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MÓDULO 1 -FUNDAMENTOS DO DIREITO

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Fundam
entos de D
ireito
V
irgínia de Fátim
a D
ias
Virgínia de Fátima Dias
F DIREITODEundamentos
Código Logístico
58714
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6502-8
9 7 8 8 5 3 8 7 6 5 0 2 8
Fundamentos de Direito
IESDE BRASIL S/A
2019
Virgínia de Fátima Dias
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
D536f Dias, Virgínia de Fátima
Fundamentos de direito / Virgínia de Fátima Dias. - 1. ed. - 
Curitiba [PR] : IESDE Brasil, 2019. 
180 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6502-8
1. Direito - Estudo e ensino (Superior). I. Título.
19-57978 CDU: 340.11:378
© 2019 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem 
autorização por escrito da autora e do detentor dos direitos autorais.
Capa: IESDE BRASIL S/A. 
Imagem da capa: ESB Professional/Shutterstock
Virgínia de Fátima Dias
Mestre em Educação e especialista em Metodologia do 
Ensino Superior pela Pontifícia Universidade Católica do 
Paraná (PUC-PR). Bacharel em Direito pela Faculdade de 
Direito de Curitiba (FDC). Graduada em Letras Português- 
-Inglês pela PUC-PR. Atua na área da educação há mais de 30 
anos, é advogada e professora de graduação e pós-graduação. 
Autora de livros didáticos para ensino a distância. 
Sumário
Apresentação 7
1. Direito: noções introdutórias 9
1.1	 A	origem	e	o	conceito	de	Direito 9
1.2	 O	Direito	e	suas	denominações 12
1.3	 Direito	e	moral 15
2. Direito: fontes e classificações 19
2.1 Divisão do Direito Positivo: Direito Público e Direito 
Privado 19
2.2	 Ramos	do	Direito 23
2.3	 Fontes	do	Direito 28
3. Direito Constitucional 39
3.1	 Noções	de	Direito	Constitucional 39
3.2	 Organização	do	Estado 42
3.3	 Organização	dos	Poderes 45
4. Introdução ao Direito Administrativo 55
4.1	 Direito	Administrativo 55
4.2	 Princípios	do	Direito	Administrativo	brasileiro 58
4.3	 Poderes	da	Administração	Pública 64
5. Direito Administrativo: Administração Pública 73
5.1	 Diferença	entre	Administração	Pública	direta	e	
indireta 73
5.2	 Ato	administrativo:	conceito	e	requisitos 84
5.3	 Ato	administrativo	vinculado	e	ato	administrativo	
discricionário 92
6. Licitação Pública 99
6.1	 Conceituação	e	objetivo 99
6.2	 Princípios 107
6.3	 Modalidades 114
7. Responsabilidade civil do Estado 125
7.1	 Conceito	e	características 125
7.2	 Tese	da	responsabilidade	civil	do	Estado	adotada	no	
Brasil 129
7.3	 Indenização:	causas	excludentes	e	ação	regressiva 132
8. Noções gerais de Direito Penal 139
8.1	 Conceito	e	princípios	básicos 139
8.2	 Lei	penal	no	tempo 148
8.3	 Fato	típico 151
Gabarito 159
Apresentação
O Direito é uma ciência que permeia toda a vida social. 
Desde o nascimento até sua morte, o ser humano é conduzido 
por normas jurídicas. O mesmo ocorre com as pessoas jurídicas, 
as quais são submetidas aos ditames da lei durante toda a sua 
existência.
 Além disso, o conhecimento jurídico transforma o homem 
e sua vida em sociedade. Desde o Império Romano, o Direito 
busca estabelecer a justiça social e estruturar a ordem jurídica 
por meio de ações do Estado. 
Estruturado em oito capítulos, este livro apresenta noções 
gerais do Direito, tais como suas fontes e seus ramos. Dirige-se 
para áreas jurídicas específicas que se relacionam estreitamente, 
como o Direito Constitucional, que protege os direitos humanos, 
e o Direito Administrativo, que regula as limitações do Estado. 
As noções de Direito Constitucional permitem 
compreender como a Constituição Federal organiza política 
e administrativamente o Estado brasileiro, além de esclarecer 
qual deve ser a atuação dos Poderes Executivo, Legislativo e 
Judiciário em um Estado democrático de Direito. 
Já os conhecimentos iniciais do Direito Administrativo 
favorecem ao leitor uma visão geral da estrutura da Administração 
Pública direta e indireta, como também de quais limitações 
lhe são impostas por meio dos princípios constitucionais 
administrativos. 
8 Fundamentos de Direito
Este livro aborda, ainda, o processo licitatório como exigência 
à administração pública direta e indireta impingida pela Lei 
n. 8.666, de 21 de junho de 1993, e regulado pelo Direito 
Administrativo. Compreendê-lo impõe-se como condição sine 
qua non para todos aqueles que almejam prestar serviços ou 
fornecer bens ao Estado. 
Contudo, uma vez que no exercício de suas funções o 
agente público pode praticar danos contra os administrados, 
ou seja, contra a população, o livro contempla, também, o 
tema “responsabilidade civil do Estado”, de forma a esclarecer 
a maneira pela qual a legislação brasileira rege a matéria.
Finalmente, há uma breve análise do Direito Penal, por meio 
da qual se elucidam o conceito, a origem e os princípios básicos 
que norteiam a aplicação da lei penal. 
Desse modo, o propósito desta obra é permitir uma visão geral 
de assuntos jurídicos atuais. Com a complexidade das relações 
sociais, entender o que é e como funciona o Direito tornou-se 
essencial para o exercício da cidadania, por possibilitar a todos 
a consciência de direitos e deveres da sociedade e do Estado. 
Nesse sentido, os capítulos expõem temas imprescindíveis aos 
interessados em obter conhecimentos jurídicos de maneira 
concisa.
Bons estudos.
1
Direito: noções introdutórias
O presente capítulo tem por objetivo apresentar a origem do 
Direito, seu conceito e algumas de suas classificações, para uma 
melhor compreensão do funcionamento dessa ciência enquanto 
regulamentação social realizada por meio das normas jurídicas, as 
quais buscam a harmonia entre as pessoas.
Além disso, com vistas a obter um melhor entendimento do 
Direito como instrumento de controle social, neste capítulo também 
apresentaremos uma análise das características de tal ciência em 
comparação com a moral, que é outro meio de controle social.
Dessa maneira, estamos iniciando o estudo dos fundamentos 
do Direito, com a intenção de lhe proporcionar noções elementares 
da estrutura da ordem jurídica, salientando a importância de sua 
existência para as relações humanas e sociais, bem como de sua 
aplicação nas esferas particular e profissional.
1.1 A origem e o conceito de Direito
O Direito apareceu primeiramente na forma 
de costumes sociais, regulando a convivência dos 
indivíduos. Nem sempre existiram leis elaboradas 
pelo Estado para organizar o convívio social. E, 
no início da civilização, imperava a lei do mais 
forte sobre o mais fraco. Somente aos poucos, com 
a evolução da civilização, emergiu a possibilidade de criar regras 
escritas para determinar a conduta humana, disciplinando, assim, a 
vida em sociedade.
Vídeo
10 Fundamentos de Direito
O Código de Hamurabi, escrito na Mesopotâmia, por volta de 1780 
a.C., foi a primeira codificação escrita de que se tem notícia, a fim de 
normatizar as relações humanas. Ele expunha as leis e as punições, caso 
elas não fossem respeitadas, evitando que as pessoas fizessem justiça 
com as próprias mãos, iniciando uma ideia de ordem social.
Posteriormente, em Roma, o Direito evoluiu ainda mais. Sob 
essa ótica, Roque (2007, p. 25) afirma que:
Caracteriza-se o direito romano pelo rigor, pela exatidão e 
pelo formalismo. Em mais de 1.200 anos em que ele vigorou, 
essas características se atenuaram e foram acompanhadas 
de outras. Foi ainda direito intensamente legislado, o que 
fez da legislação romana um corpo de leis muito unificado, 
legado ao mundo posterior como exemplo e fundamento.
Foi o Direito romano que criou a Lei das Doze Tábuas, seu 
primeiro código. Usadas durante muito tempo como símbolo de 
justiça, as Doze Tábuas trataram de temas relevantes, desde atos 
processuais, poder do chefe de família, propriedade e posse até 
delitos e penhor de bens móveis. Dada a sua importância, foram 
usadas como símbolo da justiça, enriquecidas posteriormentepela 
Deusa Têmis, que em Roma era chamada de Justitia.
A esse respeito, Roque (2007, p. 35) nos explica o seguinte:
A princípio, os romanos adotaram só as doze tábuas, 
mas depois colocaram Têmis junto a elas. A venda nos 
olhos de Têmis foi cedo introduzida, dando o sentido de 
imparcialidade e de igualdade: a justiça deve olhar todos 
como iguais, sem diferenças nem discriminações; a justiça é 
para patrícios e para plebeus, para pobres e ricos.
Uma das heranças do Direito romano ao Direito brasileiro foi o 
jus civilis, chamado também de Direito Civil, outrora um ramo do 
Direito de Roma aplicado exclusivamente aos seus cidadãos. Tinha 
como principal administrador da justiça o pretor, que organizava o 
processo e ouvia as partes envolvidas, cuidando, assim, do que hoje 
é chamado de instrução do processo. Logo, cabia a outro “juiz” o 
Direito: noções introdutórias 11
julgamento final. Como Roma foi o berço do Direito, representou 
também a origem da legislação ocidental.
A área do conhecimento que se ocupa de pesquisar e explicar 
a origem do Direito é a História do Direito, enquanto a Filosofia 
Jurídica busca nos trazer as acepções da palavra direito.
O desenvolvimento das relações sociais trouxe a necessidade 
de evolução do próprio Direito. Conforme afirma Nader (2018, 
p. 27), “o Direito está em função da vida social. A sua finalidade é 
a de favorecer o amplo relacionamento entre as pessoas e os grupos 
sociais, que é uma das bases do progresso da sociedade”.
Assim, a convivência social permite a evolução dos seres 
humanos, ao mesmo tempo que pode gerar conflitos entre as 
pessoas, pois elas possuem necessidades e interesses próprios. Sob 
essa ótica, ao Direito cabe delimitar os comportamentos, a fim de 
que tais conflitos sejam evitados ou solucionados.
Conforme o vocabulário jurídico de Silva (2012, p. 461), a 
palavra direito “deriva do latim directum, dirigere (dirigir, ordenar, 
endireitar), significando que é reto, o que não se desvia, seguindo 
uma só direção, entendendo-se tudo aquilo que é conforme a razão, 
a justiça e a equidade”.
No entanto, é certo que tal vocábulo alcança vários sentidos, 
conforme o contexto em que está inserido. Para o senso comum, 
a palavra direito é bastante utilizada no sentido de “lei”, conforme os 
seguintes exemplos: “o direito me garante uma indenização por ter sido 
vítima de uma calúnia” ou, então, “conheço meus direitos trabalhistas”. 
Ainda com base no senso comum, tal vocábulo é utilizado significando 
aquilo que é justo, tal como “não é direito que um homem receba um 
salário maior que uma mulher apenas por seu gênero”.
Mas a palavra direito também possui os sentidos de ciência 
(por exemplo: “ele estuda Direito na faculdade”) e, também, de 
possibilidade de agir a partir da norma jurídica (como em “temos o 
direito de reclamar do governador”).
12 Fundamentos de Direito
Acerca da percepção mais popular do que seja Direito, Reale 
(2015, p. 1, grifos do original) comenta que:
aos olhos do homem comum o Direito é lei e ordem, 
isto é, um conjunto de regras obrigatórias que garante a 
convivência social graças ao estabelecimento de limites à 
ação de cada um de seus membros. Assim sendo, quem 
age de conformidade com essas regras comporta-se direito; 
quem não o faz, age torto.
Para os operadores do Direito, há a preocupação em utilizar e 
interpretar tal vocábulo com base em sua aplicação mais técnica. Por 
isso, o mesmo jurista, Miguel Reale, considerando a preocupação 
com o sentido mais técnico da palavra direito, criou a teoria da 
Estrutura Tridimensional do Direito, segundo a qual:
uma análise em profundidade dos diversos sentidos da 
palavra Direito veio demonstrar que eles correspondem 
a três aspectos básicos, discerníveis em todo e qualquer 
momento da vida jurídica: um aspecto normativo (o Direito 
como ordenamento e sua respectiva ciência), um aspecto 
fático (o Direito como fato ou em sua efetividade social e 
histórica) e um aspecto axiológico (o Direito como valor de 
Justiça). (REALE, 2015, p. 64)
A partir de tal teoria, podemos depreender que o Direito possui 
alguns elementos que se complementam. Por isso, para sua aplicação, 
eles precisam ser considerados na interpretação das regras jurídicas 
por seus operadores (tais como advogados, magistrados etc.).
Desse modo, é responsabilidade dos estudos realizados na 
disciplina de Filosofia Jurídica tratar dos significados encontrados 
e empregados para a palavra direito.
1.2 O Direito e suas denominações
A Filosofia Jurídica se ocupa de estudar as 
teorias desenvolvidas para explicar o Direito. 
Uma dessas teorias é o jusnaturalismo, segundo 
a qual existe uma lei natural, ou seja, uma ordem 
Vídeo
Direito: noções introdutórias 13
preexistente que, para Silva (2012, p. 474): “decorre de princípios 
impostos à legislação dos povos cultos, fundados na razão e na 
equidade, para que regulem e assegurem os direitos individuais, 
tais como o de vida, de liberdade, de honra e de todos os direitos 
patrimoniais, que asseguram a própria existência do homem”.
Assim sendo, o Direito Natural é entendido como um conjunto 
de normas imutáveis, aplicáveis em qualquer lugar, e que não 
sofre alterações ao longo da história, porque seus valores são 
estabelecidos pela ordem divina e pela razão. Dessa forma, tais 
normas representam direitos incorporados que nascem com o 
ser humano, independentemente da existência de legislações ou 
convenções, como o direito à dignidade, por exemplo. Ressaltamos, 
porém, que o Direito Natural, por não ser criado pelo Estado, não é 
um direito escrito.
Posteriormente, em contraponto à teoria jusnaturalista, surgiu, na 
formação do Estado moderno, a teoria juspositivista, a qual defende 
a ideia de que o Direito é um conjunto de normas positivadas, ou 
seja, criadas pelas decisões de alguém.
No Estado Democrático de Direito, em que os Poderes 
Executivo e Legislativo são compostos por representantes do povo, 
a elaboração das leis é decidida por tais representantes. Já em uma 
ditadura, situação em que o poder de governar está nas mãos de uma 
pessoa ou de um grupo, a criação do Direito Positivo fica a cargo do 
governo ou da entidade política que decide.
Na esteira desse raciocínio, Silva (2012, p. 1060) explica que o 
“Positivismo Jurídico é uma escola jurídica que tem por base o direito 
positivo, ou seja, aquele posto na lei. Opõe-se ao jusnaturalismo, ou 
direito natural”. Assim, a partir das necessidades provenientes das 
relações sociais, cabe ao Estado institucionalizar normas jurídicas 
que delimitem o comportamento dos indivíduos, formando-se o 
ordenamento jurídico.
14 Fundamentos de Direito
O Direito Positivo tem como elemento essencial a coação, por 
meio da qual o Estado impõe o cumprimento de suas normas. Hans 
Kelsen (2009, p. 21), em sua obra Teoria Pura do Direito, propõe 
a definição do Direito como sendo a “ordenação coercitiva da 
conduta humana”. Assim, conforme Kelsen (2009), tal definição se 
aplica porque, em muitas situações, de nada adiantaria o Direito 
determinar uma conduta sem cominar uma punição para seu 
descumprimento. O símbolo da justiça demonstra bem tal ideia, 
ao ter em uma das mãos a balança, representando a equidade, e na 
outra a espada, a qual serve para expressar a força.
Então, as regras jurídicas reconhecidas pelo Estado para serem 
aplicadas em determinada época em um país constituem a ordem 
jurídica a ser respeitada e têm a denominação de Direito Positivo. 
Este engloba as normas criadas pelo Estado e outras que, embora 
derivem de diferentes fontes, são asseguradas pelo Estado, como as 
provenientes do costume.
O Direito Positivo é formado por dois outros direitos: o direito 
objetivo e o direito subjetivo. O primeiro se refere ao conjunto de normas 
jurídicas impostas nas relações sociais e, por isso, confunde-se com o 
próprio conceito de Direito Positivo. Nesse sentido, para Venosa (2014, p. 
12, grifo do original), “o direito objetivo é constituído por um conjuntode regras destinadas a reger um grupo social, cujo respeito é garantido 
pelo Estado (norma agendi)”. Um exemplo de direito objetivo é o Código 
Civil brasileiro (BRASIL, 2002), elaborado pelo Congresso Nacional 
(órgão responsável pela elaboração de leis federais).
Por outro lado, o direito subjetivo depende da existência do 
direito objetivo, à medida que representa a faculdade ou possibilidade 
de invocar as normas jurídicas para a defesa de um interesse. Por 
exemplo, uma gestante pode exigir da empresa em que trabalha que 
seu direito à licença-maternidade seja respeitado (direito subjetivo), 
uma vez que há previsão no ordenamento jurídico brasileiro (direito 
objetivo) garantindo-lhe tal licença.
Direito: noções introdutórias 15
O portador do direito subjetivo tem a possibilidade de requerer 
o cumprimento da obrigação que está na lei (do direito objetivo). 
Portanto, a existência e o exercício de tal direito presumem a anterior 
subsistência do direito objetivo.
1.3 Direito e moral
O Direito não é o único meio de controle do 
comportamento do homem em sociedade em 
busca de garantir as relações sociais de cooperação. 
Existe outro processo normativo que complementa 
e até mesmo influencia o Direito: a moral.
Para Nader (2018, p. 35), Direito e moral “são instrumentos 
de controle social que não se excluem, antes, se complementam e 
mutuamente se influenciam”. O autor, dessa forma, pretende dizer 
que tanto o Direito quanto a moral buscam determinar como as 
pessoas devem se portar no convívio social, sendo que os valores 
ditados pela moral influenciam na criação das normas jurídicas.
Conquanto exista uma convergência nos objetivos do Direito e 
da moral, em virtude de ambos representarem formas de controle do 
comportamento em sociedade, tais conceitos também apresentam 
diferenças. A moral tem por objetivo o aperfeiçoamento do indivíduo 
como ser humano; nesse sentido, suas normas direcionam a prática 
das pessoas; por sua vez, as normas jurídicas estão voltadas ao 
bem-estar do público em geral. Assim, enquanto o Direito se ocupa 
das ações realizadas pelo homem em seu meio social, a moral está 
voltada para o íntimo do indivíduo, atuando predominantemente 
em seu foro interior.
Por exemplo, se você deseja interiormente a morte de um 
inimigo, sem que externe de nenhuma maneira alguma atitude 
para realizar seu desejo, tal situação pode interessar à moral, mas 
não ao Direito. Caso seu inimigo venha a falecer sem que haja sua 
Vídeo
16 Fundamentos de Direito
participação no fato, você poderá sentir algum remorso por aquilo 
que desejava para ele, mas não será castigado por isso. Sob essa ótica, 
a moral estabelece sanções internas, como o arrependimento. Por 
outro lado, caso você tenha de alguma forma agido para provocar 
a morte de seu inimigo, o Direito aplicará uma punição. Devido 
a tais consequências, podemos afirmar que o Direito possui a 
característica da coercibilidade, enquanto a moral é incoercível.
A coercibilidade, aqui, significa a possibilidade de punição pelo 
desrespeito à regra jurídica, o que não existe em nenhum outro meio 
de controle social além do Direito. Além disso, quanto aos efeitos 
das normas jurídicas e morais, é possível observar que nas primeiras 
ocorrem efeitos bilaterais, pois o comportamento de um indivíduo 
é considerado a partir do comportamento de outro (sendo que o 
primeiro detém a prerrogativa de exigir do segundo o cumprimento 
de uma obrigação, surgindo daí as figuras do sujeito ativo e do sujeito 
passivo de uma relação jurídica). Assim, a cada direito corresponde 
uma obrigação. Por sua vez, na esfera das normas morais, os efeitos 
são unilaterais, ou seja, envolvem apenas um indivíduo. Por exemplo, 
se você é caridoso com outras pessoas, seu comportamento não as 
obriga a serem caridosas com você.
É certo que as normas morais influenciam na elaboração das 
normas jurídicas. Por exemplo, o amparo dos filhos aos pais já idosos 
é, antes de um dever jurídico, uma obrigação moral. Entretanto, até 
mesmo na formulação de regras morais e jurídicas há diferenças, 
uma vez que as últimas decorrem de um procedimento específico 
e estão contidas em códigos e leis, enquanto as normas morais são 
difusas, criadas com base na formação social de cada um.
Considerações finais
A vida em sociedade gera inúmeras formas de relacionamentos. 
Uma vez que cada pessoa possui interesses próprios, é necessário 
delimitar o comportamento social para garantir a harmonia e 
Direito: noções introdutórias 17
o progresso do coletivo. Foi devido a essa circunstância que o 
Direito surgiu.
Dado o fato de que em nosso idioma as palavras são ricas em 
significados, é relevante estabelecer a diferença entre os sentidos 
para a palavra direito, em especial para que se torne compreensível a 
distinção do termo utilizado na esfera do senso comum e no âmbito 
mais restrito dos operadores do Direito (a exemplo de advogados, 
juízes, promotores de justiça, entre outros).
Desta forma, devemos procurar entender o Direito não só em 
relação aos seus significados e à sua correta aplicação, mas, também, 
em comparação com outros meios de controle social, tal qual a 
moral. Compreender, portanto, que nem tudo que implica um valor 
moral fará parte de uma norma jurídica – e vice-versa – auxilia na 
melhor aplicação do Direito nas esferas particular e privada. E sob 
essa perspectiva, neste primeiro capítulo, apresentamos os elementos 
básicos necessários para que, aos poucos, você entenda os fundamentos 
do Direito, instigando-o aos estudos dos próximos capítulos.
Ampliando seus conhecimentos
• LYRA FILHO, Roberto. O que é Direito. São Paulo: Brasiliense, 
2000. (Coleção Primeiros Passos).
Este livro apresenta uma análise bastante clara acerca dos temas 
propostos neste capítulo, tais como o conceito de Direito e as 
diferenças entre Direito e moral. Além disso, trata das ideologias 
jurídicas, estabelecendo a relação entre elas e a divisão de classes 
e considerando, também, como essa relação atinge o Direito.
• O ADVOGADO dos 5 crimes (A Murder of Crows). Direção: 
Rowdy Herrington. EUA: Millennium Series, 1998. (95 min.).
Este filme mostra a história de um advogado bem-sucedido 
que abandona uma causa em que defendia um homem 
18 Fundamentos de Direito
poderoso acusado de estupro e homicídio. O advogado perde a 
licença para advogar e resolve se tornar um escritor. O enredo 
é surpreendente e a trama nos fornece uma boa análise do 
Direito e da moral. Especificamente, o trecho entre 4min28s 
e 17min possibilita uma rica reflexão acerca do Direito, da 
justiça e da moral.
Atividades
1. O Direito Natural é autônomo em relação ao Estado? Explique.
2. Qual é a relação entre o direito objetivo e o direito subjetivo? 
Exemplifique.
3. O pagamento de pensão alimentícia por parte dos pais aos 
filhos menores interessa ao Direito ou à moral? Explique.
Referências
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 16 jun. 2019.
KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. São Paulo: Saraiva, 2009.
NADER, Paulo. Introdução ao estudo do Direito. São Paulo: Forense, 2018.
PALAIA, Nelson. Noções essenciais de Direito. São Paulo: Saraiva, 2018.
REALE, Miguel. Lições preliminares de Direito. São Paulo: Saraiva, 2015.
ROQUE, Sebastião José. História do Direito. São Paulo: Ícone, 2007. 
(Coleção Elementos de Direito).
SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. Rio de Janeiro: Forense, 2012.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Introdução ao Estudo do Direito. 4. ed. São Paulo: 
Atlas, 2014. (Coleção Primeiras Linhas).
2
Direito: fontes e classificações
Neste capítulo, apresentaremos a divisão do Direito Positivo. Essa 
divisão gera algumas discussões na atualidade, por isso acreditamos 
que abordá-la é de grande importância para os propósitos didáticos 
deste livro.
Tal conhecimento é importante porque, a partirdas noções de 
Direito Público e de Direito Privado, estudaremos alguns ramos 
do Direito, tais como Direito Civil, Direito do Trabalho, Direito 
Processual, entre outros, os quais têm normas jurídicas próprias. A 
intenção é proporcionar uma visão geral das áreas do Direito mais 
utilizadas, sem a pretensão de nos aprofundarmos em tais temas, 
por não ser a proposta da presente obra.
Por fim, trataremos também das fontes do Direito, ou seja, 
de onde ele advém. Do exposto, afirmamos que todos os temas 
abordados são relevantes e instigantes, pois sua compreensão 
facilitará na aplicação dos conhecimentos jurídicos.
2.1 Divisão do Direito Positivo: 
Direito Público e Direito Privado
As normas jurídicas utilizadas para a 
organização do comportamento social são 
divididas em dois grupos, conforme a tutela dos 
interesses que fazem parte da relação jurídica à 
qual tais normas se aplicam. Quando a tutela da 
lei é voltada ao interesse público, a aplicação das normas jurídicas é 
diferente da regulação do interesse privado.
Vídeo
20 Fundamentos de Direito
Para Reale (2015, p. 340), ao classificar a norma jurídica a partir 
das relações que a regulam, a divisão se dá da seguinte forma: “se a 
relação é de coordenação, trata-se, geralmente, de Direito Privado. 
Se a relação é de subordinação, trata-se, geralmente, de Direito 
Público”. Ao mencionar a relação de coordenação, Reale (2015) incita 
que quando a lei é utilizada em uma relação jurídica entre duas ou 
mais pessoas que estão em uma mesma posição, ocorre a aplicação 
do Direito Privado, o que não acontece quando os sujeitos que 
fazem parte da relação jurídica estão na condição de subordinado 
e subordinante, quando são aplicadas normas de Direito Público.
A esse respeito, observe os exemplos: ao adquirir um veículo 
em uma concessionária e realizar o pagamento, você e o vendedor 
estão em uma mesma condição na relação jurídica (pois um 
precisa do veículo, e o outro, do valor pago pelo carro). A norma 
jurídica aplicada em tal relação é a de Direito Privado. Por outro 
lado, quando o Estado determina que você trafegue a 30 km/h em 
determinada via pública, diante de uma escola, você não está em um 
patamar de igualdade com o Estado na relação jurídica que tem com 
ele, pois você lhe deve obediência, sob pena de ser punido; então, 
há subordinação à vontade do Estado. Tal relação é regulada pelo 
Direito Público.
A classificação em Direito Público e Direito Privado também 
é feita considerando o conteúdo da relação jurídica. Se envolve 
interesse público, as normas jurídicas são denominadas cogentes ou 
taxativas, por protegerem o interesse coletivo; assim, fazem parte do 
denominado Direito Público. Por exemplo: uma obra de um hospital 
público, determinada pela prefeitura, deve seguir normas taxativas 
(ou cogentes), uma vez que tal ação envolve o interesse da população.
Então, as leis que regulam a contratação da construtora, a forma 
de pagamento pelo serviço, a contratação de funcionários do hospital 
e a compra dos materiais utilizados competem ao Direito Público, 
pois o investimento a ser feito será para a população, por meio do 
Direito:	fontes	e	classificações 21
uso do orçamento público. Dessa forma, por serem imperativas, 
tais normas não podem ser desconsideradas por decisão das partes 
envolvidas (no caso, a prefeitura e os contratados).
Por outro lado, quando a relação jurídica apresenta um 
conteúdo voltado ao interesse de particulares, as normas jurídicas 
são denominadas dispositivas, já que podem ser afastadas em 
benefício das partes envolvidas. Assim, na construção de um 
condomínio residencial, cabe aos investidores decidirem a escolha 
da construtora, a forma de pagamento pelos serviços de construção, 
quais funcionários contratar e de que forma, pois o interesse, nesse 
caso, é dos investidores. O Direito Privado, portanto, tutela o 
interesse dos sujeitos envolvidos em tal relação jurídica.
A divisão do Direito em Direito Público e Direito Privado não é 
pacífica entre os autores. Sob essa ótica, Nader (2018, p. 101) explica 
que “a dificuldade entre as duas grandes classes do Direito oferece 
alguns juristas a conceberem a existência de um terceiro gênero, por 
uns denominado Direito Misto e por outros Direito Social”.
O Direito Misto, segundo a minoria da doutrina que defende 
sua existência, tutelaria tanto interesses públicos quanto privados. 
Mas a construção histórica do Direito se fundamenta na divisão 
entre Direito Público e Direito Privado, conforme se dão as relações 
jurídicas estabelecidas e as normas que as tutelam. Ainda a respeito 
do Direito Misto, Fuhrer e Milaré (2015, p. 39) apresentam o 
seguinte texto:
Vale observar, no entanto, que essa divisão do Direito 
em Público e Privado, embora milenar, não é aceita 
pacificamente entre os autores. Daí falar-se num Direito 
Misto, já que no mundo atual, entre os dois grandes e 
tradicionais campos do Direito se encontram regras 
que tutelam tanto o interesse público quanto o privado, 
como, por exemplo, no caso do Direito de Família, do 
Trabalho etc.
22 Fundamentos de Direito
Os autores citados classificam o Direito do Trabalho com 
natureza jurídica de Direito Misto, pois existe a tutela do interesse 
público (quando o Estado determina um valor mínimo a ser pago 
ao empregado, e a empresa deve obedecer a tal lei, por exemplo) e a 
tutela do interesse privado (na realização do contrato individual de 
trabalho, que traz as obrigações entre empregado e empregador e 
as regras são estabelecidas entre as partes envolvidas no contrato).
Podemos perceber claramente que, no primeiro exemplo, 
existe a subordinação a partir da norma jurídica na relação entre 
empresa e Estado, e, no segundo exemplo, a relação de coordenação 
estabelecida pela lei para empregado e empregador. Uma vez que, 
em uma mesma área do Direito, há normas cogentes e dispositivas, 
alguns autores defendem a ideia de Direito Misto para o Direito do 
Trabalho.
Por sua vez, o Direito Civil compõe-se predominantemente de 
normas jurídicas de Direito Privado, bem como o Direito Comercial. 
E fazem parte do Direito Público o Direito Constitucional, o Direito 
Administrativo, o Direito Processual, o Direito Penal e o Direito 
Tributário, pois tais ramos possuem normas imperativas.
Embora alguns autores defendam a ideia de que o Direito do 
Trabalho é um ramo do Direito Misto, conforme já explicado, a 
maioria entende que se trata de um ramo do Direito Privado, como 
nos explica Martins (2014, p. 26):
A maioria das normas existentes no Direito do Trabalho é 
de Direito privado, que preponderam sobre as de Direito 
público. Lembre-se, por exemplo, da possibilidade de a 
negociação das condições do contrato de trabalho ser feita 
pelos envolvidos. Não se pode dizer, portanto, que existe 
um Direito misto, híbrido de Direito privado e público ao 
mesmo tempo. Tal fato iria negar, inclusive, a autonomia 
do Direito do Trabalho, que não poderia ser e deixar de 
ser alguma coisa ao mesmo tempo. O que tem que ser 
observado é seu conjunto, em que predominam as regras 
de Direito privado.
Direito:	fontes	e	classificações 23
Portanto, Martins (2014) representa a maioria da doutrina, a qual 
defende a ideia do Direito do Trabalho como um ramo do Direito 
Privado, por apresentar predominantemente normas dispositivas e 
permitir às partes envolvidas (empregado, empregador e sindicatos) 
que estabeleçam as normas que regulam suas relações jurídicas.
2.2 Ramos do Direito
A presente seção pretende lhe proporcionar 
uma visão geral da árvore jurídica a partir da 
divisão do Direito Público e do Direito Privado, 
a qual, embora seja contestada por alguns 
autores, conforme apresentado anteriormente, 
ainda é bastante utilizada. A fim de facilitar seu 
entendimento, observe a ilustração exposta na Figura 1, a seguir, 
com os ramos do Direito:
Figura 1 – Ramos do Direito
Dire
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Direito Civil
Direito 
Comercial
Direito do Trabalho Direito 
Admini
strativoD
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l
Fonte:	Elaborada	pela	autora.
Vídeo
24 Fundamentos de Direito
As diversas áreas jurídicas são denominadas ramos do Direito, 
e cada uma delas regula determinadas situações e tem normas 
específicas. No entanto, todas têm por base o Direito Constitucional, 
área jurídica que estuda a Constituição Federal, a lei mais importante 
do país e que organiza a estrutura administrativa e política do Estado 
brasileiro, bem como regula os direitos e as garantias fundamentais 
dos cidadãos. Por ser uma área do Direito de extrema relevância 
para as demais áreas, o Direito Constitucional será tratado em um 
capítulo próprio.
O Direito Civil é o ramo do Direito predominantemente privado 
que regula a relação entre as pessoas e entre estas e seus bens. A 
relação jurídica entre marido e mulher, por exemplo, é regulada 
pelo Direito Civil, assim como a relação jurídica que existe quando 
uma pessoa resolve doar seu patrimônio. Tal norma está contida 
basicamente no Código Civil (BRASIL, 2002).
Esse ramo do Direito é dividido em parte geral e parte especial. 
As lições da parte geral do Direito Civil são utilizadas não só no 
Direito Privado, mas também no Direito Público, tais como o 
Direito Tributário e o Direito Administrativo, que se utilizam dos 
conceitos de pessoa natural e jurídica, regulados pelo Direito Civil.
Já a parte especial do Direito Civil contém cinco livros, intitulados 
Do Direito das Obrigações, Do Direito de Empresa, Do Direito das 
Coisas, Do Direito de Família e Do Direito das Sucessões, e suas 
normas jurídicas são mais específicas à área cível. O Código Civil 
brasileiro de 1916 foi revisado em 10 de janeiro de 2001, quando o 
presidente da República sancionou o novo Código, que entrou em 
vigor um ano depois.
Outro ramo do Direito Privado é o Direito Comercial, regulado 
pelo Código Comercial de 1850, o qual foi revogado em parte pelo 
Código Civil de 2002, gerando o Direito Empresarial (BRASIL, 
2002). O Direito Comercial normatizou, de 1850 até 2002, as 
atividades mercantis, determinando as regras para aqueles que 
Direito:	fontes	e	classificações 25
praticavam o comércio, indicando quem seriam os comerciantes 
e quais seriam os atos de comércio. Com o passar do tempo e a 
evolução da economia brasileira, exigindo normas que regulassem 
não só a área comercial como também da indústria e de serviços, 
as normas de Direito Comercial se tornaram obsoletas, e o 
legislador brasileiro, segundo Oliveira Filho (2010, p. 3), entendeu 
que “o âmbito de incidência das normas de direito comercial está 
delimitado pelo conceito de empresa e não mais pelos atos de 
comércio”. Adotou-se, dessa forma, a teoria jurídica da empresa.
Assim, o Código Civil brasileiro de 2002, no artigo 966, trouxe 
o conceito de empresário, qual seja, “quem exerce profissionalmente 
atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de 
bens ou de serviços” (BRASIL, 2002). Atualmente, temos o Direito 
Comercial, que regula o comércio marítimo, e o Direito Empresarial 
(inserido no Código Civil), o qual normatiza a teoria geral da 
empresa, bem como sociedades empresárias, títulos de crédito, 
propriedades intelectuais, falência e recuperação de empresas 
(BRASIL, 2002). As normas jurídicas de Direito Empresarial são 
aplicadas, por exemplo, quando há constituição de uma sociedade 
entre duas ou mais pessoas para a abertura de um restaurante.
Em se tratando dos ramos do Direito Público, há o Direito 
Tributário, o qual, com suas normas jurídicas, disciplina a atividade 
do Poder Público de criação, fiscalização e arrecadação de tributos 
(PALAIA, 2018). Por exemplo, se o Estado cobra o pagamento 
do imposto sobre veículos automotores (IPVA) daqueles que 
possuem veículos, é porque existe uma lei em que constam todas 
as especificações quanto à cobrança de tal imposto. Da mesma 
forma, quando o Governo Federal determina, por meio da Receita 
Federal, a realização da Declaração do Imposto de Renda, é porque 
há uma norma jurídica específica para regular tal situação. Ambos 
os exemplos são de aplicação do Direito Tributário, cujas normas 
gerais se encontram no Código Tributário Nacional (BRASIL, 1966).
26 Fundamentos de Direito
Por meio de regras próprias, o Direito Processual determina o 
procedimento a ser adotado quando ocorre um litígio. Segundo 
Fuhrer e Milaré (2015, p. 196, grifos do original), “o processo civil é 
um actumtrium personarum, ou seja, uma relação entre três pessoas, 
em que um litigante (autor) pede ao juiz que lhe reconheça ou 
faça valer um direito contra uma outra pessoa (que será o réu)”. 
Portanto, quando uma pessoa (autor) reclama no Poder Judiciário 
(juiz) uma indenização contra alguém (réu) que, por exemplo, 
deu-lhe prejuízo no descumprimento de um contrato, cada um dos 
atos praticados pelas partes envolvidas no processo é regulado pelo 
Direito Processual.
O Direito Processual é dividido em Direito Processual Civil, 
Direito Processual Penal e Direito Processual do Trabalho, conforme 
a situação a ser decidida pelo Poder Judiciário, seja um conflito na 
esfera cível, na esfera criminal ou na esfera das relações do trabalho. 
Exemplificando: se o caso a ser julgado pelo Poder Judiciário é de não 
pagamento das verbas de um contrato de trabalho pelo empregador 
ao empregado, as normas aplicadas são de Direito Processual do 
Trabalho. Já em uma situação de julgamento de homicídio, serão 
aplicadas as normas de Direito Processual Penal. Por fim, se as 
normas jurídicas que não foram respeitadas e geraram o conflito 
a ser julgado pelo Poder Judiciário forem de Direito Civil, como o 
requerimento de reconhecimento de paternidade de uma criança, 
serão aplicadas as normas do Direito Processual Civil.
Quanto ao Direito Penal, segundo Nunes (2015, p. 141), trata-se 
de um ramo do Direito Público que “corresponde ao conjunto das 
normas jurídicas que regulam os crimes e as contravenções penais 
(condutas ilícitas penais de menor potencial ofensivo), com as 
correspondentes penas aplicáveis”. Nesse sentido, é o Direito Penal 
(baseado no Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940) que 
determina quais comportamentos são tidos como crimes, conforme 
a lei penal, e quais são entendidos como contravenções, bem como 
Direito:	fontes	e	classificações 27
quais punições são aplicadas a cada caso. Por exemplo, o artigo 
121 do Código Penal especifica como homicídio simples “Matar 
alguém”, culminando na pena de “reclusão, de seis a vinte anos” 
(BRASIL, 1940).
Um comportamento entendido como contravenção penal 
(também regulado pelo Direito Penal), segundo a Lei n. 7.437, 
de 20 de dezembro de 1985, artigo 7º, é: “Recusar a inscrição de 
aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, por 
preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil”, cuja pena 
é de “prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa [...]” 
(BRASIL, 1985).
Outro ramo do Direito que faz parte do Direito Público é o 
Direito Administrativo. Conforme Nunes (2015, p. 139), essa área 
“corresponde ao conjunto de normas jurídicas que organizam 
administrativamente o Estado, fixando os modos, os meios e a 
forma de ação para a consecução de seus objetivos”. Cabe ao Direito 
Administrativo, por exemplo, determinar como deve ocorrer a 
contratação de servidores públicos, bem como de serviços da 
administração pública prestados à população. Então, se houver 
necessidade de uma escola pública contratar professores, tal situação 
será regulada pelo Direito Administrativo.
Quanto ao Direito do Trabalho, ele está voltado ao regramento 
específico da relação de emprego, para que as obrigações dela 
decorrentes sejam respeitadas por empregador e empregado. Tal 
regramento contido no Direito do Trabalho é feito por meio de suas 
normas e seus princípios. Então, nas relações jurídicas com vínculo 
de emprego, aplica-se o Direito do Trabalho, o qual determina, por 
exemplo, em quais situações o empregador deve pagar por horasextras realizadas pelo empregado, as atitudes deste que podem levar 
à justa causa no contrato de trabalho, bem como suas consequências. 
Nesta obra, não há pretensão de abordar todos os ramos do Direito, 
por isso somente apresentamos as principais áreas existentes.
28 Fundamentos de Direito
2.3 Fontes do Direito
A palavra fonte significa “nascente, designando 
tudo o que origina ou produz algo”, conforme 
ensinam Fuhrer e Milaré (2015, p. 41). Logo, ao 
tratarmos das fontes do Direito, apresentaremos 
as origens dessa ciência. Nesse sentido, podemos 
classificar as fontes do Direito em:
Fontes materiais
Segundo Reale (2015, p. 140), “fonte material não é outra 
coisa senão o estudo filosófico ou sociológico dos motivos éticos 
ou dos fatos econômicos que condicionam o aparecimento e as 
transformações das regras de direito”. Com tal conceito, o autor quer 
nos explicar que os acontecimentos históricos, sociais e econômicos 
geram normas jurídicas, as quais se tornam, por essa razão, fontes 
materiais do Direito.
Já de acordo com Nader (2018, p. 142), “como causa produtora 
do Direito, as fontes materiais são constituídas pelos fatos sociais, 
pelos problemas que emergem na sociedade”. Como acontecimento 
social que deu origem a uma norma jurídica (tornando-se, portanto, 
fonte material do Direito), podemos citar a situação social da 
farmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes. Depois de ser 
espancada e quase assassinada por seu companheiro (que com um 
tiro a deixou paraplégica), Maria da Penha realizou uma denúncia 
a órgãos internacionais para a condenação de seu então marido, em 
virtude da inércia do Poder Judiciário brasileiro.
Após o ocorrido, o Estado brasileiro decretou a Lei Maria da 
Penha (Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006), que proíbe e pune a 
violência doméstica e familiar contra a mulher. Esse é, portanto, um 
exemplo de fato social (violência contra a mulher) que gerou uma 
norma jurídica – fonte material do Direito.
Vídeo
Direito:	fontes	e	classificações 29
Fontes formais
Referem-se às formas pelas quais as normas jurídicas são 
exteriorizadas, considerando o poder como elemento de legitimidade 
para a produção do Direito. O costume jurídico, por exemplo, é uma 
fonte formal do Direito, produzido a partir do poder que emana do 
povo. Além do costume jurídico, também são consideradas fontes 
formais do Direito a lei, a jurisprudência e a doutrina.
Fontes estatais
As fontes estatais correspondem a quando o Estado é responsável 
por criar o Direito. É o que ocorre, por exemplo, com as leis (criadas 
pelo Poder Legislativo) e com a jurisprudência (advinda pelo Poder 
Judiciário).
Fontes não estatais
Por sua vez, as fontes não estatais são representadas quando o 
Direito é gerado por outros que não o Estado, como é o caso do 
costume jurídico (gerado pelo povo) e da doutrina jurídica (produto 
do trabalho de juristas). Nos itens a seguir, estudaremos cada uma 
dessas fontes.
2.3.1 Costume jurídico como fonte do Direito
Uma das fontes formais e não estatal do Direito é o costume 
jurídico, o qual é criado pelo povo de forma oral e espontânea. 
Para que seja considerado fonte do Direito, entretanto, o costume 
deve preencher os seguintes requisitos: estar previsto como fonte 
do Direito no ordenamento jurídico e ter repetição constante e 
uniforme de determinada prática social, a qual deve ser considerada 
necessária e obrigatória por quem a adota.
No ordenamento jurídico brasileiro, o costume é reconhecido 
como fonte do Direito, conforme podemos perceber em alguns 
dispositivos, tais como o artigo 569, inciso II, do Código Civil: 
30 Fundamentos de Direito
“O locatário é obrigado: [...] II - a pagar pontualmente o aluguel nos 
prazos ajustados, e, em falta de ajuste, segundo o costume do lugar” 
(BRASIL, 2002, grifo nosso).
Outro dispositivo legal que trata o costume como fonte do Direito 
é o artigo 4º da Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro: 
“Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a 
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito” (BRASIL, 
1942, grifo nosso). Percebemos, pelo exposto, que os costumes 
jurídicos são fontes do Direito, usados na falta das leis.
2.3.2 Lei como fonte formal de Direito
Fuhrer e Milaré (2015, p. 46) ensinam que “a lei, juridicamente 
falando, consiste numa regra de conduta, geral e obrigatória, 
emanada de poder competente e provida de coação”. Assim, 
devemos entender a lei, principal fonte do Direito no Brasil, como 
regra jurídica elaborada pelo Poder Legislativo, que se aplica a todos 
e, se não respeitada, gera punição ao seu transgressor.
A lei é criada por meio de um processo legislativo decorrente 
de uma produção intelectual que exige técnica específica, conforme 
apresentado na Constituição Federal (do artigo 59 ao 69) (BRASIL, 
1988) e em normas jurídicas a ela voltadas, tais como a Lei 
Complementar n. 95, de 26 de fevereiro de 1998, a qual “dispõe 
sobre a elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis” 
(BRASIL, 1998).
Uma vez que existem leis federais, estaduais e municipais, a 
relação entre elas deve ser bem compreendida. Cada uma dispõe 
acerca de sua área de abrangência. Ou seja, as leis municipais, 
criadas pela Câmara de Vereadores, tratam de assuntos relativos ao 
município em que estão inseridas e têm como diretriz a Lei Orgânica 
do Município. Por exemplo, foi uma lei municipal que criou o polo 
gastronômico do Alto Juvevê, na cidade de Curitiba – no caso, a Lei 
Ordinária n. 15.098, de 8 de novembro de 2017 (CURITIBA, 2017).
Direito:	fontes	e	classificações 31
Já as leis estaduais, elaboradas pelas Assembleias Legislativas de 
cada Estado da federação, regulam temas que envolvem o domínio 
geográfico de seus Estados e têm como base a Constituição Estadual. 
É o caso da Lei n. 19.378, de 20 de dezembro de 2017, que institui 
o “Dia de Combate e Conscientização Contra o Assédio nos 
Transportes Coletivos” (PARANÁ, 2017).
Por fim, as leis federais, de competência do Congresso Federal, 
aplicam-se em âmbito nacional, consoante a Lei n. 13.709, de 14 de 
agosto de 2018, a qual dispõe sobre a proteção de dados pessoais 
em todo o território brasileiro (BRASIL, 2018). Acima das leis 
municipais, estaduais e federais está a Constituição Federal brasileira, 
contra a qual nenhuma lei prevalece. É ela que determina quais 
matérias são reguladas por leis municipais, estaduais ou federais.
A vigência da lei pode ter seu início na data de sua publicação 
em órgão da imprensa competente, na data em que estiver prevista 
em seu texto ou, ainda, 45 dias após sua publicação (quando não há 
em seu texto nenhuma menção em relação à data do início de sua 
vigência). O período entre o início da vigência da lei e o momento 
de sua entrada em vigor denomina-se vacatio legis, prazo que serve 
para a adaptação da sociedade à nova lei.
Para saber qual é a vacatio legis das leis, é necessário buscar 
nelas um artigo final com a seguinte previsão: “esta lei entra em 
vigor após decorridos X dias de sua publicação oficial”. Observe o 
seguinte exemplo, retirado do Código Civil brasileiro: “Art. 2.044. 
Este Código entrará em vigor 1 (um) ano após a sua publicação” 
(BRASIL, 2002). A vacatio legis do citado código, então, foi de 
um ano. Portanto, uma lei apresenta o início de sua vigência, uma 
duração (pode ser por tempo determinado ou indeterminado) e 
uma previsão de término. Segundo Fuhrer e Milaré (2015, p. 57), no 
entanto, “não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até 
que outra a modifique ou revogue”.
32 Fundamentos de Direito
A revogação de uma lei pode ser expressa ou tácita. No primeiro 
caso, a lei posterior declara que foi revogada a lei anterior. Por 
exemplo, no artigo 341 do Código de Trânsito Brasileiro, está 
expressamente declarado:
Ficam revogadas as Leis nºs 5.108, de 21 de setembro 
de 1966, 5.693, de 16 de agosto de 1971, 5.820, de 10 de 
novembro de 1972, 6.124, de 25 de outubro de 1974, 6.308, 
de 15 de dezembrode 1975,6.369, de 27 de outubro de 
1976,  6.731, de 4 de dezembro de 1979,  7.031, de 20 de 
setembro de 1982, 7.052, de 02 de dezembro de 1982, 8.102, 
de 10 de dezembro de 1990, os arts. 1º a 6º e 11 do Decreto-
-lei nº 237, de 28 de fevereiro de 1967, e os Decretos-leis nºs 
584, de 16 de maio de 1969, 912, de 2 de outubro de 1969, 
e 2.448, de 21 de julho de 1988. (BRASIL, 1997)
A revogação tácita acontece quando uma lei nova regula 
inteiramente a matéria regulada por lei anterior. Isto é, 
cronologicamente, a lei mais atual é a que vale. Em tal situação, a 
lei revogadora traz em seu texto: “Revogam-se as disposições em 
contrário”, como aconteceu com as disposições que eram reguladas 
pelo Código Civil brasileiro acerca do trânsito, as quais foram 
revogadas pelo Código de Trânsito brasileiro (BRASIL, 1997).
2.3.3 A jurisprudência como fonte formal do Direito
Outra fonte formal e estatal do Direito é a jurisprudência, 
que nada mais é do que o resultado da interpretação das normas 
jurídicas feitas pelos juízes aos casos concretos que são levados ao 
seu julgamento, quando tais interpretações são coincidentes. Trata- 
-se, assim, da coletânea de decisões judiciais em um mesmo sentido.
Portanto, a jurisprudência geralmente é formada a partir de 
conflitos levados aos tribunais. Por isso mesmo, ela é criada a partir da 
elaboração intelectual e reflexiva dos magistrados. A jurisprudência 
emana do Poder Judiciário, o qual tem por responsabilidade 
julgar os litígios e determinar de quem é o direito, conforme o 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1950-1969/L5108.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1950-1969/L5108.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1970-1979/L5693.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1970-1979/L5820.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1970-1979/L5820.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1970-1979/L6124.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1970-1979/L6308.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1970-1979/L6308.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1970-1979/L6369.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1970-1979/L6369.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1970-1979/L6731.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7031.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7031.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7052.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1989_1994/l8102.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1989_1994/l8102.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del0237.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1965-1988/Del0584.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1965-1988/Del0584.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1965-1988/Del0912.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1965-1988/Del2448.htm
Direito:	fontes	e	classificações 33
ordenamento jurídico vigente. Um exemplo de jurisprudência é a 
adoção de crianças por casais homoafetivos, que vem sido julgada 
pelos tribunais. A esse respeito, de acordo com Nader (2018, p. 176):
Para os ordenamentos jurídicos filiados ao sistema anglo-
americano, a jurisprudência constitui uma importante 
forma de expressão do Direito. Ao fundamentar uma 
pretensão judicial, os advogados indicam uma série de 
sentenças ou acórdãos prolatados pelos tribunais, com 
pertinência ao caso enfocado.
O autor ainda menciona que “nos Estados que seguem a 
tradição romano-germânica, a cujo sistema vincula-se o Direito 
brasileiro, não obstante alguma divergência doutrinária, prevalece o 
entendimento de que o papel da jurisprudência se limita a revelar o 
Direito preexistente” (NADER, 2018, p. 177). Com tais afirmações, 
o autor explica que no Brasil a lei ainda é a norma jurídica mais 
importante, enquanto em países como os Estados Unidos e a 
Inglaterra prevalece a jurisprudência como fonte do Direito.
2.3.4 A doutrina jurídica como fonte do Direito
Embora seja considerada uma fonte secundária do Direito, a 
doutrina tem sua importância na formação das normas jurídicas. 
Como nos ensina Venosa (2014, p. 135): “O fruto dos estudos de 
nossos professores de Direito, juristas, jusfilósofos, estudiosos, 
operadores jurídicos em geral traduz-se em obras de doutrina: 
monografias, manuais, compêndios, tratados, pareceres, artigos, 
ensaios etc.”. O autor ainda menciona que, “na realidade, no nosso 
sistema, a doutrina forma a base dos conhecimentos jurídicos 
de nossos profissionais, pois é ela quem os instrui nas escolas de 
Direito” (VENOSA, 2014, p. 135).
Apesar de a doutrina jurídica não emanar de nenhum poder (fato 
que ocorre com as demais fontes do Direito), ela é tida como uma 
fonte por oferecer importantes subsídios ao legislador e aos demais 
34 Fundamentos de Direito
operadores do Direito na elaboração de documentos legislativos e 
peças judiciais. Obras jurídicas como Curso de Direito do Trabalho, 
da respeitada autora Alice Monteiro de Barros (2009), e Introdução 
ao Estudo do Direito, do ilustre Silvio de Salvo Venosa (2014), são 
exemplos de doutrinas jurídicas.
Considerações finais
O Direito, por ser uma ciência, possui estudos acerca de sua 
estrutura, os quais nos permitem conhecer os tipos de normas 
jurídicas existentes. Ainda que a divisão entre Direito Público e 
Direito Privado gere discussões entre alguns doutrinadores, a grande 
maioria entende que ela é necessária para fins didáticos, pois facilita 
a compreensão de como são aplicadas as diversas áreas do Direito 
no cotidiano ao verificar se suas normas são imperativas (Direito 
Público) ou dispositivas (Direito Privado).
E ao tratarmos dos ramos do Direito mais conhecidos, 
objetivamos demonstrar que são muitas as áreas jurídicas. Cada 
uma revela especificidades conforme a esfera que regulamentam 
na sociedade. O Direito do Trabalho, por exemplo, não deve ser 
confundido com o Direito Tributário, embora possuam relação 
entre si, uma vez que as relações de emprego (reguladas pelo Direito 
do Trabalho) podem gerar a obrigação de pagamento de tributos 
(obrigação normatizada pelo Direito Tributário).
Finalizamos este capítulo com o estudo das fontes do Direito, 
ou seja, com esclarecimentos acerca da origem do Direito e de sua 
produção, a qual ocorre por meios históricos, sociais, econômicos 
ou, ainda, por costumes, leis, jurisprudências ou doutrinas. Tais 
fontes nos permitem não só buscar o Direito considerando vários 
caminhos, mas, também, compreender melhor os motivos de sua 
existência e como ocorre o funcionamento dessa ciência.
Direito:	fontes	e	classificações 35
Ampliando seus conhecimentos
• PENHA, Maria da. Sobrevivi... posso contar. Fortaleza: 
Armazém da Cultura, 2014.
Este livro esclarece por que é necessária uma lei (Direito) que 
contemple o combate à violência doméstica. Lembre-se de 
que, no estudo da lei como fonte do Direito, afirmamos que 
ela pode ser produzida a partir de fatos sociais que exijam 
regulamentação, como ocorreu com a violência contra a 
mulher (fato social).
• Revista Consultor Jurídico. STJ tem jurisprudência consolidada 
na garantia de direitos de casais homoafetivos. 17 maio 2016. 
Disponível em: https://www.conjur.com.br/2016-mai-17/
jurisprudencia-stj-garante-direitos-casais-homoafetivos. 
Acesso em: 16 jun. 2019.
A jurisprudência é uma fonte do Direito não conhecida por 
pessoas que não trabalham profissionalmente na área. Por isso, 
é relevante que você tenha acesso a algumas jurisprudências e, 
assim, entenda como os tribunais brasileiros decidem acerca 
de temas que nem sempre são contemplados na lei ou, até 
mesmo, compreenda como os juízes as interpretam. Por isso, 
indicamos a leitura da matéria presente no site Consultor 
Jurídico, a qual traz o exemplo de uma jurisprudência voltada 
aos direitos de casais homoafetivos.
Atividades
1. Como as normas jurídicas de Direito Público se diferenciam 
das do Direito Privado?
36 Fundamentos de Direito
2. Uma pessoa foi enganada por uma concessionária,pois 
comprou um carro que não lhe foi entregue. Assim, ela 
pretende acionar o Poder Judiciário para obter seu dinheiro 
de volta. Qual é o ramo do Direito a que tal pessoa deve 
recorrer?
3. Quanto a quem produz, qual é a diferença entre as seguintes 
fontes do Direito: costume, lei e jurisprudência?
Referências
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 
2009.
BRASIL. Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Diário Oficial da 
União, Poder Executivo, Brasília, DF, 31 dez. 1940. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm. Acesso em: 16 jun. 
2019.
BRASIL. Decreto-Lei n. 4.657, de 4 de setembro de 1942. Diário Oficial da 
União, Poder Executivo, Brasília, DF, 9 set. 1942. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del4657compilado.htm. Acesso 
em: 16 jun. 2019.
BRASIL. Lei n. 5.712, de 25 de outubro de 1966. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Brasília, DF, 27 out. 1966. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm. Acesso em: 16 jun. 2019.
BRASIL. Lei n. 7.437, de 20 de dezembro de 1985. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Brasília, DF, 23 dez. 1985. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7437.htm. Acesso em: 16 jun. 2019.
BRASIL. Constituição. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, 
DF, 5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 16 jun. 2019.
BRASIL. Lei 9.503, de 23 de setembro de 1997. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 set. 1997. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm. Acesso em: 16 jun. 2019.
Direito:	fontes	e	classificações 37
BRASIL. Lei Complementar n. 95, de 26 de fevereiro de 1998. Diário Oficial 
da União, Brasília, DF, 27 fev. 1998. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/lcp/lcp95.htm. Acesso em: 16 jun. 2019.
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 16 jun. 2019.
BRASIL. Lei n. 13.709, de 14 de agosto de 2018. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Brasília, DF, 15 ago. 2018. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13709.htm. Acesso 
em: 16 jun. 2019.
CURITIBA. Prefeitura Municipal. Lei n. 15.098, de 8 de novembro de 
2017. Cria o Polo Gastronômico do Alto Juvevê. Disponível em: https://
leismunicipais.com.br/a/pr/c/curitiba/lei-ordinaria/2017/1510/15098/
lei-ordinaria-n-15098-2017-cria-o-polo-gastronomico-do-alto-
juveve?q=15098. Acesso em: 16 jun. 2019.
FUHRER, Maximilianus Cláudio Américo; MILARÉ, Edis. Manual de 
Direito Público e Privado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. São Paulo: Atlas, 2014.
NADER, Paulo. Introdução ao estudo do Direito. Rio de Janeiro: Forense, 
2018.
NUNES, Rizzato. Manual de introdução ao estudo do Direito. São Paulo: 
Saraiva, 2015.
OLIVEIRA FILHO, Paulo Furtado. Direito Empresarial. São Paulo: Atlas, 
2010. (Coleção Concursos Jurídicos).
PALAIA, Nelson. Noções essenciais de Direito. São Paulo: Saraiva, 2018.
PARANÁ. Lei ordinária n. 19.378, de 20 de dezembro de 2017. Diário Oficial 
do Estado, Curitiba, PR, 21 dez. 2017. Disponível em: http://leisestaduais.
com.br/pr/lei-ordinaria-n-19378-2017-parana-institui-o-dia-de-combate-
e-conscientizacao-contra-o-assedio-nos-transportes-coletivos. Acesso em: 
16 jun. 2019.
REALE, Miguel. Lições preliminares de Direito. São Paulo: Saraiva, 2015.
VENOSA, Silvio de Salvo. Introdução ao estudo do Direito. São Paulo: Atlas, 
2014.
3
Direito Constitucional
Conforme apresentamos no capítulo anterior, o Direito 
Constitucional tem extrema importância para o ordenamento 
jurídico brasileiro. Ao estudá-lo, você terá condições de compreender 
a relevância desse ramo do Direito. Por isso, no presente capítulo, 
abordaremos essa área de maneira mais aprofundada. Analisaremos 
seu objeto de estudo, em que se inserem a organização do Estado 
e dos Poderes, bem como os direitos e as garantias fundamentais 
contidos na Constituição brasileira.
3.1 Noções de Direito Constitucional
O Direito Constitucional é o mais fundamental 
dos ramos do Direito, tanto o Público quanto o 
Privado, pois suas normas jurídicas imperativas 
têm superioridade sobre os demais ramos. 
Isso ocorre não só porque tais normas trazem 
as diretrizes de funcionamento do Estado 
brasileiro, determinando, assim, os limites de sua atuação, mas 
também por firmarem todos os princípios de ordem jurídica 
e geral.
A origem do Direito Constitucional ocorreu após a existência 
dos Estados absolutistas comandados pelos monarcas, que tinham 
o poder de vida e morte de seus súditos. A centralização do poder 
passou a gerar problemas, e a burguesia concluiu que o governo 
não deveria se intrometer demasiadamente nos interesses do povo, 
permitindo a liberdade de um certo pensamento político e de 
ascensão financeira.
Vídeo
40 Fundamentos de Direito
A esse respeito, Roque (2012) retrata que “a ascensão da burguesia 
reforçou as ideias liberais, o que fez agravar a inquietação popular e 
fez o povo sublevar, instigado pela burguesia, resultando na tomada e 
destruição da Bastilha, a prisão símbolo do autoritarismo das classes 
dominantes e da realeza”. Sob essa ótica, surgiram as primeiras 
constituições, que previam as limitações dos poderes do rei.
Assim, no século XVIII, deflagrou-se a Revolução Francesa, 
evidenciando os ideais burgueses, representados por pensadores 
como Locke, Voltaire, Montesquieu, Rousseau e Diderot. Tais ideais 
foram propagados pelo mundo todo e difundiram o ensejo de um 
Estado liberal, cujo poder seria limitado. Nesse Estado, os direitos 
individuais seriam respeitados e haveria a divisão de Poderes, 
separando, assim, as funções do Estado e trazendo equilíbrio entre 
quem fazia, quem executava e quem julgava a aplicação da lei.
Ainda a respeito do Direito Constitucional, Nader (2018, p. 348) 
explica que se trata de um “ramo do Direito Público que dispõe sobre 
a estrutura do Estado, define a função de seus órgãos e estabelece as 
garantias fundamentais das pessoas”. Por sua vez, de acordo com 
Silva (2019, p. 38), ele se refere ao “ramo do Direito Público que 
expõe, interpreta e sistematiza os princípios e normas fundamentais 
do Estado”.
Lembram-nos Fuhrer e Milaré (2015, p. 68) que “assim como 
uma sociedade comercial, um clube ou uma associação carecem de 
um estatuto que discipline suas atividades, com maior razão um país 
necessita de uma lei que o organize, o estruture e discipline”. Assim, 
as normas fundamentais do Estado estão contidas na Constituição 
Federal do país, a qual não pode ser desrespeitada, uma vez que, na 
hierarquia das leis, ela é a mais importante de todas. Dessa forma, 
há um órgão incumbido de guardar o respeito às determinações 
contidas na Constituição Federal brasileira, que é o Supremo 
Tribunal Federal.
Direito Constitucional 41
3.1.1 Classificações das constituições
As constituições podem ser classificadas quanto ao modo de 
elaboração (em dogmáticas e históricas), à origem (populares/
promulgadas ou outorgadas) e à estabilidade ou alterabilidade 
(rígidas, flexíveis e semirrígidas). As constituições dogmáticas são 
aquelas elaboradas por um órgão específico para isso, chamado 
de órgão constituinte, o qual sistematiza as ideias do Direito e da 
teoria política que são predominantes no momento da criação da 
Constituição.
Por sua vez, as constituições históricas (também denominadas 
costumeiras) são resultado das tradições e de fatos sociais e políticos, 
os quais se consolidam como normas fundamentais de organização 
de um Estado. Dessa forma, as constituições dogmáticas são escritas, 
como a Constituição brasileira de 1988, ao passo que as históricas 
não são escritas, como ocorre com a Constituiçãoda Inglaterra.
Em relação à origem, a Constituição classificada como popular 
(ou promulgada) é resultante do trabalho de um órgão constituinte 
formado por representantes do povo e realizada em nome dele, 
tendo, assim, a participação da população – caso da Constituição 
brasileira de 1988. Por sua vez, a Constituição outorgada é elaborada 
sem a participação popular, pois o governante (rei, imperador, 
presidente) a impõe à população. Exemplos em nosso país são as 
constituições de 1824, 1937,1967 e 1969.
Rígida é a Constituição que, para sua alteração, exige um 
processo legislativo mais solene e dificultoso do que o processo de 
alteração de normas que não estão contidas em seu texto legal. Tal 
rigidez está estabelecida no artigo 60, parágrafo 2º, da Constituição 
(BRASIL, 1988), que determina um quorum de votação de 3/5 dos 
membros de cada Casa Legislativa, em dois turnos de votação, para 
alterar o texto da Constituição brasileira por meio de emendas 
constitucionais.
42 Fundamentos de Direito
Constituições flexíveis, segundo Fuhrer e Milaré (2015, p. 68), 
são “aquelas que se alteram facilmente, através do processo legislativo 
ordinário, e que se caracterizam pela inexistência de qualquer 
hierarquia entre a Constituição e a lei ordinária”. Exemplo desse tipo de 
Constituição é a italiana, cuja alteração não exige grande formalidade.
Por fim, as constituições semiflexíveis são aquelas que possuem 
em seu texto certas matérias que exigem um processo de alteração 
mais dificultoso, embora apresentem outras que não requerem 
muitas formalidades ao serem alteradas. Foi o caso da Constituição 
brasileira de 1824.
A Constituição brasileira de 1988, que é a vigente atualmente, 
classifica-se como dogmática (foi elaborada por uma Assembleia 
Nacional Constituinte criada especialmente para tal tarefa), 
promulgada (teve a participação do povo em sua elaboração) e 
rígida (sua alteração é mais complexa do que a mudança de uma lei 
que esteja abaixo dela).
3.2 Organização do Estado
Conforme nos ensinam Fuhrer e Milaré (2015, 
p. 71), “podemos conceituar o Estado como a pessoa 
jurídica formada por uma sociedade que vive 
num determinado território e subordinada a uma 
autoridade soberana”. Tal conceito nos remete aos 
elementos essenciais do Estado: trata-se de uma 
pessoa jurídica (detentora de direitos e obrigações), possui um povo 
(que compreende não só a população nacional, mas todas as pessoas 
que nele vivem), está localizado em um território (composto pela 
superfície terrestre, pelo espaço aéreo relativo a tal superfície, bem 
como pelo mar territorial e pelas sedes de embaixadas e de repartições 
diplomáticas, assim como se consideram território nacional os navios 
e aviões presentes no país). Por fim, é detentor de soberania, que é “o 
poder político supremo e independente” (SILVA, 2019, p. 106).
Vídeo
Direito Constitucional 43
A soberania do Estado deve ser considerada sob a ótica interna, 
no sentido de que o Estado é a autoridade suprema, representada 
pela força dos poderes juridicamente constituídos, tendo autoridade 
para agir em nome da população. A soberania do Estado na ordem 
externa significa que está em situação de igualdade com outros 
países, não permitindo, assim, interferências externas em sua 
administração.
A União Federal mais os estados-membros, o Distrito Federal 
e os municípios compõem a República Federativa do Brasil. 
Encontramos referências à organização do Estado brasileiro 
na Constituição de 1988 (ora vigente), que determina em seus 
artigos 1º e 18, respectivamente: “A República Federativa do Brasil, 
formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do 
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito 
[...]” (BRASIL, 1988), e “A organização político-administrativa da 
República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, 
o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos 
desta Constituição” (BRASIL, 1988).
A organização e estrutura do Estado brasileiro estão descritas no 
texto constitucional em sua forma de governo, sistema de governo 
e forma de Estado. Na forma de governo, o Brasil adotou a forma 
republicana (em detrimento da monarquia); já o sistema (ou regime) 
de governo brasileiro é o presidencialista (escolhido em plebiscito 
pelo povo brasileiro entre o parlamentarismo e o presidencialismo, 
em abril de 1993); por sua vez, sua forma de Estado é a federação. 
A forma federativa de Estado significa que a própria Constituição 
Federal de 1988 prevê núcleos de poder político, concedendo 
autonomia para seus entes federativos. No entanto, uma vez criado 
o pacto federativo, não se permite o direito de separação entre os 
Estados federados.
44 Fundamentos de Direito
Na forma republicana de governo, diferentemente da monarquia, 
que é o governo de um só rei ou monarca, o povo governa por meio 
de seus representantes. É o que prescreve a Constituição Federal de 
1988 em seu artigo 1º, parágrafo único: “Todo o poder emana do 
povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, 
nos termos desta Constituição” (BRASIL, 1988).
Diferentemente do sistema parlamentarista − no qual o governo 
é exercido por um conselho de ministros chefiado pelo primeiro-
-ministro, como ocorre com Itália e Alemanha −, o sistema de 
governo brasileiro é o presidencialista. Como explica Dower (2017, 
p. 29), nesse sistema, o presidente exerce o Poder Executivo como 
chefe de Estado e chefe de governo. Logo, ele ocupa tais funções 
ao ser escolhido por meio de eleições populares, que lhe permitem 
exercer tão elevado cargo.
Já a forma de Estado adotada pela Constituição Brasileira é 
o Estado Federal. Conforme ensina Palaia (2018, p. 33), nesse 
Estado “o poder não se reunirá nas mãos de uma pessoa só, mas 
será repartido, de acordo com certos assuntos e matérias, com os 
governos das pessoas jurídicas de direito público denominadas 
Estados-membros”. Basta observar que o Estado brasileiro é formado 
de maneira indissolúvel pela União, pelos estados e municípios 
e pelo Distrito Federal, mas os Estados-membros possuem certa 
autonomia político-administrativa, que se dá por meio de suas 
constituições estaduais.
Quanto ao Estado Democrático de Direito, Silva (2019, p. 123) 
menciona que sua tarefa fundamental “consiste em superar as 
desigualdades sociais e regionais e instaurar um regime democrático 
que realize a justiça social”. Para se alcançar um Estado Democrático 
de Direito, é necessário que ocorra a participação do povo, por 
meio de seus representantes, nas decisões político-administrativas 
do país, bem como que sejam respeitados os direitos fundamentais 
Direito Constitucional 45
previstos na Constituição de 1988, tais como o direito à vida, à 
liberdade, à segurança, à honra, à propriedade, à dignidade, entre 
outros (BRASIL, 1988).
3.3 Organização dos Poderes
A Constituição brasileira de 1988 trata da 
divisão dos Poderes da República em seu artigo 
2º, ao determinar que: “São Poderes da União, 
independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, 
o Executivo e o Judiciário”. Os Poderes são 
independentes porque cada um tem sua esfera 
específica de ação traçada pela Constituição, mas todos agem de 
forma harmônica no desempenho de suas funções. As funções 
típicas de cada um dos Poderes são as seguintes:
• Poder Executivo: governar e administrar o Estado, de acordo 
com a lei;
• Poder Legislativo: criar as leis jurídicas;
• Poder Judiciário: aplicar as leis, resolvendo os conflitos e 
dizendo de quem é o direito.
Existem também as “funções atípicas”, exercidas pelos Poderes 
Executivo, Legislativo e Judiciário. Referem-se às funções que não 
são as atividades precípuas de cada Poder da República, mas que são 
exercidas por eles. Por exemplo, são funções atípicas (BRASIL, 1988):
• do Poder Executivo: criar normas por meio da edição 
de medidas provisórias (conforme artigo 62, caput, da 
Constituição brasileira);
• do Poder Legislativo: julgar o Presidente da Repúblicanos 
crimes de responsabilidade que venha a cometer – compete 
ao Senado Federal julgá-lo (conforme artigo 52, inciso I, da 
Constituição);
Vídeo
46 Fundamentos de Direito
• do Poder Judiciário: realizar a administração de seu quadro 
funcional (conforme artigo 93, inciso X, da Constituição).
Apesar das funções atípicas, que permitem uma pequena invasão 
de um Poder nas funções exercidas por outro, ressaltamos que cada 
um dos Poderes da República no Brasil é independente e exerce 
apenas as funções descritas na Constituição Federal.
3.3.1 Poder Executivo
O representante do Poder Executivo é escolhido por meio do 
voto popular. Na esfera federal, esse poder é exercido pelo presidente 
da República e pelo vice-presidente, com o auxílio dos ministros 
de Estado; na esfera estadual, pelo governador do Estado e vice- 
-governador; já no âmbito municipal, por prefeito e vice-prefeito. 
A eleição do presidente da República significa também a escolha 
do vice-presidente que com ele se registrou, como determina o 
artigo 77, parágrafo 1º, da Constituição: “A eleição do Presidente 
da República importará a do Vice-Presidente com ele registrado” 
(BRASIL, 1988).
A Constituição da República Federativa do Brasil, no artigo 14, 
parágrafo 3º, incisos I a VI, alínea a, determina que, para se candidatar 
ao cargo de presidente da República, é necessário ser brasileiro 
nato, estar no pleno exercício dos direitos políticos, ter realizado 
alistamento eleitoral, ter domicílio eleitoral na circunscrição, ser 
filiado a um partido político, ter idade mínima de 35 anos, não ser 
analfabeto ou inelegível (como é o caso do cônjuge ou de parentes 
consanguíneos do presidente da República, conforme artigo 14, 
parágrafo 7º da Constituição) (BRASIL, 1988). Para ser eleito, o 
candidato deve obter a maioria absoluta dos votos, desconsiderando 
os votos brancos e nulos. Seu mandato será de quatro anos, podendo 
se reeleger para outro período de mais quatro anos, conforme prevê 
a Lei Maior, no artigo 77, parágrafo 2º (BRASIL, 1988).
Direito Constitucional 47
É preciso ressaltar que a Constituição, em seu artigo 80, 
estabelece que no caso de impedimento ou de vacância do presidente 
da República e do vice-presidente serão chamados, de maneira 
sucessiva, o presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado 
Federal e o do Supremo Tribunal Federal.
As atribuições do presidente da República como representante do 
Poder Executivo Federal estão previstas no artigo 84 da Constituição, 
entre as quais: “I - nomear e exonerar os Ministros de Estado”; 
“VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus 
representantes diplomáticos”; “VIII - celebrar tratados, convenções 
e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional”, 
entre outras.
3.3.2 Poder Legislativo
O Poder Legislativo, responsável pela elaboração das leis em 
âmbito federal, segue o sistema bicameral, ou seja, é composto 
por duas casas legislativas: a Câmara dos Deputados e o Senado 
Federal, que juntas formam o Congresso Nacional. A Câmara dos 
Deputados é formada por representantes do povo, ao passo que o 
Senado Federal representa os estados-membros e o Distrito Federal.
A Câmara dos Deputados e o Senado Federal trabalham em 
conjunto. Um projeto de lei que é examinado pela Câmara do 
Deputados é revisto pelo Senado Federal, e vice-versa. Certas 
atribuições são exclusivas do Congresso Nacional, ou seja, das duas 
Casas Legislativas em conjunto, por exemplo: “autorizar o Presidente 
e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando 
a ausência exceder a quinze dias” (conforme previsto no artigo 49, 
inciso III, da Constituição) (BRASIL, 1988).
No entanto, há atividades cujos exercícios são de atribuição 
privativa da Câmara dos Deputados, tais como: “autorizar, por 
dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o 
48 Fundamentos de Direito
Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado” 
(BRASIL, 1988), bem como “elaborar seu regimento interno” (de 
acordo com o disposto no artigo 51, incisos I e III, da Constituição) 
(BRASIL, 1988). Os deputados têm mandato de quatro anos.
O Senado Federal, por sua vez, em conformidade com a previsão 
constitucional, também exerce funções que lhe são privativas, 
como determina o artigo 52 da Constituição Federal. Entre tais 
funções, ressaltamos: “I - processar e julgar o Presidente e o Vice- 
-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como 
os Ministros de Estado e os Comandos da Marinha, do Exército e da 
Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles” 
(BRASIL, 1988). O mandato de um senador federal é de oito anos.
Na esfera estadual, o Poder Legislativo atua por meio das 
Assembleias Legislativas existentes em cada Estado, as quais são 
compostas pelos deputados estaduais (representantes do povo do 
estado), escolhidos pelo povo, para cumprir mandato de quatro 
anos. Em âmbito municipal, tal poder é exercido pelas câmaras 
municipais ou de vereadores, que representam o povo do município 
durante quatro anos. Portanto, nas esferas estadual e municipal, o 
sistema legislativo é unicameral, composto por apenas uma Casa 
Legislativa. Cabe ao Poder Legislativo Federal seguir o processo de 
elaboração das leis previsto entre os artigos 59 e 69 da Constituição, 
que englobam a elaboração de emendas à Constituição, leis 
complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, 
decretos legislativos e resoluções (BRASIL, 1988).
Um projeto de lei pode ser apresentado por membros da Câmara 
dos Deputados, do Senado Federal e do Congresso Nacional, bem 
como pelo presidente da República e por integrantes do Supremo 
Tribunal Federal e dos tribunais superiores, além do procurador- 
-geral da República e dos cidadãos, conforme determina o artigo 61 
da Constituição Federal (BRASIL, 1988).
Direito Constitucional 49
Depois que o projeto de lei é analisado e votado em uma Casa 
Legislativa (Câmara dos Deputados ou Senado Federal), ele deve 
ser revisto e votado pela outra Casa. Caso seja aprovado, vai para a 
sanção ou veto do presidente da República, o qual deve ser escrito e 
fundamentado. Contudo, tal veto pode ser derrubado pelo Congresso 
Nacional, caso em que o projeto de lei é arquivado. Se o presidente 
da República sancionar o projeto de lei, concomitantemente ocorre 
sua promulgação (declaração de existência da lei). A etapa seguinte é 
a publicação da lei em órgão da imprensa oficial. Mas ela só se torna 
obrigatória a partir de sua vigência e após serem cumpridos todos os 
requisitos para sua obrigatoriedade e eficácia.
A lei que contrariar a Constituição Federal brasileira é 
denominada inconstitucional. Cabe ao Supremo Tribunal Federal 
julgar a constitucionalidade das leis, e ao Senado Federal, determinar 
sua suspensão, quando são julgadas inconstitucionais.
3.3.3 Poder Judiciário
O Poder Judiciário tem como principal função interpretar 
as leis e aplicar o Direito na solução dos litígios, a fim de dizer a 
quem pertence determinado direito quando uma ação judicial é 
instaurada. Para ingressar na carreira de juiz, é preciso passar em 
concurso público de provas e títulos. Uma exceção, no entanto, está 
prevista no artigo 94 da Constituição Federal, que determina:
Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, 
dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios 
será composto de membros do Ministério Público, com 
mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório 
saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos 
de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla 
pelos órgãos de representação das respectivas classes. 
(BRASIL, 1988)
Cabe ao Poder Executivo, após receber as indicações, escolher e 
nomear um dos integrantes dos tribunais superiores. Portanto, além 
50 Fundamentos de Direito
do concurso público, outro modo de exercer a função na magistratura 
(em tribunais) é por meio do chamado quinto constitucional.

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