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SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE Tipo do Documento PROTOCOLO PRO.MULTI.003- Página 1/8 Título do Documento MEDIDAS DE PREVENÇÃO DE INFECÇÕES DO TRATO RESPIRATÓRIO, URINÁRIO E CORRENTE SANGUÍNEA Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 2 1. AUTORES • Marcus Vinícius Dantas da Nóbrega • Albacleuma Silva Aguiar 2. INTRODUÇÃO Com o objetivo de prevenir as infecções relacionadas a assistência à saúde, durante permanência de dispositivos como: tubo oro traqueal ou traqueóstomo em uso de ventilação mecânica, cateter urinário de demora e cateter venoso central ou arterial, as medidas adotadas a seguir se fazem de grande importância, diminuindo as infecções, logo, tempo de permanência hospitalar, custos para o serviço de saúde e transtornos aos pacientes assistidos neste serviço. 3. PREVENÇÃO DE INFECÇÕES DO TRATO RESPIRATÓRIO Tendo em vista o grande impacto causado pelas pneumonias relacionadas à assistência saúde, tanto do ponto de vista de custos/dia de cada paciente com o impacto social desta patologia, diversos estudos foram conduzidos, com base em fatores de risco, para identificar as principais medidas de prevenção dessas pneumonias, principalmente às associadas à ventilação mecânica (PAV). As medidas de prevenção foram divididas em gerais, específicas e outras medidas. 3.1 MEDIDAS GERAIS 3.1.1 Higiene das mãos, fortalecida pelas campanhas e treinamentos do serviço, onde são consolidados esclarecimentos sobre a técnica correta e periodicidade; 3.1.2 Realização de visitas multidisciplinares em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), tais visitas proporcionam a identificação de não conformidades dos processos assistenciais, auxiliam o gerenciamento de medidas de prevenção e facilitam o relacionamento entre os profissionais; 3.1.3 Profilaxia da trombose venosa profunda (TVP), embora não esteja diretamente associada com a prevenção de PAV, é uma medida de qualidade assistencial e têm impacto na diminuição da mortalidade hospitalar e na diminuição do tempo de internação; SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE Tipo do Documento PROTOCOLO PRO.MULTI.003- Página 2/8 Título do Documento MEDIDAS DE PREVENÇÃO DE INFECÇÕES DO TRATO RESPIRATÓRIO, URINÁRIO E CORRENTE SANGUÍNEA Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 2 3.1.4 A profilaxia para TVP está indicada a pacientes com fatores de risco para esta patologia como: • Obesos; • Idosos; • História de estase venosa profunda; • Cirurgias de grande porte; • Doenças vasculares prévias; • Doenças pulmonares prévias. 3.2 MEDIDAS ESPECÍFICAS 3.2.1 Manter os pacientes com cabeceira elevada entre 30 e 45º, salvo na existência de contra-indicação, mostrou-se como redutora no risco de aspiração pulmonar, principalmente em pacientes recebendo nutrição enteral; 3.2.2 Interrupção diária da sedação e a avalição do despertar do paciente para a extubação, têm sido correlacionada com a redução do tempo de ventilação mecânica, logo redução da taxa de PAV; 3.2.3 Aspirar a secreção subglótica rotineiramente, tendo em vista que esta secreção acumulada torna-se colonizada pela microbiota da cavidade oral. A rotina de ser prescrita de acordo com a necessidade de cada paciente, pela maior ou menor produção de secreção e realizada com técnica estéril; 3.2.4 Realizar higiene oral com antissépticos (clorexidina veículo oral à 0,12 ou 0,2%), como tentativa de erradicar a colonização bacteriana da cavidade oral, reduzindo ocorrência de PAV. Tal procedimento dever-se-á realizar-se de 3 à 4 vezes ao dia. A equipe de assistência deve ficar atenta para alergias, irritação da mucosa ou escurecimento transitório dos dentes. 3.3 OUTRAS MEDIDAS 3.3.1 Troca dos umidificadores passivos não antes de 48 horas; 3.3.2 Se possível, manter sistema fechado de aspiração, com troca a cada 72h ou se houver sujidade visível ou mau funcionamento; SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE Tipo do Documento PROTOCOLO PRO.MULTI.003- Página 3/8 Título do Documento MEDIDAS DE PREVENÇÃO DE INFECÇÕES DO TRATO RESPIRATÓRIO, URINÁRIO E CORRENTE SANGUÍNEA Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 2 3.3.3 Se possível, utilização da cânula orotraqueal com um sistema de aspiração de secreção subglótica contínua ou intermitente, principalmente para pacientes que permaneceram em ventilação mecânica por mais de 48 horas; 3.3.4 Evitar extubação não programada (acidental) e reintubação, pelo maior risco de aspiração de patógenos da orofaringe para as vias aéreas baixas, medidas como uso de protocolos de sedação e aceleração do desmame auxiliam na prevenção desses problemas; 3.3.5 A manutenção da correta pressão de cuff (Pcuff: 20-25 cmH2O) nos pacientes submetidos à ventilação mecânica é essencial. Excessiva pressão pode comprometer a microcirculação da mucosa traqueal e causar lesões isquêmicas, porém se a pressão for insuficiente, pode haver dificuldade na ventilação com pressão positiva e vazamento da secreção subglótica por entre o tubo e a traquéia; 3.3.6 O uso de ventilação mecânica não-invasiva, com sua indicação correta, tem demonstrado redução na incidência de PAV; 3.3.7 A intubação nasotraqueal aumenta o risco de sinusite, o que pode consequentemente aumentar o risco de PAV, portanto, recomenda-se a intubação orotraqueal; 3.3.8 A administração prolongada de antibióticos tem sido associada com alto risco de PAV. Por causa do desenvolvimento de resistência microbiana, não se recomenda a administração preventiva de antibióticos intravenoso. 4. PREVENÇÃO DE INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO A infecção do trato urinário – ITU é uma das causas prevalentes de infecção relacionadas à assistência à saúde – IRAS de grande potencial preventivo, visto que a maioria está relacionada à cateterização vesical. Como as ITU são responsáveis por até 45% das IRAS em adultos, com densidade de incidência de 3,1-7,4/1.000 cateteres/dia. Desta forma como o cateterismo urinário está diretamente relacionado à infecção deste sítio, o tempo de permanência prolongada das sondas vesicais, é fator crucial para colonização e infecção do trato urinário. 4.1 INDICAÇÕES PARA USO DE CATETER URINÁRIO 4.1.1 No período perioperatório para procedimentos selecionados; SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE Tipo do Documento PROTOCOLO PRO.MULTI.003- Página 4/8 Título do Documento MEDIDAS DE PREVENÇÃO DE INFECÇÕES DO TRATO RESPIRATÓRIO, URINÁRIO E CORRENTE SANGUÍNEA Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 2 4.1.2 Balanço hídrico em pacientes críticos; 4.1.3 Manejo da retenção urinária aguda e obstrução; 4.1.4 Assistência para pacientes incontinentes e com úlcera de pressão; 4.1.5 Excepcionalmente, como solicitação do paciente para melhorar o conforto. 4.2 MEDIDAS PREVENTIVAS RELACIONADAS A INFRAESTRUTURA 4.2.1 Inserir cateteres para indicações apropriadas, e mantê-los somente o tempo necessário. Se possível, escolher a sondagem vesical de alívio; 4.2.2 Avaliar métodos alternativos para drenagem de urina: • Estimular a micção espontânea através da emissão de som de água corrente; • Aplicar bolsa com água morna sobre a região suprapúbica; • Realizar pressão suprapúbica delicada; • Fornecer comadres e papagaios; • Utilizar fraudas, auxiliar e supervisionar idas ao toalete; • Utilizar sistemas não invasivos como tipo preservativos em homens. 4.2.3 Assegurar que a inserção do cateter seja realizada por profissionais capacitados e treinados; 4.2.4 Assegurar a disponibilidade de materiais para inserção com técnica asséptica; 4.2.5 Documentar em prontuário as seguintes informações: indicação do cateter, responsável pela inserção, data e hora da inserção e retirada do cateter. 4.2.6 Realizar a inserção do cateter urinário conforme POP.ENF.042 - CATETERISMO VESICAL DE DEMORA FEMININO. 4.3 QUANTOAO MANUSEIO DO CATETER: 4.3.1 Fixar o cateter de modo seguro que não permita tração ou movimentação; 4.3.2 Manter o sistema de drenagem fechado e estéril; 4.3.3 Não desconectar o cateter ou tubo de drenagem, exceto se a irrigação for necessária; 4.3.4 Trocar todo sistema se ocorrer desconexão, quebra de técnica asséptica ou vazamento; SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE Tipo do Documento PROTOCOLO PRO.MULTI.003- Página 5/8 Título do Documento MEDIDAS DE PREVENÇÃO DE INFECÇÕES DO TRATO RESPIRATÓRIO, URINÁRIO E CORRENTE SANGUÍNEA Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 2 4.3.5 Para coletar amostra de urina, realizar aspiração com agulha estéril após desinfecção do dispositivo de coleta. Tentar levar amostra imediatamente ao laboratório; 4.3.6 Manter o fluxo de urina desobstruído; 4.3.7 Esvaziar a bolsa coletora quando atingir 2/3 de sua capacidade, utilizando recipiente coletor individual e evitar contato do tubo de drenagem com o recipiente coletor; 4.3.8 Manter sempre a bolsa coletora abaixo do nível da bexiga; 4.3.9 Limpar rotineiramente o meato uretral com soluções antissépticas é desnecessário, mas a higiene rotineira do meato é indicado, podendo ser promovida durante o banho; 4.3.10 Não é necessário fechar previamente o cateter antes da sua remoção. 5. PREVENÇÃO DE INFECÇÕES DE CORRENTE SANGUÍNEA As infecções primárias de corrente sanguínea – IPCS estão entre as mais comumente relacionadas à assistência à saúde. Estima-se que cerca de 60% das bacteremias nosocomiais sejam associadas a algum dispositivo intravascular. Dentre os mais frequentes fatores de risco conhecidos para IPCS, podemos destacar o uso de cateteres vasculares centrais, principalmente os de curta permanência. O protocolo tem por objetivo promover ações para reduzir o risco de ocorrência de IPCS em pacientes com acesso vascular, melhorando qualidade da assistência na Maternidade Escola Assis Chateaubriand. 5.1 MEDIDAS DE PREVENÇÃO DE INFECÇÃO PARA CATETERES PERIFÉRICOS 5.1.1 Higiene adequada das mãos conforme POP’S do serviço, antes e após a inserção de cateteres e manuseio do acesso venoso. 5.1.2 Higienizar as mãos com água e sabonete líquido quando estiverem visivelmente sujas ou contaminadas com sangue e outros fluidos corporais e utilizar preparação alcoólica para as mãos (60 a 80%) quando as mesmas não estiverem visivelmente sujas; 5.1.3 Realizar desinfecção das conexões e conectores valvulados com solução antisséptica a base de álcool 70%, com fricção mecânica de 5 a 15 segundos, SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE Tipo do Documento PROTOCOLO PRO.MULTI.003- Página 6/8 Título do Documento MEDIDAS DE PREVENÇÃO DE INFECÇÕES DO TRATO RESPIRATÓRIO, URINÁRIO E CORRENTE SANGUÍNEA Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 2 sempre que manusear a via. Recomenda-se a contagem mentalmente de 1001 a 1015 para contemplar o tempo necessário. 5.1.4 O uso de luvas não substitui a necessidade de higiene das mãos; 5.1.5 Os antissépticos utilizados no preparo da pele com solução a base de álcool: gliconato de clorexidina > 0,5%, iodopovidona – PVP-I alcoólico 10% ou álcool 70%. Tempo de aplicação da clorexidina é de 30 segundos; 5.1.6 Cateteres periféricos não devem para infusão contínua de produtos vesicantes , ou para qualquer solução com osmolaridade acima de 900 mOsm/L2; 5.1.7 Agulha de aço só deve ser utilizada para coleta de amostra sanguínea e administração de medicamento em dose única, sem manter o dispositivo no sítio; Os cateteres devem ser de menor calibre e comprimento de cânula, pois causam menos flebite; 5.1.8 A estabilização do cateter deve ser realizada utilizando técnica asséptica. Não utilize fitas adesivas e suturas para estabilizar cateteres periféricos; 5.1.9 Qualquer cobertura para cateter periférico deve ser estéril, podendo ser semioclusiva (gaze e fita adesiva estéril) ou membrana transparente semipermeável; 5.1.10 Revisão diária da necessidade de permanência do cateter, com pronta remoção quando não houver indicação; 5.1.11 Identificação da data de troca do sistema de infusão; 5.1.12 Troca correta de curativo, se houver suspeita de contaminação, e sempre quando úmida, solta, suja ou com a integridade comprometida 5.1.13 Dever-se-á proteger o sítio de inserção com plástico durante o banho quando utilizada cobertura não impermeável; 5.1.14 Examinar o sítio de inserção do cateter diariamente; 5.1.15 Recomenda-se a troca do cateter periférico em adultos em 72 horas quando confeccionado com teflon e 96 horas quando confeccionado com poliuretano. 5.5 INDICAÇÕES PARA USO DE CATETER CENTRAL DE CURTA PERMANÊNCIA 5.5.1 Pacientes sem reais condições de acesso venoso por venóclise periférica; SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE Tipo do Documento PROTOCOLO PRO.MULTI.003- Página 7/8 Título do Documento MEDIDAS DE PREVENÇÃO DE INFECÇÕES DO TRATO RESPIRATÓRIO, URINÁRIO E CORRENTE SANGUÍNEA Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 2 5.5.2 Necessidade de monitorização hemodinâmica (medida de pressão venosa central); 5.5.3 Administração rápida de drogas, expansores de volume e hemoderivados em pacientes com instabilidade hemodinâmica instalada ou previsível; 5.5.4 Administração de drogas que necessitem de infusão contínua; 5.5.5 Administração de soluções hipertônicas ou irritativas para veias periféricas; 5.5.6 Administração concomitante de drogas incompatíveis entre si (por meio de cateteres de múltiplos lúmens); 5.5.7 Administração de nutrição parenteral. 5.6 MEDIDAS DE PREVENÇÃO DE INFECÇÃO PARA CATETER CENTRAL DE CURTA PERMANÊNCIA 5.6.1 Evitar punção de veia femoral de rotina; 5.6.2 Higienizar de forma adequada das mãos conforme POPs do serviço, utilizando clorexidina 2%; 5.6.3 A remoção de pelos, quando necessária, deverá ser realizada com tricotomizador elétrico ou tesoura; 5.6.4 Utilizar de barreira máxima na inserção dos cateteres centrais: uso de gorro, máscara, óculos de proteção, avental estéril de mangas longas e luvas estéreis e campos estéreis ampliado que cubram todo o paciente; 5.6.5 Cateteres inseridos em situação de emergência e sem a utilização de barreira máxima devem ser trocados para outro sítio assim que possível, não ultrapassando 48 horas; 5.6.6 Preparo da pele com antisséptico solução alcoólica de clorexidina > 0,5 % com tempo de aplicação de 30 segundos por movimento de vai e vem; Caso necessário, realizar degermação previamente, quando houver necessidade de reduzir sujidade; 5.6.7 Usar cobertura com filme transparente ou semipermeável estéril para cobrir a inserção do cateter; lembrar de cobrir com plástico durante o banho; 5.6.8 Realizar troca da cobertura transparente semipermeável caso esteja com sinais de infecção, suja, solta ou úmida. 5.6.9 Não realizar troca pré-programada dos cateteres centrais, ou seja, não substituí-los exclusivamente em virtude de tempo de sua permanência SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE Tipo do Documento PROTOCOLO PRO.MULTI.003- Página 8/8 Título do Documento MEDIDAS DE PREVENÇÃO DE INFECÇÕES DO TRATO RESPIRATÓRIO, URINÁRIO E CORRENTE SANGUÍNEA Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 2 6. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA BRASIL. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde. Brasília: Anvisa, 2013. BRASIL. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde. Brasília: Anvisa, 2017. VERSÃO DATA DESCRIÇÃO DA ALTERAÇÃO 2 24/09/2020 Acrescentado os itens 4.2.6, 5.1.2 ao 5.1.9 e 5.6.9. Retirado a profilaxia de úlcera de estresse e a técnica de inserção do cateter urinário.
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