são a série branca do hemograma. Sua 
produção ocorre na medula óssea, e seu valor de referência está entre 3.700 a 
10.000/mm³. 
- Leucocitose: valor aumentado de leucócitos. Infecções, leucemia, tumores, prática 
intensiva de exercícios físicos, gravidez, parto, estresse estão entre as causas mais 
comuns da alteração de leucócitos. 
- Leucopenia: valor diminuído de leucócitos, interferindo diretamente na capacidade 
do corpo em combater infecções. As causas mais comuns nessa alteração são 
quimioterapia, radioterapia, hemorragias, anemia, cirurgias, transplante de medula 
óssea, doenças autoimunes e predisposição genética. 
Quando um hemograma mostra uma leucocitose muito acentuada, é importante que 
haja uma investigação adequada para descartar ou para confirmar um quadro de 
leucemia, doença considerada como o câncer do tecido sanguíneo. Nessa doença é 
27 
 
observada uma proliferação desenfreada e anormal dos leucócitos, fazendo com que 
os mesmos apresentem valores extremamente elevados, como 150.000, por exemplo, 
num exame de sangue. 
Na leucemia, o paciente apresenta fraqueza, sangramentos, febre, hematomas, 
aumento de gânglios linfáticos (popularmente conhecidos como ínguas). O 
sangramento ocorre porque a produção de plaquetas sofre prejuízo. A fraqueza se dá 
pela anemia instalada com a doença, visto que a produção eritrocitária pela medula 
óssea se encontra diminuída. 
- Plaquetas: produzidas na medula óssea, as plaquetas são responsáveis pela 
coagulação do sangue. Seu valor de referência está entre 150.000 e 450.000/µL. 
- Plaquetocitose: também denominada trombocitose, é o aumento do número de 
plaquetas no sangue, que pode ter origem tanto fisiológica quanto patológica. 
Exemplos de situações que podem causar esse distúrbio: tabagismo, uso de 
adrenalina, prática intensa de exercícios físicos, distúrbios na coagulação, trabalho de 
parto, anemias (ferropriva, hemolítica), leucemia, pós-operatórios, neoplasias, 
hemorragia aguda, infecções agudas. 
- Plaquetopenia: é o contrário da plaquetopenia, onde as plaquetas estão em valores 
abaixo do normal. Alguns medicamentos, anemia, carências de nutrientes, doenças 
autoimunes, leucemias podem causar essa alteração. 
- Linfócitos: células formadoras do tecido sanguíneo linfoide, que trabalha na 
manutenção da imunidade. Esse tecido está presente em linfonodos, no baço, nas 
amídalas, na medula óssea e no aparelho digestivo. O corpo possui linfócitos B, T e 
células NK (Natural Killer). 
- Linfocitose: aumento nos valores dos linfócitos, que são as células de defesa do 
organismo. 
- Granulócitos: células de defesa, e seu nome se deve à presença de grânulos em seu 
interior. Tais grânulos possuem enzimas que têm a capacidade de destruir bactérias e 
28 
 
outros microrganismos. Os granulócitos são divididos em basófilos, neutrófilos e 
eosinófilos, cada qual se diferencia em uma leitura microscópica através da coloração 
dos grânulos e do tamanho. 
- Monócitos: auxiliam na defesa do organismo, assim como os granulócitos. Os 
monócitos macrófagos se dirigem para os tecidos e atuam na proteção tecidual. 
- Basófilos: fazem parte da série branca do tecido sanguíneo e agem na detecção e 
destruição de microrganismos e também de vários tipos de câncer em estágio inicial, 
visto que atuam como vigilantes na defesa do organismo. Os basófilos podem, em 
algumas situações, liberar histamina e outros mediadores diante de processos 
alérgicos. 
- Basopenia: diminuição no número de basófilos, que pode ocorrer em casos como 
hipersensibilidade aguda em infecções. 
- Basofilia: aumento no número de basófilos, que ocorre em pacientes portadores de 
hipotireoidismo, em casos de Policitemia vera e em neoplasias mieloproliferativas. 
- Agranulocitose: é a redução ou até mesmo a ausência de leucócitos 
polimorfonucleares na contagem sanguínea. Os sintomas mais comuns são 
sangramento de mucosas, ulceras intestinais e lesões na pele. 
- Eosinófilos: fazem parte da série branca do tecido sanguíneo e atuam na resposta do 
organismo a reações alérgicas, infecções parasitárias e asma. 
- Eosinopenia: é a redução na contagem de eosinófilos, algo que pode ocorrer na 
síndrome de Cushing, no tratamento a base de corticosteroides e em quadros de 
septicemia. 
- Eosinofilia: número elevado de eosinófilos, que ocorre em infecções parasitárias, 
algumas neoplasias malignas, sensibilidade a alguns medicamentos, dermatites, 
linfoma de Hodgkin, leucemia e em processos alérgicos. 
Quando a eosinofilia é muito elevada, o paciente pode apresentar danos em alguns 
órgãos (pulmões, sistema nervoso, pele, coração são os mais afetados), além de 
29 
 
sintomas relacionados ao local afetado. Quadros de colite, esofagite, pneumonia, 
cardiomiopatia, gastrite, enterite, quando são de origem eosinofílica, apresentam 
sintomas de acordo com o órgão afetado. Os sintomas mais tradicionais são febre, 
fadiga, dor torácica, dor estomacal, rash cutâneo, suor noturno, fraqueza, inchaço. 
O tratamento em geral é medicamentoso, envolvendo o uso de prednisona ou de 
fármacos quimioterápicos (como o imatinibe por exemplo), que elevam sensivelmente 
a taxa de sobrevida do paciente. Outra forma de tratar a eosinofilia é através da 
eliminação de eosinófilos do sangue. 
- Plasma: porção que representa 55% do volume total do sangue, formado por água, 
na qual estão presentes sais minerais, açúcares, proteínas e gorduras. É nele que 
circulam os nutrientes importantes para a vida celular. 
- Mioglobina: proteína que, assim como a hemoglobina, se liga ao oxigênio e que tem 
como função acumular oxigênio nas células dos músculos para produzir energia para a 
contração muscular. Devido a sua função, a mioglobina se encontra no citoplasma do 
músculo cardíaco e do músculo esquelético. 
Diante de um episódio de destruição de tecido muscular, a mioglobina apresenta 
valores aumentados na circulação sanguínea, como é o caso da rabdomiólise, da 
insuficiência renal, da isquemia e do infarto do miocárdio. Esses valores podem ser 
detectados num período de uma a duas horas após o surgimento dos sintomas do 
infarto, por exemplo, e tem seu pico num prazo de 12 horas, onde a mioglobina é o 
marcador cardíaco que apresenta alterações antes dos demais. 
Nessa situação, creatinoquinases (CK e CKMB), desidrogenase láctica (DHL), aspartato 
aminotransferase, troponinas (cTnI e cTnT) e mioglobina mostram um aumento 
temporário na circulação sanguínea, nesse prazo, as dosagens séricas mostram que 
todos esses componentes atingem seus picos séricos e voltam aos seus valores 
normais com o passar do tempo, contudo, a dosagem, se realizada o quanto antes, 
auxilia grandemente o atendimento de urgência dos hospitais, tanto em quadros de 
infarto agudo do miocárdio quanto em quadros de rabdomiólise. 
30 
 
- Rabdomiólise: em músculos esqueléticos saudáveis ocorrem processos de troca de 
eletrólitos, metabolismo de ATP (adenosina trifosfato) e é necessário também que a 
membrana plasmática dos miócitos esteja íntegra, porém, na destruição do tecido 
muscular esquelético esses processos fisiológicos se encontram alterados, provocando 
a rabdomiólise, na qual os componentes dos miócitos são liberados para o plasma, 
provocando sintomas como dores musculares (mialgias) na região lombar, 
panturrilhas, ombros e coxas., urina de coloração marrom-avermelhada, febre, 
confusão mental e fraqueza muscular. O diagnóstico se dá pelo exame físico e pela 
confirmação das análises clínicas que detecta a creatinoquinase (CK) com valor em 
torno de 5 vezes acima do normal na circulação sanguínea, presença de mioglobina na 
urina, rápido aumento nos níveis séricos de creatinina, além da constatação de 
hipocalcemia, hipercalcemia,acidose láctica, hiperuricemia e trombocitopenia. 
As causas mais comuns são atividades físicas realizadas de forma intensiva, convulsões, 
choques elétricos, problemas endócrinos (cetoacidose diabética, por exemplo), uso de 
fármacos (ansiolíticos, estatinas, anfetaminas, antipsicóticos, antibióticos), ingestão de 
álcool, uso de cocaína, infecções (S. aureus, influenza A e B), desequilíbrio de 
eletrólitos (hipofosfatemia, hipopotassemia), hipotermia, insolação e doenças 
genéticas. O tratamento deve ser realizado imediatamente, com administração de 
hidratação endovenosa e de administração de medicamentos quando ocorrerem 
complicações, principalmente no sistema renal. Quando há lesão renal aguda, além da 
hidratação endovenosa, realiza-se hemodiálise. Caso a rabdomiólise cause coagulação 
intravascular disseminada, o tratamento envolve o uso de plasma fresco congelado 
(PFC). 
 
 
 
 
 
31 
 
URINÁLISE E AVALIAÇÃO DO SEDIMENTO URINÁRIO 
 
A análise do sedimento urinário através da microscopia tem tanto valor quanto tem 
um hemograma na análise sanguínea, pois o exame de urina oferece observações 
importantes acerca do sistema renal, da função hepática, do funcionamento 
pancreático e de outros órgãos. Doenças como infecção renal, hipertensão, diabetes 
podem ser monitoradas através da análise de uma amostra de urina, que se mostra 
importante também na monitorização de tratamentos medicamentosos em algumas 
situações. Apesar da grande importância, para a análise é necessário apenas uma 
pequena quantidade de urina, que é formada por elementos sólidos como hemácias, 
cristais, leucócitos, bactérias, células epiteliais e também pode apresentar parasitas 
em algumas situações. 
Após o processo de centrifugação da urina, tais elementos passam a se encontrar na 
parte inferior do tubo, por esse motivo são denominados sedimento urinário (ou 
depósito urinário). A análise do sedimento urinário se chama sedimentoscopia, e é 
realizada no setor de Urinálise (ou Uroanálise) do laboratório. Nessa análise a 
concentração, o conteúdo e outros aspectos da amostra são observados e descritos, 
sempre visando detectar algum problema. 
Existem diversas nomenclaturas empregadas para se referir ao exame de urina: urina 
simples, urina parcial, análise físico-química da urina e sedimentos, EAS (elementos 
anormais e sedimentoscopia), uranálise, dentre outros. 
Neste exame, através de diversos métodos, aspectos químicos e físicos da amostra são 
analisados e são utilizados no diagnóstico do exame. O exame tem a fase da análise 
física, a fase da análise dos sedimentos e a fase química. 
Na fase física da análise a densidade, a coloração e o odor são observados. Na fase de 
análise dos sedimentos, a amostra é observada com uso de microscópio ou através de 
aparelhos. Já a análise química se realiza com tiras reagentes e outros tipos de 
reagentes, que avaliam se há alguma alteração nos componentes da urina, a fim de 
encontrar o que está a causar algum distúrbio. É importante observar que mesmo 
32 
 
sendo importante estar atento para a coloração e a aparência da amostra, a análise 
microscópica é a que mostra a nível microscópico a presença de algum problema. 
Ao chegar ao setor, a amostra é primeiramente centrifugada, a fim de promover a 
deposição dos sedimentos na parte inferior do tubo onde a amostra foi colocada. 
Após a centrifugação, os sedimentos, já separados da outra parte da urina, são 
analisados, e comumente se encontram leucócitos, hemácias, cristais, fungos, 
cilindros, bactérias, células epiteliais, espermatozoides (quando a amostra for de 
paciente masculino). A centrifugação separa fisicamente os componentes da urina 
valendo-se da densidade de cada componente do sedimento urinário. Tal 
procedimento deve ser feito durante 10 minutos, na velocidade de 1500 a 2000 rpm. O 
sobrenadante, que é a parte livre de sedimentos, é retirado sem agitação, para que os 
sedimentos não voltem à parte líquida. O sedimento é então ressuspenso, e uma gota 
dele é colocado em uma lâmina simples, ou numa câmara de contagem (conhecida 
como câmara de Neubauer) ou em uma lâmina K-cell, a fim de realizar a leitura 
microscópica e a contagem celular. 
Na análise que se segue deve haver a descrição quantitativa e qualitativa dos 
componentes do sedimento urinário. A descrição quantitativa é responsável pela 
contagem de células por campo de grande aumento, e/ou de cilindros por campo de 
aumento. A descrição qualitativa é a que descreve os artefatos urinários encontrados: 
cilindros, cristais, células epiteliais, bactérias, fungos, hemácias, leucócitos, 
espermatozoides e parasitas. É preciso que haja ao menos entre 10 a 20 campos 
microscópicos analisados. 
Existe um valor de referência para os elementos do sedimento urinário, sendo assim, 
se eles se encontram em um número elevado na amostra analisada, os mesmos 
indicam a presença de algum problema. 
A presença de hemácias: quadro conhecido como hematúria, que pode indicar trauma 
renal, infecção urinária, infecção renal, nefrolitíase. 
A presença de leucócitos: quadro conhecido como piúria, que mostra a presença de 
linfócitos, neutrófilos e de eosinófilos na urina, que em grande quantidade, podem 
33 
 
significar tanto contaminação da amostra quanto uma lesão inflamatória, uma lesão 
traumática ou uma lesão infecciosa no trato urinário. 
A presença de células epiteliais: quando células transacionais ou escamosas são 
encontradas na amostra, normalmente não apresentam significado e importância 
clínica, pois o trato urinário pode passar por descamação em seu revestimento 
epitelial. No entanto, se a amostra apresentar anormalidades na morfologia das 
células, é importante estar atento para a possibilidade de uma neoplasia. 
A presença de cristais: esses elementos são comumente encontrados no sedimento 
urinário, mas em alguns casos pode significar distúrbio tanto de origem infecciosa 
quanto de origem metabólica. É importante analisar a forma e a quantidade dos 
cristais presentes na amostra, para uma possível correlação com um problema no 
sistema renal. Por exemplo: o processo de catabolismo de proteínas resulta na síntese 
de leucina e de tirosina, e quando presentes na urina, podem sugerir um quadro de 
degeneração ou de necrose. 
A presença de bactérias: ocorre diante de infecções urinárias, e a confirmação desse 
diagnóstico de infecção ocorre quando, junto à presença de bactérias, também há a 
presença de leucócitos em um número elevado. No entanto, é válido também lembrar 
que bactérias podem estar presentes na amostra caso a mesma tenha sido coletada 
sem a devida higienização prévia. 
A presença de parasitas: pode indicar contaminação por secreções em casos de 
uretrite ou de vaginite, e também por contaminação com material fecal. O parasita 
mais encontrado na amostra de urina é o Trichomonas vaginalis. 
A presença de cilindros: pode ocorrer após uso de diuréticos, em quadros febris ou 
após atividade física intensa. São de grande importância na determinação da origem 
da lesão renal e na localização dessa lesão, também auxiliando no prognóstico e na 
conduta a ser tomada. Quadros de insuficiência renal, pielonefrite, doença renal aguda 
e rejeição a um órgão transplantado comumente apresentam cilindros na urina. 
 
34 
 
Existe também outra forma de análise da urina que emprega a tira reagente, também 
conhecida como fita reagente. Estas tiras analisam de forma objetiva aspectos 
importantes, como glicose, pH, cetonas, proteínas, bilirrubina, nitrito, hemoglobina, 
urobilinogênio, leucócitos, bactérias e a densidade na urina. Veja abaixo os indicadores 
de uma tira reagente. 
Veja a seguir as cores de uma fita reagente e os seus significados: 
 
https://mobile.twitter.com/biomedinstrui/status/1271218213859266561?lang=de 
 
 
 
 
 
 
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HORMONOLOGIA 
Setor de um laboratório de análises clínicas que tem por objetivoanalisar as funções 
hormonais e detectar disfunções que causam comorbidades. Os hormônios são 
sintetizados em glândulas e liberados na circulação sanguínea, até que encontrem 
receptores e atuem em suas funções de reparo, controle de permeabilidade da 
membrana das células, restauração e controle das funções do corpo. Por essas 
funções, é natural que a ação hormonal promova repercussão em todo o corpo 
humano. 
Dentro de um laboratório de análises clínicas, o setor de Hormonologia emprega 
métodos de radioimunoensaio, imunofluorescência e quimioluminescência. 
É importante observar que a Endocrinologia é responsável por analisar as funções 
hormonais, para detectar disfunções metabólicas ou doenças provocadas por tais 
disfunções, como no caso do hipotireoidismo, por exemplo. É através dos exames 
hormonais que a Endocrinologia adota o melhor tratamento a seguir. 
Alguns sintomas como cansaço, queda de cabelo, dor nas articulações, dor óssea, 
ganho ou perda de peso podem sugerir que um ou mais hormônios podem estar 
circulando no organismo em níveis alterados. Diante de sintomas como esses, exames 
são solicitados: insulina, estradiol, glicose, triglicérides, cálcio, T4, TSH, T3, PTH, GH, 
colesterol, dentre outros. 
O paciente deve submeter-se a jejum para a maior parte desses exames. É importante 
que o analista esteja ciente de qualquer medicamento que o paciente esteja tomando, 
pois o exame de sangue pode sofrer alteração em seus resultados durante o uso de 
medicamentos. 
Dentre algumas doenças, destacamos as seguintes: 
- Hipotireoidismo: causada por disfunção na tireoide, onde essa glândula apresenta 
baixa atividade, provocando cansaço, queda de cabelo, aumento de peso, alterações 
de memória, sede constante, frequência maior na micção, dificuldade na cicatrização. 
Os hormônios analisados são TSH (hormônio tireoestimulante), T3 (triidotironina) e 
T4L (T4 livre). 
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- Hipertireoidismo: a glândula tireoide apresenta alta atividade, provocando sintomas 
como emagrecimento, taquicardia, irritabilidade, insônia, transpiração aumentada. Os 
hormônios analisados são T3, T4L e TSH. 
- Diabetes: doença na qual o pâncreas apresenta metabolização insuficiente da 
insulina, fazendo com que haja aumento da glicose na circulação sanguínea. O 
paciente apresenta visão turva, cansaço, emagrecimento, micção frequente, 
dificuldade em cicatrizar ferimentos, boca seca, formigamento nos pés. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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IMUNOLOGIA 
Neste setor, a pesquisa é voltada para detecção de doenças de origem infecciosa, que 
surgem através da resposta a microrganismos. 
O sistema imune é formado por linfócitos, fagócitos, leucócitos que, juntos, defendem 
o organismo contra fungos, vírus, bactérias e demais microrganismos que invadem o 
nosso corpo. 
As imunoglobulinas são proteínas que defendem o organismo contra agentes 
patológicos (bactérias, fungos, vírus, toxinas, substâncias químicas). Os anticorpos se 
conectam aos antígenos e formam os complexos imunes. 
Quando a exposição ao patógeno é recente, o sistema imune sintetiza os anticorpos 
denominados IgM (Imunoglobulina M). Quando a exposição ao patógeno não é 
recente, ou quando o organismo já teve contato anterior com esse mesmo patógeno, 
o sistema imune sintetiza os anticorpos denominados IgG (Imunoglobulina G). 
Então se você estiver, pela primeira vez em sua vida, tendo um quadro de dengue por 
exemplo, seu exame mostrará IgM reagente, ou IgM positivo. O contrário também 
ocorre, ou seja, se você já teve contato com o vírus, seu exame mostrará IgG reagente, 
ou IgG positivo. Porém, se seu exame mostrar ambos não reagentes, ou seja, IgG e IgM 
não reagentes, significa que você não teve contato com o agente infeccioso. 
Uma boa forma de memorizar IgG e IgM é usando a seguinte dica: 
IgM: priMeiro contato; 
IgG: seGundo contato. 
Em muitas ocasiões, coceiras, tosse, alergias, edemas são consequências da ação 
exacerbada do próprio sistema de defesa, e a Imunologia Clínica é responsável por 
tratar desses episódios. Essa clínica também é responsável por tratar doenças 
autoimunes e doenças que ao longo da vida podem desencadear imunodepressão. 
Em geral, o paciente deve realizar jejum de no mínimo 4 horas, além de evitar ingerir 
álcool nas 48 horas que antecedem o momento da coleta. 
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Dentro da Imunologia, é possível trabalhar nas seguintes áreas: 
Imunogenética: responsável por identificar genes que provocam doenças; 
Imunoterapia: área que analisa a ação de defesa do corpo diante de patologias, 
especialmente as autoimunes; 
Imunologia clínica: atua estudando as desordens do sistema imune em si; 
Imunologia reprodutiva: analisa as alterações no sistema imune durante a evolução 
das espécies, inclusive a humana; 
Imunologia celular: estuda as células que atuam na defesa do organismo; 
Imunoparasitologia: aborda os mecanismos, a fisiologia da defesa do organismo 
quando há a invasão de protozoários, parasitas, vírus, helmintos; 
Imunologia da reprodução: estuda o processo de reprodução humana. 
A Imunologia também atua no desenvolvimento de vacinas e de medicamentos, visto 
que estuda os mecanismos de fortalecimento e também de enfraquecimento do 
sistema de defesa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MICROBIOLOGIA 
Nesse setor as amostras biológicas são diversas (sangue, urina, fezes, escarro, 
esperma, fragmentos de tecidos, saliva...), e nele alguns exames podem necessitar de 
alguns dias para que o laudo fique pronto, visto que alguns microrganismos se 
desenvolvem nos meios de cultura dentro de um determinado prazo, que pode levar 
de horas até dias (como no caso dos fungos). A Microbiologia realiza a cultura, o 
isolamento, a classificação de fungos, bactérias e de leveduras que provocam doenças. 
Todas essas etapas devem ser realizadas na exata sequência e envolvem o emprego de 
provas bioquímicas, meios seletivos (como Agar chocolate, por exemplo) e de 
aparelhos eletrônicos, sempre visando a detecção de tais microrganismos. A cultura de 
uma amostra de urina, por exemplo, pode apresentar bactérias que precisam ser 
isoladas e que devem passar pelo exame denominado antibiograma, a fim de 
identificar quais medicamentos são eficientes no tratamento do problema. 
Vamos observar as etapas envolvidas na coleta de material biológico para realizar a 
cultura de aeróbios: 
Faça assepsia no local lesionado, e se a lesão for seca, umedeça-a com soro fisiológico. 
Passe o swab estéril na lesão e depois coloque-o no gel (dentro do tubo). Caso o swab 
seja seco (sem gel), umedeça-o em soro fisiológico para preservar a integridade do 
material biológico. Este material coletado terá 48 horas de viabilidade para ser usado. 
Faça a identificação do swab com nome completo do paciente, data de nascimento e 
tipo de material coletado. Não abrevie nenhuma dessas informações, pois a 
abreviação ou a ausência de tais dados pode resultar na rejeição da amostra e na 
necessidade de recoleta da mesma. 
Se a cultura for de fezes, envie o swab ao laboratório tão logo tenha feito a coleta do 
material. 
O swab deve ser acondicionado em local livre de umidade, sem luz direta do sol, e em 
temperatura adequada de acordo com o tipo de amostra coletada. No caso de fezes ou 
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urina, a temperatura ideal é entre 2°C e 8°C, e a análise não pode ser realizada após 12 
horas de coleta. 
Agora vejamos como é realizada a coleta para a cultura de anaeróbios: 
Faça assepsia do local e logo após realize a punção, diretamente no local do abscesso. 
Evite a entrada de ar na seringa, para que o processo anaeróbico não sofra alterações. 
Também visando o mesmo objetivo, envie o material coletado na seringa, e se o 
material estiver em um swab, o mesmo deve ser enviado ao laboratório dentro do seu 
meio de transporte (tubo com gel). 
Se a coleta foi feita com seringa, ao término lacre a agulha para que não entre ar, elogo após faça a identificação da amostra (nome completo do paciente, data de 
nascimento, material coletado). 
Enquanto não for analisada, a amostra deve ficar em local livre de umidade, sem luz 
solar direta, na temperatura adequada ao tipo de material coletado, pelo tempo 
máximo de 6 horas. Se um desses requisitos não for observado, a amostra deverá ser 
rejeitada. 
Abaixo veremos as etapas para a coleta de hemocultura (HEC): 
Calçar luvas estéreis, fazer a assepsia do local da punção e puncionar 3 mL de sangue. 
Transferir o sangue coletado para o frasco de Hemocultura. Se não houver o frasco 
apropriado, colete o sangue em tubo com EDTA. 
Durante 30 segundos realize a homogeneização da amostra. 
Faça a identificação do tubo (nome completo do paciente, data de nascimento). 
Até o momento de ser analisada, a amostra deve ser acondicionada por um período 
máximo de 6 horas, entre 2°C a 8°C. 
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Podemos observar que a assepsia, a identificação correta, o correto acondicionamento 
da amostra são quesitos essenciais e que devem ser aplicados na coleta de qualquer 
material biológico, tanto na Microbiologia quanto nos demais setores de um 
laboratório de análises clínicas. A não observação dessas etapas pode gerar 
consequências diversas, como por exemplo a necessidade de solicitar nova coleta, o 
gasto duplo com os materiais utilizados (luvas, seringas, swabs, agulhas etc), dentre 
outros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PARASITOLOGIA 
O setor de Parasitologia estuda os microrganismos que provocam diversas doenças no 
homem, doenças essas que podem trazer grande impacto na saúde pública. Mesmo 
que seja uma ciência antiga, a Parasitologia se depara frequentemente com novas 
informações, visto que muitos microrganismos passam a apresentar resistência e 
adaptação ao ambiente, fazendo com que sua erradicação cada vez mais necessite de 
tecnologias e de fármacos mais potentes. Além da adaptação e da resistência, esses 
agentes provocam mudanças no sistema de defesa do hospedeiro, e também 
participam da degradação do meio ambiente. 
Nele, as amostras são analisadas para verificar se há a presença de parasitoses 
causadoras de doenças, bem como a presença de proteínas, de sangue e também a 
consistência fecal. Exemplos de exames: PSO (pesquisa de sangue oculto) e 
parasitológico de fezes. Na Parasitologia, o material é analisado em seus aspectos 
morfológicos, proporcionando grande auxílio no diagnóstico laboratorial de queixas 
que envolvem problemas ou incômodos no trato digestivo. 
Esses microrganismos são classificados em endoparasitas e ectoparasitas. Os 
endoparasitas mais conhecidos são os vermes. Os ectoparasitas mais conhecidos são 
os piolhos. 
A coleta do material em geral é realizada pelo próprio paciente, em seu próprio lar, e o 
material deve ser acondicionado em frasco esterilizado e entregue tão logo tenha sido 
acondicionado. É uma coleta sem riscos, porém o paciente não pode estar sob uso de 
anti-inflamatórios, antibióticos, anti-helmínticos, como também não pode ter realizado 
exames com contraste radiológico, para que esses fármacos não interfiram no 
resultado do exame. 
Em relação ao laudo, este deve constar o nome do agente causador da doença, caso a 
amostra possua tal agente, para que a conduta médica decida qual tratamento o 
paciente deve seguir, e se a amostra estiver livre de parasitas, ovos, larvas, sangue ou 
proteína, o laudo deverá informar sua negatividade. 
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Os exames mais solicitados no setor de Parasitologia são: swab anal, PSO (pesquisa de 
sangue oculto), tripsina nas fezes, pH fecal, parasitológico, pesquisa de gordura nas 
fezes, coprológico (infantil ou adulto), parasitológico com contagem de ovos, 
parasitológico com pesquisa de Schistossoma mansoni, pesquisa de Tênia, leucócitos e 
hemácias nas fezes, alfa-1 anti-tripsina (dosagem fecal), pesquisa fecal para 
Cryptosporidium, pesquisa de vermes adultos. 
O setor de Parasitologia deve estar atento e capacitado para constatar parasitoses em 
vários locais do corpo, e não apenas no intestino. Portanto, o setor pode receber 
amostras biológicas como escarro, líquidos, tecidos, sangue, secreções, dentre outros. 
Para encontrar os microrganismos, vários métodos de análise podem ser empregados 
neste setor, como por exemplo imunoensaios (para detectar antígenos de 
Cryptosporidium), método de Faust e de Hoffman, colorações pré-determinadas de 
acordo com características do parasito que está sendo investigado (exemplo: na 
pesquisa de coccídeos, usa-se álcool-ácido). 
Dentre todos os parasitos pesquisados, é importante estar atento à detecção do 
helminto Strongyloides stercorali, pois em um paciente com sistema imune normal, 
não provoca sintomas, porém, em um paciente imunodeprimido, este parasito pode 
provocar a síndrome da hiper infecção, que pode levar ao óbito. Nesta doença, em um 
paciente com comprometimento de seu sistema imune, ocorre grande reprodução de 
larvas, que são detectadas nos pulmões, nos quais provoca broncopneumonia difusa e 
consequentemente hemorragia intra-alveolar. 
 
 
 
 
 
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ANATOMIA PATOLÓGICA 
É responsável por analisar modificações a nível morfológico que algumas doenças 
podem promover, como o câncer, por exemplo. O trabalho da Anatomia Patológica se 
baseia em exame macroscópico e microscópico do material, que é retirado de tecidos, 
de fluidos, de células ou de órgãos. Desta forma, é possível detectar diversas doenças, 
especialmente vários tipos de câncer. 
A amostra pode ser coletada através de excisão cirúrgica, biópsia, aspiração ou exame 
citológico. 
A análise deste setor possibilita definir o estágio da doença e seu respectivo 
tratamento, que é decidido pela equipe médica. Podemos ver, até este momento, que 
a Anatomia Patológica é um setor de extrema importância tanto em um laboratório de 
análises clínicas quanto em um hospital, e que trabalha em consonância com muitas 
especialidades médicas, principalmente a clínica médica, a cirurgia e a oncologia. 
Patologia cirúrgica: responsável pela excisão de tecidos ou órgãos para análise. 
Citopatologia: analisa as células coletadas em uma raspagem, uma aspiração, um 
esfregaço ou numa centrifugação de líquidos. Um exemplo é o exame colpocitológico, 
mais conhecido como Papanicolau, exame modelo no rastreio de lesão que pode 
provocar câncer de colo de útero. Como este exame é importante, vamos falar sobre 
ele. 
Este exame foi criado pelo Dr. Georgios Papanicolau, por isso recebeu o seu nome. 
Trata-se de um exame ginecológico, no qual o seu material biológico é analisado pela 
Citopatologia, e que deve ser realizado em mulheres a partir de 25 anos ou com vida 
sexual ativa. O mesmo é de grande importância para a prevenção do câncer de colo 
uterino, uma das neoplasias malignas mais recorrentes em mulheres e que apresenta 
alta taxa de mortalidade. 
Durante o exame, células do colo uterino são coletadas e levadas para uma leitura 
microscópica, a fim de detectar a presença de alterações ou de lesões provocadas pelo 
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HPV (Papilomavirus humano). Porém este exame também detecta outras doenças, 
como gonorreia, sífilis, candidíase, tricomoníase, clamídia, cistos e nódulos, além de 
fungos ou bactérias. 
A amostra biológica deve ser coletada entre o décimo e o vigésimo dia após o primeiro 
dia da menstruação. Essa mesma amostra é colocada em uma lâmina e é enviada para 
o laboratório, para ser analisada. 
A paciente deve observar algumas orientações antes de passar pela coleta deste 
exame: 
- Não usar sabonetes íntimos, lubrificantes ou cremes vaginais; 
- Não ter relação sexual 72 horas antes do exame; 
- Não realizar duchas íntimas. 
Caso a mulher esteja grávida, o exame pode ser feito até o 4º mês de gestação, e após 
o parto, é necessário esperar entre 6 e 8 semanas. 
As duas primeiras vezes em que a mulher passa pelo exame devem ter um intervalo de1 ano, e se nessas vezes o resultado for satisfatório, o exame pode ser feito com 
intervalo de 2 anos. No entanto, se alguma alteração for constatada, o médico 
determinará a periodicidade da realização do exame. 
Independente de qual seja a amostra coletada, as etapas a seguir devem ser 
observadas: 
- Coleta da amostra; 
- Identificação da amostra coletada, com nome completo do paciente, data de 
nascimento, sexo, tipo de amostra (local do corpo onde a amostra foi obtida). 
- Encaminhamento da amostra para o setor responsável por sua análise. 
- Antes que se faça a análise, o material é processado para que se torne adequado à 
técnica que será empregada. Por exemplo, um tecido pode ser dividido em vários 
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fragmentos para, logo a seguir, ser colocado em blocos de parafina. O tecido pode 
passar pela fase da coloração antes de ser analisado microscopicamente. 
- Após todas as etapas necessárias para o diagnóstico, o laudo é emitido, e o mesmo 
deve abordar o procedimento adotado na análise, o tipo de material recebido, o que 
foi encontrado durante o exame, e por fim o diagnóstico. Caso haja necessidade de 
exames complementares, o profissional responsável pela análise e pela emissão do 
laudo deve declarar por escrito, no laudo, tal necessidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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COLETA DE AMOSTRAS BIOLÓGICAS 
A coleta das amostras biológicas requer que o profissional siga algumas etapas que 
não devem ser ignoradas. São elas: 
- Fase pré-analítica: momento antecedente à coleta, que deve agir na prevenção de 
problemas nos resultados e na comunicação entre o laboratório e o paciente. Sendo 
assim, o profissional deve estar atento para receber a solicitação com a descrição 
exata do exame, a assinatura e o carimbo do médico solicitante. Após essa etapa, deve 
ocorrer a identificação do paciente nos tubos e demais recipientes deve ser completa. 
A coleta deve ser realizada, sempre proporcionando ao paciente um momento de 
tranquilidade, para que o mesmo sinta segurança e aceite a realização do 
procedimento. O profissional deve ter sempre em mente que muitos pacientes 
apresentam fobia a agulhas, a materiais de laboratórios, a ambiente hospitalar etc, e 
por esse motivo necessitam primeiramente de um atendimento respeitoso, e em 
segundo lugar, necessitam de compreensão e segurança para que vençam suas 
dificuldades relacionadas aos seus receios. 
Realizada a coleta, a amostra, acondicionada em local apropriado, deve ser enviada 
para o setor de triagem, que se encarrega de transportar a amostra para o setor que 
realizará a análise clínica. 
Os principais erros que podem ocorrer na fase da coleta são: 
- Troca de tubos (cada um tem seu uso adequado, por isso é imperativo respeitar as 
cores dos tubos); 
- Falta de informação por parte do paciente, caso o mesmo esteja usando 
medicamentos / drogas; 
- Erro nos dados do paciente (nome, idade etc); 
- Garroteamento prolongado; 
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- Interpretação errada sobre o conteúdo descrito no papel; 
- Tubo sem EDTA; 
- Orientação errada ou ausente ao paciente, antes da coleta; 
- Contaminação do material de coleta; 
- Centrifugação errada; 
- Amostra coletada em local que anteriormente foi realizada uma infusão; 
- Proporção errada entre anticoagulante e sangue; 
- Coleta nos tubos em sequência errada. 
- Hemólise na amostra; 
- Acondicionamento em temperatura inadequada. 
Existem também outros fatores que podem provocar alterações nos resultados: 
- Coleta de cortisol e de ferro no período vespertino (que podem apresentar valores 
até 50% menores do que os valores de amostras coletadas no período matutino); 
- Coleta de aldosterona apresenta valor até 100% maior se for coletado antes da 
ovulação, no caso de paciente do sexo feminino; 
- Valores de alguns hormônios podem apresentar variações quando coletados no 
período vespertino; por esse motivo, é importante indicar o horário da coleta; 
- Fatores como idade, sexo, dieta, uso de drogas ou medicamentos, garroteamento 
prolongado, posição durante a coleta, tempo de jejum, infusão de medicamentos por 
via endovenosa antes da coleta da amostra, realização de atividades físicas podem 
afetar os valores dos exames. Por exemplo: Aspartato Aminotransferase pode 
apresentar aumento em seu valor após a realização intensa de atividades físicas. 
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Alguns exames só apresentarão resultado real mediante suspensão temporária de 
alguns medicamentos, e essa suspensão só pode ser autorizada e acompanhada por 
equipe médica. O paciente deve ter ciência antecipada de quais medicamentos deve 
suspender o uso, e por quanto tempo essa suspensão deve ser realizada. Todos os 
demais medicamentos que não forem suspensos devem ser relatados no momento do 
cadastro do paciente no local da coleta, visto que a equipe responsável pela liberação 
do laudo deve estar ciente de tais medicamentos que podem interferir no resultado do 
exame. 
Antes da coleta, é permitido que o paciente faça ingestão de pequenina quantidade de 
água, caso seja necessário, no entanto não é permitido tomar café, fumar ou ingerir 
qualquer outro produto alimentício, por menor que seja a quantidade. 
A equipe que realiza a coleta deve estar amparada com os seguintes equipamentos: 
- EPI´S (máscara, óculos, luvas descartáveis, jaleco de manga longa); 
- Calçado fechado, cabelo preso, livre de relógios, anéis, brincos grandes, pulseiras ou 
outros tipos de adornos; 
- Álcool, algodão hidrófilo, seringa e agulha descartáveis, suporte para coleta à vácuo, 
tubos para coleta de sangue, caneta, etiquetas para identificação, caixa para descarte 
de perfurocortantes (RDC 306-04), estantes para tubos. 
PARA INICIAR A COLETA: 
O profissional deverá fazer a observação das veias cefálica, basílica mediana e do arco 
venoso central, que são geralmente as melhores opções para punção venosa. 
Sempre que possível, evitar locais com hematomas, cicatrizes por queimaduras, locais 
próximos a cateterismo, locais próximos a mastectomia e locais próximos a qualquer 
procedimento cirúrgico. 
Com a solicitação do profissional que realizará a coleta, o paciente abaixa o braço e 
simultaneamente faz movimentos de abrir e fechar a mão do braço já garroteado (é 
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importante que o garroteamento não ultrapasse dois minutos). Após alguns segundos, 
o coletor analisa as melhores opções para a punção. O braço do paciente deve estar 
inclinado sempre para baixo. 
O garrote deve estar uma distância média de 8 cm do local da punção, e quando 
realizar o garroteamento, o coletor deve solicitar ao paciente que permaneça com a 
mão fechada. Outro fator importante: o garrote não pode estar apertando em 
demasia, para não provocar dor e não interromper o fluxo sanguíneo das artérias. 
Não é apropriado bater os dedos na veia do paciente, na intenção de evidenciar as 
veias, pois este procedimento pode levar à coleta de sangue em processo de hemólise, 
e também pode provocar inflamação no local. 
O paciente deve estar sentado confortavelmente, e seu braço deve estar apoiado no 
descanso, tendo o cotovelo reto, para facilitar a punção. Caso o paciente esteja 
acamado, posicionar um travesseiro abaixo do braço onde será feita a coleta. 
ASSEPSIA DAS MÃOS PARA O COLETOR: 
- Sabonete comum ou líquido, e papel toalha; 
- Antes de realizar a assepsia, o coletor deve estar livre de adornos (anéis, relógios etc); 
- Sem encostar no lavabo, o profissional deve abrir a torneira com a mão não 
dominante, ensaboar as mãos e esfrega-las por 20 a 30 segundos, com especial 
atenção à limpeza da palma, do polegar, do dorso, das articulações, unhas e punhos; 
- Enxaguar em água corrente e secar com papel toalha; 
- Fechar a torneira com papel toalha ou com cotovelo; 
- Calçar as luvas, que devem ser retiradas e descartadas ao final dos exames de cada 
paciente, retirando-as pelo avesso e descartando-as em lixeira para material 
infectante; 
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