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Prévia do material em texto

Estilo e História 
do Mobiliário
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Me. Renata Guimarães Puig
Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Modernismo, Contemporâneo e o Móvel no Brasil
• Introdução;
• O Móvel no Mundo;
• O Móvel no Brasil.
• Conhecer o movimento Moderno e a produção do móvel até os dias de hoje, desde o 
início do século XX, com a procura de linhas retas e sem ornamentação que predo minou 
também na arquitetura, infl uenciando uma geração de designers que se destacaram 
por produzirem móveis que se tornaram ícones de uma geração. O  móvel chega ao 
século XXI com a preocupação presente nos dias de hoje com materiais renováveis e 
menos poluentes, que fazem parte do novo conceito de sustentabi li dade; 
• Compreender e estudar o móvel brasileiro, desde o período colonial, quando a 
 Europa passava pelos estilos dos séculos XVI, XVII, XVIII, e que por aqui era despro-
vido de qualquer luxo; só no Barroco brasileiro e em seguida no período da Família 
Imperial no Brasil é que tivemos novidades.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
Modernismo, Contemporâneo 
e o Móvel no Brasil
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre­se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam­
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus­
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre­se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Modernismo, Contemporâneo e o Móvel no Brasil
Contextualização
Importante!
O final do século XIX foi marcado por diversas inovações tecnológicas e inúmeros movi-
mentos artísticos:
• 1876: foi inventado o telefone por Gran Bell;
• 1878: foi disponibilizada a luz elétrica nos edifícios; 
• 1880: instalado o 1º. elevador elétrico em Nova York;
• 1895: os irmãos Lumière lançaram na França o cinematógrafo e logo o cinema impôs-se 
como um meio de comunicação artística que modificou o ambiente artístico. A rapidez 
da imagem e do som passaram a ser utilizadas em todos os ramos da arte;
• 1906: o brasileiro Santos Dumont realizou o primeiro voo mecânico do mundo com o 
14 bis, em Paris.
Ocorreram rápidos movimentos artísticos, como: o Impressionismo, Expressionismo, 
Fauvismo, Futurismo, Dadaísmo, Cubismo, etc.
Você Sabia?
O homem parecia vencer limites importantes, desde o conhecimento da própria 
personalidade ao registro do movimento. O otimismo do início do século era impul­
sionado pela capacidade criativa do ser humano.
Porém, em 1914, eclode a Primeira Grande Guerra Mundial, que paralisaria 
tudo e chegaria ao fim somente em 1919. Depois disso, uma nova onda otimista 
atingiu a Europa. Acreditava­se, então, que uma catástrofe daquelas proporções 
nunca mais ocorreria. A década de 20 foi de muito entusiasmo, era o auge e o fim 
da chamada “Belle Époque”. A rebeldia, a ousadia e a alegria eram palavras de 
ordem: tudo era discutido, todas as liberdades eram proclamadas.
Esse ambiente favoreceu o surgimento de novas estéticas, surgidas a partir de 
movimentos como o Arts and Crafts e o Art Déco. Tais ideias constituíram o fun­
damento do que se convencionou chamar de Arte Moderna, a arte do século XX. 
Como aspectos comuns, elas possuíam: a ruptura com o passado; o desejo de 
chocar a opinião pública; a valorização da subjetividade artística no trabalho de 
tradução dos objetos ao redor; a busca de inovações formais cada vez mais radi­
calistas; a intenção de reproduzir esteticamente um mundo que se transformava 
rapidamente; e a tentativa de responder à desintegração social provocada pelo 
panorama da guerra.
Nesta unidade, veremos primeiramente algumas propostas dos principais movi­
mentos artísticos do início do século na Europa. Na segunda parte, veremos como 
o móvel brasileiro se desenvolveu desde os primórdios da colonização até a ruptura 
com o móvel europeu e o desenvolvimento do traço moderno nacional.
8
9
Introdução
Na Europa do início do século XX, destacavam­se como centros de produção 
artística as nações industriais: Inglaterra, França e Alemanha, e, por último, a Itália, 
que havia sido unificada mais recentemente.
O movimento Art Nouveau não se sustentou por muito tempo, suas linhas 
sinuosas não eram adequadas à produção fabril e inúmeros movimentos paralelos 
surgiram nesse início de século.
Foi publicado em 1909 o primeiro manifesto do movimento, chamado Futuris­
mo Italiano. A Itália iniciou sua industrialização com cerca de 100 anos de atraso 
em relação aos países citados acima, mas a partir de uma acentuada aceleração no 
progresso tecnológico. Um estado de espírito de confiança e agressividade tomou 
conta da nação.
Roma, Veneza e Florença, antigos berços das artes, estavam fora do novo 
 contexto, no qual a inspiração era dada pelas conquistas científicas e tecnológicas 
que refletiam melhor o dinamismo da vida moderna. Os temas do movimento eram 
o ruído, a velocidade das máquinas, as luzes, etc. Conseguiram mais repercussão 
na literatura do que nas artes, mas acabaram lançando as sementes para outros 
movimentos que vieram em seguida.
Com influência dos espetáculos russos de teatro e balé, o ocidente encantou­se 
com tons mais vibrantes. Os tons pastéis de cores suaves do Art Nouveau foram 
substituídos por alegres verdes jade, vermelhos, alaranjados e púrpuras, incor­
porados ao universo da moda e decoração de interiores, como, por exemplo, o uso 
de almofadões e grandes sofás com franjas e borlas.
No início do século XX, outros movimentos, como o Fauvismo, o Cubismo de 
Pablo Picasso e o Expressionismo surgiram influenciando a moda e as artes no geral.
Houve um intenso intercâmbio entre as artes do ocidente com o oriente e até 
com regiões como África e Oceania, porém com a eclosão da Primeira Guerra 
Mundial ocorreu um isolamento geral. A guerra causou alterações muito profundas 
na sociedade e no modo de vida. Muitos jovens sobreviventes ficaram com um in­
tenso ódio à guerra e pretendiam transformações.
O desejo de experimentação e de mudança era muito forte e centrou­se no início 
em três países: Holanda, Alemanha e França. Os holandeses foram os primeiros a 
projetar novas ideias artísticas de abstração que repercutiram no desenho do mobi­
liário, em seguida França e Alemanha.
Também na Holanda inicia­se o movimento De Stijl em 1916, por meio do 
arquiteto Gerrit Rietvald, bem diferente da proposta de Willian Morris no Arts and 
9
UNIDADE Modernismo, Contemporâneo e o Móvel no Brasil
Crafts:enquanto Morris dava as costas à produção com base na máquina, renas­
cendo o artesanato medieval, o movimento De Stijl encarava a máquina como 
uma força espiritual e meio de libertação social.
Destaca­se no movimento De Stijl o artista Piet Mondrian, que eliminou todas 
as curvas, formas e cores. Utilizando apenas cores primárias e pigmentos não 
 coloridos, como o preto, branco e cinza, sendo o retângulo sua forma básica.
O Móvel no Mundo
Gerrit Rietvald acreditava que deveriam repensar cada peça como se não tivesse 
existido outro móvel antes. A cadeira tinha de ser concebida de novo. Rietveld, em 
1917/18, fez a cadeira Red-Blue (Figura 1) e a Zig-Zag (Figura 2).
Figura 1 – Cadeira Red-Blue
Fonte: Oates, 1981
Figura 2 – Cadeira Zig-Zag
Fonte: Oates, 1981
Hermann Muthesius, inspirado pelo movimento inglês Arts and Crafts, fundou 
em 1907 a escola Deutsche Werkbund, na tentativa de estabelecer uma relação 
direta entre o estilismo e a tecnologia. As ideias fundamentais do grupo De Stijl 
foram adaptadas e incorporadas à Bauhaus, nova escola estilística que nasceu na 
Alemanha, fundada por Walter Gropius, que havia se formado em Werkbund.
Em 1919, Walter Gropius reuniu a academia de Weimar com a escola local Arts 
and Crafts para formar a Bauhaus e resolver os problemas do estilismo para a 
indústria. Os estudantes da Bauhaus se dedicaram ao estilismo industrial; o intuito 
era combinar os talentos dos artesãos com o dos artistas criadores.
Para a Bauhaus, a ferramenta manual e a industrial só se diferem na escala e 
não na espécie. Visavam a compreensão da relação entre a ferramenta (manual ou 
mecânica) e o material utilizado, procurando uma solução funcional.
10
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Abandonaram os estilos do passado
Em 1933, nazistas fecham a Bauhaus, orientadores e alunos emigraram para a 
Inglaterra e sobretudo para os Estados Unidos, onde o terreno já estava preparado. 
Assim, o mobiliário americano tomou novo fôlego.
Na Bauhaus, Marcel Breuer fez experiências com tubos de aço e criou cadeiras, 
bancos de empilhar e a famosa cadeira Wassily em 1924/25 (Figura 3).
Figura 3 – Cadeira Wassily, Marcel Breuer, 1925
Fonte: Oates, 1981
Outra cadeira de Breuer que fez história foi a Cadeira Modilhão, de 1928, mas 
anos antes Mart Stam e Mies Van der Rohe fizeram experimentos usando a mesma 
ideia. Com duas pernas, essa cadeira representou uma nova dimensão na arte do 
mobiliário, pois reduzia o design à simplicidade, combinando robustez com leveza.
Figura 4 – Cadeira de modilhão – S33, Mart Stam, 1926
Fonte: Oates, 1981
Nesse período, a empresa Thonet, que exportava móveis de madeira arqueada 
para o mundo todo e também móveis em metal para escolas, refeitórios e comér­
cios, pôde fazer a transição para móveis residenciais em aço a partir das criações 
da Bauhaus.
Em 1929, Mies van der Rohe projetou a cadeira Barcelona, inspirada nos ban­
cos em X do passado (Figura 5). Embora utilizassem métodos industriais para a 
precisão de sua forma, ela também precisava de um acabamento manual.
11
UNIDADE Modernismo, Contemporâneo e o Móvel no Brasil
Figura 5 – Cadeira Barcelona
Fonte: Oates, 1981
A invenção da espuma de borracha, nesse período, proporcionou uma revo­
lução na fabricação de estofados, que puderam ser moldados em uma só peça.
A chaise longue de Marcelo Breuer (Figura 6), de 1936, foi um exemplo das 
novas possibilidades da espuma de borracha. O arquiteto Le Corbusier acreditava 
que os móveis deveriam ser parte integrante do funcionamento das habitações. 
Produziu uma série de modelos para serem usados em suas edificações. A de maior 
destaque foi a Grand Confort, de 1928, que contribuiu efetivamente para a reno­
vação do estilismo no mobiliário (Figura 7).
Figura 6 – Chaise longue de Marcelo Breuer
Fonte: Oates, 1981
Figura 7 – Cadeira Grand Confort
Fonte: Oates, 1981
12
13
Talvez o pouco entusiasmo do público pelo móvel residencial em aço e o aper­
feiçoamento das técnicas de produção do contraplacado, que consistiam em cortar 
a madeira em chapas milimétricas com o uso de máquinas, permitiram experiên­
cias em novos projetos de móveis.
Alvar Aalto foi o primeiro a explorar o uso do contraplacado para seus móveis 
da mesma maneira que Breuer e Mies van der Rohe tinham explorado o metal em 
seus projetos. A madeira que Aalto mais utilizava era o vidoeiro, que possuía uma 
umidade natural, permitindo o uso de curvas. Os ensaios de Alvar Aalto foram no 
mesmo período que o início da indústria da madeira na Finlândia.
Aalto fundou em Helsínquia a empresa Artek, em 1933, para produzir o mobi­
liário que projetava peças de arte. Considerava a perna dos móveis como colunas 
arquitetônicas e contribuiu para novas formas de união das pernas com assentos 
ou tampos de mesas, abrindo­os como um leque em curva. Os países escandinavos 
se industrializaram de modo gradual e mais tardiamente, também possuíam baixa 
 densidade populacional. Num primeiro momento, evitaram projetos de produção 
em série. Os estilistas escandinavos nunca romperam definitivamente com o 
 passado (Figuras 8 e 9).
Figura 8 – Cadeira de Alvar Aalto
Fonte: Oates, 1981
Figura 9 – Detalhe do mobiliário de Alvar Aalto
Fonte: Oates, 1981
A escola Vienense influenciou mais os artífices escandinavos do que a Art 
 Nouveau. Sua inspiração baseou­se nas formas tradicionais, adaptadas e aperfei­
çoadas. Carl Malmsten fundou antes da Primeira Guerra uma fábrica de marcenaria 
fina em Estocolmo, fortemente influenciado pelo movimento Arts and Crafts.
Fundou também algumas escolas onde os estudantes aprendiam, além de dese­
nho, música e jardinagem. Kaare Klint, na Dinamarca, estudava a dimensão dos 
móveis pela quantidade de objetos necessários que deveriam conter. Em 1924, 
tornou­se professor da Escola de Mobiliário da Academia Dinamarquesa de Arte – 
onde normalizou a altura das mesas, cadeiras, tamanhos de gavetas.
O estilo Art Déco surgiu por volta de 1910 e teve seu auge por volta de 1925, 
quando a Exposição Internacional de Artes Decorativas em Paris exigia que o 
 material exposto não deveria ter qualquer influência dos estilos do passado, devendo 
ser representativo da vida contemporânea.
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UNIDADE Modernismo, Contemporâneo e o Móvel no Brasil
A Art Déco durou até os anos 30 e foi responsável por influenciar também as 
construções arquitetônicas. Suas características eram o uso de cores claras, formas 
delicadas dos móveis com pernas esguias e afuniladas com pontas de marfim. 
 Madeiras selecionadas, como o ébano e a nogueira, eram enriquecidas com detalhes 
em marfim, pele de tubarão, prata e outros metais (Figura 10).
Alguns móveis Art Déco, como os produzidos pelo designer francês Emile-Jacques Ruhlmann, 
atingiram alto nível de artesanato qualificado para obtenção de acabamentos com perfeição 
absoluta e eram sinônimos de condição social elevada para quem os possuía.
Alguns motivos do Art Déco são: ramos, cestos de fl ores estilizadas e formas geométricas 
(Figura 11).
Ex
pl
or
Figura 10 – Cômoda Art Déco
Fonte: Oates, 1981
Figura 11 – Cômoda pequena Art Déco
Fonte: Oates, 1981
Durante o período da Art Déco, ressurgiram os trabalhos em laca, produzindo 
superfícies brilhantes no mobiliário, inclusive em painéis de parede e biombos.
Também foram produzidas nesse período algumas peças em metal, como pés de 
mesa e cadeiras com armação metálica forradas em couro ou outros materiais que 
evitassem o contato frio do material. As pessoas estavam encantadas com a veloci­
dade dos novos meios de transporte, como os aviões, por exemplo; por isso, o 
mobiliário dos anos 30 teve características aerodinâmicas, como cantos boleados e 
arestas arredondadas.
A produção do móvel em contraplacado 
influenciou bastante o mobiliário dos anos 
30. Armários com portas que não empena­
vam ou encolhiam podiam compor móveis 
de dimensões menores para os apartamentos 
pequenos, comuns na época.
As fontes de inspiração para a Art 
Déco eram diversas: o Cubismo, a 
arte africana, os temas do oriente , 
a artepré-colombiana Asteca, o 
Futurismo e até o estilo egípcio 
proporcionado pela descoberta do 
túmulo de Tutancâmon em 1922.
14
15
Outras novidades do período são o armário sob a pia de banheiro e o móvel 
cocktail ou móvel de bar, para incluir os acessórios de preparação de bebidas, que 
passou a ser uma peça vistosa no interior das casas modernas com espelho e luzes. 
E também foram produzidas algumas mesas com tampo em vidro.
A 1ª e a 2ª Guerra Mundial atrasaram a produção mobiliária, ou por falta de 
materiais ou por falta de mão de obra. O mobiliário produzido entre as guerras não 
foi Art Déco nem do estilo Internacional, mas móveis de péssima qualidade com 
releituras do passado e a mistura de diversos estilos.
Na Inglaterra, o mobiliário vendido era apenas o denominado Utility, básico e 
com uma produção racionada, apenas para suprir necessidades imediatas. Após 
as guerras, três regiões destacaram­se no traçado dos móveis: a Escandinávia, os 
EUA e a Itália.
A Escandinávia, pouco afetada, produziu novos tipos de traçados de mobiliário. 
Grande parte da indústria escandinava estabeleceu um trabalho de cooperação 
com arquitetos e estilistas qualificados.
Desde 1930 estava firmada a reputação da Escandinávia no setor do estilismo 
de qualidade. Um exemplo foi o designer Kaare Klint, responsável por um mobi­
liário modernista e funcional na Dinamarca. Houve muita procura na reconstrução 
do pós­guerra e o mobiliário escandinavo era novo e muito agradável.
A marcenaria fina dinamarquesa era muito procurada nos anos 50, possuía 
 potente maquinaria de corte para a forma básica dos componentes e o acabamento 
manual de alto nível de qualidade do período antes da guerra.
Ocorreram acontecimentos importantes 
para o design mobiliário no século XX, como 
a introdução do plástico, produzido em lar­
ga escala após a 2ª Guerra, e a patente da 
 fórmica em 1913 nos EUA. Nos anos 40 e 
50, o desafio dos novos designers era utilizar 
o plástico.
Ainda no período da guerra, na Europa, a maioria dos países, com exceção da 
Escandinávia, não tinha no que se inspirar e importantes designers migraram para 
os EUA, principalmente após o fechamento da Bauhaus. Nos EUA, puderam atu­
ar como professores de diversas escolas, influenciaram jovens e novas indús trias de 
mobiliário, como a Herman Miller e a Knoll Internacional de 1945.
A Herman Miller auxiliou Charles Eames nos seus primeiros ensaios. Outro 
jovem americano, Eero Saarinen, junto com Eames, conquistou o 1º Prêmio de um 
concurso de estilismo orgânico realizado pelo Moma em 1940 (Figura 12).
Destacam-se os seguintes designers 
escandinavos, cujos produtos fazem 
sucesso até os dias de hoje: Arne 
Jacobsen; Fritz Hansens; Hans Wegner; 
Johannes Hansen; Finn Juhl; Ole 
Wanscher; Borge Mogensen.
15
UNIDADE Modernismo, Contemporâneo e o Móvel no Brasil
Figura 12 – Projeto de Eames e Saarinen 
vencedor de concurso em 1940
Fonte: Oates, 1981
Eames e Saarinen, com seus estilos revolucionários, projetaram uma cadeira 
em que o assento, as costas e os braços estavam unidos, quebraram a abordagem 
geométrica da Bauhaus com uma forma mais fluente e agradável.
Em 1946, Eames produziu a DCW – Dining Chair Wood, uma cadeira de jantar 
em madeira, e sua variação, a DCM – Dining Chair Metal, com pés de metal. Hoje 
são conhecidas como cadeiras Eames. Os materiais desenvolvidos, como as colas e 
o poliéster reforçado com fibra de vidro (Figura 13), impulsionaram novas possibili­
dades, entre elas estão a cadeira e mesa Tulip (tulipa), de Eero Saarinen (Figura 14).
Figura 13 – Cadeira Eames
Fonte: Oates, 1981
Figura 14 –Cadeira e mesa Tulipa
Fonte: Oates, 1981
Também são destaques a cadeira Womb (matriz), de Eero Saarinen, e as girató­
rias Egg (ovo) e Swan (cisne), de Arne Jacobsen (Figuras 15 e 16).
 
Figuras 15 e 16 – Cadeira Egg e Cadeira Swan
Fonte: Oates, 1981
16
17
Uma luxuosa cadeira de repouso de Charles Eames projetada em 1956 também 
merece destaque, a Poltrona Charles Eames (Figura 17).
Figura 17 – Poltrona Charles Eames
Fonte: Oates, 1981
O estilista Harry Bertoia trabalhou na Hans e Florence Knoll desde 1950 e 
projetou um conjunto de móveis em conchas de arame soldado montadas em 
 armações de aço cromado. Bertoia influenciou a moda de móveis em arame nos 
anos cinquenta (Figura 18).
Figura 18 – Cadeira Bertoia
Fonte: Oates, 1981
Em 1954, com a descoberta do polipropileno – um tipo de plástico mais duro e 
resistente obtido a partir de gases – tornou­se possível a técnica de moldagem por 
injeção, pois até então não existia outro material com tanta resistência, permitindo 
moldagens de grandes peças e com aspecto liso e agradável. Outro marco técnico 
foi a cadeira de empilhar de Verner Panton, de 1960, cujo processo de fabricação 
é simples, resultando numa linha confortável e agradável (Figura 19).
Figura 19 – Cadeira Verner Panton
Fonte: Oates, 1981
17
UNIDADE Modernismo, Contemporâneo e o Móvel no Brasil
A versatilidade dos materiais sintéticos e as possibilidades de sua produção em 
série produziram móveis memoráveis e de muita elegância.
Nos anos 60, a Itália destacou­se no campo do estilismo com um traçado arro­
jado que não possuía nessa área desde os anos 30. O fascismo teve menos efeito 
prejudicial sobre o desenho de mobiliário e arquitetura do que o nazismo provocou 
na Alemanha.
No campo do estilismo industrial, inova ções 
interessantes como a Vespa (1948), a Lambretta 
(1949) e também a máquina Olivetti atraíram olha­
res de volta para os designers italianos, que tam­
bém se mostra ram competentes em abordar ques­
tões rela tivas ao estilo sem ideias preconcebidas . 
Subs tituem as formas rígidas da Bauhaus por 
 formas escul tóricas individuais, às vezes influencia­
dos pela arte “Kitsch” e “Pop”.
Figura 20 – Cadeira UP I
Fonte: Oates, 1981
A partir dos anos 60 e 70, a versatilidade constituiu a característica mais 
 dominante do mobiliário europeu e americano. Nos últimos anos do século XX, 
elementos variados podiam ser montados e desmontados facilmente e de várias 
maneiras (móveis de armar e levar ou pagar e levar).
As mudanças não paravam de ocorrer, algumas por causa de novas tecnologias, 
como, por exemplo, o surgimento da televisão e dos móveis que foram criados 
para recebê­la. Aliás, ainda hoje a televisão é motivo de alterações no mobiliário, 
por mudanças como da televisão de tubo para as de tela plana, influenciando total­
mente o desenho dos novos móveis.
Outras mudanças são por alterações no modo de vida, como a presença das 
áreas de lazer dentro das casas, as chamadas varandas gourmets, presentes nas 
plantas dos novos apartamentos.
Assim, chegamos aos dias atuais com uma conotação mais ecológica presente 
no design, que pode ser sentida de diversas maneiras: com o maquinário da indús­
tria de móveis propiciando a utilização de resinas em vez da madeira bruta, mate­
riais renováveis e imitações sintéticas que substituem a extração natural. Essa é a 
tendência do design contemporâneo, como vemos no mobiliário de Karim Rashid 
e de Phlippe Starck.
Exemplos: estofados em for-
ma de luva, lâmpada e pílula. 
As poltronas e cadeiras de 
espuma de plástico expandi-
do do designer Mário Belline, 
denominadas de Bibambole , 
dispensavam armações rígi-
das e molas. Destaca-se a ca-
deira Up I, de Gaetano Pesce, 
de 1969 (Figura 20).
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Karim Rashid é um famoso designer egípcio nascido no Cairo, em 1960, mas 
criado no Canadá, e que se formou em design industrial. Seu estilo é marcado 
por muitas cores vibrantes, curvas e peças bem­humoradas, divertidas. Ele usa o 
plástico como peça principal de suas obras por considerá­lo versátil ao oferecer 
muitas oportunidades na maneira de se trabalhar link a seguir.
Philippe Starck é um arquiteto autodidata. O conceituado designer francês 
 nasceu em Paris em 1949. Sua obra é multidisciplinar e reconhecida em hotéis 
icônicos espalhados por todo o mundo, vai do design de interiores ao de bens de 
consumo de massa, comoobjetos para o lar, motos e cadeiras, como a releitura da 
Luís XVI, a Louis Ghost (Figura 21).
Karim Rashid, Rap Chair, Itália, 2018. Disponível em: https://goo.gl/6UJXyM. Acesso em: 01 
nov. 2018.Ex
pl
or
Figura 21 – Philippe Starck, Louis Ghost
Fonte: Divulgação
Conheça também o trabalho do arquiteto e designer francês Philippe Starck Disponível em: 
https://goo.gl/qDNv6K.Ex
pl
or
O Móvel no Brasil
O mobiliário brasileiro tem sido pouco estudado em geral. Os estudos realizados 
se preocupam com o móvel que representa algum estilo português ou europeu e, 
em geral, apenas classificam a produção nacional do período colonial como rústica 
ou primitiva. Os aspectos da vida colonial ficaram muito restritos à discussão arqui­
tetônica das construções e não ao móvel em si.
19
UNIDADE Modernismo, Contemporâneo e o Móvel no Brasil
Num primeiro momento de ocupação do território brasileiro, a principal atividade 
da Coroa portuguesa foi a consolidação do seu domínio. Nessa época, as primeiras 
cidades ou vilas que se formaram de 1500 a 1580 eram litorâneas, pontuais e com 
grandes espaços entre os núcleos. Em 1580, havia 11 vilas e 2 cidades, Rio de 
Janeiro e Salvador. O móvel brasileiro tem origem no século XVI, com influência 
marcante da cultura indígena, com elementos como a rede (Figura 22), presente 
 desde as primeiras casas construídas (Figura 23).
Através de relatos e imagens documentais de viajantes e de artistas e de levanta­
mento de inventários, podemos afirmar que os interiores das residências coloniais 
eram praticamente vazios de objetos artísticos e decorativos. Imperavam a simplici­
dade e a rusticidade do ambiente interior, onde se sentar ao chão, sobre esteira ou 
tapete era um hábito corrente.
Figura 22 – Rede
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará
Figura 23 – Rede
Fonte: Telesaúde Bahia
Os portugueses trouxeram os primeiros móveis e utensílios, inclusive alguns 
luxuosos, que traziam sob influência de suas viagens para a Índia. Porém, a maior 
parte do mobiliário era produzida aqui mesmo, os bancos podiam ser desde simples 
toros de madeira até alguns trabalhados com figuras geométricas, trazidos por 
 algumas tribos indígenas.
Em geral, a produção local feita pelos artesãos era cópia dos modelos europeus, 
só se distinguiam pelo uso de nossas madeiras. Muitos dos móveis coloniais dos 
anos seiscentistas permaneceram sendo produzidos durante os anos setecentos.
Se por um lado a mobília produzida no século XVIII no Brasil, além de mais 
numerosa, era mais bem definida quanto às suas características formais e deno­
minações estilísticas, o mesmo não acontecia com os exemplares dos primeiros 
duzentos anos do Brasil colônia.
Mesmo as artes decorativas coloniais costumam estar relacionadas aos espaços 
religiosos, como talhas, azulejaria, mosaicos de igrejas e sacristias. No período 
barroco brasileiro, da mesma maneira que na Europa, a Igreja, interessada na 
reafirmação da fé, utilizou a imagem como um importante veículo de ligação do 
homem com Deus.
Se no interior das igrejas presenciamos um fulgurante espetáculo de persuasão, 
o luxo e o brilho da decoração não foram transportados para os ambientes residen­
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ciais. A rusticidade e a simplicidade sempre foram a tônica da residência no perío­
do colonial, salvo algumas poucas exceções. Dessa forma, o mobiliário residencial 
recebeu pouco estudo aprofundado.
Entre os móveis rústicos executados no Brasil nessa época, têm­se os baús feitos 
de madeira e couro, um mobiliário rudimentar que perdurou durante o período de 
entrada e fixação dos colonizadores. Ainda hoje podemos encontrar malas de ma­
deira cobertas com pele de animais no interior do Brasil.
A partir de 1808, com a abertura dos portos e a vinda da Família Real para 
o Brasil, houve um impulso nas artes, também causado pela Missão Francesa no 
país, responsável pela fundação do Liceu de Artes e Ofícios. Entre as atividades 
do Liceu, estava a formação de artesãos qualificados, bem como suas oficinas de 
arte em madeira, de onde saíam encomendas para mobiliar residências finas e 
edifícios públicos.
A abertura dos portos possibilitou a importação de novos materiais, como plati­
bandas, condutores ou calhas, vidros simples e coloridos, bandeiras das portas e 
janelas. Também decresceu a importação de peças portuguesas e o Brasil come­
çou a receber móveis ingleses, franceses e austríacos, que influenciariam a produ­
ção nacional.
A partir da segunda metade do século XIX, a evolução do móvel no Brasil 
 ganhou impulso. Havia, nessa época, um grande número de marcenarias e fábricas 
que produziam móveis em diversos estilos.
Nesse período, chegaram ao Brasil as cadeiras austríacas Thonet, que foram mui­
to utilizadas, como na Europa, em bares e restaurantes. Em 1890, foi aberta a Com-
panhia de Móveis Curvados no Rio de Janeiro, que imitava os móveis Thonet.
No ciclo do café, século XIX, houve uma intensa imigração europeia e com a 
mão de obra assalariada surge uma nova dinâmica da economia interna. Nesse sen­
tido, o café contribuiu muito para o processo de urbanização do Brasil. Havia um 
clima de transformação econômica e de industrialização, e de maneira acanhada 
começou­se a criar móveis industrializados.
Com a queda do café no mercado internacional, muitos desses imigrantes foram 
para a cidade de São Paulo, nos primeiros anos do século XX. São Paulo, a cidade 
de taipa, a partir de 1900, passa rapidamente para tijolos e posteriormente para 
concreto. A chegada dos imigrantes trouxe novas técnicas de construção.
A aparência das residências nesse período difere apenas em pequenos detalhes 
das construções coloniais. Por exemplo, o portão de entrada, maior do que as 
outras portas, ocupando posição central, abre um saguão amplo com barras de 
azulejos coloridos e uma escada de madeira torneada. A segregação de classes 
surge a partir da industrialização. Na época colonial, o escravo morava junto com 
as famílias.
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UNIDADE Modernismo, Contemporâneo e o Móvel no Brasil
O Brasil também sentiu a interrupção das importações de móveis imposta pelas 
duas grandes guerras mundiais. Houve, como nos Estados Unidos, uma migração 
de arquitetos, artistas e artesãos europeus, que influenciaram a produção de mó­
veis nacionais. No segundo pós­guerra, a preocupação em produzir móveis com 
características nacionais foi crescente. Surgiram pesquisas sobre matérias­primas, 
como madeira e tecidos, e sobre as condições climáticas, consolidando a produção 
em série industrial.
Sem dúvida, a Semana de Arte Moderna de 1922 foi responsável pelo impulso 
de abertura definitiva do país para o século XX. No início dos anos 20, alguns 
 trabalhos foram pioneiros para o movimento Moderno. Flávio de Rezende Carvalho 
(1899­1973) tinha um estúdio em São Paulo, que oferecia projetos de decoração , 
jardins, projetos de móveis, lustres, painéis decorativos e até cenários para teatros.
Gregori Warchavichik, arquiteto que projetou a primeira casa modernista em 
São Paulo, também desenhou móveis. Primeiro para atender à adequação de 
 linguagem e funcionalidade entre sua arquitetura e mobiliário. De 1928 a 1933, 
Warchavichik desenvolveu uma linha de móveis de diversos tipos e modelos, sem­
pre sob os ideais modernos (Figura 24). Também projetou móveis institucionais, 
como os da sede da Associação Paulista de Medicina em 1931.
Figura 24 – Cadeira de Gregori Warchavchik, 1928
Fonte: Santos, 1995
Segundo Maria Cecília Loschiavo dos Santos, o móvel brasileiro pode ser divi­
dido em duas fases: antes e depois dos anos 30. Antes dos anos 30, a produção 
do móvel brasileiro foi basicamente uma cópia dos estilos que chegavam de outros 
países. A partir dos anos 30, o movimento Moderno influenciou profundamente o 
mobiliário brasileiro.
A transição do móvel de estilo eclético para o móvel moderno se deu pela in­
trodução de novas concepções, materiais e processos produtivos, mas no início 
apenas repetiu a linguagem que vinha ocorrendona Europa e Estados Unidos, 
sem criar uma identidade própria.
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Repetiu o Art Déco, por exemplo, mas tinha um caráter revolucionário, que 
acabou propiciando um despertar acadêmico. Cabe ressaltar que em 1926 foi 
fundada no Rio de Janeiro a loja Galeria Casa & Jardim, dirigida por Theodor 
Heuberger, que divulgava o móvel moderno. Em 1938 foi aberta uma filial em 
São Paulo. A ideia era ter uma loja com todos os objetos necessários a uma resi­
dência: louças, objetos de vidro, cerâmica, metal, móveis e obras de arte, todos 
no mesmo espaço.
Seguia os mesmos princípios da Bauhaus e não diferenciava o trabalho de 
 arquitetos, pintores, escultores e marceneiros, eram todos artesãos. Como a 
 mentalidade da época ainda não estava preparada, precisaram manter uma parte 
da loja para o mobiliário tradicional, denominada de móveis clássicos, e outra para 
o móvel moderno.
John Graz (1891­1980) nasceu na Suíça e morou no Brasil a partir de 1920, 
onde se casou com a brasileira Regina Gomide. O casal recebia encomendas 
de projetos de interiores para diversas residências, onde aplicavam as princi­
pais tendências europeias, inclusive o estilo Art Déco. Colaboraram com a casa 
 modernista de Warchavichik, em 1930, e tiveram uma fábrica de tapetes e ta­
peçarias. John Graz não foi apenas responsável pelo desenho de móveis, mas 
também introduziu no Brasil o conceito de design total, presente nos princípios 
da escola Bauhaus. Projetava móveis, fazia sua distribuição no espaço, projetava 
luminárias, painéis e vitrais.
São Paulo e Rio de Janeiro estiveram à frente na modernização do mobiliário 
entre os anos de 1930 e 1960. O Rio de Janeiro por ser a Capital Federal e São 
Paulo pelo desenvolvimento industrial e econômico. A presença de uma geração de 
importantes arquitetos da escola carioca, influenciados pelo mestre Le Corbusier, 
exerceu um papel importante na modernização do mobiliário no Rio de Janeiro 
que se espalhou pelo país. Esse grupo, liderado por Lúcio Costa, era composto por 
Affonso Reidy, Alcides da Rocha Miranda, Carlos Leão, Ernani Vasconcelos, Jorge 
Moreira e Oscar Niemeyer.
Encomendavam móveis para equipar seus projetos de edifícios públicos ou resi­
denciais. Destacam­se Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, que foram responsáveis pelo 
surgimento de um estilo mobiliário consolidado na década de 60. Lúcio Costa foi 
responsável pela divulgação de designers talentosos, como Arthur Lício Pontual, 
arquiteto pernambucano, e o arquiteto italiano Carlo Benvenuto Fongaro, que de­
senvolveu uma das primeiras linhas de móveis de escritório desmontáveis em tubos 
de aço e tampos em jacarandá.
Durante a construção de Brasília, Niemeyer convidou vários arquitetos e designers 
para projetarem móveis para os edifícios públicos, como Joaquim Terneiro, Sérgio 
Rodrigues, Sérgio Bernardes e Bernardo Figueiredo. Uma das obras marcantes de 
Bernardo Figueiredo foram os móveis para o Palácio do Itamaraty , de grandes di­
mensões e de madeira nobre. Os próprios Lucio Costa e Oscar Niemeyer desenvol­
veram móveis significativos no processo de consolidação do mobiliário moderno.
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UNIDADE Modernismo, Contemporâneo e o Móvel no Brasil
Niemeyer queria que os móveis fossem um complemento da arquitetura e que 
não destoassem dela, por isso, com essa preocupação, estudou os móveis da 
 madeira colada usada nas cadeiras suecas e projetou­os para superfícies maiores . 
Em seus projetos, saíram cadeiras, poltronas, mesas, cadeiras de balanço, espregui­
çadeiras e marquesas. Inicialmente a fabricação era de responsabilidade da Tendo 
Brasileira e, no final da década de 80, a Teperman passou a produzir sua coleção 
(Figuras 25 e 26).
Figura 25 – Poltrona Lucio 
Costa, 1960
Fonte: Santos, 1995
Figura 26 – Espreguiçadeira de balanço, Oscar 
Niemeyer e Anna Maria Niemeyer, 1977
Fonte: Santos, 1995
Na escola paulista, após a fase pioneira dos anos 20, com o principal expoente 
em Gregori Warchavchik, destaca­se a partir dos anos 30 a produção de Oswaldo 
Arthur Bratke, João Batista Vilanova Artigas, Rino Levi e Henrique Mindlin. Dentre 
as contribuições, podemos citar o projeto de cadeira tubular basculante para o audi­
tório do Teatro Cultura Artística que Rino Levi projetou em 1948.
Em 1937, Bratke (Figura 27) foi pioneiro em utilizar projetos de cozinhas e co­
pas compostas de peças pré­fabricadas e embutidas nas paredes. Utilizava também 
o compensado recortado, como o projeto de cadeira de 1948.
João Vilanova Artigas desenvolveu importante mobiliário, como a poltrona da 
linha Bauhaus, em compensado de pinho, com assento e encosto em borracha 
revestida de tecido em 1948 (Figuras 28 e 29). No mobiliário para escritórios, 
projetou a cadeira giratória em metal pintado com assento e encosto estofados 
em couro natural.
Figura 27 – Cadeira de Oswaldo Arthur Bratke, 1948
Fonte: Santos, 1995
Figuras 28 e 29 – Cadeiras de João Vilanova Artigas, 1948
Fonte: Santos, 1995
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No início dos anos 40, o mobiliário brasileiro apresentou certa falta de originali­
dade, mas foi um período de consolidação das conquistas modernas. As experiên­
cias de desenho e produção foram tornando­se realidade para o móvel moderno, 
com um ideal estético mais adaptado às condições brasileiras de materiais e carac­
terísticas, principalmente nas obras de Joaquim Terneiro, Lina Bo Bardi, Giancarlo 
Palanti e Bernard Rudofsky.
Essa geração tinha a preocupação de uma nova concepção de conforto aliada 
ao despojamento e simplicidade no uso de materiais nacionais, que alterou signi­
ficativamente a produção mobiliária. A maioria era de profissionais estrangeiros 
que haviam se estabelecido no Brasil após a guerra, portanto tinham um traçado 
internacional, mas uma procura por materiais brasileiros.
Dentre eles, o mais representativo é Joaquim Terneiro (1906­1992), que apren­
deu o trabalho de madeira com o pai em Portugal e tinha fascínio pela textura das 
fibras, pela organicidade, formas e cores da madeira. Joaquim Terneiro passou 
por produções em fases bem distintas. A primeira foi de 1931 a 1942, na qual 
desenvolvia os estilos Luís XV, XVI, regente, francês, inglês, espanhol e árabe, 
constituindo uma base sólida para a fase seguinte. De 1942 a 1969, fundou a 
 Langenbach & Terneiro, especializada em móveis modernos. Aos poucos a loja 
foi se firmando no mercado, mas sempre manteve a produção artesanal e com 
tiragem mínima (Figura 30).
Figura 30 – Sala de refeições de Joaquim Terneiro, 1961
Fonte: Santos, 1995
Lina Bo Bardi, arquiteta italiana formada pela Faculdade de Arquitetura de 
Roma em 1939, chega ao Brasil em 1946 e entra em contato com um grupo 
de grandes arquitetos, como Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, que na luta contra o 
academicismo tinham sido vitoriosos na arquitetura, mas no mobiliário ainda não 
acompanhavam a velocidade do Modernismo. Talvez por isso que Lina buscou um 
tipo de móvel que se identificasse com as exigências do Modernismo e dos mate­
riais brasileiros.
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UNIDADE Modernismo, Contemporâneo e o Móvel no Brasil
Em 1947, desenhou a cadeira dobrável para o auditório da primeira insta­
lação do Museu de Arte de São Paulo. O espaço era exíguo e necessitava de 
um mobiliário que pudesse ser removido e empilhado. Lina e seu marido, Pietro 
 Maria Bardi, para preencher uma lacuna na produção de móveis, criaram em 
1948 o Studio de Arte Palma e a Fábrica de Móveis Pau Brasil Ltda.; as duas 
empresas tiveram curta duração, mas Lina foi responsável por uma produção 
mobiliária subsequente.
Nos anos 50, a industrialização acelerada e uma crescente euforia desenvol­
vimentista na sociedade foram propícias para a aceitação do móvel moderno. 
De um lado os princípios do móvel moderno brasileiro estavam consolidados e do 
 outro surgia a produção em série industrializada da mobília. Muitas iniciativas desse 
 período não foram tão expressivas do ponto de vista estético, mas apresentaram 
soluções criativas para a indústria.
Importante!
Destaca-se a Fábrica de Móveis Z, Zanine,Pontes & Cia Ltda., em São José do Rio Preto , 
cujo designer principal foi José Zanine Caldas. Zanine, que já havia trabalhado como 
desenhista de publicidade, maquetista de Oscar Niemeyer e de Oswaldo Bratke, criou 
o atelier de maquetes da FAU-USP em 1951 e pode pesquisar sobre madeiras compen-
sadas. Por isso conseguiu desenvolver um móvel de produção industrial mais barato 
e acessível. A clientela foi basicamente a classe média, por meio de grandes lojas e 
 magazines, cumprindo sua preocupação inicial de levar para todos um móvel despo-
jado e bem executado. Zanine objetivava o aproveitamento total da madeira. Foi, sem 
 dúvida, muito importante para a história do móvel no Brasil.
Importante!
A partir da década de 50, uma sequência de fábricas surgiu no mercado e marcou 
a produção nacional: Móveis Branco & Preto, Unilabor, L’Atelier, entre outras. 
Os anos 60 foram muito expressivos para o mobiliário brasileiro. Mudanças no 
cenário político propiciaram uma arte mais crítica. Houve maior produção literária 
e artística.
Na arquitetura, firmava­se o brutalismo, com Vilanova Artigas, e na produção 
mobiliária, um nacionalismo que era expresso com maior maturidade e desta­
que internacional. Um dos trabalhos mais significativos foi o do arquiteto Sérgio 
Roberto dos Santos Rodrigues, que estava profundamente comprometido com os 
valores e materiais da terra.
Notava que havia uma defasagem entre a arquitetura e o desenho mobiliário e 
aprofundou­se nos estudos para compreender essa característica. Sergio Rodrigues 
pretendia criar um espaço para desenvolver uma linha de móveis genuinamente 
brasileira e fundou uma loja, em 1955, chamada Oca. Em 1957, criou uma de 
suas mais importantes cadeiras: a Poltrona Mole (Figura 31).
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Figura 31 – Poltrona Mole de Sérgio Rodrigues, 1957
Fonte: Santos, 1995
Em 1957, Sergio Rodrigues desenhou móveis a pedido de Oscar Niemeyer para 
o Catetinho em Brasília e foi responsável pelo desenho de móveis para outros edifí­
cios da nova capital, como o Ministério das Relações Exteriores. Em 1975, recebeu 
um prêmio, pelo conjunto de sua obra, do Instituto dos Arquitetos do Brasil – IAB. 
No início dos anos 80, sua produção atingiu 1.000 peças, firmando sua posição de 
destaque na história do móvel brasileiro.
Junto com a alta produção da arquitetura dos anos 50, surgiram várias fábri­
cas de móveis e algumas continuam em funcionamento até hoje. Destacam­se a 
 Unilabor, a Móveis Artesanal, a Oca, a Hobjeto, de 1964, e a Escriba, de 1963.
Nos anos 70 e 80, o móvel moderno atingiu a escala de produção em massa 
com muitas opções e faixas de preço. No mobiliário para escritório também houve 
uma produção significativa. Uma nova geração, tanto de arquitetos quanto de 
 designers, pode ser citada: Adriana Adam; Carlos Lichtenfels Motta; Freddy van 
Camp; Fúlvio Nanni Jr.; Oswaldo Mellone.
A partir do final do século XX, década de 90 até os dias atuais, essa nova ge­
ração de designers tem a seu dispor um expressivo desenvolvimento tecnoló gico, 
propiciando novos materiais, novas técnicas de produção, novas metodo logias de 
projetos corroboradas pela evolução de softwares.
Pode­se dizer que o conceito de designer se ampliou em direções interdiscipli­
nares, numa pluralidade de experiências que podem ser lúdicas, bem­humoradas, 
funcionais, arrojadas, artesanais ou de escala industrial. Procuram respostas para 
as mais variadas questões, que vão desde o modo de viver, sentar, estar até a cons­
ciência de sustentabilidade e reaproveitamento de materiais.
A produção recente reflete uma concepção mais pluralista e que nitidamen­
te transforma a linguagem do móvel moderno. Também dos anos 90 para cá, 
a indústria moveleira tem crescentemente desenvolvido novas tecnologias, como 
 ferramentas de corte e montagem operadas por softwares, que procuram a máxi­
ma otimização. Houve um aumento considerável na procura por móveis chamados 
planejados, onde se tem o desenvolvimento de resinas ecológicas, que diminuem o 
desmatamento de florestas para extração da madeira.
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UNIDADE Modernismo, Contemporâneo e o Móvel no Brasil
Nesse início de século XXI, pode­se dizer que o grande mote do designer é a 
sustentabilidade em todas as suas etapas. Entre outros, destacam­se no cená­
rio nacional: Carlos Motta, Paulo Alves, Irmãos Campana (Figura 32), Fernando 
 Jaeger (Figura 33), Jacqueline Terpins, Zanini de Zanine (Figura 34), entre outros.
Figura 32 – Poltrona Vermelha, 
Irmãos Campana
Fonte: Divulgação
Figura 33 – Cadeira Deliciosa, 
Fernando Jaeger
Fonte: Divulgação
Figura 34 – Poltrona Skate, 
Zanini de Zanine
Fonte: Divulgação
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Scandinavia Designs
Com relação ao mobiliário moderno internacional, vale a pena conhecer a loja galeria 
Scandinavia Designs em São Paulo, que possui peças assinadas por renomados 
designers mundiais.
https://goo.gl/HuHKcw
dpot – Mobiliário Brasileiro
Dedicada à edição e à comercialização de mobiliário brasileiro moderno e contem­
porâneo, a marca dpot foi pioneira ao investir em reedições de peças criadas por uma 
ampla gama de mestres do design, ao mesmo tempo em que apostava no talento de 
artistas, designers e arquitetos das novas gerações.
https://goo.gl/nrr1Ff
Museu da Casa Brasileira | MCB
Sobre o mobiliário brasileiro, conheça o Museu da Casa Brasileira, localizado na Av. 
Brigadeiro Faria Lima, Jardim Paulistano, São Paulo.
https://goo.gl/Lx6b3G
Irmãos Campana
https://goo.gl/zMtViy
Fernanado Jaeger
https://goo.gl/dcTTPr
Paulo Alves
https://goo.gl/GQVJDH
Carlos Motta
https://goo.gl/BMu46K
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UNIDADE Modernismo, Contemporâneo e o Móvel no Brasil
Referências
BARBOSA, M. I. História de estilos e decoração. São Paulo: Editora Metalivros, 
2011. (eBook)
DENIS, R. C. Uma introdução à história do design. São Paulo: Edgard Blucher, 
2010. (eBook)
DESIGN MUSEUM. Como criar uma cadeira. São Paulo: Editora Gutenberg, 
2011. (eBook)
MONTENEGRO, R. Guia da história do mobiliário. São Paulo: Presença, 
1995. (eBook)
MOUTINHO, S. O.; LONDRES, R.; PRADO, R. B. Dicionário de artes decora-
tivas e decoração de interiores. São Paulo: Lexikon, 2011.
OATES, Phyllis Bennet. História do mobiliário ocidental. Lisboa: Presença, 1991.
SANTOS, Maria Cecília Loschiavo dos. Móvel moderno no Brasil. São Paulo: 
Studio Nobel, 1995.
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