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SIMULAÇÃO DE PEDIATRIA Maria Laura Gonçalves Vieira Atendimento ambulatorial 1 (RN) Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV Anamnese Identificação: nome, sexo, data de nascimento (idade em anos e meses), raça, procedência, residência, naturalidade Identificar informante/parentesco Antecedentes gestacionais: • Idade da mãe • Número de consultas • Ganho de peso • Complicações • Medicações utilizadas • Infecções (STORCH) • Vacinas • Intercorrência do parto • Doenças crônicas • Abortos anteriores • Tipo sanguíneo e fator RH • Número de gestações e partos • Etilismo, tabagismo e drogas durante gestação Antecedentes neonatal: • Idade gestacional (a termo até 37 semanas; pré- termo <37 semanas e pós-termo >42 semanas) • Tipo de parto e indicação • Sangramentos, mecônio • Ruptura prematura ou prolongada de membranas • Peso, estatura, PA, PC e PT • APGAR e necessidade de reanimação na sala de parto • Intercorrências no berçário • Grupo sanguíneo e RH • Fototerapia • Classificar RN em AIG, PIG, GIG • Testes de screening neonatal: olhinho, orelhinha, linguinha, pezinho e do coraçãozinho • Teste de Ortolani • Realização da vacina BCG e 1ª dose da hepatite B • Cor das fezes Antecedentes nutricionais: • Aleitamento materno • Uso de fórmulas Exame físico Ectoscopia: • Estado geral • Nutrição • Hidratação • Fácies • Atitude, posição • Pele, anexos • Linfonodos • Mucosas • Higiene Cabeça: abaulamentos, fontanelas, bossa serossanguinolente, forma do crânio, implantação das orelhas, sobrancelha, cabelo Pescoço: abaulamentos, contratura, gânglios Clavícula: possível fratura no parto Tórax: típico ou atípico, hipertrofia mamária devido a hormônios da mãe; respiração irregular; ausculta Coração: ausculta (sopro, frêmito), palpar pulsos (femoral) Abdome: peristalse, ver musculatura, forma, abaulamento, hérnia, umbigo (cor, caiu, limpo, secreção, explicar limpeza), palpação Genitália: normal, ambígua, pele (assadura?) fimose (congênita), uretra integra, palpar testículos, secreção vaginal Anus: fistulas, perfurado Membros/quadril: manobras de Ortolani e Barlow (luxação no parto ou doenças ortopédicas); presença de polidactilia, sindactilia Joelho varo Reflexos: palmar, plantar, marcha, moro, tônico cervical assimétrico, Babinski, sucção Medida antropométricas: • Perímetro cefálico (occipital a glabela) • Perímetro torácico (altura do mamilo) • Comprimento • Peso Atendimento ambulatorial 2 (Lactente) Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV Anamnese Identificação: nome, sexo, data de nascimento (anos e meses), raça, procedência, residência, naturalidade Identificar informante/parentesco Antecedentes gestacionais: • Idade da mãe • Número de consultas • Ganho de peso • Complicações • Medicações utilizadas • Infecções (STORCH) • Vacinas • Intercorrência do parto • Doenças crônicas • Abortos anteriores • Tipo sanguíneo e fator RH • Número de gestações e partos • Etilismo, tabagismo e drogas durante gestação Antecedentes neonatal: • Idade gestacional (a termo até 37 semanas; pré- termo <37 semanas e pós-termo >42 semanas) • Tipo de parto e indicação • Sangramentos, mecônio • Ruptura prematura ou prolongada de membranas • Peso, estatura, PA, PC e PT • APGAR e necessidade de reanimação na sala de parto • Intercorrências no berçário • Grupo sanguíneo e RH • Fototerapia • Classificar RN em AIG, PIG, GIG • Testes de screening neonatal: olhinho, orelhinha, linguinha, pezinho e do coraçãozinho • Teste de Ortolani • Realização da vacina BCG e 1ª dose da hepatite B • Cor das fezes Antecedentes pessoais: • Doenças da infância (exantema, rubéola, varicela, coqueluche, asma, rinites, pneumonias, amigdalites) • Alergias, acidentes domiciliares, cirurgias, internações, transfusões, medicamentos • Triagem visual, auditiva realizadas • Hábitos intestinais Antecedentes vacinais: • Datas das imunizações • Reações às vacinas • Alergia alimentar Condições socioambientais: • Hábitos – horários das principais atividades do dia, vai para creche, escolinha, características do sono, atividades físicas, disciplina, uso de chupetas, mamadeiras, vínculos, banhos de sol, higiene • Características do domicílio – número de cômodos, de moradores, condições de saneamento básico • Escolaridade dos pais • Situação conjugal dos pais • Segurança • Animais • Renda familiar (estimada) – quem trabalha pai ou mãe ou ambos, • Cuidadores, avós, quem mora na casa • Uso de drogas, cigarros, álcool, drogas ilícitas, prostituição, situação de risco como abuso sexual ou negligência Antecedentes nutricionais: • Aleitamento materno – início, duração, desmame • Uso de fórmulas • Introdução complementar – data de início, aceitação, rotina alimentar • História de alergia ou intolerância alimentar Exame físico Ectoscopia: • Estado geral: bom, regular e péssimo • Consciência: orientação quando ao tempo e espaço • Perfusão • Nutrição • Hidratação • Fácies • Atitude, posição • Marcha • Pele, anexos • Biotipo • Linfonodos • Mucosas • Higiene Desenvolvimento neuropsicomotor: • Neuromotor - Listar idade das principais aquisições como sustentar a cabeça, rolar na cama, sentar sozinho, engatinhar, ficar em pé com apoio, andar, primeiras palavras, controles esfincterianos. • Afetivo - comportamento da criança, relação com familiares e amigos, disciplina, descrever sono (horários e duração) – sono tranquilo/agitado/ difícil pegar no sono-insegurança, medo, timidez. • Cognitivo – desenvolvimento da linguagem e desempenho escolar. Medidas antropométricas: • Peso (ganho de peso): o 1º tri: 700g/mês o 2º tri: 600g/mês o 3º tri: 500g/mês o 4º tri: 400g/mês • Estatura (aumento): o 25 cm no primeiro ano (15 cm no 1º semestre e 10 cm no 2º semestre) • Perímetro cefálico: o Ao nascer: 34-35cm o 1º tri: 2cm/mês o 2º tri: 1cm/mês o 3º e 4º tri: 0,5cm/mês • Perímetro torácico • Curvas de crescimento Calendário vacinal: Atendimento ambulatorial 3 (criança) Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV Divisão etária da pediatria PRIMEIRA INFÂNCIA 0 a 2 anos Recém nascido 0 a 28 dias de vida Lactente 29 dias a 2 anos de vida SEGUNDA INFÂNCIA 2 a 10 anos de vida Pré escolar 2 a 4 anos de vida Escolar 5 a 10 anos de vida TERCEIRA INFÂNCIA 10 a 19 anos de vida Pré púbere Sem sinais puberais púbere Presença sinais puberais Anamnese Identificação: nome, sexo, data de nascimento (anos e meses), raça, procedência, residência, naturalidade, informante. Queixa principal História pregressa da moléstia atual (HPMA) Interrogatório sobre os diversos aparelhos (ISDA): • Geral • Pele • Cabeça e pescoço • Olhos • Ouvidos • Nariz • Boca e orofaringe • Tórax • Respiratório • Cardiovascular • Gastrintestinal • Geniturinário • Sistema nervos • Sistema locomotor História gestacional História neonatal Antecedentes pessoais: patologias, intolerâncias, alergias Uso de medicamentos, cirurgias Antecedentes familiares Antecedentes vacinais História alimentar Desenvolvimento neuropsicomotor (neuromotor, afetivo e cognitvo) Antecedentes sociais/rotina da criança Exame físico Estabelecer confiança Realizar exame físico completo Dificilmente será possível realizar o exame físico na sequência crânio-caudal Exame de orofaringe e otoscopia podem ser deixados para o final Exame físico geral Inspeção, palpação, percussão e ausculta pulmonar, cardíaca, abdominal, otoscopia, rinoscopia e oroscopia (dentição, gengiva, mucosas, escovação 3x ao dia), genitália (critérios de Tanner) e membros Estado geral: bom – regular – péssimo Consciência: orientação quanto aotempo e espaço, percepção do mundo exterior e de si mesmo. Aferir PA • Perfusão • Nutrição • Hidratação • Fácies • Fala • Atitude/posição • Marcha • Pele, anexos • Biotipo • Linfonodos • Pele e mucosas • Higiene Medidas antropométricas – colocar nos gráficos • Peso • Estatura • PC • IMC • Circunferência abdominal e torácica Exames laboratoriais • Hemograma: rastrear anemias, infecções e outras doenças crônicas • Urina 1: identificar a presença de bactérias, infecções e também quantificar se há perda de proteína e desnutrição infantil. • Parasitologia de fezes: identificação de parasitas, sangue oculto, e muco anormal • TSH: se queixas clínicas de doenças • Glicemia e insulina: rastrear diabetes • Perfil lipídico: pré-escolar e escolar sempre • TGO e TGP: obesos Desenvolvimento Infecção de vias aéreas superiores Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV Vias aéreas das crianças Via aérea da criança é mais estreita → mais propensa a obstrução. Idade Frequência respiratória máxima Até 2 meses Até 60 irpm Entre 2 e 12 meses Até 50 irpm Entre 1 a 5 anos Até 40 irpm Acima de 5 anos De 12 até 20 irpm Manifestações de problemas respiratórios: aumenta da FR, uso de musculatura acessória, cianose, sons. Sons (ausculta e no ambiente) podem definir qual a patologia: • Estridor inspiratório: obstrução de VAS • Estridor expiratório: problema em parte baixa das VAS • Sibilo: dificuldade de saída do ar das VAI (asma) • Ronco no ambiente: secreção, queda da base da língua • Gasp (ambiente): falência respiratória • Crepitação: doença do tecido pulmonar Na avaliação da criança, independente d queixa, SEMPRE avaliar estado geral e sinais vitais (ABCDE) Crupe viral Crupe é um grupo de doenças que variam em envolvimento anatômico e etiologia, e se manifestam clinicamente com: rouquidão, tosse ladrante, estridor predominantemente inspiratório, graus variados de desconforto respiratório. Restringe a laringe = laringite Compromete laringe e traqueia = laringotraqueíte Compromete laringe, traqueia e bronquíolos = laringotraqueobronquite. Etiologia (vírus mais comuns): • Parainfluenza (tipo 1 e 2) • Vírus sincicial respiratório • Adenovírus • Influenza A e B • Vírus do sarampo Sinais e sintomas: Pródromos: rinorreia clara, faringite, tosse leve e febre baixa Evolução (12-48h): iniciam-se sintomas de obstrução de vias aéreas superiores com progressão dos sinais de insuficiência respiratória e aumento da temperatura corpórea • Tosse rouca, afonia ou choro rouco e estridor inspiratório • Obstrução grave: estridor mais intenso, tiragem supra- esternal, batimentos de asa de nariz, estridor expiratório e agitação • Casos extremos: intensa dispneia, agitação, palidez, cianose, torpor, convulsões, apneia e morte. Geralmente, os sintomas se resolvem em 3 a 7 dias. Em casos mais graves, pode atingir até 14 dias. Diagnóstico Baseado nos achados clínicos (principalmente presença do estridor) Exames de imagem não fazem diagnóstico, servem para fazer diagnósticos diferenciais ou para casos em que a evolução da doença é atípica. Tratamento – manutenção das vias aéreas patentes. Casos leves: tratamento domiciliar ou ambulatorial • Alimentação leve • Hidratação • Umidificação do ambiente • Manter ambiente calmo Casos moderados a graves: • Corticoide (papel anti-inflamatório): o Ação rápida o Dexametasona (oral ou parenteral) – oral quando paciente tem condição de ingesta o Budesonide – opção inalatória • Epinefrina inalatória o Efeito ultrarrápido, diminuindo quase que instantaneamente o estridor e os sintomas de falência respiratória o Efeito até 2 horas o Deixar paciente em observação para ver efeito o Vasoconstrição periférica o 0,5 ml/kg (máximo 5ml – 5 ampolas) Após a alta, o paciente deve continuar com o corticoide. OBS.: Para diferenciar crupe viral de bacteriana, observamos a resposta a epinefrina. Na bacteriana não tem resposta, sendo necessário administrar ceftriaxone. Prognóstico Baixo risco de mortalidade, se corretamente manejada. Crupe viral causada pelo vírus influenza parece estar associado com um curso mais grave. Asma aguda na infância Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV Asma é uma doença inflamatória crônica, predominantemente eosinofilica, caracterizada por distúrbio ventilatório obstrutivo de graus variados. SEMPRE analisar saturação, FR e uso de musculatura acessória. Achados clínicos • Sibilos • Dispneia • Sensação de aperto no peito • Tosse, particularmente à noite e ao despertar Exacerbação aguda da asma: Episódio agudo o subagudo de progressiva dificuldade respiratória com tosse, sibilância e dor ou desconforto torácico ou combinação de todos esses sintomas, acompanhada por diminuição ao fluxo expiratório. Pode ser definida também como mudança do quadro respiratório em que o paciente se encontrava. • Requer imediata ação Fatores desencadeantes • Alérgenos inalatórios (> 2 anos) • Infecção viral das VAS ou VAI (> 2 anos) • Mudanças climáticas • Exercício físico (esporte, choro, riso...) • Medicamentos • Raramente: infecções respiratórias bacterianas, DRGE, alimento, menstruação e gestação Diagnóstico Clínico Chiado no peito e/ ou dor torácica acompanhada de tosse seca assim como 1 ou mais idas às emergências no mês, tosse durante ou imediatamente após exercício físico, sibilância desencadeada por aeroalérgenos, medicamentos e mudanças climáticas, resfriados frequentes acompanhados de chiado e tosse seca persistente. No lactente: 3 episódios de chiado dentro dos primeiros 2 anos de vida e que melhoram com medicação para asma. Laboratorial – não faz diagnóstico, apenas avalia • Gasometria: avalia insuficiência respiratória e auxilia qual melhor oferta de O2 • Hemograma • Radiografia de tórax: hiperinsuflação (bem preto), retificação dos arcos costais, ↑ espaços intercostais (>6) Sinais de gravidade • Dificuldade de alimentar • Taquidispneia • Tiragem • Uso de musculatura acessória • Cianose, Palidez • Agitação psicomotora • Dificuldade de fala • Outros: desidratação, vômito, apneia Conduta Educar os pais no reconhecimento precoce e no tratamento das exacerbações das crises agudas de asma, o qual deve ser iniciado em casa e imediatamente procurar o serviço de emergência. Na emergência: Avaliar FR, FC, saturação de O2. Oxigenoterapia Β2 agonistas inalatórias de curta duração – broncodilatadores • Alívio do broncoespasmo • Administração contínua, nunca parar e se necessário, acrescentar outra classe de medicamento (adjuvante) • Feita com nebulizador ou com MDI e espaçador • Administrar a cada 15-20 min (fase inicial do tratamento) • Quando melhora → diminuir lentamente • Drogas inalatórias: salbutamol e fenoterol (berotec-só gotas e dá muito efeito sistêmico – tremor, palidez...) Glicocorticoides orais – metilpredninosa (IM ou EV) • Podem ser administrados a domicilio quando identificar exacerbação • Reduz inflamação e diminui produção de muco • Via endovenosa Anticolinérgicos inalatórios: • Brometo de ipratrópio (atrovent): associado a B2 agonista • 20 em 20min se necessário Sulfato de magnésio: (sempre EV) indicado quando não há melhora ou apresenta piora na primeira hora. • Infusão lenta • Monitorização cardíaca Permanece sem melhora → adrenalina (até 2x) Adrenalina não deu certo → reavaliar oferta de O2 Continua não tendo melhora → IOT Se infecção bacteriana: antibiótico Tratamento de manutenção Corticoide oral por 5 dias β2 agonista de curta duração (inalação ou bombinha) Diagnóstico diferencial da crise sibilância Bronquiolite aguda • Se internado: hidratar e O2 • Comum em < 2 anos, principalmente < 1ano/6meses • Sibilância + uso demusculatura acessória • Geralmente não responde a β2 em bebês (tratar com sintomáticos Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV Taquipneia sem sibilância ou outro fator que explique. Pneumonia na criança ≠ pneumonia no adulto Sinais clínicos • Tosse • Febre • Taquipneia o Valor normais de FR: ▪ < 2 meses: ≥ 60 irpm ▪ 2 a 11 meses: ≥ 50 irpm ▪ 1 a 4 anos: ≥ 40 irpm • Uso de musculatura acessória (tiragens subcostais) • Estertores finos (crepitações) • Dor torácica • Hipoxemia • Sintomas sistêmicos Sinais de gravidade Se presença de sinais de gravidade → internação imediata • FR ≥ 60 irpm • Hipoxemia • Rebaixamento do nível de consciência • Convulsão • Tiragem subcostal • Febre alta (> 38,5ºC) ou hipotermia • Recuso do seio materno por mais de 3 mamadas • Sibilância • Estridor em repouso • Sensório alterado com letargia • Sonolência anormal ou irritabilidade excessiva • Recusa de líquidos Agentes etiológicos Vírus são responsáveis pela maioria das PAC, em torno de 90% até um ano de idade e 50% em escolares. Mais comum: Streptococcus pneumoniae (pneumococo) Diagnóstico É essencialmente clínico. Exames complementares: Rx tórax: • Dúvida diagnóstica • Hipoxemia, desconforto respiratório e outros sinais de gravidade • Falha de resposta ao tratamento em 48-72h ou se piora progressiva, para verificar se há complicações (empiema, pneumotórax, escavação) • Paciente hospitalizado Laboratoriais: • Hemocultura • Pesquisa viral • Analise do líquido pleural • Sorologia • PCR Conduta Ofertar O2, se necessário. Quando a oferta de O2 está adequada, mas o paciente continua com saturação baixa ou FR baixa, devemos trocar a oferta de O2. Antibioticoterapia (ambulatorial ou internação) • Realizar empírico mais precocemente possível. • Amoxicilina ou ampicilina o Sem tiragem: oral o Sinais de gravidade: parenteral • 2ª opção: amoxicilina com clavulanato • Quando associar ATB: o Quadro atípico o Co-infecção o Presença de complicações Complicação – Derrame pleural Sintomas de pneumonia associado a estado geral mais acometido e dor pleurítica. Padrão-ouro para diagnóstico e quantificação do derrame: US Tratamento: punção (alívio e diagnóstico) – puncionar tudo que for possível • Critérios de light • Antibiograma • Se exsudato → drenar Resumindo... 1. Suspeitar (sinais clínicos) 2. Definir (clinicamente) 3. Classificar 4. Antibiótico empírico 5. Ofertar O2, se necessário 6. Definir etiologia Diarreia aguda Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV Definições 3 ou mais evacuações amolecidas ou líquidas nas últimas 24h. A diminuição da consistência habitual das é um dos parâmetros mais considerados na criança, enquanto que no RN é a alteração da frequência. • Aguda aquosa: dura até 14 dias • Disenteria: presença de sangue nas fezes • Persistente: estende por 14 dias ou mais Mecanismos: • Osmótico: come e evacua (pode provocar assaduras) • Secretor: altera bomba de Na (causa desidratação bem rápido) • Invasivo: bactéria invade mucosa intestinal – processo inflamatório Está mais relacionada com saneamento básico e higiene, mas transmissão é alta por via oral-fecal. Causas Vírus (mais comum): rotavírus, coronavírus, adenovírus, calicivírus e astrovírus Bactérias: E.coli, Salmonella, Shigella Parasitos (reduziu): Entamoeba histolytica, Giardia lamblia Fungos (raro, pensa em imunossuprimido): Candida albicans Avaliação clínica Anamnese: • Duração da diarreia e número diário de evacuações • Presença de sangue nas fezes • Número de episódios de vômitos • Presença de febre ou outra manifestação clínica • Práticas alimentares prévias e vigentes • Outros casos de diarreia em casa ou na escola • Oferta e consumo de líquidos • Uso de medicamentos • Histórico de imunizações • Diurese • Peso recente Exame físico: • Avaliar o estado de hidratação • Avaliar estado nutricional • Avaliar estado de alerta • Avaliar capacidade de ingerir líquidos Outros sinais de desidratação: fontanela baixa, perda de peso diurese reduzida Solicitar glicemia Tratamento PLANO A (domiciliar) • Oferecer o ingerir mais líquidos que o habitual: líquidos caseiros ou solução de reidratação oral (100ml) após cada evacuação – não adoçar e nem utilizar refrigerantes • Manter alimentação habitual • Se sinais de perigo ou não melhorar → serviço de saúde PLANO B (no serviço de saúde) • Pesar o paciente antes de começar reidratação • Administrar soro de reidratação oral (SRO) até que desaparece sinais de desidratação (50-100ml/kg em 4-6h) • Reavaliar sinais de hidratação (após 2h): o Se desaparece sinais: plano A o Se continua desidratado: sonda nasogástrica o Se evolui com desidratação grave: plano C OBS.: no período da adm. do SRO, suspender alimentação PLANO C (reidratação parenteral no serviço de saúde) • Fase rápida: expansão o SF 0,9%: 20ml/kg em 30 minutos o Ringer lactato: 20ml/kg em 2h e 30 minutos o Sempre reavaliar → pode fazer até 3x e depois associar com droga vasoativa • Fase manutenção e reposição (até conseguir se alimentar): o Soro glicose a 5% + SF 0,9% na proporção de 4:1 (manutenção) + KCl a 10% o Soro glicosado a 5% + SF 0,9% na proporção de 1:1 (reposição) ZINCO – não tem no SUS Indicado em qualquer fase. Pode reduzir duração do quadro VITAMINA A Em regiões que tem deficiência – norte e nordeste ANTIBIÓTICOS: Indicado para pacientes com disenteria, cólera, infecção aguda comprovada por Giardia ou Entamoeba, imunossuprimidos, com anemia falciforme, portadores de próteses e com sinais de disseminação bacteriana extrainstetinal. • Ciprofloxacino (não tem xarope no Brasil) • Azitromicina 10-12 mg/kg no 1º dia e 5-6mg/kg por mais 4 dias VO • Ceftriaxona 20-100mg/kg EV por dia por 3-5 dias ANTIEMÉTICOS - Não devem ser utilizados Ondazentrona 0,1mg/kg (máximo de 4mg VO ou EV) PROBIÓTICOS Não corta diarreia, vai ajudar a reduzir os dias RACECADOTRILA Anti-diarreico É permitido, mas não recomendado (utilizar apenas em casos específicos) OBS.: Se nada resolveu → antiparasitário e solicitar exame de fezes Meningite Bacteriana Aguda Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV É uma emergência infecciosa com alta incidência em crianças. Toda criança que apresente febre com sinais e sintomas de doença do sistema nervoso central, como alteração do estado mental ou qualquer evidência de disfunção de disfunção neurológica, deve obrigatoriamente ser investigada quanto a infecção do SNC como diagnóstico inicial. Etiologia < 3 meses: (flora intestinal e urinária materna) • Streptococcus agalactiae do grupo B • Bastonetes gram negativos • Listeria • Enterococo A partir de 3 meses: • Streptococcus pneumoniae • Neisseria meningiditis • Haemophilus influenzae tipo b Manifestações clínicas Sintomas inespecíficos: • Manifestações respiratórias • Mialgia • Artralgia • Taquicardia • Hipotensão • Petéquias, purpura e exantema maculopapular Lactentes: • Febre • Irritabilidade • Hipotermia • Letargia ou hipoatividade • Recusa alimentar • Vômitos • Diarreia • Dificuldade respiratória • Fontanela abaulada • Convulsões • Alterações do nível de consciência Crianças maiores: • Febre • Prostação • Anorexia • Fotofobia • Cefaleia • Vômitos • Bradicardia • Aumento da pressão arterial • Convulsões • Alterações do nível de consciência • Sinais de irritação meníngea: rigidez de nuca, dor lombar, sinal de Kernig e Brudzinski Diagnóstico laboratorial Exame do líquor: celularidade (citometria e citologia); bioquímica (proteína e glicose); gram e cultura; pesquisa de antígenos e PCR. Hemograma Exames de imagem: apenasquando houver CI de punção (hipertensão intracraniana, comprometimento cardiopulmonar e/ou choque, infecção de pele no local da punção e trombocitopenia. Tratamento Antibiótico empírico imediatamente após coleta das hemoculturas e realização da punção lombar. • Ceftriaxona 100mg/kg/dia por 14 dias para pneumococo; 7 a 10 dias para hemófilo; e 5 a 7 dias para meningococo Corticoide (diminuir reação inflamatória): dexametasona 1h antes ou concomitantemente ao antibiótico Monitorização, ressuscitação volêmica e cuidados intensivos Conduta com contactantes Todo contactante domiciliar, se houver contato com criança menor de 48 meses parcialmente ou não imunizada, em creches para os menores de 2 anos e maiores, se houver 2 casos no período de 60 dias. Além de contactantes de secreção orais sem uso de EPI Profilaxia apenas se infecção por Haemophilus influenzae ou meningococo: Rifampicina • Se H. influenzae: 20 mg/kg/dia 1x ao dia por 4 dias • Se meningococo: 10 mg/kg/dia 12/12h por 2 dias Prevenção Vacina contra H. influenzae tipo b Vacina para meningococo (C, A-C e A, C, W135, Y) Infecção do trato urinário Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV Consiste na multiplicação de um único germe patogênico em qualquer segmento do trato urinário. Predomina no sexo feminino, exceto até 6 meses, em que o sexo masculino é mais predominante. Etiologia • E. coli • Proteus • Klesbsiella • Streptococcus do grupo B • Pseudomonas Quadro clínico Lactente: • Febre • Irritabilidade • Recusa alimentar • Icterícia • Distensão abdominal • Baixo ganho ponderal > 2 anos: • Disúria • Polaciúria • Urgência-incontinência • Enurese • Tenesmo OBS.: criança não precisa ter disúria para ter ITU Avaliação laboratorial Urina 1: não substitui urocultura no diagnóstico de ITU Urocultura: padrão ouro de confirmação de ITU Para coleta de urina: • Sem controle esfincteriana: o Punção suprapúbica (PSP) o Sondagem vesical (SV) → ≥ 1000 ufc/ml o Saco coletor: valorizar apenas quando cultura negativa • Com controle esfincteriano: assepsia prévia → coletar urina de jato médio → positiva quando ≥ 100.000ufc/ml ou mais de 50.000ufc/ml associada a analise de urina demonstrando piúria Tratamento Tratamento inicial é com antibiótico empírico observando-se a idade e o estado geral do paciente. Nunca deve ser inferior a 7 dias, e preferentemente por 10 dias consecutivos. Orientar sobre importância da ingesta hídrica e correção da obstipação. Parenteral deve ser reservado principalmente aos lactentes muito jovens e àqueles com acometimento do estado geral e vômitos • Reavaliar em 48-72h e se melhora pode-se completar por via oral com ATB de espectro semelhante ao parenteral e/ou sabidamente sensível Profilaxia Para crianças com ITU de repetição com trato urinário normal e disfunção miccional Duração: 3 a 6 meses Sulfametoxazol-trimetoprim 200mg/kg/dia Investigação por imagem Toda criança, independentemente de idade e sexo, que tenha diagnóstico de certeza de ITU merece uma investigação por imagem. • USG do aparelho urinário e bexiga: confirmar e/ou detectar má formações • Cintilografia renal com DMSA: todos os lactentes com ITU febril, crianças com quadro clínico de pielonefrite e pacientes com RVU (Refluxo Vesicoureteral) • Uretrocistografia miccional (UCM) Síndrome nefrótica e nefrítica na infância Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV Síndrome nefrítica Glomerulonefrite pós-estreptocócica Geralmente crianças de 5 a 12 anos de idade, mais prevalente nos meninos. É devido a uma resposta imunológica com ativação do complemento (recrutamento de leucócitos, aumento do fator de crescimento e citocinas, inflamação e dano glomerular) QUADRO CLÍNICO • Edema • Hematúria (macroscópica dura de 1-3 semanas e a microscópica dura de 2-4 anos) • Hipertensão • Proteinúria • Oligúria (raramento anúria) • Dor abdominal difusa EXAMES: urina 1, complemento, ureia e creatinina, hemograma TRATAMENTO Na maioria dos casos é autolimitada e benigna. Medidas gerais: • Repouso relativo • Restrição hídrica: 400ml/m2/dia • Restrição de sódio (1-2g por dia) Medidas especificas: • Antibioticoterapia → prova rápida positiva para estreptococo ou cultura positiva de pele • Diuréticos → congestão cardiocirculatória e HAS (furosemida 1-2mg/kg/dia) • Anti-hipertensivos → HAS (amlodipina ou hidralazina) e emergência hipertensiva (nitroprussiato de sódio) • Drogas imunossupressoras → evolução crescente em biopsia • Terapia de substituição renal Síndrome nefrótica É uma das formas de apresentação clínica das glomerulopatias. Geralmente acomete mais os bebês/pré-escolares. QUADRO CLÍNICO • Edema (intenso, frio, depressível, insidioso, podendo evoluir para derrame pleural, ascite ou anasarca) • Hipercolesterolemia • Lipidúria • Proteinúria maciça (>50mg/kg/dia) • Hipoalbuminemia (< 2,5g/dL) • Aumento do volume plasmático • Aumento da PA • Distúrbios eletrolíticos: hipocalcemia, hipocalemia • Dor abdominal • Atopia caracterizando-se por processos alérgicos ou de pele EXAMES LABORATORIAIS • Urina 1: proteinúria e hematúria microscópica • Eletroforese de proteínas plasmáticas: hipoalbuminemia, redução de alfa-1-globulina e aumento de alfa-2 e de beta globulina. • Colesterol total, triglicerídes e lipoproteínas: elevados • Complemento: normal • Função renal: ureia e creatinina elevados • Fatores X e XII: diminuídos • Fatores V, VI e VIII e fibrinogênio: aumentados TRATAMENTO Edema: Restrição moderada da ingesta de sódio e uso cuidadoso de diuréticos (hidroclorotiazida ou furosemida) Hipoproteinemia: ingesta dietética (0,7/kg/cal/dia) e, em alguns casos, enalapril ou outro IECA Hiperlipidemia: manejo dietético Tromboembolismo: evitar imobilização prolongada Infecções: corticoides e drogas imunossupressoras. Orientações vacinais. Insuficiência renal aguda e hipovolemia: albumina ou dialise convencional Medidas especificas: • Corticosteroides: prednisona diária (60mg/m2, máximo de 80mg/dia, 3x/dia) durante 28 dias. Doenças exantemáticas Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV Questionar: sazonalidade, tipo de exantema, distribuição, duração, evolução e presença de outras manifestações: alterações de mucosa, febre, sintomas de VAS. Sarampo É uma infecção viral muito contagiosa que causa sintomas variados semelhantes a gripe e uma erupção cutânea característica. Doença de notificação compulsória. Tem vacina: Vacina Tríplice Viral: vacina atenuada, contendo vírus vivos “enfraquecidos” do sarampo, da rubéola e da caxumba. Duas doses, 1 aos 12 meses e outra aos 15 meses. QUADRO CLÍNICO Pródromo: febre leve, conjuntivite com fotofobia, coriza e tosse (pico no 1º dia de exantema) – fácie sarampenta Fase exantemática: exantema maculopapular morbiliforme, que começa atrás do pavilhão auricular e na linha dos cabelos, que desce ao longo do corpo. Percorre em direção crânio caudal. Dura 7 dias. Outros sintomas menos proeminentes. Exantema aditivo, que vai ficando marrom. Sinal patognomônico: manchas de Koplic EXAMES LABORATORIAIS • Hemograma: leucopenia com linfopenia • VHS e PCR normais TRATAMENTO • Antitérmicos (dipirona) • Hidratação • Suporte nutricional • Precauções de contato e de gotículas • Suplementação de vitamina A em menores de 2 anos PROFILAXIA PÓS EXPOSIÇÃO Receber a vacina de sarampo em até 72 horas após a exposição ou imunoglobulina em até 06 dias (imunocomprometidos e menores de 6 meses de idade). Rubéola Febre baixa, dura de 2-3 dias, exantema segmentar, petéquias em palato e presença de linfonodos palpáveis. Escarlatina Febre alta, exantema difuso micropapular, pele em lixa e 10 dias depois a mão descama. Amigdalite,língua em morango, prostação, sinal de pastia; sinal perioral (palidez – sinal de Filatov) Eritema infeccioso Febre baixa ou sem febre; criança ativa e começa com fácie esbofeteada (primeiro sinal a desaparecer) e exantema em membros (demora 3 semanas para sumir) Exantema súbito Herpes vírus. Febre alta e exantema em tronco logo que cessa a febre. Acomete, principalmente, crianças até 3 anos. Varicela Febre baixa; exantema é em polimorfismo (mácula → pápula → vesícula). Lesão em gota de orvalho é patognomônico. https://www.msdmanuals.com/pt/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-infec%C3%A7%C3%B5es-virais/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-infec%C3%A7%C3%B5es-virais Dengue Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV Suspeita de dengue Pessoa que viva ou tenha viajado nos últimos 14 dias para área onde esteja ocorrendo transmissão de dengue ou tenha presença de Aedes aegypti, que apresenta febre, usualmente entre 2 e 7 dias, e apresenta duas ou mais das seguintes manifestações: • Náuseas • Vômitos • Exantema • Mialgia • Artralgia • Cefaleia • Dor retroorbital • Petéquias ou prova do laço positiva • Leucopenia Também pode ser considerado caso suspeito, toda criança proveniente ou residente em áreas de transmissão de dengue, com quadro febril agudo, usualmente entre 2 e 7 dias, e sem foco de infecção aparente. Sinais de alarme • Dor abdominal intensa (referida ou à palpação) e contínua • Vômitos persistentes • Acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame pericárdio) • Hipotensão postural e/ou lipotimia • Hepatomegalia > 2cm abaixo do rebordo costal • Sangramento de mucosa • Letargia e/ou irritabilidade • Aumento progressivo do hematócrito Sinais de choque • Extravasamento grave de plasma, levando ao choque evidenciado por taquicardia; extremidades distais frias; pulso fraco e filiforme; enchimento capilar lento (>2segundos); pressão arterial convergente (<20mmHg); taquipneia; oliguria (<1,5 ml/kg/h); hipotensão arterial (fase tardia de choque); cianose (fase tardia do choque); acumulação de líquidos com insuficiência respiratória • Sangramento grave • Comprometimento grave de órgãos Conduta Tem sinais de alarme e/ou sinais de choque? • Sim → plano C e D • Não → pesquisar sangramento de pele espontâneo, prova do laço positiva, condição clínica especial, risco social ou comorbidade o Não → grupo A o Sim → grupo B Para todos: Iniciar hidratação oral de imediato, enquanto aguarda exames laboratoriais e avaliação médica. GRUPO A - Sem sangramento espontâneo ou induzido (prova do laço negativa), sem sinais de alarme, sem condição especial, sem risco social e sem comorbidades. Acompanhamento: ambulatorial Exames complementares: • Hemograma: a critério do médico • Exame especifico (sorologia/isolamento viral) Conduta: • Hidratação oral precoce e abundante, com soro de reidratação oral, oferecido com frequência sistêmica, completar com líquidos caseiros para crianças <2 anos, oferecer 50-100ml de cada vez; para crianças >2 anos, 100-200ml de cada vez. Hidratação no domicílio: 1/3 com SRO – até 10 kg: 130 ml/kg/dia; de 10 a 20 kg: 100 ml /kg/dia; acima de 20 kg: 80 ml/kg/dia • Repouso Sintomático o Antitérmicos e analgésicos (Dipirona ou paracetamol) o Antieméticos, se necessário GRUPO B - Com sangramento de pele espontâneo ou induzido (prova do laço +), ou condição clínica especial ou risco social ou comorbidades e sem sinal de alarme. Acompanhamento: em observação até resultado de exames Exames complementares: • Hemograma completo: obrigatório • Exame especifico (sorologia/isolamento viral) Conduta: • Conduta Hidratação oral conforme recomendado para o Grupo A, até resultado dos exames. • Hematócrito normal → Seguir conduta do Grupo A • Hematócrito aumentado em mais de 10% ou crianças >38%; mulheres >44%; e homens >50% o Tratamento em leito de observação: hidratação oral supervisionada ou parental o Conforme cálculo de hidratação do Grupo A, oferecendo 1/3 do volume em 4 horas o Hidratação venosa se necessário: Soro fisiológico ou Ringer Lactato – 40ml/kg/4h. Reavaliação: clínica e do hematócrito em 4h (após hidratação Aumento de hematócritos ou surgimento de sinais de alarme: • Sim → seguir conduta do grupo C • Não → hidratação domiciliar = grupo A Retorno: • Reavaliação clínica e laboratorial diária ou imediata na presença de sinais de alarme. • Entregar cartão de acompanhamento da dengue. • Acompanhar o paciente até 48h após a queda da febre. Doença falciforme na emergência Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV Doença de alteração genética caracterizada pela predominância da hemoglobina (Hb) S nas hemácias, sendo a anemia falciforme (HbSS) o genótipo mais frequente. A anemia é decorrente da morte precoce das hemácias. Causas de morbimortalidade: infecções, anemia hemolítica e de vaso-oclusão aguda (hemácias em foice se juntam, formando um turbilhonamento). Eventos agudos FEBRE/INFECÇÕES Relacionada com asplenia (ausência de baço) Patógenos mais frequentes: S. pneumoniae, Haemophilus influenzae, Salmonella **IMPORTANTE VACINA ESTAR EM DIA** Protocolo propedêutico e terapêutico: • Anamnese e exame físico cuidados (analisar sinais de gravidade – desconforto respiratório, esplenomegalia, icterícia, dor óssea, alterações hemodinâmicas) • Hemograma com reticulócitos, culturas, raio X de tórax, oximetria de pulso, punção lombar (se indicado) • < 3 anos com temperatura > 38,3ºC → internação • Tratar foco da infecção ou ATB empírico = amoxicilina com clavunalato Paciente até 5 anos: profilaxia com ATB (benzetacil 1x ao mês ou penicilina via oral todos os dias). CRISE ÁLGICA Devido a vaso-oclusão Acomete principalmente as extremidades/articulações Fatores predisponentes/causas de baixa tensão de O2: • Infecções • Desidratação • Exercícios físicos extenuantes • Estresse físico ou psicológico • Mudanças bruscas de temperaturas Avaliação propedêutica: • Anamnese e EF: características da dor (mãe e médico que devem avaliar, crianças não sabem explicar), sinais vitais, estado de hidratação e equilíbrio hemodinâmico • Investigar fator predisponente • Hemograma completo com reticulócitos, raio X de tórax, oximetria de pulso • Se dor abdominal: US abdome e teste de função hepática Conduta: • Dor leve: analgésico comum + AINE oral (cetropofeno) • Dor moderada a grave: opioide EV (morfina), se melhorar, passar para analgésico com AINE EV Sempre dar alta com prescrição de analgésico comum e AINE por alguns dias. SEQUESTRO ESPLÊNICO Queda intensa e abrupta da hemoglobina com sinais de descompensação hemodinâmica (hipotensão, palidez), aumento súbito do baço (dor abdominal) e reticulocitose. Propedêutica: hemograma com reticulócitos Conduta terapêutica: internação imediata com suporte hemodinâmico (volume em grande quantidade) e transfusão de concentrado de hemácias urgente. SÍNDROME TORÁCICA AGUDA Desencadeada, principalmente, por agentes bacterianos atípicos ou vaso-oclusão. Tríade clínica: sintoma ou sinal respiratório (taquipneia, tiragem, tosse, dispneia, dor torácica...) + infiltrado novo em radiografia de tórax + hipoxemia Avaliação propedêutica: hemograma com reticulócitos, culturas, oximetria de pulso e raio X de tórax Conduta terapêutica: • Internação com ATB endovenosa de amplo espectro incluindo macrolideos • Suporte ventilatório • Medicina transfusional (em casos muito grave) - exsanguineotransfusão • Analgesia com opioides, se necessário CRISE APLÁSTICA Aplasia medular eritrocitária secundária à infecção pelo parvovírus B19 Queda intensa e abrupta da hemoglobina com sinais de descompensação hemodinâmica, febre, palidez. Hemograma com reticulócitos reduzidos (reticulocitopenia)Conduta terapêutica: suporte hemodinâmico + medicina transfusional com concentrado de hemácias. ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL – raro Uma das causas de crise vaso-oclusiva Presença de sinais focais/neurológicos – exames de imagem PRIAPISMO Ereção dolorosa do pênis por crise vaso-oclusiva ou aumento sanguíneo no corpo cavernoso. NA ANEMIA FALCIFORME, HIDRATAÇÃO E TRANSFUSÃO DEVE TER INDICAÇÃO CRITERIOSA. Púrpura trombocitopenica imunológica Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV Doença autoimune adquirida e causa comum de sangramento em crianças. Aguda quando plaquetonia dura menos de 6 meses e crônica, quando > 6 meses. Plaquetas são destruídas por auto-anticorpos. (auto-Ac) IgG. Pode estar associada a infecções prévias ou vacinação. Diagnóstico História clínica + exame físico + hemograma (apenas plaquetopenia) Exame físico: • Estado geral bom • Sinais de sangramentos (petéquias, equimoses e hematomas) – indolor, sem prurido, não associa a outras alterações Sempre coletar o mielograma para excluir leucemia, na presença de outras alterações sugestivas. Tratamento Corticoide oral ou EV (prednisona ou metilprednisona) e/ou Imunoglobulina IV, em casos de plaquetas muito baixas e sangramentos ativos. Indicação de internação: • Sangramento ativo • Se julgar que a criança não fará repouso adequado em casa. Diagnóstico diferencial Síndrome hemolítica urêmica Leucemia Meningococcemia Púrpura de Henoch-Schönlein Distúrbios de coagulação Violência Violência doméstica Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV Suspeita Sinais na criança: • Comportamento • Criança amedrontada – recusa exagerada do EF, principalmente em partes intimas. • Atraso no desenvolvimento • Perda de peso e desnutrição sem explicação Sinais no cuidador/responsáveis: • Descaso – importar com pouco e banalizar algo muito importante • Demora inexplicável na procura de recursos médicos • Contradição • Falta de afeto • Histórias divergentes entre membros da família • Explicações contraditórias, não convincentes, quanto aos ferimentos observados. Condições sociais da família: • Uso de álcool e drogas • Violência domestica contra outros membros da família • Doenças mentais ou depressões • Pobreza • Desemprego Violência ou abuso físico Pode deixar marcas evidentes ou não. Avaliar se o mecanismo alegado, o tipo da lesão e o desenvolvimento neuropsicomotor da criança são condizentes: • Solicitar raio x de corpo inteiro, em caso de fratura ou suspeita • Fraturas sugestivas de maus tratos: o Múltiplas o Em diferentes estágios de consolidação o Espiraladas em diáfise, úmero e fêmur o Extremo distal da clavícula e da escápula • Evolução dos hematomas X tempo que foi informado o Roxo: < 3dias o Amarelo-esverdeado: entre 3 a 7 dias o Amarelada e amarelo-amarronzada: entre 7 e 30 dias • Solicitar hemograma e coagulograma, se hematoma Síndrome do bebê sacudido: Principalmente < 6 meses Massa encefálica bate na calota, levando sangramento Alteração neurológica + sangramento em TC + hemorragia retiniana Violência ou abuso sexual Uso da criança ou adolescente para qualquer tipo de gratificação sexual de adulto ou adolescente mais velho. Aguda: até 72h → notificação, sorologia e profilaxia (se em idade fértil: anticoncepção) Crônica: >72h: notificação, sorologia e tratamento, se positivo Para fins judiciais, só vale avaliação do perito, logo sempre colher swab em caso de presença de secreção para ter provas. Avaliação das regiões genital e anal. Negligência Omissão de cuidados básicos para o desenvolvimento físico, emocional e social da criança ou adolescente. Privação de medicamentos, falta de atendimento aos cuidados necessários de saúde, descuido com higiene, ausência de proteção contra frio ou calor, não provimento de estímulos educacionais e ausência de afeto. Violência psicológica Submissão da criança ou adolescente a atos de ação ou omissão, agressivos, de caráter repetitivo, extensivo e deliberado, praticada de diversas formas, por agressões verbais, rejeições, culpabilização, indiferença.... Geralmente, a escola que percebe e relata essa queixa. Síndrome de Munchausen Alteração psiquiátrica do agressor. Paciente é trazido para cuidados médicos, mas os sintomas e sinais que apresentam são inventados, simulados ou provocados por cuidadores. Suspeitar de crianças que passa em ambulatório com a mesma queixa. Condutas gerais Notificar para conselho tutelar – pode ou não informar o responsável que a notificação está sendo realizada Se necessário afastar a vítima do agressor, pode fazer internação social. Recepção do RN na sala de parto Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV Preparo/ambiente Profissional que irá recepcionar o RN deve ser um pediatra ou um profissional capacitado, principalmente em via aérea neonatal. Fatores de risco que levam a maior chance de RN precisar de suporte: Todo material necessário para a reanimação deve ser preparado, testado e estar disponível em local de fácil acesso, antes do nascimento. Esse material é destinado à avaliação do paciente, manutenção da temperatura, aspiração de vias aéreas, ventilação e administração de medicações: • Cânula para aspirar (nasal – 6 ou 8mm) • Ambu de tamanho adequado (geralmente 500 ml) • Mascara de tamanho adequado • Laringoscópio (preferência de lâmina reta) • Tubo de intubação (3 e 3,5 em a termo) • Estetoscópio (ausculta cardíaca apenas) • Oxímetro de 2 pontos (colocado no pulso) • Medicações: SF e adrenalina • Cateter umbilical • Clamp umbilical • Aspirador de mecônio (eventualmente) • Berço aquecido Ambiente deve estar entre 23 e 26ºC para manter a temperatura do RN em torno de 36ºC No berço aquecido: • Acesso por 3 lados • 3 campos: 1 envolvendo colchão, 1 para receber o RN e 1 para levar o RN para mãe ou transferir • Compressa cirúrgica para secar o RN • Toca para aquecer Conduta 3 perguntas iniciais: • A termo? • Tem tônus? • Está chorando / respirando? Se sim para todas → levar bebe para mãe, enxugar, avaliar sinais vitais, amamentação precoce e clampeamento do cordão tardia (1 a 3min) Se não para pelo menos 1 → clampeamento imediato e berço aquecido 1. Prover calor 2. Posicionar cabeça – leve extensão 3. Aspirar boca e narina, se necessário 4. Secar (começar pela cabeça) 5. Avaliar o RN: • FC → ausculta cardíaca, pulsação do cordão ou monitorização • Respiração → ver expansibilidade Condutas específicas: • Bebe não respira ou gasping e/ou FC < 100bat/min → ventilação com pressão positiva com ar ambiente (30s) e solicitar oximetria e reavaliar • Após 2 tempos de 30s com VPP e reavaliação contínua sem melhora → ventilar com IOT (30s) • Indicação de massagem cardíaca → FC < 60 (1min) – técnica de 2 polegares sobrepostos • Ao iniciar massagem cardíaca → IOT, caso ainda não esteja intubado • Ausência de melhora mesmo com massagem e IOT → adrenalina (cateter umbilical) • Se RN já nasceu parado, primeiro tentar 1 ciclo de VPP de 30s e depois massagem se necessário
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